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Colocação seletiva de pessoas com deficiência intelectual nas organizações: um estudo qualitativo.

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C

OLOCAÇÃO

S

ELETIVA DE

P

ESSOAS COM

D

EFICIÊNCIA

I

NTELECTUAL NAS

O

RGANIZAÇÕES

:

UM ESTUDO QUALITATIVO

Lu cia n a M ou r ã o*

Sé r gio Sa m pa io* *

M a r li H e le n a D u a r t e* * *

Resumo

A

colocação selet iva é um a for m a legal de cont rat ar pessoas com defi ciência int elect ual, m as

que, por ser um a pr át ica r ecent e e com m uit as cont radições e paradoxos, m er ece r efl exão. Est e ar t igo t em por obj et ivo discut ir a colocação selet iva de pessoas com defi ciência int e-lect ual no m undo do t rabalho, apr esent ando um a r efl exão cr ít ica acer ca dessa m odalidade de inser ção social. O est udo t om ou com o base um a pesquisa qualit at iva r ealizada com t rabalha-dor es com esse t ipo de defi ciência, seus fam iliar es e em pr egarabalha-dor es em seis cidades do est ado de Minas. Os r esult ados da pesquisa apont am que o pr ocesso de colocação selet iva ocor r e de t r ês for m as dist int as: ( 1) Pr odução ar t esanal r ealizada na inst it uição for m adora; ( 2) At ividade pr odut iva da em pr esa cont rat ant e r ealizada na inst it uição for m adora; e ( 3) At ividade pr odut iva r ealizada na em pr esa cont rat ant e. Todas são consideradas válidas, não apenas por cont r ibuí-r em paibuí-ra pibuí-r epaibuí-raibuí-r o indivíduo paibuí-ra o m undo do t ibuí-rabalho, m as t am bém pelos ganhos sociais e econôm icos que ensej am . O ar t igo discut e aspect os pr át icos, j ur ídicos e t eór icos r elacionados a essa m odalidade, apont ando para a necessidade de cont inuidade desse debat e.

Pa la v r a s- ch a v e : Gest ão da diver sidade. Defi ciência int elect ual. Colocação selet iva. I nser ção

social. Diver sidade.

Selective Placement of Mentally Challenged People in Organizations:

a qualitative analysis

Abstract

S

elect ive placem ent is a legal way t o hir e people w it h int ellect ual disabilit ies. How ever, it is

a r ecent pract ice and is subj ect t o m any cont radict ions. This ar t icle discusses t he select ive placem ent of people w it h int ellect ual disabilit ies in t he labor m ar ket and it pr esent s a cr it i-cal analysis of t his t ype of inclusion. I t is based on a qualit at ive st udy of people w it h such disabilit ies, t heir fam ilies and em ployer s in six cit ies in t he st at e of Minas Gerais, Brazil. The sur vey r esult s indicat e t hat t he pr ocess of select ive placem ent occur s in t hr ee differ ent ways: ( 1) sm all- scale pr oduct ion car r ied out in educat ional inst it ut ion ( 2) pr oduct ive act ivit y of t he cont ract or per for m ed in t he educat ional inst it ut ion, and ( 3) pr oduct ive act ivit y per for m ed on t he cont ract or ’s pr em ises. All t hr ee waysar e consider ed valid, not only for cont r ibut ing t o t he pr eparat ion of t he individual for t he labor m ar ket , but also for t heir social and econom ic benefi t s. The ar t icle discusses t he pract ical, legal and t heor et ical concept s r elat ed t o select ive placem ent , indicat ing t he need t o cont inue t his debat e.

Ke y w or ds: Diver sit y m anagem ent . I nt ellect ual disabilit y. Select ive placem ent . Social inclusion.

Diver sit y.

* Dout or a em Psicologia pela Univer sidade de Br asília. Pr ofessor a do Pr ogr am a de Pós- Gr aduação em Psicologia da Univer sidade Salgado de Oliveir a - UNI VERSO - Nit er ói/ RJ/ Br asil. Ender eço: Rua Mar e-chal Deodor o, 263, 2º andar , Cent r o. Nit er ói/ RJ. CEP: 24030- 060 E- m ail: m our ao.luciana@gm ail.com * * Mest r e em Gest ão Em pr esar ial pela Escola Br asileir a de Adm inist r ação Pública e de Em pr esas da Fundação Get ulio Var gas - EBAPE/ FGV. Pr esident e da Associação de Pais e Am igos dos Excepcionais de Belo Hor izont e - Apae- BH - Belo Hor izont e/ MG/ Br asil. E- m ail: execut ivo@apaebr asil.or g.br .

(2)

Introdução

D

e acordo com a Organização I nt ernacional do Trabalho - OI T ( 2011) , 650 m ilhões

de pessoas em t odo o m undo t êm um a defi ciência. I sso signifi ca que de cada 10 pessoas, um a t em defi ciência, sendo que a m aior par t e delas ( 470 m ilhões) est á em idade de t rabalhar. A OI T analisa que, enquant o m uit as pessoas com defi ciência est ão em pr egadas com sucesso e plenam ent e int egradas na sociedade, há um gr upo expr essivo dessas pessoas que enfr ent am a pobr eza e o desem pr ego.

No Brasil, segundo dados do Censo 2000, r ealizado pelo I nst it ut o Brasileir o de Geografi a e Est at íst ica ( I BGE, 2003) , 14,5% da população - ou sej a, 24,6 m ilhões de brasileir os - possuem algum t ipo de defi ciência. Desses, 2,8 m ilhões ( m ais de 10% ) são defi cient es int elect uais ( I BGE, 2003) . No ent ant o, quando se leva em cont a os difer ent es t ipos de defi ciência, ver ifi ca- se que não há um a equidade na inser ção no m er cado de t rabalho. De acor do com a Relação Anual de I nfor m ações Sociais ( RAI S) , publicada pelo MTE em 2008, do t ot al de pessoas com defi ciência em pr egadas at ual-m ent e no Brasil, 55,2% são defi cient es físicos, 24,7% são defi cient es audit ivos e 3,9% são defi cient es visuais, enquant o 3,4% apr esent am defi ciência int elect ual ( BRASI L, 2008) . Esses núm er os per m it em infer ir que, de fat o, a pessoa com defi ciência int elec-t ual elec-t em m enor es possibilidades de inser ção no m er cado de elec-t rabalho, sinalizando que, para a pr om oção do seu acesso, é necessár io buscar for m as alt er nat ivas de gest ão.

Confor m e dest acam Tanaka e Manzini ( 2005) , para que um a sociedade se t or ne m ais j ust a e igualit ár ia, é necessár io pr om over a inclusão dos excluídos do pr ocesso social, gr upo do qual fazem par t e as pessoas com defi ciência. É inegável que a r e-lação da sociedade com a defi ciência vem evoluindo ao longo dos séculos, em par t e por pr essão da academ ia cient ífi ca, do gover no, de or ganism os int er nacionais e das associações de defesa dos dir eit os das pessoas com defi ciência. Ent r e os vár ios gr u-pos sociais, j á há o ent endim ent o de que pessoas com defi ciência devem ser t rat adas com o qualquer out r o cidadão e que a sociedade deve se r eor ganizar para garant ir a igualdade de opor t unidades para elas. É nesse cont ext o que se discut e a inser ção da pessoa com defi ciência no m er cado de t rabalho, inser ção est a est abelecida com o um a dir et r iz pr ior it ár ia das polít icas públicas sociais em t odo o m undo ( OI T, 1983) . Em consequência da Convenção 159 da OI T, houve expr essivo aum ent o, do núm er o de países que inst it uíram legislação volt ada para a obr igat or iedade de garant ia de em pr ego para esse gr upo considerado vulner ável.

No Brasil, foi est abelecida um a r eser va legal de car gos, conhecida com o Lei de Cot as ( ar t . 93 da Lei no 8.213/ 91) . Est a pr evê que a em pr esa com 100 ou m ais

em pr egados est á obr igada a pr eencher de 2% a 5% de suas vagas com benefi ciár ios reabilit ados ou pessoas com defi ciência ( habilit adas) , na seguint e proporção: de 100 a 200 em pr egados, 2% ; de 201 a 500, 3% ; de 501 a 1.000, 4% e de 1.001 em diant e, 5% . É fat o que, desde que a legislação brasileira est abeleceu a reserva legal de cargos, obser vou- se um aum ent o da inser ção das pessoas com defi ciência nas or ganizações de t rabalho, consolidando o dir eit o de acesso dessa população às or ganizações.

Em 2007, o Minist ér io de Trabalho e Em pr ego ( MTE) publicou um est udo sobr e a inclusão das pessoas com defi ciência no m er cado de t rabalho. Além de det alhar a lei brasileira per t inent e ao t em a e as or ient ações para o seu cum pr im ent o, apr esent a as razões para a sua cr iação e faz um a análise com parat iva das polít icas de incent ivo ao t rabalho das pessoas com defi ciência, vigent es em 22 países. São m ost radas as providências t om adas desde a adoção da reserva obrigat ória de vagas at é a concessão de incent ivos fi scais e o pagam ent o de cont r ibuições em pr esar iais em favor de fundos públicos dest inados ao cust eio de pr ogram as de for m ação pr ofi ssional, no âm bit o público e pr ivado. Nesse sent ido, o Minist ér io assinala que não se t rat a de um a t ar efa exclusivam ent e est at al, m as que dem anda um a ar t iculação de esfor ços ent r e Est ado e sociedade civil ( BRASI L, 2007) .

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sej a, da cham ada “ Lei das Cot as” ( FENAPAES, 2007) . Diferent es pesquisas ( FENAPAES, 2007; TANAKA; MANZI NI , 2005) m ost ram que a Lei das Cot as é a pr incipal razão para as or ganizações em pr egar em pessoas com defi ciência. Essa é um a lei afi r m at iva e que t r ouxe im por t ant es r esult ados para a inser ção das pessoas com defi ciência no m undo do t rabalho. Ent r et ant o, a sim ples pr escr ição de leis para assegurar os dir eit os da pessoa com defi ciência de t er um t rabalho não ir á m udar a sua r ealidade, se os fat or es que difi cult am a sua inser ção no m eio social não for em det ect ados, discut idos e m inim izados por m eio de um a ação conj unt a ent re o indivíduo, a fam ília, a sociedade e o gover no ( TANAKA; MANZI NI , 2005) .

Ao apr esent ar as razões da cr iação da Lei de Cot as, o MTE esclar ece que é um a t ent at iva de superação do viés assist encialist a e excludent e, visando à inclusão efet iva. Segundo a avaliação do Minist ér io, o fat o da Const it uição Federal assegurar que t odos são iguais perant e a lei não exclui a m edida afi r m at iva da Lei de Cot as, que “ t rat a de m at er ializar a igualdade r eal ent r e as pessoas a par t ir do pensam ent o de que a ver dadeira igualdade consist e em se t rat ar igualm ent e os iguais e desigualm ent e os desiguais, na j ust a m edida da desigualdade” ( BRASI L, 2007, p. 12) .

No ent ant o, a respeit o desse aspect o legal, Neri ( 2002) apont a t rês considerações: ( a) a lei at é pode obrigar a cont rat ação de pessoas com defi ciência, m as não garant e que haverá um a convivência saudável ent re as m inorias e o grupo dom inant e dent ro das organizações; ( b) o fat o de exist ir um a lei que obriga a cont rat ar pessoas com defi ciência não garant e a cont rat ação de pessoas com defi ciência int elect ual, um a vez que a cot a pode ser cum prida a part ir da cont rat ação de profi ssionais com qualquer t ipo de defi ciência; e ( c) em bora a Lei das Cot as sej a considerada um avanço em relação à legislação nacional na área, esse sist em a t em at endido t im idam ent e aos seus propósit os.

Essas considerações apont adas por Ner i ( 2002) m ost ram a necessidade de se r efl et ir sobr e o fat o de que a par t icipação das pessoas com defi ciência na sociedade depende de pr ofundas t ransfor m ações, cabendo à sociedade pr over os supor t es ne-cessár ios para que esses indivíduos t enham acesso a t odos os r ecur sos disponíveis no m eio social e dir eit o ao convívio de m aneira não- segr egada ( OLI VEI RA et al., 2009) . A convivência har m oniosa ent r e pessoas e gr upos de ident idades plurais não é algo que possa ser det er m inado por lei. É pr eciso ir m uit o além da lei, buscando for m as de ger ir um a for ça de t rabalho m ais diver sa, sem negar os possíveis confl it os or iundos das r elações ent r e esses gr upos.

Ainda volt ando- se para a legislação brasileira, a m esm a defi ne as possibilidades para a cont rat ação dessas pessoas pelas organizações. O Decret o No 3.298/ 99, no seu

art igo 35, defi ne as seguint es m odalidades de inserção laboral da pessoa com defi ciência:

I - colocação com pet it iva: pr ocesso de cont rat ação r egular, nos t er m os da legislação t rabalhist a e previdenciária, que independe da adoção de procedim ent os especiais para sua concret ização, não sendo excluída a possibilidade de ut ilização de apoios especiais;

I I - colocação selet iva: pr ocesso de cont rat ação r egular, nos t er m os da legislação t rabalhist a e pr evidenciár ia, que depende da adoção de pr ocedim ent os e apoios es-peciais para sua concr et ização; e

I I I - pr om oção do t rabalho por cont a pr ópr ia: pr ocesso de fom ent o da ação de um a ou m ais pessoas, m ediant e t rabalho aut ônom o, cooperat ivado ou em regim e de econom ia fam iliar, com vist a à em ancipação econôm ica e pessoal ( BRASI L, 1999) .

De acor do com esse decr et o, consideram - se apoios especiais a or ient ação, a super visão, as aj udas t écnicas e out r os elem ent os que possam com pensar um a ou m ais lim it ações funcionais, m ot oras, sensor iais ou m ent ais da pessoa com defi ciên-cia, de m odo a superar as bar r eiras da m obilidade e da com unicação, possibilit ando a plena ut ilização de suas capacidades de funcionalidade.

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m odalidade, bem com o os casos em que deve ser aplicada, foi r ealizada a pr esent e pesquisa com o apoio da Federação das APAES do Est ado de Minas Gerais.

Diant e disso, est e ar t igo t em por obj et ivo discut ir um a for m a de gest ão dos t rabalhador es com defi ciência int elect ual denom inada colocação selet iva, v isando pr om over o acesso desse público ao m undo do t rabalho. Para t ant o, t om a com o base um a pesquisa qualit at iva r ealizada com t rabalhador es com esse t ipo de defi ciência, seus fam iliar es e em pr egador es em seis m unicípios de Minas Gerais. A pr opost a é que o pr esent e ar t igo per m it a am pliar o debat e acadêm ico acer ca da inser ção de pessoas com defi ciência no m undo do t rabalho - sobret udo pessoas com defi ciência int elect ual - , bem com o ofer ecer algum as r efl exões im por t ant es para os gest or es das em pr esas, sobr et udo no que diz r espeit o às polít icas de diver sidade das m esm as.

O Conceito de Deficiência Intelectual

A com plexidade da inser ção do defi ciência int elect ual no m er cado de t rabalho explica- se pelo fat o de não se saber, obj et ivam ent e, o que ser ia acessibilidade para esses indivíduos, difer ent em ent e das out ras defi ciências, em r elação às quais essa discussão se encont ra m ais avançada. Nesse sent ido, a defi nição de defi ciência in-t elecin-t ual in-t em um papel cenin-t ral, pois é com base nela que se poder á pr om over a sua inser ção no m er cado de t rabalho.

O Decr et o no 3.298/ 99, que r egulam ent a a Lei no 7.853/ 89 e dispõe sobr e a

Polít ica Nacional da Pessoa com Defi ciência, defi ne em seu ar t igo 4o que a pessoa

por t adora de defi ciência int elect ual é aquela que possui

funcionam ent o int elect ual signifi cat ivam ent e inferior à m édia, com m anifest ação ant es dos dezoit o anos e lim it ações associadas a duas ou m ais áreas de habilidades adapt at ivas, t ais com o: com unicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; ut ilização da com uni-dade; saúde e segurança; habilidades acadêm icas; lazer; e t rabalho ( BRASI L, 1999) .

Post er ior m ent e, o ar t igo 4º acim a descr it o foi alt erado pelo Decr et o nº 5.296, de 2 de dezem br o de 2004, por ém , a defi nição da cat egor ia “ pessoa por t adora de defi ciência na cat egor ia ‘defi ciência m ent al’” não sofr eu alt erações, per m anecendo a m esm a defi nição legal de 1999.

A respeit o da nom enclat ura ut ilizada, vale dest acar que, at ualm ent e, o t erm o considerado t ecnicam ent e corret o é “ pessoas com defi ciência int elect ual”, um a vez que defi ciência não é algo que as pessoas t enham “ port e”. Na m esm a linha, a Ant iga Associa-ção Am ericana de Ret ardo Ment al ( AARM) passou a se cham ar AssociaAssocia-ção Am ericana de Defi ciência I nt elect ual e de Desenvolvim ent o ( AADI D) . No ent ant o, em t oda a legislação brasileira e em alguns art igos cient ífi cos, ainda, se em prega o t erm o defi ciência m ent al. Sobr e o conceit o de defi ciência int elect ual, a AAMR ( 2002) at ualizou a defi nição e a classifi cação de defi ciência int elect ual, passando a vê- la com o um a incapacidade caract erizada por im port ant es lim it ações, t ant o no funcionam ent o int elect ual quant o no com por t am ent o adapt at ivo, expr essos nas habilidades conceit uais, sociais e pr át icas. Essa nova defi nição e classifi cação est ão cent radas no indivíduo - em suas pot enciali-dades e lim it ações - , no seu am bient e, nas suas necessienciali-dades e nas difer ent es for m as de apoio que ele deve r eceber ou ser- lhe r et irado, para que possa const r uir um a vida pessoal sat isfat ór ia ( BARBOSA, 2009) .

Para ent ender essa m udança, o aut or suger e obser var t r ês aspect os:

a) a defi ciência int elect ual deve ser defi nida no cont ext o social, ou sej a, deve ser considerado o im pact o social r esult ant e da int eração ent r e a pessoa com defi ciência e o am bient e que a cerca, focalizando- se com port am ent os funcionais e o apoio r ecebido;

b) o apoio adequado r eduz lim it ações funcionais, possibilit ando à pessoa com defi ciência int elect ual um a m elhor par t icipação com unit ár ia; e c) os padr ões de habilit ação focalizam cinco aspect os: as m elhor es pr át icas,

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Cor r oborando a im por t ância dessa m udança, as pesquisas desenvolvidas por Mourão ( 2004) e Cavalcant e e Minayo ( 2009) confi rm am a relevância do cont ext o social para o desenvolvim ent o das capacidades da pessoa com defi ciência int elect ual. Caval-cant e e Minayo ( 2009) est udaram as r epr esent ações sociais sobr e dir eit os e violência na área da defi ciência e concluíram pela necessidade de dar m aior at enção não apenas ao defi cient e, m as, pr incipalm ent e, à fam ília e aos pr ofi ssionais que cuidam dele. A pesquisa de Mour ão ( 2004) , sobr e os r esult ados de um pr ogram a de capacit ação de pr ofessor es que t rabalham com educação especial, m ost r ou cor r elação posit iva ent r e os pr ofessor es m ais capacit ados para for m ar pr ofi ssionalm ent e as pessoas com defi -ciência int elect ual e a quant idade de pessoas com t al defi -ciência em pr egadas. Esses r esult ados confi r m am a t ese de que a defi ciência int elect ual é defi nida no cont ext o social, em que o apoio recebido exerce grande im pact o sobre a pessoa com defi ciência. Por ém , é com um que os apoios necessár ios sej am confundidos com super pr ot eção, sendo subesot im ada a capacidade de expr essão e decisão da pessoa com defi -ciência int elect ual. Segundo Tom asini ( 1996) , à pessoa com defi -ciência, raram ent e, é dada a palavra, e suas r eações, na m aior ia das vezes, são ent endidas a par t ir de um a per spect iva cir cunscr it a ao seu quadr o de defi ciência, o que lim it a a per cepção de com por t am ent os signifi cat ivos. Por um lado, m udam as est rat égias e os m ét odos, am pliam - se os r ecur sos para at endim ent o dessas pessoas; por out r o lado, per m anece inalt erada a for m a de r elacionam ent o com esse gr upo de indivíduos. Na m aior par t e das vezes, out ras pessoas det er m inam e eles obedecem , em um a r elação de absolut a desigualdade ( TOMASI NI , 1996) .

É pr eciso r efl et ir sobr e o conceit o de defi ciência int elect ual para que ele não sej a com pr eendido com o pessoas incapazes de t om ar em decisões e de cuidar em de si pr ópr ias. Confor m e dest acado na pesquisa de Cam pbell- What ley ( 2008) , defi cient es com elevado nível de aut odet erm inação e aut oconceit o m ais posit ivo dem onst ram m aior capacidade para t om ar decisões sobr e seus t raj et os pessoais e, t am bém , são m ais capazes de se aut odefender, assim com o de se envolver e de viver em com unidade. Nesse sent ido, é pr eciso esclar ecer que essas pessoas possuem , sim , caract er íst icas que as difer enciam dos dem ais em t er m os de capacidade int elect ual, m as que isso não signifi ca incapacidade para o t rabalho ou para a vida social.

Diversidade nas Organizações

De acor do com Fleur y ( 2000) , a diver sidade est á r elacionada ao r espeit o à individualidade e ao seu r econhecim ent o. I st o é, a diver sidade est ar ia ligada à for m a pela qual os indivíduos per cebem suas ident idades. Confor m e salient am Saraiva e I r igaray ( 2009) , é com um que indivíduos de ident idades m inor it ár ias sej am alvo de discr im inação nas or ganizações. Eles cit am um a sér ie de est udos que evidenciam que pessoas negras, com defor m ação facial, com defi ciência física, obesas, defi cient es int elect uais, hom ossexuais e cegas são est igm at izadas.

De for m a cr escent e, a diver sidade vem se fazendo pr esent e na agenda das em -pr esas, m as a discussão acer ca do conceit o de diver sidade m ost ra falt a de consenso. Nkom o e Cox ( 1999) consideram que diver sidade é algo m uit o abrangent e que não pode ser defi nido por raça ou gêner o, pois envolve, t am bém , idade, hist ór ia pessoal e cor porat iva, além de for m ação educacional, função e per sonalidade. I ncluir ia, ainda, est ilo de vida, preferência sexual, origem geográfi ca, t em po de serviço na organização e st at us de pr ivilégio ou não pr ivilégio, bem com o at uação na ár ea adm inist rat iva ou de pr odução.

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im pr egnados pela ideologia ger encial. Apesar da ideia de diver sidade buscar opor- se à est andar dização da sociedade indust r ial, os aut or es ar gum ent am que, nas or gani-zações, a diver sidade é um a falsa novidade, pois ela não m uda o valor das pessoas, que cont inuam sendo vist as pela ót ica da pr odução.

Ainda de acor do com esses aut or es, um a análise psicossocial do signifi cado da diver sidade nas or ganizações é esclar ecedora. Eles ponderam que, no discur so da diver sidade, os est er eót ipos são igualados a quaisquer caract er íst icas individuais per cept ivas e que, nesse pr ocesso, as caract er íst icas gr upais pej orat ivas são par t i-cular izadas e r et iradas do seu cont ext o polít ico, sendo apagadas as pist as do confl it o social. Para eles,

o r isco dessa est rat égia é im aginar que a t ensão ent r e pr econceit uosos e vít im as desapar ecera com essa r edução. As pessoas são negras por sua cor da pele, m as são discr im inadas por at r ibuições de signifi cados feit as por gr upos e int r oj et adas pelas pessoas envolvidas. A m udança na sem ânt ica organizacional não m uda os signifi cados const r uídos hist or icam ent e e nem facilit a a convivência nas or ganizações ( ALVES; GALEÃO- SI LVA, 2004, p. 4) .

Ar gum ent am , ainda, que a hipót ese de que o cont at o ent r e difer ent es gr upos m inor it ár ios dim inui o pr econceit o se m ost r ou er rada, pois est e se t or na m aior em alguns casos.

Em out r o est udo, Saraiva e I r igaray ( 2009) analisaram a efet ividade da im ple-m ent ação de polít icas de est íple-m ulo à diver sidade eple-m fi liais brasileiras de uple-m a eple-m pr esa m ult inacional. Os result ados encont rados sugerem cont radições ent re os discursos e as pr át icas adot adas. Os aut or es avaliam que essas cont radições se devem a ar raigados pr econceit os dos pr ópr ios em pr egados, a cer t a per m issividade no nível ger encial e às polít icas de est ím ulo à diver sidade e inclusão dir ecionadas, pr efer encialm ent e, para o m er cado e não para o at endim ent o das dem andas da sociedade.

A análise da lit erat ura de diver sidade m ost ra que, por um lado, t em cr escido a pr eocupação com a t em át ica ( r efl et ida, inclusive, no aum ent o da lit erat ura pr oduzida sobr e o t em a) , por out r o lado, ainda há m uit os avanços a ser em feit os, um a vez que as polít icas de diver sidade não r epr esent am um it em pr efer encial no r ol das iniciat ivas sociais, sendo possível ident ifi car em cont radições ent r e o discur so for m al e a ação pr át ica das or ganizações ( ESTEVES 1999) . No pr esent e ar t igo, o foco da discussão vai se volt ar não apenas para a inser ção de m inor ias nas or ganizações de t rabalho, m as, especifi cam ent e, para a inser ção de pessoas com defi ciência int elect ual, confor m e discut ido nas pr óxim as seções. Cont udo, não se pode per der de vist a que a inser ção é apenas um a das par t es dest e pr ocesso e que a per m anência e qualidade de vida dessas pessoas no t rabalho dependem de um a polít ica de gest ão da diver sidade e não apenas de est rat égias iniciais de colocação no m er cado de t rabalho.

Estudos Empíricos sobre a Inserção da Pessoa com

Deficiência no Mundo do Trabalho

Em um est udo sobr e as opor t unidades de t rabalho para as pessoas com defi -ciência int elect ual, Car valho ( 2003) analisa que a m aior ia desse público não t em t ido um a chance no m er cado de t rabalho. Para a aut ora, invest ir em m edidas efet ivas que assegur em a igualdade de opor t unidades no m undo do t rabalho é um desafi o para as fam ílias e para a sociedade. A aut ora analisa que falt am alt er nat ivas para a qualifi cação pr ofi ssional e para a inser ção no t rabalho das pessoas com defi ciência int elect ual. Para ela, “ ur ge a expansão de m ecanism os gerador es de opor t unidade. I nvest im ent o na educação profi ssional faz- se indispensável, com o part e de um proj et o m aior de educação e pr ofi ssionalização para as pessoas com defi ciência int elect ual” ( CARVALHO, 2003, p. 52) .

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por-t anpor-t e levanpor-t am enpor-t o por-t eór ico que por-t raz conceipor-t os fundam enpor-t ais para se com pr eender em as r elações da pessoa com defi ciência int elect ual com o t rabalho. Suger em , t am bém , um a discussão sobr e os cont eúdos apr esent ados, evidenciando que são m uit os os desafi os a serem vencidos, os quais vão m uit o além de quest ões m eram ent e j urídicas.

A r espeit o do invest im ent o em educação e da or ient ação para o t rabalho, vale cit ar o est udo r ealizado por Escobal et al. ( 2005) . Os aut or es t est aram se o ar ranj o inst r ucional cont r ibuir ia para o desem penho no t rabalho de adult os com defi ciência int elect ual, incluindo sit uações de escolha. O exper im ent o foi conduzido com t r ês adult os com defi ciência int elect ual, os quais apr enderam , inicialm ent e, um a t ar efa de t rabalho com e sem o arranj o inst rucional, por m eio de t écnicas de cont role de est ím u-los, de m odelagem e esvanecim ent o e de inst r uções ver bais. Os aut or es obj et ivavam pr over assist ência im ediat a, aum ent ar ou m ant er a fr equência do com por t am ent o e pr evenir er r os na r ot ina da t ar efa. A est rat égia exper im ent al consist ia em cinco fases sequenciais: ensino da t ar efa e pr é- t r eino ( fases r ealizadas em gr upo) , t r eino individualizado ( com e sem ar ranj o inst r ucional) , t r eino para escolha e avaliação sob ext inção. Os r esult ados m ost raram que a adoção do ar ranj o inst r ucional dim inuiu o t em po de r ealização da t ar efa e a m édia de er r os durant e a sua execução. A pesquisa r evela que o ar ranj o inst r ucional per m it iu aos par t icipant es m aior cont r ole da sit uação de t rabalho e, aliado à opor t unidade de escolha, possibilit ou que est es t rabalhassem m ais est im ulados e com m aior independência.

O est udo de Tissi ( 2000) abor dou a condição de t rabalho com defi ciência no com ér cio am bulant e de São Paulo com o vivência de pr ocessos de exclusão e, padoxalm ent e, de inclusão social. A aut ora obser va que os am bulant es concebem o t ra-balho com o elem ent o que pr opor ciona r elacionam ent os sociais, confer indo dignidade e r espeit o na sua r ede de r elações, em bora, no plano da sociabilidade, m ost r e- se cont radit ór io. A aut ora suger e encarar as sit uações de pr ivação com o um efeit o da conj unção de dois vet or es, confor m e pr evist o por Cast el ( 1994, p. 23) : “ um eixo de int egração/ não int egração pelo t rabalho e um eixo de inser ção/ não inser ção em um a sociabilidade sociofam iliar ”.

Out r o est udo im por t ant e foi r ealizado por Tanaka e Manzini ( 2005) visando ident ifi car o pont o de vist a dos em pr egador es sobr e a pessoa com defi ciência, o seu t rabalho e a sua adm issão com o funcionár io de um a em pr esa. Os aut or es r ealizaram ent r evist as sem iest r ut uradas com seis r esponsáveis pelo set or de r ecur sos hum anos de em pr esas per t encent es aos ram os de com ér cio, indúst r ia e pr est ação de ser viços que possuíam funcionár ios com difer ent es t ipos de defi ciência. Os ent r evist ados acr e-dit avam que as pessoas com defi ciência t inham condições de exer cer um t rabalho, m as apont aram difi culdades or iundas de quat r o at or es sociais:

a) do pr ópr io defi cient e – que apr esent a escolar idade m ais baixa, falt a de int er esse e de pr eparação, t ant o pr ofi ssional quant o social;

b) da em pr esa – que não t em condições adequadas, t ant o em nível de am bient e físico quant o social, e a quem falt a conhecim ent o sobr e a de-fi ciência;

c) das inst it uições especiais – pela inadequação de seus pr ogram as de t r ei-nam ent o pr ofi ssional e social, além da falt a de cont at o com as em pr esas para conhecer em suas necessidades; e

d) do governo – a quem caberia proporcionar acesso à escola e ao t ransport e, bem com o incent ivar as em presas a prom overem adapt ações ergonôm icas e a desenvolver em pr ogram as de r esponsabilidade social.

Ent r e os r esult ados da pesquisa, dest acam - se, ainda, o fat o de a cont rat ação das pessoas com defi ciência decor r er, sobr et udo, da obr igat or iedade da lei e de os defi cient es ocupar em car gos que exigem pouca qualifi cação. Por fi m , a concepção de que as difi culdades desse t rabalhador eram decor r ent es das suas condições or gânicas pr evaleceu na fala dos ent r evist ados.

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en-t os legais considerando o ano de publicação do docum enen-t o, os obj een-t ivos, a defi nição de defi ciência e as est rat égias de inser ção da pessoa com defi ciência no m er cado de t rabalho. Eles concluíram que há avanços e a preocupação com um de garant ir à pessoa com defi ciência o ingr esso na at ividade pr ofi ssional, em bora, haj a diver gências nas polít icas de em pr ego r elacionadas às par t icular idades de cada cont ext o. No ent ant o, avaliam que cabe r efl et ir sobr e quais as ações a ser em im plem ent adas, para que a polít ica de cot as result e na efet iva part icipação das pessoas com defi ciência no m ercado de t rabalho. Para eles, ainda exist em difi culdades para se adot ar um a nova concepção de defi ciência, bem com o de elaborar obj et ivos claram ent e cont ext ualizados com a pr opost a de um a sociedade aber t a a t odos.

Um est udo que pode cont r ibuir para a m ensuração das ações de adequação das condições e pr át icas de t rabalho para inser ção de pessoas com defi ciência é o de Car valho- Fr eit as ( 2009b) que const r uiu um a escala para cont r ibuir com a análise e gest ão das condições de inser ção de pessoas com defi ciência. A escala foi aplicada em 163 ger ent es de 18 em pr esas brasileiras e foram ext raídos t r ês fat or es com indica-dor es adequados de validades psicom ét r ica: Sensibilização, Adapt ações e Pr át icas de Recur sos Hum anos, o que evidencia a necessidade de as or ganizações se pr eparar em , em m últ iplas fr ent es, para a inclusão de pessoas com defi ciência.

A pesquisa de Carvalho- Freit as et al. ( 2010) ident ifi cou, a part ir de t rês dim en-sões do processo de socialização ( biográfi ca, relacional e organizacional) , as principais caract eríst icas desse processo com t rabalhadores com defi ciência. Foram ident ifi cadas ações de busca de dom ínio do t rabalho, de int egração ao gr upo de t rabalho e ações de conhecim ent o dos valor es da or ganização pelas pr ópr ias pessoas com defi ciência, bem com o ausência de t át icas de socialização sist em at izadas nas or ganizações. Esse est udo evidenciou, t am bém , a associação posit iva ent r e as t át icas de socialização individualizadas e a per cepção de ações de adequação das pr át icas e condições de t rabalho para as pessoas com defi ciência.

Por fi m , a que se considerar o est udo de Lee, Abdullah e Ching Mey ( 2011) que buscou ident ifi car os condut ores e inibidores de em prego para pessoas com defi ciên-cia na Malásia. A pesquisa explorou as habilidades e t raços psicológicos necessários às pessoas com defi ciência, a fi m de conseguir em prego e as barreiras para seu em prego. A pesquisa foi conduzida a part ir de ent revist as com professores com defi ciência visual. Os result ados fornecem refl exões não apenas sobre a quest ão do em prego para pessoas com defi ciência visual, m as, t am bém , sobre os problem as encont rados por pessoas com out ros t ipos de defi ciência. Nesse sent ido, os aut ores discut em m edidas que possam ser t om adas para m elhorar a t axa de em prego das pessoas com defi ciência no país, as quais incluem a revisão e at ualização const ant e da form ação profi ssional oferecida às pessoas com defi ciência por part e do governo e das ONGs envolvidas, no sent ido de aproxim ar a form ação das reais necessidades do m ercado. Além dessa quest ão das com pet ências profi ssionais, o est udo de Lee, Abdullah e Ching Mey ( 2011) m ost ra, ainda, que os parâm et ros de aut odet erm inação ( ot im ism o, confi ança, honest idade, franqueza e resiliência) são t raços psicológicos posit ivos que podem cont ribuir para m elhorar a em pregabilidade das pessoas com defi ciência.

Um a análise conj unt a dessas pesquisas em pír icas apont a para um cr escim en-t o das pesquisas cienen-t ífi cas na ár ea e para pr eocupações r elacionadas aos aspecen-t os psicológicos das pessoas com defi ciência, aos aspect os de for m ação pr ofi ssional e, t am bém , de pr eparação da sociedade e das or ganizações para perm it ir um a adequada inser ção no t rabalho desse público- alvo.

Método

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capazes de ident ifi car um a pesquisa desse t ipo, considerando: ( i) o am bient e nat ural com o font e dir et a de dados e o pesquisador com o inst r um ent o fundam ent al; ( ii) o car át er descr it ivo; ( iii) o signifi cado que as pessoas dão às coisas e à sua vida com o pr eocupação do invest igador ; e ( iv) o enfoque indut ivo.

Assim , a present e pesquisa é de enfoque indut ivo, nat ureza descrit iva, buscando ident ifi car de que for m a ocor r em as cont rat ações de t rabalhador es com defi ciência int elect ual na m odalidade colocação selet iva e quais são os signifi cados que os dife-r ent es at odife-r es envolvidos nesse pdife-r ocesso at dife-r ibuem a essa fodife-r m a de insedife-r ção no m undo do t rabalho. Assim , para a colet a de dados, opt ou- se por t rabalhar com ent r evist as individuais e gr upo focal, a fi m de apr ofundar as per cepções dos at or es sociais par-t icipanpar-t es da pesquisa acer ca da par-t em ápar-t ica cenpar-t ral de nosso espar-t udo. As infor m ações r elat ivas aos par t icipant es, aos inst r um ent os de colet a de dados e aos pr ocedim ent os de colet a e análise de dados ser ão det alhados a seguir.

Participantes

Na pr esent e pesquisa, consider ou- se com o unidade de análise os at or es sociais envolvidos no processo de colocação selet iva de pessoas com defi ciência int elect ual, num t ot al de 23 pessoas. As unidades de obser vação foram os especialist as que t rabalham com a form ação profi ssional de pessoas com defi ciência int elect ual, das associações de Pais e Am igos dos Excepcionais ( APAEs) e da Federação das APAES de Minas Gerais, os r epr esent ant es de em pr esas que cont rat am pessoas com defi ciência int elect ual na m odalidade de colocação selet iva, os t rabalhador es com defi ciência int elect ual cont rat ados nessa m odalidade e seus fam iliar es. O det alham ent o dos at or es sociais pesquisados e do m ét odo de colet a de dados ut ilizado com cada público é det alhado na t abela que se segue:

Ta be la 1 - Pa r t icipa n t e s da Pe squ isa e Re spe ct iv os M é t odos de Cole t a de D a dos

At or e s socia is pe squ isa dos M é t odo de cole t a

de da dos

N º pa r t icipa n t e s

Especialist as que t rabalham com a for m a-ção pr ofi ssional de pessoas com defi ciência

int elect ual

Gr upo de discussão focal 12

Repr esent ant es de em pr esas que cont ra-t am pessoas com defi ciência inra-t elecra-t ual na

m odalidade de colocação selet iva

Ent r evist a em pr ofundidade 2

Trabalhadores com defi ciência intelectual cont rat ados na m odalidade colocação

selet iva

Ent r evist a em pr ofundidade 6

Pais e m ães dos t rabalhador es com defi ci-ência int elect ual cont rat ados por colocação

selet iva

Ent r evist a em pr ofundidade 3

Tot a l de pa r t icipa n t e s 2 3

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Instrumentos e procedimentos de coleta de dados

Para as ent r evist as, foi ut ilizado um r ot eir o com cinco per gunt as cent radas nos r esult ados da colocação selet iva para as pessoas com defi ciência int elect ual, seus fam iliar es e para as em pr esas que r ealizaram as cont rat ações. Esse r ot eir o foi subm et ido à apr eciação de especialist as que at uam na ár ea para ver ifi car a adequa-ção do vocabulár io e para a checagem da sequência das per gunt as e abrangência do fenôm eno est udado. O obj et ivo do inst r um ent o de colet a de dados era per m it ir que a conver sa e as r efl exões sobr e o t em a fl uíssem , deixando- se que os pesquisados falassem livr em ent e a r espeit o.

Para o grupo de discussão focal, não havia um rot eiro previam ent e est abelecido, m as sim algum as quest ões nor t eadoras, sendo a colet a de dados baseada no r elat o de exper iências das APAEs de cada um a das cidades, seguido de debat e colet ivo. As-sim , os dados foram colet ados de duas for m as dist int as: ( a) por m eio de ent r evist as sem iest r ut uradas r ealizadas nos m unicípios pesquisados; e ( b) por m eio de gr upo de discussão focal no encont r o pr om ovido pela Federação das APAES de Minas Gerais, em Belo Hor izont e, em abr il de 2009.

Todos os part icipant es foram esclarecidos do obj et ivo da pesquisa e part iciparam livr em ent e dos pr ocessos de colet a de dados. A t odos eles foi dado r et or no sobr e os dados colet ados, t endo sido pr oduzido e divulgado para os pesquisados um w or king

paper com os r esult ados desse pr ocesso.

Procedimentos de análise de dados

Na pesquisa qualit at iva, a int erpret ação assum e um foco cent ral, um a vez que “ é o pont o de part ida ( porque se inicia com as próprias int erpret ações dos at ores) e é o pont o de chegada ( porque é a int erpret ação das int erpret ações) ” ( GOMES et al., 2005, p.189) . A análise de dados dest a pesquisa foi a análise de cont eúdo cat egorial ( BAR-DI N, 1977; BAUER, 2010) . De m aneira sint ét ica, pode- se dizer que, para a realização do procedim ent o de análise de dados nest a pesquisa, foram execut ados os seguint es passos: ( 1) leit ura fl ut uant e dos depoim ent os ( do grupo focal e das ent revist as) ; ( 2) codifi cação; ( 3) seleção de verbalizações- chave; ( 4) ident ifi cação de t em as e subt em as; ( 5) at ribuição de nom es para as cat egorias prelim inares; ( 6) defi nição das cat egorias-sínt ese; e ( 7) análise pert inent e a cada cat egoria. Com o int uit o de preservar a ident i-dade das pessoas ouvidas, de quem elas m encionaram e das em presas part icipant es, t odos são ident ifi cados por nom es fi ct ícios, respeit ando- se as diferenças de gênero.

Com o r esult ado desse pr ocesso, os depoim ent os das ent r evist as foram agr upa-dos em t r ês cat egor ias que em er giram upa-dos daupa-dos, t odas t r ês r elat ivas às for m as da m odalidade de colocação selet iva. As t r ês cat egor ias foram : Pr odução ar t esanal r ea-lizada na inst it uição for m adora; At ividade pr odut iva da em pr esa cont rat ant e r eaea-lizada na inst it uição form adora; e At ividade produt iva realizada na em presa cont rat ant e. Essa cat egorização que em ergiu dos dados, diferenciando t rês form as de im plem ent ação da colocação selet iva, foi confi r m ada pelos especialist as da ár ea de inser ção pr ofi ssional de pessoas com defi ciência no âm bit o do m ovim ent o apaeano, que confi r m aram a exist ência dessas possibilidades de cont rat ação.

Em r elação ao gr upo focal, é apr esent ada um a sínt ese das ideias cent rais r e-lat ivas à m odalidade de colocação selet iva e, t am bém , aos im pact os advindos desse pr ocesso. Tais conclusões foram sendo t iradas durant e a pr ópr ia discussão, r esult ando em um pr ocesso consensual ent r e os especialist as envolvidos na pesquisa.

Resultados : a análise das três categorias

de colocação seletiva no trabalho

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inser ção ocor r e de t r ês for m as. O quadr o a seguir descr eve t ais m odalidades a par t ir de um a sínt ese das falas dos pesquisados, evidenciando que os m esm os apont am para “ difer ent es públicos” que ser iam at endidos em cada m odalidade.

Qu a dr o 1 - For m a s de I m ple m e n t a çã o da M oda lida de de Coloca çã o Se le t iv a

For m a s de im ple m e n t a çã o D e scr içã o Pú blico- a lv o

Cat egor ia 1: Pr odução ar t e-sanal r ealizada na inst it uição

for m adora

Pessoa com defi ciência con-t racon-t ada para a confecção de pr odut os ar t esanais na APAE.

Sua pr odução é ent r egue à em pr esa cont rat ant e sem que haj a vínculos com as at ividades pr odut ivas da

or ganização.

Pessoas com m aior grau de com pr om et im ent o int elect ual

Cat egor ia 2: At ividade pr o-dut iva da em pr esa cont ra-t anra-t e r ealizada na insra-t ira-t uição

for m adora

Pessoa com defi ciência cont rat ada para confeccionar

os m esm os pr odut os que os dem ais cont rat ados da em pr esa. Nesse caso, r ealiza seu t rabalho no am bient e da

APAE

Pessoas com m aior grau de com pr om et im ent o de m

ode-rado a alt o

Cat egor ia 3: At ividade pr o-dut iva r ealizada na em pr esa

cont rat ant e

Pessoa com defi ciência cont rat ada para pr oduzir dir et am ent e na em pr esa con-t racon-t ancon-t e, concon-t ando com apoio inicial da inst it uição for m

ado-ra paado-ra a sua adapt ação.

Pessoas com m aior grau de com pr om et im ent o de leve a

m oderado

A descr ição dessas cat egor ias em er giu das falas dos especialist as durant e o gr upo de discussão focal e, t am bém , da fala de fam iliar es das pessoas com defi ciência int elect ual. Para t ais at or es sociais, a defi ciência int elect ual não pode ser considerada com o um a defi ciência de igual grau de com pr om et im ent o para t odos que a apr esen-t am . Assim , enquanesen-t o alguns apr esenesen-t am um grau de com pr om eesen-t im enesen-t o inesen-t elecesen-t ual m ais leve ( por exem plo, com lim it ações associadas a apenas algum as das ár eas de habilidades adapt at ivas, com o com unicação, habilidades sociais e t rabalho, sem afet ar out ras habilidades com o cuidado pessoal, ut ilização da com unidade e habilidade de lazer ) , out r os podem apr esent ar um grau de com pr om et im ent o m ais alt o, com com -pr om et im ent o de m ais habilidades adapt at ivas e/ ou com o funcionam ent o int elect ual m uit o infer ior à m édia.

Nas APAEs, a avaliação do grau de com prom et im ent o das pessoas com defi ciên-cia int elect ual é feit a por um a equipe m ult idisciplinar, buscando ofer ecer a cada um as opor t unidades de acor do com suas habilidades naquele dado m om ent o e pr opor cionar desafi os que per m it am o seu desenvolvim ent o. Um aspect o im por t ant e a se conside-rar é que se t em com o pr essupost o a capacidade dessas pessoas de desenvolver em progressivam ent e suas habilidades adapt at ivas, razão pela qual se evit am “ rot ulações” que caract er izem as pessoas com o t endo um det er m inado grau de com pr om et im ent o. Assim , r eavaliações são r ot ineiram ent e feit as, o que per m it e r eclassifi car as pessoas com defi ciência e m odifi car os desafi os que lhe são apr esent ados.

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Categoria 1: Produção artesanal realizada

na instituição formadora

Mesm o na m odalidade na qual a pessoa com defi ciência perm anece na inst it uição for m adora pr oduzindo ar t esanat o e sendo r em unerada por t al at ividade ( que ser ia a for m a de colocação selet iva com m enor inser ção no m undo do t rabalho) , os r esult a-dos da pesquisa evidenciam um a m udança no valor at r ibuído ao t rabalho. I sso fi ca evidenciado nest e t r echo do depoim ent o da r esponsável pelo pr ogram a de t rabalho, em pr ego e r enda de um a das APAEs est udadas:

Eles t rabalham na APAE, apesar de ser em cont rat ados pela em pr esa, nas ofi cinas de ar t esanat o. Eles usam o crachá da em pr esa... Todos sabem que são funcionár ios da em pr esa e não da APAE.

Os depoim ent os das pessoas com defi ciência e de seus fam iliar es confi r m am que, apesar do t rabalhador com defi ciência int elect ual per m anecer na APAE e não t rabalhar na at ividade da em pr esa que o cont rat a, t al for m a de inser ção no m er cado de t rabalho lhe t raz ganhos:

Eu pr ecisava t rabalhar. Sabe bem com o é fam ília... Ant es de t rabalhar, eu m e sent ia péssim a, não t inha dinheir o. Pr ecisava com prar as coisas e t inha que ouvir m inha fa-m ília falando, falando... A cont a na far fa-m ácia sefa-m pagar : fi cava de cara grande. Ant es, eu via as coisas que t inha vont ade e não podia com prar... Com pr ei um guar da- r oupa; agora, vou com prar um a cam a. Ant es de t rabalhar, a m inha cont a da far m ácia est ava at rasada. A nossa alim ent ação era som ent e ar r oz, feij ão e m uit o m acar r ão. Eu não conseguia fazer diet a. Agora, m inha alim ent ação m udou para m elhor por que, senão, eu est aria m ais gorda do que est ou... I m agina! [ ...] Se eu perdesse o em prego, eu não saber ia o que fazer. Rezo t odos os dias para não per der o em pr ego. Não quer o nem pensar ! Ser ia péssim o para a m inha vida! Quer o aposent ar lá. ( Pr iscila - t rabalhadora com defi ciência int elect ual, 30 anos)

No caso do Diogo, foi m uit o bom , pois ele cr esceu com o hom em . Esse t rabalho aj uda a fazer com que ele t enha m ais r esponsabilidade em casa. A visão que t enho de m eu fi lho é out ra. Hoj e, t em condições de dar pr esent e para a ir m ã, a m adr inha, com o dinheir o dele. Ele é r esponsável por isso. Seu dinheir o vai para a poupança, que far á a difer ença quando eu m or r er. Foi ele que j unt ou, t rabalhou para isso. ( Juraci - pai de pessoa com defi ciência int elect ual em pr egada)

Para a em pr esa cont rat ant e, há um a valor ização e um r econhecim ent o das pessoas com defi ciência int elect ual com o ser es capazes e pr odut ivos na sociedade, o que pode ser per cebido pelo discur so de um r epr esent ant e da em pr esa XYZ, quando ele disse que “ os br indes que eles confeccionam pr est igiam a nossa em pr esa”. Esse depoim ent o m ost ra que a cont rat ação de pessoas com defi ciência e a exibição de sua pr odução são bem vist as socialm ent e, o que pode r epr esent ar um ganho de im agem para as or ganizações que ader em a t al pr át ica. Por ém , é pr eciso r essalt ar que com o a pessoa com defi ciência não est á no dia a dia da or ganização, essa cont rat ação não r efl et e um a pr át ica de diver sidade.

Categoria 2: Atividade produtiva da empresa contratante

realizada na instituição formadora

Out ra for m a de cont rat ação desses t rabalhador es obser vada na pesquisa de cam po é quando as pessoas com defi ciência int elect ual são cont rat adas pela em pr esa, r ealizando at ividade pr odut iva para a em pr esa cont rat ant e, m as nas inst alações da pr ópr ia ent idade ( APAE) que possui especialist as para lidar com esse público. Nesse caso, com o no ant er ior, apesar do fat o de t rabalhar na APAE, ver ifi ca- se na pesquisa de cam po que há um r esgat e da dignidade e da aut onom ia da pessoa com defi ciência int elect ual, confor m e m ost ra o depoim ent o a seguir.

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não t ínham os quase nada. Hoj e, com o t rabalho de Mônica, t em os t elevisão, fogão novo, sofá, e t udo com prado em nom e dela. Ah! ... Me deu t am bém um t anquinho. Lavava r oupa na m ão... Ô sofr im ent o! ... O dinheir o da m inha fi lha aj uda m uit o na despesa da casa. Ai de m im se não fosse ela! Nós valor izam os dem ais a Mônica... Ela t rabalha, é r espeit ada. ( Cláudia - m ãe de t rabalhadora com defi ciência int elect ual)

Out ro elem ent o im port ant e nesses discursos refere- se à díade ocupado/ desocu-pado. As falas das pessoas com defi ciência revelam um a im port ância ao “ est ar ocupado” em oposição ao “ fi car em casa sem fazer nada”, que é apresent ado com o algo negat ivo.

Sem pr e t ive vont ade de t rabalhar e quando com ecei foi m uit o bom . Ant es, eu não fazia nada. Ficava em casa à t oa. Eu sem pr e achava que não conseguia fazer as coi-sas. Hoj e, eu sei que consigo e posso aj udar m inha m ãe. Gost o de m im desse j eit o. ( Sandra - t rabalhadora com defi ciência int elect ual, 32 anos)

Quant o aos depoim ent os de r epr esent ant es das or ganizações cont rat ant es, o discur so m ost ra que as pessoas com defi ciência nessa m odalidade som ent e são consideradas “ com o qualquer funcionár io da em pr esa” nos dias de confrat er nizações.

Nas fest as, confrat ernização de fi nal de ano e reuniões, eles part icipam com o qualquer funcionár io, e os out r os colaborador es sem defi ciência passam a r espeit ar m ais, a t er um pouco m ais de paciência com o colega de t rabalho. ( João - r epr esent ant e da em pr esa ABC, que t em 400 funcionár ios, 12 dos quais com defi ciência)

Durant e a discussão de gr upo, a par t icipação das pessoas com defi ciência nas confrat er nizações das em pr esas cont rat ant es t am bém apar eceu com o um t em a es-pont âneo nas falas de alguns pr ofi ssionais que lidam com inser ção dessas pessoas no m undo do t rabalho. Alguns m em br os do gr upo salient am que

A r elação ent r e os funcionár ios que t rabalham dent r o da APAE e os funcionár ios que t rabalham na em pr esa se dá em m om ent os de confrat er nização, o que é im por t ant e para a int eração social das pessoas com defi ciência int elect ual.

Tam bém foi relat ada, com o est rat égia de int eração adot ada por algum as em pre-sas, a r ealização de visit as per iódicas desses funcionár ios às inst alações da em pr esa cont rat ant e, o que foi vist o com o posit ivo pelos pr ofi ssionais do m ovim ent o apaeano que at uam na ár ea, um a vez que per m it e um a apr oxim ação gradual da pessoa com defi ciência com o am bient e de t rabalho. Assim , em bora o pr opósit o da colocação se-let iva sej a que a pessoa com defi ciência at ue dir et am ent e no am bient e de t rabalho da em pr esa cont rat ant e, pr oduzindo com o os dem ais funcionár ios, é pr eciso considerar que as out ras m odalidades encont radas - quando a pessoa com defi ciência perm anece na inst it uição for m adora exer cendo at ividades de t rabalho - t am bém , t razem ganhos para a pessoa com defi ciência e seus fam iliar es.

Categoria 3: Atividade produtiva realizada

na empresa contratante

A discussão do gr upo focal ent r e os especialist as da ár ea apont ou com o “ for m a ideal de cont rat ação por colocação selet iva” aquela na qual a pessoa com defi ciência int elect ual r ealiza a at ividade pr odut iva na pr ópr ia em pr esa cont rat ant e. Cont udo, nessa cat egor ia, o discur so das pessoas com defi ciência int elect ual cont rat adas não se difer encia m uit o dos est ágios iniciais, no que diz r espeit o à per cepção do ganho que t iveram com a conquist a de aut onom ia e independência. Assim com o nas out ras for m as de cont rat ação, nest a apar ece, t am bém , nos discur sos a díade ocupação/ de-socupação, sendo est a ligada a aspect os com o “ fazer nada”, “ xingar ” e “ r eclam ar da vida”. A m aior aut oest im a conquist ada é um elem ent o igualm ent e pr esent e nesses discur sos. Muit as vezes, est á r elacionado ao conceit o de m udança ( “ sou um a pessoa m udada e feliz” ) , fat o que é evidenciado nest e t r echo do depoim ent o de um a t raba-lhadora com defi ciência int elect ual:

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pessoal. Com pr o r oupa, sapat o. Em casa, ar r um ei par t e da casa, o m eu quar t o. Tem um a doação m ensal que faço para APAE. Com pr ei um a geladeira e um a t elevisão. [ ...] Sem o t rabalho, acho que est ar ia na r ua, fazendo nada, só xingando e r eclam ando da vida ( Fát im a- 21 anos) .

Quant o ao r epr esent ant e da em pr esa, do seu discur so depr eende- se que o foco da gest ão de pessoas est á em “ adequar o por t ador de defi ciência à at ividade pr opost a”. I st o é, a concepção adot ada é a pr edom inant e no m undo do t rabalho, em que, confor m e j á assinalado, as at ividades est ão no cent r o do pr ocesso pr odut ivo, cabendo aos t rabalhadores se adequarem aos cargos e não o cont rário. É o que m ost ra o depoim ent o que se segue:

A em presa ABC, assim com o out ras em presas, t ent a adequar o port ador de defi ciência à at ividade pr opost a. Tem os hoj e vár ios colaborador es por t ador es de defi ciência que t rabalham conosco, t ant o no escr it ór io com o no pr oj et o. [ São] pessoas que, assim com o os dem ais colaborador es, t êm m et a de pr odut ividade, t rabalham sob pr essão; enfi m , são t rat ados da m esm a for m a que os out r os. ( Manoel r epr esent ant e da em -pr esa XYZ, que t em 272 funcionár ios, 15 dos quais com defi ciência)

Se, por um lado, o depoim ent o acim a evidencia que a lógica produt ivist a não m uda com a cont rat ação diret a da pessoa com defi ciência int elect ual, por out ro lado, é inegável que a presença dessas pessoas na organização e o fat o de serem cobradas “ da m esm a m aneira que os out ros” m udam a form a com o elas são vist as pelos seus pares no am -bient e de t rabalho. A capacidade produt iva e de adapt ação social nesses casos fi ca m uit o m ais evidenciada e j á se pode falar em gest ão da diversidade por part e das organizações. Quant o aos depoim ent os dos par ent es das pessoas cont rat adas por colocação selet iva, eles r evelam que os fam iliar es passam a vê- las com o indivíduos aut ônom os e capazes, e não m ais com o “ coit adinhas”. A igualdade no t rat am ent o das pessoas com defi ciência no am bient e fam iliar, t am bém , est á pr esent e no discur so dos pais ent r evist ados, com o um ganho advindo da inser ção no m undo do t rabalho. Ao com -parar o discur so dos fam iliar es com o das pessoas com defi ciência, obser va- se que o dest as r efor ça a ideia de m udança m anifest ada por seus par ent es, associando t al m udança a um pr ocesso de am adur ecim ent o pessoal decor r ent e do fat o de est ar em t rabalhando. Tr echos dos depoim ent os desses fam iliar es são apr esent ados a seguir :

Tudo difer ent e. A Silvana fi cou m ais independent e... Ant es, quando ent r ou no set or, chorava m uit o e em bur rava; depois, t udo m udou. Quando com eçou na em pr esa FGH, ela am adur eceu m uit o. [ ...] Ela t em com pr om isso com o t rabalho e gost a m uit o de est ar t rabalhando. [ ...] Na fam ília, as pessoas est ão enxer gando ela com out r os olhos. Minha m ãe, por exem plo, falava sem pre assim , “ coit adinha”, e fazia t udo por ela. Agora, t rat a ela com o t rat a as out ras net as; com car inho, sem passar a m ão na cabeça. Ela é um a ót im a fi lha. Não dá t rabalho nenhum . É m uit o r esponsável. ( Soraia - m ãe de t rabalhadora com defi ciência int elect ual) .

Resultados do grupo de discussão de especialistas

em formação de pessoas com deficiência

Os pr ofi ssionais especialist as em defi ciência int elect ual, r epr esent ant es das APAEs das seis cidades que par t iciparam do gr upo de discussão focal, foram unânim es em avaliar que a colocação selet iva é um a m odalidade de em pr ego que deve ser des-t inada a pessoas com defi ciência indes-t elecdes-t ual, as quais necessides-t am de pr ocedim endes-t os e de apoio especial.

Os pr ofi ssionais do m ovim ent o apaeano, que coor denam a inser ção de pessoas com defi ciência int elect ual no m undo do t rabalho r elat aram , na discussão em gr upo, que alguns em pr egados alegam que a m odalidade de colocação selet iva é im por t ant e, pelo alt o grau de per iculosidade da at ividade fi m de suas em pr esas. I sso difi cult a a cont rat ação de pessoas com defi ciência int elect ual, pelo r isco a que est ar iam subm e-t idas, caso ae-t uassem dene-t r o da em pr esa.

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processo. Eles falaram dos próprios defi cient es, da suas fam ílias, das organizações que cont rat am as pessoas com defi ciência e, t am bém , da com unidade de m odo geral. Os im pact os per cebidos para cada at or foram falados em difer ent es m om ent os do gr upo focal e sint et izados no Quadr o 2.

Qu a dr o 2 - Sín t e se dos I m pa ct os da Coloca çã o Se le t iv a pa r a D ife r e n t e s At or e s Socia is

At or e s socia is I m pa ct os pe r ce bidos

Pessoa com defi ciência int elect ual

Am pliação da at uação no gr upo fam iliar

Desenvolvim ent o das habilidades necessár ias a um a fut ura inclu-são na em pr esa

Elevação da aut oest im a

Vivência do dia a dia do t rabalho, enfr ent ando st r ess e assum indo o cum pr im ent o de nor m as, r egras e a pr odução

Maior est abilidade em ocional

Conquist a de aut onom ia e independência em r elação à fam ília

Fam ília da pessoa com defi ciência int elect ual

Valor ização da PD no gr upo fam iliar Geração de r enda

Melhor qualidade de vida Alim ent ação m ais saudável Dist r ibuição dos dever es no lar

Em pr esa cont rat ant e

Cum pr im ent o da r esponsabilidade social Melhor ia da im agem perant e a sociedade

Conscient ização de que é possível incluir as pessoas com defi ciên-cia int elect ual, desde que com o apoio necessár io

Cum pr im ent o da lei de cot as

Com unidade

Am pliação e conscient ização da com unidade quant o às possibili-dades de desenvolvim ent o da pessoa com defi ciência int elect ual Maior par t icipação nos espaços da com unidade, favor ecendo a r eor ganização desses espaços para r ecebim ent o da pessoa com defi ciência ( consum idor, espaços r eligiosos, academ ia et c.)

Font e: r esult ados da pesquisa

O quadr o acim a m ost ra um a diver sidade de ganhos advindos da colocação se-let iva de pessoas com defi ciência int elect ual para os difer ent es at or es sociais. Revela que esses ganhos não se r est r ingem apenas à pessoa com defi ciência, m as, t am bém , aos fam iliar es, à em pr esa cont rat ant e e à pr ópr ia com unidade.

Vale dest acar que, em bora os especialist as t enham um discur so com uso de t er m inologia m ais t écnica e um grau m ais cr ít ico em t er m os do que sej a inser ção social, eles apr esent am vár ios r esult ados que vão ao encont r o dos depoim ent os co-lhidos nas ent r evist as em pr ofundidade com os dem ais at or es sociais. Esse achado r evela que exist e um a per cepção com par t ilhada em r elação aos ganhos que a m oda-lidade de colocação selet iva pode t razer para os indivíduos e para as or ganizações, considerando- se as t r ês for m as nas quais ela pode ser r ealizada.

Discutindo os Resultados da Pesquisa

à Luz da Revisão Bibliográfica

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t rabalhar. Nos depoim ent os colhidos por Mour ão ( 2004) , fi ca clara a m udança que o t rabalho acar r et a na ident idade social das pessoas com defi ciência int elect ual, com o exem plifi ca essa fala de um t rabalhador com defi ciência: “ agora, eu sou im por t ant e na m inha fam ília, eu sou r esponsável, eu est ou t rabalhando igual t odo m undo”. Nesse sent ido, se a sociedade capit alist a é paut ada pelo m ér it o pr odut ivo, a exclusão do m undo do t rabalho é, t am bém , um t ipo de exclusão social. A esse r espeit o, Car valho ( 2003, p. 46) analisa que, para a pessoa com defi ciência int elect ual, o t rabalho signifi ca vit ór ia e não se suj eit ar ao est igm a da defi ciência, “ im plica inscr ever- se socialm ent e, ocupar lugar e função social”.

Não obst ant e ao fat o de o t rabalho r epr esent ar um ganho social, é necessár io r efl et ir se a colocação selet iva ser ia de fat o um a for m a vant aj osa de inser ir pessoas com defi ciência int elect ual no m undo do t rabalho. Não se pode fugir da discussão de que essa m odalidade de cont rat ação ( sobret udo, quando a pessoa com defi ciência não at ua dir et am ent e na em pr esa) pode r epr esent ar um a não- inser ção, pois essa pessoa não par t icipa do dia a dia da or ganização, fi cando r est r it a a visit as t écnicas agendadas e ao com par ecim ent o em dias de confrat er nização.

Nesse sent ido, é necessár io r elem brar a pr opost a de Cast el ( 1994) quando est e afi r m a que o r ecor t e dos dois eixos da int egração no t rabalho e da inser ção r elacional confi gura zonas difer ent es do espaço social. A zona de int egração supõe garant ias de t rabalho per m anent e e a possibilidade de m obilizar supor t es r elacionais sólidos; a zona de vulnerabilidade é aquela cuj o eixo do t rabalho é pr ecár io e as r edes r ela-cionais fr ágeis. Na out ra pont a, a zona de exclusão, por sua vez, conj uga ausência de t rabalho e isolam ent o social. Nesse sent ido, não se pode considerar que o fat o de est ar em r ecebendo um salár io pelo seu t rabalho - sem cont em plar o aspect o r elacio-nal - garant a por si o dist anciam ent o da zona de exclusão.

I sso não signifi ca que a colocação selet iva nas m odalidades em que o indivíduo at ua fora do am bient e da or ganização caract er ize- se com o elem ent o de exclusão. Realm ent e, m esm o nesses casos, as pessoas com defi ciência e seus fam iliar es per-cebem benefícios, com o o r econhecim ent o da capacidade pr odut iva dessas pessoas, o r ecebim ent o de um salár io ( r elacionado ao m ér it o pr odut ivo e que, nesse sent ido, dist ingue- se do Benefício de Pr est ação Cont inuada - BPC) e o fat o de r esponder pela qualidade e pela quant idade do que é pr oduzido. Mas, é necessár io r efl et ir que o t ra-balho nas or ganizações de for m ação deve ser ent endido com o um passo inicial - para casos de defi ciências com m aior grau de com pr om et im ent o int elect ual – e não com o um a for m a defi nit iva de em pr ego, o que poder ia confi gurar com o um a cont inuação dos pr ocessos excludent es.

Apesar dessa r essalva, não se pode negligenciar o fat o de que os discur sos das pessoas com defi ciência int elect ual em r elação ao t rabalho m ost ram que, nas difer ent es for m as da colocação selet iva, há um a conquist a da inclusão no espaço fam iliar. O r econhecim ent o da fam ília dá sust ent abilidade e apoio para o r esgat e de sua aut oest im a, favor ecendo a conquist a de novos espaços. Além disso, o aspect o fi nanceir o é r elevant e por que cr ia nessas pessoas o dir eit o ao exer cício do papel de consum idor e, t am bém , lhes pr opor ciona m aior aut onom ia em r elação aos seus fa-m iliar es. Há, ainda, que se considerar o fat o de essas pessoas, apesar de defi cient es, t er em a capacidade pr odut iva de auxiliar no equilíbr io fam iliar e, assim , m odifi car a for m a com o são per cebidas pelos par ent es.

Tissi ( 2000) , no seu est udo, r efor ça esse ar gum ent o, ao afi r m ar que o pr ocesso e as condições de t rabalho at est am que inclusão e exclusão não são polos ant agôni-cos. Podendo- se infer ir que, em qualquer desses est ágios, as pessoas com defi ciência int elect ual fazem par t e de um pr ocesso pr odut ivo e, m ais do que isso, de um pr ocesso social que se desdobra em m últ iplas r elações e dim ensões sociais. Para Tissi, a inser-ção no t rabalho, independent em ent e da sua for m a, pr om ove a int egrainser-ção econôm ica, gera r enda e possibilit a a pr ópr ia subsist ência e a da fam ília, bem com o o acesso ao consum o e aos r ecur sos m at er iais.

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um a fam ília e opor- se aos vagabundos, aos que não t êm disposição ou capacidade para o t rabalho e aos m endigos, cat egor ias ligadas, nas suas r epr esent ações, à deso-nest idade ( TI SSI , 2000) . No plano da sociabilidade, a inser ção no t rabalho pr om ove a am pliação das r elações sociais, pessoais ou com er ciais, sej am boas ou r uins, fazendo oposição ao isolam ent o.

Dessa for m a, a discussão apont a que não é som ent e o t rabalho dent r o da em pr esa que favor ece a inser ção desses t rabalhador es. As for m as de colocação se-let iva, nas quais o t rabalho acont ece na inst it uição de defesa dessas pessoas, podem ser vist os com o pr ocessuais e im por t ant es para a pessoa com defi ciência int elect ual desenvolver- se com o indivíduo na sociedade, com o ser hum ano pr odut ivo e consum i-dor. Tam bém é im por t ant e para as em pr esas, que passam a t er algum cont at o com esses t rabalhador es que se iniciam no m undo do t rabalho.

Nesse sent ido, é pr eciso não só discut ir se a m odalidade de colocação selet iva, em qualquer de suas for m as, ser ia ou não considerada cum pr idora das cot as de con-t racon-t ação de pessoas com defi ciência, m as, con-t am bém , discucon-t ir aspeccon-t os que vão além da lei, um a vez que

cont rat ar a pessoa com defi ciência apenas para cum pr ir um a lei, sem r em over os obst áculos exist ent es no cam inho que ela t er á que per cor r er para buscar um t rabalho, acabar á colaborando para cr iar o est igm a de que ela não possui com pet ência para disput ar o m er cado com pet it ivo ( TANAKA; MANZI NI , 2005, p. 292) .

O gr upo de discussão focal consider ou que a alt er nat iva de em pr ego apoiado poder ia funcionar com o um a “ pont e” para um a cont rat ação, que per m it ir ia um a in-t egração social m ais am pla da pessoa com defi ciência inin-t elecin-t ual com o m undo do t rabalho e com a sociedade em geral. Tal conclusão é r efor çada pelo est udo de Mour ão e Bor ges- Andrade ( 2005) , r efer ido na base t eór ica, o qual apont a para um a m aior valorização do conhecim ent o pelas em presas, em cont rapont o às lim it ações cognit ivas dos t rabalhador es com defi ciência int elect ual, dem onst rando, assim , que é pr eciso r e-fl et ir sobr e alt er nat ivas de pr om oção do acesso desse público ao m er cado de t rabalho. Sem dúvidas, a per cepção da diver sidade com o quest ão social vai m uit o além do m er o cum pr im ent o de um a obr igação legal, pois, além de cont rat ar a pessoa, é pr eciso inser i- la, o que dem anda sensibilização de t odos que at uam na or ganização e não apenas de seus dir igent es ou da ár ea de gest ão de pessoas. Segundo Car valho-Freit as ( 2009a) , a percepção dos benefícios da cont rat ação de pessoas com defi ciência est á associada com as ações de sensibilização, ou sej a, aum ent ando- se as ações de sensibilização, aum ent a- se, t am bém , esse t ipo de per cepção ent r e as pessoas.

Cont udo, não se pode deixar de obser var que as falas dos em pr egador es sobr e o t rabalho da pessoa com defi ciência, no est udo de Tanaka e Manzini ( 2005) , r evelam que o foco da gest ão de pessoas est á em “ adequar o por t ador de defi ciência à at ivi-dade pr opost a”. I st o é, a concepção adot ada é a pr edom inant e no m undo do t rabalho, no qual as at ividades est ão no cent r o do pr ocesso pr odut ivo, devendo o t rabalhador se adequar aos car gos e não o cont r ár io, com o pr opõe a t eor ia er gonôm ica de linha francofônica. Esse achado r efer enda a lit erat ura que indica um deslocam ent o da pr eo-cupação com a dim ensão social da diver sidade para um a dim ensão t écnica, ou sej a, o foco no ser hum ano com o r ecur so a ser adm inist rado ( ALVES; GALEÃO- SI LVA, 2004) .

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A r espeit o da pr át ica das em pr esas de concent rar em - se num único t ipo de de-fi ciência ou de buscar em apenas pessoas com dede-fi ciências leves, o MTE considera que essa at it ude pode ser ent endida com o um a prát ica discrim inat ória e que a fi nalidade da legislação é garant ir o acesso ao t rabalho a pessoas de t odas as cat egor ias de defi ci-ência ( BRASI L, 2007) . Cont udo, as pesquisas m ost ram que as pessoas com defi cici-ência int elect ual ou defi ciência m últ ipla são as que t êm m enos chances de conseguir t rabalho. Com o as caract er íst icas de lim it ação cognit iva das pessoas com defi ciência int elect ual vão de encont r o ao que é valor izado at ualm ent e no m undo do t rabalho - onde o au-m ent o da deau-m anda cognit iva é uau-m a realidade ( MOURÃO; BORGES-ANDRADE, 2005) - , é pr eciso pensar em est rat égias que am pliem o cont ingent e de cont rat ados com esse t ipo de defi ciência nas or ganizações. Nesse sent ido, fi ca evident e a necessidade de se pensar for m as de cont rat ação que consigam espaço para as pessoas com defi ciência int elect ual nesse cenár io t ão pouco am ist oso. A m odalidade de cont rat ação selet iva par ece ser um a das saídas para a inser ção de t ais pessoas no t rabalho, m er ecendo ser m ais pesquisada e discut ida.

Considerações Finais

O pr esent e est udo buscou debat er se a colocação selet iva ser ia um a for m a de inser ção da pessoa com defi ciência no m undo do t rabalho e quais ser iam as vant a-gens e desvant aa-gens dessa m odalidade de cont rat ação. Um a pr im eira consideração a ser feit a é que, sej a por m eio da colocação selet iva ou de out ra m odalidade ( com o a cont rat ação com pet it iva) , o fat o de a pessoa com defi ciência est ar t rabalhando, m ost rando sua capacidade pr odut iva e r ecebendo um pagam ent o em t r oca do seu t rabalho r epr esent a um im por t ant e ganho social.

Os r esult ados dest a pesquisa per m it em concluir que o t rabalho é um a das vias para se const r uir a cidadania dos que t êm defi ciência int elect ual. Os dados m ost ram que o fat o de t rabalhar m odifi ca a for m a com o esse t ipo de defi cient e é vist o pelos seus fam iliar es, pela sociedade e por eles pr ópr ios, com visíveis r efl exos sobr e a au-t oesau-t im a, a auau-t onom ia e o r econhecim enau-t o social.

De acor do com os r esult ados dest a pesquisa, o ideal é desenvolver um pr ocesso de t rabalho com as em pr esas para que a colocação selet iva ocor ra de for m a que esses t rabalhador es exer çam suas at ividades dent r o da em pr esa. Essa é a m elhor for m a de garant ir o acesso, a igualdade de opor t unidades e, quiçá, a inclusão dessas pessoas no m eio em pr esar ial. Obser va- se, no ent ant o, que, m esm o quando os t rabalhador es com defi ciência int elect ual exer cem suas at ividades fora da em pr esa, pr oduzindo no am bient e das inst it uições de for m ação pr ofi ssional, t am bém , é pr om ovida a indepen-dência dessas pessoas e a sua valor ização social, um a vez que elas passam a r eceber pelo que pr oduzem , ao invés de ser em cont em pladas com um benefício social para pessoas “ incapacit adas”.

Os dados da pesquisa qualit at iva m ost ram que as pessoas com defi ciência int elect ual t êm capacidade pr odut iva, em bora nem sem pr e est ej am pr eparadas para ser em cont rat adas por um a or ganização de t rabalho e exer cer em seu ofício nest e am bient e. Talvez, no caso dessas pessoas, a colocação selet iva possa ser feit a em et apas. Pr im eir o, elas podem com eçar a t er sua pr odução ar t esanal com prada pela em pr esa cont rat ant e, o que pode ser pr oveit oso para a apr endizagem sobr e cobrança de desem penho e relacionam ent o com chefi a; passando, depois, a produzirem produt os dir et am ent e r elacionados às em pr esas cont rat ant es, o que evidencia sua capacidade pr odut iva em out r os set or es que não apenas o ar t esanat o, além de cont r ibuir para a apr endizagem das exigências sociais de cum pr im ent o dos padr ões de qualidade de pr odução, e; fi nalm ent e, com eçar em a at uar no am bient e or ganizacional, no qual, além da quest ão da apr endizagem da pr odução, há um a sér ie de out ras apr endiza-gens r elat ivas ao convívio social, ao r elacionam ent o ent r e par es, ao at endim ent o das nor m as de segurança no t rabalho et c..

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