Recebido para publicação em 09/10/2012
enfoque etnobotânico
BAPTISTEL, A.C.; COUTINHO, J.M.C.P.; LINS NETO, E.M.F.; MONTEIRO, J.M.*
Departamento de Biologia, Universidade Federal do Piauí, Campus Profa. Cinobelina Elvas, BR 135, CEP: 64900-000, Bom Jesus, Piauí, Brasil. *Email: juliommonteiro@ufpi.edu.br
RESUMO: O trabalho objetivou a realização de inventário sobre as plantas medicinais utilizadas pelos membros da Comunidade Rural de Santo Antônio, Currais, Piauí, e dessa forma analisar o valor de uso e a riqueza de espécies conhecidas. Foram mencionadas 121 espécies pelos 32 entrevistados. As famílias mais representativas foram Fabaceae, Arecaceae e Anacardiaceae. A espécie com maior valor de uso foi aimburana [Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm]. Não houve diferenças signiicativas quanto ao conhecimento entre gêneros, assim como a renda e escolaridade. No entanto, a idade inluenciou signiicativamente no conhecimento sobre plantas úteis. A riqueza da lora piauiense, marcada por apresentar áreas de transição entre caatinga e cerrado na região sul, oferece uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento de pesquisas abrangendo o escopo da biodiversidade vegetal e do conhecimento tradicional associado.
Palavras-chave: Etnobotânica, Valor de uso, Fitoterapia, Conservação.
ABSTRACT: Medicinal plants used in the Community Santo Antônio, city of Currais, Southern Piauí, Brazil: an ethnobotanical approach. The study aimed tolist the medicinal plants used by members of the Rural Community of Santo Antonio, in the city of Currais, state of Piauí, Brazil, in order to assess the value of use and richness of the species known locally. Approximately 121 species were mentioned by 32 respondents. The most representative families were Fabaceae, Arecaceae and Anacardiaceae. The species with the highest use wa:[Amburana cearensis (Allemão) A. C. S]. There were no signiicant differences between genders in terms of knowledge, as well as income and education. However, the age signiicantly inluenced knowledge about useful plants. The richness of the Piauí lora, marked by presenting areas of transition between the Brazilian Caatinga and Cerrado in the south, offers a unique opportunity for the development of research covering the scope of plant biodiversity and associated traditional knowledge.
Keywords: Ethnobotany, Value of Use, Phytotherapy, Conservation.
INTRODUÇÃO
Pesquisas no campo da etnobotânica têm fornecido valiosas informações sobre a forma de apropriação e manejo dos recursos vegetais por populações locais (Albuquerque, 2005). De modo geral, essas populações locais possuem um amplo conhecimento sobre métodos alternativos usados para curar ou aliviar sintomas de doenças. Porém, alguns autores argumentam que este conjunto de saberes está ameaçado pela medicina moderna e pelo crescente desinteresse dos jovens que tem migrado para os centros urbanos cada vez mais cedo em busca de novas conquistas proissionais (Franco & Barros, 2006; Oliveira, 2009; Sousa, 2010).
desse gênero entre a cultura brasileira e africana. Monteiro et al. (2011), através de técnicas oriundas da economia ambiental, valoraram a aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva Allemao) e, com base nos resultados, estabeleceram que a planta apresenta uma larga importância local e pode ser alvo de propostas conservacionistas inanciada pela sociedade. No Piauí, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba, Souza et al., (2012) encontraram, em pesquisas com comunidades de pescadores, que há grande conhecimento e uso da vegetação e mesmo com a crescente urbanização ainda há dependência da biodiversidade local.
Dessa forma, mesmo com o crescimento de pesquisas no Nordeste, ainda existem lacunas, principalmente para o estado do Piauí, cujos estudos etnobotânicos são escassos e o componente vegetacional ainda está pouco amostrado. Registram-se aqui os trabalhos de Emperaire (1989) e Lemos & Rodal (2002) que estudaram o componente vegetacional da Serra da Capivara (Sul do Piauí) e perceberam que a vegetação é marcada pela transição entre a caatinga e o cerrado, evidenciando a riqueza da lora piauiense. Em outro trabalho importante para a região, o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD-Sítio 10), foi levantado e prospectado a biodiversidade remanescente em áreas de cerrado e ecótonos associados, representando grande parte dos cerrados setentrionais do Piauí (Castro et al., 2010).
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo a realização de um inventário dos recursos vegetais usados como terapêuticos, pelos membros da Comunidade Santo Antônio, Currais, Piauí, a im de avaliar a riqueza de espécies conhecidas localmente. Mais especificamente, acessar informações sobre indicações terapêuticas, partes utilizadas e formas de preparo das plantas medicinais. Procurou-se também quantificar o conhecimento através do valor de uso e veriicar a diversidade de espécies conhecidas localmente entre gênero, idade e renda dos informantes.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
A área de estudo deste trabalho é o Povoado Santo Antônio, anteriormente chamado de Boca da Caatinga, pertencente ao Município de Currais, Piauí, localizado ao sul do estado do Piauí, na região do Médio Gurguéia, limitando-se ao norte com o município de Palmeira, ao sul com o município de Bom Jesus, ao leste, com Santa Luz e ao oeste
4722 habitantes (IBGE, 2008). O clima nesta região é do tipo semiárido, apresentando durante o verão uma estação de seca bem deinida, tendo como principal elemento inluenciador, o mecanismo de circulação das massas de ar e no inverno chuvas concentradas. A vegetação é constituída por árvores e arbustos densos, baixos, retorcidos, de aspecto seco durante o verão, folhas pequenas e caducas, apresentando raízes profundas e grossas, características predominantes da caatinga (Emperaire, 1989; Rodal & Sampaio, 2002).
O povoado Santo Antônio é formado por casas de barro e alvenaria, pequenos comércios, uma igreja, uma escola e um posto de saúde que se encontram desativados, diicultando a educação formal das crianças e o atendimento médico para as 34 famílias residentes no local. No entanto, contam com uma equipe do Programa Saúde Familiar (PSF), que realiza visitas uma vez por mês na comunidade, encaminhando os casos mais graves de saúde para o Município de Bom Jesus e posteriormente para a capital Teresina. Os moradores da comunidade são de origem rural, onde 90% das pessoas sobrevivem da produção agrícola e da Bolsa Família, programa criado pelo Governo Federal em 2003. Os outros 10% constituem-se em pequenos empresários e funcionários públicos na esfera municipal. Basicamente realizam o plantio, manutenção e colheita de milho, feijão, arroz, mandioca e algumas hortaliças que são vendidas nas feiras livres locais.
Coleta de dados
das plantas, preparo, doses, modo de administração e coleta das partes das plantas utilizadas. Turnês-guiadas foram realizadas próximas às residências (quintais, áreas de matas vizinhas e margens de estradas) para coleta e registro fotográfico de todas as plantas inventariadas, com auxílio dos informantes, promovendo o reconhecimento e a validação dos vernáculos das espécies citadas (Albuquerque et al., 2008). As plantas coletadas foram herborizadas e depositadas no Laboratório de Botânica da Universidade Federal do Piauí (Campus Profa. Cinobelina Elvas). O sistema APG III (Bremer, 2009) foi utilizado para a classiicação das espécies e a verificação da nomenclatura cientíica foi conferida através do sítio eletrônico do Missouri Botanical Garden (MOBOT, 2011). Quanto ao status das espécies, consideraram-se aqui plantas espontâneas ou cultivadas, de acordo com a proposta de Albuquerque et al. (2007a): as plantas que ocorrem naturalmente no ambiente e são recolhidas da vegetação local, sem serem cultivadas, foram classiicadas como espontâneas. Também foram inseridas na categoria espontânea as espécies endêmicas da caatinga (Giulietti et al., 2002; Albuquerque et al., 2007a). Espécies cultivadas foram reconhecidas como não disponíveis na vegetação natural, sendo necessariamente manejadas e mantidas pela ação humana intencional.
A classificação das indicações de usos das plantas foi realizada através do Sistema de Classiicação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (WHO, 2007), proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As plantas medicinais indicadas para outras inalidades, tais como ‘mau olhado’ ou ‘olho gordo’ foram agrupadas na categoria “doenças culturais” (Giraldi & Hanazaki, 2010).
Análise dos dados
Para análise dos dados obtidos através de uma única entrevista por informante foi calculado o valor de uso (VU) de cada espécie citada utilizando a fórmula adaptada por Rossato et al. (1999), cujo VU corresponde: ∑U (somatório das citações para cada espécie) dividido por n (número total de informantes).
Teste de variância Anova (um fator) foi utilizado para obter as diferenças entre a quantidade de plantas citadas e o gênero, e Kruskal-Wallis para comparar a existência de distinção do grau de estudo entre os gêneros (Ayres et al., 2007). Também se empregou teste de correlação de Spearman e regressão linear múltipla para veriicação da relação entre valor de uso com idade, gênero, escolaridade e renda (Ayres et al., 2007).
aplicou-se os seguintes estimadores: Chao de segunda ordem, Jacknife de primeira ordem e bootstrap, calculados através do EstimateS, versão 8.2 (Colwell, 2009). No sentido de evitar vieses devido a variação na abundância entre as plantas citadas, empregou-se análise de rarefação. Para as análises de diversidade empregou-se software ECOSIM 7 (Gotelli & Entsminger, 2009) e para as estimativas de riqueza empregou-se EstimateS 8. 2 (Colwell, 2009).
RESULTADOS
Diversidade e valor de uso de plantas medicinais na Comunidade Santo Antonio, Currais, Piauí
Foram citadas através das entrevistas 121 plantas com potencial medicinal, correspondendo a 118 espécies e 108 gêneros, distribuídas em 54 famílias (Tabela 1). As famílias mais representativas foram: Fabaceae (25 espécies), Arecaceae (08), Anacardiaceae (06), Asteraceae, Euphorbiaceae, Malvaceae e Rutaceae (05), Apocynaceae e Lamiaceae (04). Em relação às espécies utilizadas na itoterapia tradicional foi observado que 15 se destacaram por apresentarem maior número de indicações (Tabela 1). São elas:imburana [Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm], erva cidreira [Lippia alba (Mill) N. E. Brown], batata de purga (Operculina sp.), mangabeira (Lafoensia replicata Pohl.),alecrim de chapada (Lippia gracillis H.B.K.), laranja [Citrus sinensis (L.) Osbeck], mastruz (Chenopodium ambrosioides L.) aroeira (Myracroduon urundeuva Allemão), hortelã (Mentha crispa L.), catinga de porco (Terminalia brasiliensis Camb), pau de rato (Caesalpinia bracteosa Tul.), jatobá (Hymenaea stigonocarpa var. pubescens Benth), boldo rasteiro [Plectranthus ornatos (Lour.) Spreng.], pau d’óleo (Copaifera langsdorfii Desf.) e inharé (Brosimum gaudichaudii Trecul.). Destas supracitadas, oito são elementos arbóreos encontrados na vegetação nativa. Um total de 77 plantas foi considerado espontâneo e 43 foram cultivadas. Tais resultados sinalizam a importância da vegetação nativa para a população local. Ainda com relação ao hábito, as plantas mencionadas, na sua maioria, foram: arbóreo (56%), seguido do hábito herbáceo (29%), arbusto (6%), trepador/epifítico (5%) e subarbusto (4%) (Tabela 1).
caseiros foi por via oral e seu modo de preparo foi o chá (38%) em decocção ou infusão, garrafadas (25%) preparadas da extração da casca e entre casca das plantas arbóreas em solução com água,
xaropes (05%) confeccionados com mel de abelha. No uso de tratamento externo destacaram-se os emplastros (10%) feitos da maceração de ervas e banhos (03%) para aliviar as dores no corpo
TABELA 1. Lista de plantas medicinais citadas pela Comunidade Santo Antônio, Currais, PI. Legenda: ARB = arbóreo, ARS = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Família / Espécie
Nome(s) popular(es)
Hábito (Status)
Valor de Uso
Partes usadas
Indicações
Acanthaceae
Justicia pectoralis var.
stenophylla Leonard
Anador HER
(cultivada)
0,18 Folhas Febre, gripe, cólicas intestinais.
Alliaceae
Nothoscordum striatum
Jacq.
Alho bravo HER
(espontânea)
0,06 Folhas Hipertensão, gripe.
Amaranthaceae
Alternanthera
brasiliana (L.) O. Kunt
Doril HER
(Sem dados)
0,09 Folhas Febre, gripe, cólicas abdominais.
Anacardiaceae
Anacardium
occidentale L.
Caju ARB
(espontânea)
0,43 Folhas Febre, gripe, cefaleia, dor de dente, ressaca, ferimento.
Astronium fraxinifolium
Schott ex Spreng
Gonçalado ARB
(espontânea)
0,06 Cascas Dor de estômago e infecção renal.
Mangifera indica L. Manga ARB
(cultivada)
0,12 Folhas Inlamação dos dentes.
Myracrodruon
urundeuva Allemão
Aroeira ARB
(espontânea)
0,87 Cascas Infecção do aparelho geniturinário feminino e masculino, cicatrização, fratura, infecção renal e urinário, diarreia, anemia, dor no corpo, infecção no ouvido, cólicas intestinais, dor no estômago e depurativo.
Spondias mombin L. Cajá ARB
(espontânea)
0,12 Cascas Neoplasia, dor de estômago, regulador intestinal, pós-operatório.
Spondias purpurea L. Seriguela ARB
(espontânea)
0,06 Cascas Gripe, febre.
Annonaceae
Annona squamosa L. Ata ARB
(cultivada)
Apiaceae
Coriandrum sativum L. Coentro HER
(cultivada)
0.03 Folhas Gripe.
Pimpinella anisum L. Erva Doce HER
(cultivada)
0,06 Folhas Febre.
Apocynaceae
Anisolobus cururu
Müll. Arg.
Cipó Cururu TER
(espontânea)
0,03 Látex Luxação.
Peschiera fuchsiaefolia
(A. DC.)Miers
Pau leiteiro ARB
(espontânea)
0,03 Látex Gripe.
Arecaceae
Copernicia prunifera
(Miller) H. E. Moore
Carnaúba ARB
(espontânea)
0,09 Raiz Coluna, infecção renal.
Mauritia lexuosa L. Buriti ARB
(espontânea)
0,12 Folhas; óleo
Picada de cobra e insetos, queimadura.
Orbignya phalerata
Mart
Babaçu ARB
(espontânea) 0,15
Frutas;
folhas
Picada de cobra, edema facial.
Syagrus sp. Pati ARB
(espontânea)
0,03 Frutas;
folhas
Asma.
Asphodelaceae
Aloe vera Mills. Babosa HER
(cultivada)
0,34 Folhas; mucilagem
Neoplasia, anemia, gripe, coceira.
Asteraceae
Egletes viscosa (L.)
Less.
Macela HER
(espontânea)
0,12 Folhas;
lores
Derrame, epilepsia, lavagem intestinal e estomacal.
Bidens pilosa L. Picão SUB
(espontânea)
0,03 Folhas; raiz Amarelão,
Gochnatia polymorpha
(Less) Cabrera
Candeia ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Infecção do ap. geniturinário feminino.
Vernonia condensata
Baker
Boldo baiano SUB
(espontânea)
0,06 Folhas Dor no fígado.
Vernonia polysphaera
Less
Assa peixe ARS
(espontânea)
0,18 Folhas Pneumonia, gripe forte, resfriado, algia. = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Bignoniaceae
Handroanthusaurea
(Silva Manso) Benth & Hook.ex S. Moore
Pau D’arco
Amarelo
ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Infecção no intestino.
Handroanthus
impetiginosa (Mart. Ex
DC.) Standl
Pau D’arco
Roxo
ARB
(espontânea)
0,37 Cascas Infecção do ap. geniturinário feminino, neoplasia, dor o corpo, diabetes, gripe, gastrite, anemia, infecção intestinal, fortiicante, depurativo, dor no estômago.
Bixaceae
Bixa orellana L Urucum ARS
(cultivada)
0,06 Sementes Colesterol, diabetes.
Boraginaceae
Heliotropium
elongatum Lehm. I. M.
Johnst
Crista de
galo
HER
(espontânea)
0,34 Folhas;
lores
Nascimento dos dentes, diarreia.
Brassicaceae
Brassica nigra L. Mostarda HER
(cultivada)
0,03 Sementes Derrame.
Bromeliaceae
Ananas comosus L.
Merr.
Abacaxi HER
(cultivada)
0,03 Frutas Gripe.
Bromelia laciniosa
Mart.
Croatá HER
(espontânea)
0,06 Frutas Pneumonia, gripe forte.
Cactaceae
Cereus jamacaru DC. Mandacaru HER
(espontânea)
0,06 Epiderme Infecção do aparelho geniturinário feminino.
Opuntia cochenillifera
(L) Mill
Palma HER
(espontânea)
0,06 Cladódio Infecção do aparelho geniturinário masculino, próstata.
Caricaceae
Carica papaya L. Mamão ARB
(cultivada)
0,34 Folhas;
frutas
Cólicas intestinais, gripe, mal estar, má digestão e regulador intestinal.
= arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Caryocaraceae
Caryocar coriaceum
Wittm
Piquí ARB
(espontânea)
0,03 Óleo Gripe.
Chenopodiaceae
Chenopodium
ambrosioides L.
Mastruz HER
(cultivada)
1,00 Planta
inteira
C i c a t r i z a ç ã o , p ó s - c i r u r g i a , l u x a ç õ e s , machucados em geral, puerpério, vermes, ferimentos inlamados, gastrite, fraturas, dor no corpo, hematomas (pancadas), edema localizado, sangue grosso, mal estar, fígado, esfoliações.
Combretaceae
Combretum leprosum
Mart.
Bugio ARB
(espontânea)
0,09 Folhas; cascas
Tosse, diarreia
Terminalia glabrescens
Mart.
Catinga de
Porco
ARB
(espontânea)
0,84 Cascas Infecção do ap. geniturinário feminino,
diarreia, ferimentos, dor de estomago, má digestão, gengivite, infecção intestinal, úlcera no estomago, cólica intestinal, constipação.
Convolvulaceae
Operculina sp. Batata de
Purga
TER
(espontânea)
1,40 Raiz Complemento vitamínico, má digestão, dor no estomago, vermífugo, gripe, depurativo, constipação.
Ipomoea batatas (L)
Lam.
Batata Doce TER (cultivada)
0,03 Raiz Dor de dente.
Crassulaceae
Kalanchoe pinnata
(Lam.) Pers.
Folha Santa HER
(cultivada)
0,06 Folhas Infecção por fratura.
Cucurbitaceae
Cucurbita pepo L Abóbora TER
(cultivada)
0,03 Sementes Gripe.
Euphorbiaceae
Cnidoscolus urens (L.)
Arthur
Cansanção ARS
(espontânea)
0,06 Folhas Neoplasia
Croton rhamnifolius
Kunth.
Velame ARB
(espontânea)
0,34 Raiz Infecção do aparelho geniturinário feminino e masculino, febre, diarréia, gripe, picada de cobra.
= arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Euphorbia tirucalli L. Cachorro Pelado
ARB (cultivada)
0,06 Látex Neoplasia.
Jatropha gossypiifolia
L.
Pinhão Roxo HER
(cultivada)
0,03 Sementes Intestino.
Phyllantus niruri L. Quebra-Pedra
HER
(espontânea)
0,09 Planta inteira;
folhas
Infecção renal, fígado.
Ricinus communis L. Mamona HER
(cultivada)
0,06 Sementes
(óleo)
Cólicas abdominais, puerpério.
Fabaceae –Subfam Caesalpinioideae
Bauhinia ungulata L. Miroró ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Diarreia.
Bauhinia dubia G. Don Pata de Vaca ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Diabetes.
Caesalpinia bracteosa
Tul.
Pau de Rato ARB
(espontânea)
0,81 Frutos;
cascas
Infecção renal, fígado, gastrite, hipertensão, diarreia, infecção intestinal de adulto e criança, cólica intestinal, má digestão, auxilia no nascimento dos dentes de criança.
Caesalpinia ferrea var.
leiostachya Benth
Pau Ferro ABR
(espontânea)
0,43 Frutos;
cascas
Gripe, azia, fígado, machucados.
Cenostigma
macrophyllum
Tull
Canela do
Cerrado
ARB
(espontânea)
0,09 Folhas;
cascas
Resfriados, febre, gripe forte.
Copaifera langsdorfii Desf.
Pau D’óleo ARB
(espontânea)
0,75 Óleo Tosse, gripe, asma, doenças sexualmente transmissíveis (DST), ferimentos, cicatrização, inlamação da garganta, dor no corpo, gripe crônica, epilepsia, enxaqueca, fratura da bacia.
Pterodon polygalilorus (Benth.) Benth.
Birro
Cangalheiro ARB
(espontânea)
0,12 Cascas Depurativo, estimulante do apetite, coluna, infecção renal.
Hymenaea
stigonocarpa var.
pubescens Benth.
Jatobá ARB
(espontânea)
0,78 Cascas Anemia, gripe, depurativo, regulação do intestino, dor no corpo, cólica intestinal, úlcera de estomago, conjuntivite, fortificante, má digestão, infecção do ap. geniturinário feminino.
Senna obtusifolia (L.) H. S. Irwin & Barneby
Mata Pasto HEB
(espontânea)
0,03 Raiz Psoríase
Senna occidentalis (L.)
Link
Fedegoso ARS
(espontânea)
0,34 Folhas Fígado estômago, abortivo, gripe, diarréia, sarampo.
= arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Senna spectabilis var.
excelsa (Schrad.) H. S. Irwin & Barneby
Canaistula ARB
(espontânea)
0,06 Cascas Hemorragia, ferimentos.
Tamarindus indica L. Tamarindo ARB
(cultivada)
0,03 Folhas Gripe.
Fabaceae –Subfam. Faboideae
Amburana cearensis
(Allemao) A. C. Sm.
Imburana ARB
(espontânea)
1,59 Cascas; sementes
Cólica intestinal, gripe, dor de estômago, picada de cobra e lacraia, desidratação, diarreia, enxaqueca, emese, dor de cabeça e articulações, vertigem, febre, intestino preso, depurativo, diurético, infecção renal.
Bowdichia virgilioides Kunth
Sucupira ARB
(espontânea)
0,06 Sementes Inlamação da garganta, coluna.
Dioclea violacea Mart
ex Benth
Mucunã TER
(espontânea)
0,12 Látex Diarreia, depurativo, infecção renal
Dipteryx lacunifera
Ducke
Fava de
Morcego
ARB
(espontânea)
0,06 Frutos Coluna
Fabaceae – Subfam. Mimosoideae
Anadenanthera
colubrina (Vell.)
Brenan
Angico
branco
ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Anemia.
Anadenathera falcata
(Benth.) Speg.
Angico ARB
(espontânea)
0,68 Cascas Depurativo, ferimento, gripe, tosse, queimadura, furúnculo,
cólica intestinal.
Anadenanthera
macrocarpa (Benth.)
Brenan
Angico Preto ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Cólicas abdominais.
Brosimum
gaudichaudii Trécul.
Inharé ARB
(espontânea)
0,65 Exsudato;
cascas; frutos
Fortificante, depurativo, afina o sangue, ferimentos, neoplasia, inflamações, dor no corpo, alergia de picada de mosquito, circulação sanguínea.
Dimorphandra
gardneriana Tull.
Fava D’anta ARB
(espontânea)
0,31 Raiz Cólicas intestinais, diarreia, coluna.
Mimosa verrucosa
Benth
Jurema
Branca
ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Inlamação renal.
Parkia platycephala
Benth.
Fava de
Bolota
ARB
(espontânea)
0,18 Cascas Cólicas intestinais, diarreia, coluna.
Pithecollobium tortum
Mart.
Jurema Rosa ARB
(espontânea)
0,09 Cascas Infecção intestinal, diarreia. = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
continua...
Flacourtiaceae
Casearia sylvestris var.
angustifolia Uittien
Folha de
Carne
ARB
(espontânea)
0,53 Folhas Regulador intestinal, dor no estômago, gripe.
Krameriaceae
Krameria argentea
Mart. Ex Spreng
Carrapicho
de Boi
SUB
(espontânea)
0,03 Raiz Bursite.
Lamiaceae
Coleus amboinicus
Lour
Malvão SUB
(cultivada)
0,50 Folhas Febre, diarreia, cólica intestinal, gripe, dor de garganta e ouvido, tosse.
Mentha crispa L. Hortelã HER
(cultivada)
0,87 Folhas Febre, cólicas intestinais, dor no corpo, gripe, hipertensão, calmante, nascimento de dentes da criança.
Plectranthus ornatus
(Lour.) Spreng.
Boldo Rasteiro
SUB (cultivada)
0,75 Folhas Má digestão, dor de estômago,
regulador intestinal, mal estar, fígado, ressaca, cólicas intestinais, dor de cabeça e no corpo.
Ocimum basilicum L. Canelinha HER
(cultivada)
0,12 Folhas Obstrução nasal, gripe, dor no corpo.
Lauraceae
Persea americana Mill Abacate ARB
(cultivada)
0,03 Mesocarpo;
caroço
Infecção renal.
Liliaceae
Allium sativum L Alho HER (cultivada)
0,09 Bulbo Gripe, hipertensão.
Lecythidaceae
Lecythis pisonis
Cambess
Sapucaia ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Diabetes.
Loganiaceae
Strychnos
pseudoquina A. St. Hil
Quina ARB
(cultivada)
0,06 Cascas Dor no corpo, diarreia. = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Lythraceae
Punica granatum L. Romã ARB
(cultivada)
0,03 Cascas da
fruta
Dor de garganta.
Lafoensia replicata
Pohl.
Mangabeira ARB
(espontânea)
1,34 Folhas; cascas; raiz
Ferimentos, infecção renal, infecção no aparelho geniturinário feminino, diabetes, hipertensão, fígado, gripe, picada de mosquito, inlamação pelo corpo, úlcera de estômago, dor no corpo, cicatrização, infecção em cortes, lavar ferimentos, próstata, problemas intestinais.
Malpighiceae
Malpighia emarginata
DC.
Acerola ARS
(cultivada)
0,06 Folhas Diabetes, gripe.
Malvaceae
Abelmoschus
esculentus (L) Moench
Quiabo HER (cultivada)
0,06 Mucilagem; sementes
Pneumonia.
Gossypium hirsutum L. Algodão ARS
(cultivada)
0,37 Folhas Gripe, fígado, machucados, infecção urinário e do ap. geniturinário feminino.
Luehea grandilora Mart. et Zucc
Açoita Cavalo ARB
(espontânea)
0,06 Cascas Afrodisíaco, fraqueza.
Pseudobombax
marginatum (A. St-Hill,
Juss & Cambess) A.
Robyns
Imbiruçu ARB
(espontânea)
0,03 Cascas Coluna.
Sterculia striata A.St.
Hil. & Naudin
Chichá ARB
(espontânea)
0,06 Folhas Picada de cobra, dor nas pernas.
Moraceae
Morus nigra L. Amora ARB
(espontânea)
0,06 Folhas Hipertensão.
Musaceae
Musa paradisiaca L. Banana HER
(cultivada)
0,12 Flores;
seiva
Gripe, diarreia, queimadura.
Myrtaceae
Eucalyptus globulus
Labill
Eucalipto ARB
(cultivada)
0,06 Folhas Gripe, febre. = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
continua...
Eugenia dysenterica
DC
Cagaita ARB
(espontânea)
0,03 Frutas; folhas
Prevenção de doença.
Psidium guajava L. Goiaba ARB
(cultivada)
0,40 Folhas Diarreia, emese, nasc. dos dentes das crianças.
Olacaceae
Ximenia americana L. Ameixa do Cerrado
ARB
(espontânea)
0,59 Cascas Infecção do ap. geniturinário feminino, intestino, diabetes, fígado, infecção renal, vaginite.
Passiloraceae
Passilora edulis Sims Maracujá TER (cultivada)
0,40 Folhas;
frutas
Hipotensão, calmante, insônia.
Pedaliaceae
Sesamum indicum L. Gergelim HER
(cultivada)
0,06 Sementes;
látex
Pneumonia.
Poaceae
Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf.
Capim Santo SUB (cultivada)
0,56 Folhas Hipertensão calmante, febre, gripe, cólicas intestinais.
Saccharum oficinarum L.
Cana de
Açúcar
HER
(cultivada)
0,15 Colmo;
folhas
Calmante hipertensão.
Phytolacaceae
Petiveria alliacea L. Tipi HER
(espontânea)
0,09 Planta inteira
Gripe, mau olhado, olho gordo.
Rubiaceae
Genipa americana L. Jenipapo ARB
(cultivada)
0,06 Cascas;
frutas
Dor no joelho, depurativo.
Rutaceae
Citrus aurantifolia
(Christm.) Swingle
Lima ARB
(cultivada)
0,09 Folhas;
cascas.
Taquicardia, calmante, hipotensão.
Citrus limon (L.) Burm. Limão ARB
(cultivada)
0,18 Folhas;
cascas; fruta.
Gripe, febre, fortalece os dentes das crianças. = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
Citrus sinensis (L.)
Osbeck.
Laranja ARB (cultivada)
1,09 Folhas; cascas da
fruta
Calmante, febre diarreia, dor no estomago, pressão alta, cólica intestinal, dor de cabeça.
Ruta graveolens L. Arruda HER
(cultivada)
0,25 Folhas Cólicas menstruais e intestinais, febre, moleza e dor no corpo, convulsão.
Spiranthera
odoratissima St. Hil.
Manacá ARS
(espontânea)
0,12 Raiz Inflamação renal, sinusite, afina o sangue, neoplasia.
Scrophulariaceae
Scoparia dulcis L. Vassorinha HER
(espontânea)
0,34 Planta
inteira;
folhas
Infecção no ap. geniturinário feminino e masculino e gripe, dor de dentes, puerpério, diarreia.
Smilicaceae
Smilax brasiliensis
Spreng.
Japecanga HER
(espontânea)
0,03 Raiz Neoplasia.
Solanaceae
Solanum physalis L. Bobola HER
(espontânea)
0,06 Raiz Pneumonia, gripe.
Turneraceae
Turnera guanensis L. Arranca estrepe
HER
(espontânea)
0,03 Folhas Retirada de espinhos e ferpas de madeira.
Violaceae
Hybanthus calceolaria
(L.) Oken
Papaconha HER
(espontânea)
0,06 Raiz Sarampo, gripe.
Verbenaceae
Lippia alba (Mill) N.
E. Br.
Erva Cidreira HER
(cultivada)
1,43 Folhas Calmante, cólicas intestinais, febre, hipertensão, diarreia, regulador intestinal, gripe, conjuntivite, náuseas, cólicas do recém-nascido.
Lippia gracillis Schauer Alecrim de
Chapada
HER
(espontânea)
1,12 Folhas;
galhos
Gripe forte, febre, resfriado, sinusite, caspa, obstrução nasal, prurido, dor de cabeça, problema na pele, tosse, labirintite.
Winteraceae
Drimys winteri J.R.
Forst. & G. Forst.
Pau Pratudo ARB
(espontânea)
0,18 Cascas Dor no corpo e estômago, obstrução nasal. = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
continua...
Urticaceae
Cecropia glaziovii
Snethlage
Embaúba ARB
(espontânea)
0,06 Raiz Depurativo, diurético.
Zingiberiaceae
Zingiber oficinalis Roscoe
Gengibre HER (cultivada)
0,12 Raiz Tosse, gripe, infecção da garganta.
Curcuma longa L. Açafrão HER
(cultivada)
0,18 Raiz Sarampo, catapora, gripe, infecção urinária.
Plantas não identiicadas
Imburana Rasteira
HEB (sem dados)
0,09 Raiz Dor no corpo, câncer de próstata.
Bananinha HERB
(espontânea)
0,03 Folhas Gripe.
Jarrinha HER (cultivada)
0,03 Raiz Sarampo.
(Tabela 1).
As categorias de indicações terapêuticas que obtiveram mais citações foram às relacionadas ao sistema digestivo (25%) e o respiratório com 21% (Figura 1). Esses resultados podem relacionar-se à falta de saneamento básico na região, uma vez que a comunidade não apresenta tal infra-estrutura tornando-se comum, por exemplo, sintomas como a diarréia, dores abdominais, verminoses e infecções intestinais. Para o presente trabalho foi visto que os recursos vegetais terapêuticos não são utilizados pelos entrevistados como fonte de renda ou troca, pois coletam apenas a quantidade necessária para preparar a medicação caseira que será usada durante o tratamento da doença.
O valor de uso (VU) calculado para cada espécie variou de 0,03 a 1,59 (Tabela 1), contudo nove espécies destacaram-se por apresentarem o VU maior ou igual a 1: Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm (imburana) (1,59), Lippia alba (Mill) N. E. Brown (erva cidreira) (1,43), Operculina sp.(batata de purga) (1,40), Lafoensia replicata Pohl. (mangabeira) (1,34), Lippia gracillis H. B. K. (alecrim da chapada) (1,12), Citrus sinensis (L.) Osbeck (laranja) (1,09), Chenopodium ambrosioides L. (mastruz) (1,0). De acordo com os informantes, a grande quantidade de indicações e,
frequência da coleta destas plantas, devido a grande quantidade de doenças respiratórias e do sistema digestivo. A fácil localização de algumas dessas espécies, por exemplo, o mastruz (C. ambrosioides L.), a erva cidreira (L. alba (Mill) N. E. Brown) e a laranja (C. sinensis (L.) Osbeck), que são cultivadas em espaços próprios ou encontradas em quintais vizinhos, também auxilia para a coleta visando os processos de cura.
Dinâmica do conhecimento na Comunidade Santo Antonio, Currais, Piauí
Verificou-se que não houve distinções signiicativas referentes à quantidade de citações do uso das plantas medicinais utilizadas na comunidade entre os gêneros (p>0,05; F = 2,31) e grau de escolaridade (p>0,05; H = 0,40), reforçando assim, a homogeneidade do saber informal no emprego das plantas terapêuticas pelos informantes. Tal fato foi conirmado ao se avaliar a diversidade de plantas citadas, onde não se obteve diferenças signiicativas (p>0,05) entre homens e mulheres, apresentando respectivamente valores de 3,96 bits e 3,94 bits
No entanto, a correlação entre as variáveis: idade, gênero, escolaridade e renda revelaram que apenas as duas primeiras foram signiicativamente correlacionadas com o número de plantas citadas = arbusto, SUB = subarbusto, TRE = trepadeira, HEB = herbácea.
FIGURA 1. Categorias das indicações terapêuticas do uso de plantas medicinais, na Comunidade Santo Antonio, Currais, Piauí.
p<0,0001, para idade; rs= -0,451, p<0,0141, para o gênero). Enquanto que para a análise de regressão linear múltipla, o coeiciente de determinação R2
encontrado indicou que 45,2% da variabilidade total da quantidade de plantas citadas podem ser explicadas apenas pela idade (T=3,664, P<0,001), constatando-se que pessoas de idade mais avançada citaram um maior número de plantas quando comparadas as pessoas mais jovens.
A o e s t i m a r a r i q u e z a d e e s p é c i e s mencionadas localmente observou-se que há tendência para estabilidade (Figura 2). Observaram-se diferentes performances dos índices empregados. O valor máximo observado (Nobs) foi de 121 espécies, sendo que os três estimadores utilizados revelaram valores de estimativa diferentes, sendo de Nest=180,11 (Chao 2); Nest=170,41 (Jacknife 1) e Nest=142,71(Bootstrap).
Informantes
Diversidade de plantas medicinais
A riqueza de plantas medicinais citadas para o presente trabalho foi considerada elevada se comparado a algumas pesquisas. Por exemplo, Santos et al. (2007) encontraram 70 espécies medicinais e forrageiras numa vegetação típica de cerrado em Monsenhor Gil, Piauí. Abreu (2000) trabalhou com quilombolas Mimbó em Amarante, Piauí, registrou 73 espécies, sendo 48% usadas na terapia local. Já alguns resultados encontrados para o estado do Piauí foram semelhantes a este quanto a riqueza de espécies úteis e também registraram mais de 100 espécies. Numa comunidade do semi-árido pernambucano onde foi encontrado um total de 136 espécies medicinais (Silva et al., 2010). Oliveira et al. (2010) em Oeiras, Piauí, encontrou 167 espécies medicinais. Já Souza (2010) encontrou 211 espécies úteis e destacou a categoria medicinal em seu trabalho com comunidades pesqueiras da área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba, Piaui. Observou-se ainda que a família botânica com mais destaque, apresentando maior número de indivíduos foi a Fabaceae. No Brasil é representada com 175 gêneros e 1500 espécies podendo ser encontrada em qualquer bioma (Lorenzi, 2008). Essa família está bem representada por elementos úteis em alguns estudos etnobotânicos (Franco et al., 2007; Santos et al., 2007; Monteiro et al., 2011). Em estudo com duas comunidades pernambucanas, Silva & Andrade (2005) inventariaram 334 espécies úteis das quais 169 são medicinais. A alta diversidade de espécies conhecidas pode ser reflexo da riqueza cultural da região. O nordeste brasileiro é composto por diferentes comunidades étnicas, como os ameríndios e quilombolas (descendentes de escravos africanos), cujas culturas distintas contribuíram fortemente para a diversidade local de plantas medicinais usadas, de acordo com Albuquerque et al. (2007b). Esse aspecto é explicado pela forte tradição nos processos de cura a partir de produtos vegetais por populações sertanejas (Diegues & Arruda, 2002), pois detém um profundo conhecimento da natureza e seus ciclos, reproduzindo seu estilo de vida historicamente adaptando-se aos nichos específicos locais (Diegues & Arruda, 2002).
A maioria das plantas citadas no presente trabalho foi considerada espontânea tal como alguns trabalhos já realizados no Piauí (Abreu, 2000; Vieira, 2008; Oliveira et al., 2010). Das espécies terapêuticas com maior número de citações, onze são consideradas nativas na região da Comunidade Rural Santo Antonio: imburana [Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm], batata
H.B.K.), aroeira (Myracroduon urundeuva Allemão), catinga de porco (Terminalia brasiliensis Camb), pau de rato (Caesalpinia bracteosa Tul.), jatobá (Hymenaea stigonocarpa var. pubescens Benth), pau d’óleo (Copaifera langsdorfii Desf.) e inharé (Brosimum gaudichaudii Trecul.). Dessas espécies, destaca-se a Myracroduon urundeuva Allemão (aroeira) que é amplamente conhecida e utilizada em diversas categorias de uso, como madeireiro, combustível e principalmente como medicinal. Grandes quantidades de cascas do caule desta planta e muitas outras nativas são comercializadas em mercados e feiras públicas do nordeste do Brasil (ver Monteiro et al., 2012), e ainda há lacunas sobre o conhecimento do comércio em mercados e feiras livres sobre essas espécies nativas para o nordeste brasileiro. Ademais, as cascas do caule dessas espécies são apontadas como curativas devido aos altos teores de compostos fenólicos do metabolismo secundário, especificamente os taninos. Esses compostos fenólicos (taninos) possuem a habilidade de formar complexos insolúveis em água com proteínas e devido a essa propriedade, apresentam uma série de atividades biológicas, entre elas, a adstringência, a ação cicatrizante e antiinlamatória (Mello & Santos, 2001; Monteiro et al., 2005). De acordo com os resultados da 1a Reunião Técnica
intitulada “Estratégias para Conservação e Manejo de Recursos Genéticos de Plantas Medicinais e Aromáticas” a aroeira do sertão, também a imburana e o angico foram apontados como espécies de alta prioridade para conservação in situ (Vieira et al., 2002). Em documento mais recente, M. urundeuva Allemão consta juntamente com Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm numa lista de espécies, publicada em 23 de setembro de 2008, como vulnerável, isto é, podem tornar-se ameaçadas no futuro se não forem tomadas medidas mitigadoras para conter a exploração (MMA, 2008).
por determinados recursos perenes. Esse autor pontuou que no semiárido brasileiro as pessoas tendem a preferir plantas nativas e lenhosas em detrimento das herbáceas não perenes.
Nesse trabalho a parte da planta mais empregada pelos entrevistados foram as folhas (28%), seguidas da casca/entrecasca (18%), e raízes (11%), utilizadas como chás (infusão ou decocção), garrafadas, xaropes, pó, banhos e emplastos. Em estudo semelhante Oliveira et al. (2010) observaram que as folhas representavam 31,5% das indicações para preparar os tratamentos pelos informantes de Oeiras, Piauí e Vieira (2008) no Município de São Miguel, também no Piauí, destacou o uso das folhas com 36,98%. Contudo, durante a estação seca, período em que há pouca disponibilidade de folhas, a parte mais utilizada são as cascas/entrecascas das espécies arbóreas que tenham os mesmos efeitos sobre a sintomatologia de algumas doenças.
Quanto às categorias de indicações terapêuticas houve resultados concordantes com o presente trabalho. Giraldi & Hanazaki (2010) também encontraram um maior número de indicações para problemas do sistema digestivo. Resultados semelhantes também foram registrados por Franco & Barros (2006), no Quilombo Olho D’água, em Esperantina, Piauí, cujos maiores números de indicações foram para doenças do sistema respiratório com 26,7% de indicações (entre elas: gripe, asma, sinusite, inlamação da garganta e tosse) e doenças do sistema digestivo, 19,2% (diarréia, helmintíases, infecções intestinais, hepáticas e gástricas). Algumas doenças apontadas pelos informantes da presente pesquisa foram categorizadas como ‘doenças culturais’. Duas informantes airmaram apenas manter na residência o tipi (Petiveria tetranda Gomez) para afastar o ‘mau olhado’ e ‘olho gordo’. Giraldi & Hanazaki (2010) num estudo realizado no Sertão do Ribeirão, Florianópolis, pontuaram que tais doenças são tratadas localmente por práticas culturais chamadas de benzeduras, e as benzedeiras, pessoas geralmente mais velhas, são especialistas locais e muito procuradas para a cura desses transtornos.
Dinâmica do conhecimento e valor de uso Tal qual a presente pesquisa, alguns autores perceberam que o grau de escolaridade e a renda mensal dos informantes não inluenciaram na quantidade de citação de plantas. Giraldi & Hanazaki (2010) no Sertão do Ribeirão, SC, também constataram que o gênero não inluenciou na pesquisa, porém esse resultado pode ser explicado devido o baixo número de entrevistas realizadas, destacaram as autoras. Em pesquisa realizada com 101 informantes acerca de duas
de Pernambuco, Monteiro et al. (2010) também não perceberam distinções signiicativas quanto ao gênero. Ao contrário, encontraram-se aqui distinções significativas na quantidade de conhecimento entre jovens e pessoas mais velhas. Resultados similares foram encontrados na literatura (Almeida et al., 2010; Monteiro et al., 2010). Esse tipo de resultado é largamente esperado, devido a maior experimentação e vivências dos mais velhos. A ‘erosão do conhecimento’ que também poderia explicar as diferenças entre classes de idade já foi bem pontuada por vários autores, como também a “aculturação”, mas ambos os processos devem ser discutidos com parcimônia, pois é perfeitamente plausível que jovens conheçam menos que os mais velhos, dessa forma não pode-se afirmar aqui que tal resultado sinaliza perda da cultura local (Almeida et al., 2010; Silva et al., 2011). Ao considerar o menor conhecimento dos mais jovens, reletido aqui em quantidade de indicações de uso, alguns autores pontuaram em seus trabalhos que a inluência de outras culturas, a modernidade e a até a existência de Postos de Saúde (acesso facilitado aos medicamentos industrializados) tem contribuído para diminuir o interesse e a transmissão dos conhecimentos empíricos sobre o uso das plantas pelos jovens (Vandebroek et al., 2004; Guarim Neto & Carniello, 2007).
crescimento como reprodução lentos (Zschocke et al., 2000), o mesmo ocorrendo com muitas das plantas medicinais da caatinga.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as informações obtidas neste trabalho, diferentes aplicações de uso da vegetação medicinal local foram apontadas em consonância com a riqueza encontrada aqui, confirmando a importância do vegetal na comunidade estudada. Soma-se ao fato a riqueza da flora piauiense, marcada por apresentar áreas de transição entre caatinga e cerrado na região sul, oferecendo uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento de pesquisas abrangendo o escopo da biodiversidade vegetal e do conhecimento tradicional associado (Farias, 2003). Pesquisas para essa região ainda são escassas e fazem-se necessários mais estudos com distintas abordagens, para somar aos resultados aqui apresentados, que envolvam a inluência de fatores culturais: idade, gênero e ocupação das pessoas na distribuição do conhecimento e uso de plantas úteis, a fatores ecológicos: identiicação e contagens de indivíduos, acesso aos sítios de coleta e quantidade coletada, por exemplo. Tais questões podem favorecer a implementação de propostas conservacionistas para a região, pois, pesquisas etnodirigidas que identiiquem recursos muito demandados localmente, por exemplo a aroeira (M. urundeuva Allemão), podem auxiliar gestores a solucionar os problemas de interesse, especialmente na urgente tomada de decisões políticas sobre o manejo desses recursos.
REFERÊNCIA
ABREU, J.R. Diversidade de recursos vegetais do cerrado utilizados pelos quilombolas Mimbó (Amarante, Piauí, Brasil). Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2000. ALBUQUERQUE, U.P. Introdução a etnobotânica.
Editora Interciência. 2º ed. 93p. 2005.
ALBUQUERQUE, U.P., ANDRADE, L.H.C.,. Etnobotanica del genero Ocimum L. (Lamiaceae) en las comunidades afrobrasilenas. An. Jard. Bot. Madrid, v. 56, n. 1, p. 107-118. 1998.
ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L.H.C. Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n. 3, p. 273-285. 2002 ALBUQUERQUE, U.P., MEDEIROS, P.M., ALMEIDA,
A.L.S., MONTEIRO, J.M., LINS, E.M.F., MELO, J.G., SANTOS, J.P. Medicinal plants of the caatinga (semi-arid) vegetation of NE Brazil: a quantitative approach. Journal of Ethnopharmacology v. 114, p. 325-354.
M.A., AMORIM, E.L.C. Medicinal and magic plants from a public market in northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology v. 110, p. 76-91. 2007b.
ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P.; ALENCAR, N.L. Métodos e técnicas para coleta de dados etnobotânicos. In: ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P; CUNHA, L.V.F.C. Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica, Comunigraf, Recife/PE, 2008.
ALBUQUERQUE, U.P.; ARAÚJO, T.A.S.; RAMOS, M.A.; NASCIMENTO, V.T.; LUCENA, R.F.P.; MONTEIRO, J.M.; ALENCAR, N.L.; ARAÚJO, E.L. How ethnobotany can aid biodiversity conservation: reflections on investigations in the semi-arid region of NE Brazil. Biodiversity and Conservation, v. 18, p. 127-150. 2009.
ALMEIDA, C.F.C.B.R.; RAMOS, M.A.; AMORIM, E.L.C.; ALBUQUERQUE, U.P. A comparison of knowledge about medicinal plants for three rural communities in the semi-arid region of northeast of Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v. 127, p. 674-684, 2010. AMORIM, A. Etnobiologia da Comunidade de
Pescadores Artesanais Urbanos do Bairro Poti Velho, Teresina/PI, Brasil, In: LOPES, W.G.R. et al. (Orgs.). Cerrado piauiense: uma visão multidisciplinar, EDUFPI, Série Desenvolvimento e Meio Ambiente, Teresina/PI, 2010.
ARAÚJO, T.A.S.; ALENCAR, N.L.; AMORIM, E.L.C.; ALBUQUERQUE, U.P. A new approach to study
medicinal plants with tannins and lavonoids contents from
the local knowledge. Journal of Ethnopharmacology, v. 120, p. 72-80, 2008.
ARAÚJO, T.A.S.; ALMEIDA, A.L.S.; MELO, J.G.; MEDEIROS, M.F.T.; RAMOS, M.A.; SILVA, R.; ALMEIDA, C.F.C.B.R.; ALBUQUERQUE, U.P. A new technique for testing distribution of knowledge and to
estimate sampling suficiency in ethnobiology studies. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 8, p. 1-11, 2012.
AYRES, M, AYRES, M.J.; AYRES, D.L.; SANTOS, S.A. Bioestat 5.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Sociedade Civil Mamirauá, CNPq, Brasília/DF, 2007.
BREMER, K. An Update of the Angiosperm Phylogeny
Group classification for the orders and familles of
lowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, 2009.
CASTRO, A.A.J.F.;BARROS, J.S.; COSTA, J.M. da; SANTOS, M.P.D.; PIRES, M.F.O.; MENDES, M.R.A.; CASTRO, N.M.C.F.; FARIAS, R.R.S.; SOUSA, S.R. Cerrados marginais do nordeste e ecótonos associados: Sítio 10 do PELD (período 2001/2011). Teresina: EDUFPI/Gráica do Povo, 2010.
COLWELL, R.K. EstimateS: Statistical estimation of species of species richness and shared species from samples. Version 8.2. Disponível em: http://viceroy. eeb.uconn.edu/Colwell/ (acesso em: 08/08/2012). DIEGUES, A.C.; ARRUDA, R.S.V. Saberes tradicionais
e biodiversidade no Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. São Paulo: USP, Biodiversidade, v. 4. 2001.
Université Pierre et Marie Curie, Paris. 1989.
FARIAS, R.R.S. Florística e itossociologia em trechos de vegetação do Complexo de Campo Maior/ Piauí. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE, 2003.
FRANCO, E.A.P.A.; BARROS, R.F.M.; ARAUJO, J.L.L. Uso e diversidade de plantas do cerrado utilizadas pelos quilombolas de Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. In: LOPES, W.G.R. et al. (Orgs.). Cerrado piauiense: uma visão multidisciplinar. EDUFPI, Série Desenvolvimento e Meio Ambiente, Teresina/PI, 2007.
GIRALDI, M.; HANAZAKI, N. Uso e conhecimento
tradicional de plantas medicinais no Sertão do Ribeirão. Acta Botânica Basílica, v. 24, n. 2. 2010.
GIULIETTI, A.M.; HARLEY, R.M.; QUEIROZ, L.P.; B A R B O S A , M . R . V. ; B E Z E R R A - N E TA , A . L . ;
FIGUEIREDO, M.A. 2002. Espécies endêmicas
da caatinga. p. 103-119. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGINIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L. (editores). Vegetação e flora da caatinga. APNE – CNIP. 176p.
GOTELLI, N.J.; ENTSMINGER, G.L. EcoSim: null models software for ecology. Version 7. Acquired
Intelligence Inc. & Kesey-Bear. Jericho, VT 05456. 2009.
Disponível em: http://www.garyentsminger.com/ecosim/ index.htm. (Acesso em fevereiro de 2010).
GUARIM NETO, G.; CARNIELLO, M.A. Etnoconhecimento e saber local: um olhar sobre populações humanas e os recursos vegetais. In: ALBUQUERQUE, U.P.; ALVES, A.G.C.; ARAÚJO, T.A.S. Povos e paisagens: Etnobiologia, etnoecologia e biodiversidade no Brasil.,NUPEEA/UFRPE, Recife/PE, 2007.
I N S T I T U TO B R A S I L E I R O D E G E O G R A F I A E ESTATISTICA (IBGE). Cidades. 2008. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>. Acesso
em: 15/05/ 2011.
LORENZI, H., Árvores Brasileiras: manual de identiicação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, vol. 1, 5ª edição, Plantarum, 2008.
MELLO, J.P.C.; SANTOS, S.C. Taninos. In: SIMÕES,
C.M.O.; SCHENCKEL, E.P. (Orgs.). Farmacognosia (da planta ao medicamento). Ed. UFSC 5º ed.
p.615-657. 2001.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa
Nº 6. Disponível em: www.mma.gov.br/. (Acessado em: novembro de 2008).
MOBOT – Missouri Botanical Garden, Tropicos (on line). Disponivel em:<< http://www.mobot.org>> (Acessado em 26/04/2011).
MONTEIRO, J.M.; ARAUJO, E.L.; AMORIM, E.L.C.; ALBUQUERQUE, U.P. Taninos: uma abordagem da química a ecologia. Química Nova, v. 28, n. 5, p. 892-896. 2005.
MONTEIRO, J.M.; ALBUQUERQUE, U.P.; LINS NETO, E.M.F.; ARAÚJO, E.L.; AMORIM, E.L.C. Use patterns and knowledge of medicinal species among two rural
communities in Brazil’s semi-arid northeastern region. Journal of Ethnopharmacology, v. 105, p. 173-186. 2006.
MONTEIRO, J.M.; RAMOS, M.A.; ARAÚJO, E.L.; AMORIM, E.L.C.; ALBUQUERQUE, U. P. Dynamics
urban ecosystem (Pernambuco, Northeast Brazil). Environmental Monitoring and Assessment, v. 178, p. 179-202, 2011.
MONTEIRO, J.M. ; ARAÚJO, E.L.; AMORIM, E.L.C.; ALBUQUERQUE, U.P. Valuation of the Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão): perspectives on conservation. Acta Botanica Brasílica, v. 26, p. 125-132, 2012.
OLIVEIRA, F.C.; ALBUQUERQUE, U.P.;
FONSECA-KRUEL, V.S.; HANAZAKI, N. Avanços nas pesquisas
etnobotânicas no Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 23, p. 590-605, 2009.
OLIVEIRA, F.C.S BARROS R.F.M., MOITA NETO J.M. Plantas utilizadas em comunidades rurais de Oeiras - semiárido piauiense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 3, 2010.
RODAL, M.J.N.; SAMPAIO, E.V.S.B. A vegetação do bioma caatinga. In: E.V.S.B. Sampaio; A.M. Giulietti; J. Virgínio& C.F.L. Gamarra-Rojas (orgs.). Vegetação e Flora da Caatinga, APNE/ CNIP, Recife/PE, 2002. ROQUE, A.A.; ROCHA, R.M.; LOIOLA, M.I.B. Uso e
diversidade de plantas medicinais da Caatinga na comunidade rural de Laginhas, município de Caicó, Rio Grande do Norte (nordeste do Brasil), Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.12, n.1, 2010. ROSSATO, S.C.; LEITAO FILHO, H.; BEGOSSI, A.
Ethnobotany of caiçaras of the Atlantic Forest Coast (Brazil). Economic Botany, v. 53. P. 387-395.
SANTOS, L.G.P.; BARROS, R.F.M.; ARAÚJO, J.L.L. Diversidade de plantas medicinais e forrageiras do cerrado de Monsenhor Gil, Piauí. In: LOPES, W.G.R. et al. (Orgs.). Cerrado piauiense: uma visão multidisciplinar. Teresina: EDUFPI, (Série Desenvolvimento e Meio Ambiente). 2007.
SILVA, A.J.R; ANDRADE, L. C.H. Etnobotânica nordestina: estudo comparativo da relação entre comunidades e vegetação na Zona do Litoral - Mata do Estado de Pernambuco, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 19, n. 1, p. 45-60. 2005.
SILVA, M.P. Etnobotânica de Comunidades Rurais da Serra de Campo Maior – Piauí, Brasil, In: LOPES, W.G.R. et al. (Orgs.). Cerrado piauiense: uma visão multidisciplinar, EDUFPI: Série Desenvolvimento e Meio Ambiente, Teresina/PI, 2010.
SILVA, V. A.; NASCIMENTO, V. T.; SOLDATI, G. T.; MEDEIROS, M. F. T.; ALBUQUERQUE, U. P. Técnicas para análise de dados etnobiológicos. In: ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P.L.; CUNHA, L.V.C. (Org.). Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica. Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica. Recife: Nupeea, p. 207-222. 2010
S I LVA , F. S . ; R A M O S , M . A . ; HANAZAKI, N.; ALBUQUERQUE, U. P. Dynamics of traditional knowledge of medicinal plants in a rural community in the Brazilian semi-arid region. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 21, p. 382-391, 2011.
TROPEN), 2010.
SOUSA, R.S.; HANAZAKI, N.; LOPES, J.B.;
BARROS, R.F.M. Are gender and age important in understanding the distribution of local botanical knowledge in ishing communities of the parnaíba delta environmental protection area? Ethnobotany Research & Applications, v. 10, p. 551-559, 2012. TITIEV, M. Introdução à antropologia cultural. Fundação
Calouste Gulbenkian. 8 ed. 2000.
VANDEBROEK, I.; CALEWAERT, J.; DE JONCKHEERE,
S.; SANCA, S.; SEMO, L.; VAN DAMME, P.; VAN
PUYVELDE, L.; DE KIMPE, N. Use of medicinal plants and pharmaceuticals by indigenous communities in the Bolivian Andes and Amazon. Bulletin of ter World Health Organization, v. 82, n. 4, p. 243-250. 2004. VIEIRA, R. F.; SILVA, S. R.; ALVES, R. B. N.; SILVA, D.
B.; WETZEL, M. M. V. S.; DIAS, T. A. B.; UDRY, M. C.; MARTINS, R. C. Estratégias para Conservação
Medicinais e Aromáticas: Resultados da 1a Reunião
Técnica. Embrapa/Ibama/CNPq. 184p. 2002.
VIEIRA, F. J. Uso e diversidade dos recursos vegetais utilizados pela Comunidade Quilombola dos Macacos, São Miguel do Tapuio, Piauí, Brasil. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal do Piauí, Teresina/ PI, 2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). International Statistical Classiication of Diseases and Related Health Problems. 10th revision. [on line], 2007. Disponível em:<< http://www.who.int/classiications/ apps/icd/icd10online/.>> (Acesso em 26/04/2011).
ZSCHOCKE, S.; RABE, T.; STADEN, J. Plant part