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Síndrome de borjeson-forssman-lehmann: relato de um caso.

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Academic year: 2017

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SÍNDROME DE BORJESON-FORSSMAN-LEHMANN

R E L A T O D E U M CASO

MARLI WOJCIECHOWSKI* CARLOS SEVERO DUTRA-FILHO ** ANA CRISTINA PEREIRA DA COSTA * LUIZ FERNANDO LASER *

ROBERTO GIUGLIANI ***

NEWRA TELLECHEA ROTTA**** LYGIA OHLWEILER *****

Bõrjeson et a l .3

relataram três c a s o s em uma mesma família de síndrome caracterizada por severo retardo mental, microcefalia, baixa estatura, hipogo¬ nadismo, obesidade, convulsões, fácies grotesca e orelhas grandes, sugerindo herança recessiva ligada ao X. T r ê s c a s o s esporádicos foram descritos após por Baar e G a l i n d o2

, Weber et al.7

e Veall et al.5

, que contribuíram para melhor caracterizar a síndrome. Recentemente, Ardinger et a l .1

descreveram cinco c a s o s adicionais. N o presente trabalho descrevemos um caso de síndrome de Bõrjeson-Forssman-Lehmann ( B F L S ) com evolução diferente dos já publi-cados, com o s quais fazemos comparação.

OBSERVAÇÃO

F.V.C., b r a n c o , p r i m e i r o filho d e u m c a s a l jovem, n ã o c o n s a n g u í n e o , d e a s c e n d ê n -cia a l e m ã . A g e s t a ç ã o evoluiu s e m i n t e r c o r r ê n c i a s , c o m d u r a ç ã o d e nove m e s e s . O p a r t o foi n o r m a l . O p e s o a o n a s c i m e n t o foi 3400 g r a m a s e a a l t u r a 50 cm, t e n d o tido a l t a a o s d o i s d i a s e m b o a s condições. A p r e s e n t o u c r i s e s c o n v u l s i v a s d e s d e os pri-m e i r o s d i a s d e v i d a , q u e v i n h a pri-m s e t o r n a n d o pri-m a i s f o r t e s e f r e q ü e n t e s . T e v e infecção u r i n á r i a e a s m a . A o s s e i s m e s e s t e v e episódio d o b r o n c o p n e u m o n i a , q u a n d o foi enca-m i n h a d o a o n o s s o s e r v i ç o p a r a i n v e s t i g a ç ã o d e v i d o a o h i p o g e n i t a l i s enca-m o , à enca-microcefalia e à s c o n v u l s õ e s . N e s s a ocasião foi h o s p i t a l i z a d o d e v i d o à s c r i s e s c o n v u l s i v a s d e difícil c o n t r o l e , q u a n d o t a m b é m s e c o n s t a t o u m a r c a d a h i p e r g l i c e m i a . E x a m e físico realizado a o s 6 m e s e s d e i d a d e r e v e l o u r e l a t i v a o b e s i d a d e (7600 g r a m a s ) p a r a a b a i x a e s t a t u r a (64 c m ) , facies s i n d r ô m i c a , m i c r o c e f a l i a ( P O = 3 6 c m ) , o r e l h a s g r a n d e s , pescoço c u r t o com p e l e r e d u n d a n t e , f o n t a n e l a a n t e r i o r p e q u e n a ( F i g . 1). O p a c i e n t e t a m b é m a p r e -s e n t a v a d i -s c r e t a h i p e r t o n i a n o -s 4 m e m b r o -s e r e f l e x o c u t â n e o - p l a n t a r em e x t e n -s ã o . A-s

T r a b a l h o r e a l i z a d o n a U n i d a d e d e G e n é t i c a M é d i c a (UGM) d o H o s p i t a l d e Clínicas d e P o r t o A l e g r e : * A c a d ê m i c o d e Medicina, e s t a g i á r i o v o l u n t á r i o n a U G M ; ** Médico, e s t u d a n t e d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m Ciências M é d i c a s ; *** Médico, D o u t o r e m Ciências, chefe d a UGM, p r o f e s s o r a d j u n t o d o D e p a r t a m e n t o d e B i o q u í m i c a d a U n i v e r s i d a d e F e -d e r a l -d o R i o G r a n -d e -d o Sul ( U F R G S ) , p e s q u i s a -d o r ; **** Mé-dica, p r o f e s s o r a a -d j u n t a d o D e p a r t a m e n t o d e P e d i a t r i a d a U F R G S , n e u r o p e d i a t r a ; ***** N e u r o p e d i a t r a .

Bõrjeson et a l .3

relataram três c a s o s em uma mesma família de síndrome caracterizada por severo retardo mental, microcefalia, baixa estatura, hipogo¬ nadismo, obesidade, convulsões, fácies grotesca e orelhas grandes, sugerindo herança recessiva ligada ao X. T r ê s c a s o s esporádicos foram descritos após por Baar e G a l i n d o2

, Weber et al.? e Veall et al.5, que contribuíram para melhor caracterizar a síndrome. Recentemente, Ardinger et a l .1

descreveram cinco c a s o s adicionais. N o presente trabalho descrevemos um caso de síndrome de Bõrjeson-Forssman-Lehmann ( B F L S ) com evolução diferente dos já publi-cados, com o s quais fazemos comparação.

OBSERVAÇÃO

F.V.C., b r a n c o , p r i m e i r o filho d e u m c a s a l jovem, n ã o c o n s a n g u í n e o , d e a s c e n d ê n -cia a l e m ã . A g e s t a ç ã o evoluiu s e m i n t e r c o r r ê n c i a s , c o m d u r a ç ã o d e nove m e s e s . O p a r t o foi n o r m a l . O p e s o a o n a s c i m e n t o foi 3400 g r a m a s e a a l t u r a 50 cm, t e n d o tido a l t a a o s d o i s d i a s e m b o a s condições. A p r e s e n t o u c r i s e s c o n v u l s i v a s d e s d e os pri-m e i r o s d i a s d e v i d a , q u e v i n h a pri-m s e t o r n a n d o pri-m a i s f o r t e s e f r e q ü e n t e s . T e v e infecção u r i n á r i a e a s m a . A o s s e i s m e s e s t e v e episódio d o b r o n c o p n e u m o n i a , q u a n d o foi enca-m i n h a d o a o n o s s o s e r v i ç o p a r a i n v e s t i g a ç ã o d e v i d o a o h i p o g e n i t a l i s enca-m o , à enca-microcefalia e à s c o n v u l s õ e s . N e s s a ocasião foi h o s p i t a l i z a d o d e v i d o à s c r i s e s c o n v u l s i v a s d e difícil c o n t r o l e , q u a n d o t a m b é m s e c o n s t a t o u m a r c a d a h i p e r g l i c e m i a . E x a m e físico realizado a o s 6 m e s e s d e i d a d e r e v e l o u r e l a t i v a o b e s i d a d e (7600 g r a m a s ) p a r a a b a i x a e s t a t u r a (64 c m ) , fácies s i n d r ô m i c a , m i c r o c e f a l i a ( P O = 3 6 c m ) , o r e l h a s g r a n d e s , pescoço c u r t e com p e l e r e d u n d a n t e , f o n t a n e l a a n t e r i o r p e q u e n a ( F i g . 1). O p a c i e n t e t a m b é m a p r e -s e n t a v a d i -s c r e t a h i p e r t o n i a n o -s 4 m e m b r o -s e r e f l e x o c u t â n e o - p l a n t a r em e x t e n -s ã o . A-s

(2)

p u p i l a s e r a m isocóricas e f o t o r r e a g e n t e s , m a s s e m reflexo d e p i s c a m e n t o , e h a v i a r e a ç ã o d u v i d o s a ao e x a m e do d i a p a s ã o . F i r m a v a p a r c i a l m e n t e a cabeça, n ã o s o r r i a e fixava m a l o o l h a r . A p r e s e n t a v a p r e g a s i m i e s c a b i l a t e r a l , m i c r o p e n i s (1,5 cm) e c r i p t o r q u i d i a b i l a t e r a l ( F i g . 1). F o r a m r e a l i z a d o s os s e g u i n t e s e x a m e s : c a r i ó t i p o (46,XY), i n v e s t i gação p a r a infecções c o n g ê n i t a s ( n e g a t i v a ) , t o m o g r a f i a d e c r â n i o ( m i c r o c e f a l i a ) , a v a l i a -ção oftalmológica ( n o r m a l ) , perfil b i o q u í m i c o ( h i p e r g l i c e m i a e h i p e r g l i c o r r a q u i a ) , e p e s q u i s a d e e r r o s i n a t o s d o m e t a b o l i s m o ( a m i n o a c i d u r i a g e n e r a l i z a d a ) . A p r i m e i r a h i p ó t e s e d i a g n o s t i c a foi a de s í n d r o m e d e P r a d e r - W i l l i , q u e s e revelou i n a d e q u a d a pela a u s ê n c i a de b a i x o p e s o ao n a s c i m e n t o e d e h i p o t o n i a . F o i e n t ã o l e v a n t a d a a h i p ó t e s e de B F L S , a q u a l n o s p a r e c e u a m a i s c o m p a t í v e l a o q u a d r o a p r e s e n t a d o . O p a c i e n t e r e c e b e u t r a t a m e n t o d e s u p o r t e p a r a os q u a d r o s r e s p i r a t ó r i o , convulsivo e m e t a b ó l i c o , t e n d o feito u s o d e A C T H . Após a a l t a h o s p i t a l a r p e r d e m o s c o n t a t o com a f a m í l i a e a ú n i c a i n f o r m a ç ã o a d i c i o n a l q u e o b t i v e m o s foi a d a m á evolução clínica, com m o r t e do p a c i e n t e a i n d a no p r i m e i r o a n o d e vida. N ã o foi r e a l i z a d a n e c r o p s i a .

Conforme pode ser observado na tabela 1, nosso paciente apresentava muitos

dos sinais descritos nos casos já relatados de BFLS, o que permite sustentar

esse diagnóstico. Os diagnósticos diferenciais foram feitos com as síndromes

de Prader-Willi, Coffin-Lowry, Bardet-Biedel, Summitt e Carpenter

1

. A

pre-sença de convulsões, hipogenitalismo e orelhas grandes, e a ausência de

cranio-sinostose e de poli ou sindactilia permitiram afastar essas hipóteses.

Além das características usuais da síndrome, o nosso paciente apresentava

hiperglicemia e aminoaciduria. Embora não tenha sido possível realizar a

ne-cropsia, o achado de lipomatose pancreática num dos casos descritos por

Bõrjeson et a l .

3

permite supor que essa alteração pudesse também estar

pre-sente no nosso paciente e levaria à hiperglicemia. Por outro lado, o paciente

fazia uso de ACTH devido ao quadro convulsivo, fato que favorecera a

hiper-glicemia e pode também causar aminoaciduria

6

(3)

ao tratamento, evoluindo para a morte ainda no primeiro ano de vida, o que

não ocorreu nos casos anteriormente descritos.

Acreditamos que esses achados contribuem para ampliar o espectro feno¬

típico da BFLS, que deve ser também considerada quando da avaliação de

pacientes com convulsões no primeiro ano de vida.

R E S U M O

Apresentamos um caso de síndrome de Borjeson-Forssman-Lehmann,

carac-terizado pela presença de hipogonadismo, aparência facial grotesca,

microce-falia, orelhas grandes, obsesidade e convulsões. Além desses achados, comuns

aos demais casos descritos na literatura, o paciente apresentava hiperglicemia

e aminoaciduria. Assim, concluímos que a presença dessas alterações e a má

evolução do caso, com morte ainda no primeiro ano de vida, contribuem para

ampliar o espectro fenotípico da síndrome de Bõrjeson-Forssman-Lehmann.

S U M M A R Y

Bõrjeson-Forssman-Lehmann syndrome: report of one case.

(4)

R E F E R Ê N C I A S

1. A R D I N G E R , H . H . ; H A N S O N , J . W . & Z E L L W E G E R , H . U . — B o r j e s o n - F o r s s m a n ¬ - L e h m a n n s y n d r o m e : f u r t h e r d e l i e n a t i o n i n five cases. A m . J . m e d . Genet. 19:653, 1984.

2. BAAR, H.S. & G A L I N D O , J . — T h e B o r j e r s o n - F o r s s m a n - L e h m a n n s y n d r o m e . J . m e n t . Defic. R e s . 9:125, 1965.

3. B O R J E S O N , M . ; F O R S S M A N , H . & L E H M A N N , O. — An X - l i n k e d , r e c e s s i v e l y i n h e r i t e d s y n d r o m e c h a r a c t e r i z e d b y g r a v e m e n t a l deficiency, e p i l e p s y a n d e n d o c r i n e d i s o r d e r . A c t a m e d . s c a n d . 171:13, 1962.

4. B R U N , A . ; B O R J E S O N , M. & F O R S S M A N , H . — An i n h e r i t e d s y n d r o m e w i t h m e n t a l deficiency a n d e n d o c r i n e d i s o r d e r . A p a t h o - a n a t o m i c a l s t u d y . J . m e n t .

Defic. R e s . 18:317, 1974.

5. V E A L L , R . M . : B R E T , E . M . : R I V I N U S , T.M. & S T E P H E N S , R . — T h e B o r j e s o n ¬ - F o r s s m a n - L e h m a n n s y n d r o m e : a n e w case. J . m e n t . Defic. R e s . 23:231, 1979. 6. W A N N M A C H E R , L. — E f e i t o do alfa1, 24 A C T H s o b r e a e x c r e ç ã o r e n a l d e a m i

-n o á c i d o s . T e s e d e M e s t r a d o . U -n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o G r a -n d e d o Sul. 7. W E B E R , F . T . ; F R I A S , J . L . ; J U L I U S , R . L . & F E L M A N , A . H . — P r i m a r y h y p o g o

-n a d i s m i-n t h e B o r j e s o -n - F o r s s m a -n - L e h m a -n -n s y -n d r o m e . J . m e d . Ge-net. 15:63, 1978.

Referências

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