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A sexualidade do paciente portador de doenças onco-hematológicas.

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Academic year: 2017

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A SEXUALI DADE DO PACI ENTE PORTADOR DE DOENÇAS ONCO-HEMATOLÓGI CAS

Alex andr a de Souza Melo1 Em ília Cam pos de Car v alho2 Nilza Ter esa Rot t er Pelá3

Com o pr opósit o de car act er izar os aspect os biológicos, psicológicos e sociocult ur ais que env olv em a sex ualidade hum ana, afet ados nas pessoas por t ador as de pat ologias onco- hem at ológicas, for am ent r ev ist ados 20 pacient es, int ernados em um a unidade hospit alar, por m eio de um inst rum ent o de colet a de dados baseado no m odelo eclét ico. A invest igação at endeu às exigências ét icas para est udos com seres hum anos. Os result ados

ev iden ciar am qu e essa clien t ela apr esen t a pr oblem as r elacion ados a aspect os biológicos qu an t o à f ase do desej o sex ual ( 60% da am ost r a) , da ex cit ação sex ual ( 75% ) e do or gasm o ( 75% ) . Os aspect os psicológicos que se relacionam com a aut o- im agem sexual apresent aram - se com prom et idos em 60% da am ost ra; a presença dos problem as relacionados aos aspect os sociais ( 85% ) deu- se, principalm ent e, pelo m edo de adquirir infecção

decor r ent e da baix a im unidade pr ov ocada pela doença e t r at am ent o. Essa client ela apr esent ou alt er ações na função sex ual e na m aneir a de ex pr essar a sua sex ualidade.

DESCRI TORES: sex u alidade; diagn óst ico de en fer m agem ; doen ças h em at ológicas; on cologia

THE SEXUALI TY OF PATI ENTS W I TH ONCO-HEMATOLOGI CAL DI SEASES

We int erviewed 20 pat ient s st aying at a hospit al unit , by m eans of a dat a collect ion inst rum ent t hat is

based on t he eclect ic m odel, wit h a view t o charact erizing t he biological, psychological and sociocult ural aspect s involving hum an sexualit y which are affect ed in pat ient s wit h onco- hem at ological diseases. The research com plied wit h et hical requirem ent s for st udies involving hum an beings. The result s revealed t hat t hese client s present ed problem s relat ed t o biological aspect s, m ainly wit h respect t o t he phase of sexual desire ( 60% of t he sam ple) ,

sex u al ex cit at ion ( 7 5 % ) an d or g asm ( 7 5 % ) . Th e p sy ch olog ical asp ect s r elat ed t o sex u al self - im ag e w er e af f ect ed in 6 0 % of t h e sam ple; pr oblem s r elat ed t o social aspect s ( 8 5 % ) w er e m ain ly du e t o t h e f ear of acquir ing an infect ion as a r esult of t he low im m unit y pr ov ok ed by t he disease and t r eat m ent . These client s dem onst r at ed alt er at ions in t heir sex ual funct ion and in t he w ay t hey ex pr essed t heir sex ualit y .

DESCRI PTORS: sex ualit y ; nur sing diagnosis; hem at ologic diseases; m edical oncology

LA SEXUALI DAD DEL PACI ENTE PORTADOR DE ENFERMEDADES ONCO-HEMATOLÓGI CAS

Con el int ent o de car act er izar los aspect os biológicos, psicológicos y sociocult ur ales que inv olucr an la sex ualidad hum ana afect ados en las per sonas por t ador as de pat ologías onco- hem at ológicas, ent r ev ist am os a 2 0 pacien t es in t er n ados en u n a u n idad h ospit alar ia por m edio de u n in st r u m en t o de r ecopilación de dat os

basado en el m odelo ecléct ico. La in v est igación cu m plió con las ex igen cias ét icas par a est u dios con ser es hum anos. Los result ados evidenciaron que est a client ela present a problem as relacionados a aspect os biológicos, respect o a la fase del deseo sexual ( 60% de la m uest ra) , de la excit ación sexual ( 75% ) y del orgasm o ( 75% ) . Los aspect os psicológicos que se r efier en al aut o- im agen sex ual se m ost r ar on com pr om et idos en 60% de la

m u est r a; la pr esen cia de los pr oblem as r elacion ados a los aspect os sociales ( 8 5 % ) pr in cipalm en t e ocu r r ió debido al m iedo de adquir ir una infección en consecuencia de la baj a inm unidad pr ovocada por la enfer m edad y t rat am ient o. Est a client ela dem ost ró alt eraciones en la función sexual y en la m anera de expresar su sexualidad.

DESCRI PTORES: sex u alidad; diagn óst ico de en fer m er ía; en fer m edades h em at ológicas; on cología m édica

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I NTRODUÇÃO

O

câncer, caract er izado com o doença que

afet a v ár ias par t es do cor po, ex igindo t er apêut ica com plex a que, às v ezes, acaba sendo dev ast ador a p a r a o o r g a n i sm o , co m p r o m e t e a se x u a l i d a d e hum ana( 1).

Fi si o l o g i ca m e n t e , co n si d e r a - se q u e a s alt er ações qu e o cân cer h em at ológico e o in t en so t r at am ent o quim iot er ápico pr ovocam nos difer ent es si st e m a s o r g â n i co s, m a n i f e st a d a s p o r si n a i s e si n t o m a s, co m p r o m e t e m a se x u a l i d a d e d e ssa s pessoas. Além disso, é um t ipo de doença que exige f r eq ü en t es in t er n ações h osp it alar es e t em m aior incidência em adult os j ovens.

Nessa client ela, pode ser considerado ainda os efeit os psicológicos decor r ent es da com pr ovação d o d i a g n ó st i co d e câ n ce r, a co m p a n h a d o s d a co n o t a çã o cu l t u r a l d e d o r, so f r i m e n t o e m o r t e , pr ov ocan do alt er ação n o r elacion am en t o sex u al e fam iliar( 1).

A sexualidade deve ser entendida com o um a dim ensão pessoal e hum ana que com preende não só a gen it alidade, m as su per a os lim it es do im pu lso genit al, caract erizando- se com o um aspect o profundo e t ot al da personalidade hum ana, present e desde a concepção at é a m ort e e inclui t udo o que se é e o q u e se f a z( 1 - 3 ). É co m p o st a p o r t r ês a sp ect o s -biológico, psicológico e social – int er- relacionados e insepar áv eis( 2).

O aspect o biológico considera a capacidade de um indivíduo dar e receber prazer sexual; portanto, en g lob a o f u n cion am en t o d os ór g ãos sex u ais e a f i si o l o g i a d a r e sp o st a se x u a l h u m a n a( 1 , 4 ), q u e com preende o desej o, a excit ação e o orgasm o( 4- 5).

O asp ect o p sicológ ico con t em p la a au t o-im agem sexual que se caract eriza por o-im agens que a s p e sso a s t ê m d e si p r ó p r i a s co m o h o m e n s e m ulheres, influenciadas pela im agem corporal, que é a im agem m ental que se tem do eu físico( 1).

O aspect o social env olv e o papel social de gênero, com port am ent o de um a pessoa, segundo a expect at iva dos grupos que essa pessoa faz part e, e o papel sexual, m odo com o se m ostra aos outros e a si próprio, sensação de se sent ir hom em ou m ulher. Ne ssa r e l a çã o co m o m e i o so ci a l , a l é m d o co m p o r t a m e n t o se x u a l , d e v e se r i n cl u íd o o relacionam ent o sexual( 1, 6- 7).

As a l t e r a çõ e s q u e d i ze m r e sp e i t o à sexualidade hum ana são t rat adas na classificação da

Asso ci a çã o No r t e Am e r i ca n a d e D i a g n ó st i co d e Enferm agem ( NANDA) , por m eio de dois diagnósticos de enferm agem : “ Padrões de Sexualidade I neficazes”, definido com o “ expressões de preocupação quant o à su a p r óp r ia sex u alid ad e”( 8 ) e “ Disf u n ção Sex u al”, com preendido com o “ m udança na função sexual, que é v ist a com o in sat isf at ór ia, n ão com p en sad or a e inadequada”( 8).

Par t in d o d essas con sid er ações, esp er a- se com este estudo contribuir para a construção do saber d a En f er m ag em n a ár ea d a sex u alid ad e h u m an a, i n st i g a n d o o s e n f e r m e i r o s a e st a r e m a t e n t o s à dim ensão sex ual do ser hum ano que necessit a t er av aliação sist em át ica.

OBJETI VO

Ca r a ct e r i za r o s a sp e ct o s b i o l ó g i co s, p si co l ó g i co s e so ci o cu l t u r a i s q u e e n v o l v e m a se x u a l i d a d e h u m a n a , a f e t a d o s n a s p e sso a s por t ador as de pat ologias onco- hem at ológicas.

MATERI AL E MÉTODOS

Est a inv est igação foi apr ov ada pelo Com it ê de Ét ica em Pesquisa da Escola de Enferm agem de Ri b e i r ã o Pr e t o d a Un i v e r si d a d e d e Sã o Pa u l o ( prot ocolo 0270/ 2002)( 9). A etapa descrita por ora foi d esen v o l v i d a em u m a u n i d ad e d e i n t er n ação d e Clín ica Méd ica, n o set or d e h em at olog ia, d e u m hospit al público na cidade de Ribeir ão Pr et o/ SP. A p o p u l ação al v o d est e est u d o f o i co n st i t u íd a p o r pacient es adult os, int ernados, port adores de doenças onco- hem at ológicas, com vida sexual at iva ant es de conhecer o diagnóst ico m édico at ual, com m ais de duas internações devido à doença onco- hem atológica, em tratam ento quim ioterápico há m ais de três m eses e que possuía pelo m enos um dos diagnóst icos de enferm agem sobre sexualidade hum ana apresent ados pela NANDA( 8).

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a presença do vírus HI V. Dos 21 pacientes restantes, um recusou part icipar do est udo.

O instrum ento de coleta de dados baseou- se no m odelo eclét ico, ou sej a, ut ilizou- se abor dagem m u l t i f o ca l , f u n d a m e n t a d a n a ca r a ct e r i za çã o d o in div ídu o com o ser biológico, psicológico, social e e sp i r i t u a l( 1 0 ). A b u sca d o s d a d o s, p o r m e i o d e en t r ev ist a e ex am e f ísico, en f at izou os asp ect os b i o l ó g i co s e p si co l ó g i co s q u e e n v o l v e m a sex u alidade( 1 , 1 0 ), bem com o os aspect os sociais e espirituais( 1- 2, 6- 7).

Pa r a d e t e ct a r o co m p r o m e t i m e n t o d a sexualidade do pacient e port ador de doenças onco-hem atológicas, utilizou- se o processo diagnóstico, nas su as f ases de an álise e sín t ese dos dados( 1 0 ). Na análise dos dados foi realizada a cat egorização dos aspectos da sexualidade do paciente e a identificação d e su as l acu n as q u e, q u an d o d et ect ad as, f or am solucionadas pela r ecor r ência à font e de dados. Na sínt ese, ocor r eu o agr upam ent o desses dados e na elabor ação dos diagnóst icos de enfer m agem sobr e sexualidade adot ou- se a classificação da NANDA( 8).

Pa r a se d e t e ct a r u m d i a g n ó st i co d e en fer m agem em u m am bien t e clín ico, a lit er at u r a r ecom en d a q u e é n ecessár io a p r esen ça d e p elo m e n o s d o i s e n f e r m e i r o s co m p e t e n t e s d i a g n o st i ca d o r e s p a r a o b se r v a r e m o m e sm o clien t e( 1 1 ). Por t an t o, par t icipar am dessa colet a de dados, além da pesquisadora, m ais duas enferm eiras clínicas que at uam na assist ência a pacient es com p at olog ias h em at ológ icas, com esp ecialização em hem atologia e desenvolvem pesquisas sobre processo de enferm agem e hem atologia. Durante a coleta, elas se r ev eza v a m , co n f o r m e su a d i sp o n i b i l i d a d e d e hor ár io, sendo que a pesquisador a est eve pr esent e em todas as coletas de dados, intercalando em dupla com as out ras enferm eiras.

Par a ex ecut ar a ent r ev ist a, a pesquisador a r ealizou pr ev iam ent e um a v isit a ao pacient e, onde ocorria a sua apresent ação, explicação a respeit o do tem a e dos obj etivos da pesquisa e a consulta quanto à perm issão para coletar os dados. No caso de aceite do suj eit o, a pesquisador a com unicav a que est ar ia a co m p a n h a d a p o r o u t r a e n f e r m e i r a e , e n t ã o , agendava a coleta de dados em data e hora sugeridas pelo pacient e.

Após a ent revist a, as enferm eiras fizeram a análise dos dados de m odo independent e, segundo r ecom en d ações d a lit er at u r a( 1 1 ). Ao r ealizar em a a n á l i se e sín t e se d o s d a d o s, a s e n f e r m e i r a s

ident ificar am se hav ia a pr esença dos diagnóst icos de en fer m agem “ Disfu n ção Sex u al” e “ Padr ões de Se x u a l i d a d e I n e f i ca ze s” e su a s r e sp e ct i v a s car act er íst icas definidor as.

Quant o à ident ificação dos diagnóst icos de enferm agem nos pacientes, houve concordância entre as enferm eiras diagnosticadoras em todas as análises, inclusive nos pacientes que não atenderam os critérios de inclusão do est udo.

Qu an t o à id en t if icação das car act er íst icas d e f i n i d o r a s d o s d i a g n ó st i co s e st u d a d o s, p a r a o diagnóst ico “ Disfunção Sexual”, a concordância ent re as obser v ador as f oi de 9 8 % e par a o diagn óst ico “ Padrões de Sexualidade I neficazes” foi de 97%( 9).

No s d o i s d i a g n ó st i co s d e e n f e r m a g e m est udados, os índices de concordância apresent ados foram considerados sat isfat órios para est udos dessa n at u r eza( 1 1 ). Na car act er ização da am ost r a, est ão apresent ados os dados coincident es de cada pacient e pelas duas enfer m eir as diagnost icador as.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

A am ost r a f oi con st it u íd a p or 1 1 h om en s ( 55% ) e 9 m ulher es ( 45% ) , pr edom inando a faix a et ár ia dos 18 aos 27 anos. Com r elação ao est ado ci v i l , 5 5 % er a m so l t ei r o s, 3 5 % ca sa d o s e 1 0 % am asiados. Quant o à escolaridade, 50% t inham nível fundam ent al, com plet o ou incom plet o, caract erizando pessoas de pouca escolaridade, inclusive, 10% eram analfabet as.

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con t u d o m en cion ar q u al f ase d a r esp ost a sex u al est ar ia com pr om et ida.

A d i m i n u i ção d o d esej o sex u al p o d e ser influenciada por fatores orgânicos ou psicológicos. Os o r g â n i co s ca r a ct er i za m - se, p r i n ci p a l m en t e, p el a dim in u ição do h or m ôn io t est ost er on a, r espon sáv el p ela ap et ên cia sex u al, d ecor r en t e d o t r at am en t o quim ioterápico com o, tam bém , pela falta de disposição r esu lt an t e d a sev er a an em ia v iv en ciad a p or essa client ela e pela presença de náuseas e vôm it os. Os f at or es psicológicos são m ar cados pelo con st an t e sof r im en t o, m ed o e p r eocu p ação d ecor r en t es d a doença e do tratam ento( 6, 12).

D e n t r e o s su j e i t o s q u e a p r e se n t a r a m alt erações na fase da excit ação sexual, 66,7% eram h o m e n s e 3 3 , 3 % m u l h e r e s. D o s h o m e n s, 5 0 % afirm aram que a dificuldade estava em m anter e 50% em alcan çar a er eção; n as m u lh er es, o pr oblem a ce n t r a l i zo u - se n a f a l t a d e l u b r i f i ca çã o v a g i n a l , pr ov ocando dor no m om ent o da r elação sex ual. A excit ação sexual, assim com o a fase do desej o, não é tratada diretam ente pela NANDA, m as tam bém pode se r co n t e m p l a d a n a ca r a ct e r íst i ca d e f i n i d o r a : “ lim it ações reais ou percebidas im post as pela doença e/ ou t erapêut ica”, present e no diagnóst ico Disfunção Se x u a l , p o r se t r a t a r d e u m a f a se d a r e sp o st a sexual( 8).

Pr ob lem as n a ex cit ação sex u al m ascu lin a t am bém são influenciados pela dim inuição do nív el do horm ônio testosterona e pela própria doença onco-hem at ológica, em decorrência da freqüent e presença d a an em ia, q u e alt er a o m ecan ism o v ascu lar d a e r e çã o e d o f a t o r e m o ci o n a l n e g a t i v o . Fisiologicam ent e, o nív el de t est ost er ona pode ser revert ido em duas ou t rês sem anas após a aplicação da quim iot erapia( 6,12).

Quant o às m ulheres, problem as na falt a de lubrificação vaginal podem ser decorrent es da queda d o n ív e l d o h o r m ô n i o e st r ó g e n o , t a m b é m e m con seqü ên cia do t r at am en t o qu im iot er ápico, cu j as m a n i f est a çõ e s cl ín i ca s i n cl u e m a d i m i n u i çã o d a um idade vaginal e, raram ente, a redução do diâm etro da vagina( 3, 13).

Com r elação à fase do or gasm o, 80% dos su j e i t o s d a a m o st r a p e r ce b e r a m a l t e r a çã o n a obt enção do pr azer sex ual; por ém , 75% r efer ir am est ar insat isfeit os sexualm ent e, m esm o após t er em alt er ado sua pr át ica sex ual par a cont inuar obt endo prazer. Dent re os suj eit os, t rês referiram int errom per a at iv idade sex ual por dificuldade em obt er prazer.

Sob o olhar da NANDA, esses dados são contem plados n a s se g u i n t e s ca r a ct e r íst i ca s d e f i n i d o r a s d o d i a g n ó st i co D i sf u n çã o Sex u a l : “ i n ca p a ci d a d e d e al can çar a sat i sf ação d esej ad a” e “ al t er ação n o alcance da sat isfação sexual”( 8).

As alt er ações m ais cit ad as p elos su j eit os foram a necessidade de m ais estím ulo e concentração para atingir o prazer e a m udança da posição durante a relação. Essa m udança diz respeit o à passividade durant e o at o sexual, argum ent ando que a obt enção do prazer passou a depender da parceria sexual.

Nã o h á i n d íci o s n a l i t e r a t u r a d e q u e a quim iot erapia provoca alt eração na fase do orgasm o; isso só ocor r er á m ed ian t e a p r esen ça d e ef eit os neur ológicos, com o as neur opat ias que at ingem os ner v os que r egem o r eflex o or gásm ico, m as, essa fase pode ser com pr om et ida pela pr esença de dor durante a relação ou pela própria doença provocando bloqueio em ocional( 13).

É im por t ant e salient ar que a fr aqueza e o cansaço são sintom as freqüentes no paciente portador d e d o en ças o n co - h em at o l ó g i cas, d eco r r en t es d a anem ia e dos efeit os indesej áv eis da quim iot er apia com o as náuseas, vôm it os, const ipação int est inal e diar r éia( 14). Por sua v ez, esse quadr o se r eflet e na vida sexual, int erferindo em um a ou m ais das fases da respost a sexual hum ana.

Os asp ect os p sicológ icos q u e en v olv em a sexualidade, ist o é, que se relacionam com a aut o-im agem sexual, apresent aram - se com prom et idos em 60% dos suj eit os; esses r efer ir am não se sent ir em at r aent es/ sensuais par a o par ceir o, em decor r ência das alt erações físicas provocadas pela doença e pela quim iot erapia, com o as alt erações na cor e t ext ura da pele, a alopecia e as v ar iações do peso. Esses asp ect os p od em ser ab or d ad os n a car act er íst i ca definidora “ busca de confirm ação da qualidade de ser d e se j á v e l ”, m e n ci o n a d a p a r a o d i a g n ó st i co d e enfer m agem Disfunção Sex ual( 8).

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f o i ci t a d o p o r u m p a ci e n t e d o se x o m a scu l i n o , enquant o os dem ais m encionaram que pergunt am às parceiras se continuam com o m esm o sentim ento por eles, apesar da m udança da aparência física.

Esse sentim ento de não se sentir um a pessoa at r aen t e é m ai s u m d o s ef ei t o s i n d esej áv ei s d o t r a t a m e n t o d o câ n ce r, ca r a ct e r i za n d o - se p e l a m udança da aut o- im agem corporal. Ressalt a- se que, se o pacient e acom et ido for j ovem e solt eiro, pode ser bastante penoso não só fisicam ente com o tam bém e m o ci o n a l m e n t e , p o d e n d o cu l m i n a r e m q u a d r o depr essiv o( 12).

Quant o aos aspect os sociais que envolvem a sexualidade, 85% dos suj eit os da am ost ra referiram algu m t ipo de com pr om et im en t o qu e in t er f er e n o com por t am ent o de ex er cer a at iv idade sex ual ou a sex ualidade. Esses aspect os podem ser obser v ados na car act er íst ica definidor a do diagnóst ico Padr ões de Sex ualidade I neficazes: “ dificuldades, lim it ações ou m u d an ças n os com p or t am en t os ou at iv id ad es sexuais”( 8).

A p r i n ci p a l d i f i cu l d a d e o u l i m i t a çã o car act er izada com o m ot iv o de pr eocu pação e qu e afet a a sexualidade foi o m edo de adquirir infecção decorrent e da baixa im unidade ( 70,6% ) . Além disso, a quest ão de um a possível infer t ilidade ( 11,8% ) , o m edo de não sat isfazer a parceria sexual ( 5,9% ) , o en f r en t am en t o da r elação sex u al ( 5 , 9 % ) t am bém f o r a m m e n ci o n a d o s; u m a p a ci e n t e a f i r m o u t e r dificuldade, m as não soube especificar ( 5,9% ) .

O quadro freqüent e de neut ropenia, nesses p aci en t es q u e o s t o r n a v u l n er áv ei s a p r o cesso s infecciosos, lev a- os a se pr ot eger em , por m eio do u so de pr eser v at iv o du r an t e a r elação sex u al, de m áscar as em det er m in ados locais e sit u ações, do isolam ent o hospit alar e at é m esm o da r est r ição ao beij o.

Ta i s m ed i d a s d e p r o t eçã o i n t er f er em n o com port am ent o sexual do pacient e, não só durant e a r el a çã o sex u a l , co m o t a m b ém n a m a n ei r a d e e x p r e ssa r a su a se x u a l i d a d e , m a n i f e st a d a p e l a dificuldade de encont r ar um a pessoa com quem se relacionar, em decorrência do uso da m áscara e do isolam ent o.

Den t r e os pacien t es qu e acr edit am qu e a dificuldade est á na possibilidade de não gerar filhos, houve um que disse ocult ar da nam orada esse fat o. Em tais casos, é com um um sentim ento de culpa pela infert ilidade, o que pode at rapalhar o relacionam ent o sexual( 1).

O m edo de não sat isfazer a parceria sexual e d o e n f r e n t a m e n t o d a r e l a çã o p o d e m e st a r r elacionados à falt a de com unicação ent r e o casal. Os p ar ceir os d ev em ex p r essar seu s sen t im en t os sex u ais u m ao ou t r o e n ão esp er ar q u e o ou t r o

descubra suas ansiedades e necessidades( 1).

Al é m d e ssa s d i f i cu l d a d e s, é i m p o r t a n t e dest acar que 70% dos suj eit os da am ost ra referiram dim in u ição e at é m esm o in t er r u pção da at iv idade sexual após descobrirem a doença, sendo que quatro desses su j eit os n egar am v ida sex u al at iv a após o surgim ent o da doença.

A at iv id ad e sex u al d esses p acien t es est á relacionada no início do t rat am ent o com a sensação de fraqueza e pelo desânim o, o que é reit erado na lit er at u r a( 1 , 1 4 ) e, post er ior m en t e, pelas con st an t es int ernações hospit alares, falt a de privacidade, m edo d e i n f e cçã o o u o u t r o s a sp e ct o s p si co l ó g i co s r e l a ci o n a d o s à d o e n ça , d a d o s e sse s t a m b é m apont ados na lit erat ura( 15).

Relacionado ao desem penho do papel sexual e social, 4 0 % dos suj eit os da am ost r a m ost r ar am preocupação com seu papel fem inino ou m asculino e co m m u d an ça s d o seu p a p el so ci al . Os h o m en s r ev elar am a p er d a d e car act er íst icas p essoais n a figura m asculina valorizadas pela sociedade, com o a au sên cia d a b ar b a e d e u m cor p o m u scu loso; as m u l h e r e s m o st r a r a m p r e o cu p a çã o co m su a fem inilidade, inclusive, um a delas referiu que só t em relação sexual com peruca ou lenço. Quanto ao papel so ci a l , a s m a i o r e s p r e o cu p a çõ e s r e f e r i d a s cen t r al i zar am - se n a i m p ossi b i l i d ad e d e ex ecu t ar at ividades dom ést icas e de exercer o papel de m ãe, argum ent ando que a falt a dessas at ividades provoca sensação de incapacidade de ser m ulher. No que se refere às evidências m encionadas pela NANDA, esses dados são cont em plados na caract eríst ica “ alt erações no desem penho do papel sexual percebido”, atribuída nessa t axonom ia ao diagnóst ico Disfunção Sexual( 8). Os pacient es por t ador es de doenças onco-hem at ológicas deixam de exercer seus papéis sociais por se afast arem de sua rot ina de vida e adot am o papel de ‘doent e’, car act er izado pelo em penho em se t r a t a r, p r o cu r a r o a t e n d i m e n t o, cu m p r i r a s prescrições e cooperar com os m édicos( 1,12).

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de ex er cer at é m esm o seu s papéis f am iliar es por e st a r e m so b o e f e i t o d a q u i m i o t e r a p i a e d a s m edicações associadas.

Quant o ao relacionam ent o sexual, 30% dos su j e i t o s d a a m o st r a r e f e r i r a m m u d a n ça n o r elacion am en t o com a par cer ia sex u al decor r en t e, principalm ente, da falta de com unicação entre o casal. Esse d ad o p o d e ser o b ser v ad o n a car act er íst i ca “ a l t e r a çã o n o r e l a ci o n a m e n t o co m p e sso a significativa”, proposta pela NANDA com o pertencente ao diagnóst ico Disfunção Sexual( 8).

A falta de com unicação sobre os sentim entos en t r e o casal, car act er izada com o u m isolam en t o sexual, é fat or prej udicial para o relacionam ent o( 1), confor m e m encionado ant er ior m ent e. Esse fat o foi evidenciado por t rês suj eit os que m encionaram que o s d i á l o g o s p a ssa r a m a se r so b r e a d o e n ça , o t rat am ent o e a fam ília.

Por out r o lado, é im por t ant e dest acar que sete pacientes referiram que o relacionam ento sexual m udou para m elhor após a doença, pois se sent em m ais valor izados pela par cer ia.

Os r esult ados dem onst r am que o pacient e port ador de doenças onco- hem at ológicas, durant e o t r a t a m e n t o , a p r e se n t a co m p r o m e t i m e n t o d a sexualidade e da função sexual.

CONCLUSÃO

A ca r a ct e r i za çã o d a se x u a l i d a d e d o s pacient es port adores de doenças onco- hem at ológicas p e r m i t e co n cl u i r q u e t a n t o a d o e n ça q u a n t o o tratam ento quim ioterápico provocam sinais e sintom as que colaboram para alt erações nas funções sexuais e na m aneira de expressar a sexualidade.

As a l t e r a çõ e s n a s f u n çõ e s se x u a i s cen t r alizar am - se n a dim in u ição do desej o sex u al, dif icu ldades n a er eção e n a lu br if icação v agin al e al t er ação n a sat i sf ação sex u al , p r o v o cad o s p el o quadro de anem ia, pela quim ioterapia e pela influência da sit uação no âm bit o em ocional. Essas alt er ações est ão cont em pladas nas car act er íst icas definidor as do diagnóst ico Disfunção Sex ual, apesar de que as fases da r espost a sex ual do desej o e da ex cit ação podem vir a ser incorporadas para m elhor explicitação desse pr ocesso.

Qu a n t o à s a l t e r a çõ e s n a m a n e i r a d e ex p r essar a sex u al i d ad e, d est aca- se o m ed o d e a d q u i r i r u m a d o en ça d ev i d o a q u ed a sev er a d o sist em a aut o- im une, freqüent e nas pat ologias onco-h e m a t o l ó g i ca s. Po r é m , n ã o se p o d e d e i x a r d e m encionar que essa e out r as dificuldades r efer idas p o r e ssa a m o st r a co n d u ze m a a l t e r a çõ e s n o com port am ent o sexual, que vão desde a dim inuição da freqüência da at ividade sexual at é o ext rem o de est abelecer que a vida sexual deve ser int errom pida após o diagnóst ico da doença; esses aspect os são co n t e m p l a d o s n a ca r a ct e r íst i ca d e f i n i d o r a “ dificuldades, lim it ações ou m udanças relat adas nos co m p o r t a m e n t o s o u a t i v i d a d e s se x u a i s” d o diagnóstico de enferm agem - Padrões de Sexualidade I n eficazes.

Esses result ados reforçam a necessidade de se aj udar essa client ela no que com pet e à ár ea da Se x u a l i d a d e Hu m a n a , so b r e t u d o a l e r t a n d o o s en fer m eir os par a qu e se capacit em par a at u ar n o cam po da Sexualidade Hum ana, par a evit ar que se form em com apenas “ noções fluidas e lim itadas, sem e m b a sa m e n t o n o r t e a d o r so b r e se x u a l i d a d e hum ana”( 16), sem com pet ência para ident ificarem t ais ev idências clínicas.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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