I.
FUNDAÇJí.O GETULIO VARGAS
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS CENTRO DE P6S-GRADUAÇAO EM PSICOLOGIA
UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO STRESS
INTROVEHSAO-EXTROVERSAO, DOGMATISMO E VULNERABILIDADE AO STRESS
FRANCISCO RAMOS DE FARIAS
FGV/ISOP/CPGP
UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO STRESS
INTROVERSÃO-EXTROVERSÃO, DOGMATISMO E VULNERABILIDADE AO STRESS
por
FRANCISCO RAMOS DE FARIAS
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de
MESTRE EM PSICOLOGIA
disease than what sort of disease a
patient has"
A Professora Eva Nick pela orientação e incentivo
meu reconhecimento pela apoio prestado .
A Professora Maniúsia Mota de Oliveira pela paciê~
cia e afinco com que discutiu e criticou as hipóteses
levanta-das e também pela co-orientação desta dissertação, minha gratl
dão .
A Thales Rosa França da Silva e Claudete Torres
França da Silva, meu reconhecimento pela colaboração prestada.
Aos meus alunos-estagiarios:Rúsia da Encarnação Sá,
Marcos Soares Pontes, Maria Carmem Tatagiba Sily e Helcimar
Araújo de Moraes, meus agradecimentos pela ajuda prestada na
execução da parte pratica.
À Direção da Faculdade de Biologia e Psicologia M~
ria Thereza que gentilmente cedeu seuslworatórios para
realiza-çao da pesquisa, meus sinceros agradecimentos.
Aos alunos que serviram como sujeitos, sou grato.
A Claudio de São Thiago Cavas e a Luisa Helena Mor
gado Hora meu reconhecimento e gratidão por terem me iniciado
na carreira universitaria.
rio e a Dra. Albertina Ramos pela ajuda espontânea.
A Hélio d'Oliveira e Teresinha Costa d'Oliveira p~
lo incentivo e solidariedade durante a execução desta
disser-tação.
Os dois tipos de stress ~isiológico e psicológic~
constituem,a meu ver, um único fenômeno ,embora, do ponto de
vista didático, faça-se necessária esta divisão.
Nes te estudo ambos os tipos foram abordados teorica
-mente, mas o mesmo se propõe a analisar a influ~ncia dos fato
res de personalidade - extroversão, introversão e dogmatismo
- na vulnerabilidade ao stress. Os determinantes cognitivos fo
ram considerados como mediadores desta relação.
O instrumental utilizado para a verificação empírl
ca foi composto dos seguintes testes: 16 PF de Cattell e Eber,
Fator P de Toulouse-Pieron, Escala de Dogmatismo de Rokeach
e o Sorting-Test,adaptado para esse estudo. Esses instrumen _
tos foram utilizados para testar as hipóteses; o introvertido
e o não-dogmático, tanto na condição isolada quanto em
combi-nação, apresentam vulnerabilidade ao stress maior do que o ex
trovertido e o dogmático nas mesmas condições.
A análise da regressao múltipla demonstrou que ne
-nnuma diferença quanto à vulnerabilidade ao stress foi obser
-vada em relação aos tipos extrovertido, introvertido, dogmátl
co e não-dogmático, quer isoladamente,quer nas combinações ex
trovertido-dogmático e introvertido-não-dogmático.
bilidade ao stress esteja mais relacionada com traço de pers~
nalidade do que com tipo. Em segundo lugar, pode ser que o
instrumento utilizado para medir extroversão-introversão nao
forneça uma me dida válida :, uma vez que o conceito se baseia
nas primeiras formula ções da teoria da ativação .
Poderíamos, ainda, acrescentar uma outra relaçãona
influência dos fatores de personalidade na vulnerabilidade ao
stress . Esta relação pode ser estudada sob os dois aspectos do
stress: a especificidade e a não-especificidade.
Assim sendo, pod~r-se-ia conjecturar que tanto os
fatores de personalidade quanto os determinantes cognitivos es
tariam mais relaciona.dos com a especificidade do que com a
não-especificidade . Esta última estaria mais vinculada aos a~ 1
pectos fisiológicos .
Esta última proposição poderia servir de um
esque-ma para uesque-ma diferente análise teórica e empírica da influên _
ciu dos fatores de personalidade na vulnerabilidade ao stress,
enfatizando mais a especificidade do que a não-especificidade.
Both types of str e ss, physiolo gical and
psychological, constitute, in my opinion, only one phenomenon
thou gh it's n e cessary to make this segmentation in a di dactic
way.
I n this paper, both types were theorect i cally
studied, but the same is supposed to analyse only the influence
of the personality factors as: Extraversion, Introversion and
the dogmatism upon the· vaulne :... ability to stress. The cognitive
determinants · were taken as mediators of this relation .
The battery used for empirical
verification was composed by the following tests: l6PF of
Cattell and Eber; Toulouse-Pie r on P Factor, Rokeach Dogma
Scale and the Sorting - Test adapted for this paper . These
instruments were used in order to test the hypothesis: the
e~travert and the dogmatic, both in the isolated condition
or combined, present vulnerability to stress much more than
the introvert and thenon-dogmatic at the same conditions .
The multiple regression analysis has shown that
no difference was observed, in relation to vulnerability to
stress, among the types extravert, introvert, dogmatic and
non-dogmatic neither isolated nor at the combinations
extravert-dogmatic and introvert-non-dogmatic .
First; the vulnerability to stress is much more related to
personality tratts than to type.
Second : the instrument used to measure extraversion
-introversion doesn' t provide a valid measure since the
concept is based on the first formulation of activation
theory.
- At last we could add another relation about the influence of
personality fact ors upon the vulnerability to stress. This
relation may be studied under the two aspects of stress:
specificity and non-specificity.
Thus, it could be possible to presume that
personality factors as much as cognitive determinants would
be more related to spec i ficity than to non-specificity. The
last one would be more entailed to physiological aspects.
This last proposition, cpuld serve as a scheme to
a different empi rical and theori cal analys is of the personali ty
factors influence upon the vulnerability to stress, emphasizing
especificity more than non- sp ecificity.
Les deux types de stress physiologique et
psychi-que constituent, selon moi, un seul phénomene, quoipsychi-que cette
division soit nécessaire du point de vue didactique.
Dans cet étude, les deux types ont été abordés
théoriquement mais ce travail se propose ã analyser l'influe~
ce des facteurs de personnalité - extroversion, introversion
et dogmatisme - sur la vulnerabilité au stress . Les
détermi-nants cognitifs ont été considérés comme médiateurs de cette
relation.
L'instrument utilisé pour la vérification
empiri-que a été composé par les tests suivants: le 16 PF de Cattell
et Eber, le Facteur P. de Toulouse-Piéron, l'Bchelle de
Dog-matisme de Rokeach et le Sorting-Test adapté à cet étude. Ces
instruments ont été employés pour tester les hypotheses: l'e~
troverti et le dogmatique, tantôt dans la condition isolée
tantôt en combinaison, présentent une plus grande
vulnérabi-lité au stress que l'introverti et le non-dogmatique, dans les
mêmes conditions.
L'analyse de la regression multiple a prouvé qu'
aucune différence, pour la vulnerabilité au stress, a été
observée par rapport aux types extroverti, introverti, dogm~
tique et non-dogmatique soit isolément soit dans les combina
It est probable que certaines circonstances puis
-sent expliquer ce phnom~ne. D'abord, il est possible que la
vuln€rabilitê au stress soit plus en rapport avec le trace de
personalitê qu'avec le type de personalitê . Par ailleurs, il
est possible que l'instrument employê pour mesurer extrover
-sion-introvcrsion ne fournisse pas une mesure :valide
puis-que le concepte est fondê sur les prcmieres formulations de
la thêorie de l'activation.
Nous pourrions encore ajouter un autre rapport dans
l'influence des facteurs de personnalit€ sur la
vulnêrabili-tê au stress. Ce rapport peut être €tudi€ dans les deux
as-pects du stress: la sp€cificitê et la non-sp€cificit€.
De cette façon, on pourrait conjecturer que les
facteurs de personnalitê aussi bien que les dêterminants
cog-nitifs seraient plus en rapport avec la spêcificit€ qu'avec
la non-spêcificitê. Celle-ci serait plus li€e aux aspects phy
siologiques.
Cette derni~re proposition pourrait servir comme
schêma pour une diffêrente analyse thêorique et empirique de
l' influence des facteurs de personnali t€ sur la
vulnêrabili-tê au stress, soulignant plutô t la spêcificité que la non-sp~
cificitê.
Agradecimentos --- v
Resumo --- vii
Summary --- ix
Résumé --- xi
I - I NT RODUÇAO ---_ 01 11 - DESENVOLVIMENTO --- 12
1 - FUNDAMENTAÇAO TE6RICA --- 12
1.1 - Vi s ão histórica do stress --- 12
1.2 - A natureza do stress --- 21
1.3 - Tipos de stress --- ---- 35
A) O stress sistemático --- 37
B) O Stre s s psi c ológico--- - --- ________ 45 1.4 - Aspectos fisiológicos da resposta do organi~ mo ao agent e e str e s sor --- ___________ 52 1.5 - Aspectos psicológicos da resposta do organi~ mo ao agente estressor --- 66
A) As emoções e a experiência do stress --- 68
B) O p r ocesso de "coping" e sua relação com o stress --- 76
C) Fatores da personalidade - extroversão-intro versão e dogmatismo - e suas relações com a vulnerabilidade ao stress --- - --- 88
1. 6 - A interação dos determinantes cognitivos e f~ tores da personalidade na produção do stress 10 8 1.7 - Sobre a problemática da interação dos compo-nentes fisiológicos e psicológicos da respo~ ta do organismo ao agente estressor --- - 119
1.8 - O fator psicossocial e sua influência na pr~
2.1 - Objetivos --- 140
2.2 - Formulação do problema--- 141
2.3 - Hipóteses --- 144
2. 4 - Método --- 146
A) Variáveis --- 146
B) Delineamento do estudo --- 147
C) Amostra --- 148
D) Instrumentos --- 148
E) Procedimento --- - --- I SO 2 .5 - Resultados --- - --- 1~3 2.6 - Discussão --- 155
111 - CONCLUSOES --- 158
1 - Sobre o conceito de stress --- 158
2 - Sobre a classificação do stress --- 1M 3 - Sobre o problema da especificidade e da não-esp~ cificidade --- 169
4 - Sobre a relação extroversão-introversão,dogmati~ mo e vulnerabilidade ao stress --- D3 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS --- 179
o
stress, como a maioria dos tópicos abordados nasciências sociais, é bastante complexo e também muito
subjeti-vo.
A palavra stress, derivada do latim, conforme assi
nala o "Oxford English Dictionary 1933", foi empregada
popu-larmente no século XVII significando "fadiga", cansaço, senti
do que é até hoje encontrado nos meios não-acadêmicos . Nesta
mesma epoca o stress significava também algo que era
"aperta-do, estrito e penoso".
E nos séculos XVIII e XIX que o stress aparece
re-lacionado a termos como "força", "pressão", "esforço" e
"ten-são". Neste sentido, o stress já significava um fenômeno rela
cionado a objetos e a pessoas. Foi o sentido de pressão exte~
na agindo num corpo ou numa pessoa que entrou para a física,
na medida em que se postulou ser essa força ou pressao um
a-gente que deforma ou que rompe o equilíbrio de um sistema .
Esse conceito de stress foi também empregado na
Química por Boole ao investigar as propriedades dos gases. Não
obstante é na Física que o stress foi precisamente definido
como uma força interna gerada num corpo sólido devido à açao
de um agente externo que tende a alterar tal corpo. O resulta
do da alteração devido a esse agente externo foi
de "tensão".
No século XX o termo é empregado na Biologia,vinc~
lado ao problema da adaptação, pois um organismo estaria tão
bem adaptado quanto melhor enfrentasse e suportasse o stress.
Na Biologia o stress se assentou nas proposiç6es de
Cannon sobre a homeostase ou equilibração sistêmica. Cannon
(1935) utilizou a palavra 'stress' a partir de observaç6es
re-sultantes de seus trabalhos experimentais sobre a reação
lu-tar ou fugir, onde os organismos humanos e animais eram
des-critos como estando sob stress devido às reaç6es da medula da
adrenal e do sis tema nervoso simpático, desencadead as em
esta-dos de frio e falta de oxigênio.
E Selye, em suas investigaç6es, seguindo as
propo-sições de Cannon, quem vai observar essas mesmas reaç6es
neu-roendócrinas eliciadas por uma variedade ampla de situações a
lém de frio e falta de oxigênio ,como propôs Cannon .
Com base nesta observação,Selye postulou a
sÍndro-me geral de adaptação dos sistemas somáticos produzido por es
tÍmulos não-específicos.
Esta sÍndro me , em três estagios, deixa entrever a
distinção entre implicações de estressores a curto prazo e a
longo prazo. Neste sentido, Selye sugeriu que as
conseqUênci-as últimconseqUênci-as do st ress tanto podem ser prejudiciais quanto ben~
ficas, e assim o stress tornou-se reconhecido na medicina
urna demanda para a adaptação, sendo o stress considerado com
efeitos benéficos para o organismo, e a condição nociva
rela-cionada a situações extremadas e/ou novas a que o organismo não
apresenta dispositivos para reagir ou reage
inadequada-mente. Deste modo , a experiência passada, ou seja,a familiari
dade com o stress é um dado importante no desencadeamento e
na severidade do stress, al~m de outros fatores .
Corno se pode observar, os investigadores até então
mencionados tratam o stress corno urna resposta a situações
ex-ternas ou inex-ternas, sendo a resposta considerada corno um
com-ponente importante na definição.
Urna abordagem mais s ofis ticada é a de Laz arus (1966)
enfatizando , tanto os aspectos da configuração estimuladora
quanto as reações individuais como elementos vitais, sendo en
tão a natureza do relacionamento entre esses aspectos e essas
reações crucial com relação ao stress . Essa abordagem suscita
o problema em outras bases. Para Lazarus o stress depende da
maneira como o indivíduo interpreta, quer dizer, avalia os
as-pectos da configuração estimuladora .
As proposlçoes de Lazarus poderiam ser explicadas
ASPEcrOS~ DA
CCNFI GURAÇAO ESTIMULADORA
Características Individuais
. Detenninantes Cognitivos
Reação de
- - - J ) St ress
~
ADAPTATIVA DESADAPTATIVA
(COPING) (OOENÇA)
Evidentemente nao se esgotam nesses investigadores
as contribuições ao estud o do stress, pois na atualidade o
fe-nomeno é abordado não s.ó em campos diversos das ciências
so-ciais, como também várias obras são destinadas à divulgação de
experimentos e contribuições teóricas, como, por exemplo, o
ANNUAL REPORT ON STRESS, de Hans Selye, editado a partir de
1951, o JOURNAL OF HUMAN STRESS, os tratados de Lenart Levi in
titulados "Str ess, Society and Disease", atualmente em tres vo
lumes e os de C. Spielberger "Anxiety and Stress" em cinco
vo-lumes.
No ano de 1967 é publicada uma obra organizada por
Appley e Trwnbull entitulada "Psychological Stress" onde sao
apresentadas várias discussões sobre o assunto. Em 1978, uma
equipe liderada por Seymour Levine reuniu num volume uma série
de resultados de investigações experimentais sobre os aspectos
psicológicos do stress . Em 1979, V. Hamilton e D.M. Warburton
reuniram uma série de contrihuições sobre o stress na obra
"Human Stress and Cognition" considerando os aspectos
cogniti-vos. Finalmente em 1981, ê publicado na Inglaterra o "Handbook
on Stress and Anxiety", abordando sistematicamente vários âng~
vas, como as de Selye, Lázarus, entre outros.
Apesar de tantas publicações, o conceito de stress
até a atualidade nas ciências sociais ainda não se reveste de
precisão e conClsao desejadas. Assim,o fenômeno e na maioria
das vezes abordado de forma parcial, uma vez que investiga
-ções em setores distintos das ciências sociais fornecem infor.
mações relativas apenas à área de conhecimento envolvida .
o
fato de nao haver até o momento investigaç-esmu!tidisciplinares sobre o assunto reflete-se provavelmente na
classificação do stress em tipos, pois sabe-se que o stress
fisiológico está relacionado a contribuições do pioneiro Selye
e de seus seguidores na area da Medicina. O stress
psicológi-co representa por outro lado o empenho de investigações reali
zadas na psicologia,e o stress psicossocial foi descrito por
investigadores interessados nos problemas sociais do ser huma
no .
Essa classificação é questionável na atualidade
pois é possível que o fenômeno seja único, com formas
distin-tas de expressa0, sendo a tipologia encontrada um artifício
didático e também o resultado de contribuições,conforme já
foi salientado,de áreas diversas das ciências sociais.
Foi na área médica onde se desenvolveram as primei
ras investigações. Esse campo se empenhou inicialmente em
Medicina Psicossomática foi mais além, ao se esforçar em
rela-cionar o surgimento dessa doença e de outras ao tipo de
perso-nalidade do indivíduo, como também pretendeu relacionar o
stress i manutenção de determinados quadros patol6gicos.
Ainda o stress. foi considerado em outros campos c~
mo uma das possíveis causas da não-alfabetização de
determina-dos alunos e da não-produtividade e inadaptação de operários
nos setores de produção; pois situações como escola e trabalho, as
vezes, se constituem como condições nas quais, o indivíduo tem
que desprender grande parte de sua energia de adaptação para
enfrentar tais situações, e assim ficaria, então, debilitado
ou com condições precárias, sendo o resultado final o stress .
B claro que não se espera essa mesma reação em todos os indiví
duos, pois empiricrunente se observa que determinados indiví
duos respondem de forma distinta a determinadas situações
es-t res s anes-t es.
Uma relação que vem sendo postulada para explicar
o porque dessa forma peculiar do indivíduo para responder a si
tuações estressantes centraliza o problema em torno do tipo de
personalidade, pois é provável que alguns tipos de personalid~
de estejam relacionados com a velocidade da reação, com a
rea-ção desencadeada, com o tipo de processamento da informarea-ção ex
traída do meio e ainda com a operaçao cognitiva mediadora da
transação indivíduo - ambiente.
enfa-tizam os tipos e xtrovertido e introvertido,entre outros, como
bastante relacionados à capacidade para enfrentar o stress .
Admitese que o tipo introvertido apresenta melho
-res condições para enfrentar o st-ress, já que é considerado
mais adaptado do que o tipo extrovertido . Nessa mesma linha
de raciocínio postula-se que a aprendizagem mais efetiva tem
maior probabilidade de ocorrer nos tipos introvertidos e
tam-b~m espera-se que esses tipos apresentem uma maior adaptabil!
dade em determinados postos de trabalho.
~ possível que tipos associados possam ser conside
rados pa ra explicar essa relação. Assim,espera-se que o dogm~
tismo esteja também relacionado com a capacidade do indivíduo
para enfrentar o stress , na medida em que essa dimensão diz
respeito ao emprego de modelos mentais para "operar" as infor
mações do meio ambiente e também ao conjunto de crenças de ca
da indivíduo. Neste sentido, supõe-se que o indivíduo dogmát!
co apresente maiores dificuldades diante de situações estre~
soras do que o indivíduo não-dogmático, pois este último apr~ .
senta maiores possibilidades de utilizar modelos mentais com
maior flexibilidade .
Acreditamos que os outros tipos de personalidade
estejam tamb~m relacionados ao stress. A escolha dessas duas
dimensões neste estudo foi devido à possibilidade da
direcio-nalidade das hipóteses a partir de resultados experimentais o
-vel com respeito
à
aferição desses tipos também foi um fatorrelevante . De resto, a escolha está relacionada a aplicação
dos resultados acerca dessa relação nos setores do ensino, do
trabalho e no emprego de técnicas terapêuticas .
Neste estudo delineia-se uma relação entre a
di-nâmica do stress e a organização da personalidade ,
consideran-do os tipos acima mencionaconsideran-dos. Tenta-se abordar a interação
dos fatores individuais e dos ambientais na produção do stress.
Em primeiro lugar, sera focali za do o conceito de
stress em termos de suas rai zes h i stóricas e de sua nature za .
Para isto sera fe ito um exame na literatura no campodostress,
considerando as investigações e proposições das varias
disci-plinas das ciências sociais e da medicina. Em segundo lugar
sera abordado o stress em sua classificação em tipos, sendo
analisados os aspectos tanto fisiológicos quanto psicológicos
da resposta do organismo ao agente extressor .
Com respeito aos aspectos psicológicos,a emoçao,
o processo de "coping" e os fatores de personalidade sao abor
dados .
Em terceiro lugar seri focalizada a relação sobre
a interação dos fatores cognitivos e de personalidade na
pro-dução do stress, considerando - se as implicações concernentes ã
interação dos componentes fisiológico~ e psicológicos da
os <lSp etos ps i cossoc i,lis.
Em quarto lu gar apresenta-se um planejamento
expe-rimental, para verificar empiricamente a relação entre stress
e personalidade. Neste sentido, postula-s e que os indivíduos
extrovertidos-dogmáticos são mais vulneráveis ao stress do
que os indivíduos introvertidos não-do gmáticos . Uma análise
desses tipos será feita isoladamente, al~m de se considerar
tamb~m que os fatores individuais tenham possivelmente uma
grande parcela de contribuição na produção do stress, ao con
tr5rio das postulaç6cs iniciais, que enfatizavam o s
ambientais .
fatores
Será dada atenção ao papel dos determinantes cogni
tivos, pois acreditamos, com Lá z arus e outros, que dado
estí-mulo s6 ~ estressor devido i interpretação que o sujeito faz
da informação .
Esses determinantes mantêm uma relação íntima com
os fatores da personalidade. Esse s últimos são responsáveis
pelo "modus operandi" dos determinantes cognitivos, sendo o
modo de operação desses determinantes uma condição que
influ-encia a estrutura de personalidade constituindo-se, entre fa- '
tores de personalidade e determinantes cognitivos, um
circui-to reverberati v o . Desse modo, ~ possível que diante de uma d~
da situação ambiental tenh am-se em momentos suscessivos, dife
UnIlm serú analisauo o material coletauo no estuc.lo
experimental da amostra . Esperamos que essa análise quantitati
va forneça subsídeos para um melhor entendimento qualitativo
das relações entre fatores de personalidade e vulnerabilidade
ao stress mediadas pelos determinantes cognitivos.
Esta analise justifica-se, em parte, devido às
re-lações postuladas entre várias situações que impossibilitam ao
indivíduo à aprendizagem acadêmica, ao insucesso no trabalho e
ao aparecimento de determinadas doenças. ' Assim acreditamos ser
oportuno abordar este tema neste estudo pois esperamos que
es-te trabalho possa fornecer subsídeos para o escla r ecimento de
determinadas relações entre situações desaptativas e o stress.
A ênfase na relação do stress com tipos de person~
lidade, particularmente os tipos mencionados, deve-se entre
outros fatores aos resultados clínicos e experimentais prove
-nientes do estudo entre esses tipos de personalidade e determi
nadas doenças.
Considerando-se a não-aleatoridade na seleção dos
sujeitos do estudo, a validade externa poderá ser prejudicada,
e desse modo as conclusões nao podem ser feitas em termos de
causalidade, pela ausência da manipulação de variáveis.
Quanto à validade externa, generalizações só podem
grupo umos trul.
Finalmente apresentam-se conclusões centradas na
vulnerabilidade ao stress em indivíduos extrovertidos, intro
11 - DESENVOLVIMENTO
1 - FUNDAMENTAÇAO TECRICA
1.1 - Visão Histórica do Stress
O termo stress remonta de época muito antiga. Na
opinião de Cox (1978), a palavra stress é possivelmente deriv~
da do latim "stringere" que significa aproximadamente "apertar".
A primeira passagem, na qual a palavra foi empregada, aconte
-ceu numa data bastante antiga. Trata-se da obra do poeta
In-glês Robert Mannyng inti tulada "Handling Synne", publicada no
século XIV. Deste século em diante, várias palavras vinculad as
ao stres.s como "desânimo", "tensão", "desgraça" e
são encontradas na literatura inglesa.
"distress"
No entanto, a utili zaçã o do termo "stress" ma is
precisamente definido e de f orma sistemática, ocorreu no campo
da Física por volta do século XVII .
Um esclarecimento deve ser aqui ressaltado.
Trata-se do fato de que o termo "s tress,", antes de Trata-ser emp regado na
medicina, o que aconteceu neste século, já era utilizado na FÍ
si ca com grande freqUência . Nas Ciências Físicas, a definição do
s tress era simples e facilrente demons trável: designava um estado de
tensão num sistema induzido por uma força externa que tenderia
mediante a colocação de um peso a uma de suas pontas, serVI
-ria como exemplo para ilustrar tal definição do stress enquan
to estado de tensão, (deformação produzida no sistema por uma
força externa). Na Física, esta relação entre a força e a rea
ção do corpo era passível de mensuração. Assim sendo, poder
-se-ia captar com precisão tal alteração, além de se poder, com
segurança, fazer uma prevIsao dos efeitos produzidos. Deste
modo, enquanto definido como relacionado a um fenômeno físico,
o stress era faci lmente explicado em termos dos agentes cau
-sais, do processo e das conseqUências observadas .
o
termo "stress" veio a ser introduzido na biologla na década de 30 do século atual, por Hans .. ~elye, objeti
vando designar um conjunto de fenômenos complexos evidencia
-dos nos organismos biológicos, que vieram, então, a ter uma
conotação análoga àquela da Física.
Devido à complexidade do sistema biológico, a defl
nIçao proposta pela Física tornou-se inadequada e incompleta,
pois não apresentava possibilidades para uma caracterização do
processo no organismo biológico.
Para que o termo pudesse expressar adequadamente o
processo no organismo biológico, uma mudança substancial
te-ria de acontecer. Tal iniciativa deveu-se, ainda, a Hans
Selye, que na década de 30 revolucionou a medicina com a
teo-ria da síndrome geral da adaptação, decorrente de varios anos
tudos de su~s ~e quisas foi decisiva para Selye propor as pr~
meiras explicações inerentes ao processo do stress.
Como afirma Selye (1936), na elaboração do
concei-to biológico de stress, duas contribuições foram fundamentais:
a de Claud Bernard sobre a adaptação e a de Walter Cannon re
-ferente a homeostase.
Tem-se aqui a emergência na biologia do stress
en-quanto processo.
Como já foi salientado, a idéia revolucionária de
Claud Bernard, ao chamar atenção para a necessidade da manu
-tenção do meio interno como condição necessária à saúde foi
absorvida por Selye . Ainda admitia C. Bernard que, uma vez
que organlsmo não tivesse condições de corrigir o desvio
pro-duzido no meio interno, apareceria o estado de doença como o
oposto a um equilíbrio central do organismo . Como se pode
ob-servar, a idéia de que o organismo executa um movimento para
manter a constância do seu meio interno, a · despeito de
mudan-ças anbientais, Ja estava presente no pensamento de C1aud
Bernard.
SubseqUentemente, em 1926, Walter Cannon lança o
termo "homeos t ase" para des i gnar a manutenção do equil íbrio i.!!
terno do organismo. Cannon vinculou a adrenalina e o papel
do sistema nervoso autônomo aos ajustamentos internos dos
Tomando as id6ias de Claud Bernard e Walter Cannon,
Selye (1936) VIU o stress como uma resposta estereotipada,
quer dizer, Selye observou a existência de um padrão comum de
resposta do organismo a uma série de agentes estressores dif~
rentes, apesar de as ações específicas de tais agentes serem
bastante diferentes. A característica comum que Selye precon~
zou existir é que tais agentes produzem nos organismos um
es-tado geral de stress, eses-tado esse que é reconhecido por Selye
como não-específico .
Para Selye o processo conhecido como "stress" ~ e
muito antigo e poderia estar presente no homem pré-histórico,
uma vez que este provavelmente se encontraria diante de
es-tressores, tais como: tarefas árduas e díficeis, exposição
prolongada ao calor e ao frio, perda de sangue e outros tan
-tos.
Além da perda do vigor, o sentimento de exaustão,
apatia, perda do interesse pela vida e de certas modificações
na estrutura da composição química do corpo, as quais podem
ser tomadas como sinal de doença, Selye (1936) reconheceu ta~
bém a possibilidade de o organismo se engajar num movimento
para o reestabelecimento do equilíbrio-estado normal, ou seja,
o organismo agindo para se defender do stress ou se adaptar a
ele. Este
é
o caráter adaptativo.Até a década de 30, Selye reconheceu o stress como
pecificidade - modo de o organismo responder aos virios tipos
de estressores - e a sua especificidade - resultado observado
pela persistência no organismo de um dado estressor.
A partir de 1936 , base ando- se em resultados experi
mentais, Selye sugere que o stress pode ser visto como um
processo que inclui uma reação inicial de alarme, pois acredita
-va, como Cannon ji havia proposto, que tal reação representa
provavelmente uma chamada geral para as forças defensivas do
corpo.
Observações posteriores sao relevantes para Selye
(1937) reconhecer um segundo estágio do stress .. Concluiu Selye
que se o organismo se expõe continuamente a um dado estressor
tem luga r um outro estágio ch.amado "resistência ao estressor" .
Ainda propõe uma terceira fase - exaustão - cuja ocorrência d~
penderia da persistência do estressor, a qual excede à
capaci-dade defensiva do organismo mobilizada na fase anterior .
Apesar de uma susceptibilidade às doenças cardio
-vasculares já estar presente no segundo estágio, não obstante,
é no terceiro estágio que há um enfraquecimento geral do
organismo dando lugar ao aparecimento das enfermidades de adapta
-ção . Estas não representam tão somente um estado de sofrimento,
mas um processo para manter o equilíbrio homeostático.
que a energia t~rm ;C3 e a energia de adaptação constituem dois
fenômenos diversos, bem como agem de forma diferente. O reco
-nhecimento de tal diferença possibilitou Selye a pensar a
do-ença como uma tentativa de adaptação do organismo. Em consonâ,!!
cia, o organismo utiliza seus dispositivos comportamentais
pa-ra anular ou diminuir os efeitos produzidos pelos estressores
ou então utiliza sua energia de adaptação para tentar lidar
com o estressor de uma forma adequada. Portanto, enquanto a
doença estiver presente no homem, mesmo que este aumente seu
consumo de matéria-prima para aumentar sua energia
suas forças de adaptação continuarão a decair.
térmica,
Esta situação crítica serviu como aspecto princi
-pal do q uestionamento iniciado com Selye, o que deu lugar a
uma s~rie de experimentos, conduzidos pelo próprio Selye e
seus assistentes.
Estava interessado Selye em estudar todas as enfe!
midades que afetam o homem e que resultam em lesões subjacen
-tes às específicas, que até então s.eriam o objetivo principal
dos estudiosos. Selye, para estudar o stress, na opinião de
Pasqualini (1952) utilizouse de seus conhecimentos em diver
-sas areas .. Apesar disso, sua atenção inicial esteve voltada p~
ra os aspectos endocrinológicos, mais que qualquer outros.
"Em mais de q u ~ n. ::. e anos de trabalho não interrom pido e exclusivo no laboratório e na biblioteca , Selye reuniu os elementos para constituir o seu sistema, ... realizou centenas de investigações nas quais, não se sabe se o valor maior ~ a ori ginalidade e a consistência das hipóteses de tra balho ou a habilidade pessoal para executá-las~
Os frutos desses quinze anos de trabalho foram reunidos por Selye em sua obra: "STRESS, THE FISIOLOGY AND PATHOLOGY OF EXPOSURE TO STRESS " , publicado em 1950, complementado e atualizado por seu "Annual Report on Stress" em 1951. c'Pas
qualini, 195 2 , p. 3)
-No "Annual Report on Stress" aparecem todos os
as-pectos da teoria de Selye sobre a síndrome geral de adaptação
e as enfermidades de adaptação. Tais aspectos representam o re
sultado da conclusão de seus trabalhos experimentais ao lado
do seu inter e sse pelo problema do stress. Tanto a síndrome
ge-ral de adaptação quanto as enfermidades de adaptação eram rela
cionadas por Selye a dois fatores: as condições ambientais e a
defesa geral do organismo .
Esta afirmação de Selye é o ponto onde aparecem as
influências das proposições de C. Bernard t~867) no q ue dis re!
peito a necessidade de haver uma constância no meio interno p~
ra a manutenção da vida, independente das influências ambien
-tais . Para Selye, possivelmente a manutenção de tal constância
deve acontecer graças à existência de reflexos inatos
utiliza-dos no processo de adaptação. Tais reflexos, conquanto
distin-tos em seu funcionamento, devem ter uma base comum, pois ~
ad-missível que, no caso de utilização de energia, esses reflexos
a ind a hoj e d esc onh cci~a , poderi a s er a energia de adaptação.
Ainda nesta afirmação de Selye estão presentes as
id é ias de W. Cannon (19 26) acerca do concei to de "homeostase"
- processo r e conhecido como a manutenção do equilíbrio do meio
interno. Cannon deu importância ao papel de determinados hormô
nios, entre e les a adrenalina. Considerou também importante a
atividade do sistema nervoso autônomo. Cannon reuniu esses
da-dos e afirmou que tais sistemas participam do ajuste do
interno nos estados de emerg~ncla.
meio
E sabido que ao longo de suas comprovaçoes
experi-me ntais, Selye (1956) estabeleceu que a reação de defesa
ines-pecífica relacionada ao stress. tem um papel fundamental e que
no homem r ev e la-se como uma reaçao defensiva em termos de
des-cargas ~ormonais. A partir de tal afirmação, postula Selye
duas possíveis formas de ação. Quando a reação acontece de for
ma adequada ao estímulo e de maneira equilibrada. a conseqU~~
cia é a adaptaç ão fisiológica. No entanto, se tal reaçao é
in-suficiente, excessiva ou desequilibrada, de modo a atuar como
um mecanismo patog~nico, tem lugar o aparecimento de um conju~
to de enfermidades que acomete principalmente os sistemas
car-diovascular. urinário e as articulações. Esta foi a base para
Selye criar o conceito de enfermidades de adaptação, sendo as
freqUentes enfermidades ~umanas, resultado de adaptações
anor-mais ao s tress.
-mos meramente quantj a ivos, na medida em que explica o
apare-cimento das enfermidades de adaptação como decorrência da
in-tensidade da reação do stress.
Além do mais, ã luz de novas descobertas, tal
con-cepçao es.taria, por aSSlm dizer, incompleta, pois como
demons-tram os resultados de alguns experimentos o stress pode ter um
efeito máximo, devido
ã
acumulação de estresses mínimos(Láza-rus, 1966; Ringness, 1968; Láza(Láza-rus, 1967; e Arnold, 1967),
ha-vendo possivelmente um efeito cumulativo.
Finalmente McGrath (1970) considera o stress de
duas. maneiras, que refletem duas possibilidades de análise.
Com referência ao aspecto histórico, a convergência e
integra-çao potencial de várias áreas de pesquisas serviram de base p~
ra interpretar o fenômeno do stress como se pode observar a se
guir: Se1ye (1956) - teoria do stress não específica; Cohen
(1967) - pes.quisas s.obre conflito social, conformidade e disso
nância; Cofer e Appley (1976) - visão histórica do stress
psi-cológico; Levi e Anderson (J975) - o stress psicossocial e
Ha-mil ton e Warburton (J9 79) - o s tres.s humano e a cognição.
o
outro aspecto considerado por McGrath é aqueleque se refere ao "zeitgeist", quer dizer as correntes contemp~
raneas de ordem conceitual e prática. Em termos de conceitua
-çao, o stress parece ser algo como um conceito integrador, com
:Jmpos vi z inh os, ma s i s olauo$ dn psicologia, fisiologOa, socio
10gia, medicina e outros .
No que se refere ao aspecto prático, o conceito de
stress parece ser aplicável à maioria dos problemas de
social e/ou psicológica.
ordem
No entanto, como se pode observar na literatura e
nas pesquisas sobre o stress, os fatores físicos, fisiológicos
e psicológicos ganharam maior destaque em comparação com os fa
tores sociais. Nas últimas décadas, contudo, tem-se voltado o
interesse para os problemas de ordem social e também pesquisas
são elaboradas e executadas para analisar a influência e
inte-ração de tais f atores .
1.2 - A Natureza do Stress
Definir o stress, oomo tentar de limitar seus
agen-tes causadores, tem sido até a atualidade o objetivo de muitos
cientista~ que se dedicaram
ã
execução de inúmeras investiga-ções para dar ao stress um "status" científico. Como era de se
esperar , existem várias definições de stress fornecidas da con
sideração de apenas alguns de seus diversos aspectos . g
conve-niente notar que algumas defini ções se referem mais aos aspectos
da configuração estimu1adora; outras , aos elementos observá
ocor-re no interior do organismo. Tal ~ a situaçio, onde se pode
observar duns defini ões ou mais que se complementam .
A nosso ver qualquer definição so tem validade se
considerar o stress como o processo decorrente da atuação de
um conjunto de fatores, quer sejam ambientais, quer sejam indi
viduais. A maioria das pesquisas realizadas até a atualidade
tem-se dedicado a analisar os fatores ambientais capazes de i~
duzir um estado de stress e observar suas conseqUências em ter
mos das proposições baseadas no modelo S-R. No entanto, os
re-sultados de tais pesquisas deram origem a uma definiçio que
descreve o stress em vez de circunscrevê-lo. Esta modalidade
descritiva forneceu elementos para o estudo do stress, em
termos dos padrões de resposta do organismo e dos seus respecti
-vos agentes etiológicos. Quando em 1936, Selye fez referência
ao conceito de stress, o considerou como uma síndrome geral de
adaptação, que decorre da atuação de agentes ambientais noci
-vos. Segundo Rabkin e Struening (1976), esta formulação foi
responsável pela popularizaçio do conceito de stress na mediei
na e pelo início de período de pesquisas e de desenvolvimento
teórico. Tal modelo, apesar de incompleto, teve importância p~
10 seu valor heurístico, não devendo em nenhum momento ser con
siderado nem em termos de abrangência global, nem como
defini-tivo. Mesmo assim, ainda na atualidade, alguns pesq uisadores
elaboraram pesquisas com esquemas baseados em tal modelo -
co-mo no caso, os trabalhos de Rees (1976) - que concebe o stress
tais forças no organismo. Admite tal autor que o termo "stress"
é uma abstração e por isso não tem nenhum sentido quando a
reação do organismo a forças potencialmente nocivas não foram
o objeto de estudo e de considerações. Convém esclarecer que
a formulação proposta por Rees admite uma reação do organismo
determinada por agentes externos, mas que em nenhum momento ~
e
dada qualquer explicação de como as condições do organismo pr~
duzem tal reação. Também a concepção de Rabkin e Struening
(1976) está neste modelo, na medida em que sua análise sobre o
stress focaliza os elementos dos aspectos relacionados com a
resposta.
Para Selye (1936), qualquer agente é estressor,
desde que tenha potencialidades para provocar o aparecimen to da
síndrome geral de adaptação. Como se v~, a concepção de Selye,
mesmo reformulada, trata o stres's a nível de resposta . Esta
síndrome
só
pode ser explicada, bem como as enfermidades deadaptação, se estiverem vinculadas ao stress.
A síndrome geral de adaptação é uma resposta fisi~
lógica e o efeito do estressor pode ser medido pelos efeitos
decorrentes da ação de algumas estruturas como o hipotálamo e
a glândula supra- renal .
De fato, uma análise da literatura sobre o stress
-sentalll as três principais correntes de estudo do problema
(Cox, 1978).
Além dessas correntes, Lázarus em 1966 reconheceu
três níveis de análise no campo do stress: sociológico, que
abordado signi f icativamente por McGrath a partir da década
setenta; o psicológico, que está vinculado ã abordagem
~
e
de
de
Appley e Trumbull (1967) e o fisiológico, já referido anterior
mente, vinculado a Hans Selye desde 1936. Estes níveis têm
importância não so pelo fato de cObrirem conjuntos de variá
veis diferentes representando focos destintos de interesses
nas investigações, mas. também por cons ti tuí rem referências p~
ra as interpretações e conclusões acerca do fen6meno . (Me
Grath,1970) .
Na opinião de Cox (1978), a análise do stress em
apenas um ou dois níveis é sempre incompleta. Por isso os
três níveis devem ser analisados de maneira integrada para
que deste modo se obtenha uma visão holista do fen6meno .
Na tentativa de p6r em prática seus objetivos, Cox
(19]8) e McGrath (1970) oferecem outras formas de abordar o
stress, considerando seus vários aspectos - o social, o
orgni-co, e o psicológico - focalizando o problema em termos de
primei-ro truta do stress como vari5ve] dependente, descrevendo-o em
termos da resposta do indivíduo a eventos perturbadores ou
nocivos. A princípio este modelo será tratado também neste es
tudo, no entanto com algumas modificações, pois leva-se em
cons i de raç ão a importância de determinantes cofni ti vos e de fatores da
personalidade que tem sua atuação no nexo entre a configura
-çao ambiental e o comportame nto do organismo a ela
relaciona-do. A segunda dimensão descreve o stress em termos das
carac-terísticas do estímulo. ou seja. considera os agentes nocivos
ou perturbadores na análise do stress . Esta abordagem nao
se-rá focalizada neste estudo. A terceira dimensão. segundo Cox
(1978), a mais adequada,analisa o stress como um reflexo da
falta de adaptação entre a pessoa e seu ambiente . Neste caso o
stress é estudado em termos de seus fatores antecedentes e
e-feitos. sendo considerado como uma variável interveniente. Es
ta abordagem será a consider ada neste estudo pelo fato de
vincular o stress a constructos intervenientes.
Propõe-se um modelo interacional para se estudar e
analisar o stress . Na opinião de Cox (1978), as duas primei
-ras abordagens se fundiram para produzir um raciocínio mais
compreens.Ível do sistema do stress' . Tal fusão ainda apres.enta
o caráter mecanicista das duas primeiras. quando considera a
pessoa como essen cialmente passiva perante o stress. além de
excluir processos intervenientes ou variáveis psicológicas
Tal modelo. S-R de cunho mecanIcista,encontraria dificuldade
ser inadequado pelo fato de nao considerar que a atividade da
pessoa ~ modelada pelos seus determinantes cognitivos, que op~
ram a partir do funcionamento da estrutura da personalidade. A
terceira abordagem explica o stress através da existência de
uma relação particular entre a pessoa e o seu ambiente. Tal
relação ~ considerada particular porque a mesma ocorre segundo
determinantes perceptuais de cada organismo, pois admite que
mediante a utili zação dos mesmos e que se vai proceder uma
in-teração entre o organismo e o meio, de forma adaptativa ou nao,
considerando-se, portanto, a maneira como o sujeito capta as
informações do meio e os seus dispositivqs constitucionais e/Qu
comportamentais para operar tais informações e, como resultado
final, responder ao meio. Devido a essas e a outras
particula-ridades, toda importância será dada a essa relação, pois anali
sando seus componentes e seus mecanismos pode-se considerar en
tão o stress como uma das formas de interação de fat ores
ambi-entais - elementos da configuração estimuladora - e de fatores
intrínsecos ao organismo. Tais fatores incluem dispositivos
cognitivos e comportamentais que interagem com os fisiológi
cos, na determinação da resposta.
Neste modelo se dá ênfase ao stress como sendo um
fenômeno estritamente vinculado à percepção individual de uma
situação, consubstanciando-se nesta perspectiva a assunção de
que ~ a percepção um processo que depende também de variáveis
motivacionais, personalógicas e outras, além da
estimuladora.
ML:Crath (1970) apresenta um JIlodelo eclético onue
estabelece que a dinâmica do stress envolve, pelo menos uma se
rie de quatro classes de eventos. A primeira classe compreende
o ambiente def inido como sistema sócio-físico em que o organi~
mo vive . Esta classe de enventos tem recebido várias
denomina-ç ões , corno "demanda", "in put" , "estímulo", "estressor", "pre~
são'! e "força ambiental" . A segunda classe considerada é a ava
liação cognitiva ou reconheciment o do estressor pelo organismo
num nível mais ou menos elaborado, dependendo da est ruturação
e organização de seus processos cognitlvos. Esta classe de
e-ventos tem recebido o nome de "demanda subjetiva", "esforço" ,
ou "tensão". A terceira classe considera a resposta do organi~
mo a esta demanda subjetiva em vários níveis, desde o
fisioló-gico até o social, passando naturalmente pelo psicolófisioló-gico e p~
lo comportamental . Finalmente, consideram-se os efeitos da res
posta, em termos do organismo e do ambiente.
Semelhantes modelos têm sido apresentados por
ou-tros autores. Cox C1978) é defensor de um modelo transacional
onde dois conceitos são relevantes: avaliação cognitiva e feed
back. Haythorn e Altman ()9.671 estabeleceram um modelo que,
além dos fatores citados, dão relevância aos aspectos da pers~
nalidade observados em condições de isolamento. Lázarus (.1966)
apr esenta uma concepção cognitiva do stress. Para tal autor o
es tre ssor pode produ zir o stress dependendo da antecipação do
organismo em termos de ser ou não capaz de lidar com ele.
en-tre a magn.ituJe Jo es t ressor e a capacidade Je resposta do
or-ganismo; relaciona-se, então, o stress ao desequilíbrio entre
estressor subjetivo - entende-se o subjetivo como percebido
e a capacidade de resposta percebida e/ou avaliada pelo orga
-nismo. Neste sentido, o stress ou ameaça, como admite Lizarus,
ocorre apenas quando são relevantes as conseqUências de fraca~
so no desenvolvimento de mecanismos adequados para lidar com
situações ambientais. Sells (1970) mostra como este processo p~
de acontecer . Na sua opinião, quando as demandas ambientais
são de tal ordem que o organismo pode ignorar, ou quando sao
completadas inadequadamente sem sérias conseqUências, essas d!
mandas não constituem ameaças para o organismo, e neste caso,
nao se observa a produção de stress.
Considerando estes e outros aspectos, McGrath(J97~
define o stress como um processo que ocorre quando se observa
um desequilíbrio substancial entre o estressor considerado sub
jetivamente e a capacidade de resposta percebida pelo
organismo. Esse desequilíbrio engloba aspe ctos quantitativos rela
-cionados com a magnitude da resposta -; qualitativos - a manei
ra como o organismo opera o estressor - e também aspectos esp~
cíficos relacionados com as partes diferenciadas do organismo.
E
consoante essa visão a idéia de que uma circunstânciaentão produtora de stress na medida em que represente uma
manda ambiental (estressor) para a qual o organismo não
dispositIVOS adaptativos adequados .
--sera
A formulaç50 de McGrath necessitaria, ao nosso ver,
de uma série de modificações cruciais para tornar-se um
esque-ma útil na pesquisa do stress. Para essas modificações conside
ram-se relevantes as contribuições de Lázarus (1966) e de
Sells (1970). No que se refere a Lãzarus (1966) é importante a
incorporação de suas proposições no que diz respeito aos seus
conceitos de avaliação e reavaliação cognitivas e suas
rela-ções ao stress psicológico, para se chegar a um modelo mais
completo.
Os conceitos formulados por Lãzarus (1966) permiti
ram que se elaborassem esquemas para explicar o stress,
dife-rentes daqueles anter i ores . Assim sendo, uma certa importância
é dada à atividade do organismo quando se considera o processo
de avaliação cognitiva (peste sentido, aquilo que é
subjetiva-mente experienciado não decorre apenas do estímulo externo,mas
depende de como o indivíduo apreende tal estímulo), desse
pro
-cesso e que resulta sua reaçao. Em palavras mais simples,
po-de-se admitir que a resposta do organismo a uma dada situação
estimuladora está muito mais relacionada com a sua percepçao
subjetiva do que com os elementos da configuração estimuladora,
Assim sendo, e provável que o desencadeamento do stress não se
deva somente
à
intensidade do estímulo. Está o stressrelacio-nado com a percepção dess.a intensidade, e como j á foi salienta
do, tal processo depende de variáveis IDotivacionais e
persona-lógicas. Esta contribuição de Lázarus é sobretudo relevante p!
p01s. nes t uso, ' at i v idade do o rgun ismo seri a também um o lo
mento que participa da dinâmica e da produção do stress.
Nesta abordagem uma demanda só produzirá o stress
se o organismo avaliar anteclpadamente a possibilidade de nao
ter condições de lidar com ela adequadamente. Neste sentido,
a avaliação cognitiva é uma condição necessária e suficiente
para o stress psicológico.
Ainda no panorama dos cognitivas, Sells (1970)
a-presenta outra modificação do esquema já mencionado. Explica
Sells o processo do stress como dependente: da percepção de
que as conseqUência são danosas para o organismo; demandas que
nao sao completadas ou são completadas inadequadamente e dema~
dos que são percebidas sempre como danosos ou ameaçadoras .
.En-tão, é sob tais condições que o stress poderá ocorrer.
Outra formulação apresentada por Cofer e Appley
(1976} trata do stress considerando-o relacionado com o
exces-so ou a falta de estimulação . No entanto, até a presente data,
experimentos realizados não forneceram dados convicentes para
confirmar tais hipóteses (NcGrath [1970) e Haythorn e Altman
()967).
E o cognitivista Sells l1970) quem vai apresentar
um esquema explicativo mais preciso e mais claro da atuação
e-feito conjugado de tais fatores c de ditas disposições. Para
explicar o efeito lança mão do conceito postulado por Lázarus
(1966) . Trata-se do processo reconhecido como avaliação
cogni-tiva. Além de anexar ao conceito de Lázarus outros aspectos,
Sells (1970) tenta também fornecer alguns argumentos as
impli-caçoes de McGrath (1970), Appley e Trumbull (1976), Arnold
(1967) além de outros.
Como se pode observar os cognitivistas ate então
citados, excluindo Sells, não consideraram em nenhum momento
os aspectos relacionados com a especificidade e
incespecifici-dade do stress. No entanto Sells, retomando as idéias
origi-nais de Selye, vai explicá-las num esquema cognitivista.
Sells admite que a proposição de Selye da síndrome
geral de adaptação em três estágios tem valor meramente descri
tivo quando comparado com os estágios reconhecidos por ele
co-mo: estimulação nociva (estressor), processo de "coping" e
de-sorganização quando tal processo é executado e não há sucesso.
Além do mais, admite Sells que o princípio geral postulado por
Selye vinculado
ã
inespecifidade da reação, conservado porou-tros investigadores fora da área cognitivista com relação ao
stress, perde a eficácia quando se considera o enfoque por ele
proposto. Ainda é Sells quem aflrma que a maioria dos
mecanis-mos relacionados ao stress são altamente específicos, podendo,
no entanto, suas ações serem dependentes da ocorrência simulti
s ress.
o
que se pode deduzir é que a açao de tais mecanismosespecíficos, na maioria dos casos, não é, por assim dizer,
to-talmente relacionada a eles, pois é possível que tal ação rev~
le em seu conjunto efeitos dos mecanismos específicos
combinados com os efeitos de outros mecanismos ou ainda pode ser ob
-servada parcialmente pelo fato de que outros mecanismos possam
interagir cancelando parte de tal açao.
Entretanto é ao nível dos mecanismos específicos
que se pode convenientemente questionar se um conceito como o
de stress é necessário para descrever o conjunto de mecanismos
enumerados por Selye, mecanismos esses adaptativos mobilizados
diante do funcionamento inadequado de vários sistemas devido à
presença de estressores e também para englobar num conjunto
aquelas condições qu e Selye chamou de enfermidades de adapta
-ção. Ainda ao nível da especificidade se pode indagar a valida
de da existência de conceitos e princípios tomados de outras
disciplinas científicas para explicar as reações de stress,
tal como se verificou com os conceitos de força, resistência,
pressão e outros que na Fís i ca explicam adequadamente determi
-nados fenômenos.
E
mesmo ao nível dos mecanismos específicosque a definição do stress ganha uma conotação científica, mais
precisa; e também é sabido que a aceitação da especificidade
é quase unânime por parte dos investigadores da área de orien
-tação cognitivista. Em função da acei-tação da especificidade ,
o trabalho dos investigadores tem consistido em identificar
as,pec-tos da cstlmulaç50 llociva, Iunçio perturbada e estados associa
dos.
Como se pode observar, o fundamento da crítica de
Sells reside no fato de que investigadores alheios a orienta
-çao cognitivista não enfatizaram os determinantes cognitivos
que possivelmente representam o nexo que explica a interação
dos fatores ambientais e individuais (Sells, 1970; Scott, Osgood
e Peterson, 1979).
Sells (1970) reconhece que a distinção
estabeleci-da por Selye entre os agentes específicos estabeleci-da reação à doença
e os aspectos inespecíficos, ambos definidos em suas
totalida-des como stress, teria valor mais totalida-descritivo, do que porpiame~
te circunscreverla a dinâmica do stress. Admite ainda Sells
que a síndrome geral de adaptação estaria relacionado com o
stress sistêmico. e que o resultado desta associação seria a
síndrome de adaptação geral e sua sobreposição a outros proce~
50S, considerada holisticamente e não descrita em estágios esp~
cíficos. Desse modo, a crença num estado não-específico só pooo
ser entendido na medida em que se admitam bases cognitivistas~
lém de se aceitar uma unidade psicofisiológica. isto é, admit~ ·
se então que a não-especificidade não diz respeito a reaçao em
si, mas se vincula tão-somente a uma base de componentes co~
nitivos psicofisiológicos sobre a qual se assenta tal rea
-ção. Então, no dizer de Sells, é esta base que se caracteriza
Es-ta foi a inova ç ão que Sells acrescentou ao modelo para
compre-ender o stress. Sells (1970) admite que
" ... o stress ocorre sob condições extenuantes, mas tais condições podem ser especificadas,pois como interacionista, acredito que um estado do organismo é mais apropriado do que locus inter nos ou externos: acredito também ser a intera~
ção dos dois, produzindo um estado, mais con -sistente para explicar os dados do comportame~
to (p. 137).
Como se pode observar, Sells apresenta um esquema
para explicar o stress numa perspectiva cognitivista, onde a
influência da teoria da informação é pregnante, considerando
também as diferenças individuais.
Sells volta sua preocupaçao para a maneira pela
qual se dá o controle cognitivo ao invés de se deter somente
nas reações analisadas fisiologicamente. Assim sendo, enfatiza
uma série de condições internas relacionadas ao stress, que i~
teragem com condições externas. O processo seria singular para
cada indivíduo, pois as diferenças individuais se encarrega
riam de proporcionar a diversidade do processo, quer dizar, ca
da indivíduo poderá experimentar uma reação e dar uma
respos-ta típica diante de uma dada situação estressora. Essas afirma
ções de Sells são subsídios para que se reconheça sua teoria
consistente com as generalizações apresentadas por Appley e
Trumbull (1967), pois além de ser interacionista, considera
diferenças individuais, variabilidade de medidas e de situa
medi-da em que mant~m toda sua ~nfase no controle cognitivo admite,
portanto, que os mecanismos determinantes das respostas com
põem um sistema cognitivo e, sendo assim, as reaçoes de stress
representam uma função mais do controle cognitivo do que das
emoções, como pretendiam Arnold [1967) e Buck (1976).
Desse modo, as formulações apresentadas por Sells
estão de acordo com as proposlções de cognitivistas como
Láza-rus principalmente e outros .
1 .3 - Tipos de Stress
o
resultados de inúmeros experimentos realizadospor Selye e outros possibilitaram a alguns investigadores cat~
gorizarem diferentes tipos de stress. A base para essa
catego-rização foi naturalmente a análise de mecanismos envolvidos
numa dada reação do organismo a um agente estessor. Esses meca
nismos em algumas circunstâncias envolvem apenas subsistemas ou
at~ mesmo sistemas isolados . Este fato permitiu a Cofer e
Appley l1976) reconhecer tais mecanismos como relacionados a
reações locais para diferenciar daqueles mecanismos que estão
relacionados a reações que envolvem o organismo em sua
totali-dade. Esse foi um dos pontos básicos no qual tais autores se
basearam para reconhecer dois tipos de stress: o sistemático e