• Nenhum resultado encontrado

Avaliação do bloqueio epidural como terapêutica em pacientes com ciatalgia secundária a herniação discal lombar.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Avaliação do bloqueio epidural como terapêutica em pacientes com ciatalgia secundária a herniação discal lombar."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

w w w . r b o . o r g . b r

Artigo

original

Avaliac¸ão

do

bloqueio

epidural

como

terapêutica

em

pacientes

com

ciatalgia

secundária

a

herniac¸ão

discal

lombar

Rogerio

Carlos

Sanfelice

Nunes

a,∗

,

Elenir

Rose

Jardim

Cury

Pontes

b

e

Izaias

Pereira

da

Costa

c

aUniversidadeFederaldeMatoGrossodoSul(UFMS),CampoGrande,MS,Brasil

bUniversidadeFederaldeMatoGrossodoSul(UFMS),CentrodeCiênciasBiológicasedaSaúde,ProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdee

DesenvolvimentonaRegiãoCentro-Oeste,CampoGrande,MS,Brasil

cUniversidadeFederaldeMatoGrossodoSul(UFMS),FaculdadedeMedicina,DepartamentodeClínicaMédica,CampoGrande,MS,

Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem5deagostode2015 Aceitoem25desetembrode2015

On-lineem19dejaneirode2016

Palavras-chave:

Deslocamentododisco intervertebral

Dorlombar Bloqueionervoso

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Adorciáticasecundáriaahérniadiscallombarécondic¸ãocomplexae,muitas vezes,intensamentelimitante.Ascausasdedornaherniac¸ãodiscalsãomultifatoriais.Na dordiscogênicaháenvolvimentodedoismecanismosfisiopatológicos:adeformac¸ão mecâ-nicadasraízesnervosaseocomponentebioquímicoinflamatório,queresultadocontato dodiscointervertebral,atravésdonúcleopulposo,comotecidoneural.Oobjetivodesta investigac¸ãofoiverificaraeficáciaeaseguranc¸adobloqueioepiduralcomoterapêuticaem hérniasdiscaislombaresprotrusas.

Métodos:Empreendeu-seumensaioclínicocombaseemlevantamentoretrospectivoe pros-pectivo.Obloqueiofoifeitoporpunc¸ãointerlaminarcomadministrac¸ãodefármacosem bolo.Onúmerodeprocedimentosvariouconformeaevoluc¸ãoclínica,comavaliac¸ões sema-naise,finalmente,aos30,90e180diasdaúltimasessão.Foramavaliados124pacientes, quereceberamdeumacincobloqueios.

Resultados:Ataxadesucesso(consideradocomoreduc¸ãodenomínimo80%nadorciática) foide75,8%.

Conclusão:Osresultadosrevelaramaac¸ãoterapêuticadobloqueioepiduralemcurtoprazo –ouseja,nadoraguda–edemonstraramqueadorciáticaintensaeexcruciantepode seraliviadacomessatécnica.Agênesemultifatorialdaciatalgiaeasdificuldades encon-tradaspelosprofissionaisemseutratamentopermitemqueobloqueioepiduralintegreo

TrabalhodesenvolvidonaClínicadeDor,CampoGrande,MS,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:rsanfelicenunes@terra.com.br(R.C.S.Nunes).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.09.005

(2)

arsenalterapêuticodisponível.Oprocedimentoinsere-seentreotratamentoconservador, eminentementeclínico,eocirúrgico.

©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Evaluation

of

epidural

blockade

as

therapy

for

patients

with

sciatica

secondary

to

lumbar

disc

herniation

Keywords:

Intervertebraldiscdisplacement Lumbarpain

Nerveblock

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective: Sciaticpainsecondarytolumbardischerniationisacomplexconditionthatis oftenhighlylimiting.Thecausesofpainindischerniationaremultifactorial.Two physio-pathologicalmechanismsareinvolvedindiscogenicpain:mechanicaldeformationofnerve rootsandabiochemicalinflammatorycomponentresultingfromcontactbetweenthe inter-vertebraldiscandneuraltissue,bywayofthenucleuspulposus.Theaimofthisstudywas toevaluatetheefficacyandsafetyofepiduralblockadeastherapyforbulginglumbardisc herniation.

Methods: Aclinicalstudywasconductedbasedonaretrospectiveandprospectivesurvey. Theblockadeconsistedofinterlaminarpunctureandbolusdrugdelivery.Thenumberof proceduresvariedaccordingtotheclinicalresponse,asdeterminedthroughweekly eva-luationsandthen30,90,and180daysafterthefinalsession.Atotalof124patientswho receivedonetofiveblockadeswereevaluated.

Results: Thesuccessrate(definingsuccessasareductioninsciaticpainofatleast80%)was 75.8%.

Conclusion: Theresultsdemonstratedthetherapeuticactionofepiduralblockadeoverthe shortterm,i.e.incasesofacutepain,thusshowingthatintenseandexcruciatingsciatic paincanberelievedthroughthistechnique.Becauseofthemultifactorialgenesisofsciatica andthedifficultiesencounteredbyhealthcareprofessionalsintreatingthiscondition, epi-duralblockadecanbecomepartoftherapeuticarsenalavailable.Thisprocedureissituated betweenconservativetreatmentwithaneminentlyclinicalfocusandsurgicalapproaches. ©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

O1.◦ConsensoBrasileirosobreLombalgiaseLombociatalgias1 classifica as lombalgias segundo causas mecânico--degenerativas e causas não mecânicas (inflamatórias, infecciosas, metabólicas e psicossomáticas; fibromialgia; síndrome miofascial). As causas mecânico-degenerativas envolvemalterac¸õesestruturais,biomecânicas,vascularesou umainterac¸ãodessas.2–4

Agrandevariabilidadedasapresentac¸õesclínicasreflete a localizac¸ão da dor em seus diversos níveis.1 Dores lombares com irradiac¸ão à extremidade distal de mem-bro inferior que pioram com manobra de Valsalva indi-cam origem neurológica; dores que se irradiam até as nádegas ou a face posterior da coxa e se modificam com movimentac¸ão da coluna lombar, têm provável ori-gem mecânica. Embora causas vasculares também devam ser pesquisadas (claudicac¸ão, anormalidades de tempera-tura, colorac¸ão etc.),5 ciatalgias adequadamente caracteri-zadas tendem a ser o principal indicativo de herniac¸ão discal.6

A herniac¸ão discal resulta de fatores biomecânicos, alterac¸õesdegenerativasesituac¸õesqueincrementama pres-são sobre o disco – evoluc¸ão que pode ou não revelar-se sintomática.

A relac¸ão entre processo degenerativo discal, des-locamento de material nuclear e lombalgia permanece controversa,emboraahérniadiscaltendaaresolver-se espon-taneamentejánoprimeiromês.7,8 Ressonânciasmagnéticas têmevidenciadodegenerac¸ãodiscalem34%dosindivíduos com20-39anos,59%naquelesde40-50anose93%nosde 60-80anos.Hádificuldade,porém,deatribuirlombalgiaaesses achados.9

Nas lombalgias de causa mecânico-degenerativa, vem buscando lugar no arsenal clínico não cirúrgico o blo-queio peridural, ou epidural. Dada a gênese multifatorial da lombociatalgia,parcialmenterelacionadacomprocessos inflamatórios,devidoàpresenc¸adematerialdegenerativo dis-cal noespac¸o epidural,ainjec¸ão de anti-inflamatóriosnas proximidades do sítio de origem da dor constitui procedi-mentocoerente.

(3)

aportadores de discopatias lombares,particularmente nos casosdetratamentocirúrgico,indicadoemcercade1%a2% dospacientes,10obloqueioperiduralfazpartedaterapêutica quebuscacoibirorecursoàcirurgia.

Este estudo teve por objetivos verificar a eficácia e a seguranc¸adobloqueioepiduralcomoterapêuticaemhérnias discaisprotrusaslombares;estimarataxadesucessodo blo-queioepiduralemhérniasprotrusas; verificara associac¸ão entreo resultado dobloqueioepiduraleas variáveis sexo, idade,quantidadedebloqueioseusodemedicac¸ãoadjuvante; ecompararospercentuaisdereduc¸ãodedoraos30,90e180 diasdeacompanhamento,emrelac¸ãoàsseguintesvariáveis: resultadodobloqueioepidural,quantidadedebloqueioseuso demedicac¸ãoadjuvante.

Material

e

métodos

Empreendeu-seumensaioclínicocombaseemlevantamento retrospectivo(prontuárioseentrevistasiniciaiscom pacien-tes)eprospectivo(entrevistasapósoiníciodotratamento).

Critérios de inclusão: idade ≥ 18 anos; portar dor lom-bar irradiada à face posterior da coxa, estendendo-se ao membroinferiorcorrespondente; dor comtrajeto compatí-velcom raizacometidaeassociada aalterac¸õesdecaráter sensitivo-subjetivo;examedeimagemdiagnosticando disco-patialombarcomoherniac¸ãoprotrusa.Critériosdeexclusão: cirurgiaprévia;doenc¸asinflamatóriascrônicas/degenerativas; herniac¸õesdiscais extrusasou migradas;doenc¸as infeccio-saslocaisousistêmicas;neoplasias;dorcrônicasecundária afibroseepidural(síndromepós-laminectomia).

Participaram do estudo todos os pacientes que compa-receram em2012aumaclínica dedor situada emCampo Grande,MS, equeatenderam aoscritérios deinclusão. Os pacientesforamavaliadosretrospectivaeprospectivamente 30,90 e180dias após receberembloqueioepidural.Foram avaliadosclinicamentepelomesmoexaminador,tantoantes quantodepoisdoiníciodotratamento,comousodaEscala AnalógicaeVisual(EAV),11eforamsubmetidosaradiografia simples e ressonância nuclear magnética ou tomografia computadorizada.

Osbloqueios,feitospelomesmomédicoanestesista, obe-deceramaprotocolo.Apunc¸ãointerlaminarcorrespondeuà lesãoevidenciadanosexamesdeimagem,manteve-seobisel da agulha voltadopara o lado da lesão. Administraram-se embolo:bupivacaína0,5%(2mL),metilprednisolona(80mg), clonidina(30a75␮g,conformeidadeecondic¸ões clínicas),

morfina (1mg) e soro fisiológico q.s.p. (10mL). O paciente encontrava-sesentado,assumiaaseguir,sepossível, decú-bitolateral.Seocorressemanifestac¸ãodolorosa,adotava-se a posic¸ão antálgica mais conveniente. Seguia-se repouso (15min)àsmedicac¸ões.Sehouvesseabolic¸ãocompletadador, nãose aplicava novoprocedimento. Seocorressemelhoria parcial,aplicou-senovoprocedimentosetea10diasapóso ini-cial.Sehouvessemelhoriaclínicaparcial,acrescentavam-se novosbloqueios(atécinco).

Procedeu-se a avaliac¸ões clínicas seriadas semanais duranteosbloqueioseaos30,90e180diasdoúltimo(ouúnico) bloqueioeseguia-seamesmanormatizac¸ão.Nessasocasiões, procedeu-seaexamefísicogeraleespecíficoefez-seusoda EscalaAnalógicaeVisualpelopacienteepelomédico.

Para comparar as proporc¸ões de pacientes com ousem reduc¸ão dolorosa após bloqueio (desfecho) e as variáveis independentes (sexo,faixa etária, quantidade debloqueios eusodemedicac¸ãoadjuvante),aplicaram-seos testes qui--quadrado e qui-quadrado de tendência. Calcularam-se os riscosrelativoscomintervalosdeconfianc¸ade95%.

Paracompararpercentuaisdereduc¸ãodedorciáticaentre osperíodosdeacompanhamento(30,90e180dias),aplicou-se otestedeFriedman(dadosemparelhados).Paraasvariáveis resultado dobloqueio epidural, quantidade de bloqueiose medicac¸ãoadjuvanteusaram-seostestesdeKruskal-Wallis (trêsgruposindependentes)eMann-Whitney(doisgrupos).

Adotou-seníveldesignificânciade5%.Usaram-seos pro-gramasEpi-Info,versão7,12eBio-Estat,versão5.3.13

OestudofoiaprovadopeloComitê deÉtica emPesquisa emSeresHumanos,daUniversidadeFederaldeMatoGrosso do Sul (protocolo 2234, CAAE 0359.0.049.000-11, 9/11/2011). Assinaram-seTermosdeConsentimentoLivreeEsclarecido. Atenderam-seaosdemaisrequisitoséticos.

Resultados

Dos129portadoresdeherniac¸ãodiscallombarselecionados, cinco desistiram,oqueresultouemseguimentode124(62 homense62mulheres),predominantementecommaisde30 anos(tabela1;faixa:18-79anos;média:50±14anos).Desse

Tabela1–Portadoresdeherniac¸ãodiscallombar, segundovariáveisinvestigadas

Variáveis N %

Sexo

Feminino 62 50,0

Masculino 62 50,0

Idade(anos)

Seminformac¸ão 6 4,8

≤30 13 10,5

31-50 51 41,1

≥50 54 43,6

Bloqueios

Seminformac¸ão 4 3,2

1 41 33,1

2 41 33,1

3 32 25,8

4 4 3,2

5 2 1,6

Medicac¸ãoadjuvante

Sim 46 37,1

Não 78 62,9

Esquemamedicamentoso

Semmedicac¸ão 78 62,9

Gabapentina 20 16,1

Pregabalina 13 10,5

Duloxetina+corticoterapia 4 3,2

Pregabalina+corticoterapia 4 3,2

Gabapentina+corticoterapia 3 2,5

Carbamazepina 1 0,8

Corticoterapia 1 0,8

(4)

Tabela2–Portadoresdeherniac¸ãodiscallombar,segundoquantidadedebloqueiosepiduraisetempodecorridodesdeo último(ouúnico)bloqueio

Bloqueios 30dias(n=14) 90dias(n=91) 180dias(n=19)

N % N % N %

Seminformac¸ão 4 28,6 – – – –

1 5 35,7 30 33,0 6 31,6

2 4 28,6 32 35,2 5 26,3

3 1 7,1 24 26,4 7 36,8

4 – – 3 3,3 1 5,3

5 – – 2 2,1 – –

Fonte:Arquivodohospital,2012.(n=124).

total,66,2%receberamumoudoisbloqueios(faixa:1-5;média: 2±1).

Administrou-semedicac¸ãoadjuvantea37,1%, predomina-ramgabapentinaepregabalina.Corticoterapia,únicaouem associac¸ãocom outromedicamento,foipoucousada (crité-rio:melhoria parcialassociadaainterrupc¸ãodosbloqueios epidurais).

Considerando-se a quantidade de bloqueios e o tempo decorrido desde o último (ouúnico) (tabela 2), constatou--sequeparao períodode 30diaspredominarampacientes combloqueioúnico(35,7%);paraode90dias,doisbloqueios (35,2%); para o de 180 dias, três bloqueios (36,8%). Clini-camente,períodos de tratamento maislongospressupõem maiornúmerodebloqueios.

Ataxade sucesso(reduc¸ão≥80%nadorciática) foide 75,8%(68,3%-83,3%;IC95%).Ataxadeinsucessofoide24,2% (em 8,9%, obloqueio foi ineficaz,mas semcirurgia subse-quente,poisospacientesabandonaramoprotocolo,optaram portratamentomedicamentosoouacupuntura,entreoutras abordagens; 12,9% receberam cirurgia, devido a resultados clínicosdesfavoráveisapósosbloqueios;2,4%apresentaram recidivaapósreduc¸ãode95%-100%dadorcomobloqueio).

Não houve associac¸ão significativa entre insucesso ou sucessodatécnicaesexo,idade,quantidadedebloqueiose usodemedicac¸ãoadjuvante(tabela3).

Nos primeiros 90 dias pós-bloqueio, o percentual de reduc¸ão da dor aumentou, comparado com 30 dias pós--bloqueio(fig.1).Pacientessemmedicac¸ãoadjuvantetiveram maiorpercentualdereduc¸ãodedorciáticacomobloqueio.

100 80 60 40 20 0 Insucesso

Sucesso 1 bloqueio 2 bloqueios 3 bloqueios 4 ou 5 bloqueios Não medicados Medicados

Porcentagem de redução de dor lombar

180

90 30

Figura1–Reduc¸ãodadoremportadoresdeherniac¸ão discallombar,segundovariáveisinvestigadasedias decorridosapósbloqueioepidural.CampoGrande,MS, 2012(n=124).

Noacompanhamentode30diasconstatou-semenor por-centagemdereduc¸ãodedorempacientessubmetidosadois bloqueios(fig.1).Paraacompanhamentosde90e180dias,essa diferenc¸anãofoisignificativa.

Quantoaotempodetratamentocombloqueio,14 pacien-tesforamreavaliadosem30dias:14,3%obtiveramsucessona reduc¸ãodadorciática;nos91reavaliadosem90dias,houve 87,9%desucesso;nos19reavaliadosem180dias, obtiveram--se63,2%dedesfechosbem-sucedidosapósoúltimobloqueio (fig.2).

Discussão

Doresdecorrentesdediscopatialombar,maisespecificamente dahérniadiscallombar,irradiam-seaolongodomembro infe-riorenotrajetodaraiznervosalesada,comdéficitsensitivo e/oumotorsecundárioàdisfunc¸ãoneuraldessaraiz.14Sua fisiopatologiaenvolvetantocausasmecânicas,compressivas, daraizlombar,15,16quantobioquímicas,inflamatórias.17

Embora as causas mecânicas tenham sido focalizadas desdeadescric¸ãodacondic¸ãocomodoenc¸adodisco inter-vertebral por Mixter,18 os fatores inflamatórios receberam investigac¸ãoadequadamaisrecentemente,emmuitos estu-dosexperimentais.14,19–21

Há evidências de comprometimento dosistema imuno-lógico na reac¸ão entre a raiz nervosa e o núcleo pulposo exposto.Osglicoesfingolipídeos(GSLs)sãocomponentes celu-lares decertostipos decélulas dosistemanervosocentral e periférico.22,23 Em estudo sobreherniac¸ão discal seguida de discectomia, evidenciou-se a presenc¸a de anticorpos

2

80

12

12 11 7

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

180 dias 90 dias

30 dias

Período de tratamento

Número de pacientes

Sucesso Insucesso

(5)

Tabela3–Portadoresdeherniac¸ãodiscallombar,segundoresultadodobloqueioepiduralevariáveisinvestigadas

Variáveis Bloqueioepidural p RR(IC95%)

Insucesso(n=30)a Sucesso(n=94)

N % N %

Sexo

Feminino 16 25,8 46 74,2

0,675b 1

Masculino 14 22,6 48 77,4 1,14(0,61-2,14)

Idade(anos)

>50 13 24,1 41 75,9

0,981c

1

31-50 13 25,5 38 74,5 0,94(0,48-1,84)

≤30 3 23,1 10 76,9 1,04(0,35-3,13)

Seminformac¸ão 1 16,7 5 83,3 –

Númerodebloqueios

1 8 19,5 33 80,5

0,931c

1

2 10 24,4 31 75,6 0,80(0,35-1,82)

3 7 21,9 25 78,1 0,89(0,36-2,20)

4-5 1 16,7 5 83,3 1,17(0,18-7,78)

Seminformac¸ão 4 100,0 -

-Medicac¸ãoadjuvante

Sim 13 28,3 33 71,7

0,417b 1

Não 17 21,8 61 78,2 1,30(0,70-2,42)

Sep≤0,05,diferenc¸asignificativa.Acategoria“seminformac¸ão”,quandopresente,foisuprimidadocálculodoteste. Fonte:Arquivodohospital,2012.(n=124).

a Reduc¸ão<80%nadorlombarapósbloqueio.

b Qui-quadrado.

c Qui-quadradodetendência.

anti-GSLemtaxaselevadasem54%dospacientes.Em pacien-tesnãooperadoseportadoresdeciatalgiaaguda,essastaxas elevaram-sea71%.24

Estão,portantoenvolvidosnagênesedadorciática compo-nentesmecânicos,inflamatórioseimunológicosrelacionados àcompressão.

Afisiopatologiadadorciáticacaracteriza-sepelofatode queonúcleopulposo,queprovocareac¸ãoinflamatória, acar-retaenvolvimentodosprincipaismediadoresinflamatóriose levaadesmielinizac¸ão,isquemiadogângliodaraizeaumento dapressãoendoneural,comconsequentediminuic¸ãoda velo-cidade de conduc¸ão do estímulo nervoso.24 A essa reac¸ão inflamatóriasegue-searespostaimunológica.

Ousode corticoidesassociados aanestésicoslocaisem sítioepiduralécomumemvárioscentrosdereferênciapara tratamentoderadiculopatias.25,26 NoBrasiloprocedimento difundiu-seapartirdoideáriodeJohnBonicaapudCastro.27 Éreconhecidoqueaanalgesiamultimodaléamaisadequada paraotratamentodaciatalgia.28

Apunc¸ão lombar (tantomediana como paramediana) é apontadacomopreferívelàsacral,devidoàmenorvariac¸ão anatômica,maior facilidade de localizac¸ão edeposic¸ão da soluc¸ãomaisproximalmenteàlesão.29 Ousoda fluorosco-piaécontroverso.CannoneAprill26apontamaocorrênciade desvioderotaem18%-52%doscasos,conformearotausada eaexperiênciadoprofissional.SegundoJohnsonetal.,30os resultadossãofavoráveisemcercade95%doscasos,semuso defluoroscopiacomcontraste.

A obtenc¸ão do efeito desejado com um único procedi-mento torna pouco provável a necessidade de repeti-lo.31 Há porém pacientes que, sem resposta satisfatória inicial,

respondemaumsegundoouterceiroprocedimento.26 Swer-dloweSayle-Creer32postulamqueasoluc¸ãodevepermanecer no localpormaisdeduas semanas.Chenetal.33 corrobo-ramavalidadedointervalodeduassemanas,masadmitem repetir o procedimento em intervalo menor se o cenário clínico assimorequerer.Não concordam, noentanto, com “padronizar”umasériedetrêsbloqueiossemavaliac¸ão clí-nica intercorrente, embora a experiência demonstre que o número deprocedimentoséhabitualmentedetrêsou qua-tro. Apontam não haver respaldo bibliográfico para essa conduta.

Emnossacasuística,constatou-se75,8%desucesso;12,9% dospacientes foram posteriormentesubmetidosa cirurgia; um paciente apresentou importante retenc¸ão urinária por cercadeseishorasapósobloqueio,sembenefícioanalgésico associado;doisnãoobtiveramsucessocomatécnica(errode punc¸ãooupunc¸ãodedura-máter),comabortamentodo pro-cedimento.Ostrêsforamincluídosnogrupoposteriormente encaminhadoacirurgia.

Aponta-sequede10%a15%dospacientescomciatalgia secundáriaaumaherniac¸ão discalsãosubmetidosa trata-mento cirúrgico,34 o que tem correspondênciacom nossos achados(tabela3).

Resultados positivos requereram em média dois blo-queios, obedecendo a protocolos internacionais vigentes. Administrou-semedicac¸ãoadjuvantea37,1%dospacientes (tabela1).

(6)

clínicadecriseálgicaetambémpermitedelinearo prognós-ticodecirurgiafutura.35

Em estudo prospectivo, Riew et al.36 concluíram que pacientes com radiculopatia lombarem umoudois níveis poderiam ser submetidos a bloqueio epiduralcomo tenta-tivadeevitarprocedimentoscirúrgicos.Posteriormente,Riew etal.observaramqueospacientesquehaviamevitadocirurgia grac¸asaobloqueioepiduralporpelomenosumano continu-aramaapresentarevoluc¸ãofavorávelapóscincoanos.

Limitac¸ões

do

estudo

Podemserconsideradaslimitac¸õesinerentesaestapesquisa as referentes ao tamanho da amostra (124 pacientes) e à selec¸ãodossujeitos(inclusãorestritaàquelesque compare-ceramaumamesmaclínicasituadaemCampoGrande,MS, noperíodoinvestigado).Porrazõeséticas,oestudonãoincluiu grupo-controle,demodoaevitarquequaisquerpacientes fos-semprivadosdotratamentoadministrado.

Conclusões

Considerando-seaslimitac¸õesinerentesaesteestudo,o pro-cedimentorevelou-seeficaz,umavezquetrouxealíviodador ciáticaa75,8%dospacientes,eseguro,poisapenastrêscasos (2,4%)apresentaramproblemastécnicos(distúrbiodafunc¸ão vesicalemumeerrodepunc¸ãoemdois).

Omelhorresultadoclínicoobtido(87,9%desucesso)como maiornúmerodepacientes(91)foiobservadocom90diasde seguimento.

Não se observou associac¸ão entre bloqueio epidural (sucesso/insucesso)easvariáveissexo,idade,númerode pro-cedimentoseusodemedicac¸ãoadjuvante.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

r

e

f

e

r

ê

n

c

i

a

s

1. CecinHA.Consensobrasileirosobrelombalgiase

lombociatalgias.SãoPaulo,Uberaba:SociedadeBrasileirade Reumatologia,FaculdadedeMedicinadoTriânguloMineiro; 2000.

2. BassamBA.Lowbacksyndromes.Thechallengeofaccurate diagnosisandmanagement.PostgradMed.1990;87(4):209–15.

3. McQuayHJ,MooreRA.Epiduralcorticosteroidsforsciatica.In: McQuayHJ,MooreRA,editors.Anevidence-basedresource forpainrelief.NewYork:OxfordUniversityPress;1998. p.216–8.

4. NachemsonAL,AnderssonGB.Classificationoflow-back pain.ScandJWorkEnvironHealth.1982;8(2):134–6.

5. CoxJM.Dorlombar:mecanismo,diagnósticoetratamento.6 ed.Manole:SãoPaulo;2002.p.17–30,377-507.

6. DeyoRA,Tsui-WuYJ.Descriptiveepidemiologyoflow-back painanditsrelatedmedicalcareintheUnitedStates.Spine (PhilaPa1976).1987;12(3):264–8.

7.BozzaoA,GallucciM,MasciocchiC,AprileI,BarileA, PassarielloR.Lumbardiskherniation:MRimaging assessmentofnaturalhistoryinpatientstreated withoutsurgery.Radiology.1992;185(1):135–41.

8.BodenSD,DavisDO,DinaTS,PatronasNJ,WieselSW. Abnormalmagnetic-resonancescansofthelumbarspinein asymptomaticsubjects.Aprospectiveinvestigation.JBone JointSurgAm.1990;72(3):403–8.

9.NachemsonAL,JonssonE,editors.Neckandback:the scientificevidenceofcauses,diagnosisandtreatment. Philadelphia:LippincottWilliams&Wilkins;2000.

10.SouzaFAE,PereiraLV,HortenseP.Avaliac¸ãoemensurac¸ãoda percepc¸ãodador.In:AlvesNetoO,CostaCMC,SiqueiraJTT, TeixeiraMJ,editors.Dor:princípioseprática.PortoAlegre: Artmed;2009.p.370–81.

11.CentersforDiseasesControlandPrevention(CDC).EpiInfo 2011:version7:programsforusebypublichealth

professionals.Atlanta:CDC;2011.

12.AyresM,AyresJM,AyresDL,SantosAAS.BioEstat:aplicac¸ões estatísticasdasciênciasbio-médicas:versão5.0.Belém: SociedadeMamirauá;2007.

13.OlmarkerK,StørksonR,BergeOG.Pathogenesisofsciatic pain:astudyofspontaneousbehaviorinratsexposed toexperimentaldischerniation.Spine(PhilaPa1976). 2002;27(12):1312–7.

14.KawakamiM,WeinsteinJN,ChataniK,SprattKF,MellerST, GebhartGF.Experimentallumbarradiculopathy.Behavioral andhistologicchangesinamodelofradicularpainafter spinalnerverootirritationwithchromicgutligaturesinthe rat.Spine(PhilaPa1976).1994;19(16):1795–802.

15.WinkelsteinBA,WeinsteinJN,DeLeoJA.Theroleof mechanicaldeformationinlumbarradiculopathy:aninvivo model.Spine(PhilaPa1976).2002;27(1):27–33.

16.OlmarkerK,RydevikB,NordborgC.Autologousnucleus pulposusinducesneurophysiologicandhistologicchanges inporcinecaudaequinanerveroots.Spine(PhilaPa1976). 1993;18(11):1425–32.

17.MixterWJ.Ruptureofthelumbarintervertebraldisk:an etiologicfactorforso-calledsciaticpain.AnnSurg. 1937;106(4):777–87.

18.OmarkerK,MyersRR.Pathogenesisofsciaticpain:roleof herniatednucleuspulposusanddeformationofspinalnerve rootanddorsalrootganglion.Pain.1998;78(2):99–105.

19.KawakamiM,TamakiT,MatsumotoT,KuribayashiK, TakenakaT,ShinozakiM.Roleofleukocitesinradicularpain secondarytoherniatednucleuspulposus.ClinOrthopRelat Res.2000;376:268–77.

20.MurataY,NannmarkU,RydevikB,TakahashiK,OlmarkerK. Nucleuspulposus-inducedapoptosisindorsalrootganglion followingexperimentaldischerniationinrats.Spine(PhilaPa 1976).2006;31(4):382–90.

21.SullivanWJ,WillickSE,Chira-AdisaiW,ZuhoskyJ,Tyburski M,DreyfussP,etal.Incidenceofintravascularuptakein lumbarspinalinjectionprocedures.Spine(PhilaPa1976). 2000;25(4):481–6.

22.SvennerholmL,BoströmK,FredmanP,MånssonJE, RosengrenB,RynmarkBM.Humanbraingangliosides: developmentalchangesfromearlyfetalstagetoadvanced age.BiochimBiophysActa.1989;1005(2):109–17.

23.BrisbyH,BalaguéF,SchaferD,SheikhzadehA,LekmanA, NordinM,etal.Glycosphingolipidantibodiesinserumin patientswithsciatica.Spine(PhilaPa1976).2002;27(4): 380–6.

24.VanniSMA.Injec¸ãosubaracnoideainadvertidadecorticoide emtratamentodedorcrônicadacolunalombar:relato decaso.RevBrasAnestesiol.2004;54(6):821–5.

(7)

26.CastroAB.TratamentodadornoBrasil:evoluc¸ãohistórica. Curitiba:Maio;1999.

27.CarneiroAF,AlvesNetoO.Corticoidesespinais.In:AlvesNeto O,CostaCMC,SiqueiraJTT,TeixeiraMJ,organizadores.Dor: princípioseprática.PortoAlegre:Artmed;2009.

p.1320-6.

28.ScottDB.Bloqueioperidural.In:RogersMC,TinkerJH,Covino BC,LongneckerDE,organizadores.Princípiosepráticade anestesiologia.RiodeJaneiro:GuanabaraKoogan;1993. p.955-71.

29.JohnsonBA,SchellhasKP,PolleiSR.Epidurographyand therapeuticepiduralinjections:technicalconsiderations andexperiencewith5334cases.AJNRAmJNeuroradiol. 1999;20(4):697–705.

30.Gonc¸alvesBMV.Sobreousodecorticosteroidesporvia periduralnotratamentodasradiculopatias[tese].Rio deJaneiro:UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro;1976.

31.SwerdlowM,Sayle-CreerWS.Astudyofextradural medicationinthereliefofthelumbosciaticsyndrome. Anaesthesia.1970;25(3):341–5.

32.ChenB,StitikTP,FoyePM,CastroCP,MehnertFJ.Epidural steroidinjections[Internet].2011[citadoem24desetembro de2012].Disponívelem:http://emedicine.medscape.com/ article/325733-overview#showall.

33.BushK,CowanN,KatzDE,GishenP.Thenaturalhistoryof sciaticaassociatedwithdiscpathology.Aprospectivestudy withclinicalandindependentradiologicfollow-up.Spine (PhilaPa1976).1992;17(10):1205–12.

34.LoyTT.Epiduralsteroidinjectionforsciatica:ananalysisof 526consecutivecaseswithmeasurementsandthewhistle test.JOrthopSurg(HongKong).2000;8(1):39–44.

35.RiewKD,YinY,GilulaL,BridwellKH,LenkeLG,LauryssenC, etal.Theeffectofnerverootinjectionsontheneedfor operativetreatmentoflumbarradicularpain:aprospective, randomized,controlled,double-blindstudy.JBoneJointSurg Am.2000;82(11):1589–93.

Referências

Documentos relacionados

Assim sendo, a. tendência assumida pela pós - graduação em co- municação nos anos 60 contribuiu muito menos para melhorar e.. Ora, a comunicação de massa , após a Segunda Guerra

A democratização do acesso às tecnologias digitais permitiu uma significativa expansão na educação no Brasil, acontecimento decisivo no percurso de uma nação em

A acção do assistente social não se fundamenta em intuições ou suposições sobre a leitura e diagnóstico do problema em análise /estudo, suporta-se no método que orienta

Considerando a amplitude da rede mundial de computadores (internet) e a dificuldade em controlar as informações prestadas e transmitidas pelos usuários, surge o grande desafio da

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

Focamos nosso estudo no primeiro termo do ensino médio porque suas turmas recebem tanto os alunos egressos do nono ano do ensino fundamental regular, quanto alunos

Quanto às suas desvantagens, com este modelo, não é possível o aluno rever perguntas ou imagens sendo o tempo de visualização e de resposta fixo e limitado;

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se