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Moro em edifício histórico, e agora?: avaliação pós-ocupação de habitações multifamiliares no Centro Histórico de São Luís -MA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

DANIELA SANTOS GONÇALVES

“MORO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO, E AGORA?”

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE HABITAÇÕES MULTIFAMILIARES NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUIS - MA.

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DANIELA SANTOS GONÇALVES

“MORO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO, E AGORA?”

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE HABITAÇÕES MULTIFAMILIARES NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUIS - MA.

Dissertação apresentada como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. É orientada por Maisa Fernandes Dutra Veloso, Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte UFRN/Biblioteca Central Zila Mamede

DANIELA SANTOS GONÇALVES Gonçalves, Daniela Santos.

“ Moro em edif ício hist órico, e agora?” aval iação pós-ocupação de habit ações mul t if amil iares no Cent ro Hist órico de São Luís -MA / Daniel a Sant os Gonçal ves. – Nat al , RN, 2006.

161 f

Orient adora : Maisa Fernandes Dut ra Vel oso.

Dissertação (Mestre). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

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“MORO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO, E AGORA?”

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE HABITAÇÕES MULTIFAMILIARES NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUIS - MA.

Aprovação em 14 de Dezembro de 2006

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Dra. Maisa Fernandes Dutra Veloso

Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo - UFRN

________________________________________________________ Prof. Dra. Amadja Henrique Borges

Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo - UFRN

________________________________________________________ Prof. Dr. Luis de la Mora

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Dedico este trabalho,

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AGRADECIMENTOS

Talvez esta seja uma das páginas mais importantes desse trabalho, pois a dedicação e pesquisa intensa se deram em grande parte pelo apoio e ajuda de várias pessoas. Pessoas que participaram direta ou indiretamente, mas que eu sabia que estavam sempre ao meu lado e torcendo pelo meu sucesso.

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ter me dado forças e inspiração para iniciar e concluir esse trabalho.

Agradeço a minha mãe, Cristina Amélia, pelo seu amor incondicional, que sempre acreditou no meu sonho e sempre me incentivou a torná-lo realidade. Que mesmo nos momentos mais difíceis, sempre se mostrou otimista e que acima de tudo, soube compreender minha ausência do convívio diário, mesmo quando eu estava presente.

A minha orientadora, Profª. Maísa Veloso, que com seu caráter firme e determinado, seu conhecimento, sua compreensão e principalmente amizade, norteou meu caminho percorrido.

(8)

Agradeço também a minha eterna orientadora, Prof.ª Márcia Marques, pela atenção, pelo interesse e pela amizade ao longo de mais um trabalho.

Ao Sr. Alcindo Costa pela colaboração, pela disponibilidade em atender as minhas solicitações e pelo interesse em ajudar nesta pesquisa.

As minhas grandes amigas, Nívea e Ester, Claudinha e Verônica, pelo eterno ombro amigo.

A todos os moradores das Habitações Multifamiliares, que abriram as portas de suas casas para me receber sempre com um sorriso no rosto.

Aos meus amigos da cidade de Natal, Marília, Luciana, Ramón, Valéria, Carlinha, Jairson, Larissa, Sr.ª Marly e sua família, Sr. Dâmocles e família pela acolhida nessa cidade e pelos momentos de descontração.

Aos meus amigos de mestrado e a todos os professores do PPGAU que me enriqueceram e me cederam um pouco de seus conhecimentos.

Enfim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma, me ajudaram a concretizar esta obra.

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[...] talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor fosse feito [...] Não somos o que deveríamos ser, mas somos o que iremos ser. Mas graças a Deus, não somos o que éramos.

(10)

RESUMO

A questão central da pesquisa se insere numa temática atual e de relevância para os estudos em Preservação e Conservação do Patrimônio Edificado. Analisa as relações entre uso habitacional, satisfação dos moradores e preservação do patrimônio construído no Centro Histórico de São Luís-MA. Considera que o uso é fator que possibilita a transformação de “espaços” em “lugares”, priorizando o ponto de vista do usuário como elemento imprescindível à análise da realidade e que enriquece a avaliação técnica dos aspectos funcionais e formais do ambiente construído. Procura-se entender a relação homem-ambiente, e principalmente, verificar como ela acontece ao longo do processo da ocupação e de apropriação de edifícios históricos destinados a reuso habitacional, e, ainda, se essa apropriação favorece a preservação do Centro Histórico de São Luís.

(11)

ABSTRACT

The central question of the research if inserts in thematic current and of relevance for the studies in Preservation and a Conservation of Historical Centers. It analyzes the relations between habitacional use, satisfaction of the inhabitants and preservation of the patrimony constructed in the Historical Center of São Luis-MA It considers that the use is factor that makes possible the transformation of “spaces” in “places”, prioritizing the point of view of the user as essential element to the analysis of the reality and that enriches the evaluation technique of the functional and formal aspects of the constructed environment. It is looked to understand the relation man-environment, and mainly, to verify as it happens throughout the process of the occupation and of appropriation of historical buildings destined to habitacional reuse, and still if this appropriation favors the preservation of the Historical Center of São Luís.

(12)

LISTA DE FIGURAS

p.

Figura 01 Mapas do Brasil, Maranhão e São Luís ...25

Figura 02 Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA ...26

Figura 03 Mapa do Centro Histórico de São Luís-MA ...27

Figura 04 Foto aérea do Centro Histórico de São Luís-MA...29

Figura 05 Variedade de formas de implantação de lotes urbanos no Centro Histórico de São Luís-MA ...30

Figura 06 Fechamento de varanda interna com esquadria do tipo pivotante...31

Figura 07 Fachada revestida com azulejos portugueses ...31

Figura 08 Delimitação das áreas de Tombamento do Centro Histórico de São Luís-MA...32

Figura 09 Capela de São José das Laranjeiras...35

Figura 10 Condições atuais do Albergue do Voluntariado (Projeto Piloto de Habitação) ...39

Figura 11 Solar Lilah Lisboa, atual Escola de Música do Maranhão ...43

Figura 12 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão ...44

Figura 13 Projeto Casa dos Artistas e Casa do Artesão ...44

Figura 14 Pousada do Largo do Comércio...45

(13)

Figura 16 Etapas da Pesquisa ...94

Figura 17 Vedação da circulação interna comum dos apartamentos ...103

Figura 18 Adições feitas à estrutura original – parede em alvenaria...106

Figura 19 Adições feitas à estrutura original – divisórias ...106

Figura 20 Estado de conservação do telhado ...107

Figura 21 Estado de conservação do telhado ...107

Figura 22 Infiltração nas paredes internas ...107

Figura 23 Infiltração nas paredes internas ...107

Figura 24 Infiltrações nas fachadas internas...107

Figura 25 Localização da Habitação Multifamiliar 01 ...108

Figura 26 Planta Baixa de reforma do térreo ...109

Figura 27 Planta baixa de reforma dos pavimentos superiores ...110

Figura 28 Planta baixa térreo ...111

Figura 29 Planta baixa do 1º pavimento...112

Figura 30 Planta baixa do 2º pavimento...113

Figura 31 Localização da Habitação Multifamiliar 02 ...115

Figura 32 Detalhe do comércio existente da edificação ...116

Figura 33 Planta baixa de reforma do térreo...116

Figura 34 Planta baixa de reforma pavimento inferior...118

Figura 35 Planta baixa de reforma pavimento superior...119

(14)

Figura 37 Planta baixa pavimento inferior ...121

Figura 38 Planta baixa pavimento superior ...122

Figura 39 Localização da Habitação Multifamiliar 03 ...123

Figura 40 Fachada lateral e principal ...124

Figura 41 Detalhe da rachadura...124

Figura 42 Detalhe da estrutura em madeira da escada ...124

Figura 43 Detalhe da estrutura em madeira da escada ...124

Figura 44 A porta principal antes da reforma ...125

Figura 45 A porta principal depois da reforma ...125

Figura 46 Planta baixa de reforma do térreo...126

Figura 47 Planta baixa de reforma do pavimento superior...127

Figura 48 Planta baixa térreo ...128

Figura 49 Projeto Teatro Escola...128

Figura 50 Planta baixa pavimento superior ...129

Figura 51 Localização da Habitação Multifamiliar 04 ...130

Figura 52 Detalhe dos acréscimos em divisória ...131

Figura 53 Detalhe das infiltrações ...131

Figura 54 Detalhe do telhado ...131

Figura 55 Detalhe do forro em madeira...131

Figura 56 Detalhe da escada ...131

Figura 57 Vista do pátio interno para a edificação ...131

Figura 58 Planta baixa de reforma do térreo...132

Figura 59 Planta baixa de reforma do pavimento superior...133

(15)

Figura 61 Loja no pavimento térreo da edificação...135 Figura 62 Planta baixa pavimento superior ...136 Figura 63 Habitações Multifamiliares 01 e 04 ...137

LISTA DE MAPAS

p.

Mapa 01 Usos atuais no centro histórico de São Luís-MA...34 Mapa 02 Localização das intervenções no Centro Histórico de

São Luís-MA ...47 Mapa 03 Recorte espacial da área de estudo do Centro

Histórico de São Luís-MA...52

LISTA DE GRÁFICOS

p.

Gráfico 01 Número de pessoas no apartamento ...139 Gráfico 02 Idade dos moradores entrevistados ...140 Gráfico 03 Nível de escolaridade dos moradores entrevistados...140 Gráfico 04 Ocupação profissional dos moradores das Habitações Multifamiliares ...141 Gráfico 05 Número de pessoas com rendimentos por

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LISTA DE QUADROS

p.

Quadro 01 Características do Centro Histórico...28 Quadro 02 Prédios escolhidos para primeira etapa do

Programa ...50

Quadro 03 Resumo da análise dos projetos de reforma

das Habitações Multifamiliares...138 Quadro 04 Condições anteriores de moradia dos moradores

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LISTA DE SIGLAS

APO Avaliação Pós-Ocupação

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BNB Banco do Nordeste do Brasil

CH Centro Histórico

CHSL Centro Histórico de São Luís

CSTB Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (Centro Científico e Técnico da Construção)

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional PPGAU Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo PPRCHSL Programa de Preservação e Revitalização do Centro

Histórico de São Luís

PPSHGM Programa de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado do Maranhão

PRODETUR/MA Programa de ação para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste, Unidade Executora do Maranhão.

PRODETUR/NE Programa de ação para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste

UEMA Universidade Estadual do Maranhão

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(18)

SUMÁRIO

p.

INTRODUÇÃO ...17

1 A CIDADE DE SÃO LUÍS - MA E A CONSERVAÇÃO DE SEU CENTRO HISTÓRICO ...24

1.1 A cidade de São Luís...24

1.2 O Centro Histórico ...25

1.3 O despertar para a preservação do Centro Histórico – O Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís...35

1.4 Subprograma de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado do Maranhão - SPSHGM...48

1.4.1 Requisitos para participar do programa (primeira etapa)...49

1.4.2 Condições do contrato...49

1.4.3 Benefícios alcançados...49

2 CENTROS HISTÓRICOS – Aspectos teórico-conceituais sobre a revitalização de Centros Históricos ...54

2.1 Conceito de centro urbano e suas derivações terminológicas...55

2.2 Processo de deterioração dos centros tradicionais ...62

2.3 Breve evolução de intervenções em áreas centrais ...68

(19)

Históricos...78

2.6 Documentos internacionais de proteção ao patrimônio cultural mundial...80

2.7 A Carta de São Luís – 05/2000 ...82

3 REFERENCIAL METODOLÓGICO ...87

3.1 Estratégia de abordagem: Princípios conceituais da Avaliação Pós-ocupação (APO) ...87

3.2 Tipos de APO ...90

3.3 Pesquisa Multimétodos...93

3.4 Detalhamento da Pesquisa Multimétodos...95

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS...101

4.1 Análise das Habitações Multifamiliares...102

4.1.1 Habitação Multifamiliar 01...106

4.1.2 Habitação Multifamiliar 02...114

4.1.3 Habitação Multifamiliar 03...123

4.1.4 Habitação Multifamiliar 04...130

4.2 Perfil dos moradores das Habitações Multifamiliares ...138

4.3 Satisfação dos moradores ...143

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...148

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...153

GLOSSÁRIO ...158

(20)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho, intitulado “Moro em edifício histórico, e agora?

Avaliação pós-ocupação de habitações multifamiliares no Centro Histórico de São

Luís-MA”, tem por objetivo principal averiguar a satisfação dos usuários destas

habitações, pertencentes ao Subprograma de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado do Maranhão, através da aplicação da técnica da APO – Avaliação Pós-Ocupação. Com base nesta avaliação pretendemos fornecer elementos para revisão e melhorias no Subprograma.

(21)

A importância desta investigação está no fato de que é praticamente consenso entre os estudiosos que a conservação dos sítios históricos se desenvolverá principalmente através da permanência do uso residencial ao qual devem ser atrelados usos complementares que garantam a sua permanência e que sejam compatíveis com a função do morar, ou seja, que promovam a diversidade de usos (JACOBS, 1973, p. 158). No entanto, é importante lembrar que os Centros Históricos possuem uma infinidade de recursos, renováveis e não renováveis, e a esse patrimônio se deve ter e manter o respeito em favor da História.

A questão da preservação e conservação de Áreas Históricas ou Patrimônios Culturais de determinado povo ou Nação, coloca-se, na década de 90, frente ao paradigma do Desenvolvimento Sustentável ao qual, todas as cidades do mundo se depararam mais forte, e conscientemente, após a conferência ECO 923, evento que foi considerado o maior encontro ecológico do planeta (BARBIERI, 1997, p. 46).

O trabalho procura responder às seguintes questões: Como se dá a relação entre o habitar e o Centro Histórico, principalmente no âmbito do Programa de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado do Maranhão? Qual o grau de

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satisfação dos funcionários selecionados para integrarem as Habitações Multifamiliares pertencentes a esse Subprograma?

A cidade tem que ser encarada como um artefato, como bens culturais de um povo. Mas um artefato que pulsa, que vive, que permanentemente se transforma, se auto-devora e expande em novos tecidos recriados para atender às demandas sucessivas de programas em permanente renovação (LEMOS, 2000, p. 47).

A reflexão acerca de como proporcionar o retorno de atividades e a reutilização do patrimônio realmente através de uma política de Conservação Integrada é de extrema importância à sociedade em geral. Promover intervenções sem dar a devida importância à conservação da informação histórica, o material tipológico e morfológico e, também, tão importante quanto, o material humano que o habita, que deveria ser deixada às futuras gerações não é uma ação de salvaguarda do Patrimônio Histórico Construído.

(23)

desse bem, impedindo o processo de degradação4, ele estimula uma diversidade de atividades adequadas a essas áreas, principalmente em termos de comércio e serviços e promove a utilização do espaço urbano em todos os horários, dias da semana e épocas do ano.

Assim, o ato de morar demanda um esforço considerável em termos de educação social e ambiental, incluindo mudanças de comportamento em prol da “construção” de uma comunidade em que cada membro usufrua as vantagens oferecidas em seu conjunto habitacional, ao mesmo tempo em que contribui para a manutenção dessas qualidades ambientais. Recentemente houve uma mudança na maneira de encarar a questão habitacional: não há mais como desocupar as unidades insalubres ou simplesmente transferir essa população, colocando-as em outros lugares, muitas vezes longe dos empregos disponíveis (ROMERO, 2002, p. 213).

Em se tratando de Centros Históricos, vemos a urgência de se estabelecer critérios não só relativos à utilização das edificações, que eram na sua grande maioria destinadas a usos adequados, necessários e compatíveis como o uso residencial, bem como formas adequadas de adaptação e incorporação dos avanços tecnológicos.

(24)

Assim, para esta Dissertação de Mestrado, optamos por desenvolver um trabalho de pesquisa que objetiva investigar as relações entre uso habitacional, morfologia das unidades habitacionais e satisfação dos usuários dessas edificações históricas - Habitações Multifamiliares - no Centro Histórico de São Luís - MA.

A opção de estudar essas Habitações Multifamiliares ocorreu em virtude do interesse e mesmo paixão pessoal da autora pelo Centro Histórico de São Luís, em especial pelos casarões com uso residencial, e também pela preocupação de entender o porquê que alguns programas de mesmo caráter do Subprograma de Promoção Social e Habitação, não obtinham sucesso, não alcançavam seus objetivos propostos. Ou seja, avaliar, através da APO – Avaliação Pós-Ocupação (Ornstein, 1992), se os casarões que foram, e estão sendo reabilitados no Centro Histórico, estão adequados às necessidades dos funcionários selecionados e se esses funcionários-moradores estão satisfeitos como o novo padrão de moradia que lhes foi proporcionado.

(25)

O trabalho está estruturado em cinco capítulos e organizado da seguinte maneira:

No capítulo 1, é feita uma caracterização da cidade de São Luís e do seu Centro Histórico, com ênfase para as Habitações Multifamiliares, nosso objeto de estudo. Foi necessário apresentar brevemente a evolução urbana da cidade de São Luís, para que pudéssemos melhor compreender a importância de se preservar o patrimônio histórico edificado. Embora São Luís seja uma cidade com 394 anos de existência, ainda possui um relevante acervo patrimonial edificado, que deve ser respeitado quando da implementação de projetos de intervenção.

No capítulo 2, são apresentados os aspectos teórico-conceituais sobre a revitalização de Centros Históricos; uma revisão conceitual sobre os principais descritores ou palavras-chaves para o entendimento do tema, tais como

revitalização, reabilitação, patrimônio histórico, centro histórico, dentre outros,

fornecidos pela literatura nacional e internacional especializada.

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levantamento da memória dos projetos e da construção das Habitações Multifamiliares integrantes do Subprograma de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado, através da análise das plantas originais, fotos, documentos do período da restauração das edificações; Observação (walk-throught) das estruturas funcionais e físicas, a fim de identificar as atividades desenvolvidas nos cômodos de cada apartamento, identificando se o uso definido pelo projeto é equivalente ao uso real de cada cômodo; Aplicação de questionários com os funcionários-moradores das unidades habitacionais das Habitações Multifamiliares, a fim de caracterizar o seu perfil e suas preferências em relação às vantagens e desvantagens de morar no Centro Histórico (modelo no Apêndice 01); entrevistas aos moradores - chaves de cada edificação, o síndico ou alguém que estivesse participando de algum tipo de comissão responsável pela edificação, (modelo no Apêndice 02); entrevistas às arquitetas que desenvolveram os projetos de reformas das edificações (ver Apêndices 03 e 04) e por fim, entrevista a um dos técnicos do Subprograma de Promoção Social e Habitação técnicos (ver Apêndice 5).

(27)

Promoção Social e Habitação, garantindo, assim, a permanência dessa população no Centro Histórico.

(28)

1 A CIDADE DE SÃO LUÍS - MA E A CONSERVAÇÃO DE SEU CENTRO

HISTÓRICO

Neste capítulo apresentamos a cidade de São Luís, de modo a facilitar a compreensão da necessidade de se preservar o seu patrimônio histórico edificado. Introduziremos o contexto no qual foi desenvolvida a pesquisa de campo – o Centro Histórico da cidade. Embora São Luís seja uma cidade com 394 anos de existência, ainda permanecem vivos em determinadas áreas do Centro Histórico alguns aspectos relevantes quanto à sua arquitetura, que devem ser respeitados quando do processo de intervenção.

1.1 A cidade de São Luís

Capital do Estado do Maranhão, a cidade de São Luís ocupa, com os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, a ilha Upaon-Açu dos índios Tupinambás, hoje ilha de São Luís. Com uma superfície de 1.453,1 km²; está localizada no Golfão Maranhense, estuário dos rios Mearim, Itapecuru, Pindaré e Munim, primeiras vias de penetração ao interior do Estado.

(29)

e diversificado ecossistema composto por rios, praias, dunas e manguezais que permeia todo seu território.

FIGURA 01 – Mapas do Brasil, Maranhão e São Luís

Centro Histórico

Ilha de São Luís

Fonte: MARQUES, 2002.

1.2 O Centro Histórico

(30)

fronteiriço à foz dos rios mencionados, datado do primeiro quartel do século XVII, bem como os espaços adjacentes da expansão urbana ocorrida nos séculos XVIII, XIX e início do século XX. Esse Centro, atualmente, é circundado por uma via arterial primária de cerca de 8 km de extensão, denominada Anel Viário de São Luís, o qual se insere num quadrilátero de aproximadamente 2 km x 2 km.

FIGURA 02 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA

Rio Anil

Rio Bacang

Fonte: Guia Turístico do Maranhão, 2001.

(31)

As ladeiras resultantes da ligação entre o platô central e a faixa plana ao longo do Anel Viário contribuem para a identificação das áreas mais antigas, separando a zona portuária das áreas de uso residencial e comercial que se desenvolvem no platô de cota mais elevada. As ladeiras permitem focalizar as vistas sobre a baía e canalizam a brisa do mar para o centro.

FIGURA 03 – Mapa do Centro Histórico de São Luís-MA

Canto da Fabril Praça Deodoro Ribeirão

Praça Gonçalves Dias Teatro Arthur

Azevedo Palácio

dos Leões

Anel Viário Praia

Grande

Desterro

Rio Bacanga

Cais da Sagração

Madre de Deus

Rio Anil

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A caracterização da área pode ser observada por meio do Quadro 01, no qual se destacam o uso residencial unifamiliar como predominante em todo o conjunto preservado, o percentual elevado de imóveis desocupados e com usos institucionais na área federal e as características estilísticas ligadas ao denominado tradicional português. A área de tombamento estadual é marcada pelas correntes modernas e ecléticas (incluídos os estilos neocolonial e art déco) e popular, provenientes dos sistemas construtivos informais que ao longo do tempo apropriaram-se da imagem tradicional da arquitetura do Centro da cidade, porém sem uma unidade estilística que o defina claramente.

QUADRO 01 – Característica do Centro Histórico

USOS

Comércio Serviço Institucional Industrial Residencial

Unifamiliar MultifamiliarResidencial Misto Sem uso

Federal 18,30 13,19 13,49 * 20,86 2,15 12,07 19,94

Estadual 20,28 12,85 3,58 0 53,05 0,51 3,97 5,76

GABARITO

1º pavimento 2º pavimento 3º pavimento 4º pavimento 5º pavimento 6º pav. ou + Lote vazio

Federal 51 36 10 2 1 ** 0 ***

Estadual 68,31 27 2,61 0,51 0,12 0,12 1,33

CONSERVAÇÃO

Ruína Péssimo Regular Bom Lote vazio

Federal 11 36 43 10 ***

Estadual 0,71 7,71 22,72 67,53 1,33

ESTILO ARQUITETÔNICO Tradicional

português Neoclássico Moderno Art déco Neocolonial Eclético Popular vazioLote

Federal 56 0,5 16,05 4 4 9 10 ***

Estadual 15,92 0 21,36 0,71 2,09 12,45 46,14 1,33

Fonte: Prefeitura Municipal de São Luís, Iplam, 2004. Números em %

* Uso industrial não incluído no levantamento do Iphan ** O Iphan considerou cinco pavimentos ou +

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O Centro Histórico de São Luís possui uma textura compacta e regular; as edificações estão implantadas sobre uma malha viária ortogonal, de forma contínua, junto às testadas dos lotes, estabelecendo um alinhamento regular sobre as calçadas. Ligeiras modificações na direção e largura das vias e a determinação de pequenos espaços abertos espalhados na área criam o peculiar ritmo da paisagem urbana de São Luís, como podemos observar na Figura 04, que mostra o Centro Histórico, desde a Ponte do São Francisco, passando pelo Palácio dos Leões até o mercado da Praia Grande.

FIGURA 04 – Foto aérea do Centro Histórico de São Luís - MA

Ribeirão Rio Anil

Ponte do São Francisco

Palácio dos Leões

Anel Viário

Praia Grande

Rio Bacanga Fonte: Guia Turístico do Maranhão, 2001.

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ainda pelos telhados em telha de barro do tipo capa-e-canal, as fachadas revestidas de azulejos dicrômicos portugueses ou massa pintada, os beirais curtos terminados com cimalhas trabalhadas, vãos estreitos regularmente dispostos e emoldurados, balcões guarnecidos de grades de ferro batido e piso em pedra de cantaria (ver figura 05).

FIGURA 05 – Variedade de formas de implantação das edificações nos lotes

urbanos no Centro Histórico de São Luís - MA

Fonte: ANDRÉS, 1998.

(35)

FIGURA 06 – Fechamento de varanda interna em esquadria do tipo pivotante

Fonte: ANDRÉS, 1998.

Além disso, os azulejos portugueses utilizados como revestimento das fachadas possuem alto poder de impermeabilização, constituindo proteção contra as chuvas intensas e, durante o verão, refletindo os raios solares, conforme Figura 07.

FIGURA 07 – Fachada revestida com azulejos portugueses.

(36)

O conjunto delimitado estritamente pelos perímetros dos Tombamentos Federal (cerca de 1.000 edificações) e Estadual (cerca de 2.500 edificações) possui um total aproximado de 3.500 imóveis de valor histórico e arquitetônico, a maioria civil, com construções do período colonial e imperial, com características peculiares nas soluções arquitetônicas de tipologia, revestimento de fachadas e distribuição interna (ver figura 08).

FIGURA 08 – Delimitação das áreas de Tombamento do Centro Histórico de

São Luís - MA

(37)

Vale mencionar ainda, a grande diversidade de usos dos casarões do Centro Histórico de São Luís, proporcionando assim, uma melhor “manutenção” ao uso residencial. Entende-se aqui, manutenção no sentido de usos que possam favorecer a fixação de seus moradores.

Devemos destacar ainda, que essa diversidade de usos contemporâneos é desejável em áreas históricas urbanas, com a responsabilidade de respeitar sua tipologia específica e seu entorno. Não só desejável, como fundamental para a satisfação de seus moradores. Satisfação essa refletida na sua relação com seu imóvel, proporcionando a experiência diária com o meio urbano.

(38)
(39)

1.3 O despertar para a preservação do Centro Histórico – O Programa de

Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís-MA

Buscando historicamente as ações realizadas em São Luís, tem-se o início da atuação na Preservação e Conservação de Bens Culturais, em 1940, com o Tombamento Federal da Capela de São José da Quinta das Laranjeiras.

FIGURA 09 – Capela de São José da Quinta das Laranjeiras.

Fonte: própria, 2006.

(40)

De 1966 a 1974, ações pontuais foram realizadas a começar pela visita de Michel Parent5 com o objetivo de preparar uma proposta de Preservação do Centro Histórico de São Luís, mas as suas idéias não foram atendidas. Em 1973, novo consultor foi enviado, o arquiteto português, Viana de Lima, entretanto também fracassou a tentativa de se elaborar um documento criando diretrizes para preservação do Centro Histórico de São Luís. Foi então que, por iniciativa do Governo Federal, através do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, são tombados (tombamento federal) vários conjuntos urbanos e monumentos históricos.

Em 1974, deu-se o Tombamento Federal do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Cidade de São Luís, contemplando os Bairros da Praia Grande, Desterro e Ribeirão, o qual contribuiu para a elaboração de estudos sobre a revitalização e preservação dos bens tombados (ver Figura 03).

(41)

O Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís é um programa que tem por objetivos propiciar a manutenção do uso residencial nas áreas do Centro Histórico; intensificar a diversidade de usos; incentivar as manifestações culturais e educacionais; restaurar e preservar o Patrimônio Arquitetônico e Ambiental Urbano do Centro Histórico; promover a revitalização econômica do comércio varejista; adequar as redes de utilidades, serviços e logradouro; dinamizar as atividades portuárias tradicionais; garantir um processo permanente de avaliação crítica do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís e assegurar o compromisso político da administração pública quanto à inclusão dos temas relativos à restauração e à conservação dos bens culturais no plano de Governo Estadual e Municipal.

Em 1981 / 82, aconteceu a 1ª etapa das obras do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís, que contemplou, nesse momento, a restauração, reforma e ampliação da Feira da Praia Grande, recuperação de imóvel para sediar o Albergue do Voluntariado de Obras Sociais e a Recuperação do Beco da Prensa e da Praça da Praia Grande.

(42)

De 1987 a 1990, foi iniciada a 2ª etapa de investimentos e obras do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís – o Projeto Praia Grande/Reviver, quando, após a conclusão das obras e o início da ocupação desse sítio e o retorno da dinâmica socioeconômica e cultural dessa área, se percebe a sua verdadeira vocação, voltada para o lazer e turismo. Esse foi um dos maiores investimentos em prol da Revitalização do Centro Histórico e contou com a restauração de prédios históricos (muitos destes eram prédios destinados ao serviço público), a criação de redes subterrâneas entre outras.

Para dar continuidade ao Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís, de 1991 a 1994, realizou-se a 3ª etapa de obras com a restauração do Teatro Arthur Azevedo e o Projeto Piloto de Habitação (ver Figura 10).

(43)

por água a baixo. Ocorreu a recuperação da edificação, mas não houve a sua manutenção. Mesmo tendo consolidado um grupo de famílias, não promoveu a diversidade de uso e hoje o sobrado se encontra em péssimo estado de conservação, principalmente na parte interna da edificação, como podemos observar na figura seguinte.

FIGURA 10 – Condições atuais do Albergue do Voluntariado (Projeto Piloto de

Habitação)

Fonte: própria, 2006.

(44)

Desenvolvimento do Turismo - PRODETUR/NE, com o subprograma de Habitação no Centro Histórico. Então, com o Título de Patrimônio da Humanidade, conquistado em 1997, foi acelerada a conclusão das negociações do Governo do Maranhão com o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Governo Federal, para contratação de recursos no montante de US$ 65 milhões destinados a dois projetos da mais alta relevância para a preservação do Centro Histórico de São Luís: o Projeto de Habitação e Promoção Social (US$ 12 milhões), com o Programa de Revitalização e o Projeto de Desenvolvimento do Turismo Cultural e PRODETUR/BID/BNB (US$ 53 milhões), com a melhoria da infra-estrutura e urbanização de áreas degradadas.

Então, nesse contexto, foi instalada a unidade executora do PRODETUR no Maranhão – PRODETUR/MA, uma parceria entre o MinC/IPHAN (Ministério da Cultura / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID.

(45)

atração turística (praias e patrimônio histórico e ecológico), contando com uma infra-estrutura de hospedagem instalada capaz de atender ao aumento do fluxo turístico sem grandes investimentos.

As obras propostas para a recuperação e revitalização do Centro Histórico de São Luís, além de contribuírem para melhorar o produto turístico que o Estado tem a oferecer, constitui-se em relevantes benefícios à população local residente, com reflexos na opinião pública favorável ao Governo.

Nos últimos quatro anos, realizou-se a 5ª etapa de intervenções do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico, com os objetivos de recuperar e ampliar a rede de infra-estrutura urbana dos bairros do Desterro e Portinho; recuperar edificações de valor histórico e revitalizar as atividades portuárias para assegurar geração de emprego e renda; aumentar a qualidade ambiental e de vida da comunidade; aumentar a oferta do pescado em qualidade e preços, e incentivar o turismo cultural e de lazer, além de apresentar propostas para obtenção de mais recursos para implantação do Subprograma de Habitação Social no Centro Histórico de São Luís e a formação de parcerias com a iniciativa privada e entidades de categorias profissionais.

(46)

Levando-se em consideração que o princípio da Conservação Integrada não está vinculado somente ao imóvel, mas também à conservação sob aspectos sociais e ambientais, com os ajustes necessários de usos e funções, enfocando a sua sustentabilidade, há de se ter total preocupação quando da elaboração dos projetos em se analisar os impactos, a fim de minimizar e até mesmo prevenir os negativos e potencializar os positivos, fazendo com que não se estimule o desejo de mudanças nocivas ao sítio.

Percebemos ao longo do tempo (1948 a 2000), que muitas foram as ações e os atores que se apresentaram nesse processo de mudança para atingir um objetivo comum, como o Programa de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico do Centro Histórico de São Luís, por exemplo. Como bem se sabe, não é tarefa (tão) fácil, na medida em que se encontram barreiras, quer sejam de caráter político/administrativo, quer simplesmente por falta de parceiros sérios e aptos a prestar esse tipo de colaboração.

(47)

Trapiche, tendo seu uso transformado para dar origem ao Projeto Casa dos Artistas e Casa do Artesão; prédio na Rua da Estrela, n.º 350 (prédio em 02 pavimentos com 13 apartamentos e 02 lojas no térreo); Rua João Gualberto, n.º 49 ( prédio em 03 pavimentos com 12 apartamentos e 02 lojas no térreo ); prédio na Rua do Giz, n.º 66 ( prédio em 02 pavimentos com 04 apartamentos e 04 lojas no térreo ); prédio na Rua da Palma, nº. 336 (prédio em 02 pavimentos com 05 apartamentos e 06 lojas no térreo) e prédio na Rua da Palma, n.º 337 (prédio em 02 pavimentos com 05 apartamentos e 06 lojas no andar térreo), transformando seus usos para Habitação Multifamiliar, objetos de estudos desta pesquisa.

FIGURA 11 – Solar Lilah Lisboa, atual Escola de Música do Maranhão

(48)

FIGURA 12 – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual

do Maranhão

Fonte: própria, 2006.

(49)

Das obras ainda não entregues, podemos ressaltar as seguintes: restauração do antigo prédio da Secretaria de Estado de Fazenda, na Praia Grande, onde será instalado o Centro de Atendimento ao Turista; restauração do maior sobrado do Bairro da Praia Grande, Rua do Comércio, n.º 241, onde funcionará a Pousada do Largo do Comércio; e na Rua Direita, nº. 149 (prédio em 02 pavimentos com 09 apartamentos e 05 lojas no térreo), este também será utilizado como Habitação Multifamiliar.

FIGURA 14 - Pousada do Largo do Comércio

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Encontra-se em processo de licitação várias obras como, por exemplo: a implantação do sistema de coleta de esgotos e drenagem; restauração do prédio na Rua da Estrela, n.º 386 (prédio em 02 pavimentos com 08 apartamentos e 02 lojas no térreo).

Fonte: própria, 2006.

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MAPA 02 – Localização das Intervenções no Centro Histórico de São Luís - MA

Limite da área Patrimônio da Humanidade

Limite da área de investigação

Limite da área de investigação

RIO BACANGA

Limite da área Patrimônio da Humanidade

Igreja do Desterro

Coordenadoria do Patrimônio Cultural

N

Projeto de Habitação

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Rua Direita, 149 Projeto de Habitação Rua da Palma 336 e 337

Escola de Musica do Maranhão RIO ANIL

Terminal Hidroviário Casa dos Artistas e

Casa do Artesão

Projeto de Habitação Rua do Giz, 66

Projeto de Habitação Rua João Gualberto, 49

Projeto de Habitação Rua da Estrela, 350 Área de estudo

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1.4 Subprograma de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado do

Maranhão - PPSHGM

No início dos anos 90, uma nova intervenção abre espaço para a revitalização social da área. Através de um Programa de Habitação no Centro Histórico, o Governo acena com a possibilidade de investimento na recuperação dos imóveis com vistas a consolidar a vocação residencial do bairro da Praia Grande.

Na 3ª Etapa de Obras e Projetos do PPRCHSL, entre 1991/94, foi implantado o Projeto Piloto de Habitação, que garantiu a completa recuperação de importante sobrado que se encontrava arruinado e sua adaptação para abrigar dez famílias de moradores do Centro Histórico em condições adequadas de segurança e higiene.

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1.4.1 Requisitos para participar do programa (primeira etapa)

x Ser funcionário público estadual;

x Não possuir imóvel na cidade;

x Trabalhar no Centro Histórico;

x Ter rendimentos iguais ou superiores a R$ 600,00.

1.4.2 Condições do contrato

x Os apartamentos são sorteados aos funcionários inscritos que atendam os

parâmetros indicados;

x Compromisso escrito de residir no imóvel sorteado com contrato renovado

anualmente;

x Autorização do desconto do valor da mensalidade em folha de pagamento;

x Perda do direito de uso em caso de não cumprimento das cláusulas

contratuais;

x Direito em comprar o apartamento dentro de 10 anos, usando os valores

pagos (corrigidos) como parte do pagamento;

x Os valores descontados mensalmente são depositados em um fundo

especial do Estado, para manutenção do prédio e da área;

x Os moradores elegerão um síndico para administração do imóvel e para

representá-los junto ao Governo do Estado;

x As despesas de uso das áreas comuns correm por conta dos moradores.

1.4.3 Benefícios alcançados

x Ampliação do uso residencial, humanizando o espaço urbano e

(54)

x Geração de diversidade motivando o surgimento de novos comércios,

restaurantes, bares, hotéis, hospedarias, livrarias, escolas;

x Intensificação do aproveitamento econômico dos investimentos em

infra-estrutura urbana;

x Proporcionar aos servidores estaduais a oportunidade de moradia próxima

ao local de trabalho;

x Incentivar investimentos privados assegurando melhor aproveitamento a

imóveis particulares;

QUADRO 02 - Prédios escolhidos para primeira etapa do Programa

ENDEREÇO PAV. ÁREA (m²) APTOS Nº LOJAS SITUAÇÃO

RUA DA ESTRELA 350 02 2.000,00 12 02 ENTREGUE

RUA J. GUALBERTO 49 03 1.500,00 12 02 ENTREGUE

RUA DO GIZ 66 02 700,00 04 02 ENTREGUE

RUA DA PALMA 336 02 795,00 05 06 ENTREGUE

RUA DA PALMA 337 02 748,00 05 06 ENTREGUE

RUA DIREITA 149 02 1.514,00 09 05 LICITAÇÃO

RUA DA ESTRELA 415 02 1.550,00 07 04 LICITAÇÃO

RUA DA ESTRELA 386 02 1.016,00 08 02 LICITAÇÃO

RUA DA ESTRELA 301 02 800,00 05 05 LICITAÇÃO

RUA FORMOSA 378* 03 972,00 14 2 EM OBRAS

*Obra da Caixa Econômica Federal FONTE: Prodetur, 2004.

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quantitativo de projetos destinados à Habitação Multifamiliar no Centro Histórico de São Luís-MA.

Assim, esta pesquisa compreende as Habitações Multifamiliares pertencentes ao Subprograma de Promoção Social e Habitação do Governo do Estado do Maranhão, localizadas no Centro Histórico de São Luís – MA. A área estudada está localizada na área central do Centro Histórico que pertence ao tombamento federal, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, compreende doze quadras, que englobam as Habitações Multifamiliares (ver Mapa 03). Nela quatro Habitações Multifamiliares foram selecionadas por já possuírem moradores (enquanto que as demais se encontram em processo de licitação para iniciar as obra ou para entrega aos futuros moradores), totalizando 33 unidades habitacionais6, cada unidade habitacional em média com quatro moradores, totalizando 136 moradores. As Habitações Multifamiliares serão apresentadas no Capítulo 4, que se refere à análise dos dados coletados na pesquisa.

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RIO BACANGA MAPA 03 - Recorte espacial da área de estudo no Centro Histórico de São Luís - MA

Fonte: própria, 2005.

HabitaçõesMultifamiliares Limite da Área de Estudo

N

Limite da área Patrimônio da Humanidade

Projeto de Habitação Rua da Estrela, 350 Projeto de Habitação Rua da Palma 336 Projeto de Habitação Rua João Gualberto, 49

RIO ANIL

Projeto de Habitação Rua do Giz, 66

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(58)

2 CENTROS HISTÓRICOS – Aspectos Teórico-Conceituais sobre a

Revitalização de Centros Históricos

Compreender o centro histórico como “organismo multifuncional”, com diversidade de usos pertencentes à estrutura urbana das cidades, remete claramente a uma política de conservação que seja integrada como o sistema de planejamento da cidade, otimizando as relações possíveis e os objetivos comuns. Para isso, parte-se do entendimento da importância de se preservar o patrimônio edificado, não só como estrutura histórica, mas como estrutura viva e contemporânea. Esta relação é marcada pela necessidade de adaptação, pois, os prédios históricos na maioria das vezes não podem desempenhar seu uso de origem, seja pela simples inexistência de tal uso, seja pela transformação dos mesmos ao longo dos anos.

Logo o uso contemporâneo adaptado em áreas históricas, consiste em um dos principais debates em torno da revitalização e preservação. Várias experiências têm evidenciado a necessidade de se definir esta reapropriação do espaço histórico, pois muitas vezes, o que ocorre é a mutilação da integridade do bem cultural enquanto documento histórico, mesmo que o discurso seja o de preservação. (SOUZA, 1999, p. 37).

(59)

2.1 Conceito de centro urbano e suas derivações terminológicas

O modelo de cidade com um único centro é antigo. De diferentes formas, ao longo do tempo e em diferentes culturas, verifica-se a existência de espaços centrais desempenhando o papel de pólos convergentes de atividades e de interesses da comunidade. Como observa Silva (1979), no antigo Egito, as cidades eram concebidas em conformidade com as funções de centro político, administrativo e religioso. Na Grécia antiga, registra-se que a ágora – praça das cidades gregas, na

qual se realizava o mercado e onde se reuniam, muitas vezes, as assembléias do povo – desempenhavam o papel de centro congregador de atividades. Nas cidades feudais, o centro urbano chegava a se confundir intramuros. Já nos séculos XVII e XVIII, auge do absolutismo monárquico na Europa, o núcleo da vida social tinha lugar nos palácios reais, que assumiam as funções de pólo de concentração – das atividades econômicas, sociais e políticas – e exerciam, nesse sentido, as funções de centro da vida urbana. As cidades brasileiras coloniais, tanto as de formação espontânea como planejadas, tiveram a praça como espaço de vivência coletiva, que atuavam como centro de atividades comunitárias. A partir do século XIX, a industrialização reflete uma nova ordem social e espacial nas cidades.

(60)

XX, reconhece a existência de um único centro principal. Vale deixar claro que a expressãocentro urbano, utilizada neste trabalho, alude ao espaço intra-urbano que

se distingui na estrutura citadina por características essencialmente funcionais – as quais esclareceremos adiante – e não definidas com relação à estrutura urbana como um todo.

Assim, entendemos por centro urbano um lugar que concentra funções ou

atividades específicas e exerce poder de convergência sobre a população da cidade. Villaça (1998, p. 242), ao discorrer sobre a natureza dos centros tradicionais, aponta como característica principal dessas áreas a “possibilidade de minimizarem o tempo gasto e os desgastes e custos associados aos deslocamentos espaciais dos seres humanos”. O mesmo autor destaca que o centro não assume essa condição pelo fato de nele se concentrarem os maiores símbolos do poder (os palácios, as catedrais, os bancos) – da mesma forma, o inverso não é verdadeiro -, mas por estes últimos otimizarem o uso do tempo. Sob essa ótica, o autor revela que os centros principais são, portanto, pontos estratégicos para o exercício da dominação. Soja (1993, p. 284) acrescenta que:

[...] a cidade central tem sido, desde sua origem, uma agregação de supervisores, um local primordial para o controle social, a administração política, a codificação cultural, a vigilância ideológica e a regionalização de sua hiterlândia próxima.

(61)

7

funcional entre os diversos escalões do espaço urbano. Como bem expressa

López Trigal (1999, p. 43), o centro concentra “[...] funciones comerciales, pero también todo tipo de funciones terciárias y funciones del poder, de la gestión y administración de la ciudad [...]”. Some-se a isso a função lúdica do centro. Ou seja, “o lugar central de uma cidade assume papéis de centro inovador, simbólico e de intercâmbios[...]” (DEL RIO, 1999, p.4).

Castells (1994) chama atenção para o fato de que, hoje, o centro não necessariamente se configura no centro geográfico das cidades. Villaça (1998) acrescenta que a eqüidistância de núcleos urbanos, com relação a todas as partes da cidade, foi possível em suas origens, contudo, com a expansão das cidades contemporâneas, os centros tradicionais não necessariamente continuaram configurando o centro geográfico urbano. Todavia, permaneceram por muito tempo com seu papel simbólico de área central e de boa acessibilidade (apoiada pela infra-estrutura pública e por meios de transporte motorizados)8.

Del Rio (1991, p.7) explica que o centro da cidade

[...] concentra uma imensa carga simbólica, por um lado representativa de toda uma sociedade urbana e de um modo de produção, por outro lado representativo da cristalização física-espacial resultante da evolução das práticas, sociais e culturais específicas a uma cidade.

7 Expressão utilizada pelo autor (CASTELLS, 1994, p. 189).

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Essas características tornam o centro urbano um local privilegiado pelas políticas e programas de intervenção urbanística. Como símbolo de detenção de poder, ele se revela extremamente moldável aos sucessivos paradigmas imagéticos das classes dominantes.

Como descreve Silva (1979), as cidades contemporâneas podem assumir características distintas entre si, em função de centros que, por sua vez, possuem diferenças, como podemos destacar: a) existem vários centros complementares que se correspondem através da aglomeração; b) existe um centro exclusivo que se destaca do resto do tecido urbano; c) existe um centro histórico que se destaca do resto da trama; e d) não existe centro. A noção de centralidade é dada por um sistema de elementos que se relacionam, tais como grandes avenidas, monumentos, pólos de atividades, dentre outros fatores.

Em síntese, destacaremos três conceitos distintos referentes ao centro, seja nas suas dimensões ou nas suas características, que julgamos de interesse para nosso estudo. Portanto, distinguiremos cada conceito, designando a eles os seguintes termos: a) o centro urbano ou centro funcional; b) o centro tradicional ou centro principal; e c) o centro histórico ou centro antigo.

Os termos centro urbano e centro funcional – conceitos mais amplos e

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atividades funcionais, porém não congregam necessariamente valores simbólicos de identidade e interesse histórico.

Referente às expressões centro tradicional e centro principal, termos

usualmente aplicados para designar o primeiro núcleo de formação urbana da cidade, este necessariamente confunde-se com o seu embrião. No entanto, devido a fatores como a possibilidade de descaracterização e a ampliação dos seus limites, estes centros podem não corresponder a um centro histórico.

Por último, as expressões centro histórico e centro antigo – para as quais

adotaremos a definição contida na Carta de Nairóbi (1976)9, em que se utiliza o termo conjunto, ao invés de centro, este se incluindo entre as variações daquele10 - configuram-se numa referência à integração dos conjuntos históricos e tradicionais à vida contemporânea11. Além de a exposição de motivos e a argumentação se constituírem mais complexas em favor de um tratamento não museal para malhas urbanas contemporâneas. Então para efeito da presente recomendação:

Considera-se conjuntos histórico ou tradicional todo agrupamento de construções e de espaços, inclusive de sítios arqueológicos e paleontológicos, que constituam um assentamento humano, tanto no

9 “[...] uno de los documentos más completos y de mayor alcance em su cumplimento al haber sido aprobada por la Conferencia General de la UNESCO” (BUSTAMENTE MONTORO, 1999, p. 325).

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meio urbano quanto no rural e cuja coesão e valor são reconhecidos do ponto de vista arqueológico, arquitetônico, pré-histórico, histórico, estético ou sócio-cultural (UNESCO, 1976)12.

Argan (1989) nos fala da sua preocupação como conceito de centro histórico, que pôr atribuir um selo histórico a um determinado núcleo urbano torna secundário o resto da cidade como ambiente impregnado de historicidade, bem como desterritorializa o chamado centro histórico de sua relação como restante da cidade. Pois, “se, se quer conservar a cidade como instituição, não se pode admitir que ela conste de uma parte histórica com um valor qualitativo e de uma parte não-histórica, com caráter puramente quantitativo” (ARGAN, 1989, p.79).

A compreensão da historicidade da cidade não diminui a preocupação com a conservação de seu patrimônio cultural, mas evita um trato do mesmo enquanto ambiente congelado e desarticulado do restante da cidade. Neste momento não é particularmente importante o título que se atribui ao patrimônio cultural de uma cidade, Sítio Histórico, Parque Cultural, Cidade Antiga, Cidade Velha ou mesmo Centro Histórico, o que está realmente colocado é que algumas ou determinadas área da cidade goza de um reconhecimento cultural por parte da comunidade local ou mesmo de um reconhecimento institucional por parte de um dado patrimônio cultural.

Este processo de reconhecimento da importância de conservação dos sítios urbanos de interesse histórico encontra-se em avançado estágio de articulação internacional, pelo menos no plano governamental. As preocupações com a

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salvaguarda de bens culturais na Europa especialmente na França institucionalizaram-se desde o início do século XIX, seguindo uma trajetória que vai desde a proteção dos monumentos isolados até a proteção de cidades históricas.

Os centros históricos possuem um elenco de características que os distinguem e podem ser reduzidas as seguintes:

a) localização na área central;

b) poder de polarização e grau de atratividade coletiva;

c) preservação integral ou parcial da trama urbana, permitindo a leitura do seu traçado original;

d) existência de elementos arquitetônicos de valor reconhecido e em número considerável;

e) parcelamento do solo;

f) polarização funcional com referência às atividades centrais ali exercidas; g) o desempenho de papéis de “centro urbano” na trama funcional da cidade.

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2.2 Processo de deterioração dos centros tradicionais

O declínio econômico e conseqüente deterioração do espaço físico de áreas centrais é um fenômeno que, desde meados do século XIX, tem se intensificado nas cidades de porte grande ou mesmo médio. A expansão industrial, juntamente com a inovação tecnológica, vem contribuir para a aceleração das transformações no modo de vida urbano. Isso se reflete na organização da cidade e no seu centro. Atualmente, a grande concentração de atividades terciárias nessas áreas determina alguns aspectos a serem considerados quanto à organização dos espaços centrais da cidade. O esvaziamento das áreas centrais destaca-se como conseqüência do crescimento industrial aliado à expansão física da malha urbanizada e ao crescimento populacional das cidades. Os investimentos privados nos centros diminuem, os dispêndios públicos são direcionados para áreas nobres do subúrbio13, os projetos habitacionais são localizados fora das áreas centrais, os imóveis são sublocados e as residências abandonadas nos centros. Enfim, esses processos, contínuos e inter-relacionados, vêm acelerar o processo de evasão dos centros. Isso em função do desenvolvimento de núcleos periféricos naturais ou pelo deslocamento de atividades centrais para núcleos direcionais, programados sem a devida estruturação ou reestruturação14 do antigo centro da cidade.

No caso da cidade de São Luís, destacamos como fatores que incentivaram o esvaziamento de seu Centro Histórico, primeiro a construção das pontes sobre rio Anil, que facilitaram o acesso à localidades situadas à Beira Mar, que acabaram

13 Em muitos casos, quando os poderes públicos atrelam suas ações aos interesses do capital imobiliário.

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exercendo um forte fator atrativo para a migração da população residente no Centro Histórico para os novos bairros que surgiram de forma explosiva ao longo das praias. Podemos citar ainda, a transferência da sede administrativa do Governo do Estado, que antes ficava no Centro Histórico, para o “outro lado” da cidade, contribuindo assim, para a diminuição do movimento diário residência-trabalho dos trabalhadores públicos do Centro Histórico ou ainda, para a mudança residencial dos mesmos.

No caso brasileiro, as áreas centrais iniciaram um relativo processo de declínio econômico, principalmente no período compreendido entre as décadas de 1950 e 1970. Contudo, vale esclarecer, como defende Villaça (1998, p. 274), que nesse período ocorreu o “abandono” dos centros pelas camadas de mais alta renda, o que vem provocar transformações profundas no meio urbano e centros tradicionais. Realidade reproduzida popularmente15 com a afirmação de que os centros principais se “deterioram” ou estão em “decadência”. O autor distingue esses termos de outros; como por exemplo, falta de vitalidade, pois esta última não é relativa, visto que os centros tradicionais das metrópoles brasileiras, apesar de suas notórias “decadências”,

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Soja (1993) afirma que os centros tradicionais das cidades contemporâneas continuam funcionando como símbolos de aglomeração e as dimensões e aspectos físicos, aparentemente modestos, podem ser enganosos. Ou seja, “o processo popularmente chamado de “decadência” ou “deterioração” do centro consiste no seu abandono por partes das camadas de alta renda e em sua tomada pelas camadas populares” (Villaça, 1998, p. 277). Em diferentes graus de intensidade, nas várias metrópoles brasileiras, esse abandono apresenta diversas manifestações, algumas delas configuradas na transferência, de atividades realizadas pelas camadas de alta renda, para as áreas de concentração destas, entre as quais destacamos: empregos, diversão, lazer, atividades culturais, compras e moradia.

Simões Júnior (1994, p. 12) explica que:

A deterioração dessas áreas centrais – deterioração econômica, física, social e ambiental – corresponde à decadência advinda pelo fato da estrutura existente no local não estar mais satisfazendo ao papel funcional que lhe é exigido pela cidade e, conseqüentemente, às expectativas definidas pelo mercado fundiário.

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17

passado e nas últimas três décadas voltaram a fazer (com o fenômeno de revitalização de centros, sobre o qual discorreram adiante). Essas camadas sociais se deslocaram estimuladas:

a) pela crescente mobilidade espacial, motivada pelo aumento da taxa de motorização das camadas mais abastadas;

b) pela nova forma de produção do espaço, coerente com os padrões de mobilidade territorial vigentes.

Observamos que tanto Soja como Villaça centram o foco da questão da degradação dos centros na saída das camadas de alta renda, seguida da sua ocupação pelas camadas populares, e não o contrário. Os autores esclarecem, numa relação de causa e efeito, as mais lógicas razões da degradação dos centros. Parece-nos claro que as elites, pelo seu poder de influência, sempre procuram se distinguir e beneficiar-se, de forma diferenciada, seja nas relações sociais, seja nas relações econômicas ou políticas. Tal realidade se reflete no espaço urbano através das evidentes concentrações, em determinadas áreas da cidade, das camadas de alta renda, e não simplesmente pela coincidência existente entre, geralmente, áreas mais seguras e infra-estruturadas. Assim, esclarece-se o fato de que as facilidades proporcionadas pelas tecnologias automotivas – intensificadas, nas cidades brasileiras, em meados do século XIX - e informacionais – nas últimas décadas – possibilitaram a mobilidade das elites que buscavam se distinguir também espacialmente.

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O processo de depauperação dos centros não é particularidade brasileira. Em cidades norte-americanas, esse processo ocorreu de forma intensa. Castells (1999, p.166), ao analisar o processo de depauperação de guetos, no centro das cidades dos Estados Unidos, aponta como causas alguns processos bastante conhecidos:

A mecanização da agricultura do sul do país (Estados Unidos) e a mobilização de uma força de trabalho industrial, durante e após a Segunda Guerra Mundial, levaram à migração maciça de trabalhadores negros que se concentraram nos vazios deixados pelo processo de suburbanização, isto é, a mudança das pessoas de classe média para áreas mais nobres, fora das regiões centrais das cidades, estimuladas pelas políticas habitacionais e de transporte do governo federal.

No Brasil, a ocupação da população de baixa renda deve-se, basicamente, a três razões:

a) as condições de obsolescência e os baixos preços dos imóveis, que os centros sem manutenção oferecem, são compatíveis com as necessidades dessa demanda;

b) a facilidade de acesso proporcionado pelo grande número de opções de transportes coletivos;

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Frúgoli Júnior (2000) aponta o surgimento e posterior desenvolvimento de subcentros nas cidades, em alguns casos, como mais um fator contributivo para a perda da importância dos centros tradicionais no contexto urbano. Segundo o mesmo autor, existem subcentros que guardam certas relações de complementaridade com o núcleo central. No entanto, outros passam a competir economicamente de forma acirrada com o centro tradicional, chegando a se tornarem ou almejarem se tornar novos centros. Tal realidade, associada à ausência de investimentos públicos nos centros tradicionais, em muito contribuiu para a fuga de empresas para os subcentros e a conseqüente deterioração urbana do núcleo original. A dicotomia entre a dispersão urbana das cidades e declínio das áreas centrais é apontada por Frúgoli Júnior (2000) como, sobretudo, um processo de responsabilidade do mercado imobiliário.

Villaça (1998) adiciona outros fatores que certamente influíram para as transformações ocorridas no centro: a) a tradição de auto-suficiência, que aos poucos vai se acabando; e b) o turismo, que estimula o desenvolvimento do comércio e serviços em áreas de interesse turístico e afastadas do centro principal e que, com ele, compete.

Mesmo considerando-se a relatividade da decadência do centro, o fato é que, desde a década de 1980, identificam-se reflexos nas condições físicas e econômicas da área, entre as quais podemos destacar:

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b) um significativo número de prédios encontra-se abandonados e mal cuidados nestas localidades;

c) o valor fundiário do solo urbano baixou expressivamente;

d) sua população residente reduziu e empobreceu pelo êxodo das classes mais abastadas para bairros mais confortáveis.

Os prejuízos das transformações que vêm passando as áreas centrais das cidades não se restringem aos aspectos econômicos, mas atingem também os valores simbólicos inerentes ao seu espaço físico. É nos centros que normalmente se concentra o maior acervo edificado de valor histórico, artístico e arquitetônico, e sua degradação ameaça seu desaparecimento, produzindo efeitos negativos sobre a cultura e a identidade social.

2.3 Breve evolução de intervenções em áreas centrais

Simões Júnior (1994) chama atenção para três momentos distintos, referentes aos centros tradicionais no século XX: a) o período do apogeu; b) o período da decadência, e c) o período da revitalização urbana. Segundo o mesmo

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Simões Júnior (1994) chama a atenção para o uso indiscriminado de uma série de terminologias relacionadas ao tema, tais como, embelezamento, renovação, melhoramento, remodelação, reabilitação, revalorização, revitalização, requalificação e reurbanização, dentre outras. Para o autor, o importante não é tanto definir cada termo, mas entender os paradigmas que os sustentam.

Este mesmo autor ainda destaca três enfoques que correspondem a momentos históricos distintos. São eles: embelezamento urbano; renovação urbana;

e revitalização urbana. Iremos nos deter mais neste último momento e seus

desdobramentos, dada a sua importância para nosso estudo. Antes, esclareceremos alguns elementos caracterizadores de cada um dos casos.

O primeiro momento histórico, chamado embelezamento urbano, foi

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O segundo período, denominado renovação urbana, foi marcado pela

prevalência dos ideais modernistas e inicia-se com a publicação da Carta de Atenas (1933), encerrando-se no início dos anos 1970, quando se acentuam as críticas aos paradigmas modernistas. Entre os tipos de intervenções que caracterizam este momento, é considerado, pelos críticos do assunto18, o mais arrasador e desastroso dos aqui apresentados, visto que:

[...] os conceitos e objetivos do Movimento Moderno surgem como uma resposta à crescente necessidade de expansão do capital financeiro, industrial e imobiliário e seu rebatimento nas esferas de produção e consumo urbanos (SIMÕES JÚNIOR, 1994, p.15).

Segundo os termos da Carta de Reabilitação Urbana Integrada, conhecida como Carta de Lisboa19, a renovação urbana consiste na:

[...] demolição das estruturas, morfológicas e tipológicas existentes em uma área urbana degradada e a sua conseqüente substituição por um novo padrão urbano, com novas edificações (construídas seguindo tipologias arquitetônicas contemporâneas), atribuindo uma nova estrutura funcional a essa área. Hoje, estas estratégias desenvolvem-se sobre tecidos urbanos degradados aos quais não desenvolvem-se reconhece o valor como patrimônio arquitetônico ou conjunto urbano a preservar (CARTA DE LISBOA, 1995, p.3).

De acordo com Del Rio (1991), os ideais modernistas – caracterizados pelos conceitos da casa como máquina de morar e da cidade cumprindo as quatro funções básicas do morar, trabalhar, circular e recrear – estabelecem uma abordagem de

18 Ver DEL RIO, 1991; VILLAÇA, 1998.

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intervenção bastante radical, induzida por um reducionismo conceitual que resulta em uma associação do termo renovação urbana a projetos marcados principalmente pela negação da cidade existente e desconsideração das condições específicas de implantação. Em áreas centrais, as intervenções implementadas, nesse período, são caracterizadas pelos objetivos maiores de valorização fundiária e conseqüente expulsão de populações de baixa renda, evidentes em inúmeras cidades de porte médio dos Estados Unidos.

Nos anos 1970, inaugura-se uma nova postura de intervenção, designada

revitalização urbana, que, em relação à renovação urbana, busca referenciais mais

humanos para o espaço público, além de incorporar práticas anteriores, superando-as na busca por uma nova vitalidade (econômica, social, cultural e físico-espacial) para áreas degradadas da cidade central. Ou seja, tal conceito é caracterizado pela valorização de marcos históricos e símbolos existentes através de políticas preservacionistas, pelo incremento de atividades turísticas e lúdicas, pela valorização econômica, pela ampliação de uma consciência ecológica20 e adaptação harmoniosa à vida contemporânea.

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FIGURA 01 – Mapas do Brasil, Maranhão e São Luís
FIGURA 02 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA  Rio Anil
FIGURA 04 – Foto aérea do Centro Histórico de São Luís - MA
FIGURA 05 – Variedade de formas de implantação das edificações nos lotes  urbanos no Centro Histórico de São Luís - MA
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Referências

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