ARTIGO ORIGINAL
/ ORIGINAL
ARTICLE
INTRODUÇÃO
Acolangiopancreatografiaendoscópicaretrógrada(CPRE)éuma dastécnicasmaisefetivasnomanejodasdoençaspancreatobiliares, sejaparadiagnósticoourealizaçãodeterapêutica.
Algunsestudostêmsidorealizadoscomobjetivodeavaliar asegurançadoprocedimentoquandorealizadoemambulatório, enfatizandoarealizaçãodeprocedimentosterapêuticos(3,4,5,6,
7,9,11,12,15).Ascomplicaçõesrelacionadasaoexamepodemser
maisbemavaliadaspelosestudosprospectivos,umavezque ossintomasdascomplicaçõespodemaparecerapenas12-24 horasapósoprocedimento(4,5,6,7,9).
O objetivo deste estudo foi avaliar a segurança da CPRE diagnóstica e terapêutica realizada em regime ambulatorial e descrever as complicações relacionadas aoprocedimento.
CASUÍSTICAEMÉTODO
Avaliaram-se,prospectivamente,195pacientesdeambulatório encaminhadosaoSetordeEndoscopiadoHospitalSãoPaulo - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, para realizaçãodeCPREnoperíodode2001a2003.
OtrabalhofoiaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa da instituição. Cada paciente recebeu e assinou termo de consentimento,sendoinformadosobreoprocedimentoesuas possíveiscomplicações.
ACPREfoirealizadasobsedaçãoindividualizada,com midazolam,diazepam,propofolemeperidina,associadosounão. Antibioticoterapiaprofiláticafoirealizadaquandoindicada.
Empacientescommenosde70anosesemoutrasdoenças gravesasedaçãoerainicialmentefeitacom100mgdemeperidina e3mgdemidazolanou10mgdediazepam.Deacordocom
ACOLANGIOPANCREATOGRAFIA
RETRÓGRADAENDOSCÓPICA
PODESERREALIZADACOM
SEGURANÇAEMCARÁTER
AMBULATORIAL
MaraVirginiaLellis
MARÇAL
,FernandaPrataBorgesMartins
THULER
eAngeloPaulo
FERRARI
RESUMO–Racional-Acolangiopancreatografiaendoscópicaretrógradaétécnicaefetivanomanejodasdoençasbiliopancreáticas.Asegurança darealizaçãodoexameemambulatóriotemsidoalvodeestudo.Objetivo-Avaliarasegurançadarealizaçãodacolangiopancreatografia endoscópicaretrógradaemambulatórioedescreverascomplicaçõesdoexame.CasuísticaeMétodo–Acompanharam-se,prospectivamente, pacientesambulatoriaisencaminhadosparacolangiopancreatografiaendoscópicaretrógradaduranteoperíodode2001a2003.Complicações foramdefinidassegundocritériosdeconsenso,incluindotodososefeitosadversosrelacionadosaoexame.Resultados-Foramincluídas 195colangiopancreatografiasendoscópicasretrógradas,79(40,5%)diagnósticase116(59,5%)terapêuticas.Ogrupoincluiu112mulheres, commédiadeidadede51anos(±18,9).Osdiagnósticosencontradosmaisfreqüentementeforam:cálculobiliar(30,2%),estenosebenigna (13,8%),neoplasia(10,2%)epancreatitecrônica(10,2%).Obteve-sesucessoem88,6%dosexamesdiagnósticose78,5%dosterapêuticos. Dos195pacientes,10(5,1%)necessitaramdeobservação,dentreosquais7(3,6%)foraminternados,(2pacientescompancreatiteaguda, 2comperfurações,1comhemorragia,1comcomplicaçãocardiorespiratóriae1comfebre).Dos188casosliberadosapósoexame,8 (4,2%)foramreadmitidos(1pancreatiteaguda,1hemorragia,1perfuração,3colangite,2dorabdominal).Aocompararogrupodas complicaçõesidentificadasimediatamentecontraosegundo,nãoseencontroudiferençaestatisticamentesignificantequantoàidade,sexo, diagnósticoe/ougraudedificuldadedoexame.Conclusão-Otamanhodaamostraeosresultadosnegativosdaanáliseestatísticaimpediram adeterminaçãodefatoresderisco,independentesparacomplicaçõespós-colangiopancreatografiaendoscópicaretrógrada.Contudo,não houvenenhumóbitooucomplicaçõescommáevoluçãonospacientesinicialmenteliberados,confirmandoasegurançanarealizaçãoda colangiopancreatografiaendoscópicaretrógradaemambulatório.
DESCRITORES–Pancreatocolangiografiaretrógadaendoscópica.Pacientesambulatoriais.
DisciplinadeGastroenterologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo,EscolaPaulistadeMedicina–UNIFESP-EPM,SãoPaulo,SP.
necessidadesindividuais,eramfeitosreforçoscomdosespequenas(2 mgdemidazolam,25a50mgdemeperidina,ou5mgdediazepam).O reforçodadoseerafeitoatésedaçãosuficientepararealizaçãodoexame oudesaturaçãodetectadaporoximetriadepulso.Apartirdasegunda metadedoestudo,nospacientesemquenãoseconseguiubomnível desedação,procedeu-seàassociaçãocompropofol(nãoutilizadoem pacientescomcardiomiopatias).Propofolédrogaanestésicaderápido picodeaçãoerápidametabolização,queagenosreceptorescentrais doácidogama-aminobutírico(GABA).Necessitademaiorcuidado namonitorização,jáquefreqüentementelevaaquedadasaturaçãode hemoglobina,oquepodeserpotencializadoquandooutrasdrogasestão associadas.Nãohádrogadescritaparareversãodoefeito.
Empacientesidososoucomoutrasdoençasgraves,asdoseseram diminuídasouemcertoscasos,avaliadasindividualmente,sendoo examerealizadocomoauxíliodeanestesista.
Após o exame, os pacientes permaneceram em observação porumperíodomínimode2horas.Naausênciadeevidênciasde complicações,taiscomodorpersistente,náuseas,vômitos,febre, instabilidadedossinaisvitaisousedaçãoprolongada,foramdispensados paracasa.Quandosesuspeitoudecomplicação,ospacientesforam mantidosemobservaçãoporperíodomaisprolongadoouinternados, senecessário.Todosforamreavaliadosporcontatotelefôniconum prazode24horase30diasapósoexameparapossíveissinaise sintomasdecomplicações.
ForamconsideradascomplicaçõesassociadasàCPRE:pancreatite, hemorragia,colangite,perfuração,complicaçõescardiorespiratórias,e tambémdoroufebrepós-procedimento.Pancreatiteagudafoidefinida como dor abdominal e/ou vômitos acompanhados por elevação da amilaseséricapelomenos3vezesolimitesuperiordenormalidade,24 horasapósoprocedimento(2).Hemorragiafoidefinidacomoevidência
clínicadesangramento,comsintomasoualteraçãohemodinâmica(2).
Colangite foi diagnosticada quando o paciente apresentou febre≥ 38,5ºC,pormaisde24horas,comhemoculturapositiva(2).Perfuração
retroperitonialouemcavidadelivrefoiconsideradaquandodocumentada porexameradiológico(2).
Ascomplicaçõesforamdescritaseavaliadasquantoàdistribuição porsexo,idade,diagnósticoegraudedificuldadedoexame.
Readmissãohospitalarapósaliberaçãoinicialfoiconsideradauma complicaçãoquandooeventopreencheuoscritériosacima.
O grau de dificuldade do exame foi determinado segundo a classificaçãodeSCHUTZeABBOTT(11),reproduzidanoQuadro1.
Aanáliseestatísticadosdadosfoirealizadaatravésdotestede Mann-Whitneyetestedecomparaçãodeproporçõescomoprograma “PrimerofBiostatistics”.Oresultadofoiconsideradoestatisticamente significativoquandovalordePencontradofoi<0,05.
RESULTADOS
Do total das 195 CPRE estudadas, 79 exames (40,5%) foram diagnósticose116(59,5%)terapêuticos.Ogrupofoiconstituídopor 112 pacientes do sexo feminino e 83 do masculino, com média de idadede51(±18,9)anos.
Dentre os diagnósticos encontrados, cálculo biliar foi o mais freqüente,respondendopor30,2%doscasos(59pacientes),estenose benignafoiosegundoacometendo13,8%daamostra(27),seguido por neoplasia 10,2% (20), pancreatite crônica 10,2% (20) e outros diagnósticosem5,1%(10)doscasos(Tabela1).
Osexamesdiagnósticosforambemsucedidosem88,6%(70/79), enquantoarealizaçãodaterapêuticapropostafoialcançadaem78,5% (91/119).Asprincipaiscausasdeinsucessodoprocedimentoforam falhadeacessoàviabiliaroupancreáticaefalhadaterapêutica,apesar doacesso,respondendopor58,8%e32,4%,respectivamente.
Dentreos37insucessos,asedaçãofoiresponsávelpor3casos(8,8%). Emumhouvedepressãocardiorespiratóriaeoexamefoiinterrompido. Nosoutrosdois,nametadepré-propofol,nãofoiconseguidasedação suficientepararealizaçãodoprocedimento.
QUADRO1-ClassificaçãodeSCHUTZeABBOTT(13)quantoaograude
dificuldadedacolangiopancreatografiaendoscópica
Graudedificuldade
1-CPREdiagnósticasimples
Viabiliaroupancreática
2-CPREterapêuticasimples
Esfincterotomiabiliar
Remoçãode1-2cálculos,cálculos<1cmdaviabiliarcomum
3-CPREdiagnósticacomplexa
ExamediagnósticoemanatomiaBillrothII
Citologiabiliaroupancreática
Acessoàpapilamenor
4-CPREterapêuticacomplexa
Retiradadecálculosmúltiplos(>3)ou>1cm
Dilataçãodeestenosenoductobiliarcomum
Prótese(plásticaoumetálica)noductobiliarcomum
5-CPREterapêuticaavançada
Terapêuticapancreática
Drenagemdepseudocisto
Esfincterotomiadeacesso
Remoçãodecálculosporlitotripsia
Remoçãodecálculosintra-hepáticos
Dilataçãodeestenoseintra-hepática
TerapêuticaemanatomiaBillrothII
TABELA1-Distribuiçãodosexamesquantoaodiagnóstico,sexoeidade dospacientes
Diagnóstico
Complicações diagnosticadas imediatamente
Complicações diagnosticadas tardiamente
Semcomplicações
Normal 1(0,5%) 1(0,5%) 57(29,3%) Cálculo 3(1,5%) 3(1,5%) 53(27,2%) Estenosebenigna 1(0,5%) 3(1,5%) 23(11,8%)
Neoplasia - - 20(10,2%)
Pancreatitecrônica 4(2,0%) - 16(8,2%) Outros 1(0,5%) 1(0,5%) 8(4,1%)
Sexo(M:F) 6:4 1:7 76:101
A taxa total de complicações encontrada na amostra da presentesériefoide9,2%(18casos),dasquais4(2%)ocorreram emexamesdiagnósticose14(7,2%)emterapêuticos.ATabela 2 apresenta a distribuição das complicações de acordo com a realizaçãoounãodaterapêutica.Observaram-sequatro(2,05%) decomplicaçõesseveras.
Dez pacientes (5,1%) necessitaram de observação mais prolongadaapósoprocedimento.Dentreestes,sete(3,6%)foram internados por suspeita de complicação, confirmada em todos os casos (dois por pancreatite aguda, dois por perfurações, um porhemorragia,umporcomplicaçãocardiorespiratóriaeumpor febre). Os outros três que haviam apresentado respectivamente dor, alergia no local da venopunção e tremores após o término do exame, foram dispensados, sem necessidade de posterior reinternação(Tabela2).
Dos 188 casos dispensados após o exame, 8 (4,2%) foram readmitidosnohospitalporcomplicações(Tabela2):pancreatiteaguda (1),hemorragia(1),perfuração(1),colangite(3)edorabdominal(2).
Ascomplicaçõesforamdistribuídastambémquantoaograude dificuldadedoexame(Tabela3).
Comparou-seogrupodepacientesemqueascomplicaçõesforam identificadasimediatamenteapósoexame,comogrupoemqueelas foramdiagnosticadastardiamente,necessitandoreadmissãohospitalar. Nãoseencontroudiferençaestatisticamentesignificativaquantoàidade, sexooudiagnósticodoexame.Analisou-se,também,adistribuição dascomplicaçõesquantoaograudedificuldadedoexame,igualmente semdiferençaestatística.
Oacompanhamentodospacientespor30diaspermiteaidentificação decomplicaçõestardias;porém,alémdasjácitadas,encontraram-se apenascomplicaçõesrelacionadasàprótese.
DISCUSSÃO
Apesardasvariaçõesdosformatosdostrabalhosqueestudamas complicaçõesdaCPRE,astaxasrelatadasvariamemtornode8%(1,
2, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 15)Estudosprospectivostendemademonstrartaxasde
complicaçõesmaioreseareavaliaçãoem30diaspossibilitaodiagnóstico de complicações tardias.A taxa de complicações encontrada nesta casuísticadeexamesambulatoriaisfoide9,2%,semelhanteaosdados previamenterelatadosnaliteratura.
A maioria dos estudos existentes sobre a realização de CPRE terapêutica ambulatorial sugere período de observação de 2 a 3 horasapósoexame(6,15),baseadosnofatodequeamaiorpartedas
complicaçõesmanifesta-senesteintervalo.Entretanto,FREEMAN et al.(7) observaram que nas primeiras 2 horas, apenas 44% dos
pacientesquecomplicaramdesenvolveramsintomaseem6horas 79%tinhamsintomas.
FREEMANetal.(7)realizaramestudoprospectivo,multicêntrico,
comanálisemultivariadadepossíveisfatorespreditoresdereadmissão hospitalarporcomplicaçõesem614pacientessubmetidosaCPRE em regime ambulatorial.Após observação inicial e liberação, 35 doentes (5,7%) foram readmitidos por complicações (20 por pancreatiteagudae15poroutras).Aanálisemostrouseremfatores independentespreditoresdereinternação,osseguintes:disfunçãodo esfíncterdeOddi,cirrose,canulaçãodifícildoductobiliar,pré-corte eexamepercutâneocombinado,aumentandoem3vezesachancede readmissão.ConcluíramqueaCPREéprocedimentoamplamente utilizadoerelativamenteseguro,resultandoporém,emgrandenúmero dereinternaçõesporcomplicações,sugerindoquepacientesdealto riscooucompelomenosumdoscincofatoresindependentesdevam serobservadospor,nomínimo,6horas.
METHAetal.(11)avaliaram,retrospectivamente,dadosde262CPRE
realizadasemambienteambulatorial,excluídoscasosondefoirealizada manometriae/ouqualquerintervençãopancreática,encontraramtaxa decomplicaçãoem30diasde5,7%(15casos).Novepacientes(3,4%) necessitaramdeinternação,dosquaisseteapresentavamsintomasnas primeiras4horaseforaminternadoslogoapósoprocedimento:cinco porpancreatiteaguda,umporhemorragia,umporperfuração;osoutros dois foram liberados e posteriormente readmitidos por hemorragia e colangite. Esses autores sugerem, que 4 horas seja um intervalo detempoadequadoparaobservaçãoapósaCPRE,concluindoque esfincterotomia e colocação de prótese biliar podem ser realizadas nesseespaçocomsegurança.
EstudobrasileirorealizadoporBALBINOTTIetal.(1)avaliou
prospectivamente as complicações da CPRE em 311 pacientes, dosquais63%terapêuticos.Observaramtaxadecomplicaçãode 8,4%,sendopancreatiteagudaamaisfreqüente,respondendopor 5,1%doscasos.Nãofoiobjetivodoestudoanalisarseparadamente examesrealizadosnoambienteemquestãoetaxadereinternação porcomplicação.
THAMetal.(15)revisaramosdadosde190CPREterapêuticas
realizadas e, ambulatório. Internação hospitalar foi necessária em 31 casos (16%), 22 por complicações (11,6%) e 9 (4,4%) para observação.Dos31pacientesinternados,26(13%)foramadmitidos após a CPRE e 5 (3%) liberados após o exame e retornaram ao hospitalapósintervalomédiode24horas,sendopancreatiteaguda a complicação mais freqüente. Concluíram que essa modalidade deCPREterapêuticarealizadaemgruposelecionadodepacientes,
TABELA2-Distribuiçãodascomplicaçõesdiagnosticadasimediatae tardiamentecomrespeitoàrealizaçãoounãodeprocedimento terapêutico
Complicações CPREdiagnóstica CPREterapêutica Complicações
diagnosticadas imediatamente
Complicações diagnosticadas tardiamente
Complicações diagnosticadas imediatamente
Complicações diagnosticadas tardiamente Pancreatiteaguda 1(0,5%) - 1(0,5%) 1(0,5%) Hemorragia - - 1(0,5%) 1(0,5%) Colangite - 1(0,5%) - 2(1,0%) Perfuração - - 2(1,0%) 1(0,5%) Cardiorespiratórias - - 1(0,5%) -Doroufebre 1(0,5%) 1(0,5%) 3(1,5%) 1(0,5%)
TABELA3-Distribuiçãodascomplicaçõessegundoograudedificuldade doexame
Graude dificuldade
Complicações diagnosticadas imediatamente
Complicações diagnosticadas
tardiamente Totaldeexames
1 2(2,9%) 2(2,9%) 69
2 3(11,5%) 1(3,8%) 26
3 - - 3
4 - 3(6,7%) 45
permanecendoemobservaçãoapósoexameporperíodode2horas einternaçãoreservadaparaaquelescomsuspeitadecomplicação, pareceserseguraereduzircustos.
HOetal.(9)estudaramprospectivamente415pacientessubmetidosa
CPREterapêuticaambulatorial.Internaçãohospitalarfoinecessáriapara 41(9,9%)pacientesporcomplicaçõese63(15,2%)paraobservação após o exame. Dos 41 internados por complicações pós-CPRE, 29 foramadmitidoslogoapósoprocedimentoeosdemaisreadmitidos apósliberaçãoinicial.Aanálisemultivariadadosdadossugereque sejamfatoresderiscoparainternaçãopormaisde1dia:dorduranteo procedimento,históriadepancreatiteerealizaçãodeesfincterotomia. Apresençadostrêsfatoresesteveassociadaa67%deprobabilidade deinternação.Concluem,queessestrêssejamfatoresindependentes preditoresdeinternaçãohospitalar.
ELFANT et al.(6) estudaram prospectivamente 98 pacientes
ambulatoriaisencaminhadosparaCPREterapêuticaporcoledocolitíase, em94,9%doscasos(93)foirealizadaesfincterotomia.Ospacientes foramobservadosporperíodode1a3horaseentãoliberadosparacasa. Umpacienteficouinternadoporhemorragiapós-esfincterotomiaedois (2,1%)foramreadmitidosporpancreatiteaguda24horasapósaalta. Essesautoresconcluíramqueaterapiaendoscópicaparacoledocolitíase podeserrealizadacomsegurançaempacientesambulatoriais,com reduçãodecustos.
Pancreatiteagudaéacomplicaçãomaisfreqüentementeassociada àCPRE,ocorrendoemcercade1%a7%dosexames(1, 7, 9, 8, 10, 11, 12, 15).Foitambémumadasprincipaiscomplicaçõesnapresentesérie,
ocorrendoem1,5%dosexames.Dostrêscasosdepancreatiteaguda, umnãofoiidentificadonoperíododeobservaçãoapósoexame.O atrasonoaparecimentodossintomaspodeestarassociadoàsedação eanalgesia,ouàdemoradefatodoiníciodador.
Hemorragiaécomplicaçãomaisdiretamenterelacionadaàrealização daesfincterotomia,comincidênciarelatadade0,76%a2,5%(8,10)Nametade
doscasosamanifestaçãodosangramentopodesertardia,ocorrendodias apósoprocedimento(7,11,15).Napresentesérie,encontrou-setaxade1,0%de
hemorragia.Emumdosdoiscasos,osangramentonãofoidetectadodurante oprocedimentoeodoentefoireadmitido4diasapósaesfincterotomia.
Outrascomplicaçõescomocolangiteecolecistiteaguda,geralmente manifestam-se24horasapósoprocedimento(7,10).Comofoiobservado
nestacasuística,ostrêspacientes(1,5%)quedesenvolveramcolangite haviamsidoliberadosapósoexameeforamreadmitidosposteriormente paratratamentodacomplicação.
Aocorrênciadeperfuraçãoduranteoexametemsidorelatadaem até 1% dos casos após esfincterotomia, geralmente retroperitonial, excetoemalteraçõesanatômicas(6,10,14).Nesteestudoencontraram-se
trêscasosdeperfuração(1,5%),doisdelesassociadosàesfincterotomia eumapóspunçãodepseudocistopancreático.
As complicações cardiorespiratórias são mais raras, ocorrendo emmenosde1%doscasos.Geralmentesãodecorrentesdasedação utilizadaoudadoençadebase(8,10).Observou-seumcaso(0,5%)de
depressãorespiratóriapelossedativos.
Nopresenteestudo,analisaram-seosdiversosprocedimentosda CPRE,estudadosseparadamentenostrabalhosanteriormentedescritos, atravésdograudedificuldadedosexames,porémnãoseencontrou diferençaestatisticamentesignificantequantoàtaxadecomplicações eosdiferentesgrausdedificuldadedomesmo.
Assimcomonosestudosreferidosanteriormente,observou-se maiortaxadecomplicaçõesnosexamesterapêuticos.Emboranão hajadadospublicadosquepermitamestaconclusão,parecequeneles, principalmentenoscommaiorgraudecomplexidade,otempode observaçãoapósoprocedimentodevaserprolongado(talvezmaior do que 2 horas).Além disso, em nosso meio, provavelmente seja importanteinvestigarafacilidadedopaciente(noqueserelacionaa acessoatransporte)emretornaraoServiçoouprocuraroutrolocal deatendimentomédiconaevidênciadaocorrênciadequalquersinal ousintomadecomplicação.
CONCLUSÃO
Otamanhodaamostraestudadaeosresultadosnegativosencontrados naanáliseestatísticaimpediramadeterminaçãodefatoresderisco independentesparacomplicaçõespós-CPRE.Observou-se,contudo,que oíndicedecomplicaçõesocorridasnosprocedimentosambulatoriaisé semelhanteàqueledosexamesrealizadosduranteinternaçãohospitalar. Ametadedelaspôdeseridentificadalogoapósoprocedimentoea outrametadeidentificadatardiamente,porémsemdeterminarevolução negativadocaso,semocorrênciadenenhumóbito.
Marçal MVL,Thuler FPBM, FerrariAP. Safety of endoscopic retrograde cholangiopancreatography performed in ambulatory centers. Arq Gastroenterol 2004;42(1):4-8.
ABSTRACT -Background - Endoscopic retrograde cholangiopancreatography is effective technique to approach various biliary and pancreatic disorders. Safetyofendoscopicretrogradecholangiopancreatographyonanoutpatientbasishasbeenquestioned.Objectives-Toevaluatethesafetyofoutpatient endoscopicretrogradecholangiopancreatographyanddescribeprocedurecomplications.Patients/Method-Weprospectivelyassessedoutpatientsendoscopic retrogradecholangiopancreatographyduring2001to2003period.Complicationsweredefinedaccordingtoconsensuscriteriaandalladverseeffectsrelated toprocedurewereincluded.Results-Onehundredandninetyfiveoutpatientsendoscopicretrogradecholangiopancreatographywereperformed,79(40.5%) diagnosticand116(59.5%)therapeutic.Thestudygroupincluded112women,meanage51(±18.9)years.Themostcommondiagnoseswere:biliarycalculi (30.2%),benignstenosis,(13.8%),malignantobstruction(10.2%)andchronicpancreatitis(10.2%).Successwasachievedin88.6%ofdiagnosticendoscopic retrogradecholangiopancreatographyand78.5%intherapeutic.Complicationsnecessitatingobservationdevelopedin10(5.1%)of195endoscopicretrograde cholangiopancreatography,amongthem,7(3.6%)werehospitalized,(2acutepancreatitis,2perforations,1bleeding,1cardio-respiratorye1fever).Among 188patientsinitiallydischarged8(4.2%)neededreadmission(1acutepancreatitis,1bleeding,1perforation,3cholangitis,2abdominalpain).Comparing thefirstgroupwherecomplicationswereimmediatelyidentifiedtothesecond,nosignificantstatisticaldifferenceconcerningtoage,sex,diagnosesand proceduredifficultydegreewasfound.Conclusion-Samplesizeandnegativestatisticalresultsfailedtodeterminateindependentriskfactorsforoutpatients endoscopicretrogradecholangiopancreatographycomplications.However,therewerenodeathsorbadevolutioninpatientsreleasedafterexamination, confirmingthesafetyofoutpatientendoscopicretrogradecholangiopancreatography.
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
1. BalbinottiRA,BragaDC,BalbinottiSS,BoniattiMM,BertuolNR,BatalhaJrMG, PimentelF.Análisedascomplicaçõesapósrealizaçãodecolangiopancreatografias retrógradasendoscópicas(CPRE).GEDGastroenterolEndoscDig2003;22:181-4. 2. CottonPB,LehmanG,VennesJ,GeenenJE,RussellRC,MeyersWC,LiguoryC;
NicklN.Endoscopicsphincterotomycomplicationsandtheirmanagement:anattempt atconsensus.GastrointestEndosc1991;37:383-93.
3. CvetkovskiB,GerdesH,KurtzRC.OutpatienttherapeuticERCPwithendobiliary stentplacementformalignantcommonbileductobstruction.GastrointestEndosc 1999;50:63-6.
4. ElfantAB,Alhalel R, Bourke MJ, Kortan P, Haber GB. Outpatient biliary stone extraction(BSE):aprospectivestudy[abstract].GastrointestEndosc1995;41:319. 5. ElfantAB,BourkeMJ,AlhalelR,KortanP,HaberGB.Outpatientbiliaryendoprosthesis
insertion(BEI):aprospectivestudy[abstract].GastrointestEndosc1995;41:319. 6. ElfantAB,BourkeMJ,AlhalelR,KortanPP,HaberGB.Aprospectivestudyofthe
safetyofendoscopictherapyforcholedocholithiasisinanoutpatientpopulation.Am JGastroenterol1996;91:1499-502.
7. FreemanML,NelsonDB,ShermanS,HaberGB,FennertyMB,DiSarioJA,Ryan ME, Kortan PP, Dorsher PJ, Shaw MJ, Herman ME, Cunningham JT, Moore JP, SilvermanWB,ImperialJC,MackieRD,JamidarPA,YakshePN,LoganGM,Pheley AM. Same-day discharge after endoscopic biliary sphincterotomy: observations from a prospective multicenter complication study.The Multicenter Endoscopic Sphincterotomy(MESH)StudyGroup.GastrointestEndosc1999;49:580-6.
8. FreemanML,DiSarioJA,NelsonDB,FennertyMB,LeeJG,BjorkmanDJ,Overby CS,AasJ,RyanME,BochnaGS,ShawMJ,SnadyHW,EricksonRV,MooreJP, RoelJP.Riskfactorsforpost-ERCPpancreatitis:aprospective,multicenterstudy. GastrointestEndosc2001;54:425-34.
9. HoKY,MontesH,SossenheimerMJ,ThamTC,RuymannF,VanDamJ,Carr-Locke DL.Featuresthatmaypredicthospitaladmissionfollowingoutpatienttherapeutic ERCP.GastrointestEndosc1999;49:587-92.
10. LoperfidoS,AngeliniG,BenedettiG,ChiloviF,CostanF,DeBerardinisF,DeBernardin M;EderleA;FinaP;FrattonA.Majorearlycomplicationsfromdiagnosticandtherapeutic ERCP:aprospectivemulticenterstudy.GastrointestEndosc1998;48:1-10. 11. MehtaSN,PavoneE,BarkunAN.OutpatienttherapeuticERCP:aseriesof262
consecutivecases.GastrointestEndosc1996;44:443-9.
12. PodolskyI,KortanP,HaberGB.Endoscopicsphincterotomyinoutpatients.Gastrointest Endosc1989;35:372-6.
13. SchutzSM,AbbottRM.GradingERCPsbydegreeofdifficulty:anewconceptto producemoremeaningfuloutcomedata.GastrointestEndosc2000;51(5):535-9. 14. ShermanS.OutpatienttherapeuticERCP:hasthetimecome?GastrointestEndosc
1997;45:326-8.
15. ThamTC,Vandervoort J,Wong RC, Lichtenstein DR,Van Dam J, Ruymann F, FarrayeF,Carr-LockeDL.TherapeuticERCPinoutpatients.GastrointestEndosc 1997;45:225-30.