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As contribuições do PEJA na alfabetização de adultos acima de 60 anos

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Academic year: 2017

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8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761

As Contribuições do PEJA na

alfabetização de adultos acima de

60 anos.

Fabiana Alves de Souza, FCT/UNESP, Pedagogia, PROEX, fabiana_souza_pp18@hotmail.com, Ana Carolina Vieira Barbosa, FCT/UNESP, Pedagogia, PROEX, carolinasx3@hotmail.com, Onaide Schwartz Mendonça, orientadora, FCT/UNESP, onaide@fct.unesp.br.

Eixo 1: Direitos, Responsabilidades e Expressões para o Exercício da Cidadania

Resumo

Após muitas lutas, o Programa de Educação de Jovens e Adultos surgiu dando a oportunidade de ensino a cidadãos que foram prejudicados com a falta de estudos devido à desigualdade de nossa sociedade. Esse programa colaborou para formação de sujeitos críticos que pudessem entender o mundo ao seu redor. Permitiu que adultos da 3ª idade usufruíssem dos benefícios proporcionados pela educação, podendo, independentemente da idade ou classe social, se tornarem sujeitos de direitos criando autonomia e

se sentindo parte do contexto social e político em nosso país. Esse artigo debate o contexto histórico do PEJA, trazendo a discussão como contribuição à alfabetização de alunos acima de 60 anos.

Palavras Chave: Palavras-chave: PEJA, Alfabetização, Adultos.

Abstract:

After many struggles the Young and Adult Education Program (PEJA) emerged as a way of giving individuals that had no or defective opportunities of gathering knowledge by studying due to the lack of available study and economical and social inequality in our society the opportunity of studying contributing for the creation of critical thinkers that can understand the world around them. The program also allows the elderly to enjoy the benefits of education enabling them to become aware of their rights creating autonomy making them feel like part of the social environment in our country.

This article debates the historic context on which PEJA is in, bringing up the discussion about the contribution on elder students' literacy.

Keywords: PEJA, Literacy, Adults.

Introdução

Analisando a história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) observa-se que teve grande repercussão na história brasileira, se iniciando na década de 30 com uma campanha para alfabetizar em três meses e conclusão do curso primário em dois períodos de sete meses. Entretanto, no final da década de 50 esta campanha acabou restando apenas o supletivo assumido pelos estados e municípios.

Após muitas críticas, a campanha de Educação de Jovens e Adultos acabou sendo extinta. Em 1964 foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização orientado por Paulo Freire. Em sua perspectiva, os analfabetos eram conhecidos como homens e mulheres produtivos de cultura, tratando a educação como processo de dialogicidade.

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retiradas da “vida simples do povo”. Durante a década de 70 o mobral se expandiu por todo território nacional, mas em 1985 o programa foi extinto sendo substituído pela Fundação Educar.

Em 1990, a Fundação Educar também foi extinta clamando por reformulações pedagógicas, necessárias a todo o ensino fundamental. A entidade ressaltou a existência de um grande desafio pedagógico, o de garantir educação de qualidade que desse acesso à cultura letrada que possibilitasse uma participação ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura, a todo um segmento social que vinha sendo marginalizado nas esferas socioeconômicas e educacionais.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) também contribuiu para a implementação da Educação de Jovens e Adultos definindo-a como “a educação destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” e também ao afirmá-la como uma modalidade de ensino, conforme está estabelecido no Art. 4º, inciso VII:

O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de [...] oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (LDB 9394/96).

Entretanto, apesar do esforço empreendido ao longo dos anos, pesquisas recentes apontam que o índice de analfabetismo brasileiro acima de 15 anos continua vergonhoso, pois são cerca de 13 milhões de pessoas nessa condição. Nesse sentido, cabe aos gestores da educação empreenderem esforços para melhorar a formação dos professores e do ensino oferecido pelas escolas públicas que, ao contrário de seus propósitos, continuam produzindo analfabetos e aumentando as desigualdades sociais.

Cabe lembrar que a “democratização” da escola ocorrida em meados da década de 80, quanto à ampliação da oferta do número de vagas, ocorreu há 30 anos, mas os resultados de pesquisas mostram que não veio acompanhada de qualidade. Portanto, os analfabetos de hoje com idade entre 15 e 35 anos, passaram pela escola pública, então, qual seria a razão pela qual ainda não estão alfabetizados? Acreditamos que falta formação científica sólida aos professores que garanta a competência técnica necessária ao seu bom desempenho e uso de metodologias adequadas.

Ao tratar da Educação de Jovens e Adultos não estamos falando apenas de uma modalidade de ensino, é muito mais que isso, pois é propor uma educação de qualidade que, por algum motivo, foi negada ao sujeito em sua idade regular. Portanto, trabalhar com esse ensino envolve muita responsabilidade, compromisso e dedicação.

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pretende apresentar algumas das dificuldades encontradas e os resultados obtidos, podendo assim colaborar com a educação popular.

Objetivos

O PEJA – Programa de Educação de Jovens e Adultos é um programa de extensão que possibilita ao graduando adentrar o campo educacional trazendo grandes experiências a sua formação, contribuindo para além da alfabetização, à medida que exige que o bolsista ensine os aprendizes a se reconhecerem como sujeitos de direitos.

Assim, nesse trabalho temos como objetivo trazer a reflexão sobre a importância do PEJA na educação e conscientização social de alunos adultos, inclusive acima de 60 anos, que permita a construção de sua autonomia e de uma visão crítica como participantes e atuantes da sociedade em que vivem.

Material e Métodos

A pesquisa possui natureza qualitativa, do tipo estudo de caso, e foi realizada com alunos da 3ª terceira idade em uma sala cedida por uma igreja católica no município de Presidente Prudente. A sala de aula era composta por alunas de EJA I, ou seja, educandos/as sendo alfabetizados e de EJA II, com as quais se desenvolvia letramento, os educandos/as já possuem as técnicas da alfabetização, mas ainda resta o domínio dessas técnicas. As aulas ocorriam de segunda a quinta-feira sendo trabalhados conteúdos de Português, Matemática e Conhecimentos gerais lecionados pelas bolsitas com orientação da coordenadora do projeto.

Conscientes sobre a importância da alfabetização e da conscientização social para educandos do PEJA um dos materiais que utilizamos em nossos trabalhos foi o Livro de Alfabetização de Jovens e Adultos, elaborado por nossa orientadora para alfabetizar letrando nos presídios da região.

Este material tem como base teórica o livro: Alfabetização - Método Sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire (2009), cujo objetivo é:

[...] mostrar como se ensina crianças, jovens e adultos a ler e escrever com eficiência, buscando transformar a consciência ingênua do aprendiz em consciência crítica, com o compromisso maior de formar o cidadão competente para usar a leitura e a escrita, como instrumento social para a construção de uma sociedade mais justa (MENDONÇA. O. S.; MENDONÇA, O. C., 2009, p.11)

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palavra e, na descodificação, realizamos o desvelamento ou releitura desse mundo, através de subsídios teóricos que levem os educandos a um conhecimento mais crítico sobre o tema.

Finalizando esses passos trabalhamos atividades específicas para cada nível em que os educandos se encontram. Para os educandos que estão aprendendo o código da leitura e da escrita são propostas atividades mais simples, como a leitura das letras do alfabeto, assim como o próprio nome, as letras e sílabas que formam as palavras geradoras.

Para os educandos de letramento, isto é, que já dominam o código de escrita, são trabalhadas atividades de nível alfabético, como interpretação de texto, exercícios de ortografia e também produção textual.

Para as aulas de Matemática eram ensinados conceitos básicos, como apresentação de numerais, adições e subtrações primárias, unidades e dezenas, e demais conceitos pra iniciação na matéria. Os materiais utilizados eram atividades xerocopiadas, grãos de feijões para auxiliar na soma, dominó e bingo confeccionados pelas próprias alunas, as atividades problemas eram baseadas na realidade social das educandas permitindo uma aprendizagem significativa.

Nas aulas de conhecimentos gerais eram utilizados textos jornalísticos para discussões sobre o contexto social atual e também alguns textos sobre datas comemorativas. Todos os materiais foram abordados em forma de debate para que os educandos sejam capazes de fazer a leitura da sua realidade na sociedade.

Resultados e Discussão

Durante o programa verificou-se uma dificuldade de assimilação das letras do alfabeto pelas alunas da alfabetização inicial, e, a fim de solucionar o problema, em reuniões foi proposta a confecção de alfabeto com imagens ligadas ao contexto social em que estão inseridas. Após a mudança notou-se um avanço na aprendizagem e na aprendizagem da separação silábica. Após a memorização das letras, as atividades para o ensino do nome se tornaram mais proveitosas, permitindo que os alunos, mesmo com algumas limitações, conseguissem obter o resultado esperado na atividade.

Com relação ao letramento, com auxílio dos textos foi possível que os educandos melhorassem a leitura, a fala e, consequentemente, a ortografia. Desenvolveu-se um projeto de cartas, em que puderam treinar a escrita, compreender a diferença entre os gêneros textuais e suas estruturas. Com as discussões em sala, através das palavras geradoras, os educandos puderam fazer uma releitura de si mesmos, levando à conscientização sobre seu lugar na sociedade.

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Muitos participaram das discussões em sala para aprendizagem dos conhecimentos gerais, já que os educandos não tinham consciência sobre a realidade em que viviam, sobre os temas abordados, tornando-se necessário o diálogo para reconhecerem-tornando-se como cidadãos. Pois, tornando-segundo Miguel e Camargo (2012, p. 22) “Toda atividade é deflagrada por uma necessidade. A atividade busca como finalidade, aquilo que ainda não é real, mas que é possível torna-se real.”

Conclusões

Neste artigo, nosso esforço foi o de relatar as contribuições do PEJA a educandos acima de 60 anos que, através do programa, foram ajudados na construção da sua autonomia, de um olhar mais crítico da sociedade, na sua socialização trazendo, portanto, benefícios ao seu reconhecimento como cidadão, na compreensão de si como sujeitos históricos e de direitos. Apesar das dificuldades encontradas na reconstrução do saber, pois é muito difícil desconstruir a consciência ingênua internalizada transformando-a em consciência crítica, acreditamos ter conseguido contribuir nesse sentido. Como afirma FREIRE (1970, p. 8)

[...] A consciência do mundo e a consciência de si crescem juntas em razão direta; uma é a luz interior da outra, uma comprometida com a outra. Evidencia-se a intrínseca correlação entre conquistar-se, fazer-se mais si mesmo, e conquistar o mundo, fazê-lo mais humano.

Concluímos que, independentemente da idade, a educação na sua totalidade cumpre seu papel não somente no ensino de alfabetização e letramento e os conceitos matemáticos, mas que somada às experiências de vida consegue contemplar o ser humano como um todo, em seus aspectos sociais, cognitivos, afetivos e culturais.

Referências

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília, 1996. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

____ . Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FARIAS, A.; ROSSI, R.; FURLANETTI, M. P. F. R. Problematizando a Formação do Educador Popular a partir da Discussão da Diversidade na Educação de Pessoas Jovens e Adultos. Presidente Prudente:

Boletim GEPEP, v. 01, n.01, p. 12-24, dezembro, 2012.

MENDONÇA, O. S.; MENDONÇA, O. C. Alfabetização - método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2009.

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