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Levantamento das denúncias de violência familiar nas Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo: um estudo sobre a interface com o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas

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LUCIANA PEREIRA AUGUSTO

LEVANTAMENTO DAS DENÚNCIAS DE VIOLÊNCIA FAMILIAR NAS

DELEGACIAS DA MULHER DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:

Um estudo sobre a interface com o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Mestre em Ciências.

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Augusto, Luciana Pereira

Levantamento das denúncias de violência familiar nas Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo: um estudo sobre a interface com o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas./ Luciana Pereira Augusto. – SãoPaulo, 2010

xi, 75p

Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde.

Título em Inglês: Survey of Police reports about domestic violence in the Police Stations for Defense of Women in the city of São Paulo: A study about the interface with the use of alcohol and other drugs.

1. Violência contra a Mulher; 2. Violência Doméstica; 3. Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; 4. Levantamentos Epidemiológicos

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LUCIANA PEREIRA AUGUSTO

LEVANTAMENTO DAS DENÚNCIAS DE VIOLÊNCIA FAMILIAR NAS

DELEGACIAS DA MULHER DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:

Um estudo sobre a interface com o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientadora: Profa. Dra. Ana Regina Noto

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LUCIANA PEREIRA AUGUSTO

LEVANTAMENTO DAS DENÚNCIAS DE VIOLÊNCIA FAMILIAR NAS

DELEGACIAS DA MULHER DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:

Um estudo sobre a interface com o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª. Dr.ª Helena Barros Prof.ª Dr.ª Ilana Pinsky Prof. Dr. Lélio Lourenço

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA

Chefe de Departamento:

Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Oliveira de Souza Formigoni

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(8)
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AGRADECIMENTOS

A professora Ana Regina Noto, querida orientadora, pelo companheirismo, compreensão e exemplo de dedicação e esforço em contribuir com a sociedade.

A minha família pelo apoio incondicional a todas as minhas empreitadas.

A Teresa Endo, amiga e grande influência na minha formação profissional e pessoal.

A Roberta Maia Sessa, que com força, generosidade e carinho incentivou mais esse projeto.

A Anna Carolina Ramos, por toda a ajuda prestada e pelos momentos de divisão de angustias.

A Mica, por no momento certo me mostrar que é possível.

A todos os meus colegas Cebridianos: Aline Gonçalves, Ana Rosa Lins, Arilton Martins, Claudia Carlini, Claudia Ton, Danilo Locatelli, Emérita Opayele, Herbert Cervigni, Jane Fontebom, Lu Abeid, Márcia Fonseca, Maria Angélica Comis, Murilo Battisti, Paty Sábio, Tatiana Amato, Yone Moura e Zila Sanches que me apoiaram durante esse período, contribuindo para a realização desse trabalho.

A todas as mulheres que aceitaram participar dessa pesquisa, dividindo suas experiências mais dolorosas.

A toda a equipe de entrevistadoras pela ajuda na coleta de dados.

A todas as delegadas e funcionários das DDM´s pela colaboração inestimável.

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ix

SUMÁRIO

Dedicatória . . . vii

Agradecimentos . . . viii

Listas . . . x

Resumo . . . xii

1 INTRODUÇÃO . . . 1

1.1 Álcool e violência . . . 6

1.2 Álcool e outros psicotrópicos: epidemiologia e conseqüências . . . 9

1.3 Delegacia de Defesa da Mulher – DDM . . . 10

2 OBJETIVOS . . . 12

2.1 Objetivo geral . . . 13

2.2 Objetivos específicos . . . 13

3 METODOLOGIA . . . 14

3.1 Amostra . . . 15

3.2 Entrevistas . . . 16

3.3 Treinamento da equipe . . . 16

3.4 Aspectos éticos . . . 17

3.5 Greve . . . 18

3.6 Crítica, processamento e análise dos dados . . . 18

3.7 Metodologia estatística . . . 18

4 RESULTADOS . . . 20

4.1 Perfil da vítima . . . 21

4.2 Perfil do agressor . . . 23

4.3 Análise das características da vítima e da ocorrência de agressão denunciada, por tipo de agressor quanto ao seu uso de substância . . . 27

4.4 Construção da tipologia dos de violência denunciados . . . 45

4.4.1 Aspectos da violência . . . 45

4.4.2 Tipologia da violência . . . 46

4.4.3 Resultados da Análise de Agrupamentos . . . 47

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES . . . 51

6 ANEXOS . . . 56

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . 70

(11)

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características sócio-demográficas de 780 vítimas que procuraram as

Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo . . . 22

Tabela 2 Características sócio-demográficas de 780 agressores denunciados

nas Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo . . . 24

Tabela 3 Substâncias usadas pelos agressores (N=780), segundo informação

das vítimas, na ocasião da agressão denunciada nas Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo . . . 26

Tabela 4 Distribuição dos locais de ajuda buscada pelos agressores, segundo

informação das vítimas, com relação ao uso de substâncias . . . 27

Tabela 5 Perfil sociodemográfico de 780 vítimas que procuraram as Delegacias

de Defesa da Mulher do município de São Paulo, agrupadas por tipo de droga usada pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 29

Tabela 6 Características das 780 ocorrências denunciadas em relação ao local

da agressão, presença de testemunhas e opção pelo processo de acordo com o uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas – resposta múltipla . . . 30

Tabela 7 Distribuição das 780 vítimas em relação ao atendimento na DDM,

passado e desdobramento da denúncia atual, de acordo com o uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 31

Tabela 8 Distribuição dos dias de ocorrência da agressão denunciada e período

do dia de acordo com o uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 33

Tabela 9 Distribuição da atitude tomada pela vítima no momento da ocorrência

de acordo com o uso de substâncias pelo agressor – resposta múltipla 34

Tabela 10 Medidas-resumo do número de vezes que a vítima foi agredida nos

últimos 12 meses e número de meses que vem sendo agredida pela mesma pessoa . . . 36

Tabela 11 Distribuição do tempo que a vítima vem sendo sofrendo violência pelo

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xi

Tabela 12 Distribuição das vítimas segundo lugares onde procurou ajuda além da

DDM de acordo com o uso de substâncias do agressor no momento da

agressão, segundo informação das vítimas – resposta múltipla . . . 38

Tabela 13 Distribuição da violência psicológica sofrida pela vítima e a relação com uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 40

Tabela 14 Distribuição da violência física moderada sofrida pela vítima e a relação com uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 41

Tabela 15 Distribuição da violência física grave sofrida pela vítima e a relação com uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 42

Tabela 16 Distribuição da violência sexual sofrida pela vítima e a relação com uso de substâncias pelo agressor no momento da agressão, segundo informação das vítimas . . . 44

Tabela 17 Proporções de itens assinalados para cada tipo de violência . . . 46

Tabela 18 Média dos indicadores de violência por grupo . . . 48

(13)

xii

RESUMO

(14)
(15)

2 A OMS (Organização Mundial da Saúde) define violência como “o uso intencional de força física ou poder, em ameaça ou de fato, contra uma pessoa, grupo de pessoas ou comunidade, que resulta ou tem alto potencial de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, problemas de desenvolvimento ou privação”. Esse assunto que antes era abordado como uma questão exclusivamente de segurança, nas últimas décadas passou a ser discutido no campo da saúde e, inclusive, é considerado atualmente um dos principais problemas de saúde pública. A OMS considera a violência como um acontecimento passível de prevenção e, em sua resolução WHA49.25, recomenda prioridade na abordagem das questões relacionadas à violência, levantando a necessidade de considerar sua magnitude e suas conseqüências (WHO, 2002).

A atual proposta de classificação para esse fenômeno contempla os seguintes tipos de violência (WHO, 2002):

• Violência auto-dirigida (comportamento suicida e auto-abuso)

Incluem-se os pensamentos suicidas, tentativas de suicídio e auto-mutilações.

• Violência interpessoal (familiar e entre casais e comunitária)

São consideradas como violência familiar aquela ocorrida entre parceiros íntimos (VPI) e outros membros da família, principalmente em ambiente doméstico, mas não exclusivamente.

Shrader & Sagot (2000) definem violência familiar da seguinte maneira: “Todo ato ou omissão cometida por um membro da família em uma posição de poder, independente de onde ocorra que prejudique o bem-estar físico ou a integridade psicológica, ou a liberdade e o direito ao desenvolvimento integral de outro membro da família”.

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3 crianças e pessoas idosas de ambos os sexos, independentemente de raça, classe social, nível educacional, ou papel dentro da estrutura familiar. De maneira geral ocorre em casa e frequentemente é perpetrada por homens que também são moradores. A vítima mais freqüente da violência familiar é a mulher, sendo que o abuso de mulheres pelos parceiros é forma mais comum desse tipo de violência (Shrader & Sagot, 2000; WHO, 2005).

A violência comunitária ocorre entre pessoas que podem ou não se conhecer e geralmente fora do ambiente doméstico (ex: estupros, ataques sexuais, violência institucional ocorrida em escolas, prisões etc)

• Violência coletiva (social, política e econômica)

Incluem-se os atos terroristas, crimes de multidões, crimes cometidos por grupos organizados que caracterizam a dominação de grupos ou do Estado.

Com relação a sua natureza, a violência pode ser classificada em:

• Violência Física

Ocorre quando alguém, em posição de poder, infringi ou tenta infringir dano intencional através de força física ou qualquer tipo de arma, que possa ou não induzir ferimentos externos, internos ou ambos, ou ser prejudicial a auto-estima do indivíduo. Castigos repetidos, severos ou não, tapas, empurrões, trancos, socos, chutes, surras, estrangulamentos, queimaduras, utilização de armas e objetos, são considerados violência física. (Shrader & Sagot, 2000; Garcia Moreno et al, 2006)

• Violência Sexual

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4 A violência sexual ocorre em uma variedade de situações, incluindo o estupro conjugal, abuso sexual de crianças, incesto, assédio sexual e estupro e engloba, toques indesejados; relação emocional sexualizada; penetração oral, anal ou vaginal com o pênis ou um objeto estranho; exposição forçada a material pornográfico e exibicionismo. (Shrader & Sagot, 2000; Garcia Moreno et al, 2006)

• Violência Psicológica

Qualquer ato ou omissão que prejudica ou tente causar danos a outra pessoa, sua auto-estima, identidade, ou desenvolvimento. Inclui insultos constantes, a negligência, a humilhação, a recusa de reconhecer realizações, chantagem, degradação, isolamento de amigos e familiares, ridicularização, rechaço, manipulação, ameaças, exploração, comparações negativas, intimidação e outros (Shrader & Sagot, 2000; Garcia Moreno et al, 2006).

• Negligência ou Privação (Violência Econômica)

Esta categoria inclui todas as medidas tomadas pelo agressor ou omissões que põem em risco a sobrevivência das mulheres e suas crianças, ou a desapropriação ou a destruição dos seus bens pessoais ou bens comuns do casal. Isto inclui a perda de habitação ou abrigo, objetos de uso doméstico e eletrodomésticos, a terra, outros bens, bem como os pertences pessoais da mulher afetada ou suas crianças. Inclui também a recusa de pagar pensão alimentícia ou cobrir as despesas básicas para a sobrevivência da família. Negligência e pobreza são questões distintas (Shrader & Sagot, 2000).

Diversos estudos têm sido realizados com o intuito de mensurar a incidência de violência interpessoal em vários países. Um estudo realizado a partir de Levantamentos Demográficos em cinco países da América Latina (Colômbia, República Dominicana, Haiti, Nicarágua e Peru) verificou histórico de violência entre casais entre 16% (Haiti) e 39% (Peru) dos pesquisados (Flake & Forste, 2006).

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5 íntimo na vida que variou de 13% no Japão (cidade) a 61% no Peru (província), na maioria dos sítios os índices ficaram entre 23% e 49%. Já a prevalência sexual por parceiro íntimo na vida variou de 6%(Japão e Sérvia e Montenegro,cidades) a 59% (Etiópia província), com a maioria dos sítios tendendo entre 10% e 50%. (Garcia-Moreno et al., 2006).

No Brasil, ao menos 46,4% das mulheres de São Paulo, referiram uma forma de violência por parceiro íntimo (IPV - Intimate Partner Violence). Com relação ao tipo de violência essas taxas ficaram em torno de 24,4% para violência física, 38,7% para violência psicológica e 8,3% para violência sexual (Blima et al, 2007).

Em Levantamento Nacional sobre padrões de consumo de álcool na população brasileira realizado recentemente, constatou-se que os homens haviam consumido álcool em 38,1% dos casos de violência por parceiro íntimo (Zaleski, 2009). Taxas semelhantes foram encontradas em Levantamento Domiciliar Nacional, onde 42% dos agressores estavam alcoolizados no momento da agressão (Fonseca et al, 2009).

Alguns estudos chamam atenção para os impactos da violência para a saúde física, mental e psicológica do sistema familiar (Grossi, 1996; Diniz, 1999). Pesquisa realizada com mulheres que procuraram uma DDM no Ceará mostrou que 65% da amostra apresentou escores elevados para sintomas somáticos, 78% tiveram sintomas de ansiedade e depressão e 26% distúrbios sociais. Entre os agressores, 70% haviam ingerido álcool antes da agressão e 11% consumiram outras drogas (Adeodato et al, 2005). Estudo realizado em Dallas (EUA) apontou que mulheres expostas a IPV (Intimate Partner Violence) tem maior probabilidade de consumir álcool, drogas, sedativos e analgésicos (Lipsky et al, 2005).

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6 casais violentos permanecem juntos por muitos anos, assim como mulheres que tomam atitude de denunciar seus companheiros agressores, muitas vezes, embriagados, acabam desistindo de manter a denúncia por medo das represálias ou ainda pela crença que isso ocorreu porque o responsável foi o álcool. Cerca de 50% a 75% dos casais envolvidos em violência mantém seus relacionamentos mesmo após intervenções sociais, legais e policiais (WHO, 2002).

1.1 Álcool e violência

Diversos estudos têm demonstrado a importante associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e de algumas outras drogas em diferentes ocorrências de violência interpessoal, tanto entre as vítimas como entre os autores (Brookoff et al, 1997; Macdonald et al, 1999; Duarte & Carlini-Cotrim, 2000; Caetano et al, 2001; Pridemore, 2002; Noto et al, 2004; Flake & Forste, 2006; Thompson & Kingree, 2006).

A associação entre violência e o consumo de psicotrópicos ocorre em diferentes contextos. Ainda que as brigas, os assaltos e discussões que acontecem nas ruas e em bares ganhem maior visibilidade, pesquisas apontam que a violência familiar também apresenta importante associação com o consumo de psicotrópicos (Brockoff et al, 1997; Caetano et al, 2001; Flake & Forste, 2006). Em um levantamento domiciliar realizado no Estado de São Paulo foi observado que em 54% dos relatos de violência familiar os agressores estavam sob efeito de psicotrópicos, com preponderante predomínio (52,7%) de bebidas alcoólicas (Noto et al, 2004).

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7 uso corrente de álcool ou outras drogas (Bonomi et al., 2006). Uma pesquisa realizada a partir de chamados policiais de Zurich (Suíça) evidenciou o envolvimento do consumo de álcool em 40% das situações de violência doméstica investigadas (Maffli & Zumbrunn, 2003).

Um Levantamento realizado na própria cena dos atendimentos policiais em Memphis (EUA) observou que, entre os incidentes de violência doméstica, 92% dos agressores envolvidos relatou uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas (Brockoff et al, 1997).

Um dos poucos estudos brasileiros sobre esse tema, nos setores de segurança/justiça, foi realizado por Duarte & Carlini-Cotrim (2000), através da análise processos dos Tribunais do Júri de Curitiba, encontrando que 58,9% dos autores e 53,6% das vítimas estavam sob efeito do álcool no momento da ocorrência.

(21)

8 Ideologia Manifestações Processos Fatores de influência

Figura 1. Esquema de fatores relacionados a violência por parceiro íntimo (Jewkes, 2002)

IPV Superioridade masculina Cultura da violência Idéias de virilidade ligadas ao controle das mulheres Baixo valor e poder social da mulher Papel social masculino Distintos papéis de gênero e hierarquia Conflito de relacionamento Crises de mascunilidade e resolução de crises

Reforço da hierarquia e puniçãodas transgressões

Falta de apoio familiar,social e jurídicopara mulheres Poucas funções públicaspara as mulheres Baixos níveis de educação das mulheres

Testemunhado e vivenciado aviolência: mãe abusada e espancamentos na infância

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9 Em relatos do século XIX já percebe-se a interação de diversos componentes que resultaram em violência, como no caso de Marcolino e Arminda. Segundo análise, contata-se que à medida que Marcolino tornava-se mais dependente do álcool, era mais rejeitado pela sociedade e tinha necessidade de assegurar sua autoridade junto à família, o que fazia tentando obrigar a mulher a atos humilhantes e espancando-a (Priore, 2008).

Nota-se que, apesar da enorme de diferença temporal, as queixas permanecem muito parecidas, como no caso de Maria Adelaide, ao falar de seu companheiro Antonio em 1904: “É homem que bebe e quando está embriagado entende de lhe espancar, o que já a fez vir a delegacia” (Priore, 2008).

Embora as diferenças potenciais entre episódios de violência que envolvem álcool e episódios de violência que não envolvem sejam muito inexplorados, alguns estudos trazem evidências que episódios de violência marital em que os maridos haviam bebido foram mais severos do que aqueles em que o marido estava sóbrio (Testa, Quigley e Leonard, 2003). E que mulheres cujo os parceiros ficam alcoolizados tem entre 2,6 a 9,8 mais chances de sofrer abuso do que mulheres cujo os parceiros não ficam alcoolizados (Lipsky et al, 2005;Flake & Forste, 2006; Thompson & Kingree, 2006).

Mulheres com parceiros alcoolizados têm uma vez e meia mais chance de reportar o incidente para a polícia, índice que se eleva para três vezes e meia mais chance quando ela teme pela prória vida ou a de alguém próximo a ela (Thompson e Kingree, 2006).

1.2 Álcool e outros psicotrópicos: epidemiologia e consequências

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10 prevalência de 12,3% de dependência de álcool e 74,6% de uso na vida de álcool. Conforme esses dados, o álcool é a substância mais usada no Brasil (Carlini et al, 2007).

No I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira, observou-se uma prevalência de 3% de uso nocivo de bebidas alcoólicas e 9% de dependentes entre a população adulta (Laranjeira et al, 2007).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo que consomem bebidas alcoólicas e 76,3 milhões com transtorno pelo uso de álcool diagnosticado (WHO,2004). Sendo assim, são altos os custos econômicos, sociais e de saúde para as sociedades em consequência do uso problemático de álcool (WHO, 2004).

A farmacologia do álcool é caracterizada por efeito bifásico, estimulante e depressor, que envolve uma série de sistemas de neurotransmissão. Diferenças individuais tanbém devem ser consideradas. Para alguns indivíduos, a exacerbação do comportamento agressivo e a redução da crítica são alguns dos principais efeitos do álcool que parecem estar relacionados a violência (Stahl, 2002). Outros psicotrópicos, especialmente os estimulantes, como a cocaína, também aumentam a possibilidade de comportamentos agressivos. (Moore et al, 2008)

1.3 Delegacia de Defesa da Mulher – DDM

(24)

11 corporal, ameaça constrangimento ilegal, atentado violento ao pudor, entre outros. Em 1984, um ano antes da criação da primeira DDM, os distritos policiais da capital (SP) registraram cerca de 3.000 ocorrências relativas a queixas de mulheres vítimas de violência, ao passo que a primeira delegacia da mulher registrou, sozinha, 7.000 ocorrências e atendeu 65.000 mulheres no período de um ano (Santos, 2001). Estatísticas semelhantes têm sido desde então realizadas sistematicamente. No entanto, faltam estudos que busquem avaliar a frequência dos casos denunciados nas DDMs que tenham associação com consumo de álcool e outras drogas.

Para os casos de violência associada ao uso de psicotrópicos, a colaboração entre serviços de segurança e os de abuso de drogas, pode auxiliar na efetividade dos mesmos (Irons & Schneider, 1997; Easton et al, 2000; Bennett & O´Brien, 2007). Evidências apontam que as duas instituições mais citadas por mulheres vítimas de violência doméstica que procuraram ajuda são as delegacias e as organizações de proteção a mulher (Bruschi, Paula e Bordin, 2006).

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(26)

13

2.1 Objetivo geral

O presente estudo teve por objetivo descrever os casos associados ao uso de álcool e outras drogas, entre as denúncias de violência familiar nas nove Delegacias de Defesa da Mulher do Município de São Paulo.

2.2 Objetivos específicos

• Avaliar a freqüência dos casos de denúncia nos quais as vítimas referiram que agressores haviam feito uso de álcool e/ou outras drogas, entre o total de casos de violência familiar atendidos nas DDMs do município;

• Descrever as situações de violência familiar ocorridas com o uso de psicotrópicos (álcool, outras drogas ou ambos) nos seguintes aspectos: tipo de violência, frequência e duração da violência, características dos agressores e das vítimas, nível socioeconômico, testemunho de crianças, opção pelo processo jurídico e busca de ajuda em outros serviços de segurança e/ou saúde;

• Apresentar uma tipologia dos casos de violência denunciados, de acordo a classificação de violência psicológica, física (moderada ou grave) e sexual;

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(28)

15

3.1 Amostra

Os dados foram coletados nas nove DDMs do Município de São Paulo (Anexo 1) sendo a amostra composta por mulheres que buscaram as DDMs por denúncia de violência familiar. A amostra foi calculada com base em estimativa fundamentada na literatura, nível de significância de 5%, poder do teste de 80% e nível de confiança de 95%. Todo o processo de coleta dos dados foi avaliado em um estudo piloto, realizado em duas DDMs do município de São Paulo com características bem distintas (2ª e 6ª DDM). Nesse estudo, foram testadas a amostragem e a entrevista.

Para a composição amostral, cada uma das nove DDMs foi pesquisada em 21 dias alternados ao longo de quatro meses, no período de setembro de 2008 e abril a junho de 2009. A alternância dos dias buscou ponderar a variação semanal, sendo pesquisadas três segundas-feiras, três terças-feiras e assim por diante. Para a escolha da época de coleta de dados, foi feito um estudo da freqüência de atendimentos das DDMs nos três anos que antecederam a pesquisa. Foram evitados os meses atípicos, com picos ou baixas acentuadas no número de atendimentos (como o mês de março pelo dia Internacional da Mulher – 8 de Março). Para cada dia pesquisado, pelo menos uma entrevistadora permaneceu em esquema plantão durante todo o horário de atendimento da DDM.

Assim, dentro do período pesquisado, foram convidadas a participar do estudo todas as mulheres que registraram queixa e preenchessem os critérios de inclusão: sem comprometimento cognitivo e/ou de comunicação, com denúncia de violência com autoria conhecida. Em caso de crianças de 0-12 anos (8 casos) foi realizada entrevista com um dos pais (ou representante legal). Recusaram-se a participar 183 mulheres, a maioria das quais alegou “falta de tempo”.

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16 agressor durante o episódio denunciado (N=245). Dessa forma, o estudo foi realizado com 780 mulheres.

3.2 Entrevistas

Em nossa pesquisa não conseguimos encontrar nenhum instrumento que avaliasse violência e uso de drogas e pudesse ser aplicado num contexto tão específico como é o de uma Delegacia de Defesa da Mulher, por esse motivo as entrevistas foram estruturadas a partir de um questionário, elaborado pela OMS (2006) que aborda questões sobre violência psicológica, física e sexual e uma vez identificado o tipo de violência, foi perguntado se o autor e a vítima estavam sóbrios, sob efeito de álcool, cocaína, maconha ou outras drogas. Também foi investigada a frequência de consumo de psicotrópicos entre as mulheres entrevistadas, tendo por base o mês anterior a pesquisa, de acordo com o modelo de questionário adaptado do II Levantamento Domiciliar Nacional sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas (Galduroz, 2005; Carlini et al, 2007). Foi avaliado o perfil das pessoas envolvidas (sexo, idade e grau de parentesco) e a freqüência da(s) ocorrência(s) no mês que antecedeu a pesquisa.

A partir daí realizamos pilotos para testá-lo e por fim chegamos a versão final (Anexo 2) que contém dados sobre a aplicação, a vítima, a ocorrência denunciada, o agressor, alguns dados sobre o Boletim de ocorrência e observações.

Durante as entrevistas, as perguntas foram formuladas de forma direta e as respostas registradas pelo entrevistador. Também, foi orientada a interrupção das entrevistas diante da presença de qualquer outra pessoa e/ou se solicitada pela entrevistada.

3.3 Treinamento da Equipe

(30)

17 instrumento de pesquisa e os procedimentos adotados, também foram fornecidas informações sobre violência, uso de drogas e aspectos éticos em pesquisa.

Para a formação da equipe de entrevistadoras foram selecionadas somente mulheres, pois trata-se de um ambiente feito para acolher pessoas desse sexo e onde tem como predominância funcionárias também mulheres para que as vítimas sintam-se mais á vontade. As entrevistadoras tinham experiência com pesquisa e muitas inclusive em trabalhos anteriores do CEBRID.

Foram realizados encontros em 3 dias diferentes e durante o treinamento foram abordados os seguintes temas: contextualização sobre álcool e violência, o CEBRID, DIMESAD, drogas e objetivos do projeto, metodologia detalhada (amostragem, registro entrevista, questionário), postura em campo, supervisão (organograma, cronograma, horários) e a leitura de casos fictícios para análise e discussão.

Também foram feitas simulações de aplicação de questionários e visitas as delegacias para a realização de um primeiro contato com o ambiente de trabalho.

Foi entregue uma lista de matérias contendo: o cronograma de treinamento, um manual (Anexo 3), endereços e contatos das delegacias, cópias dos questionários, folhas de controle de amostragem (Anexo 4), e termo de consentimento (Anexo 5).

3.4 Aspectos éticos

(31)

18 participar foi oficializada com um termo de consentimento livre esclarecido. No caso de crianças e adolescentes, o termo foi assinado por um dos pais (ou representante legal).

3.5 Greve

No dia 16/09/2008 a polícia civil entrou em greve, mas apenas alguns Distritos Policiais haviam aderido, prosseguimos a coleta por mais uma semana (até 26/09), mas devido a divulgação da greve pela imprensa o movimento de ocorrências caiu muito, sendo feita a opção por interromper a coleta de dados e retornar no próximo período viável (não atípico quanto ao número de ocorrências), ou seja, de abril a junho de 2009.

3.6 Crítica, processamento e análise dos dados

Os questionários foram examinados individualmente antes da primeira digitação, para verificação de possíveis erros de preenchimento, além de verificar a coerência interna do questionário como um todo. Foi realizada dupla digitação dos dados e utilizado o SPSS versão 15.0 para análise dos mesmos.

3.7 Metodologia estatística

(32)

19 As associações entre variáveis categóricas foram realizadas via teste de Qui-quadrado de Pearson e em caso de amostras pequenas1, o teste exato de Fisher.

O teste t de Student foi utilizado para se comparar médias entre dois grupos. A Análise de Variâncias (ANOVA) foi utilizada para se comparar médias para mais de dois grupos. Tendo sido verificado diferenças nas médias entre grupos, comparações múltiplas de Duncan (grupos homocedásticos2) ou C de Dunnett (grupos não homocedásticos) foram realizadas para se localizar tais diferenças. Este modelo tem como pressuposto a normalidade dos dados cuja verificação foi realizada via teste de Kolmogorov-Smirnov. Nos casos de violação de normalidade nos dados, foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskall-Wallis.

Posteriormente, procurou-se determinar grupos homogêneos segundo as violências sofridas via Análise de Agrupamentos (análise de cluster) pelo método Hierárquico e algoritmo de junção Ward, sendo gerados de 2 a 15 grupos. A partir dos grupos gerados avaliou-se o ganho na homogeneidade interna dos grupos via MANOVA, a partir do qual se determinou o número adequado de grupos.

Para todos os testes estatísticos foram utilizados um nível de significância de 5%.

1

Valores esperados inferior a 5 em mais de 20% das caselas 2

(33)
(34)

21

4.1 Perfil da vítima

A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas das vítimas. A média das idades foi de 33,8 anos (DP=11,18) sendo observadas uma idade mínima de 2 anos e máxima de 85 anos. Na maioria dos casos (99,0%) foi a própria vítima quem prestou a queixa. Como representantes foram citadas avó, tia, conselheira tutelar e mãe, sendo esta última a mais freqüente.

Verificou-se que 48,7% possuíam ensino médio/técnico e 82,0% apresentam rendas totais dos moradores da residência até R$ 2.075,00 (exclusive sem rendimentos). Destacou-se também o fato de 58,2% das vítimas serem solteiras. Em relação a ocupação, as mais freqüentes foram: donas de casa (13,2%), empregadas domésticas (13,1%) e desempregadas (14,5%).

(35)

22 Tabela 1. Características sócio-demográficas de 780 vítimas que procuraram as

Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo.

Total Características da Vítima

N %

Faixa Etária 779 100,0

Até 14 8 1,0

15 a 19 41 5,3

20 a 29 252 32,3

30 a 39 259 33,2

40 a 49 155 19,9

50 a 59 46 5,9

60 ou mais 18 2,3

Sem informação (N=1)

Escolaridade 780 100,0

Nunca freqüentou a escola 15 1,9 Ensino Fundamental (primário/ginásio) 282 36,2 Ensino Médio/Técnico (colegial) 380 48,7 Ensino Superior (faculdade) 103 13,2

Estado civil atual 779 100,0

Solteira 453 58,2

Casada 259 33,2

Viúva 8 1,0

(36)

23

4.2 Perfil do Agressor

A Tabela 2 apresenta as características do agressor. Pode-se observar que cerca de 96,0% dos agressores eram homens e cerca de 70,0% possuíam de 20 a 39 anos. Observa-se também que 52,1% possuíam ensino fundamental, 49,9% eram companheiros das vítimas e 29,2% ex-companheiros. Destaca-se o fato também de 73,1% estarem trabalhando na ocasião da pesquisa.

Em relação a referência ao uso de álcool e/ou outras drogas pelos agressores, segundo relato das vítimas, 51,3% dos agressores não fizeram uso de álcool ou outra droga, 28,1% fizeram uso só de álcool, 9,2% só de outra droga e 11,4% de álcool e outra droga (Figura 1). Com relação às outras drogas usadas, coube destaque ao uso de cocaína (11,8%) (Tabela 3).

(37)

24 Tabela 2. Características sócio-demográficas de 780 agressores denunciados nas

Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo.

Características do agressor N %

Sexo 780 100,0

Feminino 27 3,5

Masculino 753 96,5

Faixa Etária 777 100,0

Até 19 7 0,9

20 a 29 201 25,9

30 a 39 274 35,3

40 a 49 186 23,9

50 ou mais 109 14,0

Sem informação (N=3)

Escolaridade 743 100,0

Nunca freqüentou a escola 26 3,5 Ensino Fundamental (primário/ginásio) 387 52,1 Ensino Médio/Técnico (colegial) 273 36,7 Ensino Superior (faculdade) 57 7,7 Sem informação (N=37)

Grau de parentesco 780 100,0

Namorado 20 2,6

Ex-namorado 62 7,9

Companheiro 389 49,9

Ex-companheiro 228 29,2

Irmão 19 2,4

Pai 8 1,0

Outros parentes 54 6,9

Ocupação 780 100,0

Trabalha 570 73,1

Desempregado 165 21,2

Aposentado 33 4,2

(38)

25

Figura 2: Consumo de álcool ou outra droga pelo agressor na ocasião da ocorrência

(39)

26 Tabela 3. Substâncias usadas pelos agressores (N=780), segundo informação das vítimas, na ocasião da agressão denunciada nas Delegacias de Defesa da Mulher do município de São Paulo.

Características do agressor N %

Substância usada na ocasião

Álcool 780 100,0

Não 472 60,5

Sim 308 39,5

Crack 716 100,0

Não 684 95,5

Sim 32 4,5

Não sabe (N=64)

Cocaína 701 100,0

Não 618 88,2

Sim 83 11,8

Não sabe (N=79)

Maconha/Haxixe 715 100,0

Não 652 91,2

Sim 63 8,8

Não sabe (N=65)

Solvente 734 100,0

Não 729 99,3

Sim 5 0,7

Não sabe (N=46)

Anfetaminas 738 100,0

Não 736 99,7

Sim 2 0,3

Não sabe (N=42)

Esteróides anabolizantes 746 100,0

Não 738 98,9

Sim 8 1,1

Não sabe (N=34)

Calmantes 738 100,0

Não 719 97,4

Sim 19 2,6

Não sabe (N=42)

Outras 738 100,0

Não 730 98,9

Sim 8 1,1

(40)

27 Dos agressores que possuíam alguma questão referente ao uso de drogas, como abuso ou dependência (segundo percepção da vítima), a grande maioria nunca procurou qualquer tipo de tratamento (86,6%) e dentre os que procuraram os locais mais citados foram internação hospitalar (4,5%) e grupos de auto-ajuda(4,0%) (Tabela 4).

Tabela 4. Distribuição dos locais de ajuda buscada pelos agressores, segundo informação das vítimas, com relação ao uso de substâncias.

Total Agressor procurou ajuda ou tratamento

pela forma como bebe ou usa drogas N % dos respondentes

Total de respostas* 559

Total de respondentes 531

Não 460 86,6

Internação hospitalar 24 4,5

Ambulatorial 9 1,7

Sala de emergência 10 1,9 Consultório Particular 6 1,1 Grupos de auto-ajuda 21 4,0

Outros 29 5,5

* Só responderam a esta questão as vítimas que consideravam que o agressor tinha

problemas pela forma como bebia ou usava drogas. Cada vítima poderia responder a mais de uma alternativa de ajuda/tratamento (resposta múltipla)

4.3 Análise das características da vítima e da ocorrência de agressão denunciada, por tipo de agressor quanto ao seu uso de substância

(41)

28 Com relação ao local das agressões pode-se observar na Tabela 6 que, quando foi referido consumo exclusivamente o álcool pelo agressor, os episódios de violência tenderam a ocorrer em sua maioria dentro do domicílio, ao passo que quando há o consumo de outras drogas, sejam elas misturadas com o álcool ou consumidas exclusivamente, as agressões tenderam a ocorrer mais fora do domicílio como na rua ou em bailes e festas. No entanto, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas.

Por outro lado, o perfil de testemunhas destes episódios demonstrou diferenças. Filhos menores de 18 anos presenciaram mais episódios onde o álcool havia sido consumido (misturado com outras drogas ou não), filhos maiores de 18 anos presenciam mais a violência efetuada pelo agressor alcoolizado (sem o consumo de outras drogas), ao passo que outros parentes adultos e adultos não parentes testemunham mais as agressões realizadas por indivíduos intoxicados por outras drogas (misturadas ao álcool ou não).

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32 Quanto aos os dias e horários das agressões, na Tabela 8 verificou-se que os episódios ocorridos com o agressor que não fez uso de nenhuma substância não tem uma tendência específica, distribuindo-se entre segundas, quartas e quintas. O agressor que consumiu substâncias em geral (drogas misturadas ou não ao álcool) demonstrou um padrão que tendeu aos finais de semana, ocorrendo agressões as sextas e sábados, mas também as terças. Já o agressor que consumiu exclusivamente o álcool demonstrou ter um padrão de agressões concentradas especificamente aos sábados e domingos. Desta forma observou-se uma tendência para ocorrências aos finais de semana dentre os agressores que haviam feito uso de alguma substância, principalmente o álcool.

No que se refere ao período do dia em que ocorreram as agressões, destacou-se o período noturno, principalmente dentre os agressores que haviam feito uso exclusivo de álcool.

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35 Observou-se que, para a média do número de vezes que as vítimas vinham sendo agredidas nos 12 últimos meses e tempo que vinham sendo agredidas pela mesma pessoa, foram detectadas diferenças segundo o uso de substâncias pelo agressor (Tabela 10). Destacou-se o fato de que as vítimas, cujos agressores faziam uso de álcool e drogas no último episódio tenderam a ter sofrido mais agressões nos últimos 12 meses. Por outro lado, as vítimas cujos agressores usaram só álcool no último episódio, tenderam a apresentar tempo maior de agressão pela mesma pessoa. Observou-se na Tabela 11 que essas vítimas (agressor alcoolizado) em geral vinham sendo agredidas há mais de 10 anos pela mesma pessoa.

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39 As Tabelas 13 a 16 apresentam a distribuição das violências sofridas pela mulher por uso de substâncias do agressor na ocorrência. Observou-se associação entre tipo de substância que o agressor fez uso e os itens “Insultou ou fez com que você se sentisse mal” (p=0,0062), “Depreciou ou humilhou você diante de outras pessoas” (p<0,0001), “Ameaçou machucá-la ou alguém ou algo de que você gosta” (p=0,0045) e “Ameaçou usar arma de fogo, faca ou outro tipo de arma” (p<0,0001). De uma forma geral, para esses itens nota-se que eles ocorreram com maior freqüência quando o agressor fez uso de álcool e droga.

Com relação à violência física moderada, verificou-se associação apenas com os itens “Empurrou-a ou deu lhe um tranco chacoalhão”, sendo igualmente mais freqüente quando o agressor só fez uso de droga ou só de álcool.

Analisando-se os itens classificados como violência física grave, verifica-se associação com os itens “Machucou-a com um soco” (p=0,0181), “Machucou-a com algum objeto” (p=0,0006), “Deu lhe um chute arrastou ou surrou você” (p=0,0180), “Usou arma de fogo, faca ou outro tipo de arma contra você” (p=0,0002). Para esses três últimos itens, verifica-se uma freqüência maior de ocorrência quando o agressor faz uso só de droga. Já para o item “Machucou-a com um soco” ocorre de forma mais freqüente e similar entre os agressores que só fizeram uso de droga ou só de álcool.

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4.4 Construção da tipologia dos de violência denunciados

4.4.1 Aspectos da Violência

Os itens do bloco sobre os tipos de violência que as vítimas sofreram foram agrupadas segundo quatro aspectos, conforme o Quadro I. Para cada um dos aspectos foram gerados indicadores de violência sofrida na forma de proporções de itens assinalados pela vítima. As distribuições destes indicadores estão apresentados na Tabela 17. Destaca-se nesta tabela que 78,7% das vítimas assinalaram 3 em 4 itens (0,75) de violência psicológica e 88,2% não assinalaram violência sexual. Além disso, mais de 60,0% apontaram pelo menos 1 tipo de violência física moderada ou grave sofrida.

Quadro I. Classificação dos itens segundo tipo de violência

Violência Itens

1. Insultou ou fez com que você se sentisse mal

2. Depreciou ou humilhou você diante de outras pessoas 3. Fez coisas para assustá-la ou intimidá-la de propósito Psicológica

4. Ameaçou machucá-la ou alguém ou algo de que você gosta 1. Deu lhe um tapa ou jogou algo em você

Física Moderada

2. Empurrou-a ou deu lhe um tranco chacoalhão 1. Machucou-a com um soco ou com algum objeto 2. Deu lhe um chute arrastou ou surrou você 3. Estrangulou você ou queimou você de propósito Física Grave

4. Ameaçou usar ou realmente usou arma de fogo, faca ou outro tipo de arma contra você

1. Forçou-a fisicamente a manter relações sexuais 2. Você teve relação sexual porque estava com medo Sexual

(59)

46 Tabela 17. Proporções de itens assinalados para cada tipo de violência.

Tipos de Violência N %

Psicológica 780 100,0

0,00 10 1,3

0,25 38 4,9

0,33 1 0,1

0,50 117 15,0

0,75 255 32,7

1,00 359 46,0

Física Moderada 780 100,0

0,00 309 39,6

0,50 203 26,0

1,00 268 34,4

Física Grave 780 100,0

0,00 265 34,0

0,25 239 30,6

0,50 140 17,9

0,75 87 11,2

1,00 49 6,3

Sexual 779 100,0

0,00 687 88,2

0,33 44 5,6

0,67 33 4,2

1,00 15 1,9

4.4.2 Tipologia da violência

(60)

47 Multivariada) em função do número de grupos, determinou-se como quatro, a quantidade adequada de grupos.

Para a interpretação dos padrões de similaridades encontrados pela análise de agrupamentos, é fundamental avaliar o comportamento das variáveis originais dentro de cada grupo, buscando identificar aquelas que mais distinguiram um determinado grupo dos demais, verificando a coerência dos resultados com a natureza do fenômeno ou processo estudado.

4.4.3 Resultados da Análise de Agrupamentos

(61)

48

(62)

49

Figura 3. Média dos indicadores por grupo

Tabela 19. Uso de substâncias pelo agressor de acordo com grupos.

Condição do agressor 1 2 3 4 Total p

Sem uso de álcool ou quaisquer outras droga 55,0 65,3 45,8 37,5 51,2 > 0,001 Bebidas alcoólicas (sem outra droga) 26,4 25,8 30,4 25,0 28,1 > 0,001 Bebidas alcoólicas (com outra droga) 11,6 4,0 12,3 22,9 11,4 > 0,001 Cocaína (pó) 10,1 3,5 13,9 27,9 11,9 > 0,001 Crack 3,6 1,7 6,0 4,5 4,5 0,223 Maconha 5,8 3,4 11,1 21,3 8,8 > 0,001 Calmantes 2,7 1,7 2,9 2,1 2,6 0,962 Anabolizantes 1,7 0,0 0,6 4,3 1,1 0,056 Solventes 1,3 0,0 0,3 2,1 0,7 0,159 Anfetaminas 0,4 0,0 0,3 0,0 0,3 1,000

*Teste exato de Fischer

(63)

50 Desta forma, de acordo com a Tabela 19 e Figura 3 , os grupos podem ser interpretados descritivamente como:

Grupo 1: este grupo formado por 242 mulheres (31,0%) constitui o grupo com as menores médias de violências físicas moderada ou grave. Entretanto a média de violência psicológica encontra-se superior à média geral. Nota-se também a quase ausência de violência sexual. Não houve diferença significativa com relação ao uso de substâncias.

Grupo 2: formado por 124 mulheres (15,9%) apresentou uma das maiores médias de violência psicológica, a terceira maior média de violência física moderada e violência grave similar à média do grupo 1. Este grupo destacou-se pela ausência de violência sexual e pela maior porcentagem de agressores sóbrios.

Grupo 3: formado por 365 mulheres (46,9%) apresentou uma das maiores médias de violência psicológica e violência física moderada. Além disso, a média de violência física grave foi a segunda maior. Nota-se também a quase ausência de violência sexual de forma similar ao grupo 1. Este grupo apresentou a maior porcentagem de agressores alcoolizados.

(64)
(65)

52 A freqüência de denúncias relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas ou outras drogas por agressores (48,7%), foi próxima a taxa encontrada em estudo onde a coleta de dados foi realizada por telefone ou e-mail nos EUA (Bonomi et al, 2006) porém inferior aos dados obtidos em pesquisa onde os dados foram coletados no domicílio onde houveram chamadas policiais no mesmo país (Brokoff et al, 1997).

Por outro lado, no que diz respeito ao consumo de álcool, foi obtido um índice (39,5%) superior ao encontrado na Suíça (Maffli & Zumbrunn, 2003) onde 23,8% dos agressores haviam consumido álcool. Neste estudo os dados foram coletados através de entrevistas realizadas com os oficiais que atenderam as ocorrências.

Em comparação com Levantamentos Nacionais feitos com a população geral os índices foram condizentes (Zaleski, 2009; Fonseca et al 2009). Por outro lado, foi inferior a taxa encontrada na DDM do Ceará, onde 70% dos agressores haviam ingerido álcool (Adeodato et al, 2005).

Essas variações possivelmente ocorrem devido às diferenças culturais e de metodologia de coleta de dados. No que concerne especificamente a metodologia, provavelmente os dados coletados diretamente no local da chamada e com as pessoas envolvidas no episódio tenha uma sensibilidade maior para detecção da relação entre o episódio violento e o uso de álcool e outras drogas, por tratar-se de um ato impulsivo de pedido de ajuda ao contrário da atitude de ir a uma delegacia, que provavelmente exigiu alguma reflexão anterior à respeito das conseqüências para o agressor(que na maior parte das vezes também é um membro da família).

(66)

53 Em relação ao local e horário das agressões, aquelas cometidas por indivíduos que haviam consumido álcool ocorreram predominantemente dentro dos domicílios, aos finais de semana e no período noturno. Em pesquisa realizada nos EUA, entre homens em tratamento para o alcoolismo, foi verificado que a maior parte dos conflitos ocorria em casa e à noite (Murphy et al, 2005).

Com relação ao testemunho das agressões, especialmente nos casos de autores sob efeito do álcool, destaca-se a elevada freqüência de casos ocorridos na presença de filhos menores de 18 anos. Esse dado merece atenção em função das conseqüências desta exposição, uma vez que alguns estudos apontam para maior chance destas crianças se tornarem mais ansiosas ou depressivas, terem maior probabilidade de apresentar problemas escolares, uso de drogas, comportamentos agressivos (ou ilegais) e continuarem o ciclo de violência (Ernst et al, 2008; Audi et al, 2008; Moreira et al,2008).

As mulheres vítimas de agressores que haviam consumido álcool relataram conviver com agressões há um período maior de tempo. Em contra partida, essas foram as mulheres que, em maiores proporções, optaram por não abrir processo contra o agressor na ocasião da denúncia. Uma das possíveis explicações para tal resultado seria a possibilidade de alguns dos agressores serem dependentes do álcool, condição esta que envolveria um caráter crônico da violência. Leonard (2002) considera que as agressões em situação de embriaguez tendem a ser desculpadas ou atribuídas exclusivamente aos efeitos do álcool.

(67)

54 Em relação à tipologia da violência, o Grupo 3 foi o que concentrou a maior freqüência de autores exclusivamente embriagados. Esse grupo foi caracterizado por elevados níveis de violência psicológica e física, mas com raros casos de violência sexual. Esses resultados ressaltam, portanto, a intensidade da violência na condição de embriaguez.

Estudo realizado com casais, por Testa e colaboradores (2003), mostrou evidências de que episódios de violência marital em que os maridos haviam bebido foram mais severos do que aqueles em que o marido estava sóbrio, ou seja, ocorrência de chutes, socos e agressões com objetos. No mesmo sentido, Thompson,& Kingree (2006) observaram que mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo tem aproximadamente duas vezes mais chance de sofrer “danos físicos” quando seu parceiro havia ingerido álcool.

Quando associada ao consumo de outras drogas, a violência parece ser ainda mais severa e apresentar outras peculiaridades. Os casos de consumo de álcool associado a outras drogas, neste estudo, apesar de não terem um tempo tão prolongado de agressões, apresentaram maior número de vezes em que a vítima foi agredida no ano anterior à denúncia. Este também foi o grupo que relatou com maior freqüência ter procurado ajuda nas DDM´s anteriormente.

(68)

55 Chermark & Blow (2002), em pesquisa realizada com indivíduos em tratamento para dependência, destacam que triagens e abordagens de intervenção para problemas relacionados com a violência devem ser rotina no tratamento para dependência. Esses cuidados deveriam ser especialmente indicados para pacientes com relato de consumo de álcool e co-ocorrência de consumo de álcool e cocaína.

Por outro lado, Gebara (2009) discute a necessidade de uma visão crítica à respeito do preparo dos profissionais de saúde para ações de prevenção da violência, identificação de condições de risco e na atenção ás vítimas.

Os resultados deste estudo ressaltam a importante associação entre a violência contra a mulher e o consumo de álcool e outras drogas por seus agressores. No entanto, algumas limitações merecem considerações. O relato da vítima a respeito do consumo de substâncias pelo agressor envolve imprecisões, especialmente no que se refere a quantidade consumida de álcool e outras drogas.

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57 ANEXO 1. Mapa de localização das 9 Delegacias de Defesa da Mulher do

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62 ANEXO 3. Manual de treinamento da equipe

Manual para a Entrevista e Preenchimento do Questionário a ser aplicado nas Delegacias de Defesa da Mulher da Capital.

Projeto: “Levantamento das Denúncias de Violência Familiar nas Delegacias da Mulher do Município de São Paulo: Um estudo sobre a interface com o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas”

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ENTREVISTA

ASPECTOS GERAIS

• Este é um questionário a ser aplicado na forma de entrevista, uma vez que as perguntas a

serem feitas exigem a presença de um entrevistador treinado.

• Como as perguntas contidas no questionário abordam questões pessoais, a aplicação

deve ser individual e em local isolado.

• Por ocasião da realização das entrevistas, o entrevistador deverá estar familiarizado com o

questionário.

• Material necessário para a entrevista:

- Questionários

- Tabela de substâncias - Caneta

SELEÇÃO

• Regra Geral: As entrevistas deverão ser realizadas somente com mulheres que chegaram

a Delegacia de Defesa da Mulher correspondente ao plantão e que vieram realizar um

Boletim de Ocorrência de autoria conhecida.

• Critérios de exclusão: idade inferior a 18 anos sem o acompanhamento de um

representante legal, comprometimento cognitivo evidente e dificuldade de comunicação.

LOCAL

• As entrevistas deverão ocorrer em locais isolados

• Evitar locais com muitos estímulos (sala com TV ligada, local com muita movimentação, etc). • Não deverá ser permitido que outra pessoa permaneça no local da entrevista(com

exceção dos representantes legais). Em caso de insistência a entrevista deverá ser interrompida.

APLICAÇÃO

• No momento da aplicação o entrevistador deve dirigir o olhar para o entrevistado. É

fundamental manter uma relação empática e uma atitude cordial.

• Caso a resposta dê margem a dúvidas, discuta com o entrevistado a melhor alternativa a

ser assinalada.

• Sempre que aparecer uma resposta “não sei” ou “não lembro”, o entrevistador deve

insistir, modificando a maneira de perguntar ou pedindo para que o entrevistado se esforce para lembrar. Entretanto, essa insistência não deve ser exagerada.

Uma vez terminada a entrevista olhe novamente o questionário antes de dispensar o

(76)

63 INTERPRETAÇÃO E PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO

INSTRUÇÕES GERAIS

• Tomar cuidado especial no assinalamento das questões, este deve ser feito através de

circulo no número da resposta correspondente. Por exemplo:

5. ATÉ QUE SÉRIE/ ANO VOCÊ ESTUDOU?

1 . Nunca freqüentou a escola. Sabe ler e escrever? ( ) sim ( ) não 2 . Ensino Fundamental (primário/ginásio) ( X )completo ( )incompleto 3 . Ensino Médio /Técnico (colegial) ( )completo ( )incompleto 4 . Ensino Superior (faculdade) ( )completo ( )incompleto

• Algumas questões comportam mais de uma alternativa, estas possuem a frase “resposta

múltipla” entre parênteses ao lado da pergunta. Para questões sem observação apenas “uma” alternativa deve ser assinalada

• As tabelas exigem atenção redobrada para que nenhum item deixe de ser perguntado.

INSTRUÇÕES ESPECÍFICAS PARA CADA QUESTÃO

• PESQUISADOR: colocar o seu nome, caso exista algum outro entrevistador com o nome

igual ao seu coloque também a inicial de seu sobrenome.

• D.D.M.: Considerar a D.D.M. em que você está realizando a entrevista. • HORÁRIO: Considerar a hora em que a entrevista foi iniciada.

• DATA DE APLICAÇÃO: Refere-se ao dia em que o questionário está sendo aplicado. • INICIAIS DA ENTREVISTADA: Para que o sigilo quanto às informações seja mantido

colocaremos apenas as iniciais do nome da entrevistada. Ex: Vilma Pacheco da Silva V. P. S.

1. IDADE: considerar a idade no momento da entrevista 2. SEXO: Considerar o sexo real.

3. ATÉ QUE SÉRIE/ ANO VOCÊ ESTUDOU? : Assinalar o correspondente ao grau de instrução que a entrevistada possui, se ainda estiver estudando assinalar o que corresponde a situação atual. Não considerar estudo em escola “não regular”. *Não se esqueça de fazer a “bolinha”em torno da alternativa além de assinalar o item(completo ou incompleto).

4. QUAL A RENDA TOTAL DOS MORADORES DA SUA RESIDÊNCIA? : Ler as faixas salariais para que ela possa optar por alguma delas.

5. QUAIS AS SUAS OCUPAÇÃO(ES) ATUAIS? : questão que permite múltipla resposta. O item “TEM REGISTRO?” refere-se ao registro em carteira do trabalhador e em alguns casos (desempregada, do lar, estudante etc.) não se aplica.

(77)

64

7. ONDE OCORRERAM A(S) AGRESSÕES/AMEAÇAS QUE VOCÊ DENUNCIOU HOJE?(resposta múltipla caso a agressão tenha se iniciado em um lugar e terminado em outro): Assinalar conforme relatado pela entrevistada.

8. QUANDO OCORRERAM AS AGRESSÕES? Data ____ / ____ / ____, Dia da semana______________,Horário ____ : ____ hr.

9. QUEM TESTEMUNHOU (além de você e o agressor) OS FATOS QUE VOCÊ DENUNCIOU HOJE? (resposta múltipla)

*Preencher com o número correspondente de pessoas. Exemplo

1. Companheiro (No caso de não ser ele próprio o agressor)

2. ( 2 ) Filhos menores de 18 anos .Idades: _7 e 13_________________ 3. ( 1) Filhos maiores de 18 anos

4. ( ) Outras crianças. Idades:__________________ 5. ( ) Outros parentes adultos

6. ( ) Adultos não parentes 7. Ninguém

10. TABELA 10 SOBRE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA. A coluna A) refere-se ao episódio e a coluna B) sobre aquele mesmo tipo de ação, porém referente aos últimos 12 meses. Deve-se tomar muito cuidado para que a entrevistada não confunda os períodos. Perguntar primeiro referente ao episódio(Ex.: Ele insultou-a ou fez com que se sentisse minsultou-al insultou-a respeito de si mesminsultou-a?), cinsultou-aso insultou-a respostinsultou-a sejinsultou-a SIM questionar quantas vezes isso aconteceu nos últimos doze meses e incluir na conta o episódio denunciado. Caso a resposta seja não perguntar se aquilo já ocorreu alguma vez antes do episódio denunciado. Se a entrevistada tiver dificuldades em precisar quantas vezes isso aconteceu nos últimos 12 meses insistir para que tente se lembrar, caso isso não surta efeito ajude-a a fazer as contas por estimativa e anotar ao lado que se utilizou desse método.

11. TABELA 11 SOBRE VIOLÊNCIA FÍSICA. Mesmo protocolo da tabela 14.

12. TABELA 12 SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL. Mesmo protocolo das tabelas 15 e 16 com a ressalva de que se trata de um tema ainda mais delicado para algumas mulheres, portanto a postura nesse momento deve ser anda mais observada. 13. TOTAL. Nos últimos 12 meses, quantas vezes você foi agredida no

total?_____________Nº(dias). Nesta questão serão relembrados os dados que a entrevistada acabou de ceder sobre violência e questionaremos se alguma das agressões ocorreu simultaneamente com outra para depois apurar quantos dias essa pessoa foi agredida nos últimos 12 meses.

(78)

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15. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ VEM SENDO AGREDIDA/AMEAÇADA POR ESSA MESMA PESSOA?: Preencher conforme as informações cedidas, se estas forem passadas em anos, anote e depois as converta em meses

16. DADOS REFERENTES AO AGRESSOR. SEXO: Considerar o sexo real. 17. IDADE: A que possuía na data da agressão.

18. GRAU DE PARENTESCO: Assinalar segundo informação cedida pela entrevistada, não esquecendo de considerar namorado aquele que não mora junto e companheiro/marido aquele que mora junto.

19. ATÉ QUE SÉRIE/ ANO O AGRESSOR ESTUDOU? : Preencher da mesma maneira do que foi feito para os dados da entrevistada.

20. ELE POSSUI OCUPAÇÃO?: O objetivo dessa questão é saber se o agressor está desempregado ou sem ocupação.

21. Ele(a) tinha usado bebida alcoólica na ocasião em que ocorreu a situação denunciada hoje? Preencher segunda informações cedidas.

22. “QUAL TIPO DE BEBIDA ELE HAVIA USADO E QUANTAS DOSES?”Caso ela afirme que ele bebeu, mas não saiba informar o tipo de bebida anotar NI separadamente. Ela sabendo o tipo de bebida, mas não as doses, circular a alternativa e anotar NI nas doses.

23. “DAS VEZES EM QUE ELE LHE AGREDIU, NOS ÚLTIMOS 12 MESES, EM QUANTAS VOCÊ ACHA QUE ELE HAVIA BEBIDO?” Nessa alternativa você ira relembrar a entrevistada do dado da pergunta 13.

24. Preencher a tabela referente ao uso no episódio denunciado.

25. GOSTARÍAMOS DE SABER SE VOCÊ ALGUMA VEZ JÁ UTILIZOU REMÉDIOS PARA AUXILIÁ-LA A FICAR MAIS CALMA, AJUDÁ-LA A NÃO SE SENTIR TRISTE OU DEPRIMIDA OU EMAGRECER. A PARTIR DISSO ELABORAMOS UMA LISTA DE MEDICAMENTOS PARA QUE VOCÊ LEIA E VERIFIQUE SE JÁ UTILIZOU ALGUM DELES. (APRESENTAR LISTA): Inicie pelas drogas legais, pergunte se ela havia utilizado no episódio, quanto, se utilizou nos últimos 30 dias e quantos dias nesses 30 e se com ou sem prescrição, logo em seguida interrogue a respeito das drogas ilegais.

26. Preencher de acordo com o protocolo da questão 22.

27. VOCÊ JÁ PROCUROU AJUDA NA DDM OUTRAS VEZES? : Objetivo da questão é saber se esta é a primeira vez que ela procura ajuda na DDM ou se freqüenta esse tipo de serviço com certa constância.

28. PROCUROU AJUDA EM OUTROS LUGARES? ONDE?: Onde essa mulher buscou ajuda?

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30. VOCÊ TERIA INTERESSE QUE HOUVESSE UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO PARA SUA FAMÍLIA COMO UM TODO?: Queremos saber se existe esse interesse e por que (objetivo de vislumbrar uma política pública). 31. DADOS DO B.O.: Esse dados devem ser retirados do Boletim de Ocorrência que

se encontra com a entrevistada. Saberemos se ela entrou com o processo u não porque constará “B.O para inquérito” caso ela tenha entrado, e “Aguardando representação” caso não tenha entrado.De qualquer forma pergunte ao mesmo tempo em que checa e anote também a Natureza do B.O, por exemplo “Ameaça art. 147”

Faça um resumo breve do caso e anote também os dados qualitativos importantes.

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67 ANEXO 4. Folha de controle de amostragem

FOLHA DE CONTROLE DE AMOSTRAGEM

DATA: ____/_____/____ DDM: __________ DUPLA: 1) ________________

2) ________________

Nº do B.O. Horário Familiar S/ N Natureza Quest. Feito? Justificativa

Tipos de just.: Recusa/Perda por sobrecarga da equipe(informar horário)/Caso não encaminhado pela escrivã/ Outro(detalhar)

TOTAL DE:

• Casos atendidos na DDM: ___________

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68 ANEXO 5. Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: Levantamento das denúncias de violência familiar nas delegacias de defesa da

mulher do município de São Paulo: Um estudo sobre a interface com o uso de bebidas

alcoólicas e outras drogas

Objetivo: O presente projeto tem por objetivo compreender o fenômeno da violência familiar

associada ao uso de bebidas alcoólicas e outras drogas a fim de subsidiar programas de saúde. Para tanto, serão convidadas a colaborar, pessoas que possam fornecer informações a respeito dessa realidade.

Procedimentos: A participação no projeto envolve uma entrevista de 10 a 15 minutos

envolvendo perguntas sobre a violência ocorrida e o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas. O relato é anônimo e as informações prestadas serão usadas exclusivamente para finalidade de pesquisa. A participação é voluntária, podendo ser interrompida pelo entrevistado a qualquer momento. Cumpre esclarecer que a participação não envolve benefício direto ao entrevistado, que não há despesas nem compensações financeiras.

Referências

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