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Arranjos produtivos: análise da experiência do setor oleiro cerâmico de Iranduba (AM)

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Academic year: 2017

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ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ARRANJOS PRODUTIVOS: ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO SETOR OLEIRO CERÂMICO DE IRANDUBA (AM)

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

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ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TÍTULO

ARRANJOS PRODUTIVOS: ANÁLIS E DA EXPERI ÊNCIA DO SETOR OLEIRO

CERÂMICO DE IRANDUBA (AM)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:

ADRI ANO SANTOS MONTEIRO

E

APROVADO EM j2 lO! I 1)

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pe l セ

minadora@

DEBO MORAES ZOUAIN D OUTORA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

D OUTORA EM EDUCAÇÃO

FRANCISCO MARCELO BARONE

(3)

ARRANJOS PRODUTIVOS: ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO SETOR OLEIRO CERÂMICO DE IRANDUBA (AM)

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Interinstitucional de Administração Pública - MINTER da Fundação Getúlio Vargas e Universidade do Estado do Amazonas como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração Pública.

Orientadora: Prof. Deborah Moraes Zouain Co-orientador: Prof. Francisco Marcelo Barone

Manaus

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A meus filhos,

Brenda, Bruna e Leonardo Arruda Monteiro;

A minha esposa,

Hildeany Letícia Arruda Monteiro;

A minha mãe Aline e minha tia Anita, Pelo incentivo e apoio irrestrito;

A professora Oeborah e ao Professor Barone, Pela chance de concluir este trabalho;

A FAPEAM,

Por patrocinar o programa de mestrado;

À Prefeitura Municipal de Manaus,

(5)

Diante da possibilidade de surgimento de um Arranjo Produtivo Local - APL em substituição

a atual aglomeração industrial conhecida como Cluster na região do município de lranduba e

de seus arredores, o estudo caracteriza o processo produtivo e administrativo das indústrias inseridas na área. O objetivo, portanto é identificar pontos necessários a transformação acompanhados pelas vantagens que a mudança pode trazer a toda a sociedade que depende do setor oleiro para sobreviver. Apesar de ocorrer cooperação entre as empresas oleiras de lranduba, os resultados do trabalho demonstram que não existe um foco de arranjo produtivo local, tão somente interação entre um aglomerado de empresas em função de necessidades focais. Nesse escopo, salientam-se como principais resultados a constatação de um sistema arcaico de produção baseado na estrutura familiar e a falta de direcionamento de políticas públicas que incentivem o surgimento do APL.

(6)

In face of the emergence of a Local Productive Arrangement - LP A to replace the current industrial agglomeration known as Cluster in the municipality of lranduba and its surroundings, the study characterizes the production process and administrative area included in the industries. The aim therefore is to identify the necessary points of transformation accompanied by benefits that change can bring to the whole society that depends on the pottery industry to survive. Although cooperation between companies occur potters of Iranduba the results of the study show that there is an outbreak of local productive

arrangement, only interaction between a cluster of companies in terms of needs focus. In this

scope, it is pointed out as main results which find of an archaic system of production based on family structure and lack of direction of public policies that encourage the development of LPA.

(7)

RESUMO ... 4

ABSTRACT ... 5

SUMÁRIO ... 6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... 7

INTRODUÇÃO ... 9

2 REFERENCIAL TEÓRiCO ... 13

2.1 DESENVOLVIMENTO LOCAL ... 13

2.2 POBREZA NO BRASIL ... 24

2.3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL E AGLOMERADOS INDUSTRIAIS (CLUSTER) ... 40

2.3 REGIÃO AMAZÔNICA - CONTEXTO SÓCIO-POLíTICO E ECONÔMICO ... 48

2.4 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO ESTADO DO AMAZONAS ... 52

2.4 O SETOR OLEIRO NO ESTADO DO AMAZONAS ... 56

3. O CASO DO SETOR OLEIRO DE IRANDUBA ... 67

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 83

REFERÊNCIAS ... 85

(8)

Figura 1: Fatores Decisivos para o Desenvolvimento Local 21 Tabela 1: Características dos enfoque desenvolvimentistas 22

Tabela 2: Evolução da indigência no Brasil 26

Gráfico 1: Distribuição da população mundial em relação ao PIB 27

Gráfico 2: Relação entre pobreza e o PIB 28

Gráfico 3: Proporção de pobres no Brasil 29

Gráfico 4: Grau de desigualdade de renda 30

Gráfico 5: Grau de desigualdade em relação a renda 31

Tabela 3: evolução dos indicadores de desigualdade 32

Tabela 4: evolução da desigualdade da renda 33

Gráfico 6: proporção entre a renda dos 10% mais ricos e 40% mais

pobres 34

Tabela 5: proporção de ricos e pobres de acordo com as regiões 35

Tabela 6: Taxa de mortalidade infantil 36

Tabela 7: Principais problemas do Brasil 37

Tabela 8: Figura 13: Principais objetivos nacionais a médio prazo 38 Tabela 9: explicações para o fracasso das políticas sociais segundo as

elites 39

Figura 2: Formas de concentração empresarial 44

Tabela 10: População desocupada 50

Gráfico 7: Distribuição de renda em Manaus 51

Tabela 11: Possibilidade de APL por setor 53

Figura 3: Localização dos APL da região norte 54

Tabela 12: Consumo aparente de telhas cerâmicas (milhão m2). 58 Tabela 13 Maiores produtores mundiais de telhas (milhão m2). 59 Tabela 14: Maiores exportadores mundiais de telhas (milhão m2). 60 Tabela 15: Maiores Importadores mundiais de telhas (milhão m2). 61 Tabela 16: Maiores consumidores mundiais de telhas cerâmicas (milhão

m2). 62

Tabela 17: Número de empresas cerâmicas nas regiões de Manacapuru

(9)

Figura 4: Balsa do tipo ferry-boat de interligação dos portos

Figura 5: Área de localização do Projeto e articulação em folhas 68 1 :250.000

Figura 6: Esquema da Cadeia Produtiva da Indústria Oleiro-cerâmica da

Região 69

Tabela 18: Estimativa da população de Manaus. 72

Tabela 19: Produto Interno Bruto (PIB) de Manaus. 73

Tabela 20: Relação entre população e domicílios em Manaus. 73

Tabela 21: Consumo aparente de cimento no Amazonas. 73

Tabela 22: Consumo aparente de cimento no Estado do Amazonas no

período 2004-2005. 74

Tabela 23: Quadro de estimativa de demanda por tijolos em Manaus até

2010. 75

Gráfico 8: Produção anual de peças cerâmicas estruturais por pólos (mil

unidades). 77

Figura 7: Fluxograma do processo de fabricação de cerâmica vermelha no Brasil.

Tabela 24: Consumo anual de argila por pólo produtor.

(10)

INTRODUÇÃO

o

país vivencia, nas últimas décadas, um processo acelerado de mudanças significativas na produção e conseqüentemente na reorganização da cadeia produtiva, obrigando as organizações a serem inovadoras, para terem competitividade, ao mesmo tempo em que os projetos de desenvolvimento devem estar correlacionados com um plano de sustentabilidade.

Nesse processo é importante salientar que, instituições devem apoiar e assessorar as propostas de arranjos produtivos locais de modo a contribuir para a mudança do cenário produtivo dessas localidades, a fim de que a população possa usufruir dos benefícios que este modelo proporciona. O surgimento de modelos baseados em arranjos produtivos ajudam a reduzir problemas econômicos que permeiam essas localidades e que afetam a população, bem como o compromisso e a responsabilidade das empresas com o meio ambiente e dos moradores através de melhorias no sistema produtivo.

Os arranjos produtivos devem apontar para intervenções que prioritariamente estabeleçam inovação, competitividade e sustentabilidade no tocante a problemas recorrente de devastação ambiental e da falta de alternativas econômicas entre outras mazelas.

As teorias sobre desenvolvimento mostram que é necessário primeiramente entender e diferenciar o que é um simples crescimento econômico e o que caracteriza um desenvolvimento local de fato. Para que uma localidade se desenvolva de forma igualitária é preciso que fatores sociais culturais e ambientais estejam envolvidos. Este desenvolvimento realizado de forma holística seria uma cura para as mazelas da sociedade uma vez que ele ocorre a partir do menor ponto geográfico.

(11)

apoio se interliga com as principais criando uma divisão de tarefas baseada na cooperação.

O Amazonas teve sua economia baseada em ciclos que se iniciaram logo após a colonização do Brasil com o extrativismo sendo seguido pelo ciclo da borracha. Mais recente a implantação da Zona Franca de Manaus permitiu alcançar um nível de desenvolvimento semelhante a grandes cidades mundiais. Em contrapartida tal modelo trás como negativo a concessão de benefícios que tiram do Estado o poder de redistribuir a renda uma vez que as empresas retêm muito do seu faturamento em impostos.

Assim como os demais setores, o oleiro sobreviveu aos ciclos econômicos, desde o início das atividades dentro da cidade de Manaus sendo passo a passo obrigado a mudar suas atividades para outras localidades mais próximas dos insumos. O setor, no entanto não acompanhou a modernização sofrida pelas indústrias instaladas no pólo industrial e, até os dias atuais, permanecem com tecnologia rudimentar e cultura do inicio do século.

No setor oleiro de Iranduba a evolução das empresas não é diferente de outros pontos do Estado. Tais empresas são de porte pequeno e empregam baixa tecnologia e pouco valor agregado aos produtos. Isto leva o distrito a um comércio predatório onde a única diferenciação é a redução de preços.

No que diz respeito às concepções tradicionais sobre aglomerados, o estudo mostra que existem peculiaridades específicas no arranjo produtivo de Iranduba, pois as realidades não são uniformes e a organização da produção tanto é singular como obsoleta. Portanto, o arranjo deverá conceber um modelo próprio de desenvolvimento, considerando: redes de atores locais, potencialidades, vantagens competitivas, recursos naturais, infra-estrutura existente, capital humano, participação social, cultura local e capacidade de atrair investimentos.

Na trajetória e garantia desse movimento produtivo, a região obriga-se a procurar modelos voltados ao desenvolvimento sustentável local, que se organize e se dirija no sentido de intervir na realidade, com o propósito de promover mudanças que efetivamente propiciem o desenvolvimento e a sustentabilidade.

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A condição essencial para que a situação seja contemplada, é o entendimento de que os arranjos produtivos, em qualquer planejamento direcionado para o desenvolvimento econômico, devem ser compreendidos no âmbito em que se desenvolvem, isto é, o nível local, e antes de tudo, é preciso entender que a construção desse modelo constitui-se como um processo compartilhado de co-responsabilidade entre as comunidades e as empresas, configurando, assim, o verdadeiro exercício de cidadania.

Nesse direcionamento, a tendência objetiva das transformações econômicas e sociais através da efetividade de um arranjo produtivo pressupõe o entendimento que o modelo é elemento estratégico para mudanças, principalmente nas pequenas e médias empresas e deve partir destas o interesse pela formação do APL restringindo o papel do estado ao de incentivador do processo natural criado pela sociedade.

Fundamentando a teoria deste trabalho, foram desenvolvidos seis temas que caracterizam a matriz teórico-conceitual, a saber:

Capítulo I, denominado desenvolvimento local, trata da conceituação e dos modelos históricos de crescimento econômico no Brasil.

O capítulo 11, aborda os fundamentos e causas sobre a pobreza no Brasil tratando em seu escopo também sobre a erradicação do problema e possibilidades de fracasso deste processo.

No capítulo III estão descritos e caracterizados a diferenciação teórica e a linha de divisão entre um distrito ou aglomerado industrial e um efetivo arranjo produtivo local.

Ao abordar a Região Amazônica, tema do capítulo IV, é descrito um panorama de todo o contexto social e político que também está intimamente ligado aos ciclos econômicos ocorridos na região.

O penúltimo capítulo faz uma análise sobre a existência de arranjos produtivos locais na Região Amazônica, traçando suas características e segmentos econômicos.

(13)
(14)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DESENVOLVIMENTO LOCAL

o

conceito de desenvolvimento local está profundamente associado ao desenvolvimento econômico que em décadas passadas foi muito estudado até paulatinamente ser substituído pelo discurso do crescimento. Desta forma os fatores qualitativos do conceito inicial começam a dar lugar apenas aos indicadores quantitativos.

Para Oliveira (2001) desenvolvimento local corresponderia em uma visão mais aprofundada ao conceito de desenvolvimento humano trabalhado pela ONU, onde o atendimento a um conjunto de requisitos voltados ao bem-estar e qualidade de vida. Tal afirmação chega próxima a um efetivo conceito, mas outros pontos precisam ser observados.

Bem-estar e qualidade de vida devem ser de fato direitos dos cidadãos e é imprescindível separar a obrigatoriedade da existência destes requisitos para se obter cidadania sob pena de se desconsiderar aqueles que, por falta de poder econômico, não atingissem tal nível social.

Introdutoriamente, tais conceitos afastam os conceitos de cidadania e desenvolvimento local e a ligação destes com a obrigatoriedade de acumulação de riquezas para se tornar cidadão. Conseqüentemente, o conceito empregado será de alternativa à sociedade.

O desenvolvimento local surge não como uma cura as mazelas da sociedade e de todas as suas complexidades, mas como algo capaz de trazer amenidades a incapacidade do indivíduo que não atinge o grau de bem-estar desejado.

Dowbor (2006) afirma que o modo de pensar sobre o desenvolvimento local - os Municípios - após a Constituição de 1988 fez com que fosse deslocada a perspectiva de visão de desenvolvimento e passou-se a olhar o município não como o lugar distante onde os projetos do governo devem chegar. É preciso considerar o

município como unidade básica e ponto de partida do desenvolvimento.

(15)

Com a inserção da comunidade no processo o resultado esperado é uma articulação voltada para a regulação do poder do Estado em busca de um desenvolvimento alternativo. Dowbor (2006) afirma ainda que a participação comunitária e seu envolvimento direto nos assuntos da gestão local e racional das potencialidades aparecem como um mecanismo regulador complementar a exercida por outros atores dominantes.

A evolução da teoria econômica proporcionada pela participação da sociedade inicia ainda com Marx, em seu livro "O Capital' que via a riqueza da sociedade como a acumulação física. Gradualmente, a sociedade avançou para acumulação de riquezas financeiras. Somente em tempos recentes vindos com a inserção de mais camadas sociais nos processos de desenvolvimento é que surgem duas compreensões do capital que passam pela preocupação com o planeta e seu capital natural e uma maior importância ao homem a partir do entendimento da existência de um capital humano.

Dowbor (2006) sintetiza estes conceitos através do capital social que representa o surgimento de uma maturidade e coesão dos atores sociais que sustenta o conjunto levando a uma ampliação do conceito de economia e desenvolvimento e sua articulação com outras ciências sociais.

Esta mudança de conceito muda de forma profunda a cultura de desenvolvimento passivo e extingue de forma gradual o conceito de comunidade passiva que aguarda e aceita decisões longínquas de um Estado distante doador de benefícios ou se coloca a disposição de grandes empresas dominantes da economia local e ditadoras de regras. O desenvolvimento da sociedade e da economia local deixa de ser um processo de espera pacifica e torna-se um processo ativo de participação social.

França (2002) afirma que o desenvolvimento local é tema controverso, inexistindo consenso entre os teóricos que o debatem no Brasil e até mesmo internacionalmente. Enquanto alguns teóricos afirmam que o desenvolvimento local não passa de um novo arranjo industrial da sociedade moderna, outros enfatizam a existência de uma dinâmica própria em conseqüência a uma nova organização do capital e da riqueza da sociedade.

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forma incipiente e quase empírica. Estes experimentos surgiram como norteadores na percepção das diferenças e na conceituação do "local".

Nacionalmente os anos 70 marcaram o inicio da industrialização e as conseqüências trazidas pelo choque do petróleo no final da década, seqüencialmente a sociedade presenciou uma intensa recessão e o crescimento da divida pública do início da década de 80 que trouxeram sucessivos crescimentos inflacionários e instabilidades econômicas. Com este histórico que somente se estabilizou ao final da década de 90, após quase vinte anos de incertezas, é que surgem e se tornam necessárias tentativas de desenvolvimento voltadas ao local.

Os primeiros modelos de desenvolvimento surgiram voltados à isenção de tributos trazendo consigo a "guerra fiscal" entre municípios que trouxe conseqüências devastadoras a administração local que ficou desprovida de recursos para efetivar políticas sociais de compensação as mazelas sociais e à geração de emprego.

Para França (2002) a idéia de desenvolvimento é multidimensional abrangendo não só a esfera econômica, mas também as dimensões culturais sociais e políticas. O local e a sociedade inserida nele tendem a reproduzir a lógica do capital e tende a produzir uma sociedade desequilibrada economicamente através do estimulo ao individuo, o culto da cobiça e a exploração crescente dos recursos naturais.

As discussões em torno do desenvolvimento local iniciam com a compreensão da impossibilidade de se desassociar a economia da sociedade, sua cultura e ambiente, obrigando os teóricos a pensar em crescimento econômico associado a outros fatores.

Na década de 90 o desenvolvimento local surge como objeto de estudo e despertando grande interesse. Mesmo possuindo características e pontos de vistas variados, as conclusões de tais estudos convergem para o foco local e a efetiva participação de indivíduos e segmentos da sociedade em busca de um desenvolvimento comum.

(17)

para o surgimento das articulações entre os atores que constituem etapa fundamental para a concretização do desenvolvimento.

França (2002) afirma ainda que a heterogeneidade estrutural da sociedade brasileira seja ponto de partida para as políticas de desenvolvimento local que possuem entre seus méritos o de proporcionar um diagnóstico das potencialidades da região e de seus recursos econômicos, ambientais e humanos, que nem sempre estão explícitos, gerando um aproveitamento racional e integrado.

O histórico de instabilidade macroeconômica que permeou a economia até o final dos anos 90 não deve ser visto como limitador das possibilidades de êxito do desenvolvimento local ou ainda que este se limite a poucas camadas da sociedade. As diversas iniciativas isoladas tendem a somar forças e contribuir para a formação de um cenário local avesso ao macroeconômico favorecendo expressivos resultados positivos.

Ainda para França (2002) a tendência de eximir o governo central da promoção de políticas voltadas ao desenvolvimento e colocá-lo apenas como fomentador da estabilidade econômica responsabilizando os agentes regionais por tais políticas, tendem a enfraquecer o alcance dos resultados e ofuscam a importância da articulação entre as diferentes camadas da federação.

Costa (2003) concorda com França (2002) quando coloca que o desenvolvimento do Brasil só foi possível através da influência do Estado, que surgiu como agente responsável capaz de compreender as diferenças econômicas regionais como fonte de obstáculos a sustentabilidade do crescimento nacional.

A herança advinda dos tempos coloniais estava ainda na década de 70 enraizada na estrutura econômica do país e só neste momento passara a ser percebida e entendida como força superior ao livre jogo de mercado que ameaçava o equilíbrio socioeconômico.

Ao repensar e entender o desenvolvimento a partir dos anos 70, o Estado vê a crise por qual passara o mecanismo de crescimento baseado no financiamento de gastos públicos através do endividamento do Governo. Agravando a crise os anos 80 e 90 trouxeram consigo revoluções em todos os processos produtivos, tecnológicos, financeiros e de comunicação tornando obsoleto o modelo nacional-desenvolvimentista.

(18)

norteavam o desenvolvimento e os mais adequados meios para sua concretização (COSTA, 2003).

Surge então um novo modelo de desenvolvimento baseado na não participação cidadã e na preservação do meio ambiente em busca do crescimento da produção nacional sem, no entanto, descartar a crença que o modelo a ser alcançado era o de sociedades capitalistas avançadas mesmo que para isso fosse preciso ignorar todas as peculiaridades locais.

O desenvolvimento era então uma política nacional a ser conduzida pelos governos centrais independente de interesses regionalizados que poderiam impedir o crescimento da produção nacional e todo conflito decorrente desta política deveria ser decidido apenas por um poder único, central e neutro, o Estado.

Costa (2003) aponta novos fatores que passam então a permear o pensamento desenvolvimentista que agora se baseia na acumulação de capital através da inovação tecnológica, o fortalecimento de regiões e cidades, avanços nas telecomunicações, implementação de avaliação de desempenho na administração pública.

As mudanças reforçam um novo pensar sobre o desenvolvimento local que reforça a teoria da participação e cooperação para que se atinja um padrão de qualidade desfrutado pelas classes mais abastardas por toda a sociedade. Com isso o pensamento de França (2002) acerca da complexidade do desenvolvimento, de seus atores e necessidades volta a surgir no cenário das discussões.

A sociedade que surge na década de 90 não se satisfaz simplesmente pelo incremento da oferta de bens e serviços. O conceito de desenvolvimento para esta sociedade está ligada diretamente à qualidade e diversidade da oferta corroborando para que o nível de exigência do conceito de melhoria seja contínuo e esteja em constante ampliação.

Costa (2003) afirma que neste espaço temporal a confiança no Estado e em sua capacidade em promover o desenvolvimento foi reduzida e transferida para o mercado, que logo constatou sua incapacidade de atender a demanda crescente de exigências por um numero cada vez maior de oportunidades de crescimento e desenvolvimento social não atendidas pelos mecanismos de desenvolvimento baseados em ações excludentes de atores menos favorecidos.

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mediador capaz de estabelecer sistemas de cooperação e integração social capaz de gerar efetividade nos projetos de desenvolvimento local.

O desenvolvimento não pode descartar sua face política e capacidade de alavancar o desenvolvimento através da autonomia na gestão dos recursos através da negociação com outros estratos do governo substituindo a subordinação pela cooperação através da coalizão entre os atores envolvidos.

A corrente política precisa ser complementada pela econômica aproveitando-se até mesmo de lições das grandes empresas que iniciam seus projetos buscando inicialmente a vocação econômica, possibilidade para potencializá-Ias, em seguida busca investidores e gerar empregabilidade e por fim onde comercializar os bens produzidos (BOISIER, 1996 in COSTA, 2003).

Vital para o sucesso das políticas é a participação de todos os atores sociais no processo de planejamento para garantir os objetivos da sociedade levando em conta as diversidades das demandas e a integração dos problemas sociais que devem ser resolvidos com o respaldo da coletividade.

Costa (2003) afirma que as alianças e parcerias não devem se embasar na competitividade de soma zero através de vantagens desproporcionais, a cooperação deve visar um equilíbrio vantajoso para todas as partes e que não prejudique o equilíbrio geral do sistema, o que vem sendo constantemente negligenciado no Brasil, principalmente pela oferta de subsídios calcados em renúncias fiscais surgidas na década de 70.

A renúncia fiscal se mostra ineficiente uma vez que proporciona o surgimento de um amontoado de empresas sem ligações entre si e com a cultura local instalada sob um clima de instabilidade e mudança nos incentivos concedidos e ainda, pela falta que tais recursos trarão a políticas de investimentos essenciais ao desenvolvimento da região.

O Brasil instituiu seu desenvolvimento através de políticas autoritárias e baseados na instalação de grandes plantas industriais em áreas urbanas incentivadas por acentuado grau de investimento do setor publico em infra-estrutura e serviços básicos, seguindo o modelo de outros países que se encontravam em expansão, mas ainda estavam à margem do desenvolvimento.

(20)

rápido processo de urbanização no entorno das grandes plantas e a conseqüente demanda por habitação, transporte e outros serviços básicos à sobrevivência digna.

O histórico de desenvolvimento brasileiro permitiu a sociedade se acostumar e tomar para si como conceito de desenvolvimento uma expectativa de que alguém deverá realizar uma atividade ou um investimento que culminara com a melhoria da sociedade na qual está inserida. No entanto a consolidação destas políticas de desenvolvimento só é garantida através da participação da sociedade transformando projetos voltados ao mero crescimento econômico em uma transformação social (COSTA, 2003).

Muitos dos municípios já enxergaram essa dimensão do desenvolvimento e trabalham com a mobilização democrática e a participação efetiva popular para a potencialização do local, fugindo da angustiante espera pelos investimentos externos como única solução capaz dirimir as mazelas sociais.

Para a manutenção do avanço obtido nessas localidades e sua expansão a outras regiões é preciso democratizar de forma ampla a inclusão produtiva através de mecanismos que reduzam entraves e municiem as comunidades de conhecimento para uma participação ativa no crescimento local.

A aposta na base social brasileira como meio produtivo é retirar essa parcela da população do status de ônus para o de peça chave no crescimento nacional dando-lhes uma estrutura central de articulação e geração de parcerias que dinamizam a região através do fomento às suas potencialidades (COSTA, 2003).

Se um país é produtivo na medida em que as empresas instaladas em seu território também o são, é certo pensar que este desenvolvimento só se torna efetivo à medida que as menores unidades autônomas, os municípios, são geridos de forma racional voltados a geração de produtividade pelos atores inseridos nele e a partir destas pequenas unidades ser possível constituir o todo nacional.

(21)

Neste processo de transformação social, há uma interdependência entre os diversos segmentos que compõem a sociedade, sendo fundamental pensar o desenvolvimento local como um processo integrado ao mercado, à sociedade, a política e a cultura. Afinal de contas, não seria o desenvolvimento uma simples extensão do sistema de mercado em detrimento de valores relacionados à

solidariedade, à ética, à responsabilidade social, de culturas e histórias tão distintas em diferentes regiões do mundo.

Pode-se dizer que o desenvolvimento é sinônimo de intervenção, de imposição ou de assistência humanitária? A dificuldade de responder tal questionamento leva muitos pensadores a proclamar o fim do desenvolvimento e a

pensar no chamado pós-desenvolvimento, ainda que não expliquem como substituir

o conceito e a prática, sobretudo nas sociedades em que as desigualdades e as carências são ainda muito flagrantes (MILANI, 2001).

Pensar no desenvolvimento local a partir da ótica exclusiva do cooperativismo local gera o risco de condenar atores a se fecharem em suas microrregiões evitando outras escalas de poder. Outra possibilidade é tornar a localidade erroneamente autônoma e desvirtuada das macroestrategias nacionais gerando uma fragmentação de pólos de desenvolvimento sem interação coerente ou conectividade.

Milani (2001) concebe ainda o desenvolvimento local como um processo emancipacitório com grande potencial transformador. Para que o desenvolvimento aconteça é fundamental ampliar a capacidade de realização das atividades livremente escolhidas e valorizadas por cada sujeito, portanto, o desenvolvimento não é conseqüência automática do crescimento econômico.

Para Albuquerque (1998) é normal a associação entre desenvolvimento econômico e industrialização, terceirização e urbanização, os quais estão ligados à

"modernização". A estratégia de desenvolvimento vindo de cima para baixo, de caráter concentrador e baseada na grande empresa e na alta esfera governamental, passa a ser considerada como fundamental para conquistar o objetivo perseguido.

Tal pensamento concentrador não é, no entanto, a única possibilidade de desenvolvimento uma vez que as estratégias que surgem a partir da base da pirâmide social podem até ser acompanhadas de uma maior legitimidade uma vez que são acompanhadas de fatores sociais, culturais e territoriais. Em geral as

,'r NᄋᄋIH^セP@ (,:E', ULlC vafセcゥas@

(22)

iniciativas de desenvolvimento econômico baseados nas pequenas empresas e no individuo, tem surgido com pouco apoio político ou articulação das instituições.

Albuquerque (1998) afirma que o apoio político e administrativo prestado pelos setores públicos locais é fator decisivo para as iniciativas de desenvolvimento, para as quais é também fundamental a negociação estratégica entre atores sócio-econômicos locais voltados à incorporação das inovações tecnológicas.

NEGOCIAÇÃO ESTRATÉGICA DE AGENTES TERRITORIAIS

1

APOIO POlÍTICO ADMINISTATIVO DOS GESTORES PÚBLICOS

LOCAIS

1

INCORPORAÇÃO DE INOVAÇÕES

TECNOLÓGICAS E INOVATIVAS NO TECIDO EMPRESARIAL E PRODUTIVO LOCAL

Figura 1 - Fatores Decisivos para o Desenvolvimento Local Fonte: Albuquerque (1998)

o

equilíbrio macroeconômico não é capaz de garantir o desenvolvimento econômico. Este depende principalmente da capacidade que a sociedade adquire em incorporar novas tecnologias. É preciso impulsionar o desenvolvimento através da equidade social e a sustentabilidade que fomentem as potencialidades locais.com uma participação decisiva dos atores governamentais (ALBUQUERQUE, 1998).

(23)

ENFOQUE CENTRALlZADOR ENFOQUE NA BASE

Maior preocupação para:

./ Melhorar a distribuição da renda; ./ Assegurar a sustentabilidade Crescimento quantitativo como guia:

ambiental; (maximização da taxa de crescimento

./ Elevar a qualidade de vida; do produto interno bruto).

./ Melhorar as relações trabalhistas; ./ Satisfazer as necessidades

básicas da população.

Potencialização dos recursos próprios:

./ Articulação do tecido produtivo Estratégia baseada no apoio externo:

territorial; (investimentos estrangeiros, ajuda

./ Maior vinculação do tecido exterior)

empresarial local,

./ Mais controle do processo de desenvolvimento.

Tese do "transbordamento" ou difusão do crescimento a partir dos núcleos

Estímulo de iniciativas de

centrais: (tese da "locomotiva": os

desenvolvimento local países centrais arrastam os países em

desenvolvimento)

Tabela 1 - Características dos enfoques desenvolvimentistas Fonte: Albuquerque (1998)

(24)

o

autor destaca ainda não haver necessidade de se realizar o desmantelamento do Estado na busca do desenvolvimento local, uma vez que o caminho para atingi-lo passa por uma ação negociada com o setor empresarial e o conjunto da sociedade civil na qual o planejamento do desenvolvimento se visualiza como uma tarefa coletiva de interesse comum para elevar o nível de vida de toda a população. O desenvolvimento é então uma mudança estrutural voltado a um melhor nível de vida e passa por três dimensões:

i. Econômica: os empresários locais usam sua capacidade para organizar os fatores produtivos endógenos com níveis de produtividade suficientes capazes de competir nos mercados; ii. Sócio-cultural: os valores e instituições locais permitem impulsionar ou apoiar o próprio processo de desenvolvimento; iii. Político-administrativo: as políticas territoriais facilitam ou estimulam a criação de um "ambiente inovador" favorável ao desenvolvimento endógeno.

Albuquerque (1998) destaca também linhas de políticas fundamentais para se definir estratégias voltadas ao desenvolvimento econômico:

i. a articulação produtiva do tecido empresarial e as diferentes atividades rural-urbanas, agroindustriais e de serviços no território;

ii. o compromisso com a geração de emprego produtivo e o funcionamento do mercado de trabalho local;

111. o conhecimento das tecnologias que melhor se adéqüem

à dotação de recursos e potencialidades territoriais, e a atenção às inovações tecnológicas e organizativas apropriadas aos níveis produtivo e empresarial locais;

iv. a participação dos trabalhadores locais na redefinição da organização produtiva;

v. a adaptação do sistema educativo e de capacitação profissional à problemática produtiva e social territorial;

(25)

vii. o acesso aos serviços avançados de apoio à produção (informação, capacitação empresarial e tecnológica, financiamento da pequena e média empresa e microempresa). O êxito na execução das políticas de desenvolvimento só pode ser garantido através da ação coordenada dos diversos atores que participam do cenário local. Tal ação coordenada deve ter como ponto de partida o poder público com sua capacidade neutra centralizadora.

Outro ponto fundamental apontado por diversos teóricos é assegurar o acesso e a incorporação de tecnologias inovadoras não somente as grandes empresas, mas principalmente as de menor porte, que possuem a cultura de desconsiderar a necessidade de tal investimento como componente fundamental.

Não existe então uma forma definitiva de se promover o desenvolvimento, como demonstra a diversidade de instrumentos utilizados em diferentes experiências, como "incubadoras de empresas", parques tecnológicos e institutos tecnológicos setoriais. O modelo mais apropriado deve surgir a partir de uma analise das peculiaridades da região, já que algumas fórmulas institucionais de interlocução resultam mais apropriadas para uns que para outros (ALBUQUERQUE, 1998).

Resumidamente, o que se pode dizer de desenvolvimento local é que este não depende exclusivamente do poder do Estado para acontecer como se pensava nos anos 70, no entanto ainda é fundamental a coordenação deste e o fomento a políticas de incentivo que, em conjunto com os diversos atores locais, poderão potencializar a região e definir um ou mais modelos adequados que possam garantir não somente o crescimento econômico como também o desenvolvimento social da região.

2.2 POBREZA NO BRASIL

Os países que ainda registram situação de pobreza extrema podem ser enquadrados em dois grupos, o primeiro onde a pobreza esta tão enraizada que a renda per capita é tão baixa que nem sua igual distribuição seria capaz de garantir o

(26)

Rocha (2000) afirma que a extrema desigualdade na distribuição, está intimamente ligada a uma dinâmica socioeconômica própria e permanência da pobreza absoluta no Brasil. No inicio da industrialização brasileira e o período de crescimento mais acelerado, durante a década de 70, a desigualdade de renda aumentou substancialmente e foi entendida a época como um fenômeno passageiro e inevitável, em face das novas necessidades de mão-de-obra e dos conseqüentes desequilíbrios no mercado de trabalho. O resultado foi um crescimento substancial da desigualdade de renda.

Já na década seguinte ocorreram dois fatos decisivos para a consolidação da pobreza absoluta no país. O primeiro foi a brutal redução do crescimento da renda e também da economia durante a chamada década perdida. Outro fator

decisivo está diretamente ligado ao primeiro, a retração do rendimento atingiu principalmente os estratos mais pobres da população aumentando os problemas de distribuição que foram agravados ainda pela alta da inflação.

A redução deste quadro de pobreza depende não só do crescimento da renda, mas também de uma distribuição mais igualitária. Esta distribuição torna-se cada dia algo mais difícil de se atingir pelo nível de desigualdade já atingido consolidando as posições de dominantes e dominados entre as classes sociais.

Barros (2000) em sua analise de estudos geográficos afirma que o Brasil não é um país pobre, mas um país com muitos pobres. E ainda, que os elevados níveis de pobreza estejam intrinsecamente ligados na estrutura da desigualdade brasileira - uma perversa desigualdade na distribuição da renda e das oportunidades de inclusão econômica e social.

(27)

Ano Percentual de Indigência Hiato Número de Percentual de Pobreza Hiato Numero de pobres indigentes médio da renda indigentes pobres médio da renda (em milhões)

セ・ュ@ milhões)

1977 16,3 5,8 16,8 39,6 17,2 40,7 1978 20,7 9,7 22,0 42,6 21,0 45,2 1979 15,9 5,7 17,3 38,8 16,9 42,0 1981 18,8 7,2 22,0 43,1 19,5 50,6 1982 19,4 7,4 23,4 43,1 19,8 51,9 1983 25,0 9,8 30,7 51,0 24,5 62,7 1984 23,6 8,8 29,8 50,4 23,5 63,5 1985 19,2 7,1 25,1 43,5 19,7 56,9 1986 9,8 3,4 13,1 28,2 11,3 37,6 1987 18,5 7,2 25,1 40,8 18,7 55,4 1988 22,1 9,1 30,5 45,3 21,8 62,5 1989 20,7 8,5 29,3 42,9 20,6 60,6 1990 21,3 8,8 30,8 43,8 21,1 63,1 1992 19,3 8,6 27,1 40,8 19,7 57,3 1993 19,5 8,5 27,8 41,7 19,8 59,4 1995 14,6 6,0 21,6 33,9 15,3 50,2 1996 15,0 6,6 22,4 33,5 15,6 50,1 1997 14,8 6,3 22,5 33,9 15,4 51,5 1998 13,9 5,8 21,4 32,7 14,7 50,1

(*) As linhas de indigência e pobreza utilizadas foram as da região metropolitana de São Paulo

Tabela 2 - Evolução da indigência no Brasil Fonte: Barros (2000)

Com base na teoria de Barros (2000) de que a pobreza se dá pelo distanciamento de uma renda mínima em determinado momento histórico, a tabela 1 confirma os estudos realizados por Rocha (2000) sobre o crescimento da pobreza e sua consolidação nas décadas de 70 e 80 só reduzindo seus níveis próximo da metade da década de 90 com o inicio da estabilização econômica.

Dois fatores são determinantes para o surgimento e o conseqüente entendimento da pobreza. O primeiro é a disponibilidade de recursos e o segundo a distribuição destes para a população e somente o entendimento do equilíbrio destes fatores podem conseqüentemente explicar o surgimento ou a manutenção da renda

percapita.

O gráfico da figura 3 teorizado por Barros (2000) permite constatar que cerca de 64% dos países do mundo têm renda per capita inferior à brasileira. Em

(28)

Brasil. Assim, essa distribuição da renda mundial revela que, apesar de o Brasil ser um país com muitos pobres, a população não está inserida em um nível de pobreza absoluto em relação ao cenário mundial. A comparação internacional quanto

à

renda

per capita coloca o Brasil entre o terço mais rico dos países do mundo e, portanto,

não permite considerá-lo um país pobre.

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Gráfico 1: Distribuição da população mundial em relação ao PIS Fonte: Sarros (2000)

(29)

Barros (2000) explica que determinações econômicas da pobreza que explicam a posição do Brasil levam em consideração a escassez ou a distribuição de recursos no contexto mundial. Desta forma a pobreza no Brasil estaria associada ao fato de os países do mundo, em seu conjunto, permanecerem relativamente pobres. Logo figurar entre os países mais ricos não impede que ocorra uma grave escassez de recursos, ou, conseqüentemente, o Brasil apresentar um elevado grau de desigualdade na distribuição dos recursos.

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Gráfico 2: Relação entre pobreza e o PIS Fonte: Sarros (2000)

Analisando o gráfico comparativo entre os níveis de pobreza e de renda de diversos países com nível de desenvolvimento próximo ao do Brasil, a situação revelada é de que o grau de pobreza no Brasil é significativamente superior à média dos países com renda per capita similar à nossa, com isso o fator já abordado

(30)

Uma sociedade formada através de uma distribuição perfeitamente eqüitativa dos recursos geraria uma população de indivíduos idênticos em poder aquisitivo o que, de certa forma, não é justo nem desejado. Barros (2000) infere acerca dessa sociedade igualitária e também nas transferências de recursos necessárias para que se atingisse o equilíbrio. Assim, seria necessário transferir anualmente cerca de R$ 6 bilhões (2% da renda das famílias) para retirar da indigência o limite extremo da população pobre, ou, ainda, R$ 29 bilhões (7% da renda das famílias) para atingir uma meta social mais ambiciosa: retirar da pobreza toda a população excluída.

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Gráfico 3: Proporção de pobres no Brasil Fonte: Barros (2000)

4íJ

A desigualdade de renda, já está tão enraizada na historia brasileira que dia após dia torna-se algo mais natural e aceitável pela população que tem na distribuição desigual o principal motivo da existência de uma parcela da população em situação de pobreza. Comparando o grau de desigualdade de renda no Brasil com outros países fica evidente que o nível nacional é dos mais desigualitários. É no mínimo inusitado o resultado da comparação da renda per capíta brasileira dos

(31)

acentuado do nível de produção e do produto interno bruto essa taxa se manteve estável.

15 20 25 30

Grau de dcsiguaJdadc da renda

Cocfidcrtc de Gini

35 40 45

cッエGエゥ」」ョエエセ@ J(' Cmi

Gráfico 4: Grau de desigualdade de renda Fonte: Barros (2000)

50 55

Ao se comparar os coeficientes de grau de desigualdade em um grupo de 92 países, apenas a África do Sul e Malawi têm um grau de desigualdade maior que o do Brasil. O coeficiente do Brasil, com valor próximo de 0,60, o coloca em grau de desigualdade atingido por apenas quatro países: Guatemala, Brasil, África do Sul e Malawi. Outro fator negativo é a comparação do Brasil com os países mais próximos localizados na América do Sul que possuem coeficiente entre 0,45 e 0,60.

(32)

proporção de vinte rendimentos e, dentre os países estudados o Brasil figura como o mais desigual com uma proporção de vinte e oito rendimentos.

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Razào entre a renda média dos 10% mais ricos e 40% mais pobres

Fonte: Barros c セャ」ョ、HIョ￧。@ (1995).

GráficoS: Grau de desigualdade em relação a renda Fonte: Barros (2000)

30 35

(33)

Razão entre a renda média dos Razão entre a renda média dos Coeficiente de índice de

Ano 20% mais ricos e 20% mais 10% mais ricos e 40% mais

Gini Theil

pobres pobres

1977 0,62 0,91 27,5 26,8

1978 0,60 0,74 31,2 25,0

1979 0,59 0,72 24,0 22,6

1981 0,60 0,69 24,2 22,0

1982 0,60 0,72 25,9 23,2

1983 0,59 0,73 25,9 23,7

1984 0,60 0,71 23,8 22,6

1985 0,59 0,76 25,6 23,8

1986 0,60 0,73 24,2 22,3

1987 0,62 0,75 27,9 24,7

1988 0,64 0,79 31,1 27,3

1989 0,62 0,91 34,5 30,7

1990 0,58 0,78 31,4 27,1

1992 0,60 0,70 26,8 21,8

1993 0,60 0,77 28,9 24,5

1995 0,60 0,74 28,1 24,1

1996 0,60 0,73 29,9 24,6

1997 0,60 0,74 29,2 24,5

1998 0,60 0,74 28,2 24,1

Notas: Osíndices de Gini e Theil medem o grau de desigualdade na distribuição de renda. A

distribuição utilizada foi a de domicílios segundo a renda domiciliar per capita

(34)

Porcentagem da renda apropriada pelas pessoas

Ano 20% mais 40% mais 50% mais 20%mais 10% mais 1% mais

pobres pobres pobres ricos ricos rico

1977 2,4 7,7 11,7 66,6 51,6 18,5

1978 2,1 7,6 12,0 64,1 47,7 13,6

1979 2,7 8,4 12,7 63,8 47,5 13,6

1981 2,6 8,5 13,0 63,2 46,9 12,8

1982 2,5 8,2 12,5 63,9 47,4 13,2

1983 2,5 8,1 12,3 64,5 47,9 13,6

1984 2,7 8,5 12,8 64,0 47,7 13,3

1985 2,5 8,1 12,4 64,5 48,3 14,3

1986 2,6 8,5 12,9 63,5 47,3 13,9

1987 2,3 7,8 12,0 64,5 48,2 14,3

1988 2,1 7,3 11,3 66,0 49,8 14,4

1989 2,0 6,8 10,5 68,0 51,9 16,7

1990 2,1 7,3 11,3 65,8 49,2 14,3

1992 2,3 8,4 13,1 62,2 45,8 13,3

1993 2,2 7,9 12,3 64,5 48,6 15,1

1995 2,3 8,0 12,3 64,2 47,9 13,9

1996 2,1 7,7 12,1 64,2 47,6 13,6

1997 2,2 7,8 12,1 64,2 47,7 13,8

1998 2,3 8,0 12,3 64,2 47,9 13,9

Nota: A distribuição utilizada foi a de domicílios segundo a renda domiciliar per capita Tabela 4: evolução da desigualdade da renda

(35)

Ilustrativa mente O gráfico compara as rendas auferidas pelos estratos da

sociedade tornando fácil o entendimento da desigualdade brasileira e a conseqüente dificuldade de uma mudança profunda em tal estrutura.

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Gráfico 6: proporção entre a renda dos 10% mais ricos e 40% mais pobres Fonte: Barros (2000)

(36)

1993 1995 1996 1997

Regiões e Proporção Proporção Proporção

Estados (%) (%) (%) Número Proporção Contribuição

{mil} {%} {%}

Norte Urbano 47,46 38,49 39,57 2.856,3 39,61 5,51

Nordeste 63,96 52,05 53,13 23.314,4 52,86 44,98

Minas Gerais / 38,54 27,82

28,21 5.350,7 27,50 10,32

Espírito Santo

Rio de Janeiro 43,52 28,50 29,16 3.829,9 28,86 7,39

São Paulo 34,16 22,01 24,17 8.553,6 25,21 16,50

Sul 24,49 17,85 17,59 4.248,7 18,11 8,20

Centro-Oeste 47,11 37,44 37,71 3.682,5 34,62 7,10

Metropolitano 45,12 31,16 32,65 15.435,9 33,18 29,78

Urbano 40,35 31,20 31,46 23.896,1 31,30 46,10

Rural 51,56 41,51 43,42 12.504,0 42,84 24,12

Brasil 44,09 33,23 34,13 51.836,0 34,09 100

Tabela 5: proporção de ricos e pobres de acordo com as regiões Fonte: Barros (2000)

Rocha (2000) demonstra que a participação das regiões do país em relação

à pobreza total é extremamente diferenciada. Embora a proporção de pobres na região Norte tenha voltado a crescer em virtude da grande atratividade de migrantes em especial da região nordeste, seu impacto nacional é limitado: o número de pobres na região Norte corresponde a apenas 5,5% do total de pobres no país em 1997. Na região Centro-Oeste ao contrário, a redução da pobreza foi notável, em virtude da modernização produtiva do campo e um novo cenário desenvolvimentista voltado para a exportação. Mas tal qual o Norte essa melhora não traz conseqüências significativas para o todo nacional em função da pequena participação demográfica da região.

(37)

como eficientes para comprovar o nível de pobreza de uma região é a proporção da mortalidade infantil, assim, verificando a evolução histórica deste indicador percebe-se que o mesmo percebe-se estabilizou em todas as regiões do Brasil levando a conclusão que a evolução nos níveis de pobreza também está estável.

Ano Taxa de mortalidade infantil estimada (%o)

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

1985 66,59 63,30 95,27 47,96 41,18 44,15

1986 62.32 58.81 90A7 44,58 37,58 40,69

1987 58,20 54,58 85,93 41,39 34,32 37,68

1988 54,36 50,76 81.70 38,47 31,5! 35.12

1989 50,88 47A2 77.82 35,86 29,20 32.97

1990 47,81 44,59 74,30 33,57 27,36 31.19

1991 45,18 42,26 71,15 31,62 25,94 29,74

1992 42,96 40.37 68,37 29,97 24,87 28,56

1993 41,13 38.88 65,92 28,60 24,08 27,61

1994 39,63 37,72 63,80 27,47 23,49 26,85

1995 38,42 36,82 61.96 26,56 23,07 26.25

1996 37,46 36,13 60.39 25,82 22,76 25.77

1997 36,70 35,60 59,05 25,23 22,55 25.39

1998 36,10 35,20 57,91 24,80 22,40 25,09

1999 35,63 34.90 56,94 24.40 22,30 24,85

2000 35.26 34.68 56,13 24,10 22,20 24,67

Fontes: CensodelTOJráfico 1980-1991. Rio de Janeiro: BGE. 1983-1997; Pesquisa nacional por amostra de dorrialios 1992-1993. 1995. Rio de Janeiro: IBGE. v. 15-17. 1997.

Tabela 6: Taxa de mortalidade infantil

Existem diversos pontos de partida para a erradicação da pobreza e, sem dúvida, um ponto fundamental é reconhecer o papel das elites neste processo. Em seus estudos, Reis (2000) afirma que a menos que elas percebam uma política como necessária ou desejável, esta não terá chance de ser implementada. Outros teóricos tendem a não aceitar este papel, entretanto, reconhecer que elites ocupam posições estratégicas em processos decisórios e que detêm poder de fato não implica a defesa delas.

(38)

Problemas

Inflação

Educação e Saúde

Pobreza

Governabilidade

Distribuição de Renda

Outros Fatores Políticos

Outros Fatores Econômicos

Corrupção

Recessão e Desemprego

Comportamento das Elites

Dependência Externa

Crise Moral

Outros Fatores Sociais

Total

Tabela 7: Principais problemas do Brasil Fonte: Reis (2000)

%

17,5

15,9

14,3

11,5

8,3

8,3

5,4

4,8

4,1

3,5

3,2

2,2

1,0

100,0

(39)

Objetivos Total (1 ) (2) (3) (4 )

Melhorar os níveis educacionais 23,0 14,8 24,7 29,8 18,5

Reduzir o tamanho do estado 18,2 22,2 13,5 33,0 3,7

Erradicar a pobreza e reduzir a desigualdade 17,6 25,9 19,1 9,6 19,8

Aumentar a participação popular nas decisões políticas 16,4 5,6 14,6 5,3 38,3

Preservar o regime democrático 11,3 20,4 7,9 8,5 12,3

Garantir o crescimento econômico 9,7 7,3 14,6 10,6 4,9

Integrar a economia no mercado internacional 2,2 1,9 2,2 3,2 1,2

Garantir a ordem 0,9 1,9 2,2

Integrar mais o país ao Mercosul 0,3 1,1

Proteger o ambiente 0,3 1,2

Total 99,9 100,0 99,9 100,0 99,9

(1) Elites políticas (2) Elites burocráticas

(3) Elites empresariais (4) Elites sindicais

Tabela 8: Principais objetivos nacionais a médio prazo (%) Fonte: Reis (2000)

A pesquisa confirma uma crença cultural de que a educação seria um grande gerador de oportunidades e caminhos para uma vida melhor. Reis (2000) afirma também que no Brasil esta crença parece também refletir o otimismo da era desenvolvimentista, quando se apostava na criação de novas posições estruturais, novas ocupações sociais que viriam a ser preenchidas pelas novas gerações. Desta forma através da educação seria possível alcançar a ascensão social sem prejuízos às classes que já se encontram em patamares superiores assim, as elites acreditam na educação como solução de melhoria aos pobres sem prejuízo aos favorecidos.

(40)

empresários responsabilizam de forma massiva o Estado, entretanto a falta de vontade política também é apontada, curiosamente, pelas elites estatais também.

Razões Total (1 ) (2) (3) (4)

Mal planejamento e execução 29,3 34,6 33,7 33,7 16,0

Falta de vontade política 18,8 19,2 19,1 14,1 23,5

Uso político ou pessoal das políticas 12,7 7,7 4,5 15,2 22,2

Corrupção 8,6 9,6 10,1 6,5 8,6

Características das elites* 5,4 5,8 5,6 2,2 8,6

Paternalismo das políticas 5,7 7,7 5,6 6,5 3,7

Prioridade conferida pelo estado a outras áreas** 5,4 3,8 4,5 7,6 4,9

Escassez de recursos*** 4,5 3,8 6,7 4,3 2,5

Falta de participação da sociedade civil 3,8 5,6 4,3 3,7

Problemas econômicos estruturais 2,2 5,8 1,1 1,1 2,5

Falta de participação do setor privado na execução das políticas 1,3 1,9 3,3

Outros 2,2 3,4 1,1 3,7

Total 99,9 99,9 99,9 99,9 99,9

(1) Elites políticas (2) Elites burocráticas (3) Elites empresariais (4) Elites sindicais

* Egoísmo, falta de visão, autoritarismo, etc

** Istoé, o estado é visto como muito grande e também como demasiado envolvido diretamente em atividades econômicas, o que desviaria recursos humanos e de capital de áreas sociais

*** Este item diz respeito nãos as críticas as atividades do Estado, mas sim a percepcao de que os recurso são escassos para levar adiante a agenda de políticas sociais

Tabela 9: explicações para o fracasso das políticas sociais segundo as elites (%) Fonte: Reis (2000)

(41)

Estado. É este que carece de vontade e que não realiza ações visando à solução do problema. Mesmo as elites políticas não se vêem como Estado. Estes tendem a tomar atitude protecionista em relação a sua categoria e se desvincular da figura de Estado.

Esta descrença que o governo possa criar soluções para a desigualdade impede, de certa forma, que se crie uma mobilização social reivindicatória, entretanto, esta mesma descrença não impede reivindicação em busca dos interesses da elite. O que se pode concluir nesse sentido é que nossas elites não incluem a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades entre os seus interesses de fato. Assim os problemas apontados acerca da falta de vontade política para solucionar os problemas passa pela própria elite que não o tem.

Reconhecidamente benéfico ao mercado, os benefícios sociais, não figuram entre os interesses imediatos. Embora as elites brasileiras mencionem a importância de saúde e educação como forma de melhora na qualidade de vida, estes tendem a não reconhecer a existência de uma cooperação mútua ou mesmo responsabilizar-se por esta melhora.

Urge a redução da desigualdade, tanto por razões morais, como por motivações relativas à implementação de políticas eficazes para erradicar a pobreza. Barros (2000) coloca que a tradição brasileira, tende a forjar um modelo de crescimento que não necessariamente esteja ligado à redução da pobreza.

Conclusivamente Barros (2000) afirma que a estrutura de renda brasileira se apresenta de forma desigual, não por uma pobreza latente enraizada no país, mas, existe até mesmo uma cultura de injustiça e desigualdade que acaba por gerar um número significativo de pobres. A desigualdade encontra-se na origem da pobreza e combatê-Ia torna-se um imperativo. O projeto de combate a pobreza de permear toda a sociedade que ao encarar como desafio a combinação democracia com eficiência econômica e justiça social inicia a caminhada para uma mudança profunda na estrutura social.

2.3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL E AGLOMERADOS

INDUSTRIAIS (CLUSTER)

(42)

após dia mostrando sinais de exaustão frente ao novo mercado consumidor. Junto a isto o surgimento e incorporação de novas tecnologias imprimem um ritmo acelerado de mudanças às tradicionais empresas tornando a centralização e verticalização das empresas um empecilho a velocidade das mudanças.

Como solução a este cenário irreversível, diversas formas de organização empresarial começam a surgir, como redes, clusfers, aglomerados, cadeias de

suprimento e arranjos produtivos locais, voltado à consolidação de estratégias que sejam capazes de garantir a sobrevivência das organizações. Schmitt (2004) afirma que em todos os tipos de arranjos e principalmente na evolução de um para o outro, fica cada vez menos evidente o fim de uma organização e o início de outra. Esta quebra de barreiras torna-se fundamental para garantir o sucesso dessa nova forma de cooperação empresarial e passa a garantir o sucesso e sobrevivência do conjunto.

Embora os arranjos produtivos venham sendo estudados há várias décadas, é a partir da década de 90, com a reestruturação produtiva do setor industrial que incidiu em pressões pela busca de maiores níveis de eficiência na utilização dos fatores produtivos, é que surgiram estudos referentes à dinâmica de localização espacial da indústria brasileira.

Esse novo modelo começa a substituir a visão restrita e isolada das empresas por um entendimento sistêmico do processo interligado e interdependente. Schimitt (2004) considera que nenhuma empresa pode considerar-se um elemento isolado no ambiente e, todas as ações realizadas por um membro do grupo passam a afetar a todos os envolvidos. Castells (1999) que também defende esta visão social integrada defende a importância das organizações em ampliarem constantemente seus relacionamentos com o ambiente onde estão inseridas. Dentro deste conceito a competitividade empresarial começa a ser substituída pela competitividade sistêmica tornando o conjunto de empresas mais fortes que suas partes isoladas (LLORENS, 2001).

A existência de distritos industriais já é percebida desde o inicio do século passado, mas, somente nos últimos vinte anos é que este teve sua importância revista em virtude dos benefícios coletivos. Com esta retomada das teorizações percebe-se que o desenvolvimento dos arranjos não trouxe apenas um modelo de agrupamento, mas pelo menos duas formas distintas, clusfers e arranjos produtivos,

(43)

o

distrito industrial surgiu no final do século XIX principalmente na Inglaterra. Inicialmente, pequenas firmas manufatureiras se instalavam nos arredores dos grandes centros produtores dando origem aos distritos. Como característica esses aglomerados traziam apenas o simples fato de estarem próximas geograficamente o que, na época, já trazia benefícios significativos a todo o grupo (CASSIOLA TO E LASTRES, 2003 in SCHMITT, 2004).

A organização sistêmica de empresas influencia de forma significativa o conceito de competitividade e as estratégias adotadas para mantê-Ia. Entende-se então que quando uma empresa se instala em um agrupamento, esta é beneficiada pela influência do conjunto que a cerca, pelo fortalecimento da capacidade de inovação e pelo estímulo à formação de novas empresas que reforçam a informação e ampliam o aglomerado (SCHMITT, 2004).

As aglomerações empresariais nem sempre são formadas por empresas diretamente ligadas ao sistema produtivo podendo o cluster atrair empresas que

segundo Porter (1990) seriam correlatas e de apoio, estando ligadas ao sistema produtivo principal proporcionando acesso a maquinários, peças e serviços a custos mais acessíveis que de empresas dispersas.

É inegável que o modelo de organização traga benefícios a todas as empresas. No entanto a diferenciação entre os conceitos ainda é confusa na literatura. Comumente se encontra os conceitos de aglomerados, clusters, arranjos

produtivos locais e sistemas locais de produção como sinônimos para uma concentração de empresas oferecendo poucas informações que permitam o avanço no estudo.

Porter (1998) coloca aglomerados e c1usters na mesma categoria definindo-os como um agrupamento geográfico de empresas que pdefinindo-ossuem algum tipo de ligação. O autor afirma que é possível que estas ligações sofram de alguma forma uma determinada evolução, entretanto não diferencia os estágios mantendo a todas, às condição de conjunto de empresas.

Amato (2000) define uma sutil diferença entre o que se entende por cluster e

Imagem

Figura  1 - Fatores Decisivos para o Desenvolvimento Local  Fonte: Albuquerque (1998)
Gráfico 1:  Distribuição da população mundial em  relação ao PIS  Fonte:  Sarros (2000)
Gráfico 2:  Relação entre pobreza e o PIS  Fonte:  Sarros (2000)
Gráfico 3:  Proporção de pobres no  Brasil  Fonte:  Barros (2000)
+7

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