ClRSO DE \IESTRADO E\l AD\II:\'ISTRAÇ..:i.O PÚBLIC.-\
ORGAl'IZAÇÕES HUIVIANIZADAS
o
CASO BRASIL 500 ANOS
DISSERTAÇ..:i.O APRESE~TADA À ESCOLA BR.--\SILEIR.-\ DE ADi\II:\ISTR--\ÇÃO PÚBLICA PARA A OBTENÇ..:i.O DO GRAU DE :\IESTRE E!VI AD:vIL\ISTRAÇ..:i.O PCBLICA
VIVIANE NARDUCCI FERRAZ
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA . CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
E
ORGANIZAÇÕES HUMANIZADAS
O CASO BRASIL 500 ANOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR vnnANENARDUCCIFERRAZ
APROVADA EM 26 DE JUNHO DE 2000 PELA COMISSÃO EXAMINADORA
PAULO REIS VIEIRA - Doutor em Administração
-é/l~
Jo
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c:0
• Em especial à minha orientadora, Professora Sylvia Constant Vergara, pelo carinho,
apoio, incentivo e paciência com que sempre me distinguiu;
• Ao meu marido, pelo apoio e incentivo desde o dia em que decidi fazer a prova de
seleção para o curso de Mestrado;
• Aos profissionais da Rede Globo, em especial à Sr.3
Milena Beffa, que me
forneceram as informações necessárias para a realização desta pesquisa;
• A todas as Diretoras dos colégios nos quais estive, pela paciência e boa vontade em
colaborar com o meu trabalho;
• Aos meus amigos Alberto, Alcina, Ana, Antonio, Cristine, Fernanda, Iara, Manoel,
Marilia que, durante todo este tempo em que estive envolvida neste trabalho de pesquisa,
tiveram paciência para me ouvir falar, sem parar, neste assunto;
• Ao Artur, amigo especial, pela troca e compartilhamento, constante, de idéias em todo
o desenvolvimento desta dissertação;
• Ao IBGE, que me concedeu uma licença parcial para que eu pudesse envolver-me
o seu ambiente, não é uma empresa responsável.
A responsabilidade social tem se tomado tema de grande interesse no meio
empresarial e acadêmico. Em tese, algumas empresas estão percebendo que a
sustentabilidade dos seus negócios não será possível em um ambiente no qual os
problemas sociais se agravam a cada dia. Esta pesquisa teve por objetivo analisar a
questão da responsabilidade social, aqui entendida como humanização nas
organizações. Para tanto, foi realizado um estudo de caso: o projeto Brasil 500 Anos,
da Rede Globo de Televisão. Os resultados sugerem que o projeto mencionado (e a
Rede que o abriga) possui características do que se denomina organizações
humanizadas e que está alcançando objetivos tidos como importantes diferenciais no
mundo atual.
ABSTRACT
Social accountability is a major concem, both in business and academy. Some
organizations have realized that they will not be able to thrive in an environment
marked by ever increasing social inequalities. This research aimed at analyzing the
importance ofhumanization in organizations, through a case study ofthe project
Brasil 500 anos (Brazi1500 years), by Rede Globo de Televisão (Globo TV
Network). The results suggest that those organizations with so-called human
Figura 2 - Distribuição dos domicílios particulares, segundo a existência de alguns
1.1 Introdução ... 1
1.2 Objetivos intermediários ... 3
1.3 Delimitação do Estudo ... 4
1.4 Relevância do Estudo ... 5
1.5 Tipo de Pesquisa ... 7
1.6 Universo e Amostra da pesquisa de campo ... 8
1.7 Seleção dos sujeitos da pesquisa de campo ... 9
1.8 Coleta de dados ... 1 O 1.9 Tratamento de Dados ... 11
1.10 Limitações do Método ... 12
1.11 DefInição dos termos ... 13
CAPÍTULO 2 - O Mundo Atual ... 15
2.1 A Era da Informação ... 15
2.2 A Sociedade do Conhecimento ... 22
CAPÍTULO 3 - A Educação: principal fonte de Acesso ... 27
3.1 A Importância da Educação ... 27
3.2 Qual o papel da escola? ... 31
3.3 Educação: Quem deve participar desse processo? ... 33
4.1 A quem pertence este papel? ... .43
4.2 Ética empresarial ... 46
4.3 Empresas: uma participação responsáveL ... 50
4.4 Responsabilidade Social: um instrumento de poder ... .56
CAPÍTULO 5 -Brasil 500 Anos: Um projeto de Empresa Cidadã ...•... 60
5.1 Redes: um instrumento de integração ... 60
5.2 O Papel da televisão na sociedade contemporânea ... 63
5.3 Brasil 500 Anos: origem e objetivos ... 70
5.4 Brasil 500 Anos: linhas de ação ... 73
CAPÍTULO 6 - Resultados da pesquisa de campo: projeto Brasil 500 Anos ... 76
6.1 Brasil 500 Anos: aspectos gerais ... 76
6.2 Brasil 500 Anos: uma estrutura enxuta ... 79
6.3 Brasil 500 Anos: espírito de cooperação ... 81
6.4 Brasil 500 Anos: a repercussão do projeto ... 84
6.5 Projeto Amigos da Escola: uma rede de relações ... 87
6.6 Escola I: em fase de planejamento ... 96
6.7 Escola 11: o entusiasmo faz a diferença ... 100
6.8 Escola 111: os resultados são compensadores ... 11 O CAPÍTULO 7 - Conclusões e sugestões ... 120
7.1 Conclusões ... 120
7.2 Sugestões ... 125
BffiLIOGRAFIA ... 127
o
Problema
".. ... .
Este.Çílpítulo objetiva explicitar o problgma da/investigação, seus
objetivos~sua
delimitação/bem como.sua relevância.
ViSa,taIpbém,
identificar o tipo de pesqui~a quefoi realizada, formas déobtenção dosdadoseptratamci1tôl.ltilizado para tornar possível o alcancedoobjçtivofiriàl proposto ... .
1.1 Intrf!9cução
Talvez esteja numa atitude socialmente responsável o diferencial tão almejado pelas
empresas no mundo atual. Buscar esse diferencial não lhes é tarefa impossível pois, com
Harman (1996), consideramos que é uma das instituições mais adaptáveis a mudanças se
comparadas, por exemplo, às igrejas e aos governos. As empresas podem e devem
-humanizar-se, até, porque não só dispõem de competências técnicas, como são "hoje, uma
das instituições mais influentes nos rumos da sociedade" (Vergara e Branco, 1999,
mimeo).
Entendemos por empresas humanizadas aquelas que, "voltadas para seus
funcionários, ou para o ambiente, agrega outros valores que não somente a maximização
do retomo para os acionistas" (Vergara e Branco, 1999, mimeo). Ambiente, nessa
conceituação, refere-se ao que é externo à organização, o ambiente no qual ela opera.
Sabemos que a fronteira organização/ambiente é tênue e que esses dois elementos se
Nesse contexto que são aqui destacadas as empresas destinadas à comunicação,
objeto de nosso interesse. Como outras, elas precisam de pessoas com sensibilidade social,
que estejam engajadas no momento atual, que percebam o quanto a solidariedade faz bem
(inclusive aos negócios), que percebam que os recursos investidos em humanização, com
certeza, darão bons frutos.
No setor de comunicações, ressaltamos a importância da televisão, pois, queiramos
ou não, é impossível negar-lhes a influência na sociedade. É para o setor televisivo que
voltamos a nossa atenção e, nele, destacamos a TV Globo, irrefutavelmente, a empresa do
ramo que mais influencia a sociedade brasileira. Discorrer sobre isso seria tautológico.
A TV Globo vem desenvolvendo um projeto a que denominou Brasil 500 Anos. Seu
objetivo é promover a cidadania e incentivar processos educacionais nas comunidades
brasileiras. Desvendar as motivações, processos e resultados sociais de tal projeto foi o que
nos motivou. Buscamos responder à seguinte questão: até que ponto podem ser
identificadas no projeto Brasil 500 Anos, da Rede Globo de Televisão, características do
que se denomina organizações humanizadas? Dito de outra maneira: o projeto Brasil 500
Anos tem as características conceituais de uma organização humanizada? Qual a extensão
1.2 Objenvosil}ten!fediários
Para responder à questão formulada, buscamos atingir os seguintes objetivos
intermediários:
• Identificar quais os motivos que levaram a Rede Globo a realizar o projeto Brasil
500 Anos;
I} Levantar seus objetivos;
EJ Identificar quais as premissas de gestão do projeto Brasil 500 Anos;
o Verificar se nos critérios de recrutamento e seleção dos funcionários que atuam
no projeto, foi valorizada a predisposição do candidato para o engajamento social;
• Verificar como as pessoas se sentem ao atuarem num projeto como o Brasil 500
Anos;
" Identificar qual a repercussão do projeto Brasil 500 Anos na sociedade;
e Identificar qUaIS os resultados SOCIaIS do projeto Brasil 500 Anos, até agora
alcançados.
Ressaltamos que esta dissertação teve um caráter prático. Com o caso pesquisado,
procuramos obter informações que corroborem o fato de que empresas podem e devem
1.3
Delimitação .40
Erstudt}
Nosso trabalho pretendeu abordar a importância da educação no mundo atual, isto é,
num mundo no qual a informação e o conhecimento possuem papel principal. Partindo
deste pressuposto, analisamos a relevância do envolvimento das organizações com
questões sociais como a educação. Utilizamos tais conceitos tendo como cenário a Rede
Globo de televisão, da qual estudamos, especificamente, o projeto Brasil 500 Anos.
Face ao grande número de vertentes relacionadas à responsabilidade social no
contexto de uma organização, concentramo-nos no estudo daquelas que ocorrem dentro da
organização estudada.
Com respeito à temporalidade, abordamos a questão no período que abrange o início
do planejamento do projeto até os dias atuais, em virtude do processo das transformações
internas e externas à organização. Assim, fizemos um breve relato histórico de como
surgiu a idéia, identificando os motivos que levaram a Rede Globo a realizar este projeto.
Também foi nosso propósito analisar as mudanças que ocorreram a partir do
lançamento do projeto, os benefícios sociais que foram gerados até agora, as possíveis
sociedade. A partir desses pontos, identificamos a presença ou não de características ditas
pertencentes às organizações humanizadas, nosso interesse de estudo.
o
tema educação é complexo e ideológico. Não foi nossa pretensão discutir asdiferentes posições que o tem norteado, pois fugiria ao escopo do trabalho. Também não
foi nossa intenção adentrar na discussão sobre responsabilidade social das empresas versus
a racionalidade instrumental que instrui suas decisões e ações. Tampouco pretendeu-se
discutir a história das decisões e ações da Rede Globo no contexto brasileiro. Esta é uma
discussão eivada de ideologias. Embora instigante, foge ao escopo que definimos para o
estudo. Partimos da premissa de que educação é da maior relevância no desenvolvimento
do ser humano, que o Brasil carece de pessoas educadas sob pena de tornar-se pária no
cenário internacional, que a Rede Globo de Televisão, queiramos ou não, exerce influência
sobre a sociedade brasileira e que, portanto, projetos educacionais que leve a efeito,
merecem avaliação.
1.4 Relevância do estudo
o
projeto Brasil 500 Anos funciona como um repensar. Visa promover a importânciada participação das empresas em questões sociais do país, dentre elas a deficiência da
Conhecemos a gravidade dos problemas ambientais e SOCIaIS com OS qUaIS a
sociedade vem se deparando nos últimos tempos. Portanto, a importância deste estudo se
deu ao revelarmos o quanto é possível e necessária a participação das empresas de forma
mais responsável frente à comunidade em que estão inseridas.
Fizemos esta proposta de estudo por acreditarmos ser possível a existência de
empresas lucrativas e competitivas, sem com isto deixarem de ter atitudes humanizadas. A
conciliação destas duas variáveis - competição e humanização - toma-se cada vez mais
inadiável, mesmo porque percebemos que os resultados das ações sociais promovidas pelas
empresas certamente se lhes reverterão em benefícios econômicos.
Quando pensamos em educação, entendemos que este é um problema de todos nós,
portanto, não podemos esperar que todas as soluções venham do governo. As empresas,
principalmente, possuem competências técnicas e poder econômico, variáveis
fundamentais para atuarem no desafio de melhorar a educação de um país.
Temos consciência de que a responsabilidade social nas empresas, sua humanização,
é um processo ainda em fase embrionária e atingir sua plenitude envolve vários aspectos.
Todavia, com este estudo foi possível percebermos que cresce a cada dia o número de
empresas que estão entendendo que atitudes éticas passaram a ser pré-requisito no mundo
organizacional.
Ressaltamos ainda, que ao desvendarmos os objetivos e resultados de um projeto
como o Brasil 500 Anos, provavelmente contribuiremos para as discussões acadêmicas e
1.
5
Tipo
de pesquisa
Seguindo a taxionomia proposta por Vergara (1997), a presente pesquisa
classifica-se como a classifica-segUIr.
Quanto aos fins:
ct Descritiva, uma vez que apresentamos as características do tema abordado.
• Explicativa, pOlS utilizando a base analítica fornecida pela fase descritiva,
entendemos e justificamos os motivos do fenômeno estudado.
Quanto aos meios este estudo teve como base pesquisa:
• Bibliográfica, com a qual obtivemos o suporte conceitual necessário para o
desenvolvimento da pesquisa e o confronto entre a literatura e o campo. Para
tanto, consultamos livros, revistas, JornaIS, dissertações, teses e outras fontes
acessíveis ao público em geral;
" Documental, visto que obtivemos da Rede Globo via fax e correIO eletrônico,
documentos como: cronograma de atividades e planilha de resultados.
• De campo, uma vez que foram realizadas entrevistas com funcionários da
organização estudada; e também, com funcionários de escolas públicas
participantes do projeto Brasil 500 Anos .
• Estudo de caso, uma vez que as características do problema em foco referem-se,
especificamente, ao projeto Brasil 500 Anos desenvolvido pela rede Globo de
Televisão.
1.6 Unjv(!rso
e amostra dapesqllisáde
campô
o
universo da pesquisa ficou restrito aos funcionários da Rede Globo de Televisãoenvolvidos com a realização do projeto Brasil 500 Anos, assim como aos Diretores de três
instituições de ensino que aceitaram o convite da Rede Globo e estão participando do
projeto.
A amostra caracterizou-se, então, por tipicidade, visto que foi constituída por
1.7 Seleçii()dossujeitosdapesquisll.de campo
Os sujeitos da pesquisa de campo foram os funcionários da Rede Globo e os
Diretores de instituições de enSInO, como mencionado. Para selecioná-los, foram
estabelecidos alguns critérios a saber:
• informações referentes ao planejamento estratégico, desenvolvimento e
acompanhamento do projeto, assim como, avaliação do projeto - comparações
entre resultados esperados e resultados alcançados. Essas informações foram
obtidas com integrantes de Direção do Projeto.
• informações quanto ao nível de engajamento dos funcionários que, de alguma
forma, são chamados a participar do projeto. Tais informações foram fornecidas
por membros de Direção do projeto.
8 informações sobre a educação nas escolas públicas de ensino fundamental. Essas
informações foram obtidas com três Diretores de instituições que se integraram ao
projeto.
Q informações sobre como o projeto é desenvolvido nas escolas. Essas informações
1.8 Coletqde.dados
Na literatura buscamos livros, revistas especializadas, teses e dissertações com
dados pertinentes ao assunto estudado, tais como: era da informação, sociedade do
conhecimento, papel da educação, educação no Brasil, responsabilidade social, ética nos
negócios, o papel da televisão. As principais bibliotecas utilizadas foram as da Fundação
Getúlio Vargas e a da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foram
consultadas também as diversas páginas da Internet que possuam conteúdo referente ao
estudo proposto, principalmente o site destinado a divulgar o projeto que é o objeto deste
estudo.
Consultamos também planilhas, relatórios e outros documentos produzidos
internamente e que se encontravam arquivados na Rede Globo de Televisão.
No campo a pesquisa foi realizada em várias etapas. A primeira foi uma observação
simples (Gil, 1987), visto que não trabalhamos na ou para a empresa que foi estudada.
Com base nos resultados da observação preparamos e realizamos entrevistas por
pauta, respeitando um certo grau de estruturação, porém deixando o entrevistado falar
livremente, provocando sua espontaneidade. As entrevistas foram realizadas com os
Dentre as inúmeras vantagens encontradas na utilização de entrevistas na pesquisa
social, o que nos levou a escolhê-las foi o fato de oferecer grande flexibilidade,
possibilitando assim o esclarecimento devido de alguns pontos para o entrevistador:
elucidar perguntas e adaptá-las, quando necessário, no decorrer da entrevista; captar a
expressão corporal do entrevistado, bem como a tonalidade de voz e a ênfase nas respostas
(Gil, 1987).
As fases de coleta e de tratamento dos dados em muitos momentos se
interpenetraram. Procuramos confrontar com o que foi selecionado na literatura existente
sobre o tema, o que foi levantado na pesquisa de campo e na documental.
Analisamos os dados coletados nas entrevistas, a partir de um olhar fenomenológico
e hermenêutico, que permite e ajuda a estudar o fenômeno a partir do ponto de vista das
pessoas que o estão vivendo, buscando a compreensão de significados que muitas vezes
estão ocultos. Penetramos na subjetividade dos entrevistados, pelo único canal possível:
A metodologia utilizada na pesquisa apresentou algumas limitações quanto à coleta e
ao tratamento dos dados.
Uma das limitações encontradas foi quanto à pesquisa documental, visto que não
pertencemos à empresa estudada. Portanto, nem sempre foi possível acessar todos os
documentos que gostaríamos.
o
método foi limitado pela seleção das pessoas para as entrevistas, tendo em vista aimpossibilidade de serem entrevistados todos os funcionários que, de alguma forma, estão
envolvidos com a realização do projeto Brasil 500 Anos. Outra limitação foi quanto ao
acesso às pessoas. Foi difícil contatá-las e, também, encontrar horários livres em suas
agendas.
Quando iniciamos o estudo, tencionávamos entrevistar funcionários pertencentes
não somente à equipe fixa do projeto, mas também os que atuam apenas quando
solicitados. Entretanto, devido à dificuldade anteriormente citada, ficamos
impossibilitados. Acreditamos, todavia, que o estudo não ficou prejudicado.
Outra limitação foi quanto à nossa própria limitação como ser humano que somos.
pudessem confifilar ou negar palavras ditas pelo entrevistado, bem como seu discurso
oculto.
Embora tenhamos tido algumas limitações, acreditamos que o olhar metodológico
escolhido foi o mais apropriado para atingirmos o objetivo final da pesquisa .
.1.11
Deflniçiio .. dos. termos
INFORMAÇÃO - Qualquer dado que, conectado a outro, reduza a incerteza e
produza significado.
DADO - Registro que serve de base para a resolução de um problema ou fOfilação
de juízo.
COMUNICAÇÃO - Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens.
CONHECIMENTO - Conjunto de infofilações associadas às crenças, intuições e
experiências, entre outros aspectos, que compõem o cotidiano das pessoas e fazem parte do
ORGANIZAÇÕES HUMANIZADAS - Organizações que, voltadas para os seus
funcionários, ou para o ambiente, agregam outros valores que não somente a maximização
do retorno para os acionistas (Vergara e Branco, 1999).
EMPRESA ÉTICA - Empresa na qual suas ações e decisões levam em consideração
todas as partes que são afetadas por elas.
Neste capítulo foi apresentada a formulação da situação problema que motivou esta
pesquisa, seus objetivos, a delimitação e relevância do estudo proposto, assim como, a
defmição de alguns termos utilizados. Buscou identificar o tipo de pesquisa que foi
realizada, nossas formas de obtenção dos dados e o tratamento utilizado a fim de tornar
possível atingir o objetivo final proposto. As limitações do método escolhido foram,
Capitulo 2
o
Mundo Atual
Este capítulo objetivaapresenta,J:paracteristicas e transformações próprias da era da
informação que estamos vivendo, bem como, do que se convencionou chamar de
sociedade do conhecÍlnêtito.
2.1 A
eirada informaçiio
Durante muito tempo, a empresa foi idealizada para atuar num ambiente estável. Seu
ciclo de funcionamento baseava-se em diagnósticos e projeções e, então, em definições de
ações para serem implementadas. Acompanhando esta rotina, estava presente o controle,
responsável por vigiar todo o processo e corrigir alguma falha, caso fosse necessário.
Neste modelo, a informação era processada verticalmente formando uma verdadeira
pirâmide corporativa. Segundo Ritkin (1995), a informação subia e descia, lentamente,
nesta pirâmide decisória. Assim, sua disseminação oCOlTia por meio de níveis de acesso à
que, por muitos anos, acreditou-se que pensar era tarefa de poucos. Portanto, só estes
precisariam acessar determinadas informações.
Entretanto, nas últimas décadas as organizações aprenderam a lidar cada vez mais
com a sombra da incerteza, e neste mundo incerto, onde manter a competitividade significa
inovar, presenciamos, então, a valorização do acesso à informação como forma de
sobrevivência. Morgan (1996), citando Galbraith, assevera que os tomadores de decisões
em tempos incertos necessitam cada vez mais que informações sejam processadas num
prazo cada vez menor.
Esta valorização começou a ser acentuada com a cnse do Fordismo no final da
década de 70. As empresas perceberam que precisavam reestruturar-se para sobreviver,
adotando novas tecnologias e novas formas organizacionais, a fim de poderem atender à
nova conjuntura do momento, que sinalizava tendências de maior flexibilização. Este
momento Pós-Fordista teve como característica principal a mudança do modelo
organizacional de produção em massa para um modelo de produção mais flexível.
Neste cenário, ao contrário da época Taylorista/Fordista, o homem precisa atuar em
várias frentes, tomando-se necessário maior versatilidade, visto que suas atribuições saem de
um campo restrito e entram para um mundo mais aberto e dinâmico. Talvez a palavra chave
seja "participação". Funcionários devem participar desde a solução de problemas até a busca
de melhoria da qualidade do produto por eles desenvolvidos. Devem, também, participar na
Segundo Rifkin (1995), foram criados laboratórios de pesquisa e desenvolvimento no
sentido de utilizar a experiência de cada funcionário, na busca por aperfeiçoamentos
contínuos no processo de produção. Este processo foi chamado de Kaizen e, ao contrário do
modelo Taylorista/Fordista, no qual as inovações não eram bem vindas e quando feitas eram
de uma só vez, neste modelo o princípio básico era encorajar mudanças e aperfeiçoamentos
contínuos. Para alcançar o Kaizen, a experiência de todos os trabalhadores passou a ser
aproveitada, visando e valorizando a solução dos problemas em conjunto.
Tomou-se necessária a diminuição dos níveis hierárquicos além de uma maIOr
circulação, agora não apenas no sentido vertical, mas também horizontal, de informações.
o
investimento em novas tecnologias de computação e de informação tomou força,na esperança de aumentar a produtividade/lucratividade. Como assevera Rifkin (1995:97):
" Nos anos 80, os negócios americanos investiram mais de um trilhão de dólares em
tecnologia da informação. "
A importância da informação é inegável numa organização. Na verdade, se
pensarmos em cada aspecto do funcionamento organizacional, perceberemos que todos
dependem do processamento de informações. Historicamente, presenciamos o mesmo
anseio pelo acesso e o controle da informação.
É inegável também que possuir informação no mundo organizacional é sinônimo de
poder e status. Assim, mesmo com a explosão das tecnologias de informação, ainda se
presenciou sua centralização por um longo período. No entanto, se antes ela estava nas
planilhas eletrônicas nas mãos dos informatas. O poder da organização centralizou-se na
grande caixa preta que, até então, eram os computadores e, conseqüentemente, nas mãos
de quem sabia como manuseá-los. O poder mudou de mãos, mas não se democratizou.
Hoje a palavra de ordem é negociação. Nas antigas estruturas piramidais, as decisões
sempre foram tomadas de cima para baixo; entretanto, a medida em que elas vão sendo
substituídas por estruturas em rede, as decisões passam a depender de grandes negociações.
E, no mundo organizacional, para termos condições de igualdade numa negociação,
precisamos estar munidos do maior número possível de informações e possuirmos
habilidades de manuseá-las.
Desta forma, percebemos que é importante disseminar a informação para o maior
número possível de pessoas no menor espaço de tempo. Para tanto, a evolução
técnico-científica muito tem contribuído com suas redes computadorizadas, com as quais até as
barreiras geográficas se diluem. Hoje, qualquer funcionário, esteja ele na matriz ou em
uma filial em qualquer parte do mundo, poderá acessar informações de seu interesse ou da
organização em apenas alguns segundos. O livre acesso as informações, para todos os
integrantes de uma organização, promove a construção de uma rede de discussão.
Quando as informações não são 19mus para todos, os integrantes da organização
deixam de poder interagir em pé de igualdade e, desta forma, segundo Nonaka (1997),
ficamos sem a chance de obter diferentes interpretações dos fatos, portanto, privados de
Por outro lado, confonne lembra Vergara (1993:137), <tA categoria básica com a
qual a administração lida diariamente
é
a decisão (...) no processo decisório a informaçãoassume capital relevância, na medida em que, se adequada, diminui a incerteza provocada
pelo ambiente. "
No que concerne às novas tecnologias da infonnação e da comunicação, Rifkin
(1995) assevera que elas têm tanto aumentado o volume, quanto acelerado o fluxo de
atividade em todos os níveis da sociedade. Ainda segundo Rifkin ( 1995), o acesso
instantâneo à infonnação traz maior rapidez ao controle e à coordenação das atividades,
fazendo com que possam ser realizadas pelos níveis mais baixos, ou seja, o controle e a
coordenação passam a ocorrer mais próximos da execução.
Toda a parafernália tecnológica trouxe muitos benefícios, porém, associada a eles,
veio, também, a insegurança quanto à manutenção dos postos de trabalho. A princípio,
imaginava-se não haver mais lugar para os trabalhadores não qualificados ou
semiqualificados; parecia estarmos entrando numa era onde apenas os "gênios" teriam
lugar. Entretanto, foi e está sendo possível perceber que máquinas e softwares ficam
obsoletos em pouco tempo e os "gênios" também têm de renovar-se. Por outro lado,
infonnações não são apenas aquelas obtidas por meios tecnológicos. Como afinna
"Criando e interagindo com o acervo tecnológico, está o
homem. Dele partirão as decisões baseadas nos sistemas
de informação, ou não. Porque as informações não estão
somente consolidadas em sistemas tecnológicos. Elas
estão aí, na informalidade manifesta da vida
organizacional. " (Vergara, 1993:137)
Criatividade e inovação passam a ser elementos fundamentais de competitividade
neste cenário. Para que isto ocorra percebe-se a importância de descobrir os vários
conhecimentos que, por vezes, ficaram adormecidos dentro das organizações. Ao contrário
da época Taylorista/Fordista, é hora de valorizar as experiências, ouvir os palpites,
valorizar os insights e tentar perceber não apenas os conhecimentos explícitos, como,
também, os tácitos.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), para que haja inovação é necessário criar novos
conhecimentos e isto significa muitas vezes recriar a empresa, envolvendo todos que dela
participam, pois isto passa a ser um compromisso de todos e não de alguns poucos eleitos.
Por meio da informação podemos fazer com que um evento ou objeto seja visto sob
novo prisma. A informação pode nos levar ao inesperado. Por isso, Nonaka e Takeuchi
(1997) nos falam que a informação é o meio necessário para extrair e construir o
conhecimento. Esses autores classificam a forma como podemos ver a informação de duas
maneiras: "informação sintática" e "informação semântica". A primeira refere-se, apenas,
8IBUOTEG~ ~~\Ai
ao
HENRIOUE SIMONSEIrao volume das informações, enquanto a segunda nos faz refletir sobre seu significado. Para
a criação do conhecimento, o aspecto semântico da informação torna-se mais importante,
visto que se concentra no significado transmitido.
Como podemos perceber, a importância da informação é uma realidade, mas não
basta acessá-la, é preciso entendê-la e elaborá-la em conjunto com as crenças e
compromissos de seu detentor para, então, construirmos o conhecimento. Ensina Demo:
" Uma sociedade bem informada significa aquela que, ao
mesmo tempo, promove a cidadania - informação
adequada
é
uma das bases da consciência e daorganização política e fomenta o avanço do
conhecimento - a disponibilidade desimpedida do
conhecimento é ponto de partida para sua construção."
2.2
A
Sociedade do
Conhecim~ntô
Sabemos que o interesse pelo mundo cognitivo não é privilégio dos dias atuais.
Entretanto, em função da rapidez com que hoje ocorre o avanço do conhecimento,
despertamos para um mundo no qual a capacidade de aprendizagem permanente dos
indivíduos e dos grupos passou a ser fundamental. Esta visão vem sendo argumentada,
enfaticamente, nos trabalhos de diversos autores.
De acordo com Demo (1996:9) "a construção do conhecimento é o diferencial maior
dos países em termos de oportunidade de desenvolvimento ".
Levy e Authier (1995) corroboram a afirmação de Demo, proclamando que até para
mantermos um mínimo de prosperidade econômica, precisamos estar inseridos na
sociedade do conhecimento.
Para Drucker (1993), os países que irão dominar economicamente o século 21 serão
aqueles cujos investimentos estejam voltados para o aumento da produtividade do trabalho
com conhecimentos e serviços. Segundo o autor, o conhecimento não é apenas mais um
recurso que irá somar-se aos já existentes - trabalho, capital e terra - e sim, o único recurso
Quando nos voltamos para o mundo organizacional, percebemos uma busca
vertiginosa por fatores inovadores que proporcionem às organizações a conquista da
vantagem competitiva. Entendemos que está no conhecimento a pedra fundamental da
inovação. Segundo Demo (1996), a inovação deve ser um processo contínuo, viabilizado
por questionamento sistemático e criativo, visto que para intervir de modo inovador o
cidadão e o trabalhador moderno precisam aprender a aprender e saber pensar.
Inovação, criatividade, por um longo período soaram como algo poético. Era como
se as pessoas precisassem optar entre sobreviver, ganhando dinheiro em trabalhos
mecanizados ou morrer de fome, sonhando. Todavia, ao acompanharmos a cotação das
empresas em bolsa, de valores, cada vez mais assistimos a grandes impérios de linhas de
produção serem suplantados por empresas que nascem num quarto de adolescente e,
muitas vezes, depois de um bom tempo, passam a algumas salas nas quais a única
obrigação é agregar valor ao conhecimento e inovar. Assim sendo, na sociedade atual, cada
vez mais, o conhecimento está associado ao lucro financeiro.
A sociedade japonesa talvez seja um bom exemplo para demonstrarmos como
funciona a relação conhecimento/inovação/sobrevivência dentro das organizações.
Segundo Nonaka e Takeuchi(1997), tradicionalmente, diante de uma crise, as empresas
japonesas buscam na criação do conhecimento organizacional chances de inovar,
procurando, quase sempre com sucesso, iluminar áreas ainda não exploradas. Afirmam,
ainda, que os executivos japoneses acreditam na experimentação. Para eles, a experiência
A inovação, todavia, deve ser entendida como um processo. Como tal, não deve
ocorrer apenas quando os velhos costumes não se sustentam mais. Quando inovamos,
acabamos por promover aperfeiçoamentos e melhorias. Uma inovação sempre deve abrir
caminho para outra, formando um movimento contínuo num processo de aproximações
sucessIvas.
Não existe ninguém que não saiba nada, assim como não existe ninguém que saiba
tudo. Desta forma, percebemos que a construção do conhecimento ocorre por meio da
integração de diversos saberes, e que quanto mais distintos, mais complementares serão.
Alertam-nos Levy e Authier (1995:106) "Lembremo-nos dos nossos três princípios
fimdamentais: cada um sabe, nunca se sabe, todo o saber está na humanidade. "
Nesta revolução do conhecimento é possível percebermos que, em muitos casos, a
cooperação se sobrepõe à competição. Em conjunto com a capacidade de inovar, a
capacidade de conectar-se a outras empresas, promovendo o intercâmbio de informações,
passa a ser recurso vital para o cumprimento de metas num prazo viável.
Talvez seja por isto que estamos assistindo a tantas alianças estratégicas entre
empresas, muitas vezes concorrentes, assim como, cada vez mais, departamentos distintos
de uma empresa formando parcerias com vistas ao desenvolvimento de um projeto. Está
sendo percebido que, partilhando conhecimentos, pessoas, equipes e empresas poderão
alcançar resultados que, sozinhas, não alcançariam ou, pelo menos, não num prazo
desejável. Muitos trabalhos exigem anos de dedicação à pesquisa, então quando é possível
associar-se a alguém ou a um grupo que já tenha alcançado uma etapa do projeto,
De acordo com Drucker (1995), percebemos que na sociedade do conhecimento o
investimento maior deve ocorrer na formação do trabalhador, visto que as máquinas sem
profissionais preparados, por mais sofisticadas que sejam, tomam-se improdutivas. O autor
afirma que o trabalhador, nessa sociedade, é o principal ativo de uma empresa.
Historicamente, a empresa cuida dos seus ativos, é da sua natureza. Todavia, estes
cuidados não mais podem estar limitados às áreas internas da empresa, visto que todos os
dias estes ativos atravessam seus portões.
Assim, prestigiar o conhecimento desse trabalhador é fundamental, independente de
sua posição hierárquica. Não existe conhecimento com maior valor do que outros. Tudo
depende da situação em que nos encontramos ou do problema a ser solucionado. Algumas
funções requerem conhecimentos mais especializados, outras nem tanto. Levy e Authier
(1995: 10 1) ensinam: "Humilde ou glorioso, desprezado ou procurado, a vida não
desdenha nenhum saber, faz todos comparecerem: o que pode você, aqui e agora?"
Como vimos, todos os saberes são igualmente importantes. Entretanto, muito mais
importante que o conhecimento em si, será a habilidade de alocá-lo para fins produtivos,
assim como os executivos, tradicionalmente, fazem com a alocação de capital. Segundo
Quinn, mencionado por Nonaka e Takeuchi (1997), estará nesta habilidade de gerenciar os
Salientamos que quando nos referimos ao termo conhecimento, estamos tratando de
um conjunto de informações associadas às crenças, intuições e experiências, entre outros
aspectos, que compõem o cotidiano das pessoas e fazem parte do seu saber. Concordamos
com Nonaka e Takeuchi (1997:64) quando eles não consideram o conhecimento um
processo estático, e sim um processo humano dinâmico. Os autores asseveram que,
"o
conhecimento está essencialmente relacionado com a ação humana".
Diante do novo paradigma que ora se apresenta, percebemos que o investimento na
educação é a única forma de estarmos preparados para enfrentá-lo. Desta forma,
entendemos que a educação é o eixo principal da sociedade do conhecimento e, aqui, a
escola passa a ter um papel fundamental. Afirma Drucker:
"Daqui em diante, uma pessoa educada será, cada vez
mais, alguém que aprendeu como aprender e continua
aprendendo, especialmente através de educação formal,
por toda a sua vida. " (Drucker, 1995: 15 7)
Este capítulo explicitou o arcabouço teórico que deu suporte à pesquisa nas questões
. ~
(
Acreditamos não haver mais dúvidas que estamos diante de um novo paradigma no
qual o conhecimento, sua construção e distribuição, ocupa na sociedade o lugar que a
aquisição e a distribuição da propriedade e da renda ocupou durante tanto tempo.
Segundo Ury (1999), a revolução do conhecimento traz à tona algumas reflexões,
visto que a terra é um quadro fixo que sempre provocou vários confrontos em como
dividi-lo. Entretanto, o conhecimento é um quadro em contínua expansão. Mais conhecimento
para o outro não significa menos conhecimento para nós. Ury nos ensina: "Ao contrário
da terra, que se toma melhor quando alguém a possui, o conhecimento se aperfeiçoa
Percebemos que o trabalho na sociedade do conhecimento varia muito. Algumas
funções têm exigências relativamente baixas, outras nem tanto. Mas, mesmo que as
informações e os conhecimentos necessários sejam pouco especializados, somente a
educação poderá provê-los.
Segundo Demo (1996), a construção do conhecimento deve ter sua base e ser
promovido no sistema educacional como ocorre em alguns países desenvolvidos como o
Japão e a Alemanha, nos quais a educação é o principal investimento para que o
desenvolvimento seja humano e sustentado.
Para termos idéia da importância da educação de qualidade nestes países, podemos
focar um exemplo dado por Crawford (1994), que nos fala da recuperação do Japão após a
Segunda Guerra Mundial. Mesmo em ruínas e sem nenhuma matéria prima valiosa, em
menos de 50 anos conseguiu não apenas se reerguer, como se transformar numa economia
de sucesso. Segundo Crawford, isto se deve a uma população trabalhadora e muito bem
educada, visto que o Japão possui a maior taxa de alfabetização do mundo.
o
conceito de educação é amplo e abrange o conceito de cidadania, que traz consigocaracterísticas fundamentais como o altruísmo e a solidariedade. A cidadania envolve o
desenvolvimento de um nível mais alto de consciência promovendo, assim, participação
Segundo Cardoso I ,por meio da educação podemos fazer com que nenhum segmento
da população fique excluído da informação. A professora nos diz, ainda, que a elite
brasileira, tradicionalmente discriminatória, precisa ajudar a diminuir este desequilíbrio
social. A educação é o instrumento capaz de agir em áreas excluídas, e com isto promover
sua absorção no mercado de trabalho, promovendo mais progresso para o cidadão. Com a
educação valorizamos o indivíduo. Ensina Demo:
"A educação pretende ser equalizadora de oportunidades,
abrir para os marginalizados chances reais de
desenvolvimento, colocar nas mãos dos excluídos armas
efetivas de luta, precisa aproximar-se, da melhor maneira
possível, da construção do conhecimento. "
(Demo, 1996:11)
Sabemos que a educação e a escolaridade, aliadas ao conhecimento tecnológico e
prática no posto de trabalho, são vistos pelos empresários como importantes fatores da
cidadania em face dos crescentes desafios ao empregado como cidadão e trabalhador, num
mundo em crescente exigência quanto à qualificação da mão-de-obra.
Segundo dados da pesquisa Seade-Dieese (1999) sobre desemprego, percebemos que
essa situação se agrava nas camadas sociais que possuem menores níveis de escolaridade,
visto que o desemprego chega a 46,9% para quem possui o primeiro grau incompleto.
Com o primeiro grau completo esta taxa desce para 14,6% que se mantém até o segundo
I Protl l. Ruth Cardoso, Doutora em Ciências Sociais e Mestre em Antropologia pela Universidade de São
grau. Os percentuais despencam quando chegamos aos desempregados que estão cursando
uma faculdade (3,8%) oujá formados (3,3%).
Castro (1999), em artigo publicado na revista Exame, nos fala de sua experiência
numa viagem a Seul, na qual pode observar o trabalho de jovens em funções como
mensageiros e camareiras de hotéis. Ele percebeu que a qualidade do atendimento destes
empregados estava fortemente ancorada em pelo menos 14 anos de escolaridade. Em sendo
assim, ele nos chama a atenção sobre nossas pretensões de competirmos globalmente em
uma economia moderna, pois, segundo o autor, para isto precisaríamos nos preocupar em
formar melhor nossos jovens, visto que nossos trabalhadores, em média, possui cinco anos
de escolaridade.
Na verdade, não precisamos aprofundarmo-nos em pesquisas para constatarmos estes
fatos, já que basta passarmos os olhos nos classificados de empregos dos jornais para
verificarmos o aumento vertiginoso dos níveis de escolaridade exigidos. Na medida,
}~?Qªª'o
papgl da escola?
Segundo Castro2
, estamos vivenciando a desestruturação familiar e sofrendo da
ausência de tradição na sociedade. Desta fonna, a escola recebe um encargo ainda mais
importante, isto é, além de ensinar a ler, escrever, contar e raciocinar precisa cultivar no
aluno princípios morais, fundamentais para o funcionamento correto e harmônico de uma
sociedade. Justiça, tolerância, veracidade, honestidade, assiduidade e compaixão são
alguns valores básicos que precisam estar presentes na fonnação do indivíduo para que ele
possa cumprir o seu dever de cidadão. Castro nos ensina:
"Os grandiloqüentes objetivos de consciência social e
preocupação com os problemas da humanidade não
substituem essa moral "careta" do cotidiano, que permite
o fUncionamento da sociedade no seu dia a dia." (Castro,
1998)
Entretanto, precisamos estar atentos à fonna de ensinar estes valores para que eles
possam realmente ser assimilados. Vivemos numa época na qual crianças não mais
aprendem pelo simples discurso, então, é preciso que a escola ensine a partir dos seus
2 Claudio de Moura e Castro em palestra intitulada Educação e Valores proferida nos seminários regionais
próprios exemplos. Portanto, será participando de um cotidiano no qual se praticam ações
de cidadania, que estarão sendo formados os cidadãos de amanhã.
Oliveira3
nos fala: "É na escola que o aluno vai ou não aprender, vai ou não se
educar. ". A escola, sem dúvida, tem participação relevante na formação do indivíduo. Nas
suas mãos está a responsabilidade de fazer com que o interesse pelo aprendizado e por
novos desafios permaneçam. Entretanto, para que a escola possa cumprir este papel,
torna-se necessário atentarmos para o fato de que ela precisa torna-ser gerida com qualidade. Segundo
o autor tanto a experiência internacional, quanto a experiência nacional j á apontam para
algumas estratégias visando fortalecer a gestão escolar.
Já Toffler4
defende a idéia de que educação não é fruto apenas da escola, mas
também um aprendizado diário advindo da cultura, religião e costumes. Para o autor, as
escolas de hoje não devem objetivar, somente, formar indivíduos com vistas a sua
especialização. Este sistema funcionou com sucesso quando o trabalho reduzia-se ao
interior das fábricas. Hoje, na era da informação, na qual tudo muda num piscar de olhos,
precisamos, acima de tudo, despertar nas crianças a curiosidade para que possam
acompanhar este processo, não apenas como espectadores, mas como participantes. Talvez
devêssemos transformar as salas de aula num reduto oficial de troca de informações entre
seus integrantes. Toffler ensina:
} João Batista Araujo e Oliveira, em palestra intitulada A importância da gestão na escola proferida nos seminários regionais promovidos pelo projeto Brasil 500 Anos, 1998.
4 Alvin Tomer, jornalista e cientista social, em palestra intitulada A comunidade no processo da educação
"Devemos entender o sistema educacional como uma
abordagem mais rápida para o fUturo e levar para as
salas de aula, os sistemas de informação, preparando o
Brasil para o século XXI. " (Tojjler, 1998)
3.3
Edúcação:quem.delJ~parljcÍf1lJr4essl?processo?
Cremos não haver mais dúvidas sobre a relevância da participação da escola no papel
de educar. Entretanto, dois fatores precisam ser analisados: o primeiro refere-se ao fato de
que educação e escola é um assunto de interesse e responsabilidade de todos nós, e não
apenas de alguns segmentos da sociedade; o segundo surge como conseqüência do
primeiro e nos leva a refletir sobre o papel que cabe a cada um de nós neste processo.
Historicamente, enxergamos a educação como responsabilidade do governo como
formulador e implementador de políticas educacionais e do professor, no âmbito
operacional. De acordo com Oliveiras, é inegável a participação do professor, e nele,
muitas vezes, reside a raiz do problema ou do sucesso. Este fato evidencia-se quando
estamos falando das quatro primeiras séries do nosso ensino fundamental, visto que é o
período no qual os alunos são acompanhados, quase sempre, por um único professor.
5 João Batista Oliveira, em palestra intitulada A importância da gestão na escola proferida nos seminários
Portanto, neste período escolar a variável professor freqüentemente é mais importante para
explicar o sucesso do aluno do que a variável escola. Ferguson ensina:
"Mesmo médicos, em seu apogeu como modelos divinos,
jamais exerceram a autoridade de um simples professor,
que pode proporcionar prêmios, fracassos, amor,
humilhação e informações a um grande número de jovens
vulneráveis e de certa forma indefesos." (Ferguson,
1997:268)
Todavia, como diria um velho dito popular "uma andorinha só não faz verão".
Durante muito tempo acostumamo-nos a ver o professor como provedor de informações e
de conhecimentos a seus alunos, como se, em sala de aula, a aprendizagem fosse um
caminho de mão única. Hoje, cada vez mais, percebemos a vital importância da integração
entre alunos e professores, tomando a aprendizagem um caminho de mão dupla no qual,
muitas vezes, o professor é um educando que aprende com seus alunos.
Parece-nos claro que para uma atuação proveitosa do professor em sala de aula,
algumas variáveis precisam ser consideradas; dentre elas, o gosto pelo ofício e adequada
qualificação. O primeiro fator acreditamos ser indiscutível; entretanto, como qualquer
outro profissional, o professor precisa ser estimulado. O segundo não depende apenas do
Na verdade, se quisermos ter educação de qualidade precisaremos fazer com que não
apenas professores, mas administradores, funcionários e pais comunguem do mesmo
objetivo e caminhem na mesma direção, pois, só assim, obteremos resultados mais
consistentes.
A família sempre esteve presente no processo escolar, todavia, no paradigma atual
percebemos que sua participação deve ser revista e ampliada. Neste momento, toma-se
crucial que a família conheça as carência e dificuldades enfrentadas pela escola, assim
como a escola precisa ser conhecedora dos costumes e anseios da família. Entendemos este
intercâmbio de informações, como um instrumento para a construção de uma proposta
pedagógica adequada às características locais. Na verdade, para termos uma educação de
qualidade precisamos da colaboração e da pressão dos pais e da comunidade.
Segundo Valle6, "nossas escolas são o espelho do que seremos amanhã e, por isto
mesmo, nos permitem avaliar com muita precisão com que sabedoria, ou com que descaso,
estamos gerindo o nosso futuro comum". A escola faz parte dos nossos sonhos. É nela que
depositamos nossas esperanças de um futuro melhor, é o que esperamos fazer e deixar para
os nossos filhos. Quem não sonha com um futuro melhor para seu filho por meio da
educação advinda da escola? Entretanto, para a grande maioria da população brasileira,
este sonho está sendo ameaçado e substituído pela desesperança e melancolia.
6 Lillian do Valle, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em palestra intitulada Visão geral e
o
desempenho das escolas e seus valores básicos necessitam ser, portanto, cada vezmais, do interesse da sociedade como um todo. A responsabilidade deve ser de todos nós,
visto que são os nossos sonhos e esperanças que estão em jogo. Valle ensina:
"Enquanto o professor, cada professor de escola, não se
orgulhar de sua tarefa, da importância do que faz e do
que constrói; enquanto a sociedade brasileira não
despertar para tudo o que deve a esta famigerada
educação nacional; enquanto não reinstalarmos o sonho,
o ideal, como construções cotidianas, não haverá foturo
para a educação pública. Nem para a cidadania. Nem
para o Brasil."( Valle, 1998)
3.4 A Educação no
Brasil: a
situqçãi}
atual
Hoje, maIS do que nunca, é fundamental para o desenvolvimento humano e
sustentado de um país, ter pessoas formalmente educadas, maIS conscientes dos seus
direitos e deveres e com uma participação maIS responsável, ou seja, verdadeiros
cidadãos. Assim sendo, achamos oportuno conhecer um pouco da situação educacional
-PNAD7
- pesquisa que, entre outras possibilidades, pennite captar a evolução da educação
no país - realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Cabe
ressaltar que , por se tratar de uma pesquisa domiciliar, seus indicadores pennitem
dimensionar a demanda por educação, e o fato de estarem apresentados segundo as
características demográficas e socioeconômicas, possibilita verificar o perfil educacional
em cada estado do país.
De acordo com os últimos resultados (PNAD 1998), foi possível perceber que com o
crescimento contínuo da taxa de escolarização houve relevante decréscimo do
analfabetismo, assim como, o aumento no nível de educação da população em todo o país;
entretanto, precisamos ressaltar que existem disparidades regionais acentuadas, o que num
país com as dimensões geográficas do Brasil é um dado altamente relevante. É, por
exemplo, alarmante esta disparidade quando falamos do analfabetismo nas pessoas com 10
ou mais anos de idade: 7,3% no Sudeste e Sul, enquanto no Nordeste chega a atingir cerca
de 25,8% da população.
Segundo os pesquisadores da PNAD, para que haja a erradicação do analfabetismo é
preciso atacar o problema pela raiz, ou seja, é fundamental impedir que as crianças se
tomem adultos analfabetos. A taxa de analfabetismo na faixa de 10 a 14 anos de idade é
um indicador importante para alcançar esta meta, pois ao chegar aos 10 anos de idade a
criança deve, no mínimo, estar alfabetizada e, até os 14 anos, deve estar cursando o ensino
básico.
7 A PNAD é realizada anualmente pelo IBGE, sendo processada no último trimestre de cada ano. A PNAD
Neste ponto, ao comparannos os resultados da PNAD nos últimos cmco anos,
também poderemos perceber o nosso avanço. Em 1993 na faixa etária de 10 a 14 anos de
idade, a taxa de analfabetismo estava em 11,3% e, cinco anos mais tarde, verificamos que
caiu para 6,9%. De 1993 para 1998, este indicador passou de 26,7% para 16,8% no
Nordeste. Apesar do inegável avanço, este último resultado situou-se extremamente
distanciado dos referentes às regiões Sul (1,2%), Sudeste (1,6%) e Centro-Oeste (2,4%).
Os resultados da PNAD relevam, ainda, algumas peculiaridades: a taxa de
escolarização das meninas é mais elevada que a dos meninos e, como conseqüência, o
nível de educação das mulheres encontra-se em patamar nitidamente mais alto que o dos
homens. Em 1998, a proporção de mulheres com pelo menos o segundo grau completo
situou-se 2,4 pontos percentuais acima da referente à proporção masculina. Esta defasagem
aumenta quando nos referimos à população ocupada, ou seja, 20,7% da população
masculina ocupada possui o 2° grau completo, enquanto 29,7% da feminina. Estes dados
8
"
25 2."
I.
Sem instruçlloe menos de 1 ano
. Total
~ Homens
• Mulheres
17.6
1 a 3 anos
32,1
4a7
anos
14.8 14,8 14,8
8 aiO
anos
11 anos ou mais
29,7
Figura 1 Distribuição das Ilessoas de 10 anos ou mais de idade, oculladas, segundo o sexo e os grupos de anos de estudo - Brasil 1998
Quando comparamos as faixas etárias, percebemos que os grupos maIS Jovens
possuem um perfil de escolaridade melhor, revelando tendência de melhoria nos
indicadores educacionais, sendo, entretanto, preocupantes os dados referentes à defasagem
escolar. Esta, segundo 0Iiveira(1999), revela-se como o maior problema do ensino
fundamental.
Defasagem escolar significa o gap existente entre a idade do aluno e a série
cursada. Este indicador nos permite avaliar o desempenho do sistema de ensino, ou seja,
perceber sua capacidade de manter um nível crescente ou não de escolaridade da
população. Os resultados referentes a este indicador não são muito animadores, visto que
já a partir dos oito anos de idade começam a ocorrer elevados níveis de atraso escolar,
especialmente no Nordeste (63,1 %) e no Norte (49,6%). No geral, aos 14 anos de idade
76,6% dos estudantes brasileiros apresentam defasagem na série cursada. Esta defasagem
acaba por levar o aluno a abandonar a escola. Contudo, muitos destes alunos acabam por
retomar à escola no ano seguinte, desta forma o abandono configura-se como uma
repetência branca. A repetência, também, é um dos maiores problemas enfrentados pela
escola pública e com ela vem o desestímulo do aluno e a diminuição da auto-estima do
professor.
Oliveira (1999), ressalta que todo este processo ocasiona um desperdício anual de
cerca de 3,3 bilhões de reais, visto que o custo médio aluno/ano é de 450 reais. Além dos
custos financeiros, temos os psicológicos e o impacto da multirepetência sobre a vida
Ainda segundo o autor, para conseguirmos corrigir a defasagem escolar, precisamos
implementar políticas, metas ou planos educacionais específicos para este fim. Só assim
teremos a maioria dos nossos alunos matriculados nas séries correspondentes à sua idade, e
em condições de aprenderem e serem aprovados para a série seguinte. Segundo o autor,
obviamente, não estão incluídas nestas, metas políticas de promoção automática, visto que
estas não asseguram a segunda condição.
V árias soluções vêm sendo analisadas, como os programas ou classes de aceleração
de aprendizagem. Estes partem do pressuposto de que o nível de maturidade dos alunos
permite um padrão de ensino mais rápido, visando recuperar o tempo perdido.
Naturalmente, seu sucesso sempre dependerá da sua concepção e cuidados no
desenvolvimento.
Já existem alguns programas de aceleração implementados, como o do Maranhão, o
de Minas Gerais e programa "Acelera Brasil". Segundo informações apresentadas por
Oliveira (1999), nos programas citados, os alunos, em média, conseguem ser aprovados na
série em que deveriam estar e ainda saltam entre 1,5 a 2,8 séries, dependendo do
programa. Estes programas possuem muitos pontos em comum, tanto na concepção quanto
na implementação.
Moura e Castro, em artigo recente publicado na revista Exame (1999), nos afirma
que: "O grande gargalo da educação brasileira está no primário." Baseando-nos nos
dados apresentados, concordamos com o autor quando nos diz não valer mais a pena
população matriculada em uma escola. Precisamos, sim, é discutir a má qualidade que está
sendo oferecida hoje, principalmente, nas escolas públicas de ensino fundamental.
Para Castro (1999), o grande nó da educação reside neste ponto, isto é, as escolas
não ensinam o necessário para que as crianças aprendam o que precisam para ingressarem
na sociedade. Os problemas existentes nesta primeira fase escolar acabam por desencadear
problemas sérios nos níveis mais altos. Se hoje não temos muitos alunos matriculados no
nível secundário, muito se deve ao fato de as escolas de ensino fundamental não os
produzirem. Em resumo, entendemos que, na era do conhecimento, medir índice de
analfabetismo toma-se muito pouco.
Este capítulo ressaltou a importância da educação no mundo atual. Diante deste fato
sinalizou o verdadeiro papel da escola no processo educacional. Também argumentou que
a educação é um problema que necessita da atuação de todos, e finalizou revelando a
Capítulo 4
... . ... .
RespollsabilidatteSocia[:odifer~llçial
.. . ...
Este capifu.1o
sin?li2:~lqúe
arespoIlsabilidadesôb1hlpode~(!ruIlldifereriêial
nas decisões eações empresari<lÍs.J.tevela o ·podeFdas empresassôêiaffiit;l1te· responsáve1s.âssim(,~omo,
argumentas6bre a ética nos negócios. . ...
4.1
A quem pel'(elllce este papel?
Entendemos que a organização baseada na informação e no conhecimento precisa,
antes de tudo, tomar-se uma organização baseada na responsabilidade. Mas de que tipo de
organização estamos falando? Acreditamos que de todas.
A sociedade moderna comporta-se de forma fragmentada. Nela, o Estado tem como
função promover e regular o bem-estar social, enquanto ao setor privado é destinada a
responsabilidade pelo retomo dos investimentos realizados. Paralelamente, assistimos a
atuação do chamado Terceiro setor, também conhecido como setor independente ou
voluntário, amparando e atendendo à comunidade. De acordo com o CETS9
, o Terceiro
setor é constituído por organizações privadas, sem fins lucrativos, que geram bens e
serviços de caráter público. Podemos citar como agentes do Terceiro setor as associações
CIVIS, as entidades assistenciais, as organizações não governamentais - ONGS e as
fundações, entre outros.
Segundo Rifkin (1995), este é o espaço da supremacia das relações comunitárias, em
que doar o próprio tempo a outros, toma o lugar de relações de mercado, baseadas em
vender-se a si mesmos ou seus serviços a outros.
o
Terceiro setor funciona como implementador de programas sociais, atendendo àcomunidade em suas carências. Seu papel, nos últimos anos, tem se fortalecido face,
principalmente, à falência do Estado no cumprimento de suas atribuições. Segundo
Drucker (1995), este fortalecimento começou a ocorrer nos últimos 20 anos. Drucker
afirma:
"A resposta correta à pergunta: "quem cuida dos
desafios sociais da sociedade do conhecimento? Não
é
ogoverno, nem a organização empregadora. A resposta
é
um novo setor social separado. "(1995:165)
Tradicionalmente conhecemos a competência de instituições como a Igreja, Cruz
Vermelha, escoteiros, entre outros, na tarefa de assistir à comunidade em questões sociais
ou promover a integração de pessoas em prol de um bem comum. Contudo, parece
incoerente atribuir a um único setor o dever de atuar em áreas que interessam a todos.
Assim, a despeito de alguns argumentos encontrados na literatura em defesa do Terceiro