• Nenhum resultado encontrado

Bioquímica da esquistossomose mansônica: envolvimento dos siderossomos nos processos inflamatórios hepáticos.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Bioquímica da esquistossomose mansônica: envolvimento dos siderossomos nos processos inflamatórios hepáticos."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 3 ( 2 ) : 7 7 -8 2 , a b r-ju n , 1 9 9 0

BIOQUÍMICA D A ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA:

ENVOLVIMENTO DOS SIDEROSSOMOS NOS

PROCESSOS INFLAMATÓRIOS HEPÁTICOS

Luiz Erlon Araújo Rodrigues e Pierre Galle

O s p ro c e sso s in fla m a tó rio s qu e se d esen vo lv em d u ra n te a s e ta p a s a v a n ç a d a s da esq u isto sso m o se m a n sô n ic a h ep á tica fo r a m relacio n ad os, com o a cú m u lo d e sid ero s-som os, a c a p a c id a d e d o s ío n s ferro so s/f é rric o s d e d esen ca d ea rem a fo r m a ç ã o de ra d ic a is livres e a p e r o x id a ç ã o d e lip íd io s m em braná ceos, a ssim co m o à dim in u iç ã o da e s ta b ilid a d e d a s m e m b ra n a s d o s d iv erso s co m p o n en tes d o c o m p a rtim e n to liso ssô m ic o h epático. O s liso sso m o s is o la d o s de fig a d o s de ca m u n d o n g o s in fe cta d o s p o r 1 0 0 cercária s, co m 8 0 e 1 0 0 d ia s d e infecção, fo r a m resp ectivam en te, 2 ,5 e q u a se 4 vezes m a is f r á g e is q u e o s controles, iso la d o s d e fig a d o s d e ca m u n d o n g o s não infectado s. A p re se n ç a d e sid e ro sso m o s em g ra n d e q u a n tid a d e f o i d e m o n stra d a p o r esp ectro m etria

a o s raio s-X .

P a la v ra s-c h a v e s: E sq u isto sso m o se m an sôn ica. M e ta b o lis m o d e fe rro . P ro cesso in fla m a tó rio . S u p eró x id o s. R a d ic a is livres.

Entre as diversas causas que podem desenca­ dear ou manter os diferentes graus de lesões inflamató­ rias observadas na hepatopatia esquistossomótica, se destacam: a obliteração de ramos do sistema porta intra-hepáticos por vermes e/ou ovos do S. m a n so n i 2,

o aumento da labilidade das membranas dos diversos componentes do compartimento lisossômico das cé­ lulas hepáticas e n v o l v i d a s2 4 e, finalmente, os efeitos de superóxidos e outros radicais livres decorrentes da lise de hemácias comprometidas com as lesões vascu­ lares obstrutivas19.

Os esquistossômulos do S c h isto so m a m a n so n i

vivem em íntimo contacto com células sangüíneas humanas, principalmente as hemácias, desde o tercei­ ro ou quarto dia após a infecção14. A superfície desses parasitas é coberta por duas membranas. A externa, rica em lisofosfatilcolina tem a capacidade de aderir a neutrófilos, eosinófilos, macrófagos e hemácias e lisar as membranas plasmáticas dessas células, com a conseqüente saída dos seus conteúdos

citoplasmáti-Departamento de Biofunção, Setor de Bioquímica do Institu­ to de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.

Laboratoire de Biophysique, F acuité de Médecine, Université de Paris, Val de Marne, Créteil, France.

Endereço para correspondência: Dr. Luiz Erlon Araújo Rodrigues. Departamento de Biofunção, Setor de

Bioquími-ca/IC S/U FB A .

Caixa Postal 4777, 40140 Salvador, BA, Brasil.

Recebido para publicação em 03/04/90.

cos, permanecendo suas membranas aderidas à super­ fície dos parasitas7. E a membrana interna, muito semelhante à membrana plasmática das demais célu­ las de mamíferos^.

Rodrigues e Costa24 demonstraram que os diversos componentes do compartimento lisossômico isolados das células hepáticas de camundongos infec­ tados por 100 cercárias eram significantemente mais frágeis que os controles não infectados. A diminuição da estabilidade das membranas desses orgânulos favorece a saída de hidrolases ácidas, proteínas catiô- nicas e hidrolases neutras capazes de desencadear e/ou manter o processo inflamatório2^.

Radicais livres, principalmente aqueles deri­ vados do oxigênio, como o superóxido (O-^), a hídro- xila(HO—) e o ânion hipoclorito (CIO~ ), são produzi­ dos durantê a reação inflamatória, especialmente pelos leucócitos polimorfonucleares e m acrófagos^.

Diante do exposto, resolvemos estudar, através do emprego de técnicas bioquímicas que avaliam as condições fisico-químicas das membranas lisossômi- cas, de microscopia eletrônica e de microanálises por espectrometria aos raios-X (sonda de elétrons), o envolvimento do compartimento lisossômico das cé­ lulas hepáticas com o metabolismo do ferro, relacio­ nando os achados experimentais que se observam na fase avançada da esquistossomose mansônica, em camundongos.

MATERIAL E MÉTODOS

(2)

alimentados, foram infectados por 100 carcárias, segundo técnica descrita por Standen29 e controlados por exames de fezes após 60 dias do início da citada infecção.

Vinte animais com 80 e outros vinte com 100 dias de infecção, além de mais vinte não infectados, foram sacrificados por traumatismo craniano, sem anestesia. Seus fígados imediatamente retirados e colocados, separadamente, em solução tamponada de manitol 25 X 10 2M, contendo TRIS (hidroximetil) aminometano 10_2M, etileno diaminatstraacetato dissódico (EDTA-sódico) 2 X 10 4M, cloreto de potássio 10~2M, fosfato monopotássico 5 X 10-3 M e fosfato dissódico 5 X 10 “3M, pH 7.4 e entre 2° a 4°C. De cada um deles foi retirado um fragmento do lóbulo maior para os estudos microanallticos e de microsco- pia eletrônica. O restante, depois de separado da vesícula biliar, foi reduzido a pequenos fragmentos e lavado na mesma solução tamponada até a retirada, ao máximo possível, do sangue. Em seguida, os fragmentos foram homogeneizados em aparelho de Potter-Elvejhem, a 250 rpm, no tempo máximo de 2 minutos, em banho de gelo fundente.

A fração rica em lisossomos e partículas corre­ latas, correspondente a cada fígado, foi isolada no sedimento de 32.000g, por centrifugação fracionada e refrigerada a 2°C, durante 20 minutos, segundo técnica descrita por Rodrigues e cols^S. Este sedimen­ to que concentra a maioria dos componentes do compartimento lisossômico hepático, a saber, vacúo- los autofágicos e heterofágicos, autofagolisossomos, grânulos de secreção, lisossomos primários, lisosso­ mos secundários e corpúsculos residuais, foi utilizado como fonte das observações experimentais. Ele foi ressuspenso para um volume igual ao do homogenei­ zado inicial, usando a solução tamponada de manitol antes descrita e incubado em banho de gelo fundente durante 20 minutos. Após esse tempo, foi submetido a nova centrifugação a 32.000g durante 20 minutos e a 2°C, para a separação, num novo sedimento, dos diversos componentes do compartimento lisossômico ainda intactos. A determinação da atividade fosfatási- ca ácida (ortofosfórico-monoéster-fosfohidrolase, 3.1.3.2) neste último sobrenadante permite a avalia­ ção das condições físico-químicas relacionadas com a estabilidade das membranas lisossômicas. A atividade enzimática foi medida segundo a técnica proposta por Roy e cols27. As dosagens das proteínas totais foram efetuadas segundo a técnica de Lowry e cols, modifi­ cada por Rodrigues e cols26.

As observações por microscopia eletrônica e as microanálises do compartimento lisossômico foram efetuadas a partir de pequenos fragmentos do tecido hepático, previamente identificados e colocados em solução tamponada de fosfato 10-1M, pH 7.2, em

banho de gelo fundente. Esses fragmentos foram tratados separadamente, por solução tamponada de glutaraldeído a 1,5% v/v em fosfatos 10 'M , pH 7.2. Neste processo de fixação com o agente redutor, eles permaneceram durante l h a 4°C. Findo esse tempo, foram lavados duas vezes com a solução tamponada de fosfatos 10-1M, pH 7.2 e transferidos para serem pós-fixados em solução de ácido ósmico em cacodilato de sódio 10 jM, por lh a4 °C . Depois desse tempo de fixação os fragmentos foram lavados duas vezes usando-se solução tamponada de cacodilato de sódio 10 3M, pH 7.2 e, em seguida, desidratados em soluções alcoólicas de concentrações crescentes, se­ gundo técnica descrita por Junqueira e cols17. Depois de pós-fixados foram embebidos em resina epóxi e submetidos a 60°C durante 1 hora para a polimeriza- ção do plástico. Fatias ultrafinas foram depositadas em grades de cobre para a microscopia eletrônica (microscópio de transmissão Philips, modelo EM- 300) e de titânio para as microanálises (sonda de elétrons CAMECA modelo MBX). Uma vez escolhi­ do o lisossomo secundário (siderossomo) e/ou o corpúsculo residual a ser analisado, ele foi ativado por um feixe de elétrons de 50nm de diâmetro, intensidade de 150nA e submetido a um potencial de ativação de 45 KV. A detecção dos espectros de raios-X emitidos a partir das raias K-alfa 1 dos átomos de ferro e enxofre foi efetuada por filtro microanalisador de raios-X, constituído de fluoreto de lítio, segundo técnica descri­ ta por Galle13.

Os resultados bioquímicos que avaliam a esta­ bilidade das membranas dos diversos componentes do compartimento lisossômico isolados dos fígados de animais-controles e daqueles em fase adiantada de esquistossomose mansônica, foram expressos em mi- liunidades de atividade fosfatásica ácida por mili­ grama de proteínas totais. Eles foram comparados entre si através do teste “ t” de Student6 e considerados significtivos os valores de p < 0,05.

As condições experimentais de isolamento dos lisossomos foram controladas pela prova de digitoni- na, segundo metodologia descrita por Rodrigues e

c o ls 2 5

.

RESULTADOS

(3)

R o d r ig u e s L E A , G a lle P. B io q u ím ic a d a e s q u is to s s o m o s e m a n s ô n ic a : e n v o lv im e n to d o s s id e r o s s o m o s n o s p r o c e s s o s in f la m a tó r io s h e p á tic o s . R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 3 : 7 7 - 8 2 , a b r-ju n , 1 9 9 0

Deste modo, pode-se notar na Figura 1 que a atividade fosfatásica ácida correspondente aos 80 dias de infecção (25,7 + 5,5 mU/mg) foi 2,5 vezes maior que nos controles não infectados, (10,5 ± 2,7 mU/mg) e que com 100 dias, (39,8 ± 7,2 mU/mg), esta mesma atividade foi quase 4 vezes maior. Estes dados foram bastante significativos quando comparados com os controles, p < 0,02 e entre si, p < 0,05. Eles confirmaram resultados anteriormente obtidos onde lisossomos isolados das células hepáticas de animais parasitados pelo S. m an soni, nas fases adiantadas de

infecção, são bem mais lábeis que os controles24.

Os testes que usaram a digitonina, substância que quebra todos os corpúsculos lisossômicos, mos­ traram que a atividade enzimática total é quase 7 vezes maior que aquela encontrada nos controles. Este dado permite extrapolar que mais da metade dos lisossomos hepáticos nos animais com 100 dias de infecção estão labilizados e, por tanto, bem mais frágeis, mais susceptíveis à lise e extravasamento dos seus contéu- dos hidrolíticos.

I - Controles, 20 animais.

II - Com 80 dias de infecção, 20 animais. III - Com 100 dias de infecção, 20 animais.

IV - Controles lisados pela digitonina- 10 mM, 20 animais.

Figura 1 - V a riaç õe s d a s a tiv id a d e s liso ssô m ic a s em fíg a d o s d e ca m u n d o n g o s-c o n tro les e in fec tados p o r 1 0 0 ce rcá ria s d o Schistosoma mansoni.

Os figados-controles estão representados pela Figura 2. A Figura 3 representa os 80 dias de infecção e pode-se notar a grande quantidade de componentes do compartimento lisossômico, com membranas bem deli­ mitadas, cheias de material, provavelmente lipoprotéico eletrodenso, alguns em fase de fusão e outros já trans­ formados em corpúsculos residuais, bem mais

eletro-densos. Microanálises efetuadas nesses orgânulos in­ dicaram a presença de grandes concentrações de ferro e enxofre. Pode-se considerá-los como siderossomos em diversas fases de formação.

F igura2-F o to m ic r o g r a fia d e h e p a tó c ito norm al. N o ta -se o núcleo (N ) co m cro m a tin a fr o u x a e nu cléolo evidente, além d o retícu lo en d o p la s m á tic o ru goso (R E ) bem de se nv olvido, m u ita s m ito cô n d ría s (M ) e a lg un s liso sso m o s (L ). N o q u a d ra n te inferior d ir e ito d a fo to , o b serva -se ca n a lícu lo b ilia r entre d o is hepatócito s.

Figura 3 - F o to m ic ro g ra fia d e fíg a d o d e cam u n do n go in fecta do p o r 1 0 0 ce rcá ria s e co m 8 0 d ia s d e infecção. P a rte d e célula, pro v a v e lm e n te fa g o c itá ria , em fr a n c o p ro c e sso de d eso rg a n iza çã o , m o stra n d o vá rio s liso sso m o s secu n d á rio s (L S ), ch eios d e m a te r ia l eletrod enso , m u ito s d e le s em p ro c e sso d e fu sã o . S ã o visto s tam bém , alé m d e m ito cô n d ría s ( M ) e do N ú cle o (N ), a lg u n s fa g o lis o s s o m o s e m u ito s co rp úscu lo s resid u a is ( C R ) ou sid ero sso m o s. O s espectros d e ra io s-X . situ a d o s na p a r te su p erio r d ir e ita d a fo to , in d ica m a s p re s e n ç a s d e fe rro e enxofre.

(4)

fagocitá-ria, extremamente rica em corpúsculos residuais bas­ tante eletrodensos, praticamente sem membranas e compostos quase exclusivamente de ferro e enxofre, portanto, siderossomos já bem definidos.

Figura 4 - F o to m ic ro g ra fia d e fíg a d o d e ca m un don go infectado p o r 1 0 0 cercá rias e com 1 0 0 d ia s de infecção. C élula, p ro v a v e lm e n te fa g o c itá ria , m o stra n d o em seu cito­ p la s m a g ra n d e q u a n tid a d e d e corp úscu los re sid u a is (C R ), alguns b a sta n te eletro de n so s ou side ro ssom os, outros de aspe cto lam elar. N ota-se, além do núcleo (N ) ap re sen ta n do f in a s inclusões eletrodensas, a lg u m a s m ito cô n d ria s (M ) com altera çõ es de c rista s e p e q u e n a s inclusões. O s esp ec tros de raios-X , situ a d o s na p a r te su p erio r d ireita d a fo to , in dicam as p re se n ç a s d e fe r r o e enxofre.

DISCUSSÃO

A saída de enzimas lisossômicas para o cito­ plasma pode iniciar alterações degenerativas e até mesmo a lise das células, levando ao desencadeamen­ to do processo inflamatório. Este fenômeno tem sido exaustivamente comprovado experimentalmente des­ de a descoberta dos lisossomos por Duve e cols1® em 1955, até atualmente20.

Entre inúmeros fatores que causam a lesão das membranas dos diversos componentes do comparti­ mento lisossômico, podem ser destacados três deles, intimamente relacionados e, seguramente presentes na fase adiantadà da esquistossomose mansônica hepá­ tica: a diminuição da oxigenação in situ 11, o acúmulo

de ferritina e hemossiderina nos componentes lisos- sômicos21 e a produção de radicais livres, além do peróxido de hidrogênio19.

A ferritina desempenha importante papel no metabolismo do ferro, nos tecidos animais, porque se constitui na primeira proteína de estoque deste mate­ rial principalmente no fígado, baço e medula óssea30. Ela é constituída de um núcleo contendo óxido férrico hidratado e alguns residuos de fosfato, circundado por

uma camada protéica. Chega a ser o maior componente de metabolismo de ferro não hemínico, possui até 4.500 átomos de ferro trivalentes ligados a cada molécula de apoferritina e chega a constituir 25% de ferro total do organismo9.

Segundo Weir e cols31, quando a presença citoplasmática de ferritina alcança uma concentração máxima que varia com o tipo de célula, ela é autofago- citada pelos lisossomos que a concentram em forma de agregados protéicos, insolúveis em água, bem mais ricos em ferro e conhecidos como hemossiderinas.

A captação do ferro extracelular se faz princi­ palmente sob a forma de transferrina por endocitose, diretamente ligada aos microtúbulos e ao comparti­ mento lisossômico. Esta captação pode ser inibida por grupamentos tiólicos livres e por 2,4 dimtrofenol2^.

Os siderossomos que são lisossomos carregados de ferritina e hemossiderina, se apresentaram muito numerosos e localizados predominantemente nos he- patócitos e macrófagos, em áreas de fibrose ou granu- lomatosa. Concordantes com os achados de Anderson e Rao1, os siderossomos estavam em menor número nas células de Kupffer e raros nas células epiteliais dos duetos biliares.

Tem sido amplamente demonstrado que o ferro e/ou qualquer de suas formas de reserva aumentam em muito a toxicidade e a síntese dos radicais livres derivados do oxigênio, nos tecidos inflamados316 19. Entre os diversos efeitos nocivos destes radicais destaca-se a peroxidação dos lipidios, dos diversos sistemas membranáceos celulares, principalmente dos lisossomos, levando à desestabilização de suas mem­ branas com a conseqüente saída de enzimas hidrolí- ticas para o citoplasma21.

De acordo com Brunk e Cadenas^, a produção de superóxido, peróxido de hidrogênio, além de outros componentes tóxicos para os lisossomos, fabricados durante a fagocitose, são considerados de grande importância para os mecanismos de defesa do hospe­ deiro durante o processo inflamatório.

Até pouco tempo, os íons hidroxilas eram considerados como os mais importantes agentes oxi- dantes dos lipídios insaturados, componentes das membranas. Bem recentemente foi demonstrado que a relação Fe2+/F e 3+ está muito implicada nessa pero- xidação^. Além da formação dos radicais livres cita­ dos, Halliwell e Guteridge15 demonstraram que inte­ rações do radical superóxido (0 ~ j) com o peróxido de

hidrogênio (H2O2) e o ferro são capazes de formar os radicais ferril e perferril, ambos de alta reatividade química.

(5)

R o d r ig u e s L E A , G a lle P. B io q u ím ic a d a e s q u is to s s o m o s e m a n s ô n ic a : e n v o lv im e n to d o s s id e r o s s o m o s n o s p r o c e s s o s in f la m a tó r io s h e p á tic o s. R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 3 :7 7 -8 2 , a b r-ju n , 1 9 9 0

intra-hepáticos do sistema porta pelos ovos e/ou vermes S. m an son i, talvez possa ser incluído como um

dos responsáveis pela reação inflamatória caracterís­ tica desta parasitose.

SUMMARY

The in fla m m a to ry p ro c esses th a t d evelo p du­ ring the a d v a n c e d sta g e s o f h ep a tic sc h isto so m ia sis m a n so n i ha ve been rela te d in this stu d y to: (a ) ac cu m u la tio n o f sid ero so m es; (b ) c a p a c ity o f the ferro u s/fe rric io ns to unlea sh the fo rm a tio n o f fre e rad icals; (c ) p e ro x id a tio n o f m em b ra n a ceo u s lip id s and; (d ) reductio n o f sta b ility o f the m em bran es o f se ve ra l co m p o n en ts o f the he p a tic ly s o s o m a l com ­ p a rtm en t. The ly so so m es is o la te d fr o m th e livers o f

infected m ic e b y 1 0 0 cercariae, w ith 8 0 a n d 1 0 0 d a y s o f infection, w ere resp ectively 2 .5 a n d a lm o st 4 tim es w e a k er th an the co n tro l on es iso la te d fr o m livers o f non-in fected mice. The p re se n c e o f a g r e a t q u a n tity o f sid ero so m es h a s been d em o n stra te d by tran sm issio n electro nic m ic ro sc o p y a n d X - r a y sp e ctro m e try m i­ croana lysis.

K e y -w o rd s: S c h isto so m ia sis m ansoni. Iro n m eta b o lism . In fla m m a to ry p ro cess. Su perox ide. F ree ra dicals.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Anderson WR, Rao KV. Hepatic iron overload in renal transplant recipients: Ultrastructural observations. Ul-trastructural Pathology 10:227-234, 1986.

2. Andrade ZA, Bina JC. A patologia da forma hepato-esplênica da esquistossomose mansônica em sua forma avançada(Estudo de 232 necrópsias completas). Memó­ rias do Instituto Oswaldo Cruz 78:285-305, 1983. 3. Biemond P, Swaak AJG, Van Eijk HG , Koster JF.

Superoxide dependent iron release from ferritin in in­ flammatory diseases. Free Radical Biology and Medi­ cine 4:185-198, 1988.

4. Braughler JM, Duncan LA, Chase RL. The involvement of iron in lipid peroxidation. Importance of ferric to ferrous ratios in initiation. The Journal of Biological Chemistry 261:10282-10289, 1986.

5. Brunk U, Cadenas E. The potential intermediate role of lysosomes in oxygen free radical pathology. Review Article. APM IS 96:3-13, 1988.

6. Buttner H, Hanset E, Stamm D . Statistical analysis control and assessment of experimental results. In: Bergmeyer H U (ed) Methods of enzymatic analysis. 2nd edition, Verlag Chemie, New York, p. 318-393, 1974. 7. Caufield JP, Cianci CML. Human erythrocytes adhering

to Schistosomula of S c h is to so m a m a n so n i lyse and fail

to transfer membranes components to the parasite. The Journal of Cell Biology 101:158-166, 1985.

8. Caulfield JP, Korman G, Butterworth A E, Hogan M, David JR. The adherence of human neutrophils and eosinophils to schistosomula: evidence for membrane

fusion between cells and parasites. The Journal o f Cell Biology 86:46-63, 1980.

9. Cleton MI, de Bruijin WC, Van Blokland WTM, Marx JJM, Roelofs JM, Rademakers LHPM. Iron content and acid phosphatase activity in hepatic parenchymal lyso­ somes of patients with hemochromatosis before and after

phlebotomy treatment Ultrastructural Pathology

12:161-174, 1988.

10. D e Duve C, Pressman BC, Gianetto R, Wattiaux R, Appelmans F. Intracellular distribution on patterns of enzymes in rat-liver tissue. Biochemical Journal 60:604-617, 1980.

11. Decker RS, Poole AR, Crie JS, Dingle JT, Wildenthal K. Lysosomal alterations in hypoxic and reoxygenated hearts. II Immunohistochemical and biochemical chan­ ges in cathepsin D . American Journal of Pathology 98:445-456, 1980.

12. Dickens BF, Mak IT, Weglicki WB. Lysosomal lipolytic enzymes lipid peroxidation and injury. Molecular and Cellular Biochemistry 82:119-123, 1988.

13. Galle P. The role of lysosomes in the renal concentration of mineral elements. Advances in Nephrology from the Necker Hospital 12:85-99, 1983.

14. Golan D E, Brown CS, Cianci CML, Furlong ST, Caulfield JP. Schistosomula of S c h is to so m a m a n so n i

use lysophosphatidylcholine to lyse adherent human red blood cells and immobilise red cell membrane compo­ nents. The Journal of Cell Biology 103:819-828, 1986. 15. Halliwell B, Gutteridge JMC. Oxygen toxicity, oxygen radicals, transition metals and disease. Biochemical Journal 219:1-14, 1984.

16. Jamieson D. Oxygen toxicity and reactive oxygen meta­ bolites in mammals. Free Radical Biology and Medicine 7:87-108, 1989.

17. Junqueira LC, Carneiro J, Contopoulos A N . Blood cells. In: Basic Histology 2nd edition. Lange Medical Publica­ tions, Los A ltos C A p. 1-16, 1977.

18. Kalra J, Lautner D , Massey KL, Prasad K. Oxygen free

radicals induced release of lysosomal enzymes in vitro.

Molecular and CellularBiochemistry 84:233-238,1988. 19. Monteiro HP, Winterboum CC. The superoxide depen­ dent transfer of iron from ferritin to transferrin and lactoferrin. Biochemical Journal 256:923-928, 1988. 20. Olsson GM, Svensson I, Zdolsek JM, Brunk UT.

Lysosomal enzyme leakage during the hypoxanthine/ xanthine oxidase reaction. Virchows Archiv B Cell Pathology, Including Molecular Pathology 56:385-391, 1989.

21. Richter GW . Studies of iron overload. Lysosomal pro­ teolysis of rat liver ferritin. Pathology Research and Practice 181:159-167, 1986.

22. Rocha H. Glomerulopatia da esquistossomose mansôni­ ca. In: Azevedo ES, Reboufas G, Rocha H, Lyra LGC, Teixeira RS, Andrade SG, Andrade ZA (eds) Aspectos peculiares da infecção por S ch isto so m a m ansoni. Cen­

tro Editorial da Universidade Federal da Bahia p. 133-160, 1984.

(6)

Te-se para Professor Titular, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1984.

24. Rodrigues LEA, Costa M FD. Bioquímica da esquistos­ somose mansônica VI - Alterações do compartimento lisossômico hepático relacionadas ao tempo de infecção. Revista "da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 20:169-174, 1987.

25. Rodrigues LEA, Costa M FD, Batista P. Biochemistry of Schistosomiasis mansoni. IV. Effects of oxamniquine on the hepatic lysosomal activity. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 25:223-228, 1983. 26. Rodrigues LEA, Mathias CMC, Amorim MSP. Modifi­

cação do método de Lowry para a quantificação de proteínas. Revista Brasileira de Patologia Clínica 25:35, 1989.

27. Roy AV, Brower ME, Flayden JE. Determination of acid phosphatase using thymolphatalein monophosphate. In: Tietz N (ed) Fundamentals of Clinical Chemistry, 2 nd

edition, WB Saunders Company Philadelphia, p. 617-618, 1971.

28. Sorokim LM, Morgan EH, Yeoh GCT. Transferrin endocytosis and iron uptake in developing myogenic cell in culture: Effects of microtubular and metabolic inhi­ bitors, sulphydryl reagents and lysosomotrophic agents. Journal of Cellular Physiology 137:483-489, 1988. 29. Standen OD. The penetration of cercarie of S c h is to so m a

m a n so n i into the skin and lymphatics of mouse. Transac­

tions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 42:292-298, 1953.

30. Topham R, Goger M, Pearce K, Schultz P. The mobili­ zation o f ferritin iron by liver cytosol. A comparison of xanthine and N A D H as reducing substrates. Biochemi­ cal Journal 261:137-143, 1989.

Referências

Documentos relacionados

Similaridades farmacológicas entre os medicamentos tricíclicos exigem que certos sintomas de retirada sejam considerados quando o MITRUL ® (cápsulas de liberação

• O candidato, ao terminar a prova, deverá retirar-se imediatamente do local de aplicação de prova, não podendo permanecer nas dependências deste, bem como não poderá utilizar

Por exemplo, em A Ideologia Alemã, obra escrita entre 1845/1846 e publicada de forma póstuma em 1932, Marx e Engels afirmam que as pessoas “[…] encontram suas condições de

E esse leitor — sempre desconfiado e às vezes viciado — percebe que a ficção continua a ser um poderoso sismógrafo das tensões e impasses que nos cercam e que a narrativa

Embora o diagnóstico precoce, através do &#34;Teste do Pezinho&#34;, esteja ocorrendo praticamente em todo o país, este estudo tem como objetivos: (1) estabelecer a prevalência

Todos os interessados, maiores de 18 anos, quer sejam “pessoas coletivas” ou “pessoas singulares”, nacionais e estrangeiras com título de residência válido em

Para a realização desta pesquisa, optou-se pela investigação com estudantes dos Cursos Técnicos em Enfermagem, do município de Joinville – SC, por três motivos: (a) ser

Há mais de 40 anos que a New Holland inventou o conceito Twin Rotor™ e, desde então, temos trabalhado para aperfeiçoar e desenvolver esta tecnologia, com o intuito de proporcionar