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As influências das práticas de gestão de pessoas na cultura organizacional

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CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

AS

INFLUENCIAS

DAS

PRÁTICAS

DE

GESTÃO

DE

PESSOAS

NA

CULTURA

ORGANIZACIONAL

Dissertação apresentada à escola Brasileira de Administração

Pública

e de

Empresas

para

obtenção

do grau

de

Mestre

RODOLFO CARLOS SOUZA ALVES

(2)

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

TÍTULO

AS

INFLUÊNCIAS

DAS

PRÁTICAS

DE

GESTÃO

DE

PESSOAS

NA

CULTURA

ORGANIZACIONAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:

RODOLFO CARLOS SOUZA ALVES

E

APROVADO

EM

1 b/0

j/^QO

J

PELA COMISSÃO EXAMINADORA

CONSTANT VERGARA

Doutora em Educação

PAULO REIS^VIEIRA

Doutor

e^AdministoaçÃq-Wjblica

kNDRA REGINA DA ROCHA PINTO

(3)

Agradeço a Deus, que me fez um homem persistente para superar desafios e me iluminou

durante todas as fases da minha vida.

Sou imensamente grato à Professora Sylvia Constant Vergara que, como educadora, teve a

maestria de orientar-me na elaboração dessa dissertação.

Sou grato, também, a Ana Paula Cortai Zambrotti Gomes pelas orientações que muito me

ajudaram na redação deste estudo.

Aos Professores da EBAP que transmitiram valiosos conhecimentos que muito têm

contribuído para o exercício da minha profissão.

Aos colegas professores que formaram a Turma 1 de 2000 que, com a responsabilidade

característica da profissão, concluíram com muita dedicação o curso e serviram de

estímulo para que eu pudesse terminar o Mestrado.

Agradeço especialmente à minha esposa Vera e aos meus filhos Leonardo, Viviane e

Guilherme, o apoio e a compreensão, que muito contribuíram para a conclusão do

(4)

in the organizations installed in Brazdl, are íf reflecting of form differentiated for the

development of na organized culture comes back toward results in the companies who

(5)

Este estudo teve por objetivo verificar como as práticas de gestão de pessoas estão

influenciando a cultura das organizações brasileiras. Para possibilitar a identificação e a

análise, os meios utilizados foram pesquisa de campo e bibliográfica. Também foi

considerada a experiência de mais de 25 anos deste pesquisador como profissional da área

de recursos humanos, como consultor e como professor da disciplina Gestão de Pessoas

em cursos de pós-graduação. A pesquisa de campo forneceu dados que possibilitaram

identificar que as práticas de gestão de pessoas nas organizações instaladas no Brasil, estão

se refletindo de forma diferenciada para o desenvolvimento de uma cultura organizacional

voltada para resultados nas empresas que compõem os setores privado, multinacional,

estatal e público, pesquisados.

ABSTRACT

This study had for objective to verify as the practical ones of management of people are

influencing the culture of brazilian organizations. To make possible the identification and

the analysis, the used ways had been the research of fíeld and the bibliographical one. Also

the experience of more than twenty five years of the researcher of this dissertation as

(6)

APRESENTAÇÃO

1 O PROBLEMA E A METODOLOGIA

1.1 Introdução 8

1.2 Questões a serem respondidas 9

1.3 Delimitação do estudo 10

1.4 Relevância do estudo 11

1.5 Tipo de pesquisa, Universo e Amostra 13

1.6 Coleta de dados 14

1.7 Tratamento dos dados 15

1.8 Limitações do método 16

2 O PROCESSO DE MUDANÇAS E A ECONOMIA BRASILEIRA

2.1 - Os impactos das mudanças nas organizações brasileiras 20

(7)

3.2 - O uso da tecnologia

3.3 - O modelo de gestão

4 CULTURA ORGANIZACIONAL

4.1

- Cultura

nacional

44

4.2

- Cultura

organizacional

53

4.3

- Tipos

de cultura

60

5

AS

PRÁTICAS

DE

GESTÃO

DE

PESSOAS

5.1

- A dimensão

humana

nas

organizações

contemporâneas

71

(8)

6.2

Aplicação

do

questionário

83

6.3

Tabulação

dos

dados

84

6.4

Análise

dos

resultados

da

pesquisa

de

campo

85

7

CONCLUSÃO

E SUGESTÕES

PARA

UMA

NOVA

AGENDA

DE

PESQUISA

7.1

Conclusão

103

7.2

Sugestões

para

uma

nova

agenda

de

pesquisa

106

8

BIBLIOGRAFIA

107

(9)

Este capítulo apresenta a dinâmica do mercado brasileiro e os impactos das mudanças de

mercado na organização do trabalho. A seguir são apresentados os objetivos a serem

alcançados neste estudo, sua delimitação e relevância. Trata, ainda, dos tipos de pesquisa e

do universo e amostra e, por fim, trata da coleta e do tratamento dos dados, bem como das

limitações do método.

1.1 Introdução

No início da década de 90, o mercado brasileiro começou a abrir suas portas a novos

produtos e a empresas estrangeiras habituadas a competir em mercados globais. Essa nova

realidade, caracterizada pela competitividade do mercado, passou a ser percebida pelas

organizações aqui instaladas, demandando novas práticas de gestão de negócios e,

particularmente, de gestão de pessoas.

A nova dinâmica imprimida pelo mercado levou as organizações brasileiras à busca de

(10)

A nova organização do trabalho voltada para resultados, a partir da década de 90, foi

direcionada

à busca

da

diminuição

de

custos

por

meio,

muitas

vezes,

da

redução

das

estruturas hierárquicas, acarretando a eliminação de diversos postos de trabalho, e por meio

do investimento em tecnologia, para substituir atividades tipicamente operacionais e de

rotinas, provocando também reduções drásticas do quadro de pessoal.

Essas mudanças na organização do trabalho impuseram aos gestores a necessidade de

abandonar o modelo paternalista de gestão de pessoas, até então adotado, para passar a

adotar práticas de gestão de pessoas voltada para resultados, o que implica mudança da

cultura organizacional.

Considerando-se que já estamos atuando em um mercado aberto há mais de 10 anos, é

fundamental levantar a seguinte questão: quais as influência de determinadas práticas de

gestão de pessoas na formação da cultura organizacional brasileira ? Responder a essa

(11)

Identificar as transformações ocorridas nas organizações brasileiras.

Identificar os tipos de cultura presentes nas organizações brasileiras.

Identificar as práticas de gestão de pessoas utilizadas nas organizações brasileiras.

1.3 Delimitação do estudo

O estudo abordou, à luz das mudanças ocorridas no mercado brasileiro no período de 1991

- 2001, as práticas de gestão de pessoas e seus reflexos na cultura das organizações

instaladas no Brasil.

Para tanto, foram apresentadas as características que marcaram a cultura das organizações

antes e durante o período 1991 - 2001 e sua relação com o mercado vigente naquele

período.

Foi dada maior ênfase à análise da interação do mercado com a cultura organizacional e as

(12)

No que concerne às práticas de gestão de pessoas, o estudo está dirigido para as práticas

que os autores consultados evidenciaram como necessárias para o desenvolvimento de

uma cultura organizacional voltada para o mercado, de forma a possibilitar as

organizações se manterem competitivas por meio das pessoas. Foram analisadas questões

como: a participação das pessoas; a delegação de autoridade; a autonomia para a

realização das tarefas; a conscientização sobre a nova realidade da empresa e do mercado,

o reconhecimento e a valorização e a demissão por baixos níveis de desempenho.

Com relação à cultura organizacional, foi identificada a intensidade com que os tipos de

cultura se apresentam nas organizações brasileiras. Os tipos de cultura pesquisados foram:

a Cultura do Direito Adquirido, na qual os níveis de desempenho são baixos, levando as

pessoas à acomodação; a Cultura do Medo que, sendo necessária ao processo de mudança,

pode paralisar as pessoas; e a Cultura da Conquista, na qual as pessoas são estimuladas à

busca de resultados e obtém crescimento e confiança necessários para enfrentar e superar

desafios.

As possíveis alterações no clima organizacional decorrente das práticas de gestão de

(13)

1.4 Relevância do estudo

As práticas de gestão de pessoas observadas até o final da década de 80, não permitiram

uma análise consistente do que era adequado ou inadequado em termos de gestão, devido

às próprias variáveis presentes no ambiente macroeconômico brasileiro, tais como:

barreiras às importações, baixo nível de competitividade das empresas brasileiras frente

aos produtos que circulavam em outros mercados, a existência de cartéis, o processo

inflacionário e a tecnologia sucateada das nossas indústrias, que impediram uma reflexão

mais apurada sobre as práticas de gestão que deveriam ser desenvolvidas dentro de um

ambiente concorrencial, as quais agregassem valor a uma cultura organizacional voltada

para resultado em ambiente de grande competitividade.

A partir da década de 90 o ambiente mercadológico mudou, produtos com melhor

qualidade e preço começaram a entrar no mercado brasileiro, novas indústrias começaram

a se instalar no Brasil e a nossa economia, em fase de abertura para novos mercados,

começou a sofrer os reflexos de outras economias.

Essa nova realidade passou a influenciar a cultura das organizações brasileiras e esta, por

(14)

Um estudo que analise como as pressões de um ambiente competitivo impõem novas

práticas de gestão de pessoas em nossas organizações e seus reflexos na cultura

organizacional, certamente contribuirá para o melhor entendimento e para o

redirecionamento

dessas

práticas,

de

forma

a fazer

com

que

a função

de

gerenciamento

de

pessoas

seja

pró-ativa à

cultura

e estimule

as

pessoas

a agirem

para

a obtenção

de

resultados e, também, possibilite-lhes crescimento e desenvolvimento.

1.5 Tipo de pesquisa, Universo e Amostra

Com base nas taxionomias propostas por Vergara (2000), são utilizados dois critérios para

a classificação da pesquisa: fins e meios.

A

pesquisa

é descritiva

e explicativa

quanto

aos

seus

fins.

Descritiva

porque

busca

descrever

o processo

de

mudança

em

desenvolvimento

no

mercado

e seus

reflexos

nas

organizações brasileiras. Explicativa, porque a partir desse processo de mudança

busca

identificar

e analisar

as influências

das

práticas

de

gestão

de

pessoas

na

cultura

das

organizações.

(15)

A pesquisa foi bibliográfica, porque procurou esclarecer o desenvolvimento do processo de

mudança e suas implicações no âmbito das organizações brasileiras, com base em material

acessível ao público em geral.

Foi de campo porque buscou insumos com profissionais que ocupam cargos gerenciais nos

níveis estratégico, tático e operacional em organizações localizadas no Brasil, perfazendo

um total de 6.120 pessoas.

A amostragem é por conglomerado, pois o resultado é estratificado por empresas do setor

privado, multinacional, estatal e público.

1.6 Coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de:

a. Pesquisa Bibliográfica

Para a realização da pesquisa bibliográfica, foram considerados livros, dissertações

periódicos e artigos divulgados pela internet que continham estudos capazes de dar suporte

(16)

b. Pesquisa de Campo

A pesquisa de campo foi feita por meio de questionários fechados. Para preservar os dados

obtidos, foi garantido o anonimato das pessoas e das organizações.

O questionário utilizado para a pesquisa (anexo A) foi entregue aos alunos dos cursos de

MBA em Gestão Empresarial e de Recursos Humanos realizados pela Fundação Getúlio

Vargas no período de agosto de 1996 a dezembro de 2001. Cada aluno recebeu três

conjuntos desse questionário, os quais foram respondidos por três pessoas da organização a

que pertenciam.

O questionário foi dividido em duas partes. A primeira foi composta de seis perguntas, que

possibilitaram identificar as práticas de gestão de pessoas A segunda parte compôs-se das

perguntas 7A, 7B, 7C, 7D e 7E, que permitiram a identificação da intensidade presente dos

tipos de cultura nas organizações brasileiras.

1.7 Tratamento dos dados

A pesquisa bibliográfica permitiu entender como o processo de mudança está ocorrendo

no mercado, quais os fatores principais que estão estimulando as mudanças, como eles

(17)

dados constantes da pesquisa possibilitaram reflexões, argumentações, interpretações,

análises e conclusões sobre as práticas de gestão de pessoas e a cultura organizacional

considerando-se, para isso, as mudanças ocorridas no ambiente externo às organizações.

A tabulação dos dados obtidos no campo foi feita por meio de parâmetros estatísticos. Para

a análise das práticas de gestão de pessoas, foi utilizada a média ponderada porque foram

atribuídos pesos diferenciados para as respostas e, para a análise da cultura organizacional,

foi utilizada a média aritmética porque se pretendeu que cada observação tivesse a mesma

importância. Para a tabulação dos resultados, as organizações foram separadas por setor,

ou seja, setor privado, setor multinacional, setor estatal e setor público.

1.8 Limitações do Método

A metodologia escolhida para a pesquisa apresentou as seguintes dificuldades e limitações

quanto à coleta e ao tratamento dos dados:

Não foi definida a faixa etária das pessoas que participaram da pesquisa, o que pode

influenciar os resultados devido à diferença de valores e percepções que existem nas

(18)

As perguntas do questionário (7A a 7B) referentes à cultura organizacional trataram da

Cultura do Direito Adquirido, da Cultura da Conquista e da Cultura do Medo tomando

como base situações descritas contemplando ações como a prática de promoções, a

avaliação de desempenho, a diferenciação de salários, a participação nas decisões, o

trabalho em equipe, entre outras. Sendo assim, não foi possível identificar quais as

ações que mais influenciaram nas respostas dadas.

Neste capítulo foi apresentado o problema da investigação, os objetivos intermediários

perseguidos pelo estudo, a delimitação do estudo, a sua relevância para criar nas

organizações uma cultura de gestão de pessoas pró-ativa à obtenção de resultados, os tipos

de pesquisa utilizados, o universo e a amostra da pesquisa de campo, a coleta de dados

utilizada, o tratamento que foi dado aos resultados da pesquisa de campo e as limitações

(19)

CAPITULO 2

O PROCESSO

DE

MUDANÇAS

E A ECONOMIA

BRASILEIRA

O Brasil, a partir dos anos 50, inseriu-se num processo de mudança atrelado à tecnologia, à

industrialização

e à

liberalização

de

costumes

dos

povos economicamente

desenvolvidos,

que também participavam de mudanças aceleradas. A velocidade com que essas mudanças

fluíram fez com que a experiência e a visão de mundo de duas gerações se distanciassem

mais que as predominantes entre 10 ou 100 gerações no passado, comenta Ribeiro (1975).

As transformações ocorridas levaram o Brasil de uma sociedade quase rural e feudal a uma

urbana e industrial. Muitas profissões desapareceram e outras novas surgiram. As

transformações

foram

amplas

e

profundas,

afetou

todos

os

setores,

fossem

eles

econômicos, políticos, sociais, empresariais, e até mesmo o moral, os costumes,

provocando

impactos

substanciais

na

forma

de

pensar,

de

sentir

e de

se

comportar

das

(20)

Como agentes econômicos, comenta Germani (1973), as empresas brasileiras passaram por

grandes

transformações.

Mudanças

nos

valores

éticos,

nas

faixas

de

renda,

nas

aspirações

pessoais,

no

mercado

e no

ambiente,

levaram

as empresas

a se ajustarem

a essa

realidade.

Durante

todo

o processo

de

ajuste,

a velocidade

com

que

as mudanças

ocorriam

fora

do

país

fez

com

que

as

organizações

brasileiras

visualizassem

uma

outra

realidade

de

mercado, a concorrência internacional.

O mercado brasileiro, então, tratou de se defender contra eventuais concorrentes externos.

A Constituição

de

1988,

que não

hesitou

em

declarar

o mercado

interno

"patrimônio

nacional",

estimulou-o

a organizar-se

de forma

a reduzir

drasticamente

a concorrência,

seja

pela

forma

de

monopólios

- segmentações

de

mercado

que

objetivaram

a redução

ou

mesmo

a eliminação

da

concorrência

- seja

pela

simples

acomodação

em

oligopólios

em

que

preços,

produtos

e mercados

eram

tácita

ou

explicitamente

partilhados

Fleury

(1992).

A priorização

do

mercado

interno

e o acesso

exclusivo

às empresas

brasileiras

(reserva

de

mercado),

possibilitou

a inversão

do

processo,

ou

seja,

o mercado

perdeu

seu

poder

de

influenciador

externo

e foi,

até

mesmo,

influenciado

e manipulado

pela

empresa,

afirma

(21)

No

entanto,

essa

realidade

não

resistiu

por

muito

tempo,

pois

o desenvolvimento

do

processo de globalização da economia e a necessidade das empresas buscarem maior

competitividade agilizaram o avanço crescente da tecnologia, com as organizações

buscando contínuos ganhos - ou saltos - de produtividade

No início da década de 90, as mudanças ocorridas no mercado externo e no interno

impulsionaram o Brasil para o aproveitamento das oportunidades que se abriram com a

globalização (Diniz, 2000).

Com a abertura do mercado brasileiro e o incremento da competitividade observou-se, na

primeira

metade

da década

de

90,

a reestruturação

do

processo

produtivo

das

organizações

brasileiras,

objetivando

a redução

de custos,

o aumento

da produtividade

e a diminuição

do

nível de emprego (Gonçalves, 1999).

2.1 - Os Impactos das Mudanças nas Organizações Brasileiras

Em decorrência da implantação do Plano Econômico em 1994, a estabilidade dos preços e

a abertura

comercial

promoveram

a atividade

econômica

e os

investimentos,

devido

tanto

ao

aumento

da demanda

interna

por

produtos,

quanto

ao

acesso

facilitado

a bens

de capital

mais

baratos.

Mesmo

assim,

no

espaço

de um

ano

após

a vigência

do

Plano,

os pedidos

de

falência cresceram 236,4% e os de concordata 350% (Diniz, 2000).

BIBLIOTECA

MARIO

HENRIQUE

SIMONSEN

(22)

Entre 1991 e 1997, foram adquiridas por empresas estrangeiras 96% das empresas do setor

eletroeletrônico, 82% das empresas do setor de alimento e 74% das empresas do setor de

autopeças.

As políticas governamentais de estabilização e de abertura comercial, comenta Diniz,

provocaram grandes reestruturações em diversos setores. Alguns foram desativados ou

desnacionalizados, como os setores têxtil, de calçados, bens de capital, eletrodomésticos e

autopeças, entre outros.

Em decorrência dos benefícios fiscais oferecidos por alguns estados brasileiros e pelo

menor custo de mão-de-obra em algumas regiões, verificou-se a transferência de algumas

indústrias, como têxteis e calçados, para o Nordeste, enquanto no setor automobilístico foi

observada a tendência de algumas fábricas de se estabelecerem fora de São Paulo, como

era usual.

A necessidade de aproveitamento das oportunidades que se apresentavam com a

globalização (Diniz, 2000), fez com que a reforma do Estado provocasse profundos cortes

de

gastos

no

setor

público,

por

meio

do

enxugamento

da

máquina

estatal,

da

demissão

de

(23)

Os

impactos

sofridos

pelo

setor

privado

brasileiro

gerou

insatisfações

no

empresariado

brasileiro,

conforme

demonstra

o discurso

apresentado

para

uma

platéia

de

Empresários

pelo

Secretário-geral

da

Federação

das

Indústrias

do

Estado

de

São

Paulo

- FIESP,

em

1998, Roberto Nicolau Jeha (Diniz, 2000. p. 98):

Estamos de joelhos. Nós somos uma raça em extinção. O industrial

brasileiro está acabando e não temos mais dignidade. Estamos

sendo conduzidos ao matadouro e cantando vivas à modernidade.

Os

dados

constantes

da

Tabela

1 mostra

que

no

período

de

1991

a 2000,

período

de

adaptação

das

empresas

brasileiras

a nova

realidade

de

mercado,

marcada

por

insegurança

e instabilidade,

foram

extintas

608.837

empresas

representando,

em

média,

60.884

empresas

extintas

por

ano

e foram

constituídas

4.878.609

empresas,

em

média,

487.861

empresas por ano.

No

período

de

1985

a 1990

foram

extintas

263.014

empresas,

o que

representa

em

média

52.603

empresas

por

ano

e, nesse

mesmo

período,

foram

constituídas

2.629.006

empresas

ou seja, em média foram criadas 525.802 empresas por ano.

Comparando-se

a média

anual

do

período

1985

a 1990

com

a do

período

1991

a 2000,

verifica-se

que,

em

média,

foram

extintas

mais

empresas

(8.281

empresas)

no

período

(24)

período 1985 a 1990 com a média anual do período 1991 a 2000, pode ser verificado que

no

período

1991

a 2000

foram

constituídas

(37.941)

menos

empresas

que

no

período

(25)

ANOS 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 TOTAL FIRMA INDIVIDUAL Extintas 25 066 20.057 23.132 26 583 29.181 35.667 34.189 41.602 35.806 30.121 23.494 22.417 25.030 29 170 37.085 54.402 493.002 Constitui das 168.045 277.350 222.847 208.017 240.807 279.108 248.590 221.604 254.608 264.202 263.011 252 765 275.106 239 203 244.185 225.093 3.884.541 Diferença 142 979 257 293 199 715 181.434 211.626 243.441 214.401 180.002 218.802 234.081 239.517 230.348 250.076 210.033 207.100 170.691 3.391.539 so< Extintas 14.344 12.952 15.792 18.250 19017 22 039 21.131 29.528 25.886 22.243 20.567 21.769 24.393 27.156 31.763 44.771 371.601 :. LIMITADA Constitui das 148.994 238.604 195.451 184.902 209 206 246.322 207.820 240 981 245 975 254.581 226.721 254 029 223.689 229.162 231.654 3.586.780 Diferença 134.650 225.652 179.659 166.652 190.189 224.283 178.292 215.095 223.732 234.014 204.952 229.636 196.533 197.399 186.883 3.215.179 SO Extintas 96 121 96 86 83 98 1 7£ 246 117 119 464 951 1.040 1.324 458 655 6.130 C. ANÔNIMA Constitui das 1.140 1.034 857 1.214 T25Í 74! 611 594 697 731 829 1.025 1.290 1.643 1.422 1 466 16.552 Diferença 1.044 913 761 1.128 1.168 650 435 348 580 6l2 365 ' 74 250 319 964 8H 10.422 OUTROS TU Extintas 135 59 47 54 25 34 35 61 60 77 50 72 82 77 112 Í38 1.118 Constituí das 429 501 480 5?2 588 579 603 647 918 864 1.066 2.181 2.796 2.593 2.576 2.389 19.742 >os Diferença 294 442 433 478 56! 545 586 858 787 1.016 2.109 2.714 2.516 2.464 2.251 18.624 TOTAL Extintas 39.641 33.189 39.067 44.973 71.437 61.869 44.575 45.209 Constitui das 318.608 Diferença

Fonte:

Ministério

do Desenvolvimento,

Indústria

e Comércio

exterior

- Juntas

Comerciais

(Departamento

Nacional

de Registro

do

(26)

Esses

dados

ilustram

os

impactos

que

foram

provocados

nas

organizações

brasileiras,

pela

abertura do nosso mercado a produtos e empresas estrangeiras.

Embora

os

dados

apresentados

com

relação

às

extinções

e constituições

de

empresas

no

período

1985

a 1990

e no

período

1991

a 2000

não

tenham

sido

positivos

no

período

da

abertura

econômica

do Brasil,

o comentário

apresentado

pelo

Secretário-geral

da FIESP

pode

ser

considerado

uma

reação

emocional

frente

ao

processo

de

ruptura

devido

à trágica

conotação dada em suas palavras.

Diante

desse

processo

de ruptura,

Santos

( 2002,

http://www.terravista.pt/mussolo

) faz

uma

análise do sentimento do empresariado brasileiro:

A análise principal a ser feita é que o país ainda se encontra, em seus

meios

produtivos

e de

serviços,

com

a "síndrome

do

subsídio

". Tudo

para nós tem que estar amparado pelos órgão governamentais, têm

que

está

escrito

em

lei

que

beneficie

a indústria

nacional

(...).

Fica

claramente demonstrado nesse tipo de atitude, o descaso existente

e a falta de compromisso das empresas em realmente trabalhar para

o seu país.

Os

comentários

de

Santos

identificam

o sentimento

de

dependência

de

nossas

(27)

A resistência à mudança é uma característica facilmente observada no empresariado

brasileiro. No entanto, os comentários do banqueiro Olavo Setúbal (Campos, 2000,

p.78) expressam melhor a realidade dos nossos empresários. Para ele:

Os empresários não fazem as grandes mudanças, quem as faz são os

políticos. Empresário é conservador e tem medo de mudança. Quer

manter sempre tudo como está. No Brasil isso também é muito claro.

Quem fez as mudanças foram os políticos. Foi o Fernando Collor efoi

o Fernando Henrique. Se dependesse dos empresários, a mudança

seria lenta, muito lenta...

A repentina

ruptura

de

um

mercado

fechado

e protegido

para

um

mercado

aberto

e

competitivo na década de 90, mostrou que as organizações brasileiras não estavam

preparadas

para

enfrentar

uma

situação

que

Bennis

(1976,

p.126)

qualifica

como

de

"inadequação

das

organizações

para

competir

com

a complexidade

da

rápida

mudança e com problemas da adaptação e da colaboração humana ".

As declarações de José Mindlin (Fleury e Fleury, 1997), da Metal Leve, ilustram as

afirmativas de Santos e Bennis:

Sob as condições de mercado protegido que prevaleciam

(28)

que o mercado precisava mais delas do que elas precisavam do

mercado.

A inserção

do

Brasil

em

um

mercado

globalizado

fez

com

que

as organizações

nacionais

se

vissem obrigadas a mudar suas práticas tradicionais de gestão, sendo que muitas não tiveram

tempo

ou

habilidade

para

tal

e não

conseguiram

sobreviver

a essa

nova

realidade,

ou

foram

vendidas para grupos estrangeiros.

Uma

das

práticas

que

deveria

ser

mudada

urgentemente

era

relativa

ao

estabelecimento

dos

preços de produtos e serviços.

2.2 - A composição dos preços de produtos e serviços

A gestão de custos passou a ser um determinante para a sobrevivência das organizações

brasileiras

a partir

da

década de

90,

razão

pela qual

elas

foram

levadas

para

um

processo

de

racionalização

do

processo

produtivo,

muitas

vezes

acompanhadas

de

redução

de

pessoal,

afirmam Fleury e Fleury (1997).

Se antes, nos tempos de proteção e subsídios, a equação de composição de preços era: custo

+ lucro (arbitrado) = preço, nas novas condições de mercado o preço passou a ser

estabelecido

pelo

mercado

internacional,

o que

alterou

a equação

anterior,

passando

a ter

a

(29)

Preço (nível internacional) - custo= lucro

Fleury

e Fleury

(1997)

justificam

as

dificuldades

apresentadas

pelas

empresas

brasileiras

para

se adaptarem

à nova

equação,

pelo

fato

delas

não

contarem

com

sistemas

de

custeio

estruturados e, em sua grande maioria, não terem dados confiáveis sobre quanto custavam os

produtos produzidos.

Com

a retirada

das

proteções

e dos

subsídios,

as empresas

se mantiveram

competitivas

em

termos de

qualidade,

pois

conseguiram

atender

às especificações

estabelecidas

pelo

mercado,

mas

deixaram de

ser

competitivas

em

termo

de custos

e preços,

pois

não

conseguiram

atingir

os preços internacionais (Fleury e Fleury, 1997).

Drucker

(1996),

ao abordar

os cinco

pecados

mortais

dos

negócios,

afirma

que

o preço

ditado

pelos

custos

foi

a razão

para

o desaparecimento

da

indústria

americana

de

eletrônicos

de

consumo.

"Ela

possuía

a tecnologia

e os produtos,

mas

operava

com

o preço

ditado

pelos

custos e os japoneses praticavam o custeio ditado pelos preços". (Drucker, p 23)

Drucker

cita

também

que

a prática

do

preço

ditado

pelos

custos

quase

destruiu

a indústria

de

máquinas

operatrizes

americanas

e deu

aos

japoneses,

que

praticavam

o custeio

ditado

pelos

(30)

A nova concepção de gestão de negócios com o custeio ditado pelos preços, levou as

organizações

brasileiras

a se transformarem

para

alcançarem

níveis

de

preços

estabelecidos

pelo mercado internacional.

A percepção

de

que

as transformações

necessárias

às

organizações

não

deveriam

se limitar

somente à obtenção de preços competitivos mas, também, à transformação das estruturas

organizacionais e à mudança das práticas de gestão de negócios e de pessoas é que provocou

resistências e desconforto no empresariado brasileiro.

Neste capítulo foram apresentadas as mudanças ocorridas no mercado e seus impactos nas

organizações

brasileiras.

A gestão

focada

em

custos

também

foi

abordada,

devido

a sua

(31)

CAPITULO 3

AS

TRANSFORMAÇÕES

ORGANIZACIONAIS

Observa-se na bibliografia pesquisada, que o processo de transformação das organizações está

fundamentado em três características consideradas essenciais para que elas alcancem níveis de

produtividade que lhes possibilitem sobreviver em um mercado de crescente competitividade.

A primeira característica refere-se à estrutura organizacional que, segundo diversos autores

(Garfileld, 1993; Morta, 1999; Waterman e Philips, 2000; e Nadler, 1994), deve ser

considerada pelas organizações pelo fato dela sofrer influências do mercado externo e dar

flexibilidade de adaptação da organização ao mercado.

A segunda característica é a tecnologia, devido a sua grande contribuição ao processo

produtivo.

A terceira característica é o modelo de gestão que, nas afirmativas de Branco (1995), Fleury e

Fleury (1997), Germani (1973), Johan (2001) e Somerville e Mroz (1997), é imprescindível

(32)

Cada uma dessas características essenciais será discriminada a seguir.

3.1 As estruturas organizacionais

Garfield

(1993)

comenta

que

estruturas,

estratégias

e mercado

estão

intimamente

interligados

e que para ocorrer a transformação das organizações é necessário novas estruturas para a

aplicação de novas estratégias. O autor comenta ainda que as organizações fazem parte de um

sistema maior, de cuja existência depende e, por isso, não podem ser independentes.

Garfield (1993) afirma, também, que as transformações organizacionais não ocorrem em

velhas

estruturas

e culturas.

Segundo

ele,

é necessário

mudar

as estruturas

e as culturas

para

que as transformações possam efetivamente ocorrer.

Waterman e Phillips (apud Motta, 2000) ampliam os comentários de Garfield (1993) ao

afirmarem

que

a estrutura

não

é tudo

em

uma

organização.

Para

os autores,

o grande

desafio

moderno

com

relação

à estrutura

organizacional

não

foi

a divisão

do

trabalho,

mas

fazer

o

todo funcionar. Nesse sentido, apontam a incapacidade de diretores e consultores que, apesar

de compreenderem

que

a estrutura

não

é tudo

em

uma

organização,

quando

realizam

reformas

continuam

priorizando

as mudanças

estruturais

com

o redesenho

de

organogramas.

Afirmam

(33)

provocações contraditórias que exigem adaptação constante de suas atitudes e

comportamentos.

Waterman e Phillips acrescentam que os gerentes precisam saber flexibilizar a estrutura e ter

consciência de sua temporalidade, de forma que possam conviver com as contradições de

variações do contexto e das atividades organizacionais.

Motta (2000) compartilha das afirmações de Waterman e Philips ao comentar que a estrutura

é fruto de circunstâncias específicas. Acrescenta que a adaptação a novos contextos de

mudança requer a busca da flexibilização das dimensões administrativas, antes consideradas

rígidas.

Para Motta (1999), usava-se a estrutura no sentido clássico com o objetivo de direcionar o

comportamento administrativo na crença de se eliminar incertezas, com a maior rigidez na

distribuição de poder e autoridade. Segundo Motta (1999), privilegiavam-se as dimensões

internas e as funções administrativas, quase independentes das transações da empresa com o

seu ambiente. O autor afirma também que as estruturas rígidas provaram ser insuficientes para

(34)

Nadler (1994) compartilha com Motta, ao afirmar que é preciso fazer uma reflexão sobre as

finalidades que esperam ser atendidas pela organização para se definir a estrutura mais

adequada aos seus negócios.

Stourch, citado por Fleury e Fleury (1997), afirma que as mudanças estruturais não são

suficientes para fazer as necessárias transformações organizacionais. Para ele, as mudanças

das estruturas organizacionais têm que vir acompanhadas de mudanças comportamentais que

valorizem a participação dos trabalhadores.

Nesse contexto, observa-se que a mudança de estrutura não é suficiente para transformar as

organizações. É necessário aliar a mudança de estrutura às contingências do mercado, a uma

nova cultura organizacional e a mudanças de comportamento que valorizem a participação

dos trabalhadores.

3.2 O uso da tecnologia

Até

a década

de

80,

a tecnologia

era

utilizada

como

uma

forma

de

modernizar

a organização.

Eram

utilizados

investimentos

maciços

em

informática

e computadores.

Para

Johan

(2001),

(35)

Durante

muito

tempo,

o atendimento

à premissa

de produzir

mais

e melhor

foi

suficiente

para

garantir

a sobrevivência

econômica

de

uma

empresa.

Contudo,

ficamos

diante

de

uma

nova

realidade

que

exigiu

o atendimento

de

outras

dimensões,

produzir

mais

e melhor,

mais

barato

e mais

rápido

(Johan,

2001).

Nesse

sentido,

o avanço

tecnológico

tem

dado

uma

grande

contribuição,

possibilitando

a

integração

das

atividades

de

concepção,

produção

e

gerenciamento,

facilitando,

também,

a integração

do

Brasil

em

um

mercado

mais

competitivo, comentam Fleury e Fleury (1997).

O aumento

da

produtividade

do

setor

industrial

é um

exemplo

da

contribuição

dada

pelo

avanço da tecnologia (Sanches et ai, 1996).

O avanço

tecnológico,

comenta

Alves

(1999),

que

possibilitou

o crescimento

da

produção

industrial,

ocorre

sob

os

auspícios

da

reestruturação

produtiva,

sem

o aumento

do

emprego.

Na

verdade,

afirma

Alves

(1999),

o imperativo

do

capitalismo

mundial

é o incremento

de

novas

tecnologias

microeletrônicas

e novos

padrões

organizacionais

que

tendem

a não

possuir

a capacidade de absorver a parcela de trabalhadores assalariados.

Se,

por

um

lado,

a tecnologia

possibilitou

o aumento

da produtividade,

por

outro

ela

provocou

fortes

impactos

no

mercado

de trabalho,

por

exemplo:

as mudanças

na estrutura

de emprego

da

economia,

no

padrão

de

remunerações

e no

perfil

de

demanda

por

mão-de-obra,

comenta

(36)

Branco (1995, p.56) afirma:

Uma das transformações de natureza tecnológica por que passam as

organizações expressa-se por novos fluxos de tarefas e na exigência

de novas habilidades por parte dos trabalhadores.

Independentemente da área em que atuam, os profissionais se vêm às

voltas com trabalhos permeados por aspectos tecnológicos que lhes

exigem novas qualificações e requerem habilidades diferenciadas.

Hoje,

os

membros

de

uma

organização

aceitam

o encolhimento

promovido

pela

tecnologia

como um lugar-comum comenta Harmom 1997), As organizações aceitaram o fax como

ferramenta.

Em

poucos

anos

apenas,

o telefone

celular

tornou-se

onipresente.

O computador

está assumindo o papel primordial de transmitir informações. A tecnologia tira os empregos

do mercado doméstico e os espalha mundo afora. Muitos observadores acreditam que, em

algum

momento,

as

boas

colocações

e o emprego

de

alto

nível

deixarão

de

existir

para

sempre.

O

resultado

de

todas

essas

transformações

nos

processos

produtivos

e organizacionais,

provocado

pelo

uso

intensivo

da tecnologia,

visando

ao

aumento

da produtividade,

conforme

comenta

Alves

(1999),

pode

ser

claramente

observado

pelas

taxas

crescentes

de

desemprego

(37)

Tabela 2 - Taxa de Desemprego no Brasil em percentuais ANO TAXA DE DESEMPREGO 1991 5,24 1992 6,14 1993 5,75 1994 4,95 1995 4,96 1996 5,81 1997 6,14 1998 8,34 1999 8,26 2000 7,84 Fonte: http://www.sidra.ibge.gov.br

Nos Estados Unidos foram eliminados cerca de 43 milhões de empregos no período de 1979 a

1995 (Micklethwait e Wooldrigdge, 1998). Na Alemanha paternalista, no início de 1996, o

número de desempregados ultrapassou a 4 milhões. No Japão, lar do emprego vitalício, para

cada

empregado

existe

um

trabalhador

temporário

e de

meio

expediente

e a lealdade

a

empresa

está

se

desintegrando.

Na

Inglaterra,

no

período

de

1990

a 1994,

6,6

milhões

de

homens perderam o emprego (44% da força de trabalho masculina) e 3,9 milhões de mulheres

(um terço da força de trabalho feminina) também foram dispensadas.

Embora

as taxas

de

desemprego

ocorridas

no

Brasil

na

década

de

90

possam

parecer

altas,

Vergara

(1999,

p.21)

não

se mostra

otimista

com

relação

às possibilidades

delas

diminuírem,

ao afirmar:

No caso do Brasil, a relação tecnologia-desemprego não é muito

(38)

não chegamos a um estágio de desenvolvimento tecnológico tal, que

possamos abrir mão da tarefa realizada por pessoas.

Visando

diminuir

os

impactos

do

desemprego,

as

empresas

procuram

utilizar-se

cada

vez

mais

de

trabalhadores

temporários

e de

meio-expediente,

como

também

de

mão-de-obra

terceirizada.

No

Brasil,

a ação

do

Ministério

do

Trabalho

nos

últimos

oito

anos,

tornando

mais

flexíveis

as

relações

trabalhistas,

visando

minimizar

o nível

de

desemprego,

mudou

pouco

essa

relação,

conforme

demonstrou

a pesquisa

feita

Fundação

Instituto

de Pesquisas

Econômicas

- Fipe,

do

Ministério

do

Trabalho

(O

Globo,

05/08/2002),

com

2.000

executivos

da

área

de

recursos

humanos de médias e grandes empresas de todo o país.

O autor

da

pesquisa

da

Fipe,

Hélio

Zylberstain,

afirma

que

somente

o banco

de

horas

e a

participação

dos

trabalhadores

no

lucro

das

empresas

tiveram

êxito.

O contrato

de trabalho

por

tempo

determinado,

a jornada

parcial

para

jovens

e mulheres

e as

comissões

de

conciliação prévia não foram bem sucedidas.

De acordo com a pesquisa feita, em 2001 apenas 42,6 mil trabalhadores assinaram contrato

(39)

A capacitação

tecnológica,

seja

na

administração,

por

meio

do

uso

intensivo

da

tecnologia

de

informação,

seja

em

outras

áreas

de

trabalho

dentro

da

empresa,

representou

e continua

representando

um

dos

fatores

determinantes

para

a busca

da

flexibilidade

e da

agilidade

organizacional.

A modernização

dos

processos

de

produção,

por

meio

do

uso

de

tecnologias

mais

modernas,

passou a ser perseguido como fator de competitividade, tornando-se o principal agente

propulsor do aumento da concorrência mundial, levando as organizações a mudarem sua

dinâmica organizacional para sobreviverem no mercado (Gonçalves, 1999).

Na

medida

que

se

inserem

novas

tecnologias

e se

modernizam

os

processos,

afirma

Gonçalves

(1999),

surge

a necessidade

de

uma

redefinição

dos

métodos

tradicionais

de

gestão,

e também

do

trabalho

de

todos

os

setores

das

empresas

transformando,

assim,

a

dinâmica das organizações. A necessidade dessas transformações ocorrerem são

compartilhadas

por

Campos

(2002),

que

salienta

a importância

das

organizações

se adaptarem

a essas

mudanças

para

terem

agilidade

e flexibilidade,

características

que

determinam

a

sobrevivência e o sucesso delas no mercado.

Ziemer

(1996)

maior

ênfase

à necessidade

dessas

transformações

ocorrerem,

pelo

fato

delas

exigirem

das

empresas

mais

do que

uma

gestão

voltada

para

o acompanhamento

das

mudanças,

mas

uma

gestão voltada

para

antecipar

as

necessidades

de

mudanças.

Ziemer

(40)

É necessário levar em conta o ambiente externo da empresa desde seu

projeto e estruturação. É, também, reconhecer que sua sobrevivência

e bom funcionamento dependem, primordialmente, da capacidade de

identificar e antecipar-se a mudanças externas...

Com relação à produtividade, o avanço tecnológico possibilitou grandes transformações

organizacionais, contribuindo para a maior velocidade dos processos produtivos. Por outro

lado, provocou o aumento das taxas de desemprego e fortes impactos no mercado de trabalho.

3.3 O modelo de gestão

Motta (1999) comenta que nos anos 70 inaugurou-se o período de mudanças radicais e

dramáticas no modelo de gestão. Em vez de arregimentação, desmobilização de pessoas; em

vez de especialização do trabalho, múltiplas habilidades e base em equipe; em vez de

estruturas

e controles

rígidos,

alta

flexibilidade

e descentralização,

em

vez

de

submissão,

responsabilidade;

e em

vez

de

confidencialidades

e comunicações

escritas,

alto

domínio

de

informações

e

habilidades

de

comunicação

ampla

e

intensiva.

Multiplicidade

de

procedimentos, flexibilidade estrutural, ambigüidade na definição de tarefas, descentralização

de controles, dualidade nas fronteiras de responsabilidade, variação de produtos e serviços,

(41)

Ainda

na

década

de

70

surgiu

o modelo

de

Gestão

da

Qualidade

no

cenário

brasileiro,

sob

a

premissa

de

que

para

ser

competitivo

num

mercado

globalizado

os

produtos

e serviços

deveriam ter qualidade (Fleury e Fleury, 1997).

Com

o processo

de

democratização

em

curso,

e com

o fim

do

"milagre

econômico"

do

início

da

década

de

70,

os trabalhadores

e os sindicatos

começaram

a ansiar

por

maior

participação

nas

empresas.

Para

atender

essas

demandas,

comentam

os autores, as

organizações

brasileiras,

lançaram

mão

dos

Círculos

de

Controle

de

Qualidade

- CCQs

como

um

moderno

sistema

participativo.

Com

isto,

poderiam

resolver dois

problemas:

a participação

dos

trabalhadores

e

a melhoria da qualidade.

As

empresas,

no

entanto,

implantaram

os CCQ

s sem

se preocupar

com

as mudanças

de

suas

estratégias

ou

organização,

fazendo

com

que

ao

longo

do

tempo

esse

programa

fosse

descontinuado, afirmam Fleury e Fleury (1997).

Uma

das razões

que

contribuiu

significativamente

para

o insucesso

dos

CCQ's,

considerando-se que

a sua

existência

estava

fundamentada

num

modelo

de

gestão

participativa,

foi

o

modelo

tradicional

de

gestão

caracterizado

pelo

dirigismo

autoritário

e de

cima

para

baixo

(Johan,

2001),

quando

na

realidade

precisávamos

de

um

novo

modelo,

mais

próximo

da

concepção

de Rogers

(1977),

que

pressupõe

o desenvolvimento

das

pessoas

a um

estágio

em

que

aprendam

a aprender,

preparando-as

para

a mudança

contínua.

A mudança

do modelo

de

(42)

Para Stourch, citado por Fleury e Fleury (1997), essas resistências decorrem das instituições

que regulam o trabalho, que favorecem o paternalismo e o arbítrio gerencial, fazendo com que

os trabalhadores tornem-se mais cínicos em relação à seriedade dos administradores.

Somerville e Mroz (1997), citados por Hesselbein; Goldsmith e Beckhard (1997),

compartilham da concepção de Rogers ao afirmarem que a competência organizacional nos

princípios emergentes de interdependência, flexibilidade e parceria, abrangem métodos para

envolver e inspirar as pessoas, evoluir as equipes e as alianças, e adquirir e empregar o

conhecimento.

As transformações são amplas e profundas e afetam todos os setores, sejam eles econômicos,

políticos, sociais, empresariais, e até mesmo o moral, os costumes, provocando impactos

substanciais na forma de pensar, de sentir e de se comportar das pessoas. Mudaram-se os

valores éticos, as faixas de renda, as aspirações pessoais, o mercado e o ambiente, levando as

empresas a se ajustarem a essa realidade (Germani,1973).

Esses valores emergentes da sociedade industrial moderna foram reunidos por Branco (1995),

em três grupos: valores associados ao desejo de maior participação pessoal; valores

relacionados à plena realização do potencial humano e valores relativos à busca de uma

(43)

considerações de Harman e Nasbitt que consideram a nova forma de expressão humana como

um dos aspectos cruciais para o redimensionamento da posição de autoridade.

No segundo grupo dos valores emergentes, a realização do potencial humano, Branco (1995)

utiliza-se dos comentários de Moura ao comentar que dos valores relacionados a esse grupo

destacam-se: a) busca permanente da realização humana, considerando a possibilidade de

pleno desenvolvimento do potencial de cada um; b) integridade pessoal, que supõe a

superação do dualismo do tipo corpo/mente; c) menor fé no poder exclusivo da ciência e da

tecnologia; d) transcendência renovada, caracterizada pela busca de um sentido para a vida e

de integração cósmica por meio de uma ética de base humanística.

No terceiro grupo encontram-se os valores relativos à busca de uma simplicidade voluntária,

os quais

referem-se

à busca

deliberada

de

não

considerar

o consumo

como

objetivo

primordial

da atividade humana.

Pode-se

observar

que,

embora

as

estruturas

organizacionais

e o avanço

da

tecnologia

contribuam significativamente para o processo de transformação das organizações, o sucesso

das transformações transcende as mudanças de estruturas e ao uso da tecnologia, tornando-as

dependentes de um modelo de gestão que considere os valores emergentes citados por Branco

(44)

Neste capítulo foram apresentadas as necessidades das organizações alinharem suas estruturas

organizacionais

às contingências

do

mercado,

argumentado

sobre

a importância

da

tecnologia

nos

processos

produtivos

e seus

impactos

no

desemprego,

bem

como

a importância

da

(45)

CAPITULO 4

CULTURA ORGANIZACIONAL

Para Motta e Caldas (1997), cultura é um conceito antropológico e sociológico que comporta

múltiplas

definições.

Com

base

em

estudos

realizados,

os

autores

concluíram

que,

para

alguns

estudiosos

a cultura

é a

forma

pela

qual

as

necessidades

materiais

e psicossociais

são

satisfeitas

pela

comunidade.

Nessa

idéia

encontra-se

a noção

de

ambiente

como

fonte

de

crescimento

e desenvolvimento.

Para

outros, é

como

a comunidade

define

seu

perfil

em

função da necessidade de adaptação ao meio ambiente.

Para

os

autores,

a cultura

de

uma

empresa

traz

sempre,

de

alguma

forma,

características

correspondentes à cultura nacional. Nesse sentido, foram identificados alguns traços presentes

na nossa

cultura

para

possibilitar

o entendimento

da cultura

das

organizações

brasileiras.

4.1 Cultura nacional

Freitas

(1997)

apresenta

os

traços

culturais

brasileiros

como

suporte

da

cultura

nacional.

(46)

"Traços", neste sentido, representam aqueles pressupostos básicos que cada indivíduo usa

para enxergar a si mesmo como brasileiro.

Freitas (1997) afirma que cada organização delimita uma cultura organizacional única,

gerada

e sustentada

pelos

mais

diversos

elementos

e formas.

Para

o autor,

isso

significa

dizer

que a cultura de uma organização sofre grande influência de seus fundadores, líderes, de seu

processo histórico e de seu mercado. Para ele, a cultura nacional é um dos fatores que

contribui

para

a formação

da

cultura

organizacional

e sua

influência

pode

variar

de

organização para organização.

Os "traços brasileiros" mais nitidamente encontrados no âmbito organizacional estão

sumarizados por Freitas (1997, p. 46) na Figura 1.

Visando

a um

entendimento

global

dos

traços

brasileiros

mencionados

na

Figura

1, Freitas

apresenta uma breve descrição desses traços.

Hierarquia

O início

de

nossas

primeiras

relações

sociais

surge

com

base

na

força

de

trabalho

do

escravo,

(47)

hierarquização de seus atores, estabelecendo uma distância quase infinita entre senhores e escravos. Traço 1. Hierarquia 2. Personalismo 3. Malandragem 4. Sensualismo 5. Aventureiro Características-chaves

Tendência à centralização do poder dentro dos grupos

sociais.

Distanciamento nas relações entre diferentes grupos

sociais.

Passividade e aceitação dos grupos inferiores.

Sociedade baseada em relações pessoais.

Busca de proximidade e afeto nas relações.

Paternalismo: domínio moral e econômico.

Flexibilidade e adaptabilidade como meio de

navegação social.

Jeitinho

Gosto pelo sensual e pelo exótico nas relações

sociais.

Mais sonhador do que disciplinado.

Tendência à aversão ao trabalho manual ou

metódico.

Figura 1 - Traços brasileiros e características-chaves.

Por outro lado, o núcleo do sistema agrário no Brasil foi a família patriarcal. Foi ela a grande

colonizadora do Brasil, que estabeleceu um poder aristocrático e virtualmente limitado,

fornecendo a idéia de normalidade do poder, da respeitabilidade e da obediência irrestrita, o

(48)

Personalismo

Freitas (1997) recorre a DaMatta para descrever esse traço. Para DaMatta, nossa unidade

básica é baseada na relação, que ultrapassou a esfera social para contaminar nossas esferas

políticas e jurídicas. Nossas leis privilegiam indivíduos segundo critérios que variam de

acordo com suas relações, evidenciando que, no Brasil, a obediência total às leis representa

um grande anonimato e inferioridade nesse emaranhado de relações e privilégios. Ser amigo

ou parente

de fulano

pode

ser

mais

importante

que

a própria

lei.

É muito

comum

escutarmos:

"Você sabe com quem está falando?" Embora esta pergunta tenha forte teor de hierarquia e

autoritarismo, também reflete uma sociedade relacionai.

Freitas

(1997)

exemplifica

a nossa

sociedade

com

traços

relacionais,

descrevendo

a forma

como cumprimentamos pessoas que fazem parte da nossa rede de relações, ou seja, não

economizamos

beijos

e abraços

apertados.

Para

ele,

parece

que

temos

horror

às distâncias

e

um desejo contínuo de estabelecer um mínimo de intimidade.

Podemos entender também com Freitas (1997), que a relação paternalista, comumente

encontrada em nossas organizações, é uma relação em que o pai (superior), ao mesmo tempo

que controla o subordinado e o ordena (relação econômica), também agrada-o e protege-o

(49)

Malandragem

Freitas (1997) busca em DaMatta a explicação do termo "malandragem" para quem esse

termo tem íntima ligação com o termo "jeitinho" brasileiro.

Para DaMatta o jeitinho é um caminho intermediário entre o "pode" e o "não pode", é mais

que

um

modo

de

viver,

é uma

forma

de

sobreviver.

É agir

com

sensibilidade,

inteligência

e

simpatia para relacionar o impessoal e o pessoal.

Freitas (1997) considera o malandro como um mestre na arte do "jeitinho". Apesar de no

Brasil o malandro também ter caráter pejorativo e até criminal, o autor refere-se a outro

malandro, aquele que é valorizado e incentivado; é o sujeito esperto, que dificilmente é

enganado,

é flexível,

adapta-se

às

mais

diversas

situações,

saindo-se

quase

sempre

bem

das

ocasiões difíceis. Um malandro é aquele que, por ser dinâmico e ativo, busca soluções

criativas

e inovadoras,

tem

sensibilidade

para

se

relacionar,

captando

com

precisão

o perfil

psicológico das pessoas e as características da situação.

Para Freitas (1997), cada um de nós adquire, inconscientemente, um pouco deste caráter, e em

diferentes

níveis

sabemos que

a relação

é um

dos

caminhos

para

o sucesso,

seja

ele

pessoal,

(50)

Sensualismo

Freitas (1997) busca no colonizador português as raízes do sensualismo para os traços

brasileiros.

Para

o autor,

o português

absorveu

forte

tendência

à poligamia

devido

à

miscigenação

fortemente

presente

na

sociedade

portuguesa,

por

meio

dos

mouros

e dos

árabes,

o que

levou

a moral

maometana

a exercer

grande

influência

sobre

a moral

cristã.

Nenhum

outro

catolicismo

na

Europa

conservou

gosto

tão

forte

pela

carne

e pelo

fálico

como

o catolicismo português.

Foi

com

esta

"bagagem",

comenta

Freitas

(1997),

que

o colonizador

português

iniciou

sua

vida

no

Brasil.

Já afeiçoado

à poligamia,

descobriu

na moral

sexual

dos

indígenas,

habituados

a ela, o campo fértil onde expandir sua ferocidade carnal.

Nesse

contexto,

salienta

Freitas

(1997),

encontramos

também

no

Brasil

um

cristianismo

humanista

e um

apego

à carne.

O próprio

carnaval

que

teve

origens

religiosas,

as festas

de

Imagem

Tabela 2 - Taxa de Desemprego no Brasil em percentuais ANO TAXA DE DESEMPREGO 1991 5,24 1992 6,14 1993 5,75 1994 4,95 1995 4,96 1996 5,81 1997 6,14 1998 8,34 1999 8,26 2000 7,84 Fonte: http://www.sidra.ibge.gov.br
Figura 1 - Traços brasileiros e características-chaves.
Figura 2 As práticas de gestão de pessoas.
Tabela 4 - Tipos de Cultura Organizacional por Setor Setor Privado Multinacional Estatal Público Total Média N°deRespondentes 1.8012.101 1498 7206.120 Cultura do DireitoAdquirido7A141,93,34,12,6 7B1,42,33,94,4 3,0 Cultura daConquista7C4,53,12a1,52,8 Cultur
+2

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