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Pesquisa como instrumento da prática.

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Academic year: 2017

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PESQUISA COMO INSTRUMENTO DA PRÁ TICA*

Maura Maria Guimaraes de Almeidat

RESUMO: O trabalho aoda a utilização da pesquisa omo intrumento da pátia pofis­ sional da enfermaria na área de assistência, administração e ensino. Situa a ciência como proceso. Ressalta a resonsabilidade da enfermeira na produção da conhecimento científico. Destaca os fatores que dificultam e facilitam a pesquisa, além dos aspectos éticos envolvidos.

UNITERMOS: Pequisa em Enfermagem - Prática Profissional - Enfermeira/o

1 . INTRODUÇÃO

Ao sermos convidadas para falar sobre "es­ quisa como Instrumento da Prática" decidimos trazer para vocês aspectos que ajudassem a desmitifiar a Pesquisa omo uma atividade aca­ dêmica e complexa, realizada de forma isolada e independente das atividades da enfermeira, do ensinar e ou do assistir.

Para entender a pequisa como um elemento do ensinar, do assistir e do administrar, iniciare­ mos fazendo algumas onsideações sobre a CI­ ÊNCIA, da qual a pesquisa é a atividade básica.

Senso comum

1

Conhecimento Acrítico

· Sem profundidade

· Sem rigor lógico

· Imediatita, crédulo

Fata de Conhecimento Especializado

FIGURA 1 -Ciência como Processo

Como vimos, fazendo a Ciência pate deste contínuo, é impotante sabermos o que não é

Ci-2. CIÊNCIA COMO PROCESSO

\

Ciência é a pocura metdica do saber, uma aventua inteletual, o mdo de interpretar a eali- . dade, ou o saber realizado ou tecnizado. Porém, é impotante destacar que a realidade é sempre vita de forma parcial, or mais que seja delimita­ da.

Para entender a Ciência como um processo podemos imaginar um espaço contínuo no meio do qual a colocamos, tendo como extremos o senso comum e a ideologia (Figura 1 ) .<4)

Ciência Ideologia

1

Caráter justificador

. Deturpaão de fatos Falsifiação Patidário

Posicionamento Político

ência, ao utilizarmos o conhecimento divulgado da ealidade. O que np�, dignifica deixar de

coni-• Conferência realizda no XI ENFNORDESTE. Salvador-Ba, 1 7 a 1 9 de agosto de 1 4.

Professora Ora. do Depatamento de Enfermagem Comunitária da Escola de Enfermagem da U FBa.

(2)

derar o conhecimento de senso com u m , pois é a patir dele q u e , m u itas vezes, chegamos ao co­ nhecimento científico.

Outo aspeto impotante é entendermos a

Ci-Cultural

ência como u m prod uto h u mano e enquadrá-Ia dento de u m contexto no qual o ser humano etá envolvido.

Histórico

Enquadramento

Social Político

Ciência

Produto Humano

Pressu postos Ideológicos

Pressu postos Filosófios

Pressu postos Teóricos

Razão Científicca

· Mutável

· Histórica

· Objetividade relativa

· Interpretativa

FIGURA 2 -Enquadramento da Ciência

Ao colocarmos a pesqu isa dentro de u m con­ teto pol ítico , hitórico , social e cultural podemos entender melhor a Ciência .

Aspecto potico - A pesq u isa i nteressa ao Es­ t a d o , à s e m p r e s a s , à s o c i e d a d e c i v i l . Modemamente, está o rgan izada em i nstituições ligadas ao Etado e/ou à i n iciativa privada .

Nos países desenvolvidos a porcentagem do PIB (Produto I nterno Bruto) d estinada à pesqu isa é bem maior do q u e em países em desenvolvi­ mento. No Brasil , a verba destinada à Secretari a d a Ciência e Tecnologia t e m d i m i n u ído, o que se reflete na Ciência , medid a através de atigos em revistas científicas de circu lação nacional ou in­ ternaciona l .(6l.

A pol ítica adotada pela Universidade valoriza a pesq u isa na avaliação dos pofessores (concu r­ so , progressão funcional entre outros) , porém não

propicia meios para o desenvolvimento desta ati­ vidade (acúm u l o de tarefas didáticas e adm i nis­ trativas, deficiência de pessoa l de apoio, entre o utros) , o que restringe a prod ução dos pofesso­ res e a l u n os. As Instituições de Saúde m u itas vezes não oferecem condições para o profissio­ nal desenvolver pesq u isas. Atualmente , i nstitui­ ções privadas etão estimulando o desenvolvimen­ to de pesq u isas, preocupadas com a q u a l idade d a assistência , o crescimento e a d ivulgação do trabalho rea l izado na I n stituição.

Aspecto histórico - A investigação deve ser entendida como uma prática social e a Ciência com o fenômeno, como toda rea l idade h istórica . Por ser histórica a rea l idade não é perene, nem fixa , i m utáve l , h a rm o n i osa , eq u i l i brada , ao con­ trá rio, a sociedade é conflitiva e em m utação, potanto a Ciênci a não pode ser algo totalmente

(3)

definitivo. É processo e está sempre e apenas em formação, porém há um limite que marca o surgimento de fases históricas e sua relativa per­ sistência temporal.(4).

Na enfemagem, a pequia gerado novos o­ n h eci m entos co m eçou co m os estudos d e Florence Nightingale. N o Brasil, as pesquisas e m enfermagem têm sua evolução associada à im­ plantação dos Cursos de Pós-Graduação em ní­ vel de Mestrado e Doutorado, sendo sua produ­ ção ealizada principalmente por docentes da re­ gião Sudeste do país.(2)

Aspecto social e cultura/ -O cientista pesqui­ sa aquilo que o meio lhe apresenta como proble­ ma de pesquisa ou lhe oferece condições para pequisar, de aodo com sua formação, vivência, valores, crenças e convicções do grupo a que p e rtence . E ntre os aspectos q u e pod e m condicionar as pesquisas realizadas, podemos citar as questões de saúde locais, a política e

Objeto

Real

oganização dos seviços, o processo de traba­ lho, o pefil ocupacional da força de trabalho em saúde, as relações de poder e o acesso aos co­ nhecimentos científicos e tecnológicos.

Para demontrar a influência do aspeto oci­ al na ciência, odemos dar como exemplo a ques­ tão do gêneo, em que a Ciência, em geral prdu­ zida pelo homem, apresentava a mulher como menos inteligente, menos apaz, sempre submi­ sa e inferiorizada. A mudança no papel social da mulher contribuiu para que estes conceitos se modificassem; a realidade hoje é interpretada de outra maneira, pelas mulheres e pelos próprios homens.

A ciência gea um conhecimento objetivo e ra­ cional, baseado em pressupostos teóricos, ideo­ lógios e filosófios, que muda, é histório, é uma interpretação da realidade, não há objetividade absoluta.

)

Objeto

Cien ífico

elaborado

(teoria)

FIGURA 3

-

Objeto real e Objeto científico

Potanto, existe sempre um objeto real e um objeto cientíico que é contruído, elaborado e re­ flete a visão do cientista naquele momento.

3. PORQUE PESQUISAR EM ENFERMAGEM

Ao entendemos a Ciência como pceso, ju­ tificamos a necessidade das enfermeiras consi­ derarem a Pesquisa como um elemento inerente à sua prática (docente ou assistencial), ob pena de adicarem de uma paticipação ativa no aele­ rado processo históico de contrução do saber e das transfomações sócio-eonômias que trazem

avanços nos conhecimentos e nas técnicas. Sig­ nifica ainda, contentar-se com uma posição su­ balterna de simples consumidores detes conhe­ cimentos. Além disso, a investigação integra o controle de qualidade de ações profissionais e permite consolidar uma profissão com poder e

status.

A enfemeira equia para resolver oblemas práticos, ciando novos mdelos de assistênia e ensino, para formular e testar teorias educacio­ nais em enfermagem, paa conhecer a sua clien­ tela e os seviços de saúde, para entender as re­ lações existentes na sociedade.

(4)

A pesquisa é meio e fim no proceso eduaci­ onal, acontecendo o mesmo em relação ao as­ sistir. Os profisionais, ao investigarem a sua atu­ ação e os resultados, estão provavelmente, ga­ rantindo a melhoria da qualidade de suas ações.

A pesquisa não pode ser vita como algo que vem de fora para dentro do cuidar, ;é impotante

que a enfermagem descubra ao cuidar, ao ensi­ nar.(1) Mesmo quando a enfermeira não está pro-· duzindo, ela deve estar utilizando criticamente a produção científica existente em outras áreas e na sua área específica. O que torna indispensá­ vel o conhecimento da metodologia cientíia.

FIGUA 4 -Onde são real izadas as pesquisas na Enfermagem

Ensino

Pesquisa

t

Assistência Administração

Senso de obsevação Precisão

Idéias claras Cuiosidade

Poder de discemimento · Humildade

· Imparcialidade

· Honestidade

· Coragem

As pesquisas em enfermagem são produzi­ das, em sua maioria, por docentes, em geral Me­ tres ou Doutores, e seus oientadores. Encontra­ mos ainda, pesquisas realizadas por enfermeios assistenciais, com paticipação de médicos, es­ tatísticos, antropólogos, sóciólogos entre outros profissionais. (5)

Para que a investigação aconteça, entre os fatores ligados às enfermeiras podemos desta­ ar: desetar e desenvolver o senso de obseNa­

ção, para peceber o que merece ser investigado,

registrar com precisão e idéias claras os fatos, ou fenômenos do seu trabalho, aguçar a curiosi­

dade quanto à contribuição para melhoria da as­

sistência elou do ensino, ampliação do conheci­ mento e impato social das ações desenvolvidas,

ser ousado e corajoso para tentar novas formas

de ação desafiando a organização e o poder, ter

sagacidade e discenimento para analisar as

ações pofissionais e a dinâmica das relações po­ fissionais e sociais.

Além disso, é necessário a enfermeira ficar atenta às informações reebidas de outros

prois-sionais, da equipe de enfermageme da clientela atendida, pois muitas vezes passam despercebi­ dos aspectos impotantes dessas informações, como sugestões para pesquisas, modificações nas ações de enfermagem e avaliação dos sevi­ ços, contribuindo para a leitura da realidade e o entendimento dos ftos e fenômenos em sua mag­ nitude, contexto, especificidade e totalidade.

A enfermeira embora conheça, pode não ser especialita nos métodos de pesquisa, e por iso deve trabalhar com outros rofissionais ao inves­ tigar. Os núcleos de esquisa permitem essa to­ ca de experiências.

Dificuldades para pesquisar

As enfermeias encontram alguns empecilhos para o desenvolvimento da pesquisa, entre os quais podemos citar:

· Escassez de enfermeiras.

· Baxa remuneração.

· Rotatividade das enfermeiras.

(5)

· Falta de disposição para pesquisa .

· Preparo deficiente.

· Condições i nadequadas de trabalho.

· Ausência ou deficiência de registros.

· Falta de incentivo da i nstituição.

· Escassez de instrumentos de divulgação.

Fatores que incrementam a pesqu isa

· Expansão dos programas de pó-graduação.

· Enfermeiras assistenciais em ás-graduação.

; I nteresse das instituições em pesq uisa . · Formação e desenvolvimento de núcleos de

pesq u isa .

· I nterdisci p l i n a ridade e atuação m u ltipro­

fissional.

· G ru pos de estudo nas i nstituições.

· I m plementação de resultados de pesq uisas

na prática .

· Preparo nos cursos de graduação.

· Ampliação dos meios de d ivulgação.

· I ntecâmbio de pesq uisadores.

Aspectos éticos

o Cdigo de Ética dos Profissionais de Enfer­

magem detemina no capítulo VI Atigo 78, que o

enfermeio deve facilitar o desenvolvimento das ati­ vidades de pesqu isa e ensino devidamente apro­

vadasY>

A aprovação dos projetos de pesquisa deve ser feita pelo Comitê de Ética da instituição. Este Comitê deverá existir em toda instituição de saú­ de onde se real izem pesq u isas em seres h uma­ nos, conforme resol ução do Conselho Nacional

de Saúde.

Aspectos éticos a serem observados:

· Código de étia - as enfemeiras devem faci­

litar a pesq u isa .

· Comitê de ética da i nstituição - analisa e aprova o projeto.

· Compromisso - do pesquisador com a clien­

tela e a institu ição.

· Autorização dos pesquisadores para serem

sujeitos da investigação.

· Autorização para a divulgação dos resulta­

dos.

· Ética na coleta , registro e i nterpretação dos

dados, com promisso do pesq uisador com a vedade.

4. CONCLUSÕES

A onscientização da enfermeira de que é res­

ponsável pela produção de con hecimentos em saúde, o preparo adequado e a valorização da pesq u i sa pelas i nst itu i ções, são req u i s itos i nsdispensáveis da pesq uisa como instrumento da prática profissiona l .

A pesquisa , a l é m de atuar no contole d e q ua­

lidade das ações, confere à enfermagem poder e

status de profissão univesitária, que contribui paa a melhoria das condições de vida da população e para a produção do saber.

A pesquisa deve ser realizada de forma om­ pa ti l ha d a . A i nterd isci pl i na l idade e a ação multi pofissional permitirão com preender melhor a realidade complexa em sua totalidade.

ABSTRACT: This paper speaks about the utilization of research as an i nstrument i n the

n u rsing professional practice i n the areas of assistance, adm i nistration, and teaching. It situates science as a process and emphasizes n u rsing responsability in the production and uti lization of the scientific knowledge. Also tands out factors that have same positive or negative influence in the scientific research , besides ethic aspects i nvolved .

KEWORDS : Nursing research-Professional practice - Nurse

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 . ARRUDA, Eloita Neves, DIAS, Lygia Paim Muler; SI LVA,

Alcione Leite da Pesquisar para assistir. Revista da

Escola de Enfermagem da USP, v. 26, p. 1 1 9- 1 24,

ou!. 1 992. Número Especial.

2. CIANCIARULLO, Tamara Iwanow. A questao da saúde, da pesquisa e do poder. Um problema para as enfer­ meiras. Reista da Escola de Enfemagem da US, v.

26, p. 1 53-1 56, ou!. 1 992. Número Especial.

(6)

3. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM-COFEN. C­ go de Éica dos Poisionais de Enfemagem. Rio de Janeiro: COFEN, 1 993, 1 6 p.

4. DEMO, Pedro. Metodologa cientlica em Ciências So­

ciais, Sêo Paulo: Atlas, p. 1 3 a 28, 1 981 .

5. LOPES, Creso Machado. Pesquisar para assistir. Reis­

ta da Escola de Enfermagem da US. , v. 26p. 1 05-1 05-1 8, out. 05-1 992. N úmero Especial.

6. ROCHA. Semiramis Melani Melo e BOEMER, Magali Roseira. Impacto social da pesquisa em enfermagem.

Reista da Escola de Enfemagem da USP., v. 26, p.

0, out. 1 2. Número Especial.

Recebido para publicaçêo em 20.4. 1 995 Aprovado para publicaçêo em 1 0.6. 1 995.

Imagem

FIGURA 1  - Ciência como Processo
FIGURA 2  - Enquadramento da Ciência

Referências

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