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Dissecção espontânea do tronco celíaco: relato de três casos e revisão de literatura.

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Academic year: 2017

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Dissecção espontânea do tronco celíaco:

relato de três casos e revisão de literatura

Spontaneous dissection of the celiac trunk:

report of three cases and review of the literature

Ernesto Lima Araujo Melo1, Rainne André Siqueira1, Francisco Thiago Martins de Paula1

Resumo

A dissecção espontânea do tronco celíaco é uma condição médica incomum, com poucos relatos de casos publicados na literatura médica. A dor abdominal súbita no epigástrio é o sintoma mais frequentemente manifestado pelos pacientes; porém, devido à raridade dessa doença na prática clínica e à inespecificidade de seus sintomas, é necessário um alto grau de suspeição para o estabelecimento do seu diagnóstico. Nesse contexto, o aperfeiçoamento das técnicas de exames de imagem vem possibilitando o diagnóstico desta entidade clínica com maior facilidade, aumentando a sua taxa de detecção. O tratamento ideal ainda não está completamente bem estabelecido na literatura, sendo que as estratégias terapêuticas disponíveis são o tratamento médico conservador, a revascularização cirúrgica e a intervenção endovascular. Neste artigo, nós relatamos três casos de dissecção espontânea do tronco celíaco e realizamos uma revisão de literatura sobre esta doença.

Palavras-chave: dissecção; dor aguda; artéria celíaca.

Abstract

Spontaneous dissection of the celiac trunk is quite an uncommon medical condition, with few case reports in the medical literature. Sudden epigastric abdominal pain is the most common complaint reported by patients, but due to the rarity of this disease in clinical practice and the nonspecific nature of its symptoms, a high degree of clinical suspicion is needed to establish diagnosis. However, improvements in imaging techniques are facilitating diagnosis of this clinical entity, increasing its detection rate. The ideal treatment has not yet been fully established in the literature and the available therapeutic strategies are conservative medical treatment, surgical revascularization or endovascular intervention. In this article we report on three cases of spontaneous dissection of the celiac trunk and conduct a review of the literature on this disease

Keywords:dissection; acute pain; celiac artery.

1 Universidade Estadual do Ceará – UECE, Curso de Medicina, Fortaleza, CE, Brasil.

Fonte de financiamento: Nenhuma.

Conflito de interesse: Os autores declararam não haver conflitos de interesse que precisam ser informados. Submetido em: 09.01.14. Aceito em: 06.02.14.

O estudo foi realizado no Centro Avançado de Diagnóstico por Imagem Boghos Dom Luis, Fortaleza, CE, Brasil.

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Caso 3

MTML, sexo feminino, 48 anos, previamente hígida, abriu quadro com dor epigástrica súbita e

intensa havia 48h. A ultrassonografia abdominal

realizada na emergência foi normal. Devido a antecedentes de atopia, optou-se por prosseguir a investigação através de angiorressonância, sendo que esta última revelou a presença de flap dissecatório no tronco celíaco (Figura 4). Após o tratamento clínico dos sintomas iniciais, optou-se por instituir conduta conservadora.

INTRODUÇÃO

A dissecção espontânea das artérias viscerais é um evento raro, que acomete a artéria mesentérica superior, podendo também ocorrer no tronco celíaco, na artéria esplênica e na artéria mesentérica inferior1.

Apesar de ser rara, a sua incidência pode ter sido subestimada no passado e, historicamente, tem sido associada a um pior prognóstico. Embora a causa exata da dissecção espontânea de uma artéria visceral ser desconhecida, a hipertensão arterial tem sido considerada, classicamente, como um fator predisponente2-5. A dor abdominal é o sintoma mais

comum em pacientes com dissecção espontânea do tronco celíaco, contudo os pacientes podem

apresentar sintomas inespecíficos, como perda de

peso1,5. O aperfeiçoamento contínuo dos métodos de

imagem tem, cada vez mais, facilitado o diagnóstico dessa lesão, que deve ser considerada no diagnóstico diferencial de dor abdominal epigástrica1,4. Devido à

raridade dessa condição, o manejo terapêutico ideal da dissecção do tronco celíaco ainda permanece controverso1-5. As três possíveis opções de tratamento

disponíveis são o tratamento clínico conservador,a revascularização cirúrgicae a terapia endovascular1.

O objetivo deste artigo é relatar três casos de dissecção espontânea do tronco celíaco e realizar uma revisão da literatura atual.

RELATOS DE CASOS

Caso 1

FGS, sexo masculino, 52 anos, portador de hipertensão arterial sistêmica crônica mal controlada, apresentou dor epigástrica súbita e intensa com náuseas

iniciando-se havia 24h. A ultrassonografia abdominal

foi normal e o prosseguimento investigativo através

de angiotomografia demonstrou flap dissecatório no tronco celíaco (Figura 1). Após o tratamento clínico do quadro, o paciente foi encaminhado sem sintomas para acompanhamento ambulatorial.

Caso 2

SJSS, sexo feminino, 50 anos, era hígida até três meses antes de apresentar episódio único de dor súbita pós-prandial na região epigástrica, de forte intensidade. Após alívio da dor com uso de

anti-inflamatório não esteróide e tramadol intravenosos,

foi realizada investigação adicional através de

angiotomografia da aorta tóraco-abdominal, que

evidenciou compressão extrínseca do tronco celíaco pelo ligamento arqueado mediano do diafragma, ocasionando dissecção traumática (Figura 2) e trombose da artéria hepática comum, de aspecto crônico (Figura 3). A paciente foi encaminhada para acompanhamento ambulatorial.

Figura  1. Imagem de angiotomografia no plano axial

demonstrando falha de enchimento linear compatível com

flap dissecatório (seta) no tronco celíaco, o qual se mostra levemente ectasiado.

Figura  2. Angiotomografia com reconstrução maximum

intensity projection no plano sagital demonstrando falha de

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DISCUSSÃO

Dissecção arterial é definida como uma separação

da parede arterial por um hematoma intramural entre as duas camadas elásticas1,5,6. A dissecção arterial

espontânea é mais comum em homens (na proporção de cinco homens para uma mulher), com a média de idade dos pacientes sendo aproximadamente de 55 anos3. A dissecção arterial é dita isolada

quando ocorre sem dissecção aórtica associada e tem sido evidenciada, mais frequentemente, em artérias renais e carótidas, porém muito raramente em artérias viscerais4,5. As dissecções extra-aórticas

mais comuns, em ordem decrescente de frequência, são: artéria renal, artéria coronária, artéria cerebral, artéria carótida, artéria vertebral e artérias viscerais5.

A dissecção espontânea de artérias viscerais foi inicialmente descrita por Baurersfeld em 1947 e é uma condição extremamente incomum2. A dissecção

espontânea da artéria renal tem sido relatada na literatura com maior frequência do que a dissecção da artéria celíaca2. Apenas 55 casos de dissecções

espontâneas de artérias viscerais haviam sido relatados até 20073. Desses casos, apenas 11 casos

de dissecção espontânea do tronco celíaco haviam sido reportados, desde 19593.

A dissecção espontânea isolada do tronco celíaco é uma entidade rara. A maioria desses casos foi vista em pacientes jovens e foram manejados por meio de cirurgia ou por tratamento conservador. A histologia tem demostrado que a dissecção ocorre entre a camada elástica íntima e a externa, enquanto que, na dissecção da aorta, o plano de clivagem é entre a primeira e a segunda parte da camada íntima2.

As condições atribuídas como causas de dissecção arterial são hipertensão arterial, aterosclerose, trauma, iatrogenia, gravidez, sífilis, poliarterite

nodosa, displasia fibromuscular, degeneração cística

da média (Síndrome de Marfan) e outros distúrbios congênitos da parede dos vasos (por exemplo, a Síndrome de Ehlers-Danlos)5,7. Outros eventos

precipitantes podem ser o estiramento mecânico e o microtrauma causado pelo esforço ou pelo aumento brusco da pressão intra-abdominal, como, por exemplo, espirrar ou levantar. Contudo, na maioria dos casos, a causa da dissecção espontânea isolada do tronco celíaco ainda é desconhecida3.

Apesar de rara, a dissecção isolada de artérias viscerais, historicamente, tem conferido um pior prognóstico. A história natural da doença, até o momento, é imprevisível e o prognóstico depende do grau de comprometimento dos ramos subsegmentares. Sinais agudos de hemorragia ou de isquemia hepática são indicativos de mau prognóstico3.

A m a n i f e s t a ç ã o c l í n i c a i n i c i a l é , m a i s frequentemente, uma dor abdominal súbita na região epigástrica3. O diagnóstico clínico é difícil,

visto que os sintomas são relativamente inespecíficos

e superponíveis a outras condições; portanto, é necessário um elevado grau de suspeição clínica. A tríade composta por dor epigástrica súbita, perda de peso e sopro sistólico epigástrico tem sido apontada por alguns autores como patognomônica dessa condição clínica4,6.

Apesar da descrição de que a maioria dos pacientes apresenta dor abdominal, existe frequentemente uma discrepância entre os sintomas relatados e os sinais detectados no exame físico, sendo os primeiros mais intensos do que os últimos. A dissecção crônica da artéria celíaca pode se manifestar com sintomas

Figura  3. Angiotomografia com reconstrução volume

rendering demonstrando o tronco celíaco (*), a artéria hepática

comum (seta) e a interrupção abrupta do seu fluxo (ponta de seta) compatível com obstrução por trombose pós-dissecção.

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na angiotomografia como falha de enchimento linear compatível com lâmina de dissecção12. A

densificação dos planos adiposos em torno do tronco celíaco também é outro achado tomográfico que pode

ser visto em casos de dissecção espontânea. Esse achado pode ser preditivo da predisposição para a extensão da dissecção para os vasos adjacentes3.

O tratamento ideal da dissecção da artéria celíaca ainda permanece controverso, devido à raridade dessa condição, além de depender do estado hemodinâmico do paciente, dos vasos comprometidos, da resposta ao tratamento conservador e do desenvolvimento de complicações5. Várias complicações vasculares

têm sido descritas, como a propagação da dissecção para os vasos adjacentes, causando infartos viscerais, além do desenvolvimento de aneurismas. O motivo da formação desses aneurismas ainda não está claro, mas pode representar uma predisposição genética individual para o enfraquecimento da parede arterial, a ruptura vascular e a isquemia mesentérica3.

Caso o paciente esteja hemodinamicamente estável, a conduta conservadora tem sido empregada. Os objetivos do tratamento clínico conservador incluem não somente prevenir a progressão da dissecção através do controle da pressão arterial, mas também evitar as complicações tromboembólicas por meio do uso de anticoagulantes3,4,8. Portanto, a terapia

com agentes anticoagulantes ou antiplaquetários por 3 a 6 meses com um Índice Internacional Normalizado (INR) alvo de 2.0-3.0, associada ao rigoroso controle da pressão arterial5,7, tem sido recomendada para

a prevenção de complicações tromboembólicas. A administração imediata de um anticoagulante após o diagnóstico induz a cicatrização da dissecção com a dissolução do hematoma mural e previne complicações tromboembólicas5,8. Além disso,

terapia antiplaquetária secundária é recomendada em pacientes com lesões estenóticas para prevenir trombose2. O tratamento conservador também pode

incluir drogas anti-hipertensivas, anti-inflamatórias

e corticosteroides, além dos anticoagulantes2,3.

A intervenção cirúrgica ou endovascular deve ser considerada nas seguintes situações: quando o paciente está hemodinamicamente instável ou tem dor abdominal persistente, quando o tratamento médico conservador falha no controle da pressão arterial e quando a dissecção está progredindo2,3,7.

Isso pode ser avaliado pelo acompanhamento seriado por métodos de imagem, porém, até o momento, não há consenso estabelecido da frequência com a qual tais exames devem ser realizados2. Se a

angiotomografia mostrar extravasamento ativo do

contraste no tronco celíaco, o tratamento de escolha é a laparotomia de urgência3,4,8. Infelizmente, mesmo

de dor abdominal pós-prandial e perda de peso2. A

dissecção do tronco celíaco também pode manifestar-se em situações raras, como icterícia obstrutiva ou pancreatite1,3.

Devido à inespecificidade dos sintomas e sinais clínicos, além da necessidade de confirmar a hipótese

de dissecção, avaliar sua extensão ou mesmo detectar outras situações patológicas, o diagnóstico geralmente é estabelecido por exames de imagem.

Embora, tradicionalmente, a angiografia invasiva seja

considerada o exame padrão-ouro para o diagnóstico,

recentemente a tomografia computadorizada (TC)

tem ganhado cada vez mais importância3,4,8,9. Com

os avanços dos aparelhos de TC e das técnicas de obtenção das imagens, permitindo que reconstruções bi e tridimensionais de alta qualidade sejam criadas, a TC, com administração de contraste através de

bomba injetora, ou angiotomografia, tem se tornado

uma das modalidades diagnósticas mais úteis para avaliar dissecções de artérias viscerais e para fornecer detalhes sobre o curso da dissecção e a sua extensão para ramos do sistema arterial4,5,8. Além

disso, os exames de angiotomografia permitem realizar comparações de seguimento e mensurações da extensão da doença, com grande reprodutibilidade e acurácia5,8. Vários estudos sugeriram que o exame

de angiotomografia é uma alternativa precisa e menos invasiva do que a angiografia para o diagnóstico e acompanhamento seriado das imagens de dissecção arterial5,8,10. Corroborando com isso,

recentes pesquisas têm mostrado que o diagnóstico e o acompanhamento por angiotomografia têm uma diminuição significativa na morbidade, em comparação com a angiografia3,4,8,10. Assim, a

angiotomografia é considerada atualmente o principal

exame de imagem para o diagnóstico de dissecção do tronco celíaco, embora a angiorressonância, a ultrassonografia com Doppler e a angiografia convencional também possam ser usadas2,10.

A dissecção do tronco celíaco pode ser acompanhada pela formação de um aneurisma arterial3,5,9. Os achados diagnósticos de imagem na

angiotomografia, de acordo com Kim et al., incluem

uma delaminação intimal, que é patognomônica, ou um trombo excêntrico mural no lúmen arterial, o que deve aumentar a suspeita de dissecção2,11. Devido

ao fato de que a delaminação intimal nem sempre é visível, a visualização do trombo mural pode ser a única pista para a presença de dissecção2,3,5,11.

Nessas circunstâncias, um diagnóstico equivocado de dissecção como uma oclusão tromboembólica pode levar a uma trombólise farmacológica desnecessária2,3,5,11. Silvestre et al. demonstraram

um caso com ocorrência simultânea de aneurisma e

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Correspondência Ernesto Lima Araújo Melo Universidade Estadual do Ceará – UECE Centro de Ciências da Saúde Curso de Medicina Av. Paranjana, 1700 – Campus do Itaperi CEP 60740-000 – Fortaleza (CE), Brasil E-mail: ernesto.melo@uece.br

Informações sobre os autores ELAM é professor adjunto da disciplina de Diagnóstico por Imagem do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE), doutor em radiologia pela Universidade de São Paulo (USP), médico radiologista do Centro de Imagens do Hospital Geral César Cals (HGCC) e da Clínica Boghos Boyadjian. RAS e FTMP são graduandos do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Contribuições dos autores Concepção e desenho do estudo: ELAM, RAS, FTMP Análise e interpretação dos dados: ELAM, RAS, FTMP Coleta de dados: ELAM Redação do artigo: ELAM, RAS, FTMP Revisão crítica do texto: ELAM, RAS, FTMP Aprovação final do artigo*: ELAM, RAS, FTMP Análise estatística: N/A Responsabilidade geral pelo estudo: ELAM Informações sobre financiamento: Não houve.

*Todos os autores leram e aprovaram a versão final submetida ao J Vasc Bras. com o manejo cirúrgico imediato, aqueles com

hemorragia ativa têm mortalidade estimada em 50%4.

O tratamento cirúrgico da dissecção do tronco celíaco é realizado para prevenir complicações agudas, como a ruptura de aneurisma e a isquemia mesentérica, ou para prevenir complicações crônicas, como a estenose. As opções de tratamento cirúrgico incluem a ressecção do segmento dissecado com anastomose ou a criação de um bypass. Além disso, a cirurgia permite realizar a biópsia da artéria dissecada, que pode ser necessária para excluir vasculite como a causa da dissecção2,10.

O tratamento endovascular da dissecção do tronco celíaco tem sido raramente relatado, porém a colocação de stent endovascular tem sido reportada em casos de dissecção espontânea da artéria mesentérica superior2.

Devido à escassez de relatos na literatura, não dispomos de dados consistentes até o momento, avaliando os resultados em longo prazo dos pacientes tratados cirurgicamente em comparação com aqueles submetidos ao tratamento médico conservador4.

CONCLUSÃO

A dissecção espontânea do tronco celíaco é uma hipótese que, apesar de incomum, deve ser incluída no diagnóstico diferencial de pacientes com dor abdominal epigástrica aguda. Avanços na aparelhagem e na técnica têm feito com que

a angiotomografia tenha se tornado o exame de imagem de escolha para confirmar o diagnóstico

de dissecção, realizar seu acompanhamento e planejar intervenção. Uma falha de enchimento linear na luz do vaso avaliado pode traduzir um sinal direto de dissecção, porém sinais indiretos também devem ser pesquisados. O tratamento ideal ainda não está bem estabelecido, mas pode incluir abordagem conservadora, a intervenção cirúrgica ou endovascular. A obtenção de dados

pela angiotomografia pode contribuir com subsídios

adicionais para que o cirurgião estabeleça a conduta terapêutica.

REFERÊNCIAS

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Imagem

Figura  1. Imagem de angiotomografia no plano axial  demonstrando falha de enchimento linear compatível com
Figura  3. Angiotomografia com reconstrução volume

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