PLANTA DANINHAIII(1):55-57, 1980
CAPAC
ID
ADE REPRODUTIVA
DE
Porophyllum ruderale
(Jacq.) Cass.
G. DE MARINIS*, A. LEPOS**, L.P. FRIEBOLIN** & R.A.M.MUSA**
* Professor-Titular, Departamento de Botânica, Ins ti tu to de Bio ciê nc ia s, Un iv ers id ad e Es ta -dual Paulista <<Júlio de Mesquita Filho>>, 13.500 Rio Claro, SP.
** Ex- extagiárias da Faculdade de Filo sofia, Ciên-cias e Letras de São José do Rio Preto (nova denomina ção : Ins tituto de Biociências, Letra s e Ciências Exatas, UNESP).
Recebido para publicação em 15/05/80.
RESUMO
Um a po pu la çã o de Po rop hy ll um ru de ral e
(Jacq.) Cass. ocorre nte nos arredores de São José do Rio Preto (SP) foi estudada quanto à estatura, biomassa epígea seca, número de ramos, de capítulos por ramo e por indivíduo e quanto à produ ção de aquênios por capítulo e por indivíduo. Es -ta última foi relativamente baixa (média de 2510 aquênios) correspondendo, na base de 80% de germinabilidade, à média de 2008 disse minulos viá -veis por indivíduo. Esta capacidade reprodutiva é muito superior ao número de indivíduos que habitualmente oco rrem em condições naturais. A fra ca densidade populacional característica da espé -cie deve ser atribuída, portanto , a outros fatores, tais como, possivelmente, as condições do solo, a competição interespecífica e, talvez, a ação de inimigos naturais. A produção individual de capítu -los e de aquênios revelou correlação com a estatu-ra e a biomassa mas o número de aquênios por ca pí tu lo (5 3 em mé di a) nã o re ve lo u co rr ela çã o com a estatura, a biomassa e a pro dução ind ivi-dual de capítulos e de aquénios, demonst ran do ser um carater pou co afe tado pelo vigor vegetati-vo.
UNITERMOS:
Malerbologia, Capacidade reprodutiva,
Porophyllum ruderale(Jacq.) Cass.
SUMMARY
R E P R Ó D U C T I V E C A P A C I T Y Ó F P o r o -phyllum ruderale(Jacq.) Cass.
A p o p u la t io n o f P o r o p h y l l u m r u d e r a l e
(Jacq.) Cass., a weed of the Compositae family, occurri ng in a fallo w are a nea r São Jose do Rio Pre to (State of São Pau lo, Bra zil) was stu die d in regard to: a) height, b) dry epigeous biomass, c) nu mb er of bra nc he s, d) nu mb er of he ad s pe r branch, e) number of heads per plant, f) number of ache ne s per he ad and g) ou tput of ache ne s pe r plant. This output was relatively low (on an avera-ge of2510) corres ponding to 2008 viable achenes per plant, taking into account a germination per-centage of 80% . The observed reproductive capa-city is very higher than the number of mature in-dividuals usually found in the field and does not explain, the refore, the widely sca tte red distr ibu -tion of P. ruderale. Environmental factors,
possi-bly soil conditions, interspecific competition and natural ene mie s, should be taken int o accou nt. The nu mb er o f he ads and ache ne s pe r p la nt showed correlation with height and biomass, whi-le the number of achenes per head (on an average of 53) showed no correlation with height, biomass and number of heads and achenes per plant, revealing to be a character little affected by vegetati -ve vigours.
KEYWÓRDS:
Weed Biology, Reproductive capacity, Po-rophyllum ruderale(Jacq.) Cass.
INTRODUÇÃO
O conhecimento da capacidade
repr od ut iv a da s ma le rb as repr op ic ia me
lho r com pre ens ão de seu pap el eco lóg i
-co e -contribui, portanto, para o
aperfei-çoamento de seu controle. Infelizmente,
es te as su nt o nã o fo i ai nd a su fi ci en te
-mente est udado no Brasil, sen do esc
as-sos os traba lho s a re spe ito ; ent re ele s,
há os que foram realizados sobre
Bidens
pilosa
L. (De Marinis, 10),
Cenchrus
echinatus
L.
(Pacheco & De Marinis, 18)
e
Melancium campestre
Naud. (Cesar &
De Marinis, 6).
O
presente
trabalho
visa
fornecer
informaçôes
a
respeito
da capacidade
reprodutiva
de
Porophyllum ruderale
(Ja cq. ) Cas s. e das cor rel açô es exi ste
nte s en tr e al gu ns pa râ me tr os v eg et at i
-vos e reproduti-vos da planta.
P. ruderale
pertence à família
Com-pos itae
e, emb ora não est eja cit ado na
12.
aedição do Syllabus de Engler
(Wa-genitz, 21) se enquadra, pelos seus
ca-racteres, na subfamília
Asteroideae,
tribo
Helenieae,
subtribo
Tagetinae.
56 G. DE MARINIS E OUTROS
se refere à forma biológica deve ser
in-cluíd a entr e as te rófit as de Ra unkia er
(19) porque, sendo anual e não dispondo
de meios de propagação vegetativa,
de-pe nd e do s di ss em ín ul os re pr od ut iv os
para sua manutenção e dispersão. Os
dis sem ínu los são aqu êni os cuj a des cri
çã o se en co nt ra em Ba ke r (3 ); pe rt en
-cem , do ponto de vis ta ecomor fol ógi co,
ao t i po po g on óc or o de Da n ser eau e
Lems (Dansereau, 7) e possuem um
pa-pi lh o be m de se nv ol vi do , co mp os to de
50
ou mais cerdas flexuosas e ciliadas
(Baker,
3).
A planta é conhecida no Brasil como
couve-cravinho
(Angely,
1;
Blanco,
4;
Ku hl ma nn & Kü hn , .1 4; Le it ão F. ° et
al., 15;
Löfgren & Everett, 16),
erva-fres-ca (A ng el y, 1; Bl an co , 4; Le it ão F. ° et
al.,
15;
Löfgren & Everett, 16), couvinha,
erva -couvinha, cravo-de-urubu (Blanco,
4). O comportamento infestante da espécie,
já consignado em seu epíteto especifico por
Jacquin em 1760, é mencionado para o
Brasil por numerosos autores (Baker,
3;
Blanco, 4; Carvalho,
5;
Dedec ca,
8;
De
Mar ini s, 11; Gem tc húj nic
ov,
12;
Leitão
F.° et
al.,
15;
Monteiro et
al.,
17;
Warming,
22);
trata-se
de
espécie
prin cipal ment e ruder al (Blanco, 4;
Lei-tão F.° et
al., 15)
pouco frequente e
leve-mente nociva (Blanco, 4).
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram es tudado s 12 0 indivídu os es pontâ -neos, localizados nos arredores da cidade de São José do Rio Preto (SP) e todos no estágio de fruti -ficação.
De cada indivíduo foram medidos: estatu ra (e), número de ramos (r/i), número de capítulos por ramo (c/r), número de aquênios por capítulo (a/c) e biomassa epígea seca em estufa a 105:110°C até peso const ante (Bes ). Fora m calculados o núme ro de ca pí tu lo s po r pl an ta (c /i ) e o nú me ro de aq ué nios po r pl anta (a li). A co rrela ção en tre al -guns des tes parâmetros foi calculada pelos méto-dos estatísticos usuais.
Para verificar a germinabilidade, aquênios retirados dos indivíd uos em estudo foram coloca -dos em placas de petri fec had as, sob re pap el de filtro úmido, e mantidos em condiçõe s de labora -tório, à temperatura entre 22°C e 26°C, durante trinta dias.
A capacidade reprodutiva foi calculada pela fórmula:
onde FP é o número de fru tos pro duzidos por ca-da indivíduo e FG é o número de aquênios germi-nados no respectivo teste, sobre o total de 100.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número médio de aquênios por
capítulo (a/c) foi de
53
e o número médio
de aquênios por indivíduo foi de
2510.
Os aquênios retirados de capítulos
bem abe rt os chegaram a mos tr ar 98%
de germinabilidade.
Para o cálculo da
ca pa ci da de re prod utiv a foi utilizad o o
valor médio de
80%,
que levou à
capaci-dad e repro dut iva média de
200 8
aqu
ê-nios viáveis por indivíduo.
A ex is tê nc ia ou nã o de co rr el aç ão
entr e algu ns dos parâ metr os estu dado s é
indicada no quadro 1.
Quadro 1. Correlação entre alguns parâmetros de
P. ruderale.
Houve correlação entre estatura, de um
lado, e número de aquênios por indivíduo e
biomassa, do outr o, de tal modo qu e a
esta tu ra
po de
ser
to ma da
como
um
índ ice
des ses
doi s
par âme tros,
de
primordial
importância
para
a
agressi vi da de da pl an ta . E fa to já be m co
-nhecido (De Marinis, 9) que existe
geral-mente boa corr elação entr e a intensida de
do cr es ci me nt o em al tu ra e o pe so da
planta.
la-CAPACIDADE REPRODUTIVADEPorophyllum Ruderale(Jacq.) Cass. 57