• Nenhum resultado encontrado

Da denúncia à impunidade: um estudo sobre a morbi-mortalidade de crianças vítimas de violência.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Da denúncia à impunidade: um estudo sobre a morbi-mortalidade de crianças vítimas de violência."

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Da denúncia à impunidade:

um est udo sobre a morbi-mort alidade

de crianças vít imas de violência

Fro m co mp laints to imp unity:

a mo rb id ity and mo rtality p ro file

o f child re n suffe ring vio le nce

1 Dep artam en to d e En sin o, In st it u t o Fern a n d es Figu eira , Fu n d a çã o Osw a ld o Cru z . Av. Ru i Barbosa 716, 5oa n d a r, Rio d e Ja n eiro, RJ

22250- 020, Bra sil. Rom eu Gom es 1

Abst ract Th is a rt icle a n a lyz es com p la in t s of v iolen ce a ga in st ch ild ren a n d t h e p roced u res su b -seq u en t t o t h ei r f i li n g. T h e m et h o d o lo g y, la rgely q u a li t a t i v e, w a s t w o - p ro n ged , i n v o lv i n g a n an alysis of d at a from t h e year 1990 from t h e p olice p recin ct s in Program Areas 1 an d 5 in t h e cit y of Rio d e Ja n eiro a n d a d iscu ssion on t h e follow - u p of com p la in t s five yea rs a ft er t h e even t s. Th e con clu sion w as t h at m ot or v eh icle accid en t s are t h e m ost com m on cau se of v iolen ce again st ch il-d ren . Alm ost n o in form a t ion h a il-d b een recoril-d eil-d a b ou t t h e circu m st a n ces in w h ich t h e v iolen t even t s occu rred . Fu rt h er, n ot h in g h ad been d on e t o elu cid at e t h e p erp et rat ors’ liabilit y.

Key words Violen ce; M orbid it y; M ort alit y; Ch ild Healt h

(2)

Considerações iniciais

Com o ob serva Min ayo (1994), n o setor saú d e, a violên cia vem sen d o trad icion alm en te ab ord a-d a p or m eio a-d e estu a-d os a-d e m ortalia-d aa-d e e, p re-ca ria m en te, m ed ia n te in form a ções d e m orb d ad e. A au tora ap resen ta d ad os b astan te sign ifica tivo s so b re o p red o m ín io d a vio lên cia en -q u a n to ca u sa d e m o rtes d e cria n ça s e a d o les-cen tes n o Brasil.

En tre as in vestigações qu e ab ord am esp ecifica m en te m o rta lid a d e e m o rb id a d e p o r vio -lên cia en tre crian ças e ad olescen tes, p od em os d estacar o estu d o ep id em iológico d esen volvi-d o p elo Cen tro La tin o -Am erica n o volvi-d e Estu volvi-d o s sob re Violên cia e Saú d e d a Fu n d ação Oswald o Cru z (Cla ves/ Fio cru z, 1994). Nesta in vestiga ção, foram levan tad os os registros d as ocorrên -cias d e violên -cias com etid as con tra crian ças e a d o lescen tes n a fa ixa etá r ia d e zero a 19 a n o s d e id ad e, em tod as as d elegacias d o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro, n o an o d e 1990.

Pa rte d o s d a d o s d e m o rb id a d e d essa p es-q u isa é a n a lisa d a em a rtigo d e Assis & So u za (1995). Nessa a n á lise, a s a u to ra s a p o n ta ra m p ara a existên cia d e oito m il registros d e even -tos violen -tos com etid os con tra a faixa etária d e zero a 19 a n o s d e id a d e, n o a n o d e 1990, n o Mu n icíp io do Rio de Jan eiro. Nesse qu adro, p re-d o m in a m o s a cire-d en tes re-d e trâ n sito e re-d e tra n s-p o rt e s e m 37% d a s o co rrê n cia s; a s a gre ssõ e s físicas, em 28%; os rou b os, fu rtos e su as ten ta-tivas, em 16% d estes even tos.

No q u e d iz resp eito a o s d a d o s d e m o r ta li-d ali-d e li-d a p esqu isa em qu estão, estes foram an alisa d o s n o a rtigo d e So u za & Assis (1996). Se -gu n d o esses d a d o s, em 1990, m o rrera m 1.204 vítim a s n a fa ixa etá ria d e zero a 19 a n o s p o r vio lên cia , n o Mu n icíp io d o Rio d e Ja n eiro. No con ju n to d esses registros, p red om in am os h o-m icíd io s, eo-m 35%; a reo-m o çã o d e ca d á ver, eo-m 31%; os acid en tes d e trân sito e tran sp ortes, em 17%.

Dan d o con tin u id ad e a essa p esq u isa, realiza m o s u m estu d o, d e ca rá ter p red o m in a n te -m en te q u a lita tivo, n o In stitu to Fern a n d es Figu eira , d a Fu n d a çã o Oswa ld o Cru z (IFF/ Fio -cru z, 1995), o qu al p assa d aqu i em d ian te a ser d en om in ad o d e Estu d o I. Nesse estu d o p rocu -ram os d iscu tir asp ectos sociais relacion ad os às ocorrên cias d e even tos d e m orb i-m ortalid ad e d e cria n ça s, d e zero a n ove a n o s, vítim a s d e violên cia.

Na m ed id a em qu e o Estu d o I era p red om i-n ai-n tem ei-n te d e caráter qu alitativo, i-n ão tei-n d o a p reocu p ação d e an alisar a exten são d os d ad os, esco lh em o s a Área Pro gra m á tica 1 (AP 1) e a Área Pro gra m á tica 5 (AP 5) n o co n ju n to d a s

á rea s tra b a lh a d a s n a p esq u isa d o Cla ves/ Fio -cru z. A e sco lh a d e sta s á re a s p ro gra m á tica s ocorreu p orqu e a AP 1 era a área d e m aior taxa d e o co rrên cia s (a d e m a io r p ro p o rçã o en tre o n ú m ero d e ocorrên cias e a p op u lação existen te n a m esm a faixa etária estu d ad a estim ad a p ara o m esm o a n o, n a rela çã o p a ra cem m il h a b i-tan tes) e a AP 5 era a d e m aior n ú m ero d e ocor-rên cia s. Os d en o m in a d o res d a s ta xa s fo ra m calcu lad os p or estim ativas com b ase n a p op u -lação d os cen sos d e 1980 e 1991. Assim , a AP 5 se d estaca n o con ju n to d as APs p elo fato d e ter o m aior n ú m ero ab solu to d e registros d e ocor-rên cia d e even to s vio len to s, en q u a n to a AP 1 tem o m a ior n ú m ero rela tivo d esses registros, ou seja, p rop orcion alm en te, em term os d e p o-p u la çã o in fa n til, ele tem u m a ta xa m a io r d o qu e tod as as APs.

Na AP 1 foram in clu íd as as segu in tes Delegacias d e Polícia (DPs): 1 – Praça Mau á, 2 – Saú -d e, 3 – Castelo, 4 – Praça -d a Rep ú b lica, 5 – Mem d e Sá , 6 – Cid a d e Nova , 7 – Sa n ta Tereza e 17 – Sã o Cristó vã o. Já n a AP 5, a s DPs fo ra m a s se-gu in tes: 33 – Realen go, 34 – Ban se-gu , 35 – Cam p o Gran d e e 36 – San ta Cru z.

Vale ressaltar q u e a AP 1, além d e ap resen tar a m aior taxa d e ocorrên cias violen tas, tam -b ém é id en tifica d a , segu n d o o s d a d o s d o Mi-n istério da Saú de, com o a área de m aior taxa de m ortalid ad e p or violên cia n o p eríod o d e 1980 a 1992 (Assis et al., 1995; Sou za et al., 1995).

Um a d as exp licações p ara a alta taxa d a AP 1 em relação às d em ais áreas d eve-se ao fato d e h aver n ela “os agravos d evid o à gran d e circu la-çã o d e p essoa s n o cen t ro d a cid a d e e os d ecor-ren t es d a p rocu ra d e h osp it a is d est a á rea , p or h a b it a n t es v it im a d os em ou t ros m u n icíp ios” (Assis et al., 1995:16).

Em term o s d e m o rb id a d e, o Estu d o I b a seou se n u m vasto con ju n to d e tip os d e even tos registrad os n as d elegacias d e p olícia, con -fo rm e p o d em o s co n sta ta r n a Ta b ela 1, co m u m a sign ifica tiva p red o m in â n cia d e o co rrên -cia s rela cio n a d a s a a cid en tes d e trâ n sito e d e tran sp ortes, n as d u as áreas p rogram áticas. Estes a cid en Estes, a p resen ta d o s n a Ta b ela 2, ta m -b ém se d estacam en tre as ocorrên cias m ortais. Neste artigo, n ossa an álise q u alitativa se volta p a ra o s três p rim eiro s even to s d e m o rb id a d e (a cid en tes d e trâ n sito / tra n sp o rtes, a gressã o sexu a l e a b u so sexu a l) e o s três p r im eiro s d e m ortalid ad e (acid en te d e trân sito/ tran sp ortes, rem oção d e cad áver e h om icíd io).

(3)

Tab e la 2

Distrib uição d o s e ve nto s vio le nto s mo rtais co ntra crianças d e ze ro a no ve ano s d e id ad e – AP 1 e AP 5 – Municíp io d o Rio d e Jane iro – 1990.

Event o violent o AP1 AP5 Tot al %

Acid e nte d e trânsito / transp o rte 08 20 28 34,57

Re mo ção d e cad áve r 06 08 14 17,29

Ho micíd io 09 02 11 13,58

Q ue d a 05 02 07 8,64

Enco ntro d e cad áve r 04 02 06 7,41

Q ue imad ura 03 02 05 6,17

Afo g ame nto 0 04 04 4,94

Ag re ssão física 0 01 01 1,23

Into xicação 01 0 01 1,23

Se m e sclare cime nto s 02 02 04 4,94

To tal 38 43 81 100

Tab e la 1

Tip o s d e e ve nto s vio le nto s mó rb id o s co ntra crianças d e ze ro a no ve ano s d e id ad e – AP 1 e AP 5 – Municíp io d o Rio d e Jane iro – 1990.

Event o violent o AP1 AP5 Tot al %

Acid e nte s d e trânsito / transp o rte 54 267 321 61,26

Ag re ssão física 22 48 70 13,36

Ab uso se xual 11 30 41 7,82

De sap are cime nto 11 12 23 4,39

Se q üe stro 06 09 15 2,86

Ag re ssão e nvo lve nd o Arma d e fo g o 04 07 11 2,10

Ne g lig ê ncia/ Ab and o no 04 04 08 1,53

Mo rd e d ura d e cão 0 05 05 0,95

Exp ulsão d a casa c/ a mãe 04 0 04 0,77

Enve ne name nto / Into xicação 03 01 04 0,77

Ame aça d e se q üe stro 0 04 04 0,77

Ro ub o / Furto 02 01 03 0,57

Emb riag ue z 02 0 02 0,38

De sab ame nto 02 0 02 0,38

Cab e çad a d e b o i/ cavalo 0 02 02 0,38

Q ue imad ura 0 02 02 0,38

Tro ca d e b e b ê s 02 0 02 0,38

Te ntativa d e ho micíd io 02 0 02 0,38

Q ue d a e m p arq ue d e d ive rsão 0 01 01 0,19

Sub tração d e Incap az 0 01 01 0,19

Xing ame nto p ro vo cand o ne rvo sismo 01 0 01 0,19

(4)

ocorram em p rop orções d iferen tes em relação aos seu s resp ectivos con ju n tos. Já n o qu e se re-fere à m o rta lid a d e, en q u a n to n o Estu d o I o s a cid en tes d e trâ n sito, a rem oçã o d e ca d á ver e os h om icíd ios são, resp ectivam en te, a p rim ei-ra , a segu n d a e a terceiei-ra ca u sa s d e m o rte, n a p esq u isa d o Cla ves/ Fio cru z a p a recem o s h o -m icíd ios, a re-m oção d e cad áver e os acid en tes d e trân sito com o, resp ectivam en te, a p rim eira, a segu n d a e a terceira cau sas m ortais.

Essa d iferen ça se d eve, p rin cip alm en te, ao fato d e se tratarem d e faixas etárias d iferen tes. Com o n o estu d o d o Claves a faixa foi d e zero a 19 a n os d e id a d e, h á u m d esta q u e p a ra h om i-cíd io, p o rq u e n a s fa ixa s etá ria s d e d ez a 14 a n o s e d e 15 a 19 a n o s d e id a d e esta ca u sa d e m ortalid ad e au m en ta d e form a sign ificativa n o Brasil (Sou za, 1994) e n o Rio d e Jan eiro em p ar-ticu lar (Sou za & Assis, 1996).

No sen tid o d e com p lem en tar o Estu d o I, n o p erío d o d e o u tu b ro d e 1995 a ju n h o d e 1996, rea liza m o s o u tro reco rte n o s d a d o s gera is d a p esqu isa Claves/ Fiocru z já m en cion ad a, com o ob jetivo d e id en tificar os even tos con sid erad os violên cia d om éstica com etid os n a faixa etár ia d e zero a cin co a n o s d e id a d e. Este estu d o re-ceb erá d aq u i em d ian te a d en om in ação d e Es-tu d o II. A p artir d esse recorte, foram realizad as visita s n a s d elega cia s d e to d a s a s APs. Bu sca m os, com o retorn o ao cam p o d e estu d o, id en -tifica r o en ca m in h a m en to d a d o a o s registro s d as d en ú n cias, ap ós d ecorrid os cin co an os d o acon tecim en to.

Em geral, a ob ten ção d e n ovas in form ações n as d elegacias ap resen taram p rob lem as. Gran -d e p arte -d as fich as -d e ocorrên cia estava arqu i-va d a em loca l d e d ifícil a cesso e n em tod a s a s d elega cia s fa cilita ra m esse a cesso. Em ra zã o d o s p ro b lem a s en co n tra d o s n ã o fo i p o ssível realizarm os u m a ou tra etap a p revista d o levan -tam en to n o sen tid o d e com p letar os d ad os até ch egar aos n ove an os d e id ad e. Assim , n o Estu -d o II, só fo i p o ssível a co m p a n h a r o en ca m i-n h am ei-n to d e 106 ocorrêi-n cias registrad as, rela-cion ad as à violên cia d om éstica, n a faixa d e ze-ro a cin co an os d e id ad e. Do total d essas ocor-rên cias, 80% relacion avam -se a even tos m órb id o s e 20%, a even to s m o rta is. O a co m p a n h a m en to revelou qu e, d esse con ju n to d e ocorrên -cia , so m en te 24 vira ra m in q u érito s e, d estes, som en te u m , q u e se tratava d e h om icíd io, tor-n ou -se p rocesso, setor-n d o o p retetor-n so agressor ab-solvid o.

Faz-se n ecessário ob servar qu e, d os 106 re-gistro s d e o co rrên cia , em a p en a s 31% co n sta q u e foi rea liza d o exa m e n a s vítim a s p a ra fu n -d am en tar a -d en ú n cia. Ou tro -d a-d o a ser -d esta-ca d o se refere a o fa to d e q u e em a p en a s 32%

d as ocorrên cia h avia testem u n h a d o even to co-m etid o con tra a crian ça. Estas ob servações, d e u m a certa form a, exp licam o p orq u ê d e várias d en ú n cias n ão virarem p rocessos.

Ten d o p or b ase os Estu d os I e II m en cion a-d o s, co n figu ra -se este a rtigo, q u e tem co m o ob jetivo cen tral an alisar as circu n stân cias em q u e o co rrera m even to s vio len to s co m etid o s con tra a crian ça n o Mu n icíp io d o Rio d e Jan ei-ro, valen d o-se d as ocorrên cias registrad as n as d elegacias d e p olícias n o an o d e 1990. O segu n -d o o b jetivo co n siste em d en tifica r o en ca m i-n h a m ei-n to d a d o a o s registro s d a s d ei-n ú i-n cia s, ap ós d ecorrid os cin co an os.

Com esses ob jetivos, p reten d em os, em p ri-m eiro lu ga r, fo rn ecer su b síd io s p a ra a s a çõ es p reven tiva s n o ca m p o d a vio lên cia co m etid a con tra crian ças. Na área d a saú d e p ú b lica, faz-se n ecessário torn ar m ais visível o qu e está p or trá s d o s a to s vio len to s p a ra q u e se p o ssa m e-lh or atu ar. Por ou tro lad o, o estu d o d o p róp rio p ro ce sso e m q u e se re gistra m a s d e n ú n cia s traz u m m aior en ten d im en to sob re a form a co-m o os d ad os foraco-m ob tid os. A an álise d o en ca-m in h a ca-m en to d a s d en ú n cia s a p ó s d eco rr id o u m tem p o ressa lta -se co m o d e fu n d a m en ta l im p ortân cia p ara qu e os Con selh os d e Direitos d a In fâ n cia e o s Co n selh o s Tu tela res p o ssa m ter u m q u ad ro sob re o q u e vem sen d o feito n a á rea d o s d ireito s d a in fâ n cia e n ele d esta ca r ações a serem im p lem en tad as em face d e u m a realid ad e con statad a.

M et odologia

O p rin cíp io m eto d o ló gico q u e n o rteo u n o sso estu d o foi o d a p esq u isa social d e caráter q u a-lita tivo, b a sea n d o -se n a p o ssib ilid a d e d e se con tem p lar a d im en são d o sign ificad o e d a in -ten cion alid ad e p resen te n os atos, n as relações e n as estru tu ras sociais, con form e p rop õe Mi-n a yo (1992). Po r o u tro la d o, p o r p a rtilh a rm o s da idéia de Min ayo & San ches (1993), que ap on -tam p ara a p ossib ilid ad e d e u m a in tercom p le-m en ta rid a d e d a s a b o rd a gen s q u a n tita tiva e qu alitativa, u tilizam os algu n s d ad os d e caráter q u a n tita tivo p a ra d elim ita r o p ro b lem a a q u i an alisad o.

(5)

la-d as 432 ocorrên cias la-d e even tos violen tos m ór-b id os e 53 even tos violen tos m ortais n a an álise qu alitativa

Essa s o co rrên cia s já se en co n tra va m em b an co d e d ad os d o Claves. Cad a u m a d elas es-ta va registra d a em u m a fich a , q u e co n tin h a d u a s p a rtes. Na p rim eira , h a via in fo rm a çõ es sob re: vítim a , a gressor, testem u n h a s, loca l d o even to e co m u n ica n te d a o co rrên cia . Já a se -gu n d a p arte con tin h a u m a d escrição d e com o ocorreu o even to (m ecân ica d o even to). Os asp ecto s d a asp rim eira asp a rte já tin h a m sid o estu d a d o s n a in vestiga çã o d o Cla ves (1994), co m -p on d o u m -p erfil e-p id em iológico d o q u ad ro d e m o rb i-m o rta lid a d e, a o p a sso q u e a segu n d a p arte era d e m aior in teresse p ara o p resen te estu d o, u m a vez q u e n ela seria p o ssível co m -p reen d erm os em q u e circu n stân cias e -p or q u e m otivos ocorrem atos violen tos con tra a crian -ça . Po r ser d e n a tu reza m a is d escritiva , seria u m ca m p o d a fich a q u e se p resta ria m a is a u m a an álise qu alitativa.

An a lisa m o s a d escriçã o d a m ecâ n ica d o even to b asead os n a Técn ica d e An álise d e Con -teú d o – Mo d a lid a d e Tem á tica (Ba rd in , 1979), segu in d o as segu in tes fases: p ré-an álise (orga-n ização d o m aterial d e a(orga-n álise); exp loração d o m aterial (com su cessivas leitu ras) e tratam en to d o s resu lta d o s. Va len d o -n o s d essa técn ica , o n osso tra ta m en to d os resu lta d os foi rea liza d o ten d o p o r b a se n ú cleo s d e sen tid o p resen tes n os registros d e ocorrên cia, en con trad os n a fa-se d e exp loração d o m aterial. Devid o à p reca-ried ad e d a in form ação registrad a n a d escrição d o even to, os n ú cleos d e sen tid o só se con figu -ra -ra m a p a rtir d a a rticu la çã o en tre d escriçã o d a m ecân ica d o even to e as in form ações sob re as vítim as e os agressores, p resen tes n a p rim ei-ra p arte d a fich a d e ocorrên cia.

Em rela çã o a o Estu d o II, co m o já m en cio -n am os, realizou -se u m trab alh o d e cam p o em d elegacias d as APs, on d e p rocu ram os fazer u m acom p an h am en to d e ocorrên cia sob re violên -cia d om éstica, en ten d id a n este estu d o com o os even tos violen tos ocorrid os n o d om icílio d a ví-tim a o u a q u eles, in d ep en d en te d o lo ca l d e ocorrên cia, p raticad os p or p aren tes p róxim os d a vítim a. Den tro d e cad a AP, selecion am os d e-legacias d e p olícia qu e tin h am casos d e violên-cia d o m éstica registra d o s co n tra cria n ça s n a faixa d e zero a cin co an os d e id ad e. Ao tod o, visita m o s 23 d elega cia s, em to d a s a s APs, co n -tem p la n d o o estu d o d e 105 registro s d e o co r-rên cia.

A o b serva çã o rea liza d a n o ca m p o – en vo l-ven d o con tatos com resp on sáveis p elos registros, visitas a arqu ivos e estu d o em geral d o flu -xo d e tram itação d e cad a registro – foi

registd a em u m relatório e com b ase n este p rocu ra-m o s p o n tu a r a sp ecto s q u e co n tr ib u íra ra-m o u n ão p ara u m en cam in h am en to d as d en ú n cias. Estes d ad os, d e u m a certa form a, serviram p a-ra co n figu a-ra rm o s o q u e n a p rá tica se fez co m as ocorrên cias registrad as.

Em sín tese, em term os m etodológicos, h ou -ve recortes com b ase n u m a ab ord agem qu an ti-ta tiva p a ra se rea liza rem os d ois estu d os e va-len d o-n os d estes recortes p rocu ram os realizar u m a an álise q u alitativa. No in terior d esta an á-lise, ap oiad os em Min ayo (1992) e Gold en b erg (1997), d irecion am os o n osso foco p ara a com -p lexid a d e d os fa tos registra d os e n ã o -p a ra ex-ten sã o d os m esm os. Assim , a n ossa d iscu ssã o qu e segu e p rocu ra ab ord ar, d e u m a form a d escritiva , a e sp e cificid a d e d o s re gistro s, p ro cu -ran d o in terp retá-los à lu z d e eixos d e d iscu ssão con figu rados p elos n ú cleos de sen tidos p resen -tes n as n arrativas d as d escrições d os even tos.

Análise das denúncias e de seu encaminhament o

As denúncias em geral

A an álise q u alitativa d as d en ú n cias d e even tos violen tos q u e vitim izaram crian ças, p resen tes n os b oletin s d e ocorrên cia, revela u m a con sta-tação q u e atravessa as d u as áreas p rogram áti-cas (APs) e os tip os d e even tos estu d ad os. Tra-ta -se d a a u sên cia d e d a d o s, q u e se co n figu ra p elo fato d e algu n s iten s d esses b oletin s terem in form ações in com p letas ou p ela au sên cia d as m esm a s. Isto se p erceb e m a is fa cilm en te n a s ocorrên cias relacion ad as aos even tos m ortais. Nestas, os agressores n ão são q u alificad os e as m ecâ n ica s d o even to, segu n d a p a rte d o b o le-tim , geralm en te exp licita o qu e acon teceu , m as n ão ap arece com o acon teceu .

(6)

Assim , fica n ítid a , n o co n ju n to d o s d a d o s estu d ad os, a m á q u alid ad e d o registro d as d e-n ú e-n cias, p rie-n cip alm ee-n te e-n o qu e se refere à d es-crição d a m ecân ica d o even to. A red ação d esta p a rte é b a sta n te la cu n a r. As in fo rm a çõ es sã o, n o m ín im o, in su ficien tes p a ra co m p reen d er-m os coer-m o ocorreraer-m os fatos. Esta au sên cia d e d ad os, d e u m a certa form a, com p rom ete u m a an álise qu alitativa m ais ap u rad a sob re as ocor-rên cias registrad as.

O s acident es de t rânsit o e de t ransport e

No s registro s d e a cid en tes d e trâ n sito e d e tra n sp o rte, p erceb em o s q u e o s a tro p ela m en -tos, d e lon ge, ap resen tam -se com o os even tos m a is co m u n s n a s d u a s á rea s. Estes a cid en tes costu m am ocorrer em via p ú b lica m ovim en tad a. Prin cip alm en te n as ocorrên cias tad e acitad en -tes n ã o m o rta is, p erceb e-se q u e h á ca so s em q u e o a tro p ela d o r so co rre a cria n ça a tro p ela -d a. Ap esar -d e ser com u m esse tip o -d e socorro, h á registros qu e n ão esp ecificam qu em p restou so co rro e h á vá rio s ca so s em q u e o m o to r ista fu giu ap ós o acid en te.

Nos registros d essas ocorrên cias, a fatalid a-d e se ia-d en tifica co m o u m p r in cip a l n ú cleo a-d e sen tid o. A fa ta lid a d e d o a cid en te, p rin cip a l-m en te n os q u e n ão têl-m col-m o con seq ü ên cia a m orte d a vítim a, é su gerid a p elas n arrativas d e situ a çõ es em q u e a s cria n ça s a tra vessa m a s ru as d escu id ad am en te ou corren d o sem p res-tar a aten ção ao veícu lo q u e as atrop ela. En tre estas n arrativas, a títu lo d e ilu stração, d estaca-m os as segu in tes:

Segu n d o o agressor, a v ít im a em d ad o m o-m en to saíra d a d ian teira d e u o-m ou tro veícu lo e b ru sca m en t e t en t a ra a t ra v essa r a ru a , n a oca -sião qu e n ão p od e d esviar ou m esm o freiar in d o atrop elar o referido. Con du ziu a vítim a ao HMSA

[Hosp ital Mu n icip al Salgad o Filh o]” (Ocorrên -cia no14-251/ AP 1, even to n ão m ortal).

En q u a n t o o a t rop ela d or u lt ra p a ssa v a u m ôn ib u s, a v ít im a t en t a v a a t ra v essa r a ru a . Um n ã o v iu o ou t ro e a v ít im a foi a t rop ela d a” (Ocorrên cia no12-8040/ AP 5, even to m ortal).

A vítim a brin cava n a calçad a qu an d o atra-vessou a ru a in ad vertid am en te e foi atrop elad a

(Ocorrên cia no4-7578/ AP 5, even to n ão m ortal).A v ítim a, in esp erad am en te, saiu d e trás d e u m ca rro a li p a ra d o, n ã o d a n d o p a ra ev it a r o a cid en t e” (Oco rrên cia no56-652/ AP 1, even to n ão m ortal).

Vítim a veio p ara atravessar a ru a corren d o e p or t rás d e u m cam in h ão, n ão sen d o p ossív el ev it a r o fa t o. O m ot orist a a socorreu e a lev ou p a ra o HP II, on d e fa leceu” (Ocorrên cia no 33-8644, even to m ortal).

O m ot orist a d a m ot o v in h a em velocid ad e red u z id a e a v ít im a v in h a solt a d a s m ã os d a m ãe e d e rep en te correu n ão d an d o tem p o p ara qu e o m otorista p arasse a m oto. O m otorista so-correu a v ít im a” (Oco rrên cia no35-336/ AP 1, even to n ão m ortal).

H á ca so s em q u e, se co n sid era rm o s o fa to d e ser o atrop elad or q u em m ais socorre a vítim a , a fa ta lid a d e su gerid a p o d e ser vista ta vítim -b ém com o u m p ossível fator aten u an te em favor d o m otorista q u e p raticou o atrop elam en -to. Ap ro fu n d a n d o m a is a reflexã o so b re esse n ú cleo d e sen tid o p resen te n o s registro s, p o -d em os con clu ir qu e essa fatali-d d e, n a reali-d a-d e, p oa-d e ser con seq ü ên cia a-d e várias situ ações, ta is co m o : excesso d e velo cid a d e d en tro d a m a lh a u rb a n a ; co n d içõ es r u in s d e via s p ú b li-cas qu e exigem d os m otoristas m an ob ras arris-cad as e n egligên cia e d esresp eito às n orm as d e trân sito. Por ou tro lad o, a n egligên cia d e p ais e resp on sáveis tam b ém n ão p od e ser d escartad a com o p ossível cau sa d os atrop elam en tos.

Ou tro n ú cleo d e sen tid o q u e co n figu ra o s acid en tes aqu i ab ord ad os d iz resp eito à alta ve-locid ad e e/ ou m á d ireção. Pod em os ilu strá-los b asead os n os segu in tes registros:

O atrop elad or estav a evad in d o-se d o local q u a n d o foi im p ed id o p elo PM ; a v ít im a est a v a a t ra v essa n d o a ru a com su a m ã e q u a n d o fora colh id a p elo veícu lo” (Ocorrên cia no57-653/ AP 1, even to n ão m ortal).

Segu n d o a t est em u n h a , o a cu sa d o con d u -z ia a m ot o em gra n d e v elocid a d e, n ã o con se-gu in d o se d esviar d a vítim a” (Ocorrên cia no 1-7553/ AP 5, even to n ão m ortal).

O a u t o a t rop ela d or d escon t rolou - se em u m a cu rva, vin d o a su bir n a calçad a e atin gin -d o a v ít im a” (Oco rrên cia no 26-8935/ AP 5, even to m ortal).

Segu n d o o com u n ican t e, o at rop elad or v i-n h a d e Sai-n ta Cru z e, ao avai-n çar o sii-n al verm e-lh o, coe-lh eu a vítim a qu e foi socorrid a p elo p ró-p rio, con d u z in d o- a a o H ERF” (Oco rrên cia no 19-7807/ AP 5).

Nestes registros, costu m a ap arecer a cu lp a-b iliza çã o d e m o to rista s. A a lta velo cid a d e o u m á d ireção d e veícu los são atrib u íd as p or tes-tem u n h a s o u p o r p o licia is q u e co m u n ica m a ocorrên cia. A fu ga d os agressores, ap ós o atro-p elam en to, tam b ém é com u m n estes casos.

As agressões físicas

(7)

agressão. Nestes casos, os com u n ican tes m ais co m u n s d a s d en ú n cia s sã o a m ã e d a vítim a e p o licia is m ilita res. Pa ren tes e co n h ecid o s d a crian ça vitim izad a são os agressores q u e m ais se d estacam n o con ju n to d os registros.

O d om icílio d a vítim a ou lu gar a ele p róxi-m o é o n d e róxi-m a is freq ü en teróxi-m en te se d ã o a s ocorrên cias. Esp ecificam en te n a AP 1, a via p ú -b lica con corre com o local d o d om icílio, sen d o a p rim eira tam b ém con stan tem en te registrad a co m o lo ca l d e o co rrên cia ; a ssim , é co m u m a p a recerem p esso a s d esco n h ecid a s d a vítim a registra d a s co m o a gresso ra s. Ma s, em gera l, n a s d u a s á rea s, o s a gresso res sã o p a ren tes o u co n h ecid o s d a s cria n ça s vitim iza d a s. Den tre eles, d estacam -se os p róp rios resp on sáveis d as crian ças com o os m ais citad os. Há tam b ém re-gistros d e p oliciais m ilitares com o agressores.

Um d o s n ú cle o s d e se n t id o q u e p o d e m o s ressaltar n o con ju n to d estas ocorrên cias se refe re a co n flito s fa m ilia re s, q u e e m a lgu n s ca -sos en volvem b rigas en tre p arceiros e se asso-ciam ao u so d e álcool. Nestas ocorrên cias, co-m u co-m e n t e o s p a is o u o s p a d ra st o s a p a re ce co-m com o agressores. Segu em exem p los d essas si-tu ações:

Segu n d o a com u n ica n t e, d ep ois d e u m a d iscu ssão p or m otiv os torp es, a m esm a foi ata cad a, ju n tam en te com su a filh a, a socos e p au -lad as p elos p aren tes d o p ai d e su a filh a

(Ocor-rên cia no49-6750/ AP 5).

O a gressor t eve u m d esen t en d im en t o com a esp osa, ten d o em segu id a p assad o a agred ir a filh a com u m a correia” (Oco rrê n cia no 51-6791/ AP 5).

O agressor é ex-com p an h eiro d a m ãe d a ví-t im a . A m ã e d a v íví-t im a d ecla rou q u e o a gressor in gere bebid a alcoólica e vai à su a resid ên cia so-m en t e p a ra a gred i- la . Aos 02/01/90, o a gressor ch ega d e S. P. e, com sin t om a s d e em b ria gu ez , a grid e a v ít im a . A v ít im a foi m ed ica d a...” (Ocorrên cia no42-387/ AP 1).

Segu n d o a com u n ican te, seu esp oso estava em b ria ga d o e p a ssou a a gred ir a t od os d en t ro d e casa. Qu e n ão é a p rim eira vez qu e isso acon -tece” (Ocorrên cia no99-7901/ AP 5).

H á registro s d e a gressõ es, a exem p lo d a s n a rra tiva s a b a ixo, q u e ta m b ém a p on ta m p a ra o n ú cleo d e sen tid o relacion ad o a con flitos en -tre vizin h o s. Em ge ra l, e ste s re gistro s d e scre-vem casos d e crian ças qu e são agred id as fisica-m en te p or con ta d e b rigas travad as en tre seu s resp on sá veis e vizin h os. A exem p lo d isto, res-saltam os as segu in tes d escrições:

A v ít im a , q u a n d o d esen v olv ia su a t a refa , ao p assar p elo local, en con trou com su a viz in h a qu e, d iga-se d e p assagem , é seu d esafeto, e ap ós t roca s d e in su lt os, a gred iu com a p á . N a oca

-sião, su a filh a d e 1 m ês qu e estava em seu s bra-ços, caiu ao ch ão, baten d o com a cabeça

(Ocor-rên cia no51-591/ AP 1).

Trata-se d e agressão física en volven d o d u as fa m ília s q u e resid em p róx im a s u m a d a ou t ra . As fam ílias foram m ed icad as...” (Ocorrên cia no 95-7757/ AP 5).

As agressões físicas tam b ém têm o sen tid o d e m au s-tratos e/ ou n egligên cia. Nestes casos, com o p od e ser con statad o n os registros qu e se segu em , a ca ra cterística cen tra l se refere a o ab an d on o d e crian ças p or algu m tem p o, fazen -d o com q u e fiq u em en tregu es à p róp ria sorte. Em gera l, sã o o s p a ren tes d a s cria n ça s q u e a s d eixam ab an d on ad as, m a h á casos d e ab an d o-n o em io-n stitu ições ed u cacioo-n ais.

Segu n d o testem u n h as, a m ãe d a m en or tra-balh a d esd e Ju lh o/89 em su a resid ên cia, é alcoó-la t ra e cost u m a v iajar sem p re com a crian ça e, sem p re qu e retorn a, a m en or ap resen ta sin ais d e m a u s- t ra t os e a b a n d on o e a t ra v és d e u m a t ia , sou b era m a s t est em u n h a s q u e a a gressora t ev e q u a t ro filh os q u e m orrera m p or m a u s- t ra t os

(Ocorrên cia no60-601/ AP 1).

Segu n d o a com u n ican t e, su a filh a foi v it i-m a d a p or i-m a u s- t ra t os, sen d o esp a n ca d a p ela t ia , irm ã d e seu ex - m a rid o, q u e m ora n o loca l d o fato. Esclareceu a com u n ican te qu e a m en or e seu ou tro filh o estão sob a gu ard a d o p ai, m as q u e est e p a ssou à v id a d o crim e, d eix a n d o os m en ores com a irm ã, qu e con stan tem en te p rati-ca a gressiv id a d e com eles” (Oco rrên cia no 62-8673/ AP 5).

Segu n d o o com u n ica n t e, d eix ou seu filh o n o jard im d e in fân cia e à n oite qu an d o seu p ai foi p egá - lo, o m esm o est a v a ch eio d e m ord i-d as...” (Ocorrên cia no115-0025045/ AP 1).

Homicídios e remoção de cadáver

Os h om icíd ios ocorrera m em via s p ú b lica s ou n o p róp rio d om icílio d a vítim a. Os in stru m en -tos u tilizad os qu e m ais ap arecem n os registros d a s ocorrên cia s sã o p rojéteis d e a rm a d e fogo (PAF) e o em p rego d e força física. Há registros d e crian ças qu e d ão en trad a em h osp itais ago-n izaago-n d o, viago-n d o a falecer logo em segu id a. Nes-tes ca so s, o q u e o co rreu a n Nes-tes d a in tern a çã o n ã o se en con tra registra d o. Ta m b ém h á regis-tros d e h om icíd ios associad os a ab u so sexu al. Em term o s d e d esta q u e, h á u m a co n sta ta çã o d e a fo ga m en to cla ssifica d a co m o su sp eita d e h om icíd io. Ou tro d estaqu e se refere ao registro d o ca so d e u m p a i q u e a tira seu filh o d o n on o an d ar d e u m p réd io e, em segu id a, tam b ém se atira.

(8)

fo-ram vítim as d e b rigas en tre trafican tes e fofo-ram a tin gid a s p o r b a la p erd id a , em b a tid a s p o li-ciais. Porém , o qu e m ais se en con tra registrad o é ap en as qu e a vítim a foi b alead a, n ão con stan -d o n en h u m a ou tra in form a çã o. A fa lta -d e elem en tos p ara se p erceb er a elem ecân ica d os even -tos é u m a tôn ica n os registros d estes.

As rem oções d e cad áver, em geral, caracte-rizam -se p or casos em q u e a p olícia é solicita-d a p ara rem over corp os solicita-d e fetos ou solicita-d e crian ças sem vid a. Há registros q u e classificam a ocor-rên cia co m o p o ssível h o m icíd io. Em o u tro s co n sta m a cu sa çõ es d e q u e a s cr ia n ça s fo ra m vítim as d e im p erícia n o aten d im en to m éd ico. Há ta m b ém registros q u e a p en a s m en cion a m q u e fo i en co n tra d o o ca d á ver. Qu a n to a o s ca -sos ú n icos, h á u m a ocorrên cia em qu e se regis-tram sin ais clín icos d e afogam en to e ou tra qu e ap on ta p ara o fato d e a vítim a ter sofrid o ch o-qu e elétrico em seu d om icílio.

Com u m en te, n os b oletin s d a s ocorrên cia s d os h om icíd ios e d a s rem oções d e ca d á ver d e crian ças, n ão h á in form ações sob re os agresso-res, a s situ a çõ es em q u e o co rrera m e so b re a p róp ria vítim a. Na m aioria d os registros d estas ocorrên cias n ad a con sta sob re a cau sa m ortis.

Um a an álise qu alitativa m ais ap u rad a sob re os h om icíd ios e as rem oções d e cad áver ficou p re-ju d icad a em razão d as in ú m eras au sên cias d e d a d o s so b re co m o rea lm en te a co n teceu o even to. Se fosse ap on tad o u m n ú cleo d e sen ti-d o p ara estes registros, o ú n ico p ossível seria a in visib ilid ad e d o fato.

Abuso sexual

Os abu sos sexu ais variam de ten tativas de aten -ta d o a o p u d o r a té estu p ro s co m etid o s co n tra m en in a s e m en in o s. H á u m registro em q u e a vítim a tin h a ap en as u m an o d e id ad e. Qu an to aos au tores d os ab u sos, estes variam en tre p a-ren tes, vizin h os e d escon h ecid os. En tre os co-n h ecid o s, h á ca so s d e p a is e p a d ra sto s serem au tores d e violên cia sexu al con tra en tead os ou en tead as.

As d escrições d os ab u sos sexu ais ap on tam p ara d ois n ú cleos d e sen tid o. O p rim eiro d eles se refere a aliciam en to, caracterizan d o-se p or casos em qu e o agressor, p aren te ou con h ecid o d a vítim a, vale-se d e exp ressões d e afeto ou d e p rom essa d e b rin q u ed os p ara p raticar atos se-xu a is co m a cria n ça . Co m o exem p lo s, p o d em ser d estacad os os segu in tes registros:

M en in a foi à igreja com a avó. Lá, o p astor a ch am ou ao sótão, on d e d everiam estar “bolas”. Ch ega n d o n o sót ã o, o p a st ou t en t ou p en et ra r a m en in a com o d ed o” (Oco rrên cia no 117-8074/ AP 5).

Segu n d o o exp ed ien te n o qu al a m ãe d a ví-t im a , p or seu a d v oga d o, a p resen ví-t a q u eix a d e crim e d e aten tad o violen to ao p u d or con tra seu esp oso, o qu al m an teve com seu filh o m en or coi-to an al” (Ocorrên cia no83-8411/ AP 1).

Segu n d o a com u n ica n t e, su a n et a en con -t ra v a - se n a gu a rd a d e seu p a i, en -t regu e p ela m ã e, t en d o est e p erm a n ecid o com a m esm a n o esp a ço com p reen d id o en t re o d ia 25/12/89 à s 14h d o d ia 01/01/90, sen d o en tão en tregu e à co-m u n ican te, ap resen tan d o sin toco-m a d e estar bas-t a n bas-t e d eb ilibas-t a d a , sen d o q u e u m a d a s filh a s d a com u n ican te verificou qu e as p artes ín tim as d a m en in a est a v a m in ch a d a s, e q u e, a o ser m ed icad a, con statou a violên cia con tra a m en or con form e Boletim d e Aten d im en to M éd ico – ru p tu -ra d e h ím en , etc. PS: a m en or está sob tu tela d a avó” (Ocorrên cia no74-7109/ AP 5).

Ou tro n ú cleo d e sen tid o p resen te n os regis-tros d e ab u so sexu al d iz resp eito ao u so d a for-ça. Nestes casos, o agressor em p rega força físi-ca p a ra m a n ter a rela çã o sexu a l com a vítim a . En tre estes, d estacam -se os segu in tes:

O au tor é cu n h ad o d a com u n ican te e resid e n o m esm o en d ereço d ela e d a v ít im a. A cu n h a d a d a com u n ican te p resen ciou o agressor m an -d ar qu e o m en or ch u p asse o seu p ên is. O fato só foi con tad o n o d ia d e h oje, p ois, tan to a vítim a, com o a testem u n h a tem eram retaliações d o au -t or q u e é p essoa v iolen -t a” (Oco rrên cia no 81-7359/ AP 5).

A m ãe d a vítim a d eclara qu e u m colega d a vítim a agarrou e p raticou violên cia sex u al com a v ít im a . A m a n eira d e com o se con su m ou a violên cia n ão ficou esclarecid a” (Ocorrên cia no 48-453/ AP 1).

A m ã e d a m en or, q u e t a m b ém foi v ít im a , acord ou com u m elem en to à beira d e su a cam a q u e lh e a cord a ra ob riga n d o- a a a m a rra r seu m a rid o q u e est a v a d orm in d o d o seu la d o. Sob a m ea ça d e a rm a s, ob rigou a com u n ica n t e a acord ar a filh a, p assan d o a seviciarse d a crian -ça n a p resen -ça d os p a is. Ele forçou a m en in a p erm an ecer d e p ern as abertas e ten tou p en etra-ção com o p ên is n a vagin a d a m en or. Em segu i-d a, estu p rou a com u n ican te sob o olh ar i-d o m a-rid o, d a m en or e d e ou tro filh o d e 5 an os. Em se-gu id a , fu giu lev a n d o os p rod u t os d o rou b o

(Ocorrên cia no78-7386/ AP 5).

O desfecho das denúncias

(9)

p esso a s p o b res e n ã o b ra n ca s. Neste estu d o con statou -se u m a p arcela sign ificativa d e víti-m a s d e co r b ra n ca . Este d a d o p o d e sign ifica r u m a ten d ên cia m aior p ara a d en ú n cia n as clas-ses sociais m ais favorecid as, ap esar d a lei d o silên cio qu e ain d a p revalece em torn o d a viosilên -cia d om éstica.

O d esfech o d as d en ú n cias, ap ós d ecorrid os cin co a n o s d o seu registro, fo i d eso la d o r. Os d a d o s revela m q u e p o u co s in q u ér ito s fo ra m in stau rad os e ap en as u m virou p rocesso, caso em q u e o réu foi con sid erad o in ocen te, p rova-velm en te p or falta d e p rovas. Algu n s in qu éritos fo ra m a rq u iva d o s e o u tro s co n tin u a va m em an d am en to. Estes ú ltim os p ossivelm en te serão arqu ivad os, em razão d o tem p o.

Fico u n ítid o q u e a fa lta d e p rova s fo i u m d o s fa to res q u e m a is co n trib u iu p a ra q u e a s d en ú n cias n ão se tran sform assem em p rocesso crim in a l. Em m u ito s ca so s, isto o co rre u p o r co n ta d a in e ficiê n cia d a p ró p ria p o lícia , p o r n ão ter realizad o os exam es n ecessários p ara a caracterização d o crim e e p or n em sem p re ter se p reo cu p a d o co m a existên cia d e testem u -n h a s. Assim , em vá ria s o co rrê-n cia s, -n ã o se con segu iu ob ter p rovas d a au toria e m ateriali-d aateriali-d e ateriali-d o crim e p ara a in stau ração ateriali-d e in q u érito p olicial.

A a n á lise d o s d a d o s d este estu d o a p o n ta p ara u m n ú cleo d e sen tid o cen tral q u e d iz res-p eito ao d esfech o d as d en ú n cias registrad as: a im p u n id ad e. As an otações d o trab alh o d e cam -p o revelam q u e a im -p u n id ad e d ecorre d o d es-caso e d a in eficiên cia d as au torid ad es p oliciais, d a d esorgan ização d as d elegacias d e p olícia e, ain d a, d a in ércia d os rep resen tan tes legais d as cria n ça s vítim a s d a vio lên cia d o m éstica . Esta in ércia se con figu ra qu an d o estes rep resen tan -tes, q u an d o n ão são os agressores, n ão req u e-rem a in stau ração d e in qu érito p olicial ou ação p en a l. Ma s será q u e o s rep resen ta n tes lega is sã o su ficien tem en te escla recid o s p a ra p ro ce-d erem ace-d eq u ace-d am en te? Qu an ce-d o esclarecice-d os, será q u e d isp õem d os m eios n ecessá rios p a ra segu irem as vias cru cisd os serviços p ú b licos?

Da d en ú n cia até a in stau ração d e in qu érito ou ação p en al, a trajetória é lon ga. Percorrê-la sign ifica em p reen d er u m a a ven tu ra p o r la b rin tos qu e n em sem p re levam ao fin al d o cam i-n h o. O p rocesso vivei-n ciad o i-n este estu d o rem te a u m a q u estão fu n d am en tal: se, p ara aq u e-les q u e p a rticip a ra m d este estu d o, fo i d ifícil acom p an h ar o qu e acon teceu com os registros d as d en ú n cias, ain d a q u e com u m a assessoria n a á rea d o Direito e co m u m a fo rm a çã o em ciên cia s so cia is, o q u e d izer em rela çã o a o ci-d a ci-d ã o co m u m q u e ten ta ci-d efen ci-d er o s ci-d ireito s d a crian ça?

Considerações finais

A a n á lise q u a lita tiva d o s d a d o s revela q u e o s registros d as ocorrên cias exp ressam n ú cleos d e sen tid o. En tre estes, a in visib ilid ad e d o fato e a im p u n id ad e são os q u e m ais se d estacam . Es-tes n ú cleos, d e u m a certa form a, en con tram -se a rticu la d o s, u m a vez q u e, em m u ito s ca so s, a a u sên cia d e in fo rm a çõ es, q u e n ã o to rn a visí-veis a s circu n stâ n cia s em q u e o co rrera m o s even tos violen tos, p od eria estar p or trás d o fa-to d e p raticam en te n ad a ter sid o feifa-to em face d a s d en ú n cia s. Dia n te d este q u a d ro, co n clu í-m os, en tre ou tros asp ectos, q u e a ií-m p u n id ad e é tã o vio len ta q u a n to o s cr im es p ra tica d o s con tra as crian ças.

Ju n to à essa con clu são geral, ap rofu n d an d o m ais a leitu ra d as d en ú n cias e d o en cam in h a -m en to a elas d ad o, a an álise ap on ta p ara qu es-tões q u e p od em servir d e b ase p ara u m a reflexão m ais am p la sob re o statu s d e crian ça, p rin -cip alm en te p ob re, n a atu al socied ad e.

Será q u e o ap arelh o p ú b lico está p ou co es-tru tu rad o qu an ti-qu alitativam en te p ara con se-gu ir u m a b o a q u a lid a d e n o s registro s d essa s o co rrên cia s e n o seu en ca m in h a m en to ? Será q u e a form a in com p leta d os registros e o n ão-tratam en to ad equ ad o ao en cam in h am en to d as d en ú n cia s revela m a in d iferen ça so b re o s ca -sos ocorrid os?

A a firm a tiva p a ra a p rim eira q u estã o n ã o p od e ser d escartad a. Sab e-se qu e as con d ições em qu e se en con tram as p olícias civil e m ilitar, a ssim com o o a p a relh o p ú b lico em gera l, sã o, n o m ín im o, ru in s. Faltam recu rsos fin an ceiros, p esso a l q u a lifica d o, eq u ip a m en to s e, p rin ci-p alm en te, a m ob ilização d as ci-p essoas ci-p ara q u e essa s in stitu içõ es p o ssa m d esem p en h a r seu s p ap éis n a socied ad e. Essas con d ições, ou m e-lh o r d izen d o, a fa lta d ela s, sã o reflexo s d e u m Estad o qu e, n o cam p o social, p ou co in veste ou , em algu n s m om en tos, age d e form a in com p e-ten te.

(10)

-lên cia co m etid o s co n tra cria n ça s se in serem n o a rca b o u ço cu ltu ra l e in stitu cio n a l em q u e as relações cotid ian as en tre ad u ltos e crian ças têm co m o cern e a fa b rica çã o d a o b ed iên cia . Castigar, rep rim ir ou fazê-las ap ren d er u m a li-çã o fa ze m p a rt e d o jo go d e t o r n á -la s d ó ce is p ara qu e o p od er d o ad u lto sob re elas se im p o-n h a.

Se as crian ças em geral vivem ou sofrem es-sa sin a , o q u e se p o d e fa la r d a q u ela s q u e sã o p ob res? Estas sofrem em m aior grau os efeitos d a d om in ação. En tregu es à p róp ria sorte, estes a to res, q u a n d o co n segu em so b reviver, viven -ciam u m a trajetória d e m ais violên cia. Em ge-ral, serão can d id atos a: serem d esn u trid os; so-frerem m au s-tratos; n ão freqü en tarem a escola ou n ela n ão con segu irem p erm an ecer; terem a ru a com o esp aço d e m orad ia e/ ou d e trab alh o e p ossu írem a su a saú d e em geral com p rom e-tid a.

Os d ad os tam b ém revelam as con trad ições d a socied ad e b rasileira atu al n o trato d a in fân -cia e d a ad olescên -cia. Na Con stitu ição d e 1988, em seu a rtigo 227, o s d ireito s d a cria n ça e d o a d o lescen te sã o a ssegu ra d o s co m a b so lu ta p riorid ad e. Esses d ireitos são m ais b em exp li-citad os e seu s m ecan ism os d e viab ilização são d efin id o s n a Lei 8.069 d e 1990 (O Esta tu to d a Crian ça e d o Ad olescen te). No en tan to, u m re-co rte d a rea lid a d e d a cria n ça a n a lisa d o n este estu d o m ostra q u e o q u e acon tece é b em d ife-ren te d os p receitos legais.

Pa rece q u e, n a p rá tica , a so cied a d e, a o in vés d e p ro teger o s d ireito s d a s cria n ça s, co n -form e p recon izam su as leis, p rotege seu

agressor, d esqu alifican d o as crian ças p or serem sim -p lesm en te crian ças. Em se tratan d o d e even tos violen tos n ão m ortais, p rin cip alm en te, com e-tid os con tra a in fân cia, a in d iferen ça e/ ou a b a-n a liza çã o é m a io r. Nestes ca so s, a vio lêa-n cia é p erceb id a com o fen ôm en o n atu ral ou n atu ra-lizad o.

Ap esa r d essa s co n sta ta çõ es, o b ser va m o s atu alm en te u m m ovim en to q u e ten ta d esq u a-lificar os p receitos legais vigen tes sob re a p ro-teçã o d a in fâ n cia e d a a d o lescên cia . Co m o se esta p roteção, qu e n em sem p re sai d o texto p ara a p rática, fosse resp on sável p ela d elin q ü ên -cia, cu ja raiz é b em m ais p rofu n d a. É u m m ovi-m en to qu e vai eovi-m d ireção d a ovi-m in iovi-m ização d os d ireitos n u m a on d a em q u e se b u sca u m Esta-d o ‘m ín im o’.

A vio lên cia retra ta d a n a s o co rrên cia s a q u i estu d a d a s e a vio lên cia d o n ã o en ca m in h a -m en to d as d en ú n cias serve-m co-m o alerta p ara os d esafios qu e as in stitu ições e gru p os sociais d evem en fren ta r p a ra q u e se su p erem a s con trad ições n esse cam p o, sob o risco d e se p oten -cializar m ais a violên cia.

Ca m in h a n d o n essa p ersp ectiva , a sa ú d e p ú b lica p recisa se vo lta r p a ra o d esen vo lvi-m en to d e ações con ju n tas colvi-m ou tros setores, n ã o se lim ita n d o a esp a ço s tra d icio n a lm en te o cu p a d o s p a ra a s su a s a çõ es. Deve ter co m o u m exem p lo d e o u tro s ca m p o s d e a tu a çã o o seu en volvim en to n a criação e n a im p lem en ta-çã o d os Con selh os Mu n icip a is Tu tela res, p a ra qu e p ossa cad a vez m ais con trib u ir p ara a m u -d a n ça -d o q u a -d ro a tu a l -d e a gra vo s à sa ú -d e -d e crian ças e ad olescen tes.

Referências

ASSIS, S. G. & SOUZA, E. R., 1995. Morb id ad e p or vio-lên cia em cria n ça s e a d olescen tes d o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro. Jorn al d e Ped iatria, 71:303-312. ASSIS, S. G.; SOUZA, E. R. & SILVA, C. M. F. P., 1995.

Violên cia n o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro, Brasil: I. O Im p acto e Ten d ên cia d a M ortalid ad e d e Crian -ça s d e 0 a 9 An os.Rio d e Ja n eiro : Cen tro La tin o -Am e rica n o d e Estu d o so b re Vio lê n cia e Sa ú d e “Jorge Carelli”, Escola Nacion al d e Saú d e Pú b lica, Fu n d ação Oswald o Cru z. (m im eo.)

BARDIN, L., 1979. An álise d e Con teú d o. Lisb oa: Ed i-ções 70.

Agradeciment o

(11)

CLAVES (Cen tro Latin o-Am erican o d e Estu d os sob re Vio lê n cia e Sa ú d e “Jo rge Ca re lli”), 1994. Est u d o Sócio- Ep id em iológico d a Morb i- M ort a lid a d e d e Cria n ça s e Ad olescen t es Vít im a s d e Violên cia , n o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro e n a Baix ad a Flu m i-n ei-n se.Projeto d e p esqu isa. Rio d e Jan eiro: Cen tro La tin o -Am e rica n o d e Estu d o so b re Vio lê n cia e Sa ú d e “Jo rge Ca relli”, Esco la Na cio n a l d e Sa ú d e Pú b lica, Fu n d ação Oswald o Cru z. (m im eo.) FALEIROS, V. P., 1995. Violên cia con tra a in fân cia.

So-cied ad e e Estad o, 10:475-490.

GOLDENBERG, M., 1997. A Art e d e Pesq u isa r: Com o Fa z er Pesq u isa Qu a lit a t iv a em Ciên cia s Socia is.

Rio d e Jan eiro: Record .

IFF (In stitu to Fern an d es Figu eira), 1995. A Dim en são Social d a M orbim ort alid ad e d e Crian ças Vít im as d e Violên cia.Projeto d e p esq u isa. Rio d e Jan eiro: In stitu to Fern an d es Figu eira, Fu n d ação Oswald o Cru z. (m im eo.)

MINAYO, M. C. S., 1992. O Desa fio d o Con h ecim en -t o : Pe sq u isa Qu a li-ta -tiva e m Sa ú d e. Sã o Pa u lo : Hu citec/ Rio d e Jan eiro: Ab rasco.

MINAYO, M. C. S., 1994. A violên cia social sob a p ers-p ectiva d a saú d e ers-p ú b lica. Cad ern os d e Saú d e Pú -blica, 10 (Su p l. 1): 07-18.

MINAYO, M. C. S. & SANCHES, O., 1993. Qu a n tita ti-vo-Qu alitativo: op osição ou com p lem en tarid ad e?

Cad ern os d e Saú d e Pú blica, 9:239-269.

SOUZA, E. R., 1994. Ho m icíd io s n o Bra sil: o gra n d e vilão d a saú d e p ú b lica n a d écad a d e 80. Cad ern os d e Saú d e Pú blica, 10 (Su p l. 1):45-60.

SOUZA, E. R. & ASSIS, S. G., 1996. Mo rta lid a d e p o r violên cia em crian ças e ad olescen tes n o Mu n icí-p io d o Rio d e Jan eiro. Jorn al Brasileiro d e Psiqu ia-tria, 45:85-94.

SOUZA, E. R.; ASSIS, S. G. & SILVA, C. M. F. P., 1995.

Referências

Documentos relacionados

Este capítulo tem uma abordagem mais prática, serão descritos alguns pontos necessários à instalação dos componentes vistos em teoria, ou seja, neste ponto

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

Declaro que fiz a correção linguística de Português da dissertação de Romualdo Portella Neto, intitulada A Percepção dos Gestores sobre a Gestão de Resíduos da Suinocultura:

Sendo assim, este estudo buscou entender como estão estruturadas as relações sociais desses segmentos afetados, de suas estratégias adaptativas em articulação com

Effects of the bite splint 15-day treatment termination in patients with temporomandibular disorder with a clinical history of sleep bruxism: a longitudinal single-cohort

Acrescenta que “a ‘fonte do direito’ é o próprio direito em sua passagem de um estado de fluidez e invisibilidade subterrânea ao estado de segurança e clareza” (Montoro, 2016,

O estudo tece comentários sobre tema de análise, qual seja, as diferenças e semelhanças entre a obra “O Capitalismo para o Povo”, de Luigi Zingales e a obra “Sociedade