REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
ww w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
Artigo
original
Consenso
da
Sociedade
Brasileira
de
Reumatologia
para
o
diagnóstico,
manejo
e
tratamento
da
nefrite
lúpica
Evandro
Mendes
Klumb
a,∗,
Clovis
Artur
Almeida
Silva
b,
Cristina
Costa
Duarte
Lanna
c,
Emilia
Inoue
Sato
d,
Eduardo
Ferreira
Borba
e,
João
Carlos
Tavares
Brenol
f,
Elisa
Martins
das
Neves
de
Albuquerque
a,
Odirlei
Andre
Monticielo
g,
Lilian
Tereza
Lavras
Costallat
h,
Luiz
Carlos
Latorre
i,
Maria
de
Fátima
Lobato
da
Cunha
Sauma
j,
Eloisa
Silva
Dutra
de
Oliveira
Bonfá
ee
Francinne
Machado
Ribeiro
aaDisciplinadeReumatologia,FaculdadedeCiênciasMédicas,UniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
bDepartamentodePediatria,FaculdadedeMedicina,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
cDepartamentodoAparelhoLocomotor,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil
dDisciplinadeReumatologia,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
eDisciplinadeReumatologiadaFaculdadedeMedicina,UniversidadedeSãoPaulo,SP,Brasil
fDepartamentodeMedicinaInterna,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul,PortoAlegre,RS,Brasil
gDisciplinadeReumatologia,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul,PortoAlegre,RS,Brasil
hDisciplinadeReumatologia,FaculdadedeMedicina,UniversidadeEstadualdeCampinas,Campinas,SP,Brasil
iServic¸odeReumatologia,HospitaldeHeliópolis,SãoPaulo,SP,Brasil
jDisciplinadeReumatologia,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoPará,Belém,PA,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem26deagostode2014 Aceitoem14desetembrode2014 On-lineem1denovembrode2014
Palavras-chave:
Lúpuseritematososistêmico Nefritelúpica
Terapêutica Brasil Consenso
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Elaborarrecomendac¸õesparaodiagnóstico,manejoetratamentodanefritelúpica noBrasil.
Método:Revisãoextensadaliteraturacomselec¸ãodosartigoscombasenaforc¸adeevidência científicaeopiniãodosmembrosdaComissãodeLúpusEritematosoSistêmicodaSociedade BrasileiradeReumatologia.
Resultados e conclusões:1) A biópsia renal deve ser feita sempre que possível e hou-ver indicac¸ãoe quandonãoforpossível,otratamentodeveserorientado combasena inferência da clasehistológica. 2)Devem serimplementados medidas ecuidados ide-almente antes do início do tratamento, com ênfase na atenc¸ão ao risco de infecc¸ão. 3)Devem-secompartilharriscosebenefíciosdotratamentocompacientesefamiliares. 4)Ousodahidroxicloroquina(preferencialmente)oudifosfatodecloroquinaé recomen-dado paratodos os pacientes (exceto contraindicac¸ão) durante as fases de induc¸ão e manutenc¸ão.5)Aavaliac¸ãodaeficáciadotratamentodeveserfeitacomcritérios objeti-vosderesposta(remissãocompleta/remissãoparcial/refratariedade).6)OsIECAe/ouBRA sãorecomendadoscomoantiproteinúricosparatodosospacientes(excetocontraindicac¸ão).
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:klumb@uol.com.br(E.M.Klumb).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.09.008
7)Aidentificac¸ãodesinaisclínicose/oulaboratoriaissugestivosdeGNlaboratoriais sugesti-vosdeglomerulonefriteproliferativaoumembranosadeveindicarinícioimediatodeterapia específicaincluindocorticosteroideseagenteimunossupressor,mesmoquenãoseja possí-velcomprovac¸ãohistológica.8)Otempodeusodosimunossupressoresdevesernomínimo de36meses,maselespodemsermantidosporperíodosmaislongos.Asuasuspensão só deve serfeitaquandoopacienteatingir e mantiverremissãocompleta sustentada. 9)Deve-seconsiderarnefritelúpicarefratáriaquandoaremissãocompletaouparcialnãofor alcanc¸adaapós12mesesdetratamentoadequado,quandoumanovabiópsiarenaldeveser consideradaparaauxiliarnaidentificac¸ãodacausadarefratariedadeedecisãoterapêutica. ©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
Consensus
of
the
Brazilian
Society
of
Rheumatology
for
the
diagnosis,
management
and
treatment
of
lupus
nephritis
Keywords:
Systemiclupuserythematous Lupusnephritis
Therapeutics Brazil Consensus
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Todeveloprecommendationsforthediagnosis,managementandtreatmentof lupusnephritisinBrazil.
Method:Extensiveliteraturereviewwithaselectionofpapersbasedonthestrengthof scien-tificevidenceandopinionoftheCommissiononSystemicLupusErythematosusmembers, BrazilianSocietyofRheumatology.
Results and conclusions: 1) Renal biopsy should be performed whenever possible and ifthis procedureis indicated;and,when theprocedureis not possible,the treatment shouldbeguidedwiththeinferenceofhistologicclass.2)Ideally,measuresand precau-tionsshouldbeimplementedbeforestartingtreatment,withemphasisonattentiontothe riskofinfection.3)Risksandbenefitsoftreatmentshouldbesharedwiththepatientand his/herfamily.4)Theuseofhydroxychloroquine(preferably)orchloroquinediphosphateis recommendedforallpatients(unlesscontraindicated)duringinductionandmaintenance phases.5)Theevaluationoftheeffectivenessoftreatmentshouldbemadewithobjective criteriaofresponse(completeremission/partialremission/refractoriness).6)ACEinhibitors and/orARBsarerecommendedasantiproteinuricagentsforallpatients(unless contraindi-cated).7)Theidentificationofclinicaland/orlaboratorysignssuggestiveofproliferativeor membranousglomerulonephritisshouldindicateanimmediateimplementationofspecific therapy,includingsteroidsandanimmunosuppressiveagent,eventhoughhistological con-firmationisnotpossible.8)Immunosuppressivesmustbeusedduringatleast36months, butthesemedicationscanbekeptforlongerperiods.Itsdiscontinuationshouldonlybe donewhenthepatientachieveandmaintainasustainedandcompleteremission.9)Lupus nephritisshouldbeconsideredasrefractorywhenafullorpartialremissionisnotachieved after12monthsofanappropriatetreatment,whenanewrenalbiopsyshouldbeconsidered toassistinidentifyingthecauseofrefractorinessandinthetherapeuticdecision.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Olúpuseritematososistêmico(LES)éumadoenc¸a inflama-tóriacrônicaautoimunecujaetiopatogeniaenvolvemúltiplos genes,fatoreshormonaiseambientais.Éumadoenc¸a pleo-mórficacomamplavariabilidadefenotípicadeapresentac¸ão, gravidadeecursoclínicoeevoluihabitualmentecom perío-dosdeatividadeederemissão.Amaioriadospacientestem umcursorelativamentebenigno,porémasobrevidaglobalé menorquandocomparadaàdapopulac¸ãogeral,comrazãode mortalidadepadronizadade2,4a6,4.1Asprincipaiscausas
demortesão:infecc¸ão,atividadedadoenc¸a,doenc¸a cardio-vascular,lesãorenalecâncer(A).1–3Amorbimortalidadeé
par-ticularmenteelevadanospacientescomacometimentorenal
(C).2–9Aglomerulonefrite(GN)éacausamaisfrequentedouso
dedoseselevadasdecorticosteroides(CE)e imunossupresso-res,acondic¸ãoquemaisrequerinternac¸ãohospitalareo prin-cipalfatorrelacionadoaoaumentodamortalidade.A progres-sãoparainsuficiênciarenalcrônicaterminalou,mais moder-namente,doenc¸arenalcrônicaestabelecida(DRCe),definida portaxa defiltrac¸ãoglomerular(TFG)≤15mL/minuto,com necessidadede terapia renalsubstitutiva,ocorre em10%a 30%dospacientes,principalmentenosqueapresentam glo-merulonefriteproliferativa(GNP).10,11Aomesmotempo,nos
pacientescom LESemdiálise,asobrevidaemcinco anosé menordoqueadosindivíduosemdiálisesemLES.9
tubulares,intersticiais,vasculareseglomerulares.Noentanto, éoenvolvimentodesseúltimocompartimentoquedetermina amaiorpartedossinaisesintomasdanefritelúpica(NL)(B).12
Àsemelhanc¸adas manifestac¸õesemoutrossistemas,aNL tambémapresentagrausdistintosdegravidade,com perío-dosdeatividadeeremissão,quedeterminamaescolhados agentesterapêuticosaseremempregados(B).13Naprática
clí-nica,nemsempreépossívelfazerabiópsiarenal,emboraesse seja umprocedimento relativamente simplesquando feito porprofissionaisexperientes.14Abiópsiapermiteo
reconheci-mentodemarcadoresdiagnósticoseprognósticosquepodem influenciaraescolhaterapêutica.Paraospacientesnão sub-metidosàbiópsiarenal,eparatodosaolongoda evoluc¸ão, usam-semarcadoresclínicoselaboratoriaisqueauxiliama caracterizaragravidadeeatividadedaGN(B)15eorientamo
usodosagentesimunomoduladorese/ouimunossupressores. Oobjetivoprincipaldotratamentoéalcanc¸araremissão completa(RC),queestáassociadaabomprognósticoemlongo prazo.11,16Noentanto,apesardosesquemasterapêuticos
atu-ais,menosdoque50%dospacientescomNLobtémRCapós osprimeirosseismesesdetratamento(B).17–19
O presente consenso tem como objetivo apresentar as principais recomendac¸õesparaaabordagem clínicada NL, queenvolvemdiagnóstico,prognóstico,tratamento(induc¸ão emanutenc¸ão),cuidadosduranteousodosmedicamentos, terapiaadjuvanteàimunossupressão,abordagemdoscasos refratárioseidentificac¸ãodecomorbidadesassociadas,todos contextualizadosàrealidadedonossopaís.
Material
e
métodos
Este consenso foi elaborado após uma revisão sistemática daliteraturaassociadaàopiniãode13reumatologistascom experiênciaclínicaemNL,11dosquaiscompõemaComissão deLESdaSBR,alémdedoisconvidados(CAASeEMNA).A revi-sãosistemáticadaliteratura,queincluiuaselec¸ãopréviade umasériedequestõespreviamenteidentificadaspelogrupo detrabalho,easvotac¸õesdasrecomendac¸õesforamfeitasde acordocomométodoDelphimodificado.Asbasesdedados incluíramoMedline,Scielo,PubmedeEmbaseaténovembro de2013.Osparticipantes,apósteremanalisadoosdados obti-dosnaliteratura,expressaramsuaopiniãosobrecadatema emdiscussõesviainternetevotaramsobreasrecomendac¸ões deforma confidencial.As votac¸õesocorreram emreuniões presenciaisemmaioejulhode2014deformahierarquizada deacordocom asseguintesopc¸ões:a)concordo completa-mente; b) concordo com alguma reserva; c) concordo com muitasreservas; d)rejeitocom reservas; e)rejeito comple-tamente. Quando não havia concordância de pelo menos 70%dosparticipantes(paraasopc¸õesa,bouc),foramfeitas novasdiscussõesseguidasdeajustesparaarecomendac¸ão e novas votac¸ões até o alcance desse percentual mínimo. Ospercentuaisdeconcordânciaentreosparticipantesforam informados para cada recomendac¸ão. Quando possível, os níveis de evidência foram expressos de acordo com a classificac¸ãodeOxford:
A–Estudosexperimentaisouobservacionaisdemelhor con-sistência
B–Estudosexperimentaisouobservacionaisdemenor con-sistência
C–Relatosdecasos(estudosnãocontrolados).
D–Opiniãodesprovidadeavaliac¸ãocrítica,baseadaem con-sensos,estudosfisiológicosoumodelosanimais.
Biópsiarenal
Recentemente,oACR(AmericanCollegeofRheumatology)20
e a Eular (European League Against Rheumatism), em associac¸ão com dois grupos europeus de nefrologia (Euro-pean Renal Association/European Dialysis and Transplant Association),21publicaramrecomendac¸õesparaomanejode
pacientescomLEScomacometimentorenalfundamentadas nosachadoshistológicos.
Abiópsiarenaldeveserfeitasemprequepossível,20,21uma
vezqueosparâmetrosclínicos,imunológicoselaboratoriais nãopredizemosachadoshistológicos.20–22Esseprocedimento
poderáorientarmelhorotratamentoeprognósticoedeverá sersemprefeitoporprofissionaisexperientesehabilitados.23
AEularrecomendaqueabiópsiarenalsejafeitasempre quehouverqualquersinaldeenvolvimentorenal, especial-menteproteinúria≥0,5g/24horascomhematúriadismórfica glomerulare/oucilindroscelulares(C).21OACRrecomendaa
feituradabiópsia(excetosefortementecontraindicada) sem-pre quehouversinaisde envolvimentorenalcomelevac¸ão da creatinina sérica sem causa aparente (não relacionada ao LES), proteinúria ≥1,0g/24horas isolada ou proteinú-ria ≥0,5g/24horas associada a hematúria e/ou cilindros celulares(C).20QuandoaTFGformenordoque30mL/minuto,
adecisãodebiópsiadevelevaremconsiderac¸ãootamanho renalnormal(>9cm)e/ouevidênciadedoenc¸arenalativa.21
OpadrãohistológicodaNLdeveseguirasnovasdefinic¸ões revisadas pelas sociedades internacionais de nefrologia e patologia,24,25 conhecida como a classificac¸ão de nefrite
lúpica da International Society ofNephrology/Renal Patho-logySociety2003(ISN/RPS2003)(C)(tabela1).Segundoessas normatizac¸ões,devemseravaliadoso gloméruloearegião túbulo-intersticial, com descric¸ões de atividade e cronici-dade,alémdocomponentevascularquehabitualmenteestá associado à síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF)
(C).20,21,24,25 Uma amostra é considerada adequadaquando
tiver mais de oito glomérulos e recomenda-se imunoflu-orescência ou imuno-histoquímica para a identificac¸ão de depósitos de imunoglobulinase complemento.Sepossível, amicroscopiaeletrônicatambémdeveserfeita,poisfacilitaa avaliac¸ãodelesõesproliferativasemembranosas(C).21,24,25
A repetic¸ão da biópsia frente a novos surtos de ativi-daderenalhabitualmentenãoénecessária26,27enãooferece
informac¸õesadicionaisquantoadesfechosrenaisemlongo prazo.28Noentanto,empacientessemrespostaadequadaao
tratamento, arepetic¸ão da biópsia podeauxiliarna identi-ficac¸ãodacausadarefratariedade20,21,29eauxiliarnadecisão
terapêutica.21,29
Neste consenso recomendamos a biópsia renal sempre que houver elevac¸ão da creatinina sérica sem causa apa-renteepotencialmenteassociadaaoLES,proteinúriaisolada ≥1,0g/24horas(ourelac¸ãoproteinúria/ceratininúria≥1,0)
Tabela1–Classificac¸ãodanefritelúpicadaInternationalSocietyofNephrology/RenalPathologySociety2003
ClasseI–NLmesangialmínima
Glomérulosnormaisàmicroscopiaótica(MO),mascomdepósitosimunesàimunofluorescência(IF). ClasseII–NLmesangialproliferativa
HipercelularidademesangialpuraemqualquergrauouexpansãodamatrizmesangialpelaMOcomdepósitosimunesnomasângio.Pode haverpoucoseisoladosdepósitossubepiteliaisousubendoteliaisvisíveisàIFouàmicroscopiaeletrônica(ME),masnãoàMO. ClasseIII–NLfocal
Glomerulonefrite(GN)focalativaouinativa,segmentarouglobal,endoouextracapilarenvolvendo<50%detodososglomérulos,
tipicamentecomdepósitosimunessubendoteliaiscomousemalterac¸õesmesangiais.Éaindaclassificadaem:A,ativa;A/C,ativa/crônica; C,crônicainativa.
ClasseIV–NLdifusa
GNdifusaativaouinativa,segmentarouglobal,endoouextracapilarenvolvendo≥50%detodososglomérulos,tipicamentecomdepósitos imunessubendoteliaiscomousemalterac¸õesmesangiais.Édivididaemdifusasegmentar(IV-S)naqual≥50%dosglomérulos
envolvidosapresentamlesõessegmentares(queenvolvemmenosdametadetotufo)edifusaglobal(IV-G)naqual≥50%dosglomérulos envolvidosapresentamlesõesglobais(queenvolvemaisqueametadetotufo).Essaclasseincluicasoscomdepósitosdifusosemalc¸a dearamecompoucaounenhumaproliferac¸ãoglomerular.Éaindaclassificadaem:A,ativa;A/C,ativa/crônica;C,crônicainativa. ClasseV–NLmembranosa
DepósitosimunessubepiteliaisglobaisousegmentaresousuassequelasmorfológicasàMOeIFouME,comousemalterac¸õesmesangiais. Podeocorreremcombinac¸ãocomasclassesIIIouIV.
ClasseVI–escleroseavanc¸ada
Escleroseglomerularglobalem≥90%sematividaderesidual.
AC,anticorpo;GN,glomerulonefrite;IF,imunofluorescência;ME,microscopiaeletrônica;MO,microscopiaótica;NL,nefritelúpica. AdaptadodeWeeningetal.,2004[24,25].
celulares. Essas alterac¸õesdevem ser confirmadas em um segundoexame(tabela2).
Avaliac¸ãodanefritelúpicasembiópsiarenal:inferência daclassehistológicaparaadecisãoterapêuticae avaliac¸ãoevolutiva
Namaioria doscasosdeNL, aclínica,asorologia eos tes-teslaboratoriaisnãoconseguempredizer,deformaprecisa, os achadoshistológicos enem diferenciaroutras possíveis causasdedoenc¸arenal.20–22Poroutrolado,esseconjuntode
dados podeser muito útilno acompanhamento clínicoda nefritee,emespecial,podeauxiliarnodiagnósticode ativi-daderenal.30
O sedimento urinário ativo, definido pela presenc¸a de hematúria(dismórficadepadrãoglomerular),leucocitúriae cilindrúriacelular,éreconhecidamenteumdosparâmetros mais importantes para caracterizac¸ão de glomerulonefrite ematividade. Aproteinúria, medida em24 horas ou infe-rida pela relac¸ão proteinúria/creatininúria (RP/C) em uma amostra isolada de urina, também pode indicar atividade inflamatória.30,31Apositividadeouoaumentodostítulosdos
anticorpos anti-dsDNAe ahipocomplementemia, especial-mentebaixosníveisdeC3,sãotambémconsideradosindícios deatividaderenal,masnãodevemserusadosdeformaisolada paradefiniressacondic¸ão.30Areduc¸ãodafiltrac¸ãoglomerular,
aproteinúrianefróticaeapresenc¸adehipertensãoarterial sis-têmica(HAS)sugeremmaiorgravidadeepiorprognóstico.32,33
Em pacientes com SAF associada ao LES, a HAS e/ou disfunc¸ãorenal,devemserconsideradoscomosinaisdealerta paraapossibilidade de vasculopatiaassociadaaos anticor-posantifosfolipídeos(AAF),principalmentequandonãosão detectadossinaisdeGNnosedimentourinário.34
Nosúltimosanosdiversosnovosbiomarcadoresurinários nãoinvasivosforamdescritos,comoaprostaglandinaD sin-tetasetipolicocalina(L-PGDS),␣(1)-glicoproteínaácida(AAG), transferrina (TF), ceruloplasmina (CP), gelatinase-associada
lipocalinadeneutrófilo(NGAL)eproteína1quimiotáticade monócito(MCP-1).35Acombinac¸ãodosmesmoscom
parâme-troslaboratoriaisdefunc¸ãorenalépromissoraparainferência daclassehistológicaeparaquantificaratividadeecronicidade
(B).35Oanticorpoanti-Pribossomalnaausênciadoanticorpo
anti-dsDNAtambémfoidescritocomopossivelmente associ-ado ànefritemembranosanoLESecomvalorpreditivo de melhorprognósticorenal(B).36,37
Adeterminac¸ãodaclassehistológicacombaseapenasem parâmetrosclínicoselaboratoriaisélimitada.Noentanto,a somadealgunselementospodesugerirumaououtra deter-minadaclasse,inferêncianecessárianapráticaclínicadiária. Pacientesqueapresentamelevac¸ãodacreatinina(semoutra causaaparente),associadaàproteinúria>0,5g/24horasouR P/C>0,5eHASrecentee/ousedimentourinárioativo (hematú-riadismórficae/oucilindroscelulares)eHAS,principalmente seacompanhadadehipocomplementemiaeACanti-dsDNA, apresentam, provavelmente,GNP(classesIIIouIV).Osque apresentamproteinúria>2g/24horasouRP/C>2,sem ativi-dadenosedimentourinárioouHAS,eprincipalmentesemAC anti-dsDNAeníveisdecomplementonormais,apresentam maisprovavelmenteGNmembranosa(classeV).Noentanto, não épossível excluirlesão proliferativaemfaseinicialou mesmo associada nesses pacientes. Nas lesões exclusiva-mentemesangiais(classesIeII),aproteinúriaégeralmente <1g/24horasouRP/C<1,acreatininaséricaénormaleos pacientesnãoapresentam,habitualmente,HAS.Noentanto, empacientescomessasalterac¸ões,nãoépossívelexcluirfase inicialdeumaGNproliferativaoumembranosa.Exceto nes-sasformastípicas,asinferênciasdeclassetêmprecisãomuito pequenaeomesmoéverdadeiro,quantoàpossibilidadede superposic¸ãodeclasses(tabela2).
Parafinsdeanálisederespostaaotratamento, estabelece-moscritériosquesãosemelhantesaospropostospelaEular21
eACR38Aremissãocompleta(RC)foidefinidacomo:
Tabela2–Recomendac¸õesdaSBRparaomanejodanefritelúpica
Recomendac¸ões Concordância
Indicac¸õesdebiópsiarenal
Fazerabiópsiarenalsemprequepossívelehouverindicac¸ão. a)1,0
Elevac¸ãodacreatininaséricasemcausaaparenteepotencialmenteassociadaaoLES. a)1,0
Proteinúriaisolada>1g/24(ouRP/C>1). a)1,0
Proteinúria≥0,5g/24horasassociadaahematúriadismórficaglomerulare/oucilindroscelulares. a)1,0
OBS:Asalterac¸õesdevemserconfirmadascomumsegundoexame. a)1,0
Inferênciadaclassehistológica
Épossívelfazeralgumainferênciacombaseemcritériosclínicoselaboratoriais. a)0,54b)0,46
Elevac¸ãodacreatinina(semoutracausa)associadaaproteinúria>0,5g/24horasouRP/C>0,5eHASrecentee/ou sedimentourinárioativo:considerarcomoGNproliferativa(classesIIIouIV),principalmenteseacompanhadade hipocomplementemiaeACanti-dsDNA.
a)0,9b)0,1
Proteinúria>2g/24horasouRP/C>2,sematividadenosedimentourinárioouHAS,eprincipalmentesemACanti-dsDNAe níveisdecomplementonormaissugereGNmembranosa(classeV).Noentanto,nãoépossívelexcluirlesãoproliferativa.
a)0,9b)0,1
Proteinúria<1g/24horasouRP/C<1,creatininanormalesemHASsugereGNmesangial(classeII).Noentanto,nãoé possívelexcluirfaseinicialdeGNproliferativaoumembranosa.
a)1,0
Considerartambémapossibilidadedeoutrascausasdelesãorenalemtodasasfasesdeevoluc¸ãodaNL(NSAF,trombose deveiarenal,NTI,NTA,nefropatiadiabética,nefropatiahipertensivae/ousecundáriaainfecc¸ões).
Cuidadosparapacientesimunossuprimidos
Atualizac¸ãovacinal. a)1,0
Evitarvacinasdevírusvivos. a)1,0
Rastreamentoparatuberculose(latenteoudoenc¸a). a)1,0
Avaliac¸ãocontínuaparainfecc¸õesdurantetodooperíododeimunossupressão. a)1,0
Compartilharriscosebenefíciosdotratamentocomopacienteeparentes. a)1,0
Orientac¸ãosobreanticoncepc¸ão(evitandoosestrógenos)eriscosdegravidezduranteotratamento. a)1,0
Tratamentoempíricoantiparasitário. a)1,0
ConsiderarprofilaxiaparaPneumocistisjiroveciinoscasosdeinfecc¸õespréviasounospacientescomlinfopenia<500mm3. a)1,0 Prescreverhidroxicloroquinaparaospacientes,excetosehouvercontraindicac¸ão. a)1,0 Assinaturadetermodeconsentimentolivreeesclarecido(TCLE). a)1,0
Critériosderesposta
Aavaliac¸ãodaeficáciadotratamentodeveserfeitacomcritériosobjetivosdereposta. a)1,0 Remissãocompleta:proteinúria<0,5g/24houRP/C<0,5eTFGnormaloureduc¸ão≤10%dovalorpréviodopacienteou
LSNdométodo(seoprimeironãofordisponível)eurinálisenormal.
a)1,0
Remissãoparcial:reduc¸ão>50%daproteinúriainicialcomvalor<3g/24houRP/C<3eTFGnormaloureduc¸ão≤10%do valorpréviodopacienteouLSNdométodo(seoprimeironãofordisponível)eurinálisenormal.
a)0,9b)0,1
AC,anticorpo;GN,glomerulonefrite;HAS,hipertensãoarterialsistêmica;LSN,limitesuperiordanormalidade;NSAF,nefropatiadasíndrome antifosfolipídeo;NTA,necrosetubularaguda;NTI,nefritetúbulo-intersticial;RP/C,relac¸ãoproteinúria/creatininúriaemamostraisoladade urina;TFG-taxadefiltrac¸ãoglomerular.
Concordância:osnúmerosemcadarecomendac¸ãoexpressamospercentuaisdeconcordânciaentreosmembrosdeacordocomaclassificac¸ão usada.
normalidade)dométodo(seoprimeironãofordisponível)e urinálisenormal.Aremissãoparcial(RP)foidefinidacomo: reduc¸ão>50%daproteinúriainicialcomvalor<3,0g/24horas ouRP/C<3,0eTFGnormaloureduc¸ão<10%dovalorpréviodo pacienteouLSNdométodo,seoprimeironãofordisponível eaurinálisenormal(tabela2).
Cuidadosparapacientesimunossuprimidos
Aimunossupressãocausadapeladoenc¸ae/ouseutratamento aumentaoriscodeinfecc¸ões,incluindoasoportunistas,39e
odiagnósticodiferencialcomatividadededoenc¸aémuitas vezesumdesafionapráticaclínica.40Asinfecc¸õesestão
asso-ciadasaaumentodamorbimortalidadenoLES2,3e,porisso,
devem ser implementadas estratégias de prevenc¸ão como vacinac¸ão,usodeantimicrobianoseantiparasitários, prefe-rencialmente antesdo iníciode terapia imunossupressora.
A tuberculose, por sua vez, também pode ser fator de ativac¸ãoda doenc¸a.41 Osfatoresderisco paraasinfecc¸ões
mais importantes são: leuco/linfopenia, hipocomplemente-mia,hipogamaglobulinemia,esplenectomia,alémdousode CEeimunossupressores,42condic¸õeshabituaisdurantetodo
o tratamentoda NL, de forma quedeveser feitaavaliac¸ão contínuaparainfecc¸õesdurantetodooperíodode imunos-supressão.
Por outro lado, foi demonstrado que o uso de hidroxi-cloroquina (HCLQ) está associado à menor frequência de infecc¸õesnospacientescomLES.43 Emdecorrênciada
Todos os pacientes devem ainda ser orientados sobre anticoncepc¸ão e riscos de gravidez durante o tratamento (tabela2).
Vacinac¸ão
Aatualizac¸ão dacarteira vacinaldeve sersemprefeita,de preferênciacomadoenc¸ainativaeantesdequalquer tera-piaimunossupressora(sintéticaoubiológica).44,45Asvacinas
semorganismosvivos(influenzaIM);pneumocócica;tétano; difteria;coqueluche;hemófilostipoB;hepatiteviralAeB; poli-omielite(inativada–VIP);meningocócica;HPV;febretifoide (IM)eraivasãosegurasemqualquerfasedotratamento e geralmentedeterminamimunogenicidadeadequada.46,47 As
vacinasmaisimportantesnessecontextosão:
a) Contrapneumococos(polissacarídica23-valente):deveser administradaacadacincoanos48conformerecomendac¸ão
doProgramaNacionaldeImunizac¸ões(PNI)doBrasil.No entanto,aSociedadeBrasileiradeImunizac¸ões(SBIM),em concordância com o CDC americano (Centers for Dise-aseControl),járecomendaqueavacinaempregadapara indivíduosemimunossupressão sejaaconjugada antip-neumocócica,seguidaemoitosemanasdapolissacarídica (CDC,2011);
b) Contrainfluenza:deveseradministradaanualmente;49
c) Contradifteriaetétano(vacinadT):seguiroPNI.
Asvacinascom vírus vivos(MMR, herpeszosterefebre amarela)devemser evitadas.São usadasapenasemcasos especiais, após avaliac¸ão conjunta com infectologista42
(tabela2).
Profilaxia
antimicrobiana
a) Tuberculose:o tratamento da tuberculose latente, espe-cialmentefrenteadadosepidemiológicospositivos,deve ser considerado nos casos com teste da tuberculina – PPD≥5mm(seemusodeCE)oucomimagemradiológica sugestivadetuberculoseprévianãotratada.50
b) Pneumocistis jirovecii: a profilaxia antes do início da imunossupressão está indicada nos casos de infecc¸ões préviasporesseagenteenospacientes comlinfopenias < 500mm3, especialmente se associadas à hipocomple-mentemiaadquiridaougenética.51
c) Antiparasitários: érecomendado o tratamento empírico com anti-helmínticos de largo espectro (ex: albendazol ou ivermectina) antes da imunossupressão, especial-mente nos casos com dados epidemiológicos positi-vos, condic¸ão praticamente universal em nosso país (tabela2).
Glomerulonefrite
mesangial
(classes
I
e
II
)
–
Terapia
de
induc¸ão
e
manutenc¸ão
ParaamaioriadospacientescomGNmesangial,otratamento éfeitoapenascomCEeHCLQ.Entretanto,paraosque apre-sentemproteinúriapersistente> 1g/24horas(ouRP/C>1),
deve-seconsideraraassociac¸ãodeazatioprina(AZA)ou mico-fenolatodemofetila(MMF)(tabela3).
Glomerulonefrites
proliferativas
–
Terapia
de
induc¸ão
de
remissão
Osestudoscontroladoserandomizadosdemelhorqualidade, queavaliamdiferentesregimesterapêuticosnaNL,tiveram comocritériodeinclusãoaconfirmac¸ãoeaclassificac¸ãoda nefritedeacordocomabiópsiarenal.Essaabordagemtema vantagemdeevitartratamentoagressivonoscasoslevessem fatoresindicativosdegravidade,assimcomoainstituic¸ãode tratamentosineficazes,empacientescomalterac¸õescrônicas eirreversíveis.Éreconhecidoqueotratamento éurgentee deveserintensivonasformasproliferativasdaNL(classesIII eIV,associadasounãoàclasseV),emqueoriscodeevoluc¸ão parainsuficiênciarenaléalto.21Oalvoaseralcanc¸adoemseis
meses(períododeinduc¸ão)éaRC.
Desdeosestudosdosanos1980,éreconhecidaa superio-ridadedousodeciclofosfamida(CFM)emcomparac¸ãocomo usoisolado deCEno tratamentodas GNP.52 O usodeCFM
por tempoprolongadofoi maiseficazpara aprevenc¸ão da recidiva e manutenc¸ão da func¸ão renal;53 entretanto, está
associadoaváriosefeitoscolaterais,principalmenteà insu-ficiênciagonadal.54
Emestudocontrolado,randomizadoemulticêntricoemNL (classesIII/IVeV[16%]),aeficáciadoMMFnãofoiinferiorà daCFMintravenosa(i.v.)emesquemaconvencional,55oque
confirmouestudosprévios.56,57Estudosdemetanálises
tam-bémmostraramqueaCFMeoMMFtêmeficáciacomparável
(A).58–60
A CFMpodeserusada emdosesbaixas(esquema Euro--LupusTrial[ET]),queconsistemnaadministrac¸ãode500mg (i.v.) a cada duas semanas por três meses (dose total de 3g), seguido de manutenc¸ão com AZA (61); ou em doses altas (esquema clássico – NIH), na dose de 0,5 a 1g/m2 (i.v.)desuperfíciecorpóreaemintervalosmensais, porseis meses,seguido deaplicac¸õesemintervalostrimestraispor 18 meses.52 Em estudo que comparou doses altas (por 12
meses)versusdosesbaixasdeCFM(portrêsmeses),ambas seguidosdeAZA,após10anosnãohouvediferenc¸aquanto àduplicac¸ãodacreatinina,àevoluc¸ãoparaDRCeeaoóbito.7
Deve-seenfatizarqueessesresultadosforamobtidosem estu-doscompacienteseuropeus,cujagravidadedanefritetende a sermenordoqueaobservada emafrodescendentes.10,61
Umarevisãosistemática dedezestudoscontrolados e ran-domizados concluiu que doses baixas de CFM, quando comparadascomdosesmaisaltas,teveeficáciasemelhante nareduc¸ãoderecidivas,mascommenorestaxasdeinfecc¸ão (A).62
OusodaCFMporviaoral(v.o.)foiavaliado retrospectiva-menteemumasériedepacientescomNL(classesIII,IVeV). A dosede 1a1,5mg/kg/dia duranteumamédia dequatro mesessemostroueficaznocontroledaNLcomfrequência deefeitoscolateraisenecessidadedesuspensãodo medica-mento emmenos de10% dospacientes,sem diferenc¸ana respostaentrebrancoseafrodescendentes.63 Estudos
Tabela3–Recomendac¸õesdaSBRparaotratamentodanefritelúpica,formasmesangiaiseproliferativas
Recomendac¸ões Concordância
Medidasadjuvantesparatodasasclasseshistológicas
Ousodahidroxicloroquina(preferencialmente)oudifosfatodecloroquinaérecomendadoparatodosospacientes(exceto contraindicac¸ão)duranteasfasesdeinduc¸ãoemanutenc¸ão.
a)1,0
OsIECAe/ouBRAsãorecomendadoscomoantiproteinúricosparatodosospacientes(excetocontraindicac¸ão). a)1,0 Preveniretratarosfatoresderiscoparadoenc¸acardiovascular:sedentarismo,dislipidemia(LDL<100mg/dL),diabetes,
obesidade,HAS(PA<130×80mmHg)etabagismo.
a)1,0
Estimulardietaricaemcálcioeconsiderarasuplementac¸ãoquandonecessário. a)1,0 Considerarsuplementac¸ãodevitaminaD(25(OH)vitaminaDsérica>30ng/mL). a)1,0 Evitarmedicamentosnefrotóxicos,especialmenteosanti-inflamatóriosnãoesteroidais. a)1,0
Protocoloparainduc¸ãoemanutenc¸ãonaGNmesangial(classesIeII) Parapacientescomproteinúriapersistente≥1g/24ouRP/C≥1: induc¸ãoemanutenc¸ãoderemissãoconsiderarAZAouMMF.
a)1,0
Protocoloparainduc¸ãonasGNproliferativas(classesIIIeIV)
Oalvoaseralcanc¸adoemseismeseséaRC. a)1,0
Aidentificac¸ãodesinaisclínicose/oulaboratoriaissugestivosdeGNproliferativadeveindicarinícioimediatodeterapia específicaincluindoCEeagenteimunossupressor,mesmoquenãosejapossívelcomprovac¸ãohistológica.
a)1,0
OiníciodotratamentodeveincluirpulsoterapiacomMP[0,5a1gi.v.(ou10-30mg/kg/dianoLESP),durantetrêsdias].As dosesdeprednisonadevemficarentre0,5a1mg/Kg/diaportrêsaquatrosemanas,comreduc¸ãosubsequenteeobjetivo dealcanc¸aradosede5a10mg/diaemseismeses.
a)0,9b)0,1
EmconjuntocomoCE,incluirCFMi.v.0,5a1g/m2SCmensalmenteduranteseismesesouCFMi.v.0,5gacada15dias durantetrêsmesesouMMF(2a3g/dia).
a)0,9b)0,1
Nospacientescomcritériosdegravidade,consideraraCFMcomoprimeiraopc¸ão,levando-seemcontaadisponibilidade, absorc¸ãoetolerânciaaosmedicamentoseadesãoaotratamento.
a)0,9b)0,1
Aausênciaderespostaouagravamentodadoenc¸arenalapóstrêsmesesdeterapiaadequadasugeremanecessidadede considerarmudanc¸aprecocedoprotocolodeinduc¸ão.
a)1,0
Apósseismesesdetratamentonestafase,seaRCouRPnãotiveremsidoalcanc¸adas,considera-serefratariedadena induc¸ãoerecomenda-seumanovaterapiacomMPesubstituic¸ãodaCFMporMMFoudoMMFpelaCFM.
a)1,0
Protocoloparamanutenc¸ãonasGNproliferativas(classesIIIeIV)
AAZAouoMMFestãoindicadosparaospacientesquetenhamalcanc¸adoRCouRPnafasedeinduc¸ão. a)1,0 Otempodeusodessesmedicamentosdevesernomínimode36meses,maselespodemsermantidosporperíodosmais
longos.Asuasuspensãosódeveserfeitaquandoopacienteatingiremantiverremissãocompletasustentada.
a)1,0
Asdosesdecorticosteroidesdevemserreduzidasprogressivamenteesepossívelsuspensas,idealmentequandoo pacienteatingiremantiverremissãocompletasustentada.
a)0,9b)0,1
AZA,azatioprina;BRA,bloqueadoresdosreceptoresdeangiotensina;IECA,inibidoresdaenzimaconversoradaangiotensina;CFM, ciclofos-famida;CE,corticosteroide;GN,glomerulonefrite;HAS,hipertensãoarterialsistêmica;LESP,lúpuseritematososistêmicopediátrico;MMF, micofenolatodemofetila;MP,metilprednisolona;RC,remissãocompleta;RP,remissãoparcial;RP/C,relac¸ãoproteinúria/creatininúriaem amostraisoladadeurina;SC,superfíciecorporal;TFG,taxadefiltrac¸ãoglomerular.
Concordância:osnúmerosemcadarecomendac¸ãoexpressamospercentuaisdeconcordânciaentreosmembrosdeacordocomaclassificac¸ão usada.
NaanáliseexploratóriadesubgrupodoestudoALMS,foi observadoqueemboraoMMFeaCFMi.v.tenham apresen-tadoeficáciasemelhante,aetniaearegiãogeográficaparecem terinfluenciadoarespostaaotratamentodaNL.Osgruposde afrodescendentesehispânicosparecemtertidomelhor res-postaaoMMFdoqueàCFMeosasiáticosapresentarammais efeitoscolateraisaoMMF.Mascomoessafoiumaanálisede subgrupo,essesresultadosnãopodemserconsiderados con-clusivos(C).66
Em outra análise post hoc, que avaliou apenas 32 paci-entes com grave disfunc¸ão renal (clearance de creatinina <30mL/minuto), observou-se que a reduc¸ão dos níveis de proteinúria e da creatinina sérica foram comparáveis nos pacientes com MMF eCFM, semdiferenc¸a significativa na frequênciadeefeitoscolaterais(C).67
Hásomenteumestudorandomizadoecontrolado, espe-cificamentedesenhado paraincluircasosde NLgrave(TFG de25a80mL/minutooucomcrescentes/necroseemmaisde
25%dosglomérulos),noqualdosesaltasdeCFMi.v. associa-dasàpulsoterapiacommetilprednisolona(MP)forameficazes
(C).68Assim,praticamentenãoháestudosdesenhadospara
avaliaraeficáciadoMMFnessespacientescomfunc¸ãorenal gravementecomprometida.
OusodaAZAcomoterapiadeinduc¸ãonaGNPnãoé reco-mendado,poisestudosmostrarammenorefetividadedoque aCFMnessafasedotratamento.52,69Umestudocombiópsia
renalrepetidatambémmostrouqueaAZAfoimenoseficaz empreveniraevoluc¸ãoparafibroseglomerular.69 Contudo,
aAZApodeserumaopc¸ãodetratamentodaNLem pacien-tes eurodescendentes,semfatoresindicativosde gravidade equenãotoleremaCFMouMMF,apesardomaiorriscode reativac¸ãodanefritequandoesseagenteécomparadocoma CFM(C).69
principalmente naquelas com maisde 30 anos eque fize-ramusoprolongadodesseagente(riscoaproximadode60%). Contudo,oMMFestáformalmentecontraindicadodurantea gestac¸ão,porserteratogênico.Duranteoseuusodeveserdada ênfaseànecessidadedeanticoncepc¸ãoeficaz.OusodaCFM porperíodosmaiscurtos(seismeses),emmulheresjovens, mesmoemdoseselevadas,estáassociadoataxasde infer-tilidademenores(4,3%a10%),7,54 percentuaispróximosaos
doesquemaEurotrial(4,5%).7Considerandoomaiornúmero
deefeitoscolateraiscomoMMFemasiáticos, recomendam--sedoses≤2g/diaparaessespacientes.Comoalgunsestudos mostrarampiorrespostadaCFMemafrodescendentese his-pânicos, podehaver vantagem com o uso de MMF nesses casos.Salienta-se,contudo,quenãoháestudofeito especi-ficamente napopulac¸ão brasileira com ouso desseagente (tabela3).
Corticosteroides
Conquanto namaioria dos estudoso CE tenhasido admi-nistrado v.o. nas doses de 0,5 a 1mg/kg/dia, com reduc¸ão progressiva,apulsoterapia(i.v.)comMPportrêsdias,no iní-ciodotratamento,poderiapermitirousoposteriordedoses maisbaixasdoCEv.o.,como demonstradoporHoussiau.70
Com o objetivo de reduzir os efeitos colaterais das altas doses de CE epara permitir controle maisrápido do pro-cessoinflamatório,recomenda-seousodeMPnadosede0,5 a1g/i.v./dia(ou10-30mg/kg/diaempediatria) portrêsdias, mantendo-seprednisonanadosede0,5a1mg/kg/diaportrês aquatrosemanasseguidadereduc¸ãoprogressiva,tendocomo meta,emseismeses,alcanc¸ardosesde5-10mg/dia.Algumas manifestac¸õesextrarrenaispodemrequereramanutenc¸ãode dosesmaisaltasporperíodosmaisprolongados,mas,devido àelevadafrequênciadeefeitosadversosdosCE,todooesforc¸o deveserfeitoparaqueadosediáriasejareduzida.Pacientes comfatoresde pior prognóstico,como apresenc¸ade cres-centescelularesenecrose,assimcomoaquelescommaiores níveisdecreatinina,devemreceberdosesmaioresde predni-sona(1,0mg/kg/dia).20
EmcasosdealcanceapenasdaRPnofimdeseismesesde tratamentoadequado,afasedeinduc¸ãopodeserestendida paraseteanovemeses,deacordocomojulgamentoclínico.
Após seis meses de tratamentode induc¸ão, sea RC ou RPnãotiveremsido alcanc¸adas, considera-se aNL refratá-riaerecomenda-seumanovaterapiadeinduc¸ãocomMPe substituic¸ãodaCFMporMMFoudoMMFpelaCFM(tabela3).
Glomerulonefrites
proliferativas
–
Tratamento
de
manutenc¸ão
Apesardenãohaverdadosdeevidênciaquepermitam esta-belecerotempodedurac¸ãodafasedeinduc¸ão,amaioriados autoreseconsensosinternacionaisconsideraoperíododeseis meses.20,71Aomesmotempo,amodificac¸ãodoesquema
tera-pêuticoparaodafase demanutenc¸ãodependedoalcance daRCouRP.Emalgunscasos, mesmoapós osseis primei-rosmesesdeinduc¸ão,seránecessárioumsegundoesquema até queRC ou RPseja alcanc¸ada. Também faltamestudos
controladosquetenhamabordadoadurac¸ãodessafase,masa maioriadosautoresconcordaqueeladevedurar24a48meses. ParaospacientescomGNP,existemreconhecidamenteduas principais opc¸õesparaamanutenc¸ão:AZA ouMMF,ambas associadas à prednisona em baixas doses (5 a 10mg/dia). A manutenc¸ãocom a CFMi.v. a cada três aquatro meses nãotemsidomaisusadaporseusefeitoscolateraisetambém porqueasopc¸õesdisponíveisdeAZAouMMFtêmse mos-tradorazoavelmenteseguras,compoucosefeitoscolaterais emlongoprazo.
Essesdoisagentesimunossupressoresforamcomparados emdoisestudos,oMaintain72eoAsprevaLupusManagement
Study(ALMS).71Osdesenhosdessesestudosforamdiferentes
enãomostraramosmesmosresultados.OMaintainincluiu pacienteseuropeuscaucasoidesenãomostroudiferenc¸as sig-nificativas entre os medicamentos. Já o estudoALMS, que selecionou apenasos pacientesque haviamalcanc¸ado boa respostanafasedeinduc¸ão,feitacomCFMi.v.ouMMF,por seismeses,equeocorreuempoucomaisque50%dos paci-entesincluídos,mostrousuperioridadedoMMFsobreaAZA emprevenirnovosepisódiosdeatividaderenal.
AEularrecomendaquepacientescomboarespostaà tera-piadeinduc¸ãodaNLusemMMF(2g/dia)ouAZA(2mg/kg/dia) por pelo menos três anos, enquanto outros autores recomendam pelo menos cinco anos, com retirada de forma bastantegradualesobacompanhamento.73,74 A
reti-radadasmedicac¸õesdevesergradualeiniciadasemprepelo CE.21
OACRtambémrecomendaquepacientesqueresponderam àterapiadeinduc¸ãorecebamtratamentodemanutenc¸ãocom AZA2mg/kg/diaouMMF(2g/dia)associadosabaixasdoses de CE.Segundoo ACR,nãohádadossuficientespara reco-mendarotempoparaareduc¸ãodasdosesoususpensãodas medicac¸ões(A).20
Emresumo, aterapia demanutenc¸ão depacientes com GNP com respostacompletaouparcial nafasede induc¸ão podeempregarAZAouMMF.Aescolhadeveseravaliadacaso acaso.Omicofenolatosódicopodetambémserumaopc¸ãoao demofetila,sehouverintolerânciaaesseúltimo.
Frenteàpossibilidadedegestac¸ão,prefere-seaAZA,visto queoMMFéteratogênico.DevidoaocustoelevadodoMMF e aos resultados favoráveis para as formas mais leves de NL,ospacientessemmarcadoresdegravidadedaNLeque tenhamtidorespostacompletapodemreceberaAZAcomo primeiraescolhanamanutenc¸ão.Resultadosdealguns estu-doseprincipalmente aopiniãode algunsautoressugerem que aAZApoderiaserusadapreferencialmente em indiví-duos eurodescendentes75 eo MMF em afrodescendentes66
(tabela3).
Glomerulonefrite
membranosa
–
Tratamento
de
induc¸ão
AGNmembranosa (GNM)estápresenteem10%a20%dos casossubmetidosàbiópsiaepodeocorrerisoladamenteou emassociac¸ãocom outrasclasses histológicas.76 A
AspectosclássicosdasGN,comohematúria(dismórfica), cilin-droscelulares,HASeelevac¸ãoprecocedacreatininasérica, sãoinfrequentes.Àsemelhanc¸adasoutrasclasses,tambéma GNMpodeevoluirdeforma“silenciosa”incluindoproteinúria discretamenteelevada.78Poroutrolado,asíndromenefrótica
(SN)ocorreematé 75%dospacientes79 edetermina maior
riscoparatrombosevenosa(3%a22%),incluindoveiasrenais (riscoaindamaiornospacientescomAAF),80,81doenc¸a
arte-rialcoronariana(RRde2,8)edeinfartoagudodomiocárdio(RR de5,5).82Aassociac¸ãodaGNMàsformasproliferativas
deter-minapioriadoprognósticoemesmonasformasisoladas7% a53%dospacientesprogridemparaDRCeem10anos(C).80,82
EntendemosassimqueapesardaGNMnãoseraclasse histo-lógicamaisagressivanaNL,nãodevemosconsiderá-lacomo umaformabrandadeacometimentorenal.
Apesardisso,sãopoucososestudosdisponíveisna lite-ratura, a maioria de pequenas séries, curto período de observac¸ãoeregimesterapêuticosvariadosquantoàsdoses de CE, usoconcomitante de MP, emprego de inibidoresda enzimaconversorada angiotensina(IECA)ou bloqueadores dosreceptoresdeangiotensina(BRA)eprincipalmente hete-rogeneidadedoscritériosderesposta(reduc¸ãodaproteinúria versustaxasdeRC/RP).
A AZA é um dos imunossupressores mais empregados no tratamento de pacientes com LES.Por ter um perfilde seguranc¸amelhordoqueodeoutrosagentes,temsidousada hálonga datacomo poupadorde CE emesmo para trata-mentodasGNtidascomomaisbrandas.Entretanto,sãomuito poucososestudosprospectivoscomessemedicamento.Em estudoaberto, multicêntrico, prospectivocom 38 pacientes asiáticosnoqualaAZAfoiassociadaàprednisona(sem pul-soterapiacomMPouinibidoresdaECAouBRA),osresultados foramanalisadosem12mesesquantoàstaxasdeRC(cujo critériousadofoi:creatininaséricaestáveloumelhore protei-núria<1,0g/24horas)ouRP(comreduc¸ãodaproteinúriaem pelomenos50%comnívelsubnefrótico).ARCfoialcanc¸ada em67%dospacienteseRPem22%(refratariedadeem11%).Os autoresconcluíramqueosresultadoscomAZAforam seme-lhantesoumelhoresdoqueosobtidoscomoutrosesquemas terapêuticos.83
Asevidênciasderespostacomaciclosporina(CsA)foram obtidasempoucosestudos,compequeno númerode paci-entes. Um desses estudos acompanhou 10 pacientes de formaabertapor24meses,comCsAassociadaàprednisona. Ocritérioderespostafoiapenasaintensidadedequedada proteinúria,mashouveelevac¸ãodacreatininasecundáriaa esse agente emalguns pacientes. Dessa forma a CsA não pareceserumaopc¸ãoadequadaexcetoparaoscasos refra-tárioscomoterapiaopcional.84
ACFMjáfoiempregadaparaainduc¸ãonaGNMemalguns estudos.Um delesacompanhouprospectivamente20 paci-entescomGNMeSNcujainduc¸ãofoifeitacomCFMoral(2 a2,5mg/Kg/dia)duranteseismeses,associadaaprednisona comreduc¸ãosequencialemanutenc¸ãocomAZA(sem tera-piaadjuvantecomIECAe/ouBRAoupulsoterapiacomMP). Aresposta foi baseada noalcance de RC(com proteinúria <0,3g/24horas,creatininaséricaestáveleurinálisenormal) ouRP(proteinúria>0,3emenordoque3g/diaecreatinina estável).Em12mesesRCeRPforamalcanc¸adasem55% e 35%,respectivamente.79
ACFMtambémfoiavaliadaemumestudocontroladoe randomizadoqueacomparoucomaCsAetambémcoma prednisonaisoladamenteparaainduc¸ãoderemissãonaGNM comSN.ACFMi.v.foiadministradaacadadoismesespor umano(0,5a1g/m2)eaCsAdiariamente(5mg/kg/dia)por 11 mesesambasassociadas àprednisona eIECAconforme decisãodomédicoassistente.AstaxasdeRCeRPobtidasem 12mesescomaCFMforamde40%e20%respectivamente, emcomparac¸ãocomos percentuaisde50%para RCe30% paraRPobtidoscomaCsAede13%paraRCe23%paraRP comaprednisonaisoladamente.Ambosos imunossupresso-resforamsuperioresaoCEisoladamente(p=0,002),porémao longodoperíododeobservac¸ão(12meses)houvemais recidi-vascomaCsAdoquecomaCFM(p=0,02)(B).85
O MMF foi empregado para a induc¸ão de remissão na GNM,aindaqueempoucosestudosecompequenonúmero de casos, a maioria com não mais do que 20 pacientes. Em2010,umartigoreuniudadosdedoisestudos multicên-tricosrandomizadosecontrolados,previamente publicados comprotocolossemelhantesequeavaliaramasrespostasda induc¸ãoderemissãoemseismesescomesquemasincluindo CFMouMMFempacientescomGNMisolada(n=84).ACFM foiusadaviai.v.(0,5a1g/m2)acadamêseoMMFofoinadose de2a3gr/dia,emambosduranteseismesesesem pulsotera-piacomMP.OsIECAforamusadosnamaioriadospacientes. Não houvediferenc¸aentreosgruposemrelac¸ãoàvariac¸ão percentualnaproteinúriaecreatininaséricaeaRCfoi atin-gidaemapenasum(2,5%),enquantoqueRPfoialcanc¸adapor 60%dospacientesemambososgrupos.Apesardeaanálise dosresultadosestarrestritaaospacientesquecompletaram otratamento(análiseporprotocolo)edeterhavidoperdade acompanhamentoem23%doscasosnoperíododeobservac¸ão emseismeses(induc¸ão),osautoresassumiramqueo trata-mentodeinduc¸ãoparaaGNMcomoMMFteriasidotãoeficaz quantocomaCFM(86),emboraemambososgrupos(CFM eMMF)astaxasderemissãocompleta/parcialtenhamsido baixas(B).
O MMFtambémfoi usadopara induc¸ãode remissãona GNMemcomparac¸ãocomotacrolimus(TAC).Yape colabora-doresestudaram16pacientescomGNMeSNcujotratamento foi feitocom MMF(setecasos)ou Tac(novecasos), ambos associadosàprednisona,cujadoseinicialfoide0,8mg/Kg/dia (sem associac¸ão de IECA ou BRA). Em ambos os grupos houvemelhoriadaproteinúria,masastaxasderemissãosó foramdeterminadasem24meses(RCparaMMFeTAC=57% e 11% respectivamente e RPpara MMFe TAC=11% e 44% respectivamente).Osautoresevidenciaramqueotempode tratamentoparaalcancedaresposta(completa)ocorreuem 15,3mesesparaoMMFe21,7mesesparaoTAC.6
ÉprovávelquetambémnaGNMsejaútiloemprego con-comitantedahidroxicloroquina(HCLQ)duranteotratamento deinduc¸ãoconformesugeremosdadosdeavaliac¸ãodeuma coorteprospectivaqueincluiu29pacientescomdiagnóstico recentedessaclassehistológica(34,5%)ouassociadacomGNP (65,5%).OtratamentoimunossupressorfoifeitocomoMMFe entreos11pacientes (38%)queatingiram aremissãorenal completaem12meses,setehaviamrecebidoHCLQ compara-dosaquatropacientessemHCLQ(p=0,036)(C).87
Tabela4–Recomendac¸õesdaSBRparaotratamentodanefritelúpicamembranosa
Recomendac¸ões Concordância
Protocoloparainduc¸ãonaGNmembranosa(classeV)
Osalvosaseremalcanc¸adosemseismesessãoaRCouRP. a)1,0
Osimunossupressoressãorecomendadosparatodosospacientes,poissãomaiseficazesdoqueosCEempregados isoladamente.
a)1,0
Atenc¸ãodeveserdadaàexclusãodetrombosesincluindodasveiasrenais,quesãomaisfrequentesquandopresentesos AAF.
a)1,0
OiníciodotratamentodeveincluirpulsoterapiacomMP[0,5a1gi.v.(ou10-30mg/kg/dianoLESP),durantetrêsdias], seguidodeprednisona(0,5a1mg/Kg/dia)portrêsaquatrosemanas,comreduc¸ãosubsequenteeobjetivodealcanc¸ar emseismesesadosede5a10mg/dia.
a)1,0
EmconjuntocomoCE,incluirCFMi.v.0,5a1g/m2SCmensalmenteduranteseismesesouCFMi.v.0,5gacada15dias durantetrêsmesesouMMF(2a3g/dia)ouAZA(2mg/dia).
a)0,9b)0,1
Aausênciaderespostaapóstrêsmesesdeterapiaadequadaindicaanecessidadedeconsiderarmudanc¸aprecoce doprotocolodeinduc¸ão.
a)0,9b)0,1
Apósseismesesdetratamentodeinduc¸ão,seaRCouRPnãotiveremsidoalcanc¸adas,considera-seaNLrefratária erecomenda-seumanovaterapiadeinduc¸ãocomMPetrocadoimunossupressor(CFM,MMFouAZA).
a)1,0
Protocoloparamanutenc¸ãonaGNmembranosa(classeV)
Amodificac¸ãodoesquematerapêuticoparaodafasedemanutenc¸ãodependedoalcancedaRCouRP. a)1,0 AAZAouoMMFestãoindicadosparaospacientesquetenhamalcanc¸adoRCouRPnafasedeinduc¸ão. a)1,0 ParaospacientesquenãotiveremobtidorespostafavorávelcomAZAouMMF,deve-seconsideraratrocadeumpelooutro
ousubstituic¸ãoporuminibidordacalcineurinaourituximabe.
a)1,0
Otempodeusodessesmedicamentosdevesernomínimode36meses,maselespodemsermantidosporperíodosmais longos.Asuasuspensãosódeveserfeitaquandoopacienteatingiremantiverremissãocompletasustentada.
a)1,0
Asdosesdecorticosteroidesdevemserreduzidasprogressivamenteesepossívelsuspensas,idealmentequandoo pacienteatingiremantiverremissãocompletasustentada.
a)0,9b)0,1
AAF,anticorposantifosfolipídeos;AZA,azatioprina;CFM,ciclofosfamida;CE,corticosteroide;GN,glomerulonefrite;LESP,lúpuseritematoso sistêmicopediátrico;MMF,micofenolatodemofetila;MP,metilprednisolona;NL,nefritelúpica;RC,remissãocompleta;RP,remissãoparcial; SC,superfíciecorporal.
Concordância:osnúmerosemcadarecomendac¸ãoexpressamospercentuaisdeconcordânciaentreosmembrosdeacordocomaclassificac¸ão usada.
maséprovávelquenãodevamosconsiderá-lascomoformas levesdeNL(tabela4).
Glomerulonefrite
membranosa
–
Tratamento
de
manutenc¸ão
AssimcomonasGNP,otratamentodemanutenc¸ãonaGNM tambémincluiumagenteimunossupressorcomoaAZAou MMF associados à prednisona emdoses progressivamente menores.ExcetopeloestudoALMS,nãoexistemoutros estu-dos randomizados e controlados que tenham analisado a AZAnamanutenc¸ãodaremissãonaGNM.Apesardisso,esse agentetemsidoamplamenteusadonamaioriadoscentros eMok,em2009,publicouosresultadosde umestudocom períododeobservac¸ãode12±6anos,comdesenhoaberto,no qualtodosospacientesreceberaminduc¸ãocomAZAe predni-solona.Nofimdesselongoperíododeobservac¸ão,35%haviam apresentadorecidivaseadespeitodanecessidadedeemprego deoutrosimunossupressoresedaelevac¸ãodasdosesdeCE, 79%dospacienteshaviamalcanc¸adovaloresdeproteinúria menoresdoque1g/24horascomfunc¸ãorenalpreservadae 21%,proteinúriamaiordoque1g/24horas,noentanto sub-nefrótica.Aduplicac¸ãodacreatininaséricafoiobservadaem 8%enenhumpacienteprogrediuparaDRCe.80Aindaqueo
desenhodoestudonãotenhasidoidealequetenhaincluído apenaspacienteschineses,olongoperíododeobservac¸ãoe
osresultadosfavoráveisencontradospermitemadmitiraAZA comoagentepotencialparausonoperíododemanutenc¸ão(C). NoestudoALMS,71queavaliouafasedemanutenc¸ãocom
MMFouAZA,foramincluídosapenasospacientesquehaviam obtidorespostafavorávelnafasedeinduc¸ão.Amaioriados pacientesapresentavaGNP,mashaviacercade15%comGNM pura(18casosnogrupodoMMFe17nodaAZA)eparaesses nãohádadosespecíficosderesposta.
Asrecomendac¸õesda EularedoACR sugeremousode qualquerumadasduasmedicac¸ões(D).20,21Noentanto,não
há publicac¸ão ou consenso queestabelec¸a tempomáximo da terapia,bemcomooquãorápidadeveserareduc¸ãoda medicac¸ãoselecionada.
ACsAfoiavaliadaemumestudorandomizadoe contro-ladoparainduc¸ãoemanutenc¸ãoemcurtoprazo(12meses)e quandocomparadaàprednisonaisoladafoimaiseficaznoque serefereaoalcancedeRC(B).85Operíododeapenasumano
nãopermite,contudo,generalizararespostaemlongoprazo comesseagente,principalmentefrenteàelevadafrequência derecidivasduranteoacompanhamento.
AlgumassériesdecasossugeremousodoTAC,commenor potencialnefrotóxiconamanutenc¸ão.73,86OTACpoderiaser
usadoemcasosespeciais,comonaquelescomfunc¸ãorenal normal,negatividadeparaosAAFecomproteinúria persis-tentementeelevada(D).
excec¸ãoparaamanutenc¸ãonospacientescomreconhecida máadesãoaotratamento(D).54,88
Aindaqueexistamdadospoucoconsistentesnaliteratura, entendemosqueparaafasedemanutenc¸ão,alémdasdoses baixasdeprednisona,idealmentemenoresdoque10mg/dia, osagentesmaisindicadossãoaAZA(2mg/Kg/dia)ouoMMF (2a3g/dia),associadosàHCLQeàterapiaadjuvante,como discutiremosaseguir.NoscasosderefratariedadedaGNM, pode-seconsideraroempregodeinibidoresdacalcineurina, principalmenteoTACeatémesmooRTX21(tabela4).
Acometimento
renal
na
síndrome
do
anticorpo
antifosfolipídeo
–
Diagnóstico
e
tratamento
O envolvimento renal pode ocorrer na SAF primária ou secundária, mas o impacto sobre o prognóstico na NL ainda é controverso.89 Os AAF (anticardiolipinas, anti-
2-glicoproteínaIeanticoagulantelúpico)podemdesencadear lesõesdavasculaturaintrarrenal,oquedeterminao desen-volvimentodenefropatiaassociadaàSAF(NSAF).90
OquadroclínicosecaracterizaporHAS,hematúrianão dis-mórfica,proteinúriaepioria dafunc¸ão renal,que podeser aguda,comrápidaevoluc¸ãoparadiálise,oucrônica,com pro-gressãolentaeprogressiva.34,91-93 Atrombose arterialrenal
agudacursa principalmentecom hipertensãoarterialgrave dedifícilcontrole,associadaounãoadorlombar,hematúria einsuficiênciarenalaguda.90Porsuavez,atrombosevenosa
renalevoluiprincipalmentecomproteinúriaquepode atin-girníveisnefróticose,seocorrerdeformacompletaeaguda, pode associar-se com lombalgia súbita e perda de func¸ão renal.90
AchadoshistopatológicosdaNSAFocorremem4%a40% dospacientescomLESesãomaisfrequentesempacientes com diagnóstico prévio de SAF.34,89,91-94 A microangiopatia
trombóticaéalesãoagudamaisimportanteecaracteriza-se pelapresenc¸adetrombosdefibrinanasarteríolase capila-resglomerulares.95Entretanto,dificilmenteéencontradade
maneira isolada em pacientes com LES, haja vista a fre-quentesobreposic¸ão com asalterac¸õeshistopatológicas da nefritelúpica.34Asseguinteslesõescrônicassãoencontradas
mais frequentemente ainda que tenham menor especifi-cidade para o diagnóstico de NSAF: hiperplasia intimal fibrosa e presenc¸a de trombos organizados com ou sem recanalizac¸ão, oclusão fibrosa ou fibrocelular de artérias e arteríolas,tireoidizac¸ãotubular,caracterizadaporatrofiados túbulos com cilindros eosinofílicos e atrofia cortical focal acompanhadasounãodedepressãonocontornodacápsula renal.95Aassociac¸ãodepelomenosumachado
histopatoló-gicoagudooucrônicocomapresenc¸adeAAFdefineNSAF.95,96
Os principais diagnósticos diferenciais envolvem condi-c¸ões clínicas associadas com distúrbio da coagulac¸ão ou injúriaendotelial,taiscomopúrpuratrombocitopênica trom-bótica, síndrome hemolítico-urêmica, hipertensão arterial maligna,diabetes,criserenalesclerodérmica,pré-eclâmpsia (PE),toxicidadepormedicamentos(CsAequimioterápicos)e rejeic¸ãodetransplanterenal.34,91-96
ANSAF foi associada como anticoagulantelúpico, ACL IgGe beta2GPI eéainda maisfrequente quandodois ou maisdessesAAFestãopresentes.Contudo,duranteoevento
vaso-oclusivoessesanticorpospodemestartemporariamente ausentes.89,94,96
AecografiacomDoppleracores,acintilografiacom99m Tc-DMSAeoestudoangiográficodosvasosrenaisauxiliam naidentificac¸ão doenvolvimentovascular,97 maséa
bióp-siarenalqueidentificaasalterac¸õeshistopatológicasquesão necessáriasparaodiagnósticodeNSAF.90
TodosospacientescomLESeAAFprecisamtercontroledos fatoresderisco paratrombose:obesidade, HAS,tabagismo, diabetesedislipidemia,assimcomoevitarousode anticon-cepcionaisestrogênicoseterapiadereposic¸ãohormonal(D).98
Quando há trombose venosa está indicada anticoagulac¸ão comINRentre2e3portempoindeterminado(B).99Na
trom-bosearterial, emborahaja amesma recomendac¸ão,alguns autoresdefendemaassociac¸ãodaanticoagulac¸ãocom anti-agreganteplaquetáriooumanutenc¸ãodoINRacimade3em casosrecorrentes(C).98Ousodeestatinaspoderiater
tam-bémumpapel adjuvantenotratamentodospacientescom SAF(C)98eempacientesqueapresentamNSAF,ousodaHCLQ
eantiagreganteplaquetárioouanticoagulac¸ãodeveser consi-derado(B).21,100
Terapia
adjuvante
na
nefrite
lúpica
Além do uso criterioso dos agentes imunossupressores, tanto nas fases de induc¸ão de remissão como nas fases de manutenc¸ão, diversas outras medidas também podem contribuir positivamente, não somentepara aobtenc¸ão de melhorcontroledoprocessoinflamatório,mastambémpara apreservac¸ãodafunc¸ãorenalemlongoprazo.Essasmedidas incluemrecomendac¸õesnãomedicamentosase medicamen-tosasabaixodiscriminadas:
a) Fornecerorientac¸ãodietéticaparaaprevenc¸ãoeocontrole dedislipidemia,diabetes,obesidade,HASeosteoporose. Estimularumadietabalanceadacomproteínas, carboidra-toselipídeosecombaixoteordesal(D).101
b) Considerarasuplementac¸ãodevitaminaDparatodosos pacientes,comdoses de800a 4.000UI/dia, comajustes sequenciaisparaqueosníveisséricosda25OHvitamina D semantenhamacima de 30ng/mL, apesardos bene-fícios clínicos ainda serem pouco expressivos (B).102,103
Recomenda-seestimulardietaricaemcálcioeconsiderar asuplementac¸ãoquandonecessário,principalmentenos pacientestratadoscomCEenasmulherespós-menopausa
(C).101
c) Evitarusodemedicamentosnefrotóxicos,especialmente osanti-inflamatóriosnãoesteroidais(AINE)(C).104
d) Estimularfortementeainterrupc¸ãodotabagismo(C).101
e) Estabelecer controle rigoroso da pressão arterial, objetivando níveis pressóricos iguais ou inferiores a 130/80mmHg, níveis nos quais há maior chance de preservac¸ãoda func¸ão renal (A).105 Hápreferência pelo
usodosIECAouBRA,cujaseficáciasjáestãobem estabe-lecidasparaasnefropatiascrônicasdeoutras etiologias (A),106 e pelos seus efeitos renoprotetores e
de insuficiência renal,na medida emque tanto podem causarhipercalemiacomotambémreduzirapressãode filtrac¸ão, comsubsequentequeda das taxas de filtrac¸ão glomerular (A).107-110 A associac¸ão dessas classes de
anti-hipertensivospareceteraindamaiorefeito antipro-teinúrico.Entretanto,oimpactonafunc¸ãorenal,emlongo prazo, ainda éindefinido.110 Adose deve ser adequada
para obteromáximoefeito anti-hipertensivoe antipro-teinúrico, commonitorac¸ão dos níveisdepotássio eda func¸ãorenal.21
f) A HCLQ está associada a taxas mais altas de resposta ao tratamento, menor frequência de recidivas, menor intensidade de dano renal, reduc¸ão de eventos trom-boembólicos e aumento da sobrevida e, por isso, está indicadaparatodosospacientescomNL,tantonafasede induc¸ãoquantonademanutenc¸ão,salvocontraindicac¸ão
(B).20,21,87,111-114 Aavaliac¸ão oftalmológica deve serfeita
antesdeiniciarotratamentoerepetidaanualmenteapós cincoanosdeusocontínuo,excetonoscasoscommaior riscoparaodesenvolvimentodetoxicidaderetiniana: paci-entes idosos; disfunc¸ão renal ou hepática; dose diária de HCLQ>400mg/dia (>6,5mg/kg/dia); dose cumulativa de HCLQ>1.000g ou presenc¸a de doenc¸a retiniana ou de maculopatia prévias. Nesses casos, recomenda-se o intervalode umano,desde oiníciodotratamentocom HCLQ.115
g) Osanticoncepcionaiscomestrogêniosdevemserevitados, principalmenteduranteafaseativadedoenc¸aouseexistir históriapréviadeeventocardiovascularourisco aumen-tado para a ocorrência de fenômenos tromboembólicos
(B).116 O usode terapiade reposic¸ãohormonaltambém
deveserevitado(B).117
h) Otratamentodadislipidemiacomestatinasdeveser reco-mendadoparapacientescomcolesterolLDL>100mg/dL,20
apesardeescassosestudosqueenvolvempacientescom
LES(C).118,119
Nefrite
lúpica
refratária
Apesardamelhoriasignificativadasobrevidaedapreservac¸ão dafunc¸ãorenalnamaioriadospacientescomNL,cercade10% a29%progridemparaDRCe.16,120Essaprogressãopodeocorrer
deformasilenciosa78ouficarevidenteaolongodaevoluc¸ão.
Émaiscomumnosquedesenvolvem asformas proliferati-vas.Na maioriadosestudos,aofim doperíododeinduc¸ão, menosde50%dosindivíduosalcanc¸amRC74epareceserum
objetivomaisrealnapráticaclínicaabuscadeRPouRCno períododeseisa12meses.Oscasosquenãoalcanc¸aremRC ouRPapósessetempodetratamentoadequadopoderiamser classificadoscomorefratáriosaoesquemainstituído.
Diversossãoosaspectosclínicose/oulaboratoriais rela-cionadosàrefratariedade.Dentreesses,osmaisfrequentes sãoiníciodaNLnaadolescência,sexomasculino, hipocom-plementemia,trombocitopenia,elevac¸ãodacreatininasérica eproteinúriamacic¸anomomentododiagnósticodaNL.11,121
Algunsfatoresestãorelacionadosdiretamenteàagressividade doseventosinflamatóriosglomerulares, comonovos episó-dios de reativac¸ão renal,particularmente nos primeiros18 mesesdadoenc¸a,presenc¸amacic¸adecrescentese/ounecrose
vascular, transformac¸ão histológica ou a superposic¸ões de lesões secundáriasàSAF.122-128Poroutrolado,a
refratarie-dadedaNLpodeestarrelacionadaaoutrasvariáveis,como oretardodeiníciodotratamentoeficaz,alémda impossibili-dadedecumprimentodoprotocolodetratamento,sejapor infecc¸ões e/oususpensõestemporáriasdosmedicamentos, sejaporbaixaadesãoaotratamento.29,129-131
Pacientescomnefritelúpicarefratária(NLR)aotratamento devemaindaseravaliadosquantoàpresenc¸adeoutras possí-veiscausasdeproteinúriapersistenteoudeperdadefunc¸ão renal, como uso de medicamentos nefrotóxicos, trombose de veias/artérias renais, infecc¸ões, hipertensão arterial ou diabetesmellitusdescompensados.20,21,29 Outracondic¸ãoque
também merece ser investigadaé asuperposic¸ão de lesão secundáriaànefrite tubulointersticial(NTI),relacionadana maioriadoscasosaousodeantimicrobianos,tãofrequente nasfasesdemaiorimunossupressão.Osachadosmais suges-tivos sãohiperuricemia, hipocalemia,isostenúriaeacidose tubularrenal,alémdosencontradosnosedimento urinário queincluemapresenc¸ademaiorquantidadedecélulas tubu-laresrenaisassociadasàausênciadeachadosindicativosde GNematividade.
Emcasos isolados,outras causasdeproteinúria (glome-rulopatia secundáriaadiabete, sífilis,infecc¸ão peloHIVou pelo HCV) também podem coexistir ou surgir ao longo da evoluc¸ãoedar aimpressãoderefratariedade.Noscasosde NLR,a(re)biópsiarenalpoderáserindicada,poispodepermitir identificarlesõesassociadas(comoalgumadasacimacitadas) oucaracterizarapresenc¸adelesõesexclusivamentecrônicas, nasquaisnãohaveriabenefíciodemaiorimunossupressão
(A).131,132
Uma vez identificada atividade inflamatóriapersistente e não responsiva ao tratamento, o RTX, que é um anti-corpo monoclonal anti-CD20, tem sido considerado uma opc¸ão terapêutica.Estudos publicados comséries de casos compacientesclassificadoscomorefratáriostêmevidenciado boarespostaem47%a89%.132,133 Oensaioclínico
prospec-tivo e controlado com RTX (Lunar), que incluiu pacientes com NL, nãodemonstrou superioridade doemprego desse agentequandousadoemassociac¸ãocomoMMFeoCEem comparac¸ãoaoplacebo.Éprovável,contudo,queesses resul-tadosnegativostenhamsidodecorrentesmaisdodesenhodo estudodoquedafaltadeeficáciadomedicamento.134A
des-peitoda ausênciadeestudoscontrolados quedemonstrem eficáciadeseuempregoparaotratamentodaNL,oRTXvem sendousadocombonsresultadosnamaioriadoscentrosde referênciaehojeestárecomendadonosconsensosdaEulare doACRparaospacientesconsideradosrefratáriostantonas GNPquantoparaaGNM.20,21Oregimedeadministrac¸ãoeas
doses empregadassãosemelhantesàspreconizadasparaa artritereumatoide(duasdosesde1.000mg,comintervalode 15dias)(C).