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Análise espermática de perdizes (Rhynchotus rufescens) criadas em cativeiro e suplementadas com selênio

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Análise espermática de perdizes (

Rhynchotus rufescens

)

criadas em cativeiro e suplementadas com selênio

Semen evaluation of captive male red-winged tinamous (Rhynchotus rufescens)

supplemented with selenium

Paola Almeida de Araújo GÓES1; Ana Karina da Silva CAVALCANTE2; Aline Frasseto TAVIAN3; Leticia FELIPE2; Erika Coelho SANTOS3; Marcílio NICHI1; Sandra Aidar de QUEIROZ3; Renato Campanarut

BARNABE1; Valquíria Hyppolito BARNABE1

1Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade de São Paulo, São Paulo- SP, Brasil

2Departamento de Reprodução da Universidade Metropolitana de Salvador, Salvador-Bahia, Brasil 3Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da

Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal – SP, Brasil

Correspondência para: Paola Almeida de Araújo Góes

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

Cidade Universitária A. S. O.

Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, n. 87, São Paulo – SP,

CEP: 05508-900 e-mail: pgoes@usp.br

Recebido: 05/05/2010 Aprovado: 05/10/2011

Apoio: FAPESP Resumo

Considerando a importância comercial da perdiz (Rhynchotus rufescens), implantaram-se algumas biotecnologias reprodutivas. Trinta animais, provenientes da FCAV-UNESP/Jaboticabal (2007-2008), foram aleatoriamente distribuídos em grupos: controle (sem selênio orgânico) e tratamento (com 0,2 a 0,8 mg de selênio em 1000 kg de ração ). Coletou-se sêmen por excitação manual, que foi aliquotado em pools com 150 μL. Mensuraram-se volume, motilidade, vigor, número de espermatozoides, concentração e morfologia espermáticas. Diluíram-se 20 µl de sêmen em 300 µl de solução fisiológica para testes complementares (Integridade das membranas acrossomal e plasmática). Contaram-se 200 células, por teste, e classificaram-nas: 1) Acrossomo Íntegro: cor lilás e Não-Íntegro: róseo; 2) Células Vivas (não coradas) e Mortas (coradas). Os dados foram analisados pelo SAS, System for Windows. Os resultados dos pools com e sem selênio foram: as variáveis volume, motilidade, vigor, número de espermatozoides, concentração, integridade acrossomal e integridade da membrana plasmática não apresentaram resultados significantes, porém encontrou-se uma menor porcentagem de espermatozoides com peça intermediária fortemente dobrada, nos animais tratados com selênio em relação aos não tratados (1,33 ± 0,53 vs. 3,78 ± 0,69, respectivamente; p = 0.0107). De fato, sabe-se que o selênio tem papel importante na estrutura dos espermatozoides20. A deficiência de selênio está associada com danos na

arquitetura da peça intermediária do espermatozóide10.

Palavras-chave: Coleta de sêmen de aves. Selênio. Perdiz.

Abstract

Due to the commercial importance of the red-winged tinamou (Rhynchotus rufescens), for the past few years, the employment of reproductive biotechnologies has been attempted. Thirty animals were randomly assigned into two groups: control group (no selenium) and treatment group (supplemented with 0,2 a 0,8 mg selenium/ 1000 kg ration). Animals were allocated at the FCAV – UNESP/Jaboticabal (2007-2008). Semen collections were performed by digital manipulation and divided in pools of at least 150 μL. After the immediate evaluation of motility, vigour, concentration and morphology, an aliquot of 20 μL was diluted in 300 μL of physiologic solution in order to test acrosome and membrane integrities, which were performed by counting 200 cells for each test. Cells were evaluated as follows: 1) Intact acrosome: lilac acrosome; Non-intact acrosome: pink acrosome; 2) Live cells: non stained; Dead: stained. Data was statistically analysed using the SAS System for Windows. No differences were found between treatment and control groups for volume, motility, vigour, mean number of spermatozoa per animal, concentration, Intact acrosome, Intact membrane. The difference found on midpiece sperm defect (Se = 1,33 ± 0,53 and control = 3,78 ± 0,69, p = 0.0107) may be due to the damages caused by the selenium deficiency to the architecture of the midpiece, which compromises sperm mobility and fertilization capacity.

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Introdução

No Brasil, o mercado de carne de aves domésticas e não domésticas aumentou, elevando o interesse das agroindústrias por essa produção como fonte alterna-tiva de proteína, atendendo novos consumidores.

A perdiz (Rhynchotus rufescens), Temminck, 1815, é uma Tinamidae nativa do Brasil, com altura média de 37,5 cm. Popularmente denominada de perdigão, tem elevado potencial de exploração zootécnica, na culinária sofisticada e criação racional1. O ciclo

re-produtivo da perdiz sofre alterações sazonais. A es-tação reprodutiva desses animais relaciona-se com o aumento da luminosidade e temperatura2.

Na perdiz, os testículos são estruturas pares que so-frem alterações morfológicas sazonais e passam por uma involução com quiescência da espermatogênese quando essas aves estão fora da estação reproduti-va3. O órgão copulatório masculino das perdizes é

denominado falo do tipo intromitente, localizado no proctodeu e dividido em duas porções: a esquerda é constituída por uma estrutura cilíndrica eversível e a direita é fixa. Quando ereto, torna-se espiralado4

podendo atingir de 3 a 4 cm de comprimento por 8 mm de diâmetro5. O sêmen fica estocado na

ampo-la do ducto deferente5, localizado na porção final do

ducto deferente2.

A coleta de sêmen de perdizes é realizada após a re-moção das penas da região cloacal e exteriorização do falo2 e compressão digital nas ampolas dos ductos

de-ferentes e base do mesmo, obtém-se o sêmen na parte distal da porção fixa do falo2. As médias dos valores

seminais de perdizes descritos na literatura são: vo-lume (14,13 µl), concentração (0,93 x 109 sptz/ml) e

motilidade (66%) e as alterações morfológicas mais encontradas em sêmen de perdizes foram defeitos de: acrossomo (0,79%), cabeça (10,45%), peça intermedi-ária (16,06%), cauda (14,99%) e outros (1,28%)2.

A aplicação de testes funcionais em amostras se-minais visa determinar a viabilidade dos gametas

masculinos. Diversas metodologias foram descritas, porém, muitas delas são sofisticadas, o que dificul-ta a aplicabilidade em algumas situações6,7,8. Barth e

Oko9 utilizaram o corante eosina/nigrosina para

di-ferenciar espermatozoides vivos dos mortos. A colo-ração eosina/nigrosina baseia-se no princípio de que espermatozoides vivos e com membrana plasmática íntegra têm a capacidade de excluir o corante eosina. Por outro lado, espermatozoides mortos possuem as membranas celulares permeáveis, não permitindo a exclusão do corante7. A integridade acrossomal, pode

ser avaliada através da identificação do acrossomo em microscopia de luz, pelo método da coloração simples6 por meio de solução de 1% do corante Fast

Green (FCF) e do Rosa Bengala (FR), de acordo com Pope, Zhang e Dresses6.

O selênio é um componente da glutationa peroxi-dase e um elemento essencial e importante na repro-dução animal10. O selênio participa da regulação de

várias funções fisiológicas, dentre elas a proteção an-tioxidante e manutenção da integridade da estrutura do espermatozoide. Em muitos lugares do mundo, a dieta com selênio para animais é limitada, e uma su-plementação poderia trazer um efeito benéfico como antioxidante do sêmen e de vários tecidos11.

A deficiência de selênio está associada com danos na arquitetura da peça intermediária do espermato-zoide, comprometendo a mobilidade e a capacidade de fertilização deste10.

Portanto, é necessário aprofundar estudos na fisio-logia reprodutiva desses animais para que, através da aplicação de biotécnicas, consigamos melhorar o de-sempenho produtivo dessas aves.

Material e Método

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amos-tras. Utilizaram-se 30 machos, com idade entre 3 a 4 anos, que foram separados em boxes coletivos evi-tando o contato físico com as fêmeas que recebiam água e ração peletizada ad libitum., desenvolvida por pesquisadores da FCAV12. Anterior à coleta de

sê-men, removeram-se as penas da região pericloacal2.

Para a determinação do início da estação reprodutiva, que seinicia na metade do segundo semestre2, início

da primavera, observaram-se parâmetros comporta-mentais como: agressividade, emissão de piados, in-quietude e tentativas de cópula, além da presença de células espermáticas nas amostras2.

Para a técnica da coleta de sêmen, realizou-se a expo-sição do falo com as mãos enluvadas, e logo após esse procedimento realizou-se um rápido exame de inspe-ção clínica do órgão e as amostras foram coletadas por massagem abdominal e excitação manual2.Os animais

utilizados foram previamente condicionados a esse método de coleta na estação reprodutiva anterior.

As aves foram divididas em dois grupos, com nú-mero de animais proporcional aos grupos de trata-mento: 1) grupo controle, onde não foi realizada a suplementação com selênio orgânico (Premix: 70 mg de Se para cada 100 kg) e 2) grupo tratamento, suple-mentado com 0,2 a 0,8 mg de selênio em 1000 kg de ração, durante o período de outubro a dezembro de 2007. Foi realizado um total de 110 coletas de sêmen, durante o período de dezembro de 2007 e janeiro e fe-vereiro de 2008, sendo 49 amostras para o grupo com selênio e 61 para o grupo sem selênio. As amostras eram coletadas por uma equipe de trabalho, evitando diferença entre os grupos estudados de dias e tempo de coletas. Os ejaculados dos animais do mesmo gru-po eram degru-positados em criotubo, aquecido em ba-nho–maria a 37 °C, até a obtenção de um volume total aproximado de 150 µl, formando um pool, considera-do como unidade experimental, perfazenconsidera-do um total de 18 pools, nove para cada grupo estudado. Imediata-mente após cada coleta de sêmen, realizou-se o exame visual da amostra (pool). Observou-se a coloração e

possíveis contaminações com fezes e urina. O volume foi descrito através de observação direta em tubo ca-pilar graduado e então realizaram-se os testes conven-cionais. A motilidade (%) e vigor espermático (0-5) foram mensurados através do depósito de uma gota de sêmen (5 µl) diluída em solução fisiológica na pro-porção de 1:10, entre lâmina e lamínula, observadas em microscópio de luz. A concentração espermática foi determinada através da contagem em câmara de hematimetria (Neubauer), utilizando-se as recomen-dações usuais para contagem de células sanguíneas. Para tanto, uma alíquota de 2 ml de cada amostra foi colocada em microtubo plástico identificado, conten-do 998 ml da solução de formol salino a 37 ºC, em

se-guida os tubos foram estocados em geladeira a 5 ºC

para análise posterior. Para avaliação da morfologia espermática, utilizou-se a técnica da preparação úmi-da, que consiste de uma alíquota de 5-10 µl de sêmen diluído em formol salino depositada entre lâmina e lamínula, que posteriormente foram vedadas com es-malte e avaliadas 200 células em microscópio de in-terferência diferencial de fases (1000X).

Após a retirada das amostras para a análise dos testes convencionais, foram separadas do mesmo pool 20 µl de sêmen que foram diluídos em 300 µl de solução fi-siológica, para a realização dos testes complementares. Para a análise da integridade acrossomal, uma alí-quota de 10 µl de sêmen fresco foi adicionada a 10 µl do Corante Simples de Pope - Fast Green/Rosa Benga-la6e incubada durante 70 segundos. Após esse período,

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sobre lâminas de microscopia. Contaram-se 200 esper-matozoides em microscópio óptico com aumento de 1000 vezes, diferenciando células vivas (não coradas) das mortas (coradas). Os dados foram analisados atra-vés do aplicativo Guided Data Analysis e Analyst do programa SAS System for Windows13. Através do

apli-cativo Guided Data Analisys, os dados foram testados quanto à normalidade dos resíduos e homogeneidade das variâncias. Caso não obedecessem a estas premis-sas, eram transformados (logarítmo na base 10 - Lo-g10X; Raiz quadrada - RQ X; Quadrado - X2) e se a

nor-malidade não fosse obtida, empregava-se então, o pro-cedimento NPAR1WAY (Teste Wilcoxon) de análise de variância não paramétrica. Caso as premissas fossem respeitadas, os dados eram analisados utilizando-se o PROC TTEST (t de Student).

Resultados

Os resultados das análises das amostras obtidas em dezembro de 2007 e janeiro e fevereiro de 2008 estão apresentadas nas tabelas 1, 2, 3 e 4.

Não foram encontradas diferenças estatísticas en-tre o número de animais que compuseram cada pool, volume dos pools (µl), número de espermatozoides por ejaculado (x109), concentração (x109 sptz/ml)

e volume do ejaculado de cada animal (µl), dos po-ols de sêmen de perdizes (Rhynchotus rufescens) do grupo tratamento (suplementado com selênio) e o grupo controle (sem suplementação de selênio), de acordo com a tabela 1. Analisando a tabela 2, veri-ficamos também que não houve diferença nas vari-áveis motilidade e vigor dos grupos com selênio e sem selênio.

Variáveis C/ Se S/ Se p

Volume 145,33 ± 4,87 153,44 ± 5,82 0.3016

Sptz/ejac 95,26 ± 11,78 69,16 ± 14,43 0.1800

Concentração 3,44 ± 0,41 2,72 ± 0,41 0.2317

Volume/Perdiz 28,30 ± 2,34 24,66 ± 2,58 0.3122

(sptz/ejac: número de espermatozoides por ejaculado- volumes e concentrações individuais)

Tabela 1 – Média, erro padrão da média (EPM,e teste de probabilidade do volume dos pools (µl), número de espermatozoides por ejaculado (x 109), concentração (x 109 sptz/ml) e volume

do ejaculado de cada animal (µl), dos pools de sêmen de perdizes (Rhynchotus rufescens) do grupo tratamento (suplementado com selênio) e o grupo controle (sem suplementação de selênio), criadas em cativeiro – Jaboticabal – 2007/2008

Variáveis C/ Se S/ Se p

Motilidade 74,6 ± 2,99 70,65 ± 1,93 0.2831

Vigor 3,43 ± 0,10 3,22 ± 0,17 0.2948

Tabela 2 – Média, erro padrão da média (EPM),e teste de probabilidade da motilidade (%) e vigor

(0-5), dos pools de sêmen de perdizes

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Observando os resultados da tabela 3, foram encon-tradas as seguintes alterações morfológicas: defeitos de cauda (55,22% e 49,1%), defeitos de peça intermediária (1,83% e 4,84%), defeitos de cabeça (3,0% e 7,54%) e ou-tros (0,22% e 0,22%), para os grupos com e sem selênio respectivamente, sendo que dentro desses resultados os defeitos mais encontrados foram: cauda fortemente dobrada, cauda fortemente enrolada e peça intermedi-ária fortemente dobrada. Foi observada também uma

menor porcentagem de espermatozoides com peça in-termediária fortemente dobrada, nos animais tratados com selênio em relação aos não tratados (1,33 ± 0,53 vs. 3,78 ± 0,69, respectivamente; p = 0.0107).

Como pode ser observado na tabela 4, não foi pos-sível verificar diferença estatisticamente significan-te entre os grupos estudados para as porcentagens de células com membrana íntegra e as células com acrossomo não lesados.

Variáveis C/ Se S/ Se p

NORMAIS 39,72 ± 5,20 42,44 ± 4,29 0,5911

CAUDA FORT. DOB 45,61 ± 4,51 32,66 ± 5,75 0,0702

P.I. FORT. DOB. 1,33 ± 0,53 3,78 ± 0,69 0,0107

CAB. FORT. DOB. 2,00 ± 0,64 2,44 ± 0,76 0,3467

CABEÇA ENROLADA 1,00 ± 0,42 1,33 ± 0,49 0,2514

P.I. DOBRADA 0,50 ± 0,14 1,06 ± 0,32 0,1546

CAUDA DOBRADA 3,11 ± 0,95 3,50 ± 0,61 0,3157

CAUDA ENROLADA 0,89 ± 0,50 0,50 ± 0,26 0,3463

CAUDA FORT. ENR. 5,61 ± 1,41 12,44 ± 3,72 0,1516

GOTA PROXIMAL 0,11 ± 0,11 0 0,1932

TODO ENROLADO 0,11 ± 0,11 0,22 ± 0,15 0,2960

(CAUDA FORT. DOB.: cauda fortemente dobrada, P. I. FORT. DOB.: peça intermediária fortemente, CAB. FORT. DOB.: cabeça fortemente dobrada, P. I .DOBRADA: peça intermediária dobrada, CAUDA FORT. ENR.: cauda fortemente enrolada)

Tabela 3 – Média, erro padrão da média (EPM),e teste de probabilidade das alterações morfológicas de espermatozoides, dos pools de sêmen de perdizes (Rhynchotus rufescens) do grupo tratamento (suplementado com selênio) e o grupo controle (sem suplementação de selênio), criadas em cativeiro – Jaboticabal – 2007/2008

Variáveis C/ Se S/ Se P

E/N 76,69 ± 8,53 67,17 ± 6,32 0,3772

POPE 88,94 ± 1,48 88,28 ± 2,93 0,8494

Diferenças estatísticas (p < 0,05)

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Discussão

No trabalho realizado, de acordo com as tabelas 1 e 2, não encontramos resultados que demonstrassem diferenças estatísticas entre o grupos, diferindo com dados literários consultados. Em um trabalho reali-zado em 2005, foi demonstrado uma diferença signi-ficativa entre algumas características seminais (moti-lidade, vigor e concentração espermática) de perdizes tratadas com selênio (0,75 mg de selênio por litro de água), sendo que o volume não apresentou diferença significativa (p = 0,7087)14. A deficiência de selênio

está associada com danos na arquitetura da peça in-termediária do espermatozoide, o que compromete a mobilidade e a capacidade de fertilização deste, então era esperado que o grupo suplementado com o selê-nio apresentasse resultados melhores sobre as variá-veis motilidade e vigor10.

Comparando a média dos valores de volume encon-trada no grupo controle (24,66µl ± 2,58) com dados da literatura verificamos que a média dessa variável superou a média consultada11, que descrevia 14,13 µl

de volume seminal em perdizes. Levando-se em con-sideração que foram utilizados nesse trabalho, o mes-mo grupo experimental condicionado de acordo com artigo publicado por Cavalcante2, esta diferença

po-deria ser explicada, pois os animais teriam um maior tempo de rotina de coleta de sêmen e condicionamen-to. Isto possibilitaria aos animais uma melhor adap-tação em relação à manipulação, o que diminuiria o estresse provocado pelo manejo. Além disso, devemos levar em consideração a maturidade sexual dos ani-mais que fizeram parte do experimento, em relação à idade, o que pode provocar diferenças nos valores das variáveis observadas. Nos registros zootécnicos do Galpão de Recria de Perdizes da FCAV/UNESP, a mé-dia de vida registrada informalmente é de cinco anos, sendo que há exemplares com mais de seis anos regis-trados. No experimento descrito por Cavalcante2, as

aves possuíam idade entre um a dois anos. Para esse

experimento, as aves tinham idade entre três a quatro anos. Outro fato interessante de ser comentado é que para esse experimento foi necessária a formação de pools de sêmen, como descrito na metodologia, pois a quantidade de sêmen coletada por animal é insufi-ciente para a realização dos protocolos que foram re-alizados. É importante salientar que na hora da coleta para a formação do pool, tentamos esgotar ou coletar o máximo de volume da amostra, intensificando a massagem digital.

Em relação à morfologia espermática, assim como em espermatozoides de ema15,16, os espermatozoides

de perdizes avaliados no presente trabalho também apresentaram uma peça intermediária curta entre a cabeça e a peça principal, assemelhando-se a morfo-logia espermática encontrada em galos.

Observando os resultados de morfologia espermá-tica do grupo sem selênio apresentados na tabela 3, as alterações morfológicas encontradas estão similares às relatadas em literaturas consultadas15,17, para galos

e emas, que citam defeitos de acrossomo, cabeça, peça intermediária e cauda. Algumas alterações morfológi-cas encontradas no presente trabalho foram: 1) acros-soma – intumescido e destacado9 (p < 0,05); 2) cabeça

– enrolada17,18 (p < 0,05); 3) peça intermediária – com

gota e dobrada18 (p < 0,05) 4) e cauda – enrolada e

dobrada17,18 (p < 0,05).

Observando os resultados descritos na tabela 3, encontrou-se uma menor porcentagem de esperma-tozoides com peça intermediária fortemente dobrada, nos animais tratados com selênio em relação aos não tratados (1,33 ± 0,53 vs. 3,78 ± 0,69, respectivamente; p = 0.0107). De fato, sabe-se que o selênio tem papel importante na estrutura dos espermatozoides19. A

de-ficiência de selênio está associada com danos na ar-quitetura da peça intermediária do espermatozoide10.

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anormais e alterações morfológicas de peça interme-diária, além do aumento na taxa de alterações morfo-lógicas de cabeça20.

Como citado anteriormente, não foi possível veri-ficar diferença estatisticamente significante entre os grupos estudados para as porcentagens de células com membrana íntegra e as células com acrossomo não lesados. Porém baseados em dados literários, abaixo citados, seria esperado que o grupo tratado com selênio apresentasse maior número de células com membrana plasmática íntegra e acrossomos ínte-gros, pois o selênio promove uma proteção celular às membranas biológicas21,além de regular uma gama de

mecanismos fisiológicos em diversas espécies, entre eles a proteção antioxidante e a manutenção da inte-gridade da estrutura do espermatozoide10.

Adicionan-do-se selênio orgânico à dieta de galos, observou-se um aumento na taxa de espermatozoides vivos20.

Em geral, o tratamento com selênio não apresentou efeito na qualidade espermática em perdizes. Um dos fatores que poderia estar relacionado a esta falta de efeito foi a utilização de pools. Várias variáveis apre-sentaram valores bastante diferentes entre os dois grupos (selênio e controle), no entanto sem diferenças estatisticamente significativas. Caso os testes fossem realizados em um número maior de pools ou em cada um dos animais individualmente, possivelmente estas diferenças se mostrariam significativas. No entanto, seria impossível realizar todos os testes em um mes-mo animal devido à insuficiência de ames-mostra.

Resultados contraditórios têm sido obtidos por di-versos autores em relação ao tratamento de infertilida-de com selênio. Em uma pesquisa realizada com ho-mens apresentando baixa motilidade espermática, foi feita a suplementação com a dose diária oral de 100 mg de selênio, combinadas ou não com uma suplementa-ção vitamínica (Vitaminas A, C e E), e comparou-os a um grupo suplementado com placebo. Os autores verificaram um aumento significativo na motilidade espermática dos grupos tratados em comparação ao

grupo controle22. Em outro experimento, verificou-se

uma melhora na qualidade espermática em homens in-férteis tratados com uma combinação de selênio (225

mg) e vitamina E (400 mg)23. Bleau et al.24 verificaram

uma correlação significativa entre as concentrações seminais de selênio e a concentração espermática. Os autores verificaram uma motilidade espermática má-xima com níveis seminais de selênio entre 50 e 69 ng/ mL. Acima e abaixo desta faixa, a motilidade era di-minuída e a incidência de astenospermia era alta. Por outro lado, Iwanier e Zachara25, comparando o efeito

da suplementação oral com selênio (200 mg) obtido de levedura (orgânico) ou o selenito (inorgânico) em ho-mens subférteis, verificaram que o primeiro aumentou a concentração de selênio em sangue e plasma seminal enquanto que o segundo não apresentou efeito. No en-tanto, corroborando com os resultados encontrados no presente experimento, nenhuma das formas de selênio apresentou efeito sobre a qualidade espermática. Da mesma forma, Behne et al.26 também não verificaram

qualquer correlações entre as concentrações de selênio em plasma seminal e a concentração espermática, mo-tilidade, viabilidade e morfologia. No presente experi-mento, calcula-se uma média de consumo de selênio em torno 296,9 e 354,0 mg/animal/dia, incluindo o selê-nio já presente no premix. Considerando-se as devidas proporções entre as espécies, pode-se inferir que estes valores são bastante consideráveis, estando acima dos utilizados pelos autores citados. No entanto, os níveis dos animais tratados ou não com selênio estão bas-tante próximos, o que poderia explicar a ausência de diferenças significativas no presente experimento, não explicando, porém, os resultados contraditórios encon-trados nos trabalhos anteriores.

Conclusão

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Referências

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Tabela 2 – Média, erro padrão da média (EPM),e teste  de probabilidade da motilidade (%) e vigor  (0-5), dos pools de sêmen de perdizes  (Rhynchotus rufescens) do grupo tratamento  (suplementado com selênio) e o grupo  controle (sem suplementação de selêni
Tabela 3 – Média, erro padrão da média (EPM),e teste de probabilidade das alterações  morfológicas de espermatozoides, dos pools de sêmen de perdizes (Rhynchotus  rufescens) do grupo tratamento (suplementado com selênio) e o grupo controle  (sem suplementa

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