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Validação do processo de esterilização de artigos médico-hospitalares segundo diferentes embalagens.

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PESQU ISA

VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE ESTERILIAÇÃO DE ARTIGOS M ÉDICO-HOSPITALARES

SEGUN DO DIFERENTES EMBALAGENS

VAl I DAT I O N O F T H E STE R l l IZAT I O N P ROCESS O F M E D I CAL AN O H O S P I TAL D EVI CES ACCO RD I N G TO D I F F E RENT PACKAG I N G TYP E S

VAL l DAC I Ó N D E l P R O C E S O D E ESTE R I L l ZAC I Ó N D E ARTí C U LOS M É D I CO-HOSP ITALARES S E G Ú N D I F E RE NTES E M BAlAJ ES

Maria de Fátima Paiva Brit01 Cristina Maria Galvã02 Lucilena Françolin3 Carmem Silvia Gabriel Rolta4

RESUMO: A segurança do processamento dos artigos médico-hospitalares, nas instituições de saúde, é uma importante medida de controle de infecção hospitalar. A presente investigação teve como objetivo estabelecer o prazo de validade de artigos médico-hospitalares processados por meio de esterilização por vapor saturado sob pressão, utilizando diferentes tipos de embalagens, em um hospital privado. O procedimento metodológico constou de q uatro etapas, a saber: preparo dos artigos , avaliação do funcionamento do autoclave, ciclo de esterilização e testes microbiológicos. Os resultados evidenciaram crescimento bacteriano nos a rtigos embalados com papel grau cirú rgico sem filme e com filme a partir do 2 1 °dia, papel crepado no 90° dia e ausência de crescimento utilizando a embalagem de tecido de algodão cru . Frente aos resultados, estabeleceu-se na instituição investigada o prazo de validade de esterilização por vapor saturado sob pressão de 21 dias independente das embalagens utilizadas, avaliando também as condições de armazenamento.

PALVARAS-CHAVE: enfermagem, esterilização, infecção hospitalar

ABSTRACT: Safety in the processing of medical and hospital devices in healthcare organizations is an important measure of nosocomial infection control. This investigation aimed at establishing the period during which it is safe to use medical and hospital articles processed th rough sterilization by saturated steam under pressure using d ifferent types of packaging at a private hospital. The methodological procedure consisted of four phases: preparation of articles, evaluation of autoclave functioning, sterilization cycle and microbiological tests. Results showed bacterial g rowth on articles packed in surglcal grade paper with and without film on the 21 sI day, in crepe paper on the 90th day and absence of growth when raw cotton packaging was used . ln face of the results, a 2 1 -day period was established for the use of a rticles after sterilization by saturated steam under pressure regard less of the type of packaging utilized , considering that storage conditions were Ellso evaluated.

KEYWORDS: nursing, sterilization , cross infection

RESU MEN : La seguridad dei procesamiento y esterilización de los artículos médico-hospitalares, en las instituciones de salud es una importante medida de control de infección hospitalar. La presente investigación tuvo como objetivo establecer el plazo de validad de articulos médico-hospitalares procesados por medio de esterilización por humo saturado sob presión , utilizando diferentes tipos de embalajes, en un hospital privado. EI procedimiento metodológico constó de cuatro etapas: preparación de los artículos, evaluación dei funcionamiento de autoclave, ciclo de esterilización y testes microbiológicos. Los resultados evidenciaron crecimiento bacteriano en los articulos embalados con papel grado quirúrgico sin película y con película a partir del 2 1 ° dia, papel crepado en e1 90° y ausencia de crecimiento utilizando en embalaje de algodón. Frente a los resultados, fue establecido en la institución investigada el plazo de validad de esterilización por humo saturado sob presión de 21 dias independiente de las embalajes utilizadas, evaluando también las condiciones de almacenamiento. PALABRAS CLAVE: enfermería , esterelización, infección hospitalar

Recebido em 20/02/2002 Aprovado em 1 9/08/2002

1 Enfermeira enca rregada do Centro C i rú rgico, CME e Recuperação do Hospital e M atern idade São Lucas de Ribeirão Preto(SP). Enfermeira Especialista em Centro C i rú rg ico, CME e Recu peração pela SOBECC, Ad m i n istração Hospitalar e Saúde P ú b l ica .

2 Professor Doutor da Escola d e Enfermagem de Ribeirão Preto da U n iversidade d e São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o d esenvolvi mento d a pesq u isa e m enfermagem.

3 Enfermeira encarregada do S C I H do Hospital e Maternidade São Lucas d e Ribeirão Preto(SP). Docente da Disciplina de Centro Cirúrgico, C M E e Recu peração d o Centro U n iversitário Barão de Mauá d e Ribeirão P reto(SP) Enfermeira Especialista em Enfermagem do Trabalho.

4 Diretora do Serviço d e E nfermagem d o Hospital e Matern idade São Lucas de Ribeirão P reto(S P ) . Mestre em Enfermagem pela EERP-USP. Doutoranda em Ad ministração Hospitalar pela FSP-USP(SP).

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INTRODUÇÃO

A p reocu pação com o m ateri a l uti l izado e m procedimentos invasivos e com o ambiente, surgiu e m meados do século XIX na chamada era bacteriológica . A partir de então muito se evoluiu em relação à esterilização desde que Joseph Lister , o pai da moderna cirurg i a , d i m i n u i u a mortalidade dos seus pacientes tratando fios de sutura e compressas com solução de fenol . A fervura prolongada foi utilizada rotineiramente em materiais e rou pas até que ficou demonstrado em 1 880 q u e os microrganismos estavam resistentes e percebeu-se a necessidade de elevar a temperatura acima de 1 000e (GRAZIANO; SILVA;BIANeH I , 2000).

Atualmente, sabe-se que para a escolha mais segura e econômica do método de esterilização a ser utilizado é m u ito i m portante a classificação dos artigos médico­ hospitalares, levando-se em conta o risco potencial de transmissão de infecção para o paciente.

A utilização do vapor saturado sob pressão por meio de autociaves, como p rocesso de esteri l ização, é hoje co nsiderado o método de m a i o r s e g u ra n ça , pois os microrganismos são destru ídos pela ação combinada de te m p e rat u ra , p re s s ã o e u m i d a d e , p ro m ove n d o a termocoagulação e desnaturação das prote ínas de sua estrutu ra genética celular (PI NTER; GABRI ELLO N I , 2000).

O vapor saturado sob pressão dentro da câmara das autoclaves circula por cond ução, penetrando através de objetos porosos, como os invólucros que envolvem os pacotes (PI NTER; GABRI ELLON I , 2000).

Para Rodrigues (2000), o vapor saturado sob pressão é o meio de esterilização mais comumente usado para todos os artigos termorresistentes.

Moura ( 1 996) ressalta q u e quando utilizamos o método de esterilização em autociaves devemos levar em consideração o calor e a umidade, temperatura e pressão, qualidade do vapor e tempo de esterilização.

A seleção de embalagens para o acondicionamento dos artigos médico- hospitalares merece atenção especial e devemos considerar que o processamento ocorre dentro de uma sequência de etapas até o momento do uso, sendo necessário cuidados em todas as etapas para evitar a contaminação (PI NTER; GABRI ELLON I , 2000).

A Association of Operating Room Nurses (AORN, 2000), recomenda que o sistema de embalagem deve permitir a esterilização, manter a esterilidade do conteúdo até a abertura do pacote e possibilitar a entrega do conteúdo sem contaminá-lo.

Para a AORN (2000), as embalagens utilizadas para esterilização devem apresentar as seguintes características: - ser apropriada para o (s) a rtigo (s) e método de esterilização;

- prover integridade adequada de selagem e ser a prova de violação;

- prover barreira adequada;

- permitir a adequada remoção do ar;

- proteger o conteúdo do pacote de danos físicos; - resistir a rasgos e perfurações;

- ter uma relação custo/benefício positiva .

Segundo Pinter e Gabrielloni (2000), as embalagens recomendadas para esteril ização por vapor saturado sob

pressão são as seg u intes:

- tecido de algodão cru - d u plo, sem goma , devem ser mantidas à temperatu ra a m b i ente ( 1 8 a 22 ° e ) , permanecer em u m a umidade relativa d e 3 5 a 70%. As embalagens de tecido devem ter sido lavadas recentemente antes do uso. A reesterilização sem a lavagem do tecido pode levar ao superaquecimento e ser um obstáculo para alcançar a esterilização. Reparos na embalagem nunca devem ser esticados nem tão pouco costurados, pois a costura cria buracos permanentes reduzindo a eficiência da barreira;

- papéis - o uso como embalagem para esterilização é tão antigo quanto o tecido de algodão cru . Os papéis recomendados podem ser divididos em :

- papel grau cirúrgico - normatizado pela NBR 12 946 da ABNT, d eve ser resistente ao ca lor, tração e perfu ração, não podendo conter amido e corantes, deve ser permeável ao calor e ao ETO ( óxido de etileno ). Ele pode apresentar-se com d uas faces de papel ou uma face de papel e outra com filme transparente;

- papel Kraft - deve ser de superfície regular, não podendo apresentar furos. Devido a irregularidade deste papel e a p re s e n ç a d e a m i d o , e ste t i p o de e m b a l a g e m provavelmente venha a ser substitu ído;

- papel crepado - é composto de celu lose tratada, suportando temperaturas de até 1 500 e e em condições de exposição de uma hora . Apresenta-se como principal alternativa ao tecido de algodão;

- caixas metálicas - utilizadas na esterilização à vapor, somente sem tampas ou perfuradas e recobertas com embalagens permeáveis ao vapor;

- não tecido de 1 00% polipropileno - (manta de p o l i p ro p i l e n o ) u s a d a e m ca m a d a d u p l a a p re s e n ta propriedades de barreira microbiana.

A escolha da embalagem apropriada para cada artigo deve contemplar as recomendações da AORN (2000) e as características da cada serviço de esterilização.

Para obtermos u m produto final de qualidade o p rocesso d e esteri l i zação deve ser constantem ente monitorado em todas as suas etapas por meio de indicadores q u ímicos e biológicos. As principais ferramentas utilizadas para validação do p rocesso de esteril ização sob vapor saturado são: monitoramento dos parâmetros da câmara por meio do teste de Bowie e Dick, indicador biológico, no mínimo semanal e uti lização de indicadores químicos.

Após a validação do processo de esterilização, questiona-se até q uando estes pacotes independentes das embalagens utilizadas permanecem estéreis para uso, principalmente em procedimentos invasivos, garantindo a segurança para o paciente e equipe multiprofissional.A literatu ra é controversa em relação aos prazos de validade do método de esterilização em q uestão.

A Secretaria de Estado da Saúde (SÃO PAULO,

1 994) recomenda o prazo de sete dias de validade para os artigos esterilizados por meio de processo físico, devido à dificuldade que algumas instituições têm em realizar estudos microbiológicos específicos.

Segundo a AORN (2000), a validade é relativa pois depende da q ualidade do material, da embalagem, data de este ri l izaçã o , cond i ções d e estocagem , transporte e manuseio, essas condições devem ser avaliadas antes de

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Validação do processo de esterilização .. .

serem colocadas e m prática .

De acordo com a Associação Paulista de Estudo e Controle de Infecção Hospitalar (APEC I H , 1 99 8 ) , o tipo de invólucro utilizado é o principal fato r que determina o tempo durante o qual atigos estocados mantém a esterilidade, ressalta que teoricamente u m artigo esterilizado deveria manter-se estéril até que um fator externo contribu ísse para sua recontaminação, independente do método utilizado.

A AORN (2000), aponta inúmeras variáveis que podem estar ligadas à questão da validade da esterilização sendo elas: tipo e configuração da embalagem utilizada; número de vezes que o pacote foi manuseado antes do uso; número de pessoas que podem ter manipulado o pacote; estocagem em prateleiras abertas ou fechadas; condições da área de estocagem; uso de capas de proteção e método de selagem .

Para Padoveze (2000), a questão do tempo pelo qual os artigos esterilizados podem permanecer estocados é um componente econômico de grande importância, pois menores prazos implicam maiores custos, relacionados ao consumo dos invólucros, fitas adesivas, fitas indicadoras do processo de esterilização, mão de obra , embalagem e controle dos atigos, consumo do equipamento esterilizador e desgaste do artigo processado, entre outros aspectos.

Para Salzano, Silva e Watanabe ( 1 990, p. 1 03) o Centro de Material e Esterilização (CM E) "é a unidade que responde pelo preparo, distribuição e controle dos materiais hospitalares e que tem por finalidade assegurar a quantidade e a qualidade necessárias a todo o hospital, para que os pacientes possam ser assistidos com seg u rança". Os autores acresce ntam q u e com pete ao e nfe rm e i ro o gerenciamento desta unidade, o qual deve buscar estratégias para a melhoria do controle dos artigos médico-hospitalares, "com a finalidade de facilitar a realização dos procedimentos necessários com a máxima segu rança e qualidade para o cliente".

A segurança do processamento dos artigos médico­ hospitalares é uma i mportante medida de controle de infecção hospitalar. A infecção hospitalar é um grave problema de saúde pública, devido a sua complexidade e implicações sociais e econômicas. Assim o conhecimento dos diferentes fatores de risco na transmissão de infecção, das dificuldades de processamento dos artigos e limitações oriu ndas dos métodos de esterilização e desinfecção são aspectos de relevada importância para a elaboração de medidas de contro l e p e l o e n fe r m e i ro do C M E q u e d i m i n u e m a possibilidade de infecção hospitalar.

Frente ao exposto e d i a nte d a s d ivergências encontradas na literatura em relação à determinação do prazo de validade de esterilização dos artigos médico-hospitalares e entendendo que a adoção de medidas fundamentadas em resultados de pesquisa e na realidade de cada instituição pode minimizar custos, otimizar os recursos humanos e principalmente contribuir para a melhoria da qualidade da assistência da enfermagem prestada ao paciente/cliente, a presente investigação tem como objetivo estabelecer o prazo de validade de esterilização de artigos processados em autoclave a vapor saturado sob pressão, segundo diferentes embalagens, uti l izad a s em u m Centro de Materi a l e Esterilização de um hospital privado do município de Ribeirão Preto(SP).

PROCEDIMENTO M ETODOLÓGICO

A maioria dos pesquisadores atua no hospital onde o presente estudo foi conduzido. O desenvolvimento da i n vest i g a çã o oco rre u a p a rt i r da n e ce s s i d a d e d e implementação de normas fundamentadas e m resultados de pesq uisa. Assim , a pós aprovação da direção do hospital procedeu-se a coleta dos dados.

Para definirmos o prazo de validade de esterilização, selecionamos as embalagens: papel grau cirúrgico com filme, papel grau cirúrgico sem filme, papel crepado, tecido de algodão cru e os seguintes materiais: gazes e agulhas de sutura, conforme apresentado na tabela 1 .

Tabela 1 - Distribuição dos artigos médico-hospitalares e em­ balagens utilizadas. Ribeirão Preto-SP, 2001

Embalagem Papel grau ciriKglo Pad grau Papel "epa<> lgdão C:1 com filme (15 x 15 m ) clrúrgio sem f�me (9 x 9 1) (12 ( 12 ,m)

tigo (9 x 9 n) TOT/..

dil hospdaJar

Gaze 33 33 33 33 1 32

Agulha de 33 33 33 33 1 32

sutura

TOTAL 66 66 66 66 264

Em u m mesmo dia foram preparados 264 pacotes, com as embalagens já citadas, contendo gazes e agulhas de sutura. Cada pacote de gaze continha 1 0 unidades e cada pacote de agulha continha 2 u nidades.

Em relação às embalagens de algodão cru : os campos mediam 40 x 40cm, eram novos e foram lavados na véspera do preparo dos pacotes.

Os pacotes foram preparados com embalagens duplas e os mesmos foram identificados como: frente, meio e fu ndo (Tabela 2).

Tabela 2- Distribuição dos artigos médico - hospitalares e respectivas embalagens segundo o posiciona­ mento dentro da câmara da autoclave. Ribeirão Preto-SP, 200 1

P:1pel grau Papel grau Papel grau Papel 9fall Pape Papel algdo alglo ru T",,"

lenal cirufglC.o d cirurgico J clrúrgico sJ cirúrgic:o sJ cropO crepaôo com agulha: filma com lilme c:om filme om filecom com gazes c= con.Z6S

Posiçoo gales agulhas gazes agulhas agulhas

Iln l,lfJ

Frente 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 8 8

Meio 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 88

Fundo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 88

Total 33 33 33 33 33 33 33 33 264

Após O preparo dos pacotes , efetuamos u ma avaliação do funcionamento do autoclave, com os seguintes testes:

- realizou-se uma carga com teste Bowie & Dick conforme preconizado na literatura ;

- executou-se uma carga com três pacotes grandes medindo 42 cm de cumprimento por 1 7 cm de altura e 23 cm de largura, com indicadores q u ímicos;

- efetuou - se uma carga com três pacotes grandes medindo 42 cm de cumpri mento por 1 7 cm de altura e 23

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cm de largura, com indicadores biológicos.

Os res u l t a d o s d o s testes re a l i z a d o s fo ram satisfatórios e a partir da í, colocamos a carga com os pacotes previamente preparados, distribu ídos no autoclave nos espaços frente, meio e fundo, sendo a carga monitorizada o tempo todo por u m membro da equipe de enfermagem previamente escalado.

O ciclo real izad o foi de 30 m i nutos (tempo de esterilização)e após o término deste foram encaminhados 24 pacotes, sendo u m de cada tipo de embalagem (gaze e agulha), para o laboratório de microbiologia para cultura, sendo considerado como dia zero de esterilização. Para maior controle elaborou-se uma tabela para acompanhamento dos resu ltados para cad a tipo de em balagem , material e posicionamento dentro da câmara, com os dias previamente estabelecidos para o envio novamente dos pacotes ao laboratório de microbiologia.

A seguir, descreveremos o método util izado para leitura das culturas, s a l i enta n d o q u e os dados fora m fornecidos pelo microbiologista responsável pelo laboratório do hospital investigado:

- procedeu-se a n u meração das placas onde os pedaços de gazes e as agulhas de sutura estéreis foram colocados;

- abriu-se cada pacote de gaze com auxílio de uma tesoura estéril e flambada, cortou-se um pedaço de gaze e

eo mesmo foi colocado na placa de petri numerada, sendo fechada rapidamente (esse procedimento realizou -se com todas as amostras de gazes );

- abriu-se os pacotes contendo agulhas e com auxílio de uma pinça estéril , a agulha foi colocada dentro da placa de petri , fechou-se ra p i d a mente (esse proced imento executou-se com todas as amostras de agulhas );

- o caldo de BHI ( Brain Heart I nfusion) foi colocado nas amostras cobrindo todo o material analisado, as placas foram fechadas e colocadas na estufa para incubação a uma temperatu ra de 37°C por 24 horas. Após a i ncubação, realizou-se a semeadura de todos os materiais em agar­ sangue;

- o material semeado permaneceu na estufa por mais 24 horas à 37 °C;

- liberou-se o resultado após 48 horas de incubação, com ausência de crescimento;

- nos materiais onde ocorreu crescimento, procedeu­ se a identificação e antibiograma , segundo as normas da N C C L S ( N at i o n a l C o m m i ttee fo r C l i n i cal Laboratory Standards ).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seg u i r, a p resentamos tabelas e res u ltados evidenciados na presente investigação.

Tabela 3 - Distribuição dos resultados dos testes microbiológicos utilizando papel grau cirú rgico sem filme segundo os dias e a rtigos médico - hospitalares investigados. Ribeirão Preto-SP, 200 1

Dias O 3 5 7

a rtigo Pos i ção

a g u l h as F rente n eg n eg n eg n eg

de M e io n eg n eg n eg n eg

sutu ra F u nd o n eg n eg n eg n eg

Fre n te n eg n eg n eg n eg

Gaze M e io n eg n eg n eg n eg

F u n d o n eg n eg n eg neg

Podemos observar, na tabela 3, que na embalagem de papel grau cirúrgico sem fi lme contendo o a rtigo agulha, tivemos uma cultu ra positiva no 42°. dia após o método de esterilização na posição frente da câmara e com o artigo gaze tivemos três culturas positivas, sendo, uma no 2 1 °. dia na posição frente, outra no 28°. dia também na posição frente e outra no 42°. dia na posição meio.

Assim, no papel g rau cirúrgico sem filme tivemos três culturas positivas na posição frente da autoclave, questionamos se ocorreu alguma falha no funcionamento do aparelho ( entrada insuficiente de vapor ).

E m co ntra p a rti d a , s eg u n d o i n fo r m a ções d o laboratório d e microbiologia a manipulação d o pacote de agulhas de sutura é mais difícil, entretanto, tivemos somente uma cultura positiva .

Como encontramos três cu ltu ras positivas, na posição frente, nos pacotes que continham gaze e uma cu ltura positiva , na posição meio, no pacote de agulhas, pode-se concluir que o pápel gra u ci rú rgico sem fi lme necessita d e m a i ores e st u d o s p a ra u t i l i zação como

1 4 2 1 2 8 3 5 4 2 5 6 90

n eg n eg n eg n eg pos n eg n eg

n eg n eg n eg n eg n eg n eg n eg

n eg n eg n eg n eg n eg n eg n eg

n eg pos pos n eg n eg neg n eg

n eg n eg n eg n eg pos n eg n eg

n eg n eg n eg n eg n eg n eg n eg

embalagem de esterilização. Podemos inferir que o fato dele ser pouco maleável para manipu lação pode contribuir para sua recontaminação, pois favorece a abertura nas laterais dos pacotes.

O papel g ra u cirúrg ico com fi lme, apresentou

apenas cultura positiva no artigo médico - hospitalar gaze, na posição meio da autoclave no 2 1 ° dia. Consideramos que poderia ter ocorrido contaminação no momento da abertura do pacote para análise microbiológica, o que foi discutido inclusive com o microbiologista , ou ter havido alguma falha devido as dobras da embalagem interna, pois segundo Cunha et aI. (2000), "deve-se evitar a utilização de embalagem dupla de papel g ra u cirú rg i co e/ou fi l m e pl ástico, quando a embalagem interna for dobrada antes de ser introduzida na embalagem externa, já que as dobras podem formar bolsas de ar e interferi r no processo de esterilização". Recomenda­ se avaliar as condições de integridade da selagem quanto à ocorrência de rugas e áreas queimadas; ao realizar a selagem procu rar dar uma margem, no m ínimo, de 3 cm da borda, para permitir uma abertura asséptica .

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Validação do processo de esterilização .. .

Zanon ( 1 987) recomenda o tempo d e validade de

esterilização em papel grau cirúrgico com filme enquanto a embalagem estiver íntegra. SÃO PAU LO ( 1 994) recomenda o prazo de 7 dias de validade para todo artigo esterilizado

em processo físico, em diferentes embalagens; em relação ao papel grau cirúrgico, considera tempo indefinido, ou seja, estéril enquanto íntegro.

Tabela 4 - Distribuição dos resultados dos testes microbiológicos utilizando papel crepado segundo os dias e artigos mé-dico - hospitalares i nvestigados. Ribeirão Preto-SP, 200 1

Dias O 3 5

a rtigo Posi ção

a g u lhas Frente n eg n eg n eg n eg

de Meio n eg n eg n eg n eg

sutu ra F u nd o n eg n eg n eg n eg

Frente n eg n eg n eg n eg

g aze M e io n eg n eg neg n eg

F u n d o n eg n eg n eg n eg

Os artigos médico-hospitalares (gaze e agulhas de sutura) esterilizados em papel crepado permaneceram estéreis por 56 dias em todas as posições, apresentando cultura positiva somente no 90°. d i a , nos pacotes que continham gaze na posição meio e fundo da autoclave.

De acordo com APEC I H ( 1 998) , o papel crepado é um tipo de embalagem recentemente desenvolvida a qual consiste em alternativa ao tecido de algodão, dentre suas características ressalta-se: resistência a temperaturas até 1 50°C por 1 hora, pode ser utilizada para esterilização a vapor saturado e óxido de etileno, possui barreira efetiva contra a penetração de microrganismos, produto atóxico e flexível podendo ser utilizado para a confecção de aventais e campos cirúrgicos.

Longhi ( 1 997) relata que o algodão cru como barreira microbiana possui o BFE (Bacterial Filtration Efficiency) de

3 4 % enquanto o do papel crepado é de 99,9% , a autora

ressalta ainda, que testes demonstraram que 93% das

embalagens de algodão estavam contaminadas após 60 dias e apenas 0,4% das de papel crepado.

Os artigos médico - hospitalares (gaze e agulhas de sutura) esteril izados e m teci d o d e algodão cru , permaneceram estéreis por 90 dias em condições adequadas de armazenamento. Os tecidos foram lavados na véspera do preparo dos pacotes, eram campos novos e duplos.

Segundo Longhi ( 1 997 ) , alguns aspectos têm dificultado a qualificação do tecido de algodão cru como embalagem, a saber: como barreira microbiana, o BFE (Bacterial Filtration Efficiency) do campo de algodão cru é de apenas 34 % , enquanto o papel crepado tem u m BFE de

99,9% ; em relação a repelência ao l íquido, o algodão natural não é tão resistente à àgua, por causa do tipo de suas fibras

assim, as bactérias aquosas encontram meio adequado para sua reprodução; fibras quebradas, devido as repetidas lavagens e uso, ocasionando desgastes e fu ros; testes demonstram que 93% das embalagens de algodão cru, após

60 dias, estavam contaminados em contraposição a 0 ,4%

das de papel crepado.

Long h i ( 1 9 9 7 ) ressalta a i n d a , q u e não existe

nenhuma norma internacional para tecido de algodão cru e que a Associação Brasileira de N ormas Técnicas (ABNT)

7 1 4 2 1 2 8 3 5 4 2 5 6 9 0

n eg n eg n eg n eg n eg neg neg

n eg n eg n eg n eg n eg neg neg

n eg n eg n eg n eg n eg neg neg

n eg n eg n eg n eg n eg neg n eg

n eg n eg n eg n eg n eg neg pos

n eg n eg n eg n eg n eg neg pos

também não possui normatização sobre a utilização deste tipo de embalagem .

Pinter e Gabrielloni (2000) afirmam que o algodão cru é largamente utilizado em esterilização por vapor saturado, entretanto alguns pontos devem ser observados, tais como: - lavá-los antes do primeiro uso para retirada do amido, que dificulta a penetração do vapor;

- observar freqüentemente as condições de desgaste e de manutenção da integridade do tecido e estabelecer, a partir destes parâ metros , u m a quantidade máxima de reprocessamento por meio de um método de monitorização, controle e determinação do tempo de vida útil do tecido reprocessado, ou seja, até quantas lavagens e esterilização cada campo de tecido ainda mantém a barreira aceitável ;

- realizar testes freqüentes de permeabilidade com água, comparando o tempo de vazamento a partir do obtido no primeiro uso. Este teste tem sido feito de maneira empírica;

- ser isentos de furos e cerzidos, a costura cria buracos permanentes, red uzindo a eficiência da barreira;

- as embalagens de tecido devem ser mantidas à

temperatura ambiente de 1 8 à 22°C e permanecer numa

umidade relativa de 35 à 7 0 % .

Em relação ao prazo de validade de esterilização por vapor saturado, tendo o tecido de algodão cru , como e m b a l a ge m , Z a n o n ( 1 9 8 7 ) reco m e n d a 3 sema n a s

a rmazenado em p rateleiras abertas e 8 semanas e m prateleiras fechadas; e SÃO PAULO ( 1 994) recomenda 7

dias.

A APECI H ( 1 998) afirma que apesar do tecido de algodão cru ser largamente utilizado como embalagem para artigos médico-hospitalares, sendo recomendado na literatura específica, existem m uitas controvérsias, principalmente quanto à dificuldade de monitorização do desgaste do tecido, pois as instituições de saúde não dispõem de estrutura para esse controle, acarretando geralmente em prazo de validade c u rto. Acresci d a a e s s e a s p e cto , exi ste a fa lta d e regulamentação deste tipo de embalagem.

Rodrigues (2000, p.22) desenvolveu sua tese de d o u torado cuj o o bj etivo fo i "verifica r o n ú m e ro d e reprocessamentos q u e a embalagem d e tecido d e algodão

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padronizada pela A B N T p a ra esteri l ização, pode ser submetida, mantendo as características originais de barreira microbiana". Frente aos resu ltados evidenciados, a autora concluiu que o número limite de reprocessamento do tecido é de 65 vezes (d iminuição da gramatura , elemento que sustenta teoricamente ineficácia da barreira microbiana do tecido de algodão cru ).

Frente ao exposto e considerando os resultados obtidos na presente i nvestigação, esta belecemos n a instituição q u e atuamos o prazo de validade de esterilização por vapor saturado sob pressão de 2 1 dias, independente das embalagens utilizadas, avaliando também as condições de a rmaze n a m e nto d o s a rtigos m é d i co-hosp ita l a res (prateleiras abertas, sem cl imatização ambiente e tráfego intenso de pessoal).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A segurança do processamento dos artigos médico­ hospitalares, nas i n stitu ições d e s a ú d e , consiste e m importante medida de controle da infecção hospitalar

Entendemos que ainda existe muita controvérsia em relação ao prazo de validade de esterilização por vapor saturado sob press ã o . Ass i m , cada i n stitu i ção d eve estabelecer seu prazo de validade com base em pesquisas, não fazendo de uma forma empírica ou cópia de rotinas de outras instituições. Compatilhar informações em busca da melhoria da qualidade do atendimento prestado ao cliente é fundamental Neste estudo, estabelecemos u m prazo de validade, dentro da realidade da instituição que trabalhamos podendo ser alterado de acordo com outros estudos e/ou avanços tecnológicos.

REFERÊNCIAS

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Tabela 2- Distribuição  dos artigos  médico - hospitalares e  respectivas  embalagens segundo o  posiciona­
Tabela 3 - Distribuição dos resultados dos testes microbiológicos  utilizando papel  grau cirú rgico  sem filme  segundo os  dias e  a rtigos médico - hospitalares investigados
Tabela  4  - Distribuição dos resultados dos testes microbiológicos utilizando  papel crepado  segundo os dias e artigos mé- mé-dico - hospitalares i nvestigados

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