SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
Original
Acesso
lateral
de
Keblish
melhora
a
inclinac¸ão
da
patela
na
artroplastia
do
joelho
valgo
夽
José
Roberto
Tonelli
Filho
∗,
Marcus
Ceregatti
Passarelli,
João
Alberto
Salles
Brito,
Gustavo
Constantino
Campos,
Alessandro
Rozim
Zorzi
e
João
Batista
de
Miranda
UniversidadeEstadualdeCampinas(Unicamp),FaculdadedeCiênciasMédicas,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia, Campinas,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem30dejaneirode2016 Aceitoem15defevereirode2016
On-lineem13dejulhode2016
Palavras-chave:
Joelho Osteoartrite Artroplastia Patela
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Compararosresultadosclínicoseradiológicosdaviadeacessoconvencionalcom artrotomiamedialedaviadeacessolateralnaprótesetotalprimáriaemjoelhovalgo.
Métodos:Nesteensaioclínicoprospectivo,21pacientescomosteoartriteedeformidadeem valgoforamdivididosaleatoriamenteemdoisgruposdeacordocomaviadeacessocirúrgico usada:medialoulateral.Odesfechoprincipalfoiamedidaradiográficadainclinac¸ãolateral dapatela.Outrosdesfechosforamadorapósacirurgia(escalavisualdedor),osangramento (níveisséricosdehemoglobina)eoaspectoclínicodaferidaoperatória.
Resultados:Nãohouvediferenc¸aentreosgruposemrelac¸ãoaoutrasvariáveisclínicas.A inclinac¸ãolateralmédiadapatelanogrupolateralfoi3,1graus±5,3DPenogrupomedial foi18graus±10,2DP(p=0,02).Osoutrosdesfechosnãoapresentaramdiferenc¸asentreos grupos.
Conclusão:Avialateralproveumelhorinclinac¸ãolateraldapatelapós-operatórianas artro-plastiasdojoelhovalgo.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://
creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Keblish’s
lateral
surgical
approach
enhances
patellar
tilt
in
valgus
knee
arthroplasty
Keywords:
Knee Osteoarthritis Arthroplasty Patella
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Tocomparetheclinicalandradiologicaloutcomesofconventionalmedialand lateralapproachesfortotalkneereplacementinthevalgusosteoarthriticknee.
Methods:Inthisrandomizedcontrolledtrial,21patientswithvalguskneeosteoarthritis wererandomizedtototalkneereplacementthroughmedialorlateralapproach.Theprimary outcomewasradiographicpatellartilt.Secondaryoutcomeswerevisualanaloguescaleof pain,postoperativelevelsofhemoglobin,andclinicalaspectoftheoperativewound.
夽
TrabalhodesenvolvidonoHospitaldeClínicas,UniversidadeEstadualdeCampinas(Unicamp),Campinas,SP,Brasil. ∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:joserobertotonelli@gmail.com(J.R.Tonelli).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.02.010
Results: Therewerenodifferencesbetweenthegroupsregardingotherclinicalvariables. Meanlateraltiltofthepatellawas3.1degrees(SD±5.3)inthelateralapproachgroupand 18degrees(SD±10.2)inthemedialapproachgroup(p=0.02).Therewerenodifferences regardingthesecondaryoutcomes.
Conclusion: Lateralapproachprovidedbetterpatellartiltfollowingtotalkneereplacement invalgusosteoarthriticknee.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://
creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Aproximadamente10%dospacientessubmetidosà artroplas-tiatotaldojoelhotêmdeformidadeemvalgo,definidacomo umalinhamentoemvalgodoseixosanatômicosdofêmureda tíbianoplanofrontalmaiordoquedezgraus.1Nessescasos,
osresultadossãoconsideradosmenossatisfatórios quando comparadoscompacientesquetêmdeformidadeemvarodo joelho.2–5
Aviadeacessopadrãonasartroplastiastotaisdejoelhoé aartrotomiaparapatelarmedial.6,7Aviaparapatelarlateral,
descritaporKeblish,2permiteexposic¸ãomaissatisfatóriadas
estruturaslateraiseposterolaterais,queestãocontraídasnas deformidadesemvalgoedevemserliberadasparaadequado balanc¸oligamentar,alémdavantagemdeincluirtambéma liberac¸ãodaretináculalateraldapatela,necessárianamaioria doscasoscomdeformidadeemvalgo.2,8
Emboraalgunsautoresrecomendemousodaviadeacesso lateralemcasosdedeformidadesemvalgofixasdojoelho,8,9
nãoháconsensonaliteraturaemrelac¸ãoàescolhadamelhor viadeacessoparaartroplastiatotaldojoelhovalgo.8,10
Oobjetivodesteestudoprospectivoécompararos resulta-dosdasviasdeacessoparapatelarmedial(clássica)elateral (Keblish)empacientescomdeformidadeemvalgodojoelho e,assim,demonstraramelhorcorrec¸ãodainclinac¸ãopatelar nessavia.
Material
e
métodos
Receberamexplicac¸õesdetalhadassobreoprocedimentoeo protocolodepesquisa21pacientescomosteoartritedejoelho avanc¸adaencaminhadospelaredebásicadoSistemaÚnico deSaúde(SUS)paraumhospitaluniversitárioparacirurgia deartroplastiatotal.Todosaceitaramparticipareassinaram umTermo de ConsentimentoLivree Esclarecido(TCLE).O protocolodoestudoeoTCLEforamaprovadospeloComitê deÉticaemPesquisa(CEP)local(parecernúmero381113de 27/08/2013).
Critériosdeinclusão
- pacientes deambososgêneros,entre50e75 anos, diag-nosticados com osteoartritedojoelho edeformidade em valgo;
- indicac¸ãodeartroplastiatotaldejoelhoporfalhado trata-mentoconservador;
- compreender,aceitareassinaroTCLE.
Critériosdeexclusão
- cirurgiaderevisãodaartroplastia;
- deformidades extra-articulares não relacionadas com a osteoartrite;
- infecc¸ãoprévianojoelho;
- comorbidadesgravescomcontraindicac¸ãoanestésica; - incapacidadedecompreenderouassinaroTCLE.
OestudofoiregistradonoClinicaltrials.gov(NCT01965886).
Alocac¸ão
Foramcriadosdoisgrupos:lateralemedial.Umprogramade computador (www.randomization.com) gerou uma sequên-ciaaleatória,dividida emblocosdeseis unidades,comtrês indicac¸õesdecadagrupoemcadabloco,paraevitaro acú-mulodeumúnicogruponoinícioounofimdoestudoeevitar oefeitodacurvadeaprendizadodoscirurgiões.
Mascaramento
Cadaumadessasindicac¸õesfoimantidaemumacaixacom envelopeslacradossobreapossedeumaenfermeiradocentro cirúrgiconãoparticipantedoestudo.Nasaladecirurgia,após aincisãodapele,oenvelopeeraabertoparaindicarogrupo aoqualopacienteforaalocado.
Intervenc¸ões
- Grupolateral:via deacessoparapatelarlateralebalanc¸o ligamentar das partes moles descrita por Keblish,2 com
preservac¸ãodeumretalhode gordura(fig.1)para fecha-mentodacápsulaarticularsemtensão.
- Grupomedial:viadeacessoparapatelarmedial convenci-onalebalanc¸oligamentardaspartesmolesnasequência clássica.1
Técnicacirúrgica
Figura1–Ilustrac¸ãodatécnicacirúrgicadaviadeacesso
deKeblishquedemonstraoretalhodagorduradeHoffa
necessárioparaofechamentosemtensãodacápsula
articular.A,oretalhodegorduraficapresoàbordalateral
dacápsula;B,agorduraéusadaparacobrirodefeitoda
cápsula.
infecc¸ãocomumadoseúnicaendovenosadeduasgramasde cefazolina30minutosantesdainduc¸ãoanestésica.Foiusado garrotepneumáticonacoxa(300mmHg)emtodososcasos.
A incisão longitudinal na pele foi igual em todos os casos.Nessemomentoerarompidoolacreedeterminadaa intervenc¸ãoaserpraticada,comodescritonotópicoanterior. Asequênciadeguiasedecortesósseoseraamesma.A pró-teseusada(ModularIII,MDT,RioClaro,SãoPaulo,Brasil)eo cimentoortopédico(Cemfix,Teknimed,Franc¸a)foramos mes-mosemtodososcasos.Emalgunscasoshouveanecessidade dousodehastesoucunhasdamesmaprótese.Nenhumcaso necessitoudeprótesesconstritasousemiconstritas.Sempre quepossível foi usado ocomponente patelar.Em todosos casosfoiusadodrenodesucc¸ãodurante24horase enfaixa-mentodeJonesnoprimeirodia.
Reabilitac¸ão
Todosospacientesreceberamprofilaxiadeeventos trombo-embólicos com métodos mecânicos (mobilidade precoce e elevac¸ão do membro) e farmacológicos (heparina de baixo
peso molecularpor injec¸ãosubcutâneaemdose profilática adequadaaopeso)durante15dias.
Todos os pacientes foram mantidos internados durante trêsdiasapósacirurgia.Receberamtreinamentodemarcha comandador.Depoisfizeramacompanhamentoambulatorial duasvezesporsemananomesmoservic¸odefisioterapiado hospitalonde foram operados,com o mesmoprotocolo de reabilitac¸ão.
Desfechos
- EscalaVisualdeDor(0a100),aplicadaporummembroda equipecomdesconhecimentodaalocac¸ãodosgrupos,nos trêsprimeirosdiasapósacirurgia,aindanaenfermaria,de acordocomtécnicavalidada.11Paraaanáliseestatística,foi
usadaamédiadessastrêsmedidasparacadacaso; - Níveisséricosdehemoglobina,colhidos nodiaanteriorà
cirurgiaenodiaseguinte.Foiusadaadiferenc¸aentreesses dois valores para determinar a diminuic¸ão da hemoglo-binaséricae,dessaforma,estimarosangramentoocorrido. Pacientes que receberam transfusão de concentrado de hemáciasououtroshemoderivadosforamexcluídos; - Aspectoda ferida cirúrgicaumasemana após o
procedi-mento;
- EscalasfuncionaisKneeSocietyScore(KSS),12Western
Onta-rio and McMaster Universities Arthritis Index (Womac)13 e
Kujala,14aplicadassemestralmenteporexaminadorescom
desconhecimentodaalocac¸ão;
- Alinhamentodo membroinferior operadona radiografia panorâmicaortostáticadefrente,bipodal,seismesesapós acirurgia,pelométododoseixosanatômicosdofêmureda tíbianoplanofrontal15;
- Inclinac¸ãodapatela naradiografiaaxial seismeses após acirurgia, de acordocomtécnica previamente descrita16
(fig.2).
Estatística
Fizemos este estudopiloto para determinar o tamanho da amostranecessárioparacompararoresultadode artroplas-tias totaisdejoelhocomdeformidadeemvalgo,praticadas
Figura2–Ilustrac¸ãodométodousadoparamedirainclinac¸ãodapatelanaradiografia.A:inclinac¸ãonormal;B:inclinac¸ão
pelaviadeacessolateralemedial,compoderestatísticode 80%eníveldesignificânciade5%.
Avariáveisquantitativasforamapresentadascomomédia edesvio-padrão(DP). Asvariáveis qualitativas foram apre-sentadas como frequênciasabsolutas. Todos os valores de significânciaforamapresentadoscomobicaudais.Onívelde significância(p)foiestabelecidocomo0,05.
OtestedeKolmogorov-Smirnovfoiaplicadopara determi-narseasvariáveisseguiamadistribuic¸ãonormal.Amédia das variáveis quantitativas foi comparada pelo teste t de Studentparaamostrasindependentes,quandoascondic¸ões paramétricas foram preenchidas, ou pelo teste de Mann--Whitney, quando a variável não apresentava distribuic¸ão normal.Asfrequênciasdasvariáveisqualitativasforam com-paradaspelostestesdequi-quadradodePearsonoupeloteste exatodeFisher.
TodasasanálisesforamfeitascomoprogramaIBMSPSS Statistics,(Versão22.0.Armonk,NY:IBMCorp.).
Resultados
Todosospacientesconvidadosaceitaramaparticipac¸ãoe assi-naramoTCLE.Todoscompletaramoseguimento(fig.3).
Aanálisedosdadosclínicosdospacientesdestaamostra (n=21)demonstraqueoprocessoaleatóriodealocac¸ãofoi efi-cientenacriac¸ãodedoisgruposhomogêneos,semdiferenc¸as deoutrasvariáveis,taiscomo:idade,peso,índicedemassa corporal(IMC),gênero,ladooperado,causadadeformidade, magnitudedadeformidade,redutibilidadepassivada defor-midadecomamanobradeestresseemvaro,tempocirúrgico eclassificac¸ãodeKrackowparaosteoartritecomdeformidade emvalgo(tabela1).Adeformidadeemvalgoantesda cirur-gia,medidapelocruzamentodoseixosanatômicosdofêmur edatíbianoplanofrontal,foiemmédia18,7graus±7,2DPno grupolaterale25,7graus±12,8DPnogrupomedial(p=0,197). A avaliac¸ão funcional com as escalas clínicas antes da cirurgiatambémnãoapresentoudiferenc¸aentreosgrupos: asmédiasdaescala Womacnogrupolateral foi 54,9±12,8 DPenogrupomedialfoi57,9±15,8DP(p=0,654);asmédias
Recrutamento
Elegibilidade (n = 21)
Exclusão (n = 0)
Alocação
Seguimeto
Análise Analisados (n = 10)
Excluídos da análise (n = 0)
Analisados (n = 11)
Excluídos da análise (n = 0) Perda de seguimento (n = 0) Perda de seguimento (n =0)
Distribuição aleatória (n = 21)
Grupo lateral (n = 10) Grupo medial (n = 11) Recebeu a intervenção conforme
alocado (n = 10)
Recebeu a intervenção conforme alocado (n = 11)
Figura3–DiagramadefluxoConsolidatedStandardsof
ReportingTrials(Consort).
da escala KSSforam 29,8±20,3 DP para o grupo lateral e parao grupomedial34,4±15,3DP(p=0,605);asmédiasda escalafuncionaldaKSSforam42,5±18,6DPnogrupo late-rale49,6±19,2DPnogrupomedial(p=0,468);asmédiasda escaladeKujalaparaogrupolateralforam40,9±7,5DPepara ogrupomedial39,1±9,7DP(p=0,557).
A avaliac¸ão subjetiva da ferida operatória após uma semanada cirurgianãomostrou diferenc¸aentreosgrupos. No lateral, seis pacientes apresentaram feridas dentro do esperado,três melhordoqueoesperadoeumpiordoque oesperado.Nomedial,setepacientesapresentaramferidas dentrodoesperado,doismelhordoqueoesperadoedoispior doqueoesperado(p=0,754).
Adorpós-operatóriafoimenornogrupolateral(fig.4),mas nãofoipossíveldemonstraressadiferenc¸aestatisticamente
Tabela1–Característicasclínicasdospacientessubmetidosaartroplastiadojoelhocomdeformidadeemvalgo
Grupo Lateral
(n=10)
Medial (n=11)
p
Idade(anos) 62,9±9,1 62,6±10,6 0,912
Peso(kg) 78,1±12,4 78,1±13,7 1,000
IMC 29±3,9 30,1±3,9 0,552
Tempocirúrgico(min) 124,3±19,5 105,5±28,1 0,114
Gênero Masculino 1 1 0,943
Feminino 9 10
Lateralidade Direito 4 8 0,130
Esquerdo 6 3
Redutibilidade Sim 8 7 0,635
Não 2 4
Classificac¸ãode Krakow
1 8 7 0,635
2 2 4
Causa OAprimária 7 6
Reumato 3 5
60,00
40,00
Media EV
A 3 dias
20,00
0,00
Lateral Medial
Grupo Barra de erros: +/– 1DP
Figura4–Gráficodebarrasquecomparaasmédiasda
escalavisualdedor.
Grupolateral=37,66+-19,8DP;Grupomedial=43,22+
-19,5DP;p=0,705.
(p=0,705), porque o tamanho da amostra é insuficiente (poder=25%). Serãonecessários 32 sujeitosemcada grupo paraencontrarumadiferenc¸aentreasmédiasde10pontos.
Osangramento,estimadopeladiminuic¸ãodosníveis séri-cosdehemoglobina,foimuitoparecido(fig.5).
Oachadomaisimportantedesteestudofoiqueainclinac¸ão lateraldapatelanogrupolateralémenor(p=0,02)(fig.6).
Discussão
Opresenteestudocomparouasviasdeacessomedialelateral paraaartroplastiatotalprimárianojoelho valgo.O princi-palresultadofoiacorrec¸ãomaiseficientedainclinac¸ãoaxial
6,0
5,0
4,0
Media da dif
erença HB
3,0
2,0
1,0
,0
Lateral Medial
Grupo
Error bars: +/– 1 SD
Figura5–Gráficodebarrasquecomparaasmédiasda
perdasanguíneaestimadapeladiferenc¸adosníveisséricos
dehemoglobinaanteseapósacirurgia.
Grupolateral=4,29+-0,88;Grupomedial=4,13+-1,87;
p=0,512.
220
210
200
Inclinação patelar
190
180
170
Lateral Medial
Grupo
Figura6–Diagramaemcaixaquecomparaasmédiasda
inclinac¸ãolateraldapatelaapósaartroplastia.
Valoresacimade180grausrepresentaminclinac¸ãolateral
eabaixode180graus,medial.
Grupolateral=183,1+-5,3DP;Grupomedial=198+-10,2
DP;p=0,02.
dapatela(tiltpatelar)nogruposubmetidoàviaparapatelar lateral deKeblish.Éoprimeiroensaioclínicoprospectivoe randomizadoquecomparaessastécnicascomavaliac¸ãoda correc¸ãopós-operatóriadotiltpatelar.
Aartrotomiaparapatelarlateralfoipropostaem1991por Keblish2comoumaopc¸ãoàclássicaartrotomiaparapatelar
medialnoscasosdeartrosedojoelhocomdeformidadeem valgo.Essaabordagempermiteumacessodiretoàs estrutu-raslateraisdojoelho,quegeralmentesãoasqueseencontram tensas e necessitam liberac¸ão.17 No entanto, a via lateral
épreteridapelamaioriadoscirurgiões,provavelmentepela não familiaridade com o procedimento, o que pode levar a dificuldadetécnica e aumentodotempo cirúrgico. Outra preocupac¸ãoéadificuldadedeexposic¸ãoedecoberturade partesmolesnaocasiãodofechamento.18
Para contornara dificuldadede exposic¸ão ouainda evi-tarumcatastróficoarrancamentodotendãopatelar,alguns autorespreconizamaassociac¸ãorotineiradaosteotomiada tuberosidadeanteriordatíbia(TAT)àvialateral.2,19A
osteo-tomiadaTAT,noentanto,podeserumfatordeaumentode complicac¸õeseriscoderevisão10,20enãofoinecessárianos
casosoperadosnopresenteestudo.
A literatura apresenta resultados semelhantes entre as duas técnicas em relac¸ão ao alinhamento pós-operatório no plano coronal.17,21,22 Alguns estudosapontam para um
melhor arco de movimento pós-operatório com o uso da via lateral.21,23 Outravantagem éapossibilidade deusode
implantes comuns (não constritos), enquanto joelho valgo operadoporvia medialtende anecessitarmais frequente-mentedeimplantescommaiorconstric¸ão.22Noentanto,uma
desejada,peloriscodedesvascularizac¸ãodapatelaedo ten-dãopatelar.
Ainstabilidadefemoropatelaréimportantecausadedor elimitac¸ãofuncionalnopós-operatóriodeumaprótesetotal dejoelho,podeatélevarànecessidadederevisão.24,25 Avia
lateral tem sido demonstrada capaz de corrigir com mais facilidadeotiltpatelardospacientescomartroseemvalgo, quegeralmenteapresentamretrac¸ãoeatémesmosubluxac¸ão lateraldapatela.Opresenteestudo,mesmocomumpequeno númerodecasos,demonstroumelhorcorrec¸ãodotiltpatelar nospacientesquereceberamabordagemlateral. Continuare-mosoestudoparasaberseessadiferenc¸adainclinac¸ãoda patelairáresultarembenefícioclínico,aseravaliadopelas escalasKSS,WomaceKujala.
Apesar de existir uma tendência, não houve diferenc¸a entre os grupos em relac¸ão a sangramento e dor no pós--operatório imediato, assim como na comparac¸ão entre o aspectoclínicodaferidaoperatórianosprimeirosdiasapós oprocedimento.Noentanto,acreditamosqueexistaumerro tipo2pelonúmeroaindainsuficientedepacientesparaessas outrasvariáveis,oqueserácorrigidoàmedidaqueoestudo avance.Emteoria,aincisãoapenasdaretináculalateral deve-riadoermenosesangrarmenos.Afacilidadedeexposic¸ãoea menornecessidadedeliberac¸ãodetecidostambémpoderão favorecerummenorsofrimentodepartesmoles,commelhor aspectodaferidaoperatória.
Nosso estudo apresenta algumas limitac¸ões. Primeira-mente,trata-sedeumestudopiloto,compequenonúmero depacientes.Mesmoassimfomoscapazesdeobter resulta-dosextremamenteinteressantescomrelac¸ãoàcorrec¸ãodo tiltpatelar.Emsegundo lugar,nãoexisteumvalor norma-tivonormalparaoânguloentreapatelaeatrócleadeuma prótesedejoelho.Acreditamosqueoscomponentesdevam estarparalelos.Terceiro,ométodousadonesteestudopara medirainclinac¸ãopatelarfoiporradiografia.Apesardeser ummétododescrito,11consideramosatomografia
computa-dorizadacomoométodoideal,queseráusadonasequência doestudo.
Conclusão
A inclinac¸ão lateral da patela foi menor nas artroplastias dejoelhocomdeformidadeemvalgopraticadaspelaviade acessolateral deKeblish.Aprogressãodesteestudoclínico controlado,comoaumentodonúmerodecasoseoaumento dotempo de seguimento, irámostrar seesse achado tem repercussãonoresultadoclínicoefuncionaldessas artroplas-tias.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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