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Processos produtivos e trabalho-educação: a incorporação do caboclo catarinense na indústria madeireira

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Academic year: 2017

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(1)

Departamento de Administração de Sistemas Educacionais

~~'---PROCESSOS PRODUTIVOS E TRABALHO-EDUCAÇÃO: A ,Incorporação do Caboclo Catarinense na

Indústria Madeireira , \

..

José Ari Celso Martendal

.

"4.. _~ .• __ .--... ...

(2)

Indústria Madeireira

/ José Ari Ce Iso Martendal

~

Monografia Apresentada como Requisito Parcial para a Obtenção do Grau de Mestre em Educação

..

Orientador: Maria Julieta Costa Calazans

Instituto de Estudos Avançados em Educação Fundação Getúlio Vargas

(3)

-RESUMO

..

..

.. .. .. ..

..

..

.. ..

..

..

.. ..

..

..

Páginas

11

SUMMA.RY •• •• •• •• •• •• •• •• •. .• .• .. •• •• •• •• V

INTRODUÇÃO

..

..

..

..

.. ..

..

.. ..

..

..

Capo I - O TRABALHO E SUAS RELAÇÕES

- Traços do contexto ..

A. Processo de produção e de trabalho

B. Processo de produção e relações de

produ-C.

D.

çao

.

.

.

Migração e

Trabalho

-marginalização

educação .. ..

Capo 11 - A REGIÃO SERRANA - OS CAMPOS DE LAGES

A. Os campos e os pinhais

B. O povoamento da região

C. O tipo humano • • . . . .

Capo 111 - LAGES, POPULAÇÃO E TRABALHO .

A. O ciclo da madeira . . . . • ...--... -- ... .-

..

B. Situação atual da cidade .

C. O processo de marginalização

Capo IV - DO RACHÃO FALQUEJADO AO MANUFATURADO .

A. O engenho-de-serra .

B. A serraria

C. A divisão do trabalho .

D. Da serraria

à

serra-fita.

Capo V - CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . .

..

--A. Modos e relações de produção,

consequen-cias

B. Trabalho e educação

BIBLIOGRAFIA 1 1 9 9 11 14 22 25 29 29 31 33 41

--- - ----AL _____ _

(4)

~ tema-objeto do presente estudo uma população de caboclos que, na região serrana de Santa Catarina, a partir de 1950, foi absorvida como mão-de-obra nas serrarias que lá se instalaram.

A abundância de araucária (espé-Gie. -nativa de -- -pi-nhei.-: __ ro), a abertura de mercados e o favorecimento de outras condi-çoes para a exploração industrial fizeram com que, em grande nú-mero, pequenos empresários provenientes basicamente do Estado do Rio Grande do Sul adviessem e montassem inúmeras serrarias ju~

to a florestas e campos abundantes de matéria-prima, em toda a região, que vieram a produzir em larga escala a 'madeira bruta serrada'. E tão intenso foi este processo de industrialização e tão avassaladora a predação dos pinhais que, em menos de três dé cadas, as reservas se esgotaram.

Os caboclos, absorvidos corno mão-de-obra nas unidades

de produção de madeira, viviam tradicionalmente num regime eco-nômico de subsistência, no cultivo de suas terras (o caboclo ro-ceiro) ou prestando serviços em fazendas de criação de gado (o caboclo peão). No entanto, as 'vantagens' que lhes foram ofere-cidas pelos industriais recém-chegados (salário pago em dinhei-ro, moradia nova e em vilas, outros favores) fizeram com que a grande maioria abandonasse seu trabalho tradicional e se enga-jasse como 'operário', o que, além de se constituir numa novida-de, era um fator de prestígio.

Contudo, o esgotamento das reservas de araucária e o consequente e progressivo fechamento das serrarias fizeram com que este contingente de operários fosse sendo liberado e formas-se um fluxo migratório em direção à principal cidade da região, Lages. A cidade de Lages, porém, que fizera da madeira seu principal suporte econômico e que se descuidara da implantação de urna indústria alternativa, não conseguiu oferecer aos migran-tes 'lugares de trabalho' suficienmigran-tes. E assim, nas periferias desta cidade, começou a se locali zar uma po plLR.a ção ma ttgÜta.€ .

(5)

formas de exploração econômica:

i)

as relações de produção no regime econômico de sub-sistência e no regime de produção industrial capi-talista e as correspondentes 'posições' do traba-lhador frente ao processo produtivo;

ii)

as repercussoes educativas decorrentes dos proces-sos produtivos, quer no regime econômico de subsis-tência, quer no regime de produção industrial capi-talista.

As duas questões são discutidas teoricamente e confron tadas com a realidade proposta, resultando em constatações ~ue,

numa formulação geral, assim podem ser resumidas:

a) os caboclos da região serrana de Santa Catarina, quando em regime econômico de subsistência, mantinham o

.

domínio do processo produtivo, observava-se urna divisão social do traba-lho que possibilitava e ocasionava: a geração de conhecimentos a partir de sua experiência de trabalho e de vida, a confecção de grande parte de seu instrumental de ação e a criação de ou-tros artefatos necessários e adequados às próprias condições am-bientais;

b) no entanto, estes mesmos caboclos, quando enquadra-dos no processo de produção industrial capitalista - representa-do pelo trabalho de serraria, perderam o controle e o domínio do processo produtivo por força de urna divisão tecnológica do trabalho, passando cada qual a executar urna operação monótona e repetitiva, comandada pela velocidade da-.Serra.-ma-ior, -abdiç-ª}}S19 ___ _ de seu engenho e criatividade e postando-se sob urna coordenação gerencial que os transformou em

tJtabalhadoJt culetivo;

este pro-cesso produtivo levou-os a urna situação onde a experiência co-tidiana de trabalho nada lhes acrescenta em termos de

(6)

gando

à

estagnação a sua capacidade criativa.

A segunda constatação nao se constitui em contra a modernização e nem sugere uma preservação de passadas.

-prevençao situações

Discute-se ainda o trabalho como fator de educação jug to ao trabalhador que está inserido no contexto da divisão tecno lógica do trabalho. Busca-se um mecanismo que possibilite o desenvolvimento de suas potencialidades educacionais, via traba-lho, permitindo assim a conquista de seu lugar na sociedade, corno um participante capaz de se expressar na ação politica.

(7)

The object theme of the present study is a population of caboclos that absorbed as manual workers in the saw-mills which were mounted in the highland region of Santa Catarina

since 1950.

The abundance of araucaria (native kind of pine) the opening of markets, and the corroboration of other industrial exploration conditions encouraged a great crowd of small

en.-trepreneurs, coming basically from the state of Rio Grande do Sul, to migrate and settle down, building up a lot of saw-mills near rich forests and fields. The saw-mills started aprosperous production of timber sawn in planks. The process of industriali zation was so intensive, the destruction of pine woods soviolent that, in less than three decades, the forests ran out of

tree reserves.

The caboclos, absorbed as manual workers in production of timber, lived traditionally in an

system of subsistense, either from the cultivation of

pine

the economic their land (planter caboclo) or as labourers in cattle-growing farms

(farm hand caboclos). Nevertheless, the 'advantages' that were offered them by the new-comer entrepreneurs (a salary paid in money, a new house in a village, and other favours) helped the great majority of caboclos to abandon their traditional work and enlist as "workmen" in saw-mills. The new job, besides being a novelty, was an opportunity for a change in status.

Subsequently, the running out of forests of araucaria and the resultant progressive shut-down of saw-mills caused the crowd of workmen to be out of imployment and to form to form a migratory flood toward the most important town of the region, Lages. The town of Lages, however, having made of the timber i ts main economic support wi thout the implantation of an alternative industry, was unable to offer the migrantssufficient

(8)

This study, in the context of the object theme,

ana-lyses two main questions related to the reality 'WOlLQ' and to

the economic exploitation forms:

~) the relations of production in the economic regime

of subsistence and in the capitalist regime of

industrial production with the consequent

'posi-tions' of the workman in the productive processj

~~) the deriving educative effects of the productive

process, either in the economic regime of

subsis-tence, or in the capitalist industrial regime.

The two questions are theoretically debated andconfro~

ted with the proposed reality, giving origin to conclusions

that, in a general formulation, can be summarized as follows:

a) the caboclos of the highland region of Santa Catari

na, when under an economic regime of subsistence, held in fee

the productive processj there was a social division of the

work and aclimate of freedom which made possible the

deve-lopment of knowledge from their life and work experience, the

production of most of their tools, and the making of

necessary manufactures adapted to their own surrounding

ditionsi

-- -

---other

con con con con con con

-b) however, these same caboclos, when absorbed by the

capitalist industrial process of production - tipified by the

work in saw-mills - lost the control of the productive processj

this was caused by the technologic division of the work, since

each man began to perform a dull and repeti tive action,

direc-ted by the speed of the 'major-saw' j man resigned form his

skill and inventive power and surrendered to an executive authority

which turned him into a 'collective worker'j the new productive

(9)

add anything in terrns of autogenesis of knowledgei and even the environrnental educative rneans were reduced to new forrns of adaptation to the productive process, relegating rnan's inventive power to inertia.

---._--- .

(10)

A preocupaçao existente hoje na comunidade dos educa-dores envolvendo educação e desenvolvimento, educação e ascen-são social, educação e necessidades ocupacionais exige urna re-consideração das quest~es pertinentes ao binBmio

t~abalhoeduca

-çao.

Os processos produtivos, a divisão do trabalho (espe-cialmente a moderna divisão tecnológica) e as relaç~es de produ-ção repercutem necessariamente na área educacional em todos os níveis, preocupação já demonstrada em muitos estudos. Numa epo-ca em que o homem

é

inserido no processo produtivo corno um fator de produção, "corno urna força, urna energia, um recurso ou um cap!. tal que

é

negociado ao preço do mercado"l e onde a divisão do trabalho assume urna sempre maior complexidade, necessariamente isto haverá de repercutir na formulação ou reformulação dos obj~ tivos do processo educacional, de formo mais intensa quando se pensar no trabalho corno forma de produção do hqmem.

No contexto desta problemática situa-se este estudo, que se restringe a um recorte - delimitado (a) por urna população característica - os caboclos, (b) urna localização geográfica de-finida - a região serrana de Santa Catarina ou a região da AMURES, e (c) duas formas de exploração econBmica com seus res-pectivos tipos de unidades produtivas - a pequena propriedade rural agrícola e a serraria. Determina-se, inclusive, urna data (1950) corno marco divisor da passagem de urna forma de exploração econômica a outra.

Todo o desenvolvimento do estudo está polarizado no esclarecimento de duas quest~es de relcv5ncia. A primeira, mais

CALAZANS,

Ma~~a Jul~eta

C06ta

g

VLASMAN,

Pet~u6 Ma~~a.

lho:

d~men~õe~ pa~a

o

p~oce~6o ope~ac~onal. R~o

de

~o, I E S

A

E, 19 76, p. 6.

T~aba­

(11)

]ane-<,-demonstrativa, engloba dois tipos de processo produtivo, verifi-cando suas correspondentes relações de produção e divisões do trabalho e situando os trabalhadores, a nível de controle e do-mínio, frente a estes processos produtivos. A segunda, de teor questionante, decorre dos resultados demonstrados na primeira, ou seja, indaga das repercussões de ordem educativa que

atin-gem o trabalhador, repercussões estas que resultam do ou do menor controle e domínio que o trabalhador detenha processo produtivo.

maior do

Mas, para se chegar a este tema e a estas questões de estudo, foram trilhados caminhos aparentemente tortuosos. A idéia inicial estava imbuída de um considerável pragmatismo: pretendia-se montar, sob a inspiração da Lei 6.297/752, um es-quema de diretrizes operacionais que facilitassem o treinamento e o aperfeiçoamento de mão-de-obra na empresa, a partir dos in-centivos governamentais propiciados por esta Lei. Contudo, uma reflexão mais aprofundada sobre a proposta demonstrou que outro tema, de maior consistência e mais adequado com os objetivos do curso frequentado, seria de maior valor e interesse para o

mes-•

trando. E chegou-se à conclusão de que estudar um método de avaliação dos programas de treinamento que se realizavam nas em-presas, ainda sob inspiração da mesma Lei, verificando o posi-cionamento de tais programas frente às políticas nacionais de mão-de-obra e frente às necessidades reais das empresas, seria de maior relevância e utilidade. O projeto de estudos foi ela-borado e dele constava, inclusive, um estudo de caso, que per-mitisse elucidar algumas questões julgadas fundamentais.

Ini-- Ini-- Ini-- Ini---'--~ - - -_. ---

---'--ciou-se o estudo com o exame de legislação pertinente, documen-tos oficiais e farto material bibliográfico sobre o assunto. Ain da no decorrer deste exame, escolheu-se urna empresa que desen-volvia um programa de treinamento junto a seus empregados. A ex-periência desta empresa passou a ser acompanhada em todos os seus

2

E~ta

lei

p~opicia

~ecu~~o~,

at~av~6

de incentivo6 6i6cai6,

~6

emp~e~a~ que adota~em p~og~ama6 de

tkeinamento

de

6ua

m~o-de­

(12)

passos, questionamentos foram levantados quer a nível do proje-to que estava sendo executado, quer a nível de avaliação dos re-sultados que eram obtidos. A avaliação destes resultados, en-tretanto, demonstrava uma significância reduzida. E este fato provocou uma revisão de todo o projeto e um questionamento sobre sua validade. Verificou-se, então, que a proposta de estudo era, nada mais e nada menos, do que o te~m~nal de uma outra propos-ta, anterior e fundamental - abrangendo t~abalho-educ.aç.ão, e con cluiu-se que era mais lógico abandonar o projeto como tal e en-veredar por uma nova proposta que envolvia as duas questões aci-ma mencionadas. E assim se fez.

o

episódio relatado, além de indicar que não foi esta 3 uma maneira muito usual de se chegar a um ternário de estudos, indica também problemas de ordem metodológica com que muitas ve-zes as pessoas se defrontam quando da determinação daqu~lo que pretendem estudar.

~ recomendável que também se diga algo sobre o

como

se desenvolveu este estudo e, de alguma forma, justificar os pr~ cedimentos adotados.

Num primeiro momento o trabalho se desenvolveu dentro de uma concepção metodológica funcional, sem contradições. Le-vou-se um considerável tempo para perceber que essa postura vi--nha se constituindo em obstáculo para compreender a problemáti-ca em foco, enquanto permitia apenas urna visão empiricista.

o

contato com metodologia era incapaz determinações do objeto

a realidade começou por revelar que essa de dar con ta das múl ti plas contradições e

4

em estudo . \ ~.

3

Roge~

Ba.6tide indaga

.6e

é

"alguém que e.6c.olhe

o

objeto

de .6eu.6

e.6tudo.6 ou,

po~ ma~.6 pa~adoxal

que i.6to pO.6.6a

pa~~c.e~,

é

o

ob-jeto que vem

P~oc.u~ã-lo, .6e aga~~a

a

voc.~, .6e ~mpoe

a .6ua

~e-6lexão"? In: VESROCHE,

Hen~i. Ap~ent~.6.6age 2:

éduc.ation

pe~­

manente

et c.~êativ~té.6 .6ol~da~~e.6

-

lett~e.6 ouve~te.6 .6u~

une

utop-ie d'un,ü-ite

ho~.6 mu~e.6. Pa~i.6,

Ed.

Auv~-ie~e.6, 1978,

p.

1.

4 FEYERABENV, Paul.

Alve.6, 1977, p.

Cont~a o

método.

19-23.

(13)

Essa descoberta determinou, no princípio, um aparente processo anárquico, vendo-se, entretanto, mais tarde tratar-se de caminho que levaria

à

gênese do desvendamento do problema.

-Ocorre que a compreensao do objeto em estudo exigia a apreensao

do real dentro de um processo que partisse do empírico, do senso comum, mas que fosse mediatizado pela análise e reflexão, ascen-desse ao concreto do realS.

O ritmo de um estudo determinado por esse processo demanda, além de um tempo que se delimita para um trabalho desta natureza, que esse período seja vivido pelo pesquisador onde o fenômeno ocorre. De fato, esse trabalho somente foi possível da da a afinidade com o objeto e conhecimento, desde há muito, do campo de trabalho.

Positivamente, esse processo contribuiu para que hou-vessem reconsiderações de ordem crítica c ]J('flC('.pçoc!J ]J('lU}/COlt'llt('!J na difícil busca de elementos significativos, no decorrer de to-das as etapas deste estudo.

E foi assim que, antes de se fazer u~ estudo teórico sobre o trabalho, se enveredou para uma observação e descrição do próprio trabalho (ver Capo IV). Depois, se procurou identi-ficar quem era o trabalhador, agente naquele processo de tra-balho, e determinar a paisagem de onde era oriundo (Capo 11), p~

ra, finalmente, numa perspectiva histórica, indicar os lances que propiciaram o que se denomina, aqui, de

eieio da

madei~a e suas repercussoes sócio-econômicas na região serrana de Santa Ca tarina.

Corno se ve, a observação e a descrição dos fenômenos que se constituem no terna-objeto do estudo n50 foram orientados

h t - . 6

por nen um pressupos o teorlCO .

5 SAVIANI,

Ve~mevai.

_E~dru~e~a~a~-~o~:

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e_o_Y_l~_e_._t_ê_n_e_i_a

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6

PO.6te~io~mente,

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quad~o

~e6e~eneial,

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(14)

A observação dos fenômenos constantes nos três capítu-los mencionados foi facilitada pela vivência anterior de quem realiza este estudo: seus tempos de infância e adolescênciacoi~

cidiram com o surto de industrialização da madeira nesta região e isto oportunizou uma certa intimidade com uma sêrie de episó-dios relativos ao fato. Posteriormente, ao final do ciclo da madeira, participou de um trabalho junto ao departamento de pes-soal de uma madeireira, onde pode verificar de perto e sob ângu-los diversos o contexto de trabalho e as relações

nas quais o trabalhador está envolto.

decorrentes

Alguns procedimentos específicos caracterizaram o processo de observação. O mais importante deles foi o de entre-vista com as pessoas que - por seus conhecimentos do assunto, id~ de, experiência profissional e vivência com o objeto em estudo -pudessem fornecer informações significativas ou esclarecer as-pectos relacionados com o tema em questão. Este procedimento veio suprir a falta absoluta de bibliografia e de dados registrados. Por outro lado, o momento econômico que vi vem hoj e a cidade de Lages e a região tem provocado inúmeros debates, palestras e se-

.

minários, onde se esclarecem determinadas questões onde a in-dústria madeireira sempre encontra destaque. A participação nes tes eventos foi de grande utilidade, ocasionando a coleta de ma-terial de valor. Finalmente, um terceiro procedimento, envolve~

do alunos da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Admi-nistrativas de Lages, atravês de pequenos 'survies' que busca-vam retratar o problema de 'turn-over' nas empresas madeireiras, a qualificação exigida para os trabalhadores, etc.

A reflexão sobre o que se descrevera do trabalho real~ 7

zado nas serrarias e sobre a pobreza, de resultados, que se ob-servara anteriormente quando da observação do programa de

trei-7

"Sejamo.6 um bom aJr..te6ão: ev-U:e.moó quaRqueJt VlOltma de

pJtoce.dJ..-meVlto JtZgJ..da.

AcJ..ma de tudo, bU.6qurmoó

de~eVlvolveJt

e U.6aJt

a

J..magJ..naçao

6ocJ..ol~gJ..ca.

Evitemoó o

6~tJ..chiómo

do

m~todo

e

da

t~cnJ..ca.

E

J..mpeJtJ..o.6a a JteabJ..lJ..tação do aJtteóão J..Vltele.clual de..6

pJteten.6J..o-6o, e de.vemo.6 tentaJt

óe.Jt, 11~.6

me-6m06, e..6óe aJtte.6ão.Que

(15)

namento de urna empresa, conduziu a algo que se revestiu de im-portincia: o processo produtivo e as relaç~es de produç~o. E lo go urna pergunta se levantou: que repercussões terão para o tra-balhador a sua inserção neste ou naquele processo, cada qual re-vestido com suas relações de produção? A segunda pergunta de-correu a partir das preocupações especIficas de um mestrando da área de educação: e que repercussões educativas?

Responder a estas duas perguntas se afigurou como de relevância. E assim ocorreu a gênese daqu~lo que se objetiva estudar aqui. O primeiro passo a ser dado no estudo de taisque~

tões era a busca de um quadro referencial, que desse suporte te2 rico e que, consequentemente, propiciasse unidade e

zação da discussão e de seus resultados.

sistemati-- 8

Deste 'balcao' , portanto, se partiu para a percepçao e para a constituição de um alinhamento, que possibilitasse a ordenação dos fenômenos, mesmo que provisoriamente. Mills

é

mui to claro quando diz que não devemos estuda-±--apen-as "um _ .. arnbi-ente ___ .. pequeno depois do outro: estudemos as estruturas sociais nas quais os ambientes estão organizados,,9

O quadro referencial que foi estabelecido (ver Capo I)

tem muito mais preocupação de ser "uma introdução formalizante e conceitualizante"lO que,

ã

semelhança de um esquema de

pesqui-11

sa permanente ,conduza a desenvolvimentos posteriores. Cons-tam deste quadro nacleos conceituais que possibilitem a forma-lização e o ordenamento provisório, a nível explicativo, da pri-meira questão e, a nível de questionamento, da segunda.

8

VESROCHE, op.

cit.,

9 Ml LLS, op. c,d., p.

10 VESROCHE, op.

út.,

p. 28. 241. p. 26.

11

"Na pe6qlÚ.6a pVtmCUle.nte. o ..{.YLve6tLgadoJt 6az pe.ttcuJl.hO qUMe. ..{.YLMYL..<.:to e.m bU6ca do objuo ucolYúdoi YLão te.m 6Jtonte.Ltl.a..6, nem ú'L6tâYLua..6 YLO tempoi YLão .6e.acL~ CJte.ve. ao.6 túrK.te..ó ~H.6WUUoYLM.6i e.YL:tJta den-tJuJ do.6 Upaço.6 do pode.1!. do

que.'::-Jte.tt do homem, le.vai1do-o a wU.ve.Ma1~'Zal!. a..6 a..6p.,{Jtaçõe..ó que o c.mpu/te.m paJta. pe.Jt6e.guLtt com aV~.de.z () obje.to do conhe.ume.YL:to uco.eYrido, tJutH.6noJtmarLdo-oYLum

(16)

Desta forma, merecem tratamento os seguintes núcleos:

i)

o p~oce~~o

de

p~oduç~o e

de

t~abalho, envolvendo as

relações de produção, a divisão do trabalho e os me canismos de controle do próprio processo produtivo, no contexto do regime econômico de subsistência e do regime de produção industrial capitalista en-globando, por conseguinte, as duas formas de explo-ração econômica frequentadas pela população traba-lhadora aqui enfocada;

ii)

m-i.g~aç~o e

malLgÚtaLi zação,

também corno elementos

explicativos, por força dos.f-at-ore-s lie mudança- ~-ve""'--~ rificados na região, envolvendo a força de traba-lho; este núcleo situa, de forma mais expressa, as condições de vida que acompanham as próprias condi-ções de trabalho;

iii)

t~abalho-educação, numa perspectiva de questiona-mento, envolvendo o controle e o domínio do proces-

.

so produtivo, variáveis teoricamente colocadas como geradoras de estímulo e/ou inibição no processo de educação.

(17)

Deste modo, na discussao que envolve a primeira ques-tão, os conteúdos do fenômeno são organizados em seis grupos, observando-se uma sequência cronológica e um critério determi-nado pelo próprio referencial teórico. Do confronto, resultam, a um tempo, avanços na compreensão do fenômeno estudado em cada grupo e questões que remetem para a necessidade de novos estu-dos, o que vem facilitar, na parte final, explicitações mais ge-rais sobre a questão discutida e a colocação de novos problemas significativos para a investigação.

(18)

I - O TRABALHO E SUAS RELAÇÕES

Traços do contexto

Uma populaç~o, localizada em urna regiâo caracterizada

1

como rural , no planalto serrano de Santa Catarina, vivendo em regime de subsistência, por força de um processo acelerado de industrialização verificado a partir de 1950 - vê a maior parte do seu contingente de trabalhadores absorvida como mão-de-obra assalariada nas unidades de produção industrial. Estes traba-lhadores, que antes se dedicavam ãs lides da roça e da fazenda, foram atrai dos para as novas modalidades de trabalho através da utilização de alguns estímulos, corno se verá adiante (Cap. 111).

Porém, a rapidez e a intensidade com que ocorreu a

im-plantaç~o deste processo de industrialização regional e a forma

predatória como foram tratadas as reservas de matéria prima, conduzindo-as ao rápido extermínio, fi zeram-GOffi q-tle, a-eUFtü.- pr~ ___ _ zo, as unidades industriais (serrarias e serra-fitas) fossem encerrando suas atividades e com que, por força deste fato, fos-sem sendo liberados os contingentes de trabalhadores, absor-vidos anteriormente. Esta liberação produziu uma migração para a cidade-polo da regi~o e, por motivos óbvios, não

os trabalhadores para suas atividades tradicionais.

reconduziu

Lodde~

envolve

na de6iniç~o

de

~egi~o ~u~al quat~o elemento~

ca~acte~izado~e~:

- ba~

e

eco nômica - unidade polZtico-admini~tkativa

localizaç~o em voCta de (,(,l/t,'1U~ de ~{'Jr\Jiç(1 ou d(' ('idade

- kenda pekcapita.

(LOVVER, Cel~ún. PlanejanH';1to 'l('!Ji(JfU~e: o pontu de vi~ta

ku-~al. In: ~e~~ui~a e PfaHeja~!!.!!.!.(~ - IPfA, fl'! 4, d"z. 1976,

(19)

A cidade-polo da região, por sua vez, despreparada para absorver os contingentes liberados, migrantes por fatores de mUdança2, assistiu ao crescimento significativo de sua popu-lação marginal.

Além de se ter, pois, observado a passagem da maioria desta população de um regime de subsistência a um outro modo de produção', há ainda um segundo deslocamento - a passagem do

cam-po a cidade. Paul singer3 observa com propriedade que o campo "é o lugar onde se dá a atividade primária, onde o homem entra em contato direto, primário, com a natureza, dela extraindo as substâncias que vão lhe satisfazer as necessidades". Já a ci-dade, sede do poder e da classe dominante, "pressupõe uma par-ticipação diferenciada dos homens no processo de produção e de distribuição, ou seja, uma sociedade de classes,,4.

2 "O,õ natolte.,õ de. e.xpu.t,õão que. levam ã.,õ m.igltaçõe.,õ ,õão de. dua,õ

olt-de.n,õ: 6atolte.,õ

de mudança,õ, que. decoltltem da .intltodução de

Ite.ta-çõe.,õ de. pltoduçao capitali,õta,õ ne,õta,õ âlte.a,õ, a qua.t

acaltlteta

a e.xpltoplt.iaçã.o de. campone.,õe,õ, a expul,õão

de dgltegado,õ,

paltce.i-Ito,õ

e. outlto,õ aglt.icultolte,õ não pltoplt.ietâlt.io,õ, tendo pOIt

obje-t.ivo o aume.nto da pltodut.iv.idade do tltaba.tho

e a

con,õequente

Ite.duç.ã.o do nZve..t

de e.mplte.go

("enclo~ulte,õ"

na Ing.tateltlta, o

de.-,õe.nvo.tv.ime.nto da clt.iaçã.o come.ltcial

de gado no,6 Pampa,6 da

AIt-gent.ina, a e.xpltoplt.iaçã.o da,õ teltlta,6 comuna.i6 .indZgena,6

dultante.

o "poltn.ilt.iato" no

M~xico,

etc.); e

i~tolte,6

de.

e6tagnaçã.o,

que.

,õe. man.ine.,õtam ,õob a noltma de uma clte,õce.nte plte.,õ,õao

popula-c.iona.t

,õoblte uma

di,õponib~.tidade.

de âltea6 cu.tt.ivâvei6 que pode

,õe.1t .t.im.itada tanto pe..ta

in,6u6~ci~ncia

nZ,õica de teltlta

aplto-v e.itâ.

v e..t co mo pe.t a mo no po.ti z aç ão d e.

glta~-1TtVt:t1t

da

-m-e.b-m4----{-l-Q.-:: _ .. _

.tOI.> gltande.6

pltoplt~etâlt-io6

[o

Agft('6fe 1'10

Noftde.6te.

blta~U('ilto,

a,õ

comun.idade~

ttldZgena.6 1'106 Ande6 pe'luan06 (' coeomb--iaHo6).

In: SINGER, Pau.t.

Econom.ia po.tZtica da ultbanização.

sã.o

Pau-.to, Editolta

Blta6Lf.-iel'l.6e, 1978,

p. 38.

3 Ib.idem, p. 37

(20)

A descrição que ê oferecida nos três capítulos

seguin-tes relata

os lances básicos do episódio focalizado e conduz a

duas questões centrais que serão apreciadas neste estudo: a pri-meira ê relacionada com os processos de trabalho e as correspon-dentes relações de produção que envolveram estes trabalhadores, quer num regime econômico de subsistência, ~~er. rnlm re<.ltm~ de

-~- --- - " -

"_._---produção capitalista, destacando a posição do trabalhador frente ao processo produtivo corno decorrência da divisão do trabalho; a segunda, articulada intimamente com a primeira, está situada no âmbito do contexto útabaf ho - e duc.aça G, gerando condicionamen-tos ~ criatividade e aos próprios conhecimentos numa perspecti-va educacional.

o

presente capítulo visa estabelecer um quadro refere~

cial que, a nível explicativo, englobe as questões propostas e ofereça subsídios para urna discussão pertinente.

A. Processo de produção e de trabalho

---.-As formas de exploração econômica caracterizam-se, an-de mais nada, por suas intenções intrInsecas - que se

tizam nos objetivos de uso e consumo e no sistema de determinados pelo modu~-vivendi de urna sociedade.

concre-troca,

Cada forma de exploração econômica, por sua vez, de-termina um modelo de produção e estabelece, corno consequência, um processo de produção adequado, envolvendo o trabalho, os instru-mentos e as tecnologias, bem corno o objeto a ser trabalhado, a

fim de que se transforme num determi~ado produto. Este produto, corno não poderia deixar de ser, liga-se ~s necessidades indivi-duais e sociais do homem.

(21)

de produtos leva a urna distribuição entre os indivíduos, obser-vadas as normas de troca decorrentes do modul.l-v-i.ve.nd-i. da res-pectiva sociedade. A este propósito, Giannotti estabelece a existincia de um silogismo onde "a produção, ponto de partida, configura o universal, a distribuição e a troca corno meio-termo configuram o particular, e o consumo, o individual"5.

A produção envolve trabalho, meios e objeto a ser tra-balhado. Da combinação destes tris fatores decorre a distri-buição que, consequentemente, não deixa de fazer parte da pro-pria produção. Assim, a distribuição nada mais é do que a re-tirada de quota ou da parcela que cada um dos agentes, nos di-ferentes níveis do processo produtivo, sacam do produto total6. A troca, por sua vez, determina urna redistribuição que venha a atender as necessidades individuais.

,.

O consumo, contudo, apresenta acepçoes diferentes. A forma mais comum de encará-lo é restrita à utilização do obje-to produzido e/ou seu desaparecimenobje-to corno tal. A outra acep-ção, apontada por Marx, se expressa no fato de que o trabalha-dor "consome para o seu trabalho meios de produção a fim de convertê-los em produtos de valor superior ao do capital adiah-tado"7, constituindo-se, portanto, na força motriz do próprio ca pital.

O 'valor de uso' se insere no processo de consumo. Seu significado está relacionado com a utilidade, contrapondo-se "ao carácter supra-sensível do valor, apresenta-se antes de tudo na qualidade da forma natural; configura umã:ex-iste~cia como--~cÓD:rã-~

dotada de propriedade determinadas"8. A sorna das utilidades de um produto determina-o corno de maior ou menor valor.

5 GIANNOTTI,

JOI.l~

A~thu~.

o

a ~ d~i L d o t ~a b a.f h o . In: S e,feçõ el.l

B Jt al.l).

tte.

n6 e., CEBRAP 2: Exe~cZc-i.ol.l

1975, p. 129.

de 6~,fç~~~~~. São Pau.R o,

6

I b-i. dem , p. 1 3 1 .

7 SOVRE, Ne.fl.lon

We~neck.

Fundame.ntol.l de.

de Janei~o, C-i.v-i.,f-i.zaçao B~al.l).,fe.lJta,

de M a~ x

e.

o ut ~ o I.l ), p. 9 5 •

8 GtANNOTTI.

vp. c.i.t.,

p. 124.

e c o n o m.t a m a~ x-i. I.l ta. R{. o

(22)

o

primeiro momento essencial do processo de produçâo

~ 9

e o trabalho, atividade consciente e proposital, que e capaz de alterar o estado natural dos objetos, procurando melhorar a sua utilidade. As alterações introduzidas no processo de traba-lho suscitam a diversificação de uso atendendo as mais diferen-tes necessidades.

No processo de alteraçâo do objeto em seu estado natu-ralo trabalho realiza um projeto pré-concebido que determina

seu modu4-ope~andi e ao qual o trabalhador subordina sua prõpria

vontade.

o

objeto, em sua forma primitiva, ~ a terra; a terra

~ ~. .. . - 10 .

contem varlOS elementos passlvels de transformaçao . O obJeto pode ser denominado também mat~~Á..a

rH {.

ma,

quando já modi ficada de alguma forma por trabalho inicial, ou ma;(:é~Á.a b~u:ta, quando provinda diretamente da naturezal l . De outro lado, os meios ou instrumentos são os condutores efetivos da atividade do homem. "O objeto de trabalho existe enquanto possibilidade de receber a ação do instrumento, canalizando a força subjetiva do traba-Iho,,12, resultando num produto que reproduz, s{mstancialmente, as fases do processo. O trabalho, desta forma,

é

o processo de transformação do objeto, tornando-o útil e conferindo-lhe um va-lor de uso.

Os processos de trabalho e de pro..dução-,.-todati~ __ s⺠___ _ envolvidos por outras variáveis que os circunstancializam e que geram articulações, inserindo-os num contexto de poder - enquan-to acontecimenenquan-tos sociais; de cooperaçâo - enquanenquan-to ações cole-tivas; e de tecnologia - enquanto processos de execuçao. Estas variáveis denominam-se ~elaç~r4 de p~oduç~o.

9

GIANNOTTI,

10

Ibidem, p.

11

HARNECKER,

tõ~ieo.

1 2

GIANNOTTI,

o p. ei

t.,

p. 1 16

1 1 6

Ma~ta.

0.6 eonee.ito.6 e.leme.n-taÁ. . .6 do

ma-te.~iali.6rnofú.6-SaYl:tÁ.ago do

Chie!!,

1973;

p. -29.

(23)

B. Processos de produç~o e relaç5es de produç~o

Por relaç5es de produç~o se entendem aquelas relaç5es que se estabelecem entre os produtores diretos e os proprietá-rios dos meios de produção, técnicas quando ligadas ao contexto homem-objeto, sociais quando afetas aos trabalhadores no contex-to de produção.

Numa economia de subsistência, segundo Paul singer13, verifica-se um conjunto de unidades produtivas onde o produto

é destinado, antes de mais nada, ao consumo dos produtores. Quer dizer: a maior parte daquilo que é produzido é "parcela decisiva

14

de consumo, da subsistência do produtor" . As unidades produ-tivas, no regime de subsistência, se estabelecem na area rural e se caracterizam, preferencialmente, pela produç~o de alimen-tos, constituindo-se em estabelecimentos agrícolas ou extrati-vos. Mesmo que os excedentes de produç~o sejam comercializados, este fato não anula o carácter de auto-suficiência, pois nao se estabelecem laços de interdependência total15.

Por outra, uma economia de

subslstên~ia16

é dlmensiona da tanto pelo excesso de oferta de trabalho, corno de

naturais, particularmente de terras aqriculturáveis.

recursos

13 SINGER, PauL Economia poRl;tA.ca dot/tabLlf{w. São Paulo, HUCITEC, 1977

p. 87. 14 I bi dem, p. 87. 15

Ibidem, p. 88. 16

Ivan de Otetw R{.bu/to, emba.óado na Ite.in.te.np/te.tação qU.e. Tepicht dã

ã

teoJt.<.a campoYle6a de Chayanov, ca/tac.te.!tLza (' . .6te tipo de ec(mornia de .6ti6-.6.-L6tênua em qtia;(:fW pon.to.6 nl1Yl.damen;t.a.L6: (a)

ê

de cCUz.ác.te.ft 6am..<l..iM e a pa!tâupação de mão-de-obJta exteltna

ê.

;.I1('x.i/~tente Oti, qtiando ex,L~teHte,

Út6igM6icante; (b) a u;(.-i.l.-ização de cap{ ta.f

ê.

Itedtiuda, ma.ó a ab60ltção

de t!taba.i.ho

ê.

elevada, como con6 e.quênc.ia da. últe/tação homem/ te!tM; (c) a.ó

It.elaçõe.ó ent!te a ecoHom-Í-a camporle/~a e o mencado ,~ão Iteduzida.ó; (d) a.ó

ftelaçõ e6 entlte o tltabaJ' h o e a 'te VI da co n riu z em

ã

Ite P/tO dtição do pltÓ tJn,{ O~ .L6 -tema, .6em objetivo-6 de. acwnulaç.ão de carÚJaf. (RIBEIRO, Ivan de OteAo.

A impo.uMc.ia da exploJtação 6amU:'{alt camr('V)cha rIa Amê.!tLca Laj.üIa. I rI:

Te.-ma6 de Ciênua.ó Hl1mmla~ (1'1(' 4), Sele p(wCU, [do (,irllciM f{wnwla.ó, 1978,

(24)

Neste tipo de economia, n~o ~ flagrante o fen6meno

da desocupaç~o, pois a oferta de força de trabalho sempre

é

ab-sorvida e o indivíduo, pelo fato de ser membro desta 'sociedade', garante o engajamento. Onde a finalidade maior da produç~o é o consumo, não há o problema de falta de procura para os produ-tos.

As relaç6es de produç~o que se observam num tal regime assumem uma dimensão simples e até primária. A unidade produti-va é de posse do trabalhador. Esta terra ~ trabalhada, geral-mente, pelo grupo familiar. Dispende-se a quantidade necessária de trabalho para suprir as necessidades e o grupo que explora a unidade decide

como, quando

e

quanto

deve trabalhar. Os ins-trumentos são rudimentares e apenas suficientes, propiciando um desempenho capaz de equacionar os problemas oriundos da intera-ção homem-natureza e, porque não dizer, gerando

601tma6

de. cO~lhe­

cimento

diferenciadas e identificadas com os valores culturais.

Se as relaç6es de produção em uma economia de subsis-tência se caracterizam pela simplicidade e pelo arbítrio do

pró-.

-prio grupo familiar que explora a unidade produtiva, o mesmo nao - 17 acontece na economia caracterizada pelo processo de produçao capitalista, onde a unidade produtiva se volta essencialmente para a ampliação do capital, fato que vem alterar as condiç6es e as circunstâncias que envolvem o trabalho.

Dentro deste novo modelo, orientado pela ampliação do capital, a compra e venda da força de trabalho, realizada através de contrato onde se estabelecem as condiç6es de venda e de compra, destaca-se como uma t6nica.

--~~--_._ .. --- -O empregador, ou seja, o comprador da força de traba-lho passa a prescindir da capacidade criativa do trabalhador, e~ pIorando apenas a força do homem e, a partir do momento em que o trabalhador vende sua força e o empregador a compra, se

estabe-17 Na p1timei1ta pa1tte

de6te capltulo, quando 6e t1tatou da

econo-mia

de

~ub-6i~t~ncia,

60i

mai~

en6atizado

o conceito de

valo1t

d

e

U~

o ; i

-6 ~

o não

~

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9 n i

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IH.

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6 t â

9 i

(I "

P

1t

é -

c a p Lt a

(25)

- - 18

-lece urna conjunçao no processo de produçao ,com consequencias merecem atenção. Antes de mais nada, o que e vendido pelo tra-balhador e o que

é

comprado pelo empregador "não é uma quantida-de contratada quantida-de trabalho, mas a força para trabalhar por um

pe-19

rIodo de tempo" ,num processo de trabalho e de produção de res ponsabilidade total do comprador. No entanto, o comprador ou o empregador está consciente de que o trabaJtl.ado.r_é caR9z_ ..?~

.. _

produzir mais do que consome, mais do que a necessidade indivi-dual de consumo e, por este motivo, produzirá um excedente. O interesse do empregador está justamente neste excedente20 e para que o excedente seja maior envidará todos os esforços no a-perfeiçoamento e na organização do processo de trabalho, no sen-tido de tirar o máximo proveito de uma força suscetivel de "uma

2J

vasta gama de atividades produtivas" O fator primordial da ampliação do capital reside na otimização orqanizacional do pro-cesso de trabalho voltada, exatamente, para o aproveitamento do carácter plástico do trabalho do homem, determinado pela

nhosidade.

enge-Então, se de um lado o trabalhador vende seu trabalho

a um empregador e se, de outro, o empregador assume a ·tarefa de controle e a responsabilidade do processo, obviamente novos me-canismos e novas relações surgirão, orientados sempre pelo obje-tivo final do sistema. Com frequência se observará que: (a) o processo de trabalho será alterado na medida constante da intro-dução de inovações (tecnológicas e gerenciais); (b) consequente-mente, haverá uma redistribuição de postos de trabalho nas ocup~

ções que constam do processo.

18 BRAVERMAN, HaJtJtIj. TJtabalho

e..

c.api.tal monopof,Üta: a

de_9Jtad~-ç-cio do tJtaba.tho no .6 e..c.ulo XX. R~o

de..

Jane..~Jto, ZaMJt, ) 977,

~p-.~5·4-.---1 9

I bJ.. de..m , p. 56.

20 MARX,

Kall.!.

. 'La, 1 9 7 1

~.i

:t

a! . R~ o d {' J (( Yl (I .i 11 o, C i vi R i z a ç

ã

o B ,(. (l 6 i R (' .i

(LtvJ!.ol-; VoRume 11) p. 584 . 2 1 BRAVERMAN,

(26)

Na economia capitalista, como já se disse, o objetivo principal é a ampliação do capital, ou seja, sua acumulação ma-ximizada. E

é

através do trabalho que ocorre esta ampliação. Adam Smith refere22 que o excedente que decorre do

sobre-traba-lho (ou seja, a quantidade de trabasobre-traba-lho extraída aos trabalhado-res além daquela que serve para reconstituir os meios de subsis-tência dos próprios trabalhadores) determina rigorosamente o lucro.

Marx, porem,

é

quem desenvolve plenamente esta ques-tão. Para ele, "a produção capitalista não é apenas produção de mercadorias, ela

é

essencialmente ~rodução de mais-valia. trabalhador não produz para si, mas para o capital. Por não é mais suficiente que ele apenas produza. Ele tem de duzir mais-valia,,23. Mais adiante, explicita ainda a forma como ocorre o processo de acumulação: lia conversão de urna

o

isto

pro-de sorna de dinheiro em meios de produção e forçil de trabalho é o primei-ro passo dado por uma quantidade de valor que vai exercer a fun-ção de capital. Esta conversa0 ocorre no mercado, na esfera da circulação. O segundo passo, o processo de prQdução,

em transformar os meios de produção em mercadoria cujo

consiste valor ultrapassa o dos seus elementos componentes, contendo, portanto, o capital que foi desembolsado acrescido de mais-valia. A se-guir, estas mercadorias têm, por sua vez, de ser lançadas na es-fera de circulação. Importa vendê-las, realizar seu valor em dinheiro, em capital, repetindo continuamente as mesmas

- 24

çoes"

opera-22 SMITH, Adam. Il1dâ9ac.iÔI1 ac.e.lLc.a de fa l1atulLaleza Ij lal.l c.aul.lal.l

d e i a lLi que z a e----;l'a-,6--n -a-c.-'l-o-I1-(,-.I.l-. --'M'a-aTlL--<.T"· a'-, -'A-g-lL--<.r"· l"a-lL"'--, --:;1-;;9~6;-Cl;-,--p-.

47.

23 MARX, op. c.-Lt., p. 584.

24

(27)

No estudo das relações de produç~o, especialmente no sistema capitalista, impõe-se ainda o estudo da d-tvÁ...õão do

tJw-balho, por se tratar de urna quest~o da maior relevância.

25

Braverman , analisando a divis~o do trabalho na in-dústria capitalista, afirma que "nenhuma sociedade antes do ca-pitalismo subdividiu sistematicamente o trabalho de cada espe-cialidade produtiva em operações limitadas". O que havia antes era urna distribuiç~o de tarefas, especialidades e oficios, ou seja, urna d-tv-t.6ão .6oc.;.aE do t/taba-flw. Verifica-se, pois, na indústria capitalista, urna divis~o em pormenor, um parcelamento

n~o s6 do processo, mas at~ mesmo de operações jâ simples.

A divis~o do trabalho se inicia com urna anâlise dospr~

cedimentos, onde se efetua a determinaç~o dos elementos consti-tutivos das tarefas, operações, passos e outros. Distinguidas as operações, num segundo momento, estas s~o atribuidas a traba-lhadores diferentes. Ora, corno estas operações s~o mais ou menos especiali. zadas, a força de trabalho que se compra para rea lizâ-las terâ, por consequência, preços difereQtes. Cada

ope-raç~o, cada passo, tem seu custo e a sorna dos custos de cada

operação, quando assim se procede, sera menor do que se n~o

hou-f · t 26

vesse o raClonamen o .

Em consequência, n~o h5 mais interesse de que o traba-lhador venha a conhecer o processo produtivo no seu todo. Esta

funç~o passa a ser exercida por poucas pessoas que supervisionam

ou gerenciam o processo. A experiência parece demonstrar a validade disto - pelo menos sob o ângulo de quem emprega a força de trabalho,

é

claro.

2 5 BRA VERMAN , op. c...i.t., p. 70

26 A pJU.muJta paAte da ob/ta de Adam Smi..-th M' de.dic.a a e6te .tema. ReMaEta

ele. que a qua.ntida.de de pltOdu.ç.ão que 6e obõe./tva quando 6e veJÚfic.a a

di-v,üão

ê.

ponde/tavelmeYJrte .6 UyJe!ti.o/t e. que ;.6.to Oc.oMe. po/t .t'tu /taz Õe.6 :

"a pJÚme.{.Jta, o aumeYJrto de de6.tJteza. de c.ada um dM opeJz.Ó.Jt..i.0.6; a .óe.gunda, a ec.onomi.a. de .tempo p/tovelu.ente daqu..i.1.o que. 6e c.oõ.tuma pe/tde/t qu.ando ex-Ló

(28)

Bem diferente das relações de produção da economia de subsistência são as que se verificam aqui. A propriedade e a posse dos meios de produção, o domínio do-p-ro.c-e-s 50 prodtlti VUf"- ___ Q..._

deliberação do tempo e da modalidade de trabalho, as condições de trabalho, os objetivos de quantidade e de destino dos produ-tos são elemenprodu-tos suficientes para demonstrar esta

diferencia

-çao.

o

fato, por exemplo, de que os trabalhadores não os proprietãrios dos meios de produção e ainda o fato de que

_.

sao o

seu trabalho se tornou urna mercadoria determinam uma separaçao

-entre o trabalho e o seu produto, bem como -entre a força subje-tiva e as condições objesubje-tivas do trabalh027. Ademais, o proces-so de produção não deixa de ser contínuo e ininterrupto, pois urna sociedade não pode parar de consumir e produzir. Por esta razão Marx dizia que "todo processo social de produção, encarado em suas conexoes constantes e no fluxo contínuo de sua

renova-- - - "28

çao, e ao mesmo tempo processo de reproduçao Este processo de reprodução e duplo: atinge a produção de mercadorias e maisva lia, bem corno a reprodução do capitalista e do assalariado corno

lO

tais. "Acumulação de riqueza num polo

é

ao mesmo tempo acumu-lação de miséria, de trabalho atormentante, de escravatura, ign~

rância, brutalização e degradação moral, no polo oposto, consti-tuido pela classe cujo produto vira capital"29.

Na indústria capi talista, o processo de trabalho adqu~.

re urna característica de cooperação em grande escala, onde os trabalhadores individuais formam o conjunto de t~abalhaduk

cole-tivo.

O trabalhador individual perde o contr9le do processo de trabalho, quem o controla é o trabalhador coletivo. Bã, em de-corréncia disto, uma relação especial envolvendo não so os tra-balhadores entre si (os agentes do processo), mas entre estes e os meios de produção - referenciada pela divisão tecnológica do trabalho, tipo de tecnologia utilizada e até pelo tipo de coope-raçao que daI decorre, dentre outros fenómenos.

27

MARX,

op.

cJ.. :t. , p. 664.

28

Ibide.m,

p. 659.

29

(29)

Se a finalidade fundamental do processo de produçâo c~

pitalista é aumentar a mais valia, o papel dos gestores do pro-cesso de trabalho nâo se limita a determinar a realizaçâo de ta-refas, mas estende-se ao seu controle e à vigilância, corno urna garantia de produção maior. O trabalhador individual, portanto, é separado dos meios de produção, pois al~m de nâo se o propri~

tário também não exerce mais o controle sobre eles. Adernais, o

individual

cedeu lugar ao

eoletivo

e por isso torna-se dificil identificar qual o papel que o trabalhador individual desempenha na produção de um produto final.

Quem é o ~enhon

do tnabaiho

do~

outno6,

quem comprou 30

corno mercadoria o trabalho dos outros, comenta Braverman , "con fundirá força de trabalho com qualquer outro meio de executar urna tarefa, porque para ele, vapo~, cavalo, água, ou músculo hu-mano que movem seu moinho sâo vistos corno equivalentes, corno fa-tores de produção".

..

No contexto das relações de produçâo devem ainda ser enfocados aspectos referentes a uso e troca, bem corno a mecanis-mos que afetam o processo de trabalho.

_.

Adam Smith assinala que o trabalho nao deixa de ser

d 'd ' tA t' d 1 t d d t' 31

a me 1 a malS au en lca o va or na roca e to os os ar .lg0S ,

asseverando que o preço real de alguma coisa ~ o esforço de tra-balho que alguém necessita dispender para adquiri-la. Segundo ele, integram-se ao preço das coisas urna parte decorrente do salário pago ao "obreiro" e out,ra correspondente ao benefício de

d ' d . , d' 1 - ' 32 d' . d

quem lspen eu materlalS e a lantou sa arlOS . In lca aln a o

-que chama de pne. ço 11

atufta

f: "Quando o preço de um arti go nao e

superior e nem inferior ao necessário para pagar a renda da ter-ra, os salários da mão-de-obra e os beneficios do capital inver-tido em cUltivá-lo, prepará-lo e transportá-lo ao mercado, de conformidade com seus tipos naturais,,33

30

BRAVERMAN, op.

eLt. ,

p. 55.

31

SMITH,

é/{. t . , 31

Opa p.

32

tb.i.etem; p. 4, .

(30)

Contudo, se o trabalho, na economia capitalista, e ti-do corno um

6a:toJt

de

pnodução

e se o trilDalhador é obrigado a pr~

duzir mais valia, produzindo mais do que consome, o seu salá-rio não expressa o valor real do seu trab-a-:lfte;----Rxpress-a--apsnas- __ _ os termos de um contrato, onde, corno já se viu anteriormente, foi vendida urna "força para trabalhar por um período de tempo". Se, pois, o salário nao expressa o varo!! du t!!abaflw, o que se en-tende por valor do trabalho? Marx responde que o valor do traba lho é "a forma objetiva do trabalho social dispendido para pro-duzir

urna

mercadori a" E:~ a magni tude du valor de urna mercadoria

~ 34

se mede pela grandeza "de trabalho que ela contem" .

Complementando esta quest~o dos sa15rios, convem ainda ressaltar que no sistema capitalista ~les se mant&m

ou, quando crescem, não acompanham o crescimento da

constantes produti vi-o dade, fazendo com que "a p3rticipac.,';lo dos élssilLlriactos no

pro-, 35

duto, decresça"

Já foi di to anteriormente que o proce,~so de trabalho passou a ser responsabilidade do 'empregadQr' e que, por este mo

.

tivo, o processo será resguardado por mecanismos capazes de ga-rantir o êxito do sistema de produção. Corno esta questão envol-ve essencialmente a manipulação e a dominação do trabalhador, e por que não a sua domesticação, são pertinentes algumas consi-derações.

o

processo de trabalho, a ser desenvolvido pelo traba-lhador de forma coletiva, está subordinado a uma ação gerencial que propicia (a) a coordenação das inúmeras operações e (b) o controle de tempos que resulte num máximo de produtividade. As funções gerenciais, por conseguinte, exigem especificidade de diferentes ordens, fazendo com que os conhecimentos dos gerentes e supervisores, nas unidades produtivas, além de adequadamente

_ - . 36

pertinentes ao contexto tecnologico, produzam açao eflcaz .

34 MARX,

op.

c~t., p. 617.'

35 SINGER, Ec.OYLOtl'I-ta po,fItLca da u'7.ballização, p. 43.

(31)

Na verdade, "a trans formação da humani dade

trabalhado-ra em uma força de ttrabalhado-rabalho, em fator de produção, como

inslru-t d o t 1 - o t o o - 1" 37

men o o capl a , e um processo lncessan e e lntermlnave e

ocasiona um crescente requinte de aperfeiçoamento, quer dos

qua- traba-dros gerenciais, quer nos mecani smos de habi tuação do

lhador ao modo capitalista de produção. Se a gerência

cientí-fica se propunha a organizar o trabalho com um mâximo de raciona

lidade, os novos mecanismos que resul LlIll da Psicoloqia

Indus-trial, da Fisiologia IndusIndus-trial, etc., se atêm as condiç6es sob

as quais alguªm pode ser induzido de melhor forma a acatar e coo

perar com as novas organizaç6es propostas pela Engenharia

Indus-t rla o 1 38 .

o

capitalismo, que compra o trabalho como uma

merca-doria e o considera como um fator de produção, não deixa de ter

presente que esta mercadoria ª a parte animada do capital, cuja

açao propicia a ampliação e a acumulação do próprio capital. Por

isto ª óbvio que haja cuidados especiais, que haja investimentos

sobre a força de trabalho, com o intuito de adaptã-la e

ajustã-la aos melhores padr6es de produção.

c.

~~ração e marginalizaçã~

--Quando se verifica uma expansao da economia capitalis~

ta, amplia-se também o uso dos fatores de produção. Em

conse-quência, ãreas do setor de subsistência vão sendo incorporadas

d t o 39 f - o d f

gra a lvamente ,como se ossem reservatorlOS e atores.

Bra-verman registra que hâ uma tend~ncia nas economias capitalistas

em converter todas as demais formas de trabalho em trabalho

as-salariado e exemplifica com o caso americano, onde, no início do

XIX aproximadamente 4/5 da população economicamente ativa se

de-dicava ao trabalho por conta pr6pria, em 1870 o contigente jã

baixava para 1/3, em 1940 se reduzia para 1/5, chegando a

em 197040 .

37 Ibidem,

p. 124. 38

Ibide,m,

p. 125.

39 SlNGER,

E~onomia

pOl2tica do

t~abafhu,

p. 43.

40

BRAVfRMAN, O~1. cito> 0055.

(32)

o

motor principal das mjtjrações que acompanham a indu~

trialização nos moldes capitalistas

é

a criação de desigualdades regionais41 e os fatores de expulsâo sâo de duas ordens:

(a)os6a-to~e~

de

mudança, decorrentes da introdução de relações de

pro-dução capitalista nestas areas e (b) os 6ato~e~

de

e~tagnaç~o,

"que se manifestam sob a forma de uma crescente pressão popula-cional sobre uma disponibilidade de áreas cultiváveis que pode ser limitada tanto pela insufici~ncia fisica de terra aprovei-tável como pela monopolizaçâo de grande parte da mesma pelos

d . t - ' ,,42 N t t ", 1

gran es proprle arlOS o en an o, nao se o)serva, na econo-mia capitalista, um mecanismo que assegure uma proporcionalidade entre os lugares de trabalho e os trabalhadores que advém pelo fluxo migratório, o que gera o não aproveitamento desta popula-ção economicamente ativa, pelo menos de forma total.

o

surto migratório

é

apontado como responsável, ou pe-lo menos como um dos responsáveis pela formação da população mar ginal das cidades43. Na verdade, as populações urbanas prove-nientes do êxodo rural subsistem em nível de vida bai xo, sofrem um processo de estagnação cultural e as oportunidades econômicas

. . t 44 ~

sao quase lneX1S entes .

Em re lação a caracte ri zaç ão do fenômeno de po puR ação

ma~ginal devem ser feitas algumas observações. A caracterizaçâo

é

enfocada diferentemente pelos estudiosos do assunt045. Para Quijano, a marginalidade social consiste em "um modo limitado e inconsistentemente estruturado de pertencimento e de partici-pação na estrutura geral da sociedade, seja a respeito de cer-tas áreas dentro de suas estruturas dominantes ou básicas, seja a respeito do conjunto destas, em todos ou em parte de

t ores lnstl UClonalS . . t ' . ,,46 . MalS a iante, tra a . d b Ih an o o d

41 SINGER, Economia polltica da

unban~zação,

p. 37.

42 Ibidem, p. 38.

43 SINGER, Economia polltica da

u~banização,

p. 57.

44

seus se-conceito

Ibidem, p. 38.

45

HOFFMANN, .Hefga. Ve,~ e~~5g1': Mlb~nego no BfLa,si{. são Paa

lo, At.tca, 1977, p.1.3 - 44.

46

QUIJANO, AHIbai,. Nota,s óub~(' o cUllc('{fo de mangi,rraRLdadc

~o-cial. In: E.opL~{:E:sê)e~ ma~g.Ütai6. são P(wio, Vua6 Cidade,s,

(33)

a nível de localização de um povoamento, chega a definir "margi-nalidade ecológica" como "um modo não totalmente estruturado ou inconsistentemente estruturado de pertencimento e de participa-ção de um setor de povoamento de uma cidade no conjunto da

es-47

trutura ecológica global desta" . José Nun relaciona marginali dade com o setor produtivo e chama de massa marginal aquela "paE te afuncional ou disfuncional da superpopulação relativa", con-ceito que do mesmo modo que o de exército industrial de reserva "situa-se ao nIvel das relaç6es que se estabelecem entre a popu-I açao so rante e o setor produtivo hegemonlco - b - . ,,48 No contexto deste estudo, a marginalidade aqui é encarada como não integra-ção na economia capitalista e "não-participaintegra-ção em organizaç6es sociais e no usufruto de certos serviços urbanos,,49, observando-se uma precariedade geral de moradi a, nutrição, saúde,

educa-- 50

çao, etc. .

Cabe ainda uma observação sobre o ~XêftC,iju {HduJ~tJU:aC

de fte-6 e,ftva, sem entrar no méri to dos debates que o as sunto tem

provocado. Sabe-se que o capitalismo, desde suas origert5-, re-quer e por isto constitui "reservas de capacidade produtiva e de força de trabalho,,5l, utilizadas quando há condiç6es de maior expansão econômica. Este "exército" teria duas funç6es junto ao mercado de trabalho: "por um lado, intensifica a competição en-tre os operários e deprime os salários para o n.ível do mínimo fi. siológico de subsistência, condição indispensável para a explo-ração - entendida como consumo destrutivo da mão-de-obra - que promove a formação e o aumento de c':'lpi tal; de outra parte, man-tém constantemente disponivel uma massa de trabalhadores para que a indústria possa, nos meses de m.:1Íor ativid<lde, produzir no mercado a quantidade de mercadorias requeridas,,52.

47

48

49

50

lbJ.de.m, p. 62.

N U N, ] o -6

é .

S li P e ,f( P U P u f a ç li (! f1 e f a t { v {(, e x

c:

Ir c Lt () irl d u~ t ft -< a f

fte-6 eftva

e

ma,~~ a maftg< H

ar .

11/: I'~2Y f ~~~~_,maf19-< Ha~~.

Paulo, Atica, 1978, p. 99.

SINGER, Economia pctltica da uftban~zaç~o, p. 57.

HOFFMANN, op. c,Lt., p. 144.

51 SINGER, Economia poL7:Uca da UftbaHização, p. 57.

52

NU N. o p. ci t "

r.

86.

de

Referências

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