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Coeficientes de incidência do dengue e sua relação com os diferenciais intra-urbanos segundo condições de vida no município do Natal, Rio Grande do Norte

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(1)

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA DA DENGUE E SUA RELAÇÃO COM

OS DIFERENCIAIS INTRA-URBANOS SEGUNDO CONDIÇÕES DE

VIDA NO MUNICÍPIO DO NATAL, RIO GRANDE DO NORTE.

MARIA CRISTIANA DA SILVA SOUTO

AGOSTO – 2006

Natal – RN

(2)

Maria Cristiana da Silva Souto

COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA DA DENGUE E SUA RELAÇÃO

COM OS DIFERENCIAIS INTRA-URBANOS SEGUNDO

CONDIÇÕES DE VIDA NO MUNICÍPIO DO NATAL, RIO

GRANDE DO NORTE.

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Raquel Franco de Souza Lima

Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Bastos Costa

AGOSTO- 2006

Natal – RN

(3)

MARIA CRISTIANA DA SILVA SOUTO

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em: 29 de Agosto de 2006.

_______________________________________________

Profa. Dra. Raquel Franco de Souza Lima

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA-UFRN)

______________________________________________

Prof. Dr. Roberto de Andrade Medronho

Universidade Federal do Rio de Janeiro (NESC-UFRJ)

_______________________________________________

Prof. Dr. Edmilson Lopes Júnior

(4)

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Souto, Maria Cristiana da Silva.

Coeficiente de incidência da dengue e sua relação com os diferenciais

intra-urbanos segundo condições de vida no município do Natal, Rio Grande do Norte /

Maria Cristiana da Silva Souto. – Natal, RN, 2006.

47 p.

Orientador: Raquel Franco de Souza Lima.

Co-Orientador: Fernando Bastos Costa.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFRN)

1. Dengue – Natal (RN) – Dissertação. 2. Saúde pública – Dissertação. 3. Condições de vida – Dissertação. 4. Desigualdades socioeconômicas – Dissertação. 5. Desigualdades ambientais – Dissertação. 6. Analise fatorial – Dissertação. I. Lima, Raquel Franco de Souza. II. Costa, Fernando Bastos. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

(5)

Apresentação

A necessidade de definir uma estratégia de ação que fosse capaz de minimizar os

riscos quanto à ocorrência dos casos de dengue no município, assim como definir as áreas de

risco caracterizadas a partir dos indicadores socioeconômicos e ambientais, foi o principal

motivo da realização deste trabalho, para que possa vir a se tornar um instrumento de gestão,

no sentido de melhor direcionar os recursos financeiros e humanos para as áreas que

realmente necessitam de intervenções.

A dissertação está apresentada sob a forma de artigos científicos. Os artigos abordam

os diferenciais intra-urbanos segundo condições de vida no Município do Natal, Rio Grande

do Norte e o coeficiente de incidência da dengue e sua relação com os diferenciais

intra-urbanos segundo condições de vida no Município do Natal, Rio Grande do Norte.

Durante o mestrado, muitas pessoas estiveram presentes, contribuindo de forma efetiva no

meu aprendizado, na realização deste estudo e no apoio indispensável a uma empreitada deste

nível. A todos, os meus agradecimentos, em especial:

− Aos que apoiaram meu ingresso no Mestrado, em particular à Secretaria

Municipal de Saúde do Natal (instituição pela qual concorri no processo

seletivo), na pessoa da Secretária de Saúde Maria Aparecida França Gomes;

− A Dra. Raquel Franco de Souza Lima, por tê-la como orientadora, onde

sabedoria, competência e tranqüilidade estiveram sempre presentes e com

quem eu pude aprender bastante;

− Ao Dr. Fernando Bastos Costa pelo apoio durante a construção deste trabalho; − Ao Dr. Paulo Roberto Medeiros de Azevedo pela sua paciência ao explicar as

etapas da metodologia estatística e as palavras de incentivo;

− Aos Drs. Roberto de Andrade Medronho e Edmilson Lopes Júnior pela sua

(6)

− As Dras.Eliza Maria Xavier Freire e Maria Iracema Bezerra Loiola pela

compreensão e apoio durante o mestrado;

− A todos os professores que compõe a equipe do PRODEMA, o meu sincero

agradecimento pela contribuição para o meu crescimento cientifico;

− Aos colegas do mestrado pelo convívio profícuo;

− A David Hassett pela preciosa contribuição na fase final desta dissertação na

correção dos abstracts;

− A Rosires Magali Barros pela compreensão da minha ausência no trabalho nos

momentos de aula;

− A toda equipe do Setor de Vigilância Ambiental (Tárcio Fúlvio da Costa

Lopes, Jeane Barbosa de Oliveira, Lílian Emanuelle da Silva, Edilson Sales da

Costa, Priscilla Maria Freire Cruz e Denise Cristina S. de Oliveira, por ordem

de chegada ao setor), pelo incentivo, paciência e apoio nos momentos difíceis;

− À Tânia Maria Barbosa da Silva pelo apoio durante as discussões sobre os

artigos e pela sua amizade;

− A Edilson Sales da Costa, Jeane Barbosa de Oliveira e Tárcio Fúlvio da Costa

Lopes pela ajuda para a construção dos mapas temáticos;

− A toda minha família pelo apoio, carinho e também por entender a minha

ausência em vários momentos deste trabalho.

− Em especial ao meu marido por todo o amor e compreensão durante o

(7)

“É fundamental que eu saiba não haver existência humana sem risco de maior ou menor risco. Enquanto objetividade o risco implica a subjetividade de quem o corre”.

(8)

SUMÁRIO

RESUMO 01

ABSTRACT 02

INTRODUÇÃO 03

Hipótese da dissertação 06

Relevância 06 Objetivos 07

Objetivo Geral 07

Objetivos Específicos 07

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 08

CAPÍTULO 1. Os diferenciais intra-urbanos segundo condições de vida no município do Natal, Rio Grande do Norte. 10 RESUMO 11 ABSTRACT 12 INTRODUÇÃO 13 METODOLOGIA 13

Caracterização da área 13

Seleção das variáveis socioeconômicas e ambientais 14

Análise fatorial 15

FIGURA 1 16

RESULTADOS 17

TABELA 1 18

TABELA 2 19

FIGURA 2 20

DISCUSSÃO 21

CONCLUSÕES 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23

CAPÍTULO 2. Coeficiente de incidência da dengue e sua relação com os diferenciais intra-urbanos segundo condições de vida no município do Natal, Rio Grande do Norte.

24

RESUMO 25

ABSTRACT 26

INTRODUÇÃO 27 METODOLOGIA 28 RESULTADOS 30

TABELA 1 30

FIGURA 1 32

TABELA 2 33

TABELA 3 34

DISCUSSÃO 35 CONCLUSÃO 37 RECOMENDAÇÕES 37

(9)

RESUMO

Este estudo partiu da hipótese de que as variações espaciais na magnitude da morbidade por

dengue em Natal são influenciadas pelas desigualdades intra-urbanas de fatores socioeconômicos

e ambientais. Visando identificar as diferenças intrínsecas de cada um deles, no sentido de

fornecer subsídios para as decisões dos gestores públicos no que se refere ao controle da

dengue, esta dissertação teve como objetivo caracterizar os bairros da cidade do Natal de

acordo com as condições de vida. Foram utilizados dados populacionais sobre densidade

demográfica, abastecimento de água, coleta de lixo, esgotamento sanitário, renda, escolaridade e

incidência da dengue no período de 2001 e 2003. Esses dados foram provenientes do Censo

Demográfico 2000 e do Sistema de Informações de Agravos Notificáveis - SINAN. O estudo foi

apresentado sob a forma de dois artigos, de acordo com o recorte espacial utilizado: quatro

estratos de condição de vida, no primeiro; e incidência da dengue em cada estrato de condição de

vida, no segundo. A partir dos indicadores referentes às condições socioeconômicas e ambientais

obteve-se, por meio de análise fatorial, um indicador sintético da condição de vida (ICV). Com

base no ICV, os bairros foram agrupados, para a constituição de quatro estratos de condição de

vida. Na categorização dos bairros segundo condições de vida (artigo 1) identificou-se uma

distribuição heterogênea entre os bairros. Nos estratos (artigo 2), o de melhor condição de vida

apresentou coeficiente de incidência igual a 15,62 e 15,24 nos períodos de 2001 e 2003, para cada

1000 habitantes, respectivamente; o estrato de pior condição de vida mostrou os coeficientes de

incidência de 25,10 e 10,32 para os períodos de 2001 e 2003, respectivamente. Os resultados

sugerem que este agravo ocorre em todas as classes sociais, a sua incidência não está relacionada

de alguma forma evidente com o ICV.

Palavras Chave: Incidência da dengue; Desigualdades socioeconômicas e ambientais;

(10)

ABSTRACT

This study sprang from the hypothesis that spatial variations in the morbidity rate for dengue

fever within the municipality of Natal are related to intra-city socioeconomic and

environmental variations. The objective of the project was to classify the different suburbs of

Natal according to their living conditions and establish if there was any correlation between

this classification and the incidence rate for dengue fever, with the aim of enabling public

health planners to better control this disease. Data on population density, access to safe

drinking water, rubbish collection, sewage disposal facilities, income level, education and the

incidence of dengue fever during the years 2001 and 2003 was drawn from the Brazilian

Demographic Census 2000 and from the Reportable Disease Notification System - SINAN.

The study is presented here in the form of two papers, corresponding to the types of analysis

performed: a classification of the urban districts into quartiles according to the living

conditions which exist there, in the first article; and the incidence of dengue fever in each of

these quartiles, in the second. By applying factorial analysis to the chosen socioeconomic and

environmental indicators for the year 2000, a compound index of living condition (ICV) was

obtained. On the basis of this index, it was possible to classify the urban districts into

quartiles. On undertaking this grouping (paper 1), a heterogeneous distribution of living

conditions was found across the city. As to the incidence rate for dengue fever (paper 2), it

was discovered that the quartile identified as having the best living conditions presented

incidence rates of 15.62 and 15.24 per 1000 inhabitants respectively in the years 2001 and

2003; whereas the quartile representing worst living conditions showed incidence rates of

25.10 and 10.32 for the comparable periods. The results suggest that dengue fever occurs in

all social classes, and that its incidence is not related in any evident way to the chosen formula

for living conditions.

Key words: Dengue fever incidence rate; Environmental and socioeconomic differences;

Living conditions.

(11)

1- INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença infecciosa produzida por um vírus de genoma RNA, o qual se

reconhece quatro sorotipos (DEN–1, DEN–2, DEN-3 e DEN–4), transmitido pelo Aedes

aegypti, o principal vetor 1.

A dengue é hoje a arbovirose mais importante do mundo. Cerca de 2,5 bilhões de

pessoas encontram-se sob risco de se infectarem, particularmente em países tropicais onde a

temperatura e a umidade favorecem a proliferação do mosquito 2. Esta doença constitui um

dos principais problemas de saúde pública no mundo, pois o número de casos notificados e a

mortalidade são crescentes. O problema aumenta, pois é sabido que cerca de 50,00% da

população mundial vivem em áreas endêmicas para a dengue 3.

Como se apresenta em forma de epidemias, a dengue tem grande repercussão

econômica e social devido à sua incidência na classe trabalhadora e em crianças, o que

repercute em afastamento dos profissionais de seu ambiente de trabalho e na ausência de

crianças e jovens nas suas atividades escolares.

No período compreendido entre 1956 a 1980 se notificou 1.547.760 casos no mundo, o

que representa uma média anual de 61.910 casos 1.

Alguns autores consideram que os primeiros casos epidêmicos que se têm informações

ocorreram na ilha de Java em 1779, e na Filadélfia, Estados Unidos, um ano depois 2.

Segundo outros, a primeira epidemia ocorreu na Europa (Cádiz e Sevilha), em 1784 3.

Em 1827 se teve informações da primeira pandemia da dengue no Caribe e na costa

atlântica dos Estados Unidos, a partir do porto de Virginia1. A segunda pandemia (1848-1850)

inclui Havana, Nova Orleans e outras cidades, sendo associada a abortos, partos prematuros e

hemorragias6 e a terceira pandemia (1879-1880) incluiu também o Caribe (Bermudas, Cuba,

(12)

Depois da Segunda Guerra Mundial ocorreram epidemias de Febre Hemorrágica da

Dengue - FHD em diversos países do Sudeste Asiático 8. A primeira desta região foi a que se

registrou nas Filipinas em 1956 9.

A primeira epidemia de FHD nas Américas ocorreu em Cuba, no ano de 1981, sendo

provocada pelo vírus DEN-2 10.

O Brasil teve epidemias entre os anos 1982-1984, no norte do país, com a ocorrência

da circulação dos sorotipos DEN-1 e DEN-4, e em 1986, no sudeste do país pelo sorotipo

DEN-1. Durante este ano e o seguinte foram notificados 150.000 casos de dengue no país 11.

Entre os anos de 1996 e 2004, a Região Nordeste contribuiu com cerca de 1.532.864

casos de dengue, ou 45,77% das notificações ocorridas no país. No Rio Grande do Norte,

foram notificados 174.292 casos, representando 11,37% dos casos nordestinos13. Em Natal

foram notificados 96.958 casos de dengue no mesmo período, correspondendo ao percentual

de 55,62% no estado e 6,33% da Região Nordeste 14.

No Estado do Rio Grande do Norte, no ano de 1994, registra-se epidemia no Vale do

Açú, disseminando-se pelas cidades de Mossoró, Carnaúba dos Dantas e Parelhas em 1995 15.

Na cidade do Natal os casos registrados de dengue em 1995 eram oriundos do interior

do Estado, ou seja, casos importados. A epidemia começou em julho de 1996 na zona oeste

do município, pelo bairro de Felipe Camarão, atingindo em seguida outros bairros da cidade,

tendo sido notificados nesse ano 1.339 casos e com a circulação dos sorotipos 1 e

DEN-2 16.

Segundo Marzochi (1994) e Tauil, (2002)17 18, a dengue é de característica urbana por

encontrar os fatores que predispõe a sua disseminação tais como: condições políticas,

econômicas e culturais que favorecem o estabelecimento da cadeia de transmissão.

Para (Costa & Natal,1998)18 , um dos fatores que contribui para a difusão do vírus é o

(13)

paisagens que podem promover estratos diferenciados de transmissão da dengue,

marcadamente no que se refere à permanência de habitats favoráveis ao vetor.

Na literatura científica são poucos os trabalhos encontrados relacionados a estudos

desenvolvidos sobre a dengue na cidade do Natal, como os de Fernandes et al. (1998)20,

Cunha et al. (1999)15, Saturnino et al. (2001)21e Brito et al. (2001)22.

A utilização de indicadores de condições de vida tem sido recomendada por diversos

autores (Castellanos, 1991; Paim, 1997; Possas, 1989)23 24 25, para a estratificação do espaço,

que poderá ser um instrumento imprescindível para avaliação da situação de saúde de grupos

populares, objetivando determinar os critérios para alocação de verbas definidas pelas

próprias políticas públicas.

Em Recife, Guimarães (2003)27, objetivando caracterizar a mortalidade infantil na

cidade e seus fatores condicionantes, utilizou a análise fatorial para obter os índices sintéticos

de condições de vida por bairro.

Utilizando a análise fatorial através do método de componente principal, este trabalho

teve como objetivo caracterizar os bairros da cidade do Natal de acordo com as condições de

vida, visando identificar as diferenças intrínsecas de cada um deles, no sentido de fornecer

(14)

1.1. Hipótese da Dissertação

As variações espaciais na magnitude da morbidade por dengue em Natal podem sofrer

influências pelas desigualdades intra-urbanas de fatores socioeconômicos e ambientais.

1.2. Relevância

Considerando a dimensão coletiva da determinação da morbidade por dengue, espera-se

verificar associação entre o risco de morbidade por este agravo e as condições socioeconômicas e

ambientais, em diferentes áreas geográficas do Natal. Uma vez que existe carência, em Natal e no

Rio Grande do Norte de estudos que abordem os padrões desiguais dos eventos de saúde e as

relações com seus determinantes, este estudo poderá contribuir para o conhecimento dos padrões

de morbidade por dengue na cidade. Os estudos referentes à Natal encontrados não abordam a

distribuição intra-urbana desta morbidade. Este estudo permitirá o conhecimento, pelos gestores

públicos, de um diagnóstico da situação da morbidade deste agravo na cidade do Natal que revele

desigualdades e iniqüidades ocultas nos indicadores médios do município e contribuirá com a

formulação de políticas públicas, para uma maior precisão na escolha de grupos populacionais e

espaços prioritários para alocação de recursos e adoção de ações voltadas para a redução da

dengue em Natal, fornecendo elementos para o redirecionamento de medidas de atenção à saúde e

(15)

1.3.OBJETIVOS

1.3.1. OBJETIVO GERAL

Caracterizar os bairros da cidade do Natal de acordo com as condições de vida,

visando identificar as diferenças intrínsecas de cada um deles, no sentido de fornecer

subsídios para as decisões dos gestores públicos no que se refere ao controle da dengue.

1.3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Descrever e analisar a distribuição de indicadores socioeconômicos e ambientais,

segundo diversos recortes espaciais do Município do Natal;

- Analisar a influência das desigualdades das condições socioeconômicas e ambientais,

na explicação dos diferenciais intra-urbanos da morbidade por dengue no Município

do Natal;

- Fornecer subsídios que possam orientar os gestores quanto à alocação de recursos e

(16)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Torres E M. Dengue y Dengue hemorrágico. Universidad Nacional de Quilmes. 1998. 2- World Health Organization. Dengue and Dengue hemorrhagic fever. Fact Sheet No

117, 2002.

3- Pontes RJSI, Netto AR. Dengue em localidade urbana da região sudeste do Brasil: aspectos epidemiológicos. Rev. Saúde Pública, 1994.3(28): 218-227.

4- Ministério de Salud, Republica de Colômbia,. Plan de Vigilância y Control para Fiebre Amarilla y Dengue. Bol Epidem Nac 1985; 11 (3,4): 1-64.

5- Pons P. Tratado de patología y clínica médica, vol IV, 2ª ed., Barcelona, Salvat,647-650. 1960.

6- Cantelar F. N. 1983. Dengue ene l Caribe y las Américas (II parte). Rev Cub Med Trop 35(2):136-153.

7- Kay B. 1984. Dengue Fever. Reappearance in Northern Queensland after 26 years. Med J Aust 140:264-268.

8- Guzmán MG, Triana C, Bravo J, Kourí G. Estimación del as afectaciones económicas causadas como consecuencia del a epidemia de Dengue hemorrágico ocurrido en Cuba en 1981. Rev Cubana Trop 1992; 44 (1):13-17.

9- Center for Disease Control. Dengue – The américas, 1984. MMWR 1986; 35 (4):51-57.

10- Center for Disiase Control. Dengue in Cuba. MMWR 1981; 30:317.

11- Dietz V, Gubler DJ, Rigau JG, Pinheiro F, Schatzmayr HG, Bailey R, Gunn RA, et al. Epidemic Dengue-1 in Brazil:evaluation of clinically based Dengue surveillance system. Am J Epidemiol, 1990; 131 (4):693-700.

12- Focks DA, Sackett SR, Bailey DL, Dame DA.Observations on container-breeding mosquitoes in New Orleans, Louisiana, with an estimate of the population density of Aedes aegypti (L.). Am J Trop Med Hyg 1981; 30:1329-35.

13- Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Agravos de Notificação. http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/dh?sinan/dengue/bases/denguebr.def.

Consultado em 07/07/2006.

14- Secretaria Municipal de Saúde. Relatório anual de atividades. 2004. Natal

15- Cunha RMG, Escoda MSQ. Efetividade do BTI (Bacillus Thuringiensis Israelensis): Um estudo de caso [Monografia de especialização]. Natal: Núcleo de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2003.

16- Secretaria Municipal de Saúde. Relatório anual de atividades. 1996. Natal.

17- Marzochi KBF. Dengue in Brazil: situation, trasmission and control - a proposal for ecological control. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 1994; 89: 235- 45.

18- Costa AIP, Natal D .Geographical distribution of Dengue and socioeconomic factors in an urban locality in Southeastern Brazil. Revista de Saúde Pública 1998; 32: 232-236.

19- Tauil PL. Aspectos Críticos do Controle do Dengue no Brasil. Cad. Saúde Pública 2002; 18(3): 867-871

20- Fernandes JV, Melo LMR, Queiroz MG, Paiva FG. Epidemia de Dengue no Estado do Rio Grande do Norte. In: 50ª Reunião Anual da SBPS. Anais da 50ª Reunião anual da SBPC. Rio Grande do Norte: Natal; 1998.

21- Saturnino ACRD, Medeiros RC.Estudo Aleatório da Freqüência de Casos de Dengue na Cidade do Natal-RN. Jornal Brasileiro de Patologia 2001; 37(3): 303.

(17)

Infectious Diseases (Supplement 2). Sociedade Brasileira de Infectologia. Rio de Janeiro; 2001. V. 5. P. S 144-S 144.

23- Castellanos PL.. Sistemas Nacionales de Vigilancia de la Situación de Salud Segun Condiciones de Vida y del Impacto de las Acciones de Salud y Bienestar. Organización Panamericana de la Salud/Organización Mundial de la Salud. 1991 24- Paim JS. Abordagens teórico-conceituais em estudos de condições de vida e saúde:

Notas para reflexão e ação. In: Condições de Vida e Situação de Saúde. ABRASCO. Rio de Janeiro; 1997.p. 7-30.

25- Possas CA. Epidemiologia e Sociedade – Heterogeneidade Estrutural e Saúde no Brasil. São Paulo: Editora Hucitec; 1989.

(18)

2. ARTIGO 2.1. Artigo 1

Os diferenciais intra-urbanos segundo condições de vida no município do Natal, Rio Grande

do Norte.

Maria Cristiana da Silva Souto (1), Raquel Franco de Souza (2), Paulo Roberto Medeiros de

Azevedo (3), Fernando Bastos Costa (4).

(1) Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Programa de Pós-graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

(2) Departamento de Geologia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(3) Departamento de Estatística – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(19)

RESUMO

O conceito de condições de vida é imprescindível na avaliação da situação de saúde de grupos

populares, não apenas para permitir o planejamento de ações mitigadoras, mas também para

atender os critérios de alocação de verbas definidas pelas próprias políticas públicas tendo em

vista determinados critérios de alocação de verbas definidas pelas próprias políticas públicas.

O presente estudo agrupou os bairros de acordo com o Índice de Condições de Vida (ICV) no

Município do Natal. Selecionou, dentre as variáveis sócio-econômicas do censo demográfico

brasileiro (2000), as que melhor representavam os diferenciais intra-urbanos de condição de

vida no município. Utilizou a análise fatorial, no processo de agrupamento dos bairros,

definido pelas variáveis: densidade demográfica, abastecimento de água, coleta de lixo,

esgotamento sanitário, renda e escolaridade. Como resultado os 36 bairros que compõe o

município foi dividido em quartis, os quais foram estratificados como: muito baixa, baixa,

intermediária e elevada condição de vida, permitindo identificar uma distribuição heterogênea

das condições de vida nos bairros.

(20)

ABSTRACT

The concept of living conditions is indispensable for the assessment of the health status of

determined groups amongst the population, not only to enable the planning of remedial action

but, often, to satisfy criteria for the allocation of funds in accordance with public policies.

The present study classified the different districts of the municipality of Natal into categories

using a specially devised index termed the Living Conditions Index (ICV). This incorporated

six socioeconomic variables selected from amongst those included in the Brazilian

Demographic Census (2000), so as to best represent intracity variations in living conditions.

The variables chosen were: population density, access to safe drinking water, rubbish

collection, sewage disposal facilities, income level and education. The data was subjected to

factorial analysis and, using the resulting figures, the 36 districts which make up the

municipality were divided into quartiles which were ranked according to their living condition

indexes into the following levels: very poor, poor, intermediate and superior. In this way it

was found that there is a heterogeneous distribution of living conditions across the city.

(21)

I- INTRODUÇÃO

A utilização de indicadores de condições de vida tem sido recomendada pelos autores

(Castellanos, 1991; Paim, 1997; Possas, 1989)1 2 3, para a estratificação do espaço, que poderá

ser um instrumento imprescindível para avaliação da situação de saúde de grupos populares,

objetivando determinar os critérios para alocação de verbas definidas pelas próprias políticas

públicas.

Segundo (Lacerda et al., 2002)4 , o pressuposto básico da concepção de organização

dos serviços é que as enfermidades e os agravos de saúde estão espacialmente distribuídos, de

modo particular, a cada grupo populacional, constituindo um fator importante para estudos

epidemiológicos.

Em Recife, Guimarães (2003)5, objetivando caracterizar a mortalidade infantil na

cidade e seus fatores condicionantes, utilizou a análise fatorial para obter os índices sintéticos

de condições de vida por bairro.

Este trabalho teve como objetivo caracterizar os bairros da cidade do Natal de acordo

com as condições de vida, visando identificar as diferenças intrínsecas de cada um deles.

II – METODOLOGIA

2.1 Caracterização da área

O Município do Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, situa-se na região

litorânea oriental do Estado. Limita-se a oeste com o Município de São Gonçalo do Amarante;

ao norte, com Extremoz; ao sul, com Parnamirim; e a leste, com o Oceano Atlântico. De

acordo com o IBGE (2000)6, sua população estimada é de 752.594 habitantes, distribuídos em

(22)

apresentam diferentes características territoriais, físicas, demográficas e de infra-estrutura.

Apresenta temperatura média anual de 28ºC, precipitação pluviométrica regular, altitude

média de 31m e clima úmido, o qual passa a condições mais áridas e secas, à medida que se

afasta da região litorânea, no sentido oeste.

2.2 Seleção das Variáveis Socioeconômicas e Ambientais.

A caracterização socioeconômica dos grupos populacionais, além de considerar todas

as possíveis informações qualitativas – históricas, sociológicas, geopolíticas – pode ser

abordada com base em informações amplamente acessíveis, como os indicadores do censo

demográfico7.

Para este estudo foram utilizadas as informações disponibilizadas pela Fundação

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2000), Secretaria Municipal de Meio

Ambiente e Urbanismo de Natal (SEMURB)8. Dentre estas informações, foram definidas e

selecionadas as variáveis sócio-econômicas e ambientais, referentes a 36 bairros do

município. As variáveis selecionadas foram:

1. Densidade demográfica – número de habitantes dividido pela área do bairro,

medida por hab/ha;

2. Renda per capita - valor do rendimento nominal médio mensal em salário

mínimo;

3. Taxa de alfabetização – percentual da população alfabetizada;

4. Esgotamento sanitário – percentual de domicílios atendidos com rede geral de

esgoto ou pluvial;

5. Coleta de lixo - percentual de domicílios atendidos com o serviço de coleta;

(23)

2.3 - Análise Fatorial

Para os 36 bairros considerados realizou-se uma análise fatorial, utilizando-se

inicialmente os métodos de componentes principais e de máxima verossimilhança, para uma

definição do número de fatores. De acordo com Johnson (1982)10, é recomendável a utilização

de ambos os métodos para verificar se as duas metodologias distintas reproduzem os mesmos

fatores. Foi utilizado o software STATISTICA®, versão 6.0 para os cálculos.

Através dessa análise obteve-se o número de três fatores (1, 2 e 3), que pelo método

de componentes principais explica 85,5% da variância total. Obtidos os três vetores de dados,

correspondente aos escores fatoriais, multiplicou-se cada uma dessas colunas pela respectiva

estimativa da variância do fator, nesse caso dada pelo correspondente autovalor da matriz de

correlações amostrais. Em seguida realizou-se a soma desses produtos, resultando em uma

coluna, que depois de ordenada de forma crescente, foi utilizada como definidora de índices

de hierarquização dos bairros.

Através da utilização do software ArcView 3.2, foram espacializadas as informações

acerca dos indicadores socioeconômicos e ambientais, os quais podem ser observados na

(24)

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2000) 6, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (SEMURB) 8 e Secretaria Municipal de Saúde do Natal (SMS)9 .

Figura 1- Mapas temáticos sobre a cobertura de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, densidade demográfica, taxa de alfabetização e renda per capita do Município do Natal.

1- Santos Reis 2- Praia do Meio 3- Rocas 4- Ribeira 5- Petrópolis 6- Areia Preta 7- Mãe Luiza 8- Tirol 9- Cidade Alta 10- Lagoa Seca 11- Alecrim 12- Quintas 13- Bairro Nordeste 14- Bom Pastor 15- Cidade da Esperança 16- Dix Sept Rosado 17- Lagoa Nova 18- Nova Descoberta 19- Candelária 20- Cidade Nova 21- Felipe Camarão 22- Guarapes 23- Pitimbú 24- Neópolis 25- Capim Macio 26- Ponta Negra 27- Igapó

28- Nossa Senhora da Apresentação 29- Potengi

30- Lagoa Azul 31- Pajussara 32- Redinha

(25)

III-RESULTADOS

Os indicadores sobre condição de vida dos bairros apresentaram diferenças entre os

valores máximos e mínimos, o que explica a heterogeneidade entre eles (tabela 1). Percebe-se

que os percentuais de bairros com esgotamento sanitário são bem inferiores que os com

abastecimento de água e coleta de lixo.

Com relação à densidade demográfica observa-se que os bairros que apresentam

maiores densidades são: Mãe Luiza, Rocas, Dix Sept Rosado, Quintas e Igapó, com valores

respectivos de 165,67; 159,23; 144,93; 140,02 e 125,30 hab/há (tabela 1).

Dos 36 bairros estudados 12 recebem menos de três salários mínimos por mês, entre

eles o que recebe o menor salário é o bairro do Guarapes. As taxas de alfabetização variaram

entre o limite inferior de 64,27% em Guarapes e o máximo 97,27% em Capim Macio (tabela

1).

Para uma definição do número de fatores foram utilizados os métodos de

“Componentes Principais” e de “Máxima Verossimilhança”, ou seja, obtém-se uma mesma

seleção de fatores por ambos os métodos quando o número desses é igual a três. Os fatores 1,

2 e 3 comportam as variáveis definidoras “Renda e Taxa de alfabetização”; “Coleta de lixo e

Abastecimento de água”; “Densidade demográfica e Esgotamento sanitário”, respectivamente,

conforme pode ser verificado na Tabela 2. O método de componentes principais explica

85,50% da variância total, enquanto que o da máxima verossimilhança explica 71,82%. A

Tabela 2 apresenta os autovalores, porcentagem de variância explicada e variância acumulada

pelo método dos componentes principais. Verifica-se que em conjunto os fatores selecionados

explicam 85,50% das variâncias das variáveis selecionadas e que a variância acumulada dos

(26)

Tabela 1 - Indicadores referentes às condições socioeconômicas e ambientais, no município do Natal, 2000.

Bairros Densidade Demográfica (HÁ/H) % de Esgotamento Sanitário ou pluvial

% de Coleta direta de lixo

% de abastecimento de água ligado à rede geral

Renda per capita em Salários mínimos %Taxa de alfabetização

Potengi 68,25 1,62 98,59 99,04 3,84 90,28

Redinha 14,62 1,00 93,45 94,48 2,60 74,49

Pajussara 54,26 1,19 95,66 98,16 2,82 83,89

Lagoa Azul 38,78 1,01 97,23 97,42 2,35 80,53

Nossa Senhora da Apresentação 55,07 1,26 96,65 90,88 2,62 78,27

Igapó 125,3 23,88 99,47 99,09 2,93 81,19

Salinas 1,05 0,00 81,77 90,15 1,69 58,78

Candelária 23,96 2,13 99,69 96,28 14,12 95,32

Lagoa Nova 46,43 18,67 99,73 99,29 14,52 93,86

Nova Descoberta 79,66 5,86 100,00 99,63 7,11 88,64

Capim Macio 46,84 2,28 99,9 97,95 16,22 97,27

Neópolis 53,96 3,33 99,78 99,54 7,56 94,43

Ponta Negra 33,37 1,98 97,63 97,63 9,43 90,14

Pitimbú 31,08 0,84 98,77 98,5 8,82 95,68

Santos Reis 42,34 89,09 99,93 99,8 3,26 80,2

Rocas 159,23 90,10 98,28 99,37 4,28 85,25

Praia do Meio 85,69 90,96 99,05 97,22 5,75 88,07

Areia Preta 86,75 81,83 99,86 99,71 11,26 90,00

Ribeira 34,88 43,37 97,93 97,93 11,29 82,33

Cidade Alta 71,12 69,04 93,58 97,96 6,49 84,73

Petrópolis 65,76 97,73 99,88 81,26 22,09 97,22

Mãe Luiza 165,67 4,94 97,74 99,03 2,05 74,12

Barro Vermelho 86,01 96,48 99,81 99,81 15,43 95,09

Lagoa Seca 111,16 69,14 100,00 99,82 6,39 89,54

Alecrim 104,59 67,28 99,81 99,43 4,86 89,75

Tirol 40,35 91,43 100,00 95,99 21,63 95,42

Felipe Camarão 69,20 5,00 95,76 94,50 2,17 73,18

Guarapes 10,81 0,36 72,74 86,99 1,63 64,77

Bom Pastor 56,22 30,94 96,25 97,98 2,23 75,73

Quintas 140,02 83,07 97,75 98,86 2,93 81,90

Bairro Nordeste 49,03 75,17 90,90 97,73 3,37 79,40

Cidade Nova 57,78 1,30 97,68 92,78 2,33 73,57

Cidade da Esperança 110,63 75,65 99,94 99,74 3,95 87,74

Dix Sept Rosado 144,93 67,44 99,35 99,67 3,50 82,13

Nossa Senhora de Nazaré 109,71 69,10 99,86 99,59 5,16 85,01

Planalto 28,53 0,50 91,51 95,52 2,23 74,61

Fonte: IBGE (2000)

Após o cálculo da matriz dos escores fatoriais, cada coluna desta matriz é multiplicada

pela respectiva estimativa do autovalor da matriz de correlações amostrais. A soma dos

(27)

Tabela 2 - Seleção de fatores pelos métodos de componentes principais.

Fator Variáveis

definidoras

Cargas

fatoriais Autovalores

Porcentagem da variância explicada Variância acumulada Conceito expresso pelo fator Renda 0,94 1 Taxa de

alfabetização 0,88

2,723066 45,38443 45,38443 Índice

sócio-econômico

Coleta de lixo 0,69

2

Abastecimento de

água 0,91

1,55399 25,89882 71,28325 Índice ambiental

Densidade

demográfica 0,72

3

Esgotamento

sanitário 0,88

0,929366 15,48943 86,77268 Índice

sócio-ambiental

Seguindo-se à ordenação desta coluna, são determinados os quartis 1, 2 3, os quais

possibilitam a divisão dos bairros em quatro grupos. Estes grupos foram hierarquizados em

Índices de Condições de Vida (ICV) por estrato, sendo os mesmos classificados em muito

baixo (I), baixo (II), intermediário (III) e elevado, conforme a Figura 2.

Dos sete bairros constantes na zona norte, 03 apresentam ICV muito baixo (Salinas,

Redinha e Nossa Senhora da Apresentação) e 04 baixo (Lagoa Azul, Pajussara, Igapó e

Potengi). Na zona sul 03 bairros apresentam ICV intermediário (Ponta Negra, Pitimbú, Nova

Descoberta e Pitimbú) e 04 ICV elevado (Neópolis, Candelária, Lagoa Nova e Capim Macio).

Os bairros da zona leste distribuem-se em 03 com ICV baixo (Mãe Luiza, Cidade Alta e

Santos Reis), 04 com ICV intermediário (Ribeira, Rocas, Praia do Meio e Alecrim) e 05 com

ICV elevado (Lagoa Seca, Areia Preta, Petrópolis, Barro Vermelho e Tirol). A zona oeste

caracteriza-se por 06 bairros com ICV muito baixo (Guarapes, Planalto, Felipe Camarão,

Cidade Nova, Bairro Nordeste e Bom Pastor), 02 com ICV baixo (Dix Sept Rosado e

Quintas) e 03 com ICV intermediário (Nossa Senhora de Nazaré e Cidade da Esperança). A

(28)

Fonte: Souto, 2006

Figura 2 – Distribuição dos bairros segundo Índices de Condições de Vida (ICV*) por estrato, na cidade do Natal, Rio Grande do Norte,

2000.

Muito baixo (I) ICV* Baixo (II) ICV* Intermediário (III) ICV* Elevado (IV) ICV*

Guarapes (22) -10,09 Mãe Luiza (7) -1,74 Ribeira (4) 0,84 Neópolis (24) 2,02

Salinas (36) -8,74

Lagoa Azul

(30) -1,60

Nossa Senhora de

Nazaré (33) 0,95 Lagoa Seca (10) 2,14

Planalto (35) -3,82 Pajussara (31) -1,22 Ponta Negra (26) 1,02 Candelária (19) 2,72

Redinha (32) -3,60 Igapó (27) -0,23 Rocas (3) 1,18 Areia Preta (6) 3,06

Felipe Camarão (21) -3,15 Cidade Alta (9) -0,12 Nova Descoberta (18) 1,33 Lagoa Nova (17) 3,28

Cidade Nova (20) -3,00 Quintas (12) 0,19 Praia do Meio (2) 1,45 Petrópolis (5) 3,58

Nossa Senhora da

Apresentação (28) -2,78 Santos Reis (1) 0,31

Cidade da Esperança

(15) 1,52 Capim Macio (25) 3,69

Bairro Nordeste (13) -1,97 Potengi (29) 0,55 Alecrim (11) 1,77 Barro Vermelho (34) 4,63

Bom Pastor (14) -1,85

Dix Sept

Rosado (16) 0,58 Pitimbú (23) 1,97 Tirol (8) 5,08

(29)

De acordo com a classificação dos bairros o que apresentou o pior indicador de

condição de vida foi Guarapes e o melhor Tirol, cujos valores de ICV foram -10,09 e 5,08

respectivamente.

IV-DISCUSSÕES

Guimarães (2003)5, em seu estudo sobre condições de vida e mortalidade infantil na

cidade do Recife, nordeste do Brasil, aponta que os indicadores com maiores cargas fatoriais

foram os relativos às características do chefe da família: anos de estudo (0,88) e renda (0,94).

O indicador com menor carga, embora ainda elevada, foi referente à coleta de lixo (0,69). No

presente estudo, a organização das cargas fatoriais em ordem decrescente fornece a seqüência

renda, taxa de alfabetização, abastecimento de água, esgotamento sanitário, densidade

demográfica, coleta de lixo. A comparação entre estes resultados para os dois trabalhos

mostra que, analogamente, embora não na mesma ordem, renda e taxa de alfabetização

apresentam as maiores cargas fatoriais, enquanto que coleta de lixo corresponde à menor

carga.

Lacerda et al (2002)4 ao realizar trabalho semelhante em Santa Catarina utilizou como

ferramenta informações do IBGE, o que levou a identificação de grupos homogêneos no

município. Neste trabalho também foram utilizadas informações obtidas do IBGE, onde ficou

evidenciada a heterogeneidade dos bairros, através dos indicadores de condições de vida da

população, o que poderá propiciar um instrumento de planejamento direcionado para o

serviço de saúde, possibilitando ao gestor um maior conhecimento da realidade local.

Estudo semelhante realizado em Florianópolis revelou que a cidade caracteriza-se por

(30)

predominantemente em situação precária e que a população em pior condição

sócio-econômica vive, majoritariamente, em setores censitários de boas ou regulares condições de

vida. Diferentemente de Florianópolis foi observado que a população do Município do Natal,

onde as condições de vida são muito baixas, a população realmente vive em áreas bastante

vulneráveis ao surgimento de doenças, pois encontram condições favoráveis para a

disseminação.

Quanto à distribuição dos bairros os de melhores condições de vida estão localizados

na zona sul da cidade, os quais apresentam os melhores indicadores socioeconômicos do

município, seguido da região leste. As regiões norte e oeste por apresentarem um maior

número de grupos considerados de muito baixa condição de vida apontam para uma maior

atenção por parte das autoridades públicas.

V – CONCLUSÕES

A metodologia utilizada para classificar os bairros de acordo com o ICV mostrou que

há uma distribuição heterogênea das condições de vida entre os diferentes bairros de Natal,

fato este que requer dos gestores públicos priorizar o planejamento das ações e um melhor

direcionamento de recursos, buscando atender a população de acordo com as suas

(31)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Castellanos PL. Sistemas Nacionales de Vigilancia de la Situación de Salud Segun Condiciones de Vida y del Impacto de las Acciones de Salud y Bienestar. s.l.: Organización Panamericana de la Salud/Organización Mundial de la Salud; 1991. 2. Paim JS. Abordagens teórico-conceituais em estudos de condições de vida e saúde:

Notas para reflexão e ação. In: Condições de Vida e Situação de Saúde (R. B. Barata, org.), pp. 7-30, Rio de Janeiro: ABRASCO; 1997

3. Possas CA. Epidemiologia e Sociedade – Heterogeneidade Estrutural e Saúde no Brasil. São Paulo: Editora Hucitec;1989

4. Lacerda JT, Calvo MCM, Freitas SFT. Diferenciais intra-urbanos no Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil: potencial de uso para o planejamento em saúde. Cad. Saúde Pública 2002; 18(5):1331-1338.

5. Guimarães MJB. Mortalidade Infantil: uma análise das desigualdades intra-urbanas no Recife [Tese de Doutorado]. Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; 2003.

6. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Resultados da Amostra do Censo Demográfico 2000. http://www.ibge.gov.br (acessado em 12/05/2005).

7. Carvalho MS, Cruz OG, Nobre FF. Perfil de risco: método multivariado de

classificação sócio-econômica de microáreas urbanas – os setores censitários da região metropolitana do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública, 1997; 13(4): 635-645.

8. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB). Conheça melhor nossa cidade. Natal; 2004.

(32)

2.2. Artigo 2

Coeficiente de incidência da dengue e sua relação com os diferenciais intra-urbanos segundo

condições de vida no município do Natal, Rio Grande do Norte.

Maria Cristiana da Silva Souto (1), Raquel Franco de Souza (2), Paulo Roberto Medeiros de

Azevedo (3), Fernando Bastos Costa (4).

(1) Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Programa de Pós-graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

(2) Departamento de Geologia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(3) Departamento de Estatística – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(33)

RESUMO

A dengue é uma arbovirose causada por um Flavivírus, com quatro sorotipos conhecidos,

DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A epidemia no município do Natal teve inicio em julho de

1996 com a circulação dos sorotipos DEN-1 e DEN-2. Pelas condições ambientais favoráveis

ao seu desenvolvimento, ocorreram sucessivas epidemias e hoje é considerada área endêmica.

Este trabalho teve como objetivo identificar a existência da correlação entre os indicadores de

condições de vida da população e a incidência da dengue no Município. Selecionou, dentre as

variáveis socioeconômicas e ambientais do censo demográfico brasileiro (2000), as que mais

identificavam os diferenciais intra-urbanos de condição de vida no município. Utilizou a

Análise Fatorial, no processo de agrupamento dos bairros, definido pelas variáveis: densidade

demográfica, abastecimento de água, coleta de lixo, esgotamento sanitário, renda e

escolaridade, obtendo-se um índice, o qual classificou os bairros de acordo com o índice de

condições de vida em: muito baixo, baixo, intermediário e elevado. Em relação aos dados

obtidos sobre os coeficientes de incidência da dengue, nos períodos de 2001 e 2003, estes

foram agregados aos estratos de condições de vida para a referida correlação. A análise

mostrou que há uma distribuição heterogênea de condições de vida entre os diferentes bairros

de Natal, no entanto não há correlação direta entre o índice formulado e a incidência da

dengue.

(34)

ABSTRACT

Dengue fever is a tropical arbovirosis caused by an RNA flavivirus which currently occurs as

four distinct serotypes: DEN-1, DEN-2, DEN-3 and DEN-4. An epidemic of dengue fever

broke out in the city of Natal in July 1996, attributed to the DEN-1 and DEN-2 serotypes.

Due to the favorable environment conditions for its development, successive epidemics

occurred and nowadays the city of Natal is considered an endemic area for the disease. The

aim of this study was to identify possible links between indicators related to local living

conditions of the population and the incidence of dengue fever in the municipality. Six items

were selected, from amongst the socioeconomic and environmental variables included in the

Brazilian Demographic Census (2000), in order to establish an objective measure of intracity

differences in living conditions. These variables were population density, access to safe

drinking water, rubbish collection, sewage disposal facilities, income level and education.

Factorial analysis was then undertaken with the chosen variables to obtain a compound index

of living conditions (ICV), which enabled the 36 different districts to be classified into

quartiles according to whether they possessed very poor, poor, intermediate or superior living

conditions. Data showing the incidence rate of dengue fever in the years 2001 and 2003 was

allocated to the quartiles to see if any correlation existed. The analysis showed that, although

there was a heterogeneous distribution of living conditions in the different districts of Natal,

there was no evident correlation between the specially formulated index (ICV) and the

incidence of dengue fever.

(35)

I- INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença infecciosa produzida por um vírus de genoma RNA, o qual se

reconhece quatro sorotipos (DEN– 1, DEN– 2, DEN -3 e DEN– 4), transmitidos pelo Aedes

aegypti, o principal vetor 1.

A dengue é hoje a arbovirose mais importante do mundo. Cerca de 2,5 bilhões de

pessoas encontram-se sob risco de se infectarem, particularmente em países tropicais onde a

temperatura e a umidade favorecem a proliferação do mosquito vetor 2. Esta doença constitui

um dos principais problemas de saúde pública no mundo, pois o número de casos notificados

e a mortalidade são crescentes. O problema aumenta, pois é sabido que cerca de 50,00% da

população mundial vivem em áreas endêmicas para a dengue 3.

No período compreendido entre 1956 a 1980 se notificou 1.547.760 casos no mundo, o

que representa uma média anual de 61.910 casos 1.

O Brasil teve epidemias entre os anos 1982-1984, no norte do país, com a ocorrência

da circulação dos sorotipos DEN-1 e DEN-4, e em 1986, no sudeste do país pelo sorotipo

DEN-1. Durante este ano e o seguinte foram notificados 150.000 casos da dengue no país

(Dietz et al, 1990) 4.

Entre os anos de 1996 e 2004, a Região Nordeste contribuiu com cerca de 1.532.864

casos da dengue, ou 45,77% das notificações ocorridas no país. No Rio Grande do Norte,

foram notificados 174.292 casos, representando 11,37% dos casos nordestinos 5. Em Natal

foram notificados 96.958 casos do Dengue no mesmo período, correspondendo ao percentual

de 55,62% no estado e 6,33% da Região Nordeste 6.

Na cidade do Natal os casos registrados da dengue em 1995 eram oriundos do interior

do Estado, ou seja, eram casos importados. A epidemia começou em julho de 1996 na zona

(36)

cidade, tendo sido notificados nesse ano 1.339 casos, com a circulação dos sorotipos DEN-1 e

DEN-27.

Segundo Marzochi (1994) e Tauil (2002)8 9, a dengue é de característica urbana e por

encontrar os fatores que predispõe a sua disseminação tais como: condições políticas,

econômicas e culturais que favorecem o estabelecimento da cadeia de transmissão.

Na literatura científica são poucos os trabalhos encontrados relacionados a estudos

desenvolvidos sobre a dengue na cidade do Natal, como os de Fernandes et al. (1998)10,

Cunha et al. (1999)11, Saturnino et al. (2001)12 e Brito et al. (2001)13.

A utilização de indicadores de condições de vida tem sido recomendada pelos autores

(Castellanos, 1991; Paim, 1997; Possas, 1989)14 15 16, para a estratificação do espaço, sendo

um instrumento imprescindível na avaliação da situação de saúde de grupos populares,

objetivando determinar os critérios para alocação de verbas definidas pelas próprias políticas

públicas.

Este trabalho teve como objetivo identificar a existência da correlação entre os

indicadores de condições de vida da população e a incidência da dengue no Município.

II – METODOLOGIA

Os dados estudados são relativos ao município do Natal, capital do Estado do Rio

Grande do Norte, situa-se na região litorânea oriental do Estado. Limita-se a oeste com o

Município de São Gonçalo do Amarante; ao norte, com Extremoz; ao sul, com Parnamirim; e

a leste, com o Oceano Atlântico. De acordo com o IBGE (2000)17, sua população estimada é

de 752.594 habitantes, distribuídos em 04 (quatro) regiões administrativas: norte, sul, leste e

oeste, totalizando 36 bairros que apresentam diferentes características territoriais, físicas,

(37)

pluviométrica regular, altitude média de 31m e clima úmido, o qual passa a condições mais

áridas e secas, à medida que se afasta da região litorânea, no sentido oeste.

Este estudo utilizou como unidades de análise os bairros e o Coeficiente de Incidência

da dengue, que foram comparados aos indicadores de condição de vida. A seleção das

variáveis deu-se em função dos referenciais teóricos sobre a doença e seus determinantes, e da

disponibilidade de dados sobre os mesmos. Quanto ao número de casos da dengue notificados

no período entre 2000 a 2004, foi utilizado como fonte o Sistema de Informação dos Agravos

de Notificação (SINAN).

Os indicadores referentes à condição de vida tiveram como fonte de dados o Censo

Demográfico (IBGE, 2000)17. Foi construído um índice sintético da condição de vida - ICV,

obtido por meio de análise fatorial (técnica de componente principal) a partir de seis

indicadores: densidade demográfica, abastecimento de água, coleta de lixo, esgotamento

sanitário, renda e escolaridade. Esses indicadores foram calculados por bairro e reduzidos a

um índice sintético, o primeiro componente principal, denominado ICV. A metodologia

utilizada para a determinação do ICV poderá ser encontrada no artigo 1.

Este estudo utilizou como unidades de análise os bairros e o Coeficiente de Incidência

da dengue, que foram comparados aos indicadores de condição de vida (ICV). A seleção das

variáveis deu-se em função dos referenciais teóricos sobre a doença e seus determinantes, e da

disponibilidade de dados sobre os mesmos. Quanto ao número de casos de dengue notificados

nos anos de 2001 e 2003, foi utilizado como fonte o Sistema de Agravos de Notificação

(38)

III-RESULTADOS

Para uma definição do número de fatores foram utilizados os métodos de

“Componentes Principais” e de “Máxima Verossimilhança”, ou seja, obtêm-se uma mesma

seleção de fatores por ambos os métodos quando o número desses é igual a três. Os fatores 1,

2 e 3 comportam as variáveis definidoras “Renda e Taxa de alfabetização”; “Coleta de lixo e

Abastecimento de água”; “Densidade demográfica e Esgotamento sanitário”, respectivamente,

conforme pode ser verificado na Tabela 1. O método de componentes principais explica

85,50% da variância total, enquanto que o da máxima verossimilhança explica 71,82%. A

tabela 2 apresenta os autovalores, porcentagem de variância explicada e variância acumulada

pelo método dos componentes principais. Verifica-se que em conjunto os fatores selecionados

explicam 85,50% das variâncias das variáveis selecionadas e que a variância acumulada dos

dois primeiros fatores explica 69,18714 da variância total.

Após o cálculo da matriz dos escores fatoriais, cada coluna desta matriz é multiplicada

pela respectiva estimativa do autovalor da matriz de correlações amostrais. A soma dos

produtos produz uma coluna de índices, a qual não se encontra ordenada.

Tabela 1 - Seleção de fatores pelos métodos de componentes principais.

Fator Variáveis definidoras Cargas fatoriais Autovalores Porcentagem da variância explicada Variância acumulada Conceito expresso pelo fator Renda 0,94 1 Taxa de

alfabetização 0,88 2,723066 45,38443 45,38443 Índice sócio-econômico

Coleta de lixo 0,69

2

Abastecimento

de água 0,91 1,55399 25,89882 71,28325

Índice ambiental Densidade demográfica 0,72 3 Esgotamento

sanitário 0,88 0,929366 15,48943 86,77268

(39)

Seguindo-se à ordenação desta coluna, são determinados os quartis 1, 2 3, os quais

possibilitam a divisão dos bairros em quatro grupos. Estes grupos foram hierarquizados em

Índices de Condições de Vida (ICV) por estrato, sendo os mesmos classificados em muito

(40)

Fonte: Souto, 2006

Figura 1 – Distribuição dos bairros segundo Índices de Condições de Vida (ICV*) por estrato, na cidade do Natal, Rio Grande do Norte,

2000.

Muito baixo (I) ICV* Baixo (II) ICV* Intermediário (III) ICV* Elevado (IV) ICV*

Guarapes (22) -10,09 Mãe Luiza (7) -1,74 Ribeira (4) 0,84 Neópolis (24) 2,02

Salinas (36) -8,74

Lagoa Azul

(30) -1,60

Nossa Senhora de

Nazaré (33) 0,95 Lagoa Seca (10) 2,14

Planalto (35) -3,82 Pajussara (31) -1,22 Ponta Negra (26) 1,02 Candelária (19) 2,72

Redinha (32) -3,60 Igapó (27) -0,23 Rocas (3) 1,18 Areia Preta (6) 3,06

Felipe Camarão (21) -3,15 Cidade Alta (9) -0,12 Nova Descoberta (18) 1,33 Lagoa Nova (17) 3,28

Cidade Nova (20) -3,00 Quintas (12) 0,19 Praia do Meio (2) 1,45 Petrópolis (5) 3,58

Nossa Senhora da

Apresentação (28) -2,78 Santos Reis (1) 0,31

Cidade da Esperança

(15) 1,52 Capim Macio (25) 3,69

Bairro Nordeste (13) -1,97 Potengi (29) 0,55 Alecrim (11) 1,77 Barro Vermelho (34) 4,63

Bom Pastor (14) -1,85

Dix Sept

Rosado (16) 0,58 Pitimbú (23) 1,97 Tirol (8) 5,08

(41)

Os dados da população por ICV da tabela 2 correspondem à população estimada para

os anos de 2001 e 2003 residentes nos bairros de um determinado estrato, segundo os dados

da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA)22. O número de casos de dengue para os

dois períodos analisados refere-se à soma de todos os casos notificados nos anos de 2001 a

2003, sendo estes períodos selecionados por terem sido de maiores epidemias e pela

ocorrência da introdução do sorotipo DEN-3 em 2003, o que ocasionou uma maior

susceptibilidade da população. O Coeficiente de Incidência da dengue foi calculado

dividindo-se o número de casos por estrato ocorridos no período, pela população do

respectivo estrato, sendo o valor resultante multiplicado por 103. Os resultados fornecem um

número o qual representa o número de casos por 1000 habitantes durante estes períodos.

Nos estratos, o de elevada condição de vida apresentou coeficiente de incidência igual

a 15,62 no período de 2001 e 15,24 em 2003 para cada 1000 habitantes; o estrato de ICV

muito baixo mostrou os coeficientes de incidência de 25,10 e 10,32 para o período de 2001 e

Tabela 2 – Número de casos e coeficientes de incidência da dengue (por mil habitantes) no período de 2001 e 2003, segundo estrato de condição de vida. Natal.

Variável Muito baixo Baixo Intermediário Elevado (I) (II) (III) (IV)

População de Natal (ano

2001)** 189.924 256.376 144.388 135.500

Nº. de casos da dengue 2001

4.766 8.527 3.774 2.117

Incidência da dengue 2001 (a)

25,10 33,26 26,14 15,62

População de Natal (ano 2003)

206.596 267.396 145.175 138.292

Nº. de casos da dengue 2003

2.133 4.831 2.555 2.108

Incidência da dengue 2003 (b)

10,32 18,10 17,60 15,24

Razão entre (b) e (a) 0,41 0,54 0,67 0,98

(42)

2003, respectivamente. Estes resultados sugerem que a dengue acomete todas as classes

sociais.

A razão entre os coeficientes de incidência da dengue nos períodos de 2001 e 2003 é

maior nos estratos de condição de vida elevado e intermediário, com valores de 0,98 e 0,67

respectivamente, enquanto que as razões nos estratos de condição de vida baixo e muito baixo

correspondem a 0,54 e 0,41 respectivamente. Verifica-se desta forma que a avaliação para os

períodos, aponta para uma preponderância de casos de dengue nos estratos de condição de vida

intermediário e elevado.

Foi realizado o coeficiente de correlação linear de Pearson do ICV com os coeficientes de

incidência da dengue nos anos de 2001 e 2003, cujos valores obtidos foram: -0,1245 com p valor

igual a 0,476, com a incidência do primeiro período, onde não foi significativa ao nível de 5%, e o

ICV com a incidência de 2003 a correlação obtida foi de 0,2025 com o p valor correspondente a

0,243, também não significativa ao nível de 5%, conforme pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3 - Matriz de correlação da incidência da dengue no período de 2001 e 2003 e o índice de condições de vida - ICV

Variáveis 1 2 3

1 Incidência de Dengue 2001 1,00 0,54

p =0,001

0,12 p =0,476

2 Incidência de Dengue 2003 1,00 0,2

p =0,243

(43)

IV – DISCUSSÕES

Através da realização da correlação foi possível verificarmos que a ocorrência da

dengue em uma determinada área não está diretamente ligada às condições de vida da

população, já que está presente em todos os estratos.

Netto & Rebello23 em 2004, em trabalho realizado no Maranhão, observaram que os

fatores que contribuem para a subnotificação deste agravo são: ocorrência de falhas no

sistema de informação, pouco interesse dos profissionais de saúde em efetuar a notificação, as

deficiências estruturais na assistência das unidades do Sistema Único de Saúde – SUS e o

conhecimento da população, em relação à doença contribuem para a não procura de

atendimento médico. Este Em Natal a subnotificação dos agravos a saúde é uma das

principais preocupações do setor saúde, tendo em vista que para programar as ações de

controle se faz necessário à informação sobre a ocorrência dos agravos.

Sabendo-se que os reservatórios de água nas residências são fundamentais para a

existência ou não do vetor, faz-se necessário um abastecimento de água de forma a atender as

necessidades da população para que não ocorra o armazenamento em deposito favorável à

proliferação do vetor. Natal apresenta uma boa cobertura de abastecimento de água, no

entanto, a intermitência em alguns bairros da cidade faz com que a população tenha que

armazenar água e muitas vezes de forma inadequada favorecendo assim para a proliferação do

Aedes aegypti.

De acordo com (Tauil, 2001) 24, as ações de prevenção da dengue necessitam de

envolvimento de outros setores da sociedade, particularmente na questão da melhoria das

condições de urbanização e de habitação, coleta regular de lixo, abastecimento permanente de

água encanada e educação escolar. Mesmo nos bairros categorizados como de intermediária e

(44)

colocando uma questão a ser pensada, pois este grupo populacional dispõe de boas coberturas

de abastecimento de água, coleta de lixo e um elevado índice de renda e escolaridade.

O processo de municipalização e de certificação do Município do Natal em abril de

2001, para o controle das endemias, propiciou ao gestor adoção de políticas públicas locais,

que poderiam estar melhor direcionadas para a realidade dos bairros. Através do diagnóstico

de cada bairro, o qual está apresentado de forma estratificada neste trabalho, será possível a

realização de ações mais direcionadas para as áreas consideradas prioritárias.

Estudo realizado em Salvador apresentou resultados diversos, pois mostrou que

mesmo áreas com condições socioeconômicas mais favoráveis também apresentaram altos

riscos de transmissão, revelando a necessidade de realizar novos estudos para esclarecer essa

questão (Teixeira et al, 2002) 25. Em Natal este estudo aponta para situação idêntica, pois os

bairros categorizados como de elevada condição de vida apresentam riscos de transmissão da

doença.

Costa & Natal, 1998 26 em estudo realizado em São Paulo observou que o uso do solo

nas cidades não é homogêneo, podendo-se identificar recortes nesta paisagem que refletem as

formas de ocupação econômico-sociais, que por sua vez determinam condições ambientais,

como moradia, adensamento populacional e saneamento ambiental, que são fatores de risco

para a ocorrência da dengue. Este estudo possibilitou observar a existência de

heterogeneidade nos bairros do Natal em relação às condições de vida da população e a sua

correlação para a disseminação da dengue. Através da classificação dos bairros de acordo com

as condições de vida apresentada neste estudo verifica-se que os casos de dengue ocorrem em

todos estes estratos, já que possuem características que contribuem para a disseminação da

(45)

V – CONCLUSÕES

Através da utilização da estatística e do georreferenciamento foi possível identificar

em cada estrato de condições de vida, os bairros que apresentam os fatores predisponentes ao

surgimento de novos casos da doença.

A análise mostrou que há uma distribuição heterogênea de condições de vida entre os

diferentes bairros de Natal, não havendo correlação direta entre o índice formulado e a

incidência da dengue. É necessário outro estudo que possa identificar outros aspectos tais

como: acondicionamento inadequado de água, destino inadequado dos resíduos sólidos e a

subnotificação que implica na omissão de ações pela autoridade sanitária, os quais possam

está contribuindo para a disseminação deste agravo no município.

VI – RECOMENDAÇÕES

Adotar estratégias que atendam as reais necessidades dos bairros tendo como fonte à

categorização dos bairros de acordo com as condições de vida;

Dotar políticas públicas para investimento na área de esgotamento sanitário;

Utilizar o geoprocessamento como ferramenta para a distribuição espacial dos casos

de dengue, visando identificar as áreas mais acometidas e realizar ações mais eficazes em

(46)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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