ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRACÃO PÚBLICA
,
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
o
MODELO PREVIDÊNCIÁRIO DA SAÚDE
,
MONOGRAFIA APRESENTADA A ESCOLA
BRASILEIRA DE
ADMI~ISTRAÇÃOPÚ-BLI CA PARA A OBTENÇAO_DO §RAU DE
MESTRE
Et~ADMI N I STRAÇAO PUBLI CA
INEWTON MOREIRA E SILVA
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
E
o
MODELO PREVIDÊNCIÁRIO DA SAÚDE
MONOGRAFIA DE MESTRADO APRESENTADA POR
NEWTON MOREIRA E SILVA
APROVADA EM
12/12/84
PELA COMISSÃO JULGADORA
4
..
FERNANDO ANTONIO REZENDE DA SILVA
~~*
BIANOR SCELZA CAVALCANTI
_IVa,)d_
S U /·1" R I O
I
INTRODUÇÃO
I I
EVOLUÇÃO DO MODELO PREVIDENCIJ\RIO DE SI\ODE
2.1
Introdução
2.2
1\ Previdênci.a Socitll Brasilei.ra - Síntese Histórica
2.3
1\s~;is tênci(1 H(~(Uca nLl previ.dência Social
2.4
o Sistema Nacional de SRGde
I I I
ANJ\LISE DO MODELO DE SAODE
3.1
o
Quadro Geral3.2
O Prevsaúde
IV
CONSIDERAÇOES FINAIS: PREVSAODE
V
CRIAÇ~O DO CONASP
5.1
Plano de Orientação de 1\ssistência à Saúde
5.2
o
Hodelo 1\tualue
Prestação de Serviços de Saúde, no ÂmbitoDistorções e Implicações do Modelo Atual
5.4
Uma Proposta de Rcorientaç5o da AssistGncia fi SaGde Previd~nci5ria
5.5
Proposições Gerais
5.6
p roposlçOCS , - ESpCCl "'[' :lcas .
5.7
EstratGuia de Implemcntilç50 do Plano do CONASP
5.8
Considerações Relevantes
5.9
A Primeira Tentativa do CONASP em Curitiba
5.10
Funcionamento do Modelo
5.11
Disfunciona1idnde do Modelo
5.12
Conc1us~o dos M~dicos e da previdGncia Social
5.13
I - INTRODUÇlí.O
"O modelo de saGdo hrasileiro 6 ca6tico, elitista, corru2
tor", conforme tem afirmado Carlos Gentile de Melo (1) em livros, ar
tigos e infimeras palestras, confcr~~cias c entrevistas de norte a
sul do puIs. Na turulmcn te, essa. afirmução se reporta. c1;~re lamente ao
modelo previdenci~rlo de s~Gc1e, se assim podemos chamar, que repr~
sentu a base do sistema de saGde brasileiro. (2)
l\t~ onJe isto constitui uma verdade ~ o que
levur a concluir elO longo dest.e trub.:llho.
pretendemos
De fa to, qUulqucr observCldor, sem neccssarJ umr'lI le ser téc
nico,
6
forçado a 2dmitir que u aG$lst~ncia m&di.ca da previd0ncia52
ciul, ou o selar sctúdc como um todo, aLi'avessa um perrado critico.
Não UpCl1.J.S no que respeita .Js éJ.ções assistenciais e sua inac1equilção ';S l1('C(:'~~füdêl.d(:-s rectis da popul<Jção, mas a. té no tOCéJ.n le .J.
irrilcionillidade na uplicuçi:lo dos recursos ou meSI:lO à s Lmples insu[ i
ciência destes para a manutenção dos serviços nos moldes éltucÜS. Ve
ja-se Ct crise rlr; céd xa qu'-" envolve é:l previdênci,u e que tem ocupado
os altos esca16es do Caverno em busca de uma Goluç50, scrvi.ndo uindn
cl
(~'" \.. rra -o a t Uffié:l V.1. . t r -ua. cr ].::;e ~L' PO,], "1.CO- H1S -1. 1" t', . t' t "UC.lona ' 1 no pais .. (3) e (.le "tema central do not.ici5rJ.0 da impr0nsa. ESSé:l crise,
6
hem verdade,n~o decorre, oxcluslvJmcntc, dos mal.es do setor ossistcncial d~ pr~
vidência, sen~o de deficiêl1':,:üts <ldrninistrativas e técnicé:lf.; em toc1c.1 o
modelo previdcnci &rio LrLl.~;jlcj ro, scjo do lado du receita, seja do
lodo das desDc!Jél~;.
---(1) Célrlos Genlilc de Melo é sanitarista e médico do I Nl\MPS, cx-l\~
scssor do Minist6rio dn SaGde (FSESP) e dQ planejamento (IPEl\)
e autor ele !~;:111dc c i\ss:L~:; LêncJ a l\\C,d lca no Brasil, ccH tado pcüo
CEIJES.
(2) Denominamos sistema apenas por simplj.ficuç50 scm5ntica, e nao
pala ordenaç~o lõgica dos recursos assistenciais do país, pois
Na verdade somos daqueles que admitem a necessidade de re
pensar-se todo o modelo p~.-evillenci5.rio do pàís, para ajustá-lo à no
va realidade que vivelnos, escoim5-10 de prestaç6es pecuniárias incon
gnlC'ntes (v.g. i1.pOscnté1doria por tempo de serviço e abono de penn~
nGncia em serviço, auxil.io nati1.1idade e pc~rtica de planejamento fa
miliar que se esboça) e reorganizá-lo estruturalmente (4). l\liás,as
mudanças necess5rias deveriam ser ~onduzi,délS com ~nfase em instrumen
tos méllS preven lVOS que compensa'orlos cc PO,l lca ' t' t - ' 1 ] ' - t ' socl'al (5) _ re duzindo-se a previdGncia social a um papel residual de amparp
la:, even tuaJ..i.cL.1c1\::,s socli.l i5 que nilo puc1es~)cm ser evi tadas (velhice "i~
validez, morte), ou que n50 estivessem ainda alcançadas pelos instr~
mentos da política econômica, tornada este como meio de resolver ou
atenuar os problemas sociais e de promover o hem-estar da sociedade.
Mas isto, se bem que possa at6 ser considerado ut6pico,
nélO constitui o objeto central deste trabalho, que tem âmbito bell\
mais singeJ,o e menos especulativo.
Voltemos, pois, ao modelo previdenci5rio de saGde ' brasi
l/~iro .
Faremos neste ensaio uma breve abordagem hist6rico-evolu
tiva da assistGncla m6dica na previd6ncia social, a p~rtir do
hitll<ll mélrC2..
rcprcs~ntac1o
pela Lei Eloy Chaves, de 1923 (6). l\nalisaremos, ent~o, a fase atual dessa assist~ncia no contexto geral das
ações ele salide I c as pcrsp0ctivz.ls qne se anl:evêm. O l'REVSl\ÚDE I ao
que l:uc10 inl1ica morto em sou nascedouro, mrreccra grande
-
~ostaquencssa 311 ;i.lise I por S(~ ter C0l15 ti tutdo, em nosso entender I o mé:t1. s imp0E.
ton le c10cumen to no ccJmpo da saGc1e em nosso país.
vale l'ri.lt1~;crc;v,~r descle logo, p.J.ra se ter uma vis~o geral
da problem5tica assistencial brusilcira, o seguinte trecho da JUSTI FICl\TJVl\ apresen tada na VERSÃO P RELIHINi'\R DO l\NTEPROJE,!'Q 00 PREV!)l\On:;;
(3) Caris ti tui ·fi inill da er lse a domi ss2io do General Colberi do Couto
c Silva di") Chefia do Cabi.nele C.Lvil da Presidência t1a República,
atribuída a divcrg6ncias na soluç~o da crise da previdGncia.
(4) l\ssim tamb6m admitem conceituados t6cnicos do setor. Veja-se,por
exemplo, Marcos de Carvalho Candou, "Déficit ou descalabro?",Jor ..,
DE U'l'ITJIZ.i\ÇJ\O
I~ESERVl\Dl\,
editl1da em 7 de julho de 1980 (7):"1\ sitUé1ç30 de saúJe no
..
~P.:1l.S e unanimenle considerada
insatisf.:1tória. 1\ melhoria dos inrJlc.::tc1orcs de mortalidaJe e
lenta e n50 se manifesta em tod~s as regi6es e estratos 50
ciais; QS pnrcclas mais pobres da populaç~o no NE tinham, em
1970, uma esperança de vida ao nascer 27 anos menor que a
P2
pulaç~o com renda fnmiliar dcimn de 5 sa15rios mInimos na re
giilo sul c, apro.x:imnc1.:1l11cnlt' I :L<Junl
2t
mécUa do nra~il em 1910.1\ mortalidade evit5vel - com os recursos e a tecnologia dis
poníveis hoje no País - é de cerca ele 30'6 da mortalidade g9.
ral e 60% da mortalidade infantil, equivalente a, aproximad~
mente, 330 mil mortes em geral e a 220 mil mortes de infantes
cada ano. Permnnccem as altas incidências de enferrnic1ndesevi
t5veis ou redu~Iveis, express~o de condiç6es de vida .:tc1vcr
saB, enquanto aumcntn a import5ncin das doenças degenerativas
e os prcblemas 0erados pela atividade econ6mica e o meio so
cial. O extraordin5rj.o crescimento econ6mico do PaIs n50 se
expressou em melhor ia equi valen te d.::ts condiç6cs de so.lide I ap9.
sar do crescente esforço - em tormos de recursos financeiros,
que a socied~de vem fnzendo no Setor. O gasto da Prevj.dancia
So~ial em saGde aumpl,tou cinco vezes, om terMOS reais, nos Gl
timos 12 zmos e embora o aumen to da. prestação ele SCJ:V].ço::: ~
me
dicos (dn ordem de 200'(;) n~o se observil. clev2ç';3o dos n.í.\'e:i.s de
saGde e a insatisfilç50 soci~l com o atendimento parece numen
tar".(8)
Por qUG essa rcaliOade? O que fazer para mOdific5-1a? Ser~ a
~odificaç50 possível?
(5) Ver Pedro Demo, Desenvol viln(~n to e Poli tica Social no Brasil - ,
Ed. Universidade de Drusilia - 1978.
(6) Tem c::::sc nOllle o Dccrclo Leyls1ntivo nQ 1.G82, de 21 de janeiro
de 1923, em homena.g('.!m ao autor elo respectivo projeto (ver D.l.vul
-gtlçao n9 15, de 19G5, da Divisão de Divulgação e In tercârnbio do
Departamento Nnciona1 d;:t previdência Socinl do Mi.nistério do
Trabalho c Previd6nc.Ln Social) •
. ;.
Sem pretender responder enfl1t.i.cnmcnte neste ponto a essas
pcrguntns, l:uis ü;to ser5 L:u:cf<:t do 11I1ali~;ta d0StC triloalho, gostl1
ria desde logo de lamentar, n50 obstante, o fato de que o quadro as
sistencial brasileiro n50 difere muito do existente na milioria dos
~ ( i) )
palses do globo .
II - EVOLUÇÃO DO MODELO PREVIDENCIJ\l'IO DE SAÚDE
EVlclcn temen te, nao podemos dissociar a abordagem eVQ
lutlva do modelo previdenciZlril l de sUlide da história do todo de que
esse modelo faz parte, ou seja, da história da própria previd~ncia
social brasileira. Isto porque ~ atrav6s dos fatos relacionados com
il or 1gem c o descnvol v imE~n to da previdência social entre nós que se
pode melhor entender, por exemplo, porque a saGde constitui hoje urna
rl~s prcocup<:tçGes b5~jcas d~ prcvid6ncia social, ou do MinistGrio da
Previdência e Assistência Social, e nilo apenas da área institucional
especifica da saGde, ou do Ministfrio da SaGde. E tamb~m porque as
açGes de saGde s~o preponderantemente curativas e n~o preventivas,i~
plicando custos sociais de beneficios exl:remarnente discutiveis. E.
ainda porque as aç6es de s~GJe est50 a cargo em maior escala de em
presas mGdicas, de car5ter lucriltivo, mantendo-se sobre a sociedade
o onus da operaç5o parcial e prec5ria da rede oficial e beneficente.
De qll.:tJ.Cjucr modo, não cabe alongar u descrição his
t6rica da prcvidGncla social, pois o foco deste trabal.ho
6
a subpa~te representada pela saGde.·
2.2 - A previ_c1Gncia social brnsileira - síntese hi.stórica
Cumpre logo de início conceituar a previdancia so
cial
(7) A ci t<J.ç;;o e tran~.;cri.ç3o (1(llli têm obj e t i vo moramon te acadômico e
não pressup6em quebra de reserva.
e
bem 'verdade que esse documen to rcscrv<J.do é do conhecimcn to quase ,geral dos técnicos e
an<J.listas do setor.
(8) Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde - PHEVSl\ODE - Mi
nist6rio da S<J.Gdc, Ministério da Previdência e Assistência So
cial, Hinist:érjo do Interior, Secretaria de Planejamento da Pre
brasileira como um misto de seguro social e medidõs assistenciais,cu~
tecJ.do por contribuições compulsórias dos ser,rurados c das empresus e
com
pé:n·ticipuç~o
do Es téldo~
(lO) Mui tos procuram remontar sucJ. oric;emu
criação, em 1917, da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Oper~rios da CascJ. da Moed~, enquanto outros estudiosos situam esse marco
na Lei de 1919 que instituiu a indenizaç~o compulsória, por
empresa, para os danos de acidente,do trabalho. (11) Mas e
Lei Eloy Chaves, (12) que determinou a criaçQo de Caixas de
a
conta da chamada
Aposcnt~
darias e Pens~es nas empresas de Estrada de Ferro, a considerada pr!
meira lei brasileira de previd~ncia social, conforme, ali§s, consign!
do !la Regullll11en to elo ne~rjJllc de Previdência Soe ial aprovado pelo Decre
to Federal n9 72.771 de 1973. (13)
r.
in tcreSSiJn te des tac.J.r que n Lei Elo)' Chaves davaproeminência à concess3o dos "socorros médicos" e "medicamentos", ao
discriminá-los, /10 elenco das prestaç~cs previstas: antes mesmo dos
benefícios pecunidrios, como a refletir a preocupação j 5. existen te com
a responsabilidllde da prcvid&ncia social. pela saGde individual dos in tegrantes da coletivjdade nmparada.(11)
A partir de 1926 o regime da Lei Eloy Chaven passou a
ser estendlJo a portu5rios, marltimos, minerildores, aeroviãrios e em
pregados em serviços pGblicos em geral, mediante Caixas próprias que
iam sendo criadas parél cada ompre·sa. (lS) Diante dos inconvenientes a9.
m.lIl1stratlvos (~ atuaricJl.s revelados por essas pequenas Caixas, enquc:1~
to grandes contingentes de trahalhéldores p~rmanec:i.am Õ. margem da pro
toç~o previJenci5ria, o Covern~ passou a criar, na d5cadc:1 de 30, os
. , ' . d d . - (16) C .
granucs Instltutos e Aposenta orlas Q Pensoes. E as pequenas .:11
xas, que em 193G chegaram él atingir o nGmcro Je 183, passaram a ser
unific.:1das. Em 19S1 j5 est':l.'lam reduzidas a apena!.:; 35, e em 195~ fo
ram unificadas
em
uma Gnicn grande CcJixa, tamb6m de âmbito nacional(9 ) Ivan 11lich, A Exproprjaç~o da SaGdc,
teira.
a
3. óci., Editora Nova
(10) Celso D~rroso Leite - A Proteç~o Social no Brasil - Ed. LTr.
(11) Op. cito
(12) Ver nota de rodapé n? 6.
como o!:j InoUtuto!J. (17)
Chc(JZtvurno~.;,
ent.::ío, a seis grandes org.:1niz.:\.çocs gestortls dCl previdência sociLll urbantl, todas de abrangência n~ ciontll.
Mas aforCl essas instituições do denominado sistema
scrtll de previdahcia social, j5 h.:1viCl sido criado em ]926 o Insti
tuto de PrevidênciCl dos Funcion5rios rGblicos Civis da Uni~o, po~
teriormentc intitulado Instituto de Previdência e Assistência dos
(18 )
Servidores do Estndo (Decreto-lei n9 28, de 23-02-38).
A Lei Org.:inica da Previdência Social (Lei n9 3.807,
de 26-08-60) inaugurou nova fase na prevIdêncIa social brasileira.
Ampliou a cobcrturtl previdenciária urbana, uniformizou os planos
de prestações, o sistema de custeio e a estrutura administrativa
das instituiç6cs gcsLoras, criando as condições b&sicns para a uni
f . :lC.:1ÇtlO lllS ltuclonn. - . t . . 1 (OS 1 orgilos - - d o SlS'cma gcra. . ' t 1 ( 19) 1:' ~ a 2 d .c J~ '
neiro de 1967 instalava-~c o IIlstltuto Nacional de Previdêncj.a So
ciLlI - INPS, cr.i.i1do pelo Dl~cr('l'o-lei. n9 72, de 21-11-66, única en
tidLlde
gesto~a
do sistema em qucst50. (20)Tan~Gm 0m 1967 o seguro de acidentes do
f ' . t 01 ln'egra o na d preV~(CnCla . 1~" socla , 1 (21) e em. 19(jQ ) J f '01 '
Llm Plu --'no Ba"s.l'.(cO _ (E"S 1 I ' .::J.n;:[( o a 1 ~ coocr t t ,ur::l pr('Vl(.r:nc~larJ.~l ' 1 , .. , d ()
trab,:üho
in!:jtituIdo
L.r:alJaJ.ha
(22 )
dor rural . . Ess(~ plano foi gr~dativamr:nte amrli~do at6 que,
CII. 1971, foi institllIcl0 o Progr.Jma de l\.ss.i.stência ao Truba]hador
RurLll (PRO-RUnJ\L), gorido pelo FUJlc10 de l\s~:Lstência ao Trabalhador
Hural (FUNf<URAL) (23) •
"Ent.rc os acontecimentos m<1l"Ci.lntes na evolução c1d
previdGncin social brasi 1eira, aSSU1l1O des lévlue a criação I em 197,1,
de um Minist&rio pr6pri.o para o selor - o Mini.st~rio da previdGn
ela c l\~sisl:êncla Soc.i.al (MPl\S)-, como a refletir a. ê:nfase atrIbuI
da pelo 11 Plano Nacional de Desenvolvimento
5
5rea socia.l a, segunc10 o próprio Governo ela época, o alto grau de prioridade da di
m
,...._ns~o <..; u <':OC1' _ "1 u _ C 1 o proccs::;o d e (cscnVO .. Vl.men'o nnC.Lona 1 ·1' t ' 1 " . (24)Nova refo.LIlliJ institucional ocorreu,em 1978,coma im
(13) Esse RCf)ul<.lmento r1ctermina, em seu ar.tigo 445, que "O DIl\ da
Previdência S0cial scrâ comemorLldo a 2~ de jancj.ro, data da
Lei Eloy Chaves ( .•. ), primeira lei brasileira de cia social."
previdG~
(14) Ver artigo 99, inciso 19 c 29, da Lei Eloy Chaves (nota ~o
pL:ll\t.:\(~<ío do Sl!)t(~mi1 Nacional uc PrevJ.rlêncL.1 c l\ssistôncia
SINP1\S. (25) O Il'l\SE c o FUNRUR1\L foram extintos, sendo criados
Instituto Nélcion.:tl de l\ssist<3nci.:t Médica da Previdência Social
Social os
INl\NPS e o Institut::::> dQ l\c1ministração Financeira da Previdência c
l\ssist~ncia Social - Il\Pl\S. l\s entidades gestoras foram, assim, org~
nizeJdos por funç?i.o
e o
SINPl\S pélSSOU a cor':.ar com cinco instituiçõesde funções finalísticéls: INl\MPS (assist~ncii1 médica), INPS (bcnefí
,
cios), ll\Pl\S (administraç~o financeira), LB1\ (assist~ncia soci~l) e
FUNl\DEM (assist~ncia cducativeJ ao menor carente). Integram ainda o
SINPl\S duas entidades com fun~ões de suporte operacional: CEME (med!
calTlC' 11 LOS) e Di\1'l\PREV (processamento de dados).
Verifica-se, pois, que o sistema previdenciário bras! leiro partiu da cobcrturn dos ferrovi5rios, por empresa empregadora,
passou a cobrir os trubalhac10res dos serviços ptüJlicos em geral, um
pliou-se aos marItimos, Lallc5rios, comerciários, ind~stri5rjos e tra
balhadores em transportes e cargas, em fimbito nacional, abrangeu os
aut6nomos e os contriJJulntes individuais intitulados genericamente em
pregadores e, mais recentemente, as empregadns domésticas c trabalha
ebrcs rurais, aLé ':ÜCdJ1<ç:dr 0~3 iclo!:;os c invúlidos e os calcgori~ac1os
como carentes n30 contribuintes do sislcrn;'1. Permanecem de fora ap~
nas 0S congressistas e militares, que contam com sistemas pr5prios, e
os servidores dos Estados e MunicIpios que possuam regimes prev.i.dcn
ci5rios especIficos. Mesmo assim, diante da diminuta parcela da p~
pulaç50 brasileira c0bertn pelos sistemas especiais e da integraç50
que vem ocorrendo on tre o s i.s I:L~JlI.J. geral C' C'sses sis lemas, part.:icul~E
mente no que respeita
a
prestaç30 de serviços m6dicos, pOde-se concluir que, na verdade, a llnivorsalizaç5o previdcnciãria em nosso paIs
jfi constitui uma virtual realidade.
(15) Celso Barroso Leite - 1\ proteç~o Social no Brasil, Ed. LTr.
(1 G ) Op. c i t •
(17) Op. cito
(18) Op. cito
(19) Rcinhold Stephanes, l\ Previdência Social Urbana e o INPS, cem
ferênci<l na Escola Superior de Guerra, setembro de 1966.
NZio pro tendelllos ufirlllé1r com Isso lIue a proteção previ
denci5ria ocorre de formu igualit5ria, pois nem sequer purticulariz~
mos a nu tureza da cobcr tura cUspenGada a cada categoria ~~)r"n9icl" p~
. (2 G) . ' " , .
lo Gl.Gtenw. De félto, a cobertura poderia ser mais cCJu3nime na
prestaç2io dos serviços de saúde se ncnhuln desequilíbrio houvesse en
tre a oferta e a demanda e se todos os abrangidos tivessem acesso a
eles. Mas na parte do seguro social tIpico - prestaç6es p8cuni~rias
a cobertura n~o se d5 ao nIvel da dbrang~ncia do sistema, visto como,
por exemplo, os que niio exercem atividade remunerada não têm di:r.cito aos benefIcios concedidos (salvo quanto aos idosos, ou inv5lidos que tenham exercido atlvldude vinculada ao sistema ou. para ele contribui
do, vindo posteriormente a perder a qualidade de segurado, e que mes
mo assim têm direito .1 rend.:1 mensal vitalícia instituIda pela Lei n9
G.179, de 07-11-"1,1).
2.3 - 1\ IIssistência Médica na Previdência Social
Cnnf8rm(~ êl:::;G.i.tldltldo no cdpI tulo êlntcl'ior, a Lei :..0:101'
Chaves, de 1923, j5 previa a conceSStlO de socorros m~dicos e
Illr:ntos Cl.OS bencficiririos pO.r C1:1 abrangidos, ml1ii:.o embora essa conces
- - 1 . I 'J " 1 . t d (27)
Si:10 so tcn la SlC o rcrJu .. ':'lIilentaúCl. quase c oz anos malS . ar e.
1\ .:ISS i. f> h~nc i:1 ambula t:ori.:ll começou u ser prestada i'lOS
pequenos ambulat6~jos das Caixas e Institutos localizados nas
tais dos Estados. E a assist~ncia hospitalar atrav~s de hospitais
pr6prios locali~ados em nlgumas capitais e j5 mediante compra de SOE
viços de estabelecj.mentas privados. (28) N50 Ilavia entretanto nesta
al
r.ura qualC{uer c1 'JfiniçZ'ío de U.nhos ou pro~Jl':,amas assistenciais. Na ver
dade, a preocup~ç~o preponderante da 1\dministraç5o previdenciâria era
com os benefIcios pecuni5rios, ficando a assist~ncia médica
(21) Lei 5.31G, de 14-09-G7.
(22) Decreto-lei nQ 564, de 01-05-69.
(23) Lei Complementar n9 11, de 25-05-71.
(24) Jo~o Decker, polItica Previdenci5ria de SaGde, ConfcrBncia
ferida na Jornada M&dica sobre medicina previdenci~ria,
gnc1a a p.lf\no s0cunc1Z\r:in, ':1 C1l'pl'nlkJ: de !30bras orçalllcntflrii:l5, mesmo l1S
sim com dotaç6es limitadns n 8% c ~epois 10% do total dos fundos dis
.. . (29)
ponlvelS.
Note-se que, nestn alturn, as aç6es de saGde afetas
ao Ninistªrio da SnGde e aos Estados e MunicIpios eram extremamente
restritos, limitados n campanhas de erradicaç50 de focos ambientai~ e
sociais transmissores de ma15ria, febre amarela e tifo, aparecendo em
•
menor escala o combate
a
tuberculose, sIfilis e doenças ven~reas.Aç5es propriamente preventivas, com 6nfase no ecossistema, estas nao
eram lHuis desenvolvidas na([11f~la epoca cOlno o s:::to hoje no Drusil. Tan
to assim que o nosso Minist6rio do Interior (e n50 o da SaGdo?) nnda
ils voltas com a tentativiJ. de implantar sane,lmento bfisico pelo menos
nas zonas urbanas de l11éÜS de 70 % dos 4.00 O municípios brasileiros, e
com montnnte de recursos que evidentemente inviabiliznrio o alcance
dessa nmplitude de necessidade. (30)
Desse modo, conclui-se que él política de saúde brnsi
lei~a, diante de escassez dos recursos para o desenvolvimento de ações preven ti V2S na amp 1.~. tude neceSSZlJ:-iél, (~ las tread.::t pelos in teres
5es influentes na S\lil formulélç~o, encontrando na prcvid6ncia soci.::tl
esses recursos, C~Ir\bOrél n~;o abundantes de inIcio mas élinda assim pa~
cimoniosumentc r3\1ficicntcs pa:c.:1 aL:cnc1er 2tqueles interesses
tes, procurou cnfalj.zar as ações curéltivas, que al~m do mais rendiam,
como aindll rendr::!l1l, no tórios· rcsnl tauos pol I I:ico-clei tora.is.
os
l\ssLrn, é1 ass.ló;tência rnécUca. c.1t1 previdência social - ou
serviços PC!3S0"lLs ele
~~LlGdC!
da prc:viclt::nci;l~;()cL:1.l
(31) - veio sendoprogressivamente ampliada, ambuJ.ntoriais,(32) noutros
em a19ullS lns ti tu tos com ênfase n<:lS nçoes
com prc'lillência da cobertura dos <]randes
. (33) . 1
Ll..SCOS, nuns <-une':l com <:1 11 1·ilLz<:1Ç'00 pn.~fcrencinl ele scrviçospr§
(25) O SINrJ\.S [01 instil:u.Ldo pela Lei n9 6.13~, de 01-09-77.
(2 G) Reinhol.d stephancs, A previ~ência Social Urbana c o INPS In
troduç50 - Confcr6ncia na E~cola. Superior de Guerra,setcmbro de
1976.
(27) J050 Decker, polItlcn previdenci5ria de SaGde, Confer5ncia pr~
ferida na Jornada r·1édicél sobre medicina previdenciária, IIospi
•
prio!3, n()ul.:ror. j~ com rl tônica de compr.J. de serviços da rede privada.
N50 havia, por assim dizer, uniformidade nas ações desenvolvidas nem
na eSLrat6gia de execuç~o dos serviços.
Em 19~4 foi criado o Serviço de Assist~ncia M6dica Do
de
" 1 ' d U - , ( 3 4 ) 1 f ' 1 'd d
mlcl lar e e rgcnc1a, o qua ,unc10nanco como comunl a e
serviços na prestaç~o de atendimento rnGdiuo de urg~ncia
5
clientela vinculada às diferentes insti tuiçõ.es previdenciárias, veio a desapar~cer com a uniflcaç30 dessas instituições em 1967 e·u enc.::lmpação de
suas atividades pelo recém-criado INPS. O SAMDU representou, quando
de sua criação, inestim5vel ampliação do mercado de trabalho para os
proflss:lon.::lls de saúde. E seu funcionamento uma verdadeira "conqui~
ta social" dos "trabalhadores do Brasil", ao mesmo passo que urna COíl
t '1-,. , - ' t - , (35) , 1 1 b ' 1 '
rl))ulçao la_rogenl.ca para a SOClecace raSl Clra.
Com .::l promulgação da Lei OrgSnic~ da Previd~ncia So cial e a
cxpedlç~o
de sou Rcgul.amcnto Gerill, (36) os serviços pessoaj.sde saúde da previd&ncia socjal passaram a ser gradativamente uniformi
zodos, visto como tambéln passaram a ser estabelecidas bases uniformes
para o seu custeio, com limite em 25~ da receita de contribuições.
Implontado o INPS, em 1967, cnfatizo~-se essa
nü zaç50 I j
á
que élS cliente LJS éln les vincu ladas às an t.igusçGcs
gestoras passaram a ter acesso indiscriminndoa
todos osunifor
institui
recu):"
sos assistenciais pr5prios, conLratados e convenentcs, assumidos pelo
novo Instituto único. Continuilrilm fora do sistema geral, afeto ~IO
INPS, npenas os congressistas, cobertos por esquema especial, os ser
vic10res públicos e seus dependen t.GS, gn;)ndo vinculados ao IPl\SF. e .:1
sis tCl,las est:.i1c1uais e mun.i.cipaiG próprios, e os trabalhadores rurais,
estes somente abransidos, atrav6s da previd~ncia rural, a partir de
1969. 1~111 vC'rdadc, contlnuilrclm fora dos serviços pessoais de
(/.8) Op. ci t.
P9) Op. ci.t.
(30) Plallo Nacional de Sanc;lTnen lo - P I..l\Nl\Sl\ - MINTER.
saúde
(31) r.1Ctr10 rol. Chilv8G, Saúde c Sistemas, Ed. da Fundação Getúlio Var gas, Introdução, p5g. IX.
(32) Como no IAPe, que i1chava que os serviços ambula tor iais scriaJu
moderadores dos serviços hospitalares.
dos sisteman prcvjdcncifirios existentes contingentes
populacionais marginalisados ou carentes, justrunente os mais necessitados,porque nogera 1 acome tido:-; de nosologias resul tan tes de subnutrição, sub-habi ta
.
-ç30 e defici~ncias ambielltais e sociais v~rias. Entretanto, estes
acorriam aos serviços mantidos precariamente pelas munj.cipali~adcs,en
tidades caritativas e Fundaç~o Legião nrasileira de Assist5ncia les
ta destinando seus serviços prior~tariamente a gestantes, nutrizes e
crianças) •
incremento A as sis tência rural somente obte'le maio"!:"
com a instituiçêío do PRO-RUnAL, etn 1971., (37) ql1nndo ent5.o começaram
lnstituiç~es ~Gblicas, org~
a ser finn~ld()s ('0nvt~ni.o;, com si.nd.Lcdl::os,
nizaç~es beneficentes e privadas, para o atendi.mento dos rurrcolas,m~
diante subs1.tUo mensal fixo es tabelccic10 em função da capacidade de
atendimento c da população r'~ré1l abrangida por cada prestador.
Portando, foi a partir da unificaç~o ocorrida em 19G~
e após a instittüç2io do rI<.O-RTJtV\L em 1971, que os serviços pessoais
de saúde dél previdôncla social ac1quirirélm Illélior amplitude (> uniformi
dade (embora a dicotomia operativa entre
e de
pag~mcnto
~o
INPS e do FUNURAL(38) .viços próprios elo H1PS n::lS Sreas urbanas,
il sistem5tica de prestaç~o
Exr~ndiu-se a ~~de de ser prjncj.pél1mente no selor am
bulatorial, e incrementou-se a compr·' de s~~rvjços de tc~rceiros, nas
áreas urbana e rural, medi0nte cOI?tratos (no INPS) e convênios (no
FUNRURi\I.) I notac1.J.mcn te no se (.or hospL Lalür IlO de serviços
mentLlres.
cOJnp.L~
TambGm a partir de 1967 o atendimento m6dico ambulato
rial e hospitalar aos élciucnLados do trabalho urbano passou integrQ.l
mente
a
responsLlbilidade do INPS, (39) por [orçadairltegrLlç~o
do respectivo seguro que élté entiJo vinha sendo explo!"ado por seguradoras
(33) Como no Il\PI, que achilVil que os se::.viços ambulatori.ais seriam
promoton~s dos ser'IJços hosp.L Lalares.
(34) O SANOU foi criado pela Portariü n9 50, de 22-09-44, do extinto
Conselho N,lcional do 'l'rabalho, c posteriormente rc~gulado pelo
Decreto n9 27.664, de 30-l2-~9~
(35) Ivan Illich, 1\ Expropd ação da Saúde - Nêlncsis dLl. Hedicina, Et1.
priv,1Ll~l:) oliCjoptJl.L:-;t:.:ls, a lldO ~jcr ((ponas quanto aos riscos mais grav.2. 50S, representil(lo5 por ferrovi5rios, empregados em serviços pGblicos,
mélr í til.lOS e empregados em tnH1S por tos e cargas, que j 5. vinhum sendo
utend.i.(los pelu previdência sociLll.
Em rilz50 du 8nfase atribuIda pelo planejamento govcE
namentLl1 ao setor social, Ll partir de 1974, (40) foram criados neste
~1' . t - . 1 P . ] - . . t - . . 1 M AS (41)
mesmo il110 o !'lnls-crlO ela . reV1C cn.clél e i\SSlS -anCla SOCJ.a - P
e o Conselho de Dcsenvol'!imento Social -
CD~;.
(42) Em decorrência,m~
didvs passaram u ser adot.:ldLlS no cumpo da previd5ncia social, no sen
tj.do de reduzir u dcfusagcm exlstellte entre a oferta c a demLlndu de
serviços pessoaJ.s de sLlGda, esta fortemente incrementada por fatores
decorrentes do desenvolvimento do país e mesmo por formação de hábi
tos de conslllllisrno crescente desses serviços. Note-se que a pn~vidê!!.
cla social encontrava-se com relativa folga financeira em vista das
Llltcraç~es introduzidas em seu sistema de custeio, entre outras, pelél
Lei n0 5.890, de 08-06-73, possibilitundo-lhe, pois, a expélns50 de
seus serviços p0ssouis de
saGae.
Al~ln dIsso, iniciou-se paralela ex-pansao ela rede prestador<l priv<:tc1a com os financiumentos él juros subs.:!:,
di<lJos que pas~orum a ser concedidos pelo Conselho de Desenvolvimento
Soci.al com os :[I~cursos elo Fundo de l\po:i.o <:tO Doscnvol vimento Social
FAS, gerido pela Caix<l EconCmicLl Federal.
Vale ainda dcstac<:tr que essa arrancada da prcvid8nciu
soci;ü no rumo da c:zpan:;ão dos serviços pessoais de sa.úde foi estir.Hl
J.a.d<l pelLl definiç50 in~l:ituc:ional dnd~ pelo 11 PND para a atuélç50 do
Mlnist~rio da SnGdc e do Mlnisl~rio da prcvlc.1Gncia e i\ssist8ncia So
clal. Dois campos de atuaç50 foram definidos: (43)
(3G)
- "o elo f'.~inist;'rio ela. Sélúd~, de car5.l.:.cr eminentemente
normativo, com aç50 executiva prefercncialmente·vo!
Lei n9 3.007, de 26-08-60 e Regulamento nprovado pelo
n9 18.959-l\, de 19-09-60.
Decreto
l·.Llda pal'~ Ll.~3 lIll~<l.idaG e os il tcndimcn tos de cLl.rá ter
coletivo, inc1.usive vigilância sanitária".
- "o do MinlstGrio da Previd8ncia e AssistSncia So
clal, com atuaçâo voltada principalmente para o
atendimento médico-assistencial individualizado".
Assim é que em 05-09-71 foi expedida pelo MPAS a Por
turia n9 39, insti tuidora do chama~10 Plano de Pronta Ação - PPA, des tinado a tornar os serviços pessoais de saGde previdenciário mais
acessIvcis aos bencficJ&rios, mediante expans50 da rede prestadora
(pr6pia, contratada e convenente) e eliminaç~o de entraves burocráti
cos ao atendimento, notadamente nos casos de urg6ncia. Obviamente, co
mo já foi dito, él reforma legéll realizuda pouco antes pela Lei n?
5.890, de 08-0G-73, élper[eLço<ll1do mecanismos de custeio do sistema, e
as élltas télxas de crescimento econômico que se registravam na epoca,
possibilitaram fontes adicionais de reCllrsos e saldos financeiros p~
ri] () fin<'1nci.llllClI Ll' llll<.~dia to da expansão dos serviços.
Como resultado Jo impactu do PPA e dessa expansao o
correu vertiginoso cresci.mento do vO].ume de consultas m&dicas, que se
c lcvuram (1e a proyjmadamcnte G O mi lhões em 197 tl par.i1 q 2 milhões em
. - ( '1 t1 ) ~
-1975 e 118 m:Llhoes l'lIl 197G. Iguu.lmente o numero de intcrnaçocs
.. hospitalares evoluiu de 5,2 milhões em 1974 par~ G,G mi.lh6es em 1975
e 8,4 milhões em 1976. (45) E o nfimero de consultas odonto16gicas tam
b~m se elevou de 8 mj.lh~es em 1974 para 10,9 milhões em 1976 e ].1,6
. - (4G)
ml.1hoes em 1977. O S0 lar odon tológico foi o que apresentou resp0E.
. t;1 menos si!)nificati va il expalw30 dos serviços.
expansão dos serviços foi mais que proporcional
la no perIodo, principalmente no que respeita a
-çoes.
De qualquer modo a
~ expans50 da cliente
consultas e interna
(38) O INPS prestando serviços em hospitais e ambulat6rios próprios
c em estabelecüuclltos privados contratados, mediante pagamento
por produção e preços tabelados. O FUNRUML prestando serviços
exclusivamente atravGs de sindicado rurais, entidades beneficen
tes (principalmente Santvs Cusas) e órg50s govername~tai5 (not~
dumen te pre[ci tl.lras municipais, mediante subsIdio mensi.11 ~ fixo
independente da produç50 efetiva. O INPS prestando serviços mais
sofisticados, com uso de tecnologia m&dica e hospitalarmoder~a
Mas o falo
é
que essa expansão teve de ser dcsacclcrada, a partir do segundo nno de impl.flntuç~o das medidns preconizadas
no rI'i\, em v i5 tn da rcduçi-1o das tux.J.~) de incremento da economia, dia,!!
te da elevaç50 dos preços internaci.onais do petr6leo importado, e da
conseqüente diminutç~o rclntiva dns disponibilidades orçument5rins c
financeiras da previdêI!cia social. Besmo assim, pratiC'o.mente não ho~
vc dcsaceleraçüo, jZl que os serviç.os pessoais de satide continuaram
crescendo e alcançando, ao final de 1979,
um
total de 154,5 loilh6esde consultas médicas, 10,6 milhões de internnções'c 3l,G milhões de
consultas odonto16gicas, estas G1timas at6 tri.plicando nos Gltimos
dois anos em relaç30 a 1977.
Enquanto isto vinha acontecendo na área da prcvidê,!!
cia social, nao se registraram ações significativas por parte do Mi
nist~rio da SaGde, naquilo definido 110 11 PND, al~m do que já vinha
reali zando, no toc:mtc 3 ::-;i:lltde cole ti va e v.L0:L 1':;nC.1.ll sani tári.:: 00 lon
go dos anos.
Portanto, o modelo de saúde br<1sileiro
é
basicamenteo mod(~10 de ~3él.úde pr2v iclcnd i'i.r ia, es r:,C'nc ialmen te vol ti1do para a. prcs
taç2lo de serviç~os pes~;oais de s.:1út1c, tle célr.f1tcr cur.::tl:ivo e de bi:ti:ds
sima rentabiliJadc 80ci.:11. Cumpro reconhecer, entreti1nto, que a pr~
vid811cia soci a1 sempr.e ficou <1dstd.t:a ao cumprimento da lei, que lhe
atribuIél, como <ltribui, esse papel assistencial individual compensntª
rio. As açGes preventivas, voltadas J)ara o ecossistema social c afe
tas a outros s~tores, por compct6ncia legal, e que nao contaram com a
umpU. tude inclusive em termos de recursos, para torn5-1as
efetivas. Faltou, pois, uma aç~o polItica, endereçada aos reais in
tercsses da socicd~de e que, assim, destinasse os recursos at5 da pr~
vid(~nc ia SOCLll pu ra rnccUrlas promnc i nnu j[, elu stl.úde, ou tlue, tnelhor
que tudo, orientasse a polltica econ6mica de sorte a minimizar os aI
.---(39) Ver nota de rodapé 21.
(4 O) 11 Plano NélcionLll de Descnvolv:i.H1c:nto
-
PND.(41) Lei n9 6.036/74.
(42) Lei n9 G.118/74.
t os (eSnlVQ1S 1 . . . . SOClal~ . . que nc~rrcLJm c;:n\~nc i~\~ comprometedoras da sau
d a d a co e lV1CQ e. 1 t · . 1 d (1\7)
Nem mesmo Q intc~JTação de recursos de outras áreas r~
lacionadas com a saGde, com os recursos da previd&ncia social, chegou
a acontecer de forma expressiva, sequer not5vel, de molde a ocupar
evidente capacidade ociosa, como no caso de sanat6rios e hospitaisps!
quL:itricos do Ministério da Saúde,· ("'mbora isto constituisse medida de
~acionalidade elementar e mesmo decorrente de imposiç~o legal,
veremos a seguir.
2 • '1 - O S i~; t-.C!1lZ1 Nnc ion;11 dc"
como
o
Sistema Nacional de SaGde teve sua organizaç50 definida pela Lei n9 6.229, de 17-07-75,(48) compreendendo o
compl~xo
dec(~r'v"lçós do setor llúblico e dó ",etor pr.ivé\(10, voltildos pura :J.çocs de
in teresse do. saGdo, abrangendo élS él ti v.i dndc S (lue visem à proP1oç3o, pro
- (49)
-teç~o e rccupcraçao ~Q saGde, nos scgui.ntcs campos de açao:
I - o do t'o1inis tório da S;:\údc, aO qual compete lar u polII:ica n,:1C] onill dc:! r;i.1lHk~ c promovcJ~ ou exccu ta t' açoes
forrnu
prof~
renc:lalmen te vo) t-.aéla~] para as medidas c os él Lcndimcn tos de in teres :::e
coletivo;
11 - o do Minist6rio da rrevid6ncia c Assist5ncJ.a So
cia1, com atuaçZ10 voll:ada I~rjllc.ip()lrnentc p~ll"(l o atent1:Lmento ll1édico-~s slstcncial. j.ndividualizado;
111 - o do Hinistério d':J EducaçQo e Cul cur.a, incumbido
principalmen te da fonil<tç~iJo c <la ll<tbiU_ LéH;::íO llos prüf iss:lonais de ni
~
'leI universit5rio, as~:;im como elo pcssoéll tl~c!1ico e auxiliar
rio ao setor de saGde;
necessa
(44) INPS - Administraç~o 1974/1978 - Relat6rio de Atividades
1974/1978.
(45) Op. ci t .
(46) Op. cito
(47) IVéln Illich, A Expropriaç~o da S<tfide - N~mesis du Medicina,
IV - o do MinistGrio do Interior, atuando nas ãreas
de saneamento, radicaç~o de populações, desenvolvimento regional inte
grilc10 e .:wsistênci.:1 em CilS0!3 de c~ü;:llni<hldc pública;
V - o do r.linistério do Trabalho quanto à higiene e
seguri1nça do trabalho, à prevenç00 de aciJcntes, de doenças profissi~
nais e do tri1balho,
a
proteç5o, disciplina corporativa e pOlitica sa.
larial das profissGes de saGde:
VI - o dos demais Minist~rios cujas açoes relaciona
1 - 1 I'L < f ' [ ' ' ' ' ' d d'u
(i1S com a Bi1L1r,(' conS:1 'U,}lll progréllnas c~:;peC.L ·lCOS p.:lSSlVC1S e me 1 <1S
de coorden<1ç.J.o pelo órg5.o disciplin<tdor do sistema:
VIr - o dos Estados, Distrito Federal, Territ6rios e
Municípios, qllC rcccbcr5.o incentivos t&cnicos e financeiros da Uni~o
para que organizem seus serviços, ativid.:1des e programas de saúde, se gunc10 as diretr .Lzes da Folí tica Nacional de Saúde.
Como o Minist6rio da SaGde n~o chegou a f6rmular a Po
lItica Nacional de Saúde, que lhe competia e compete, e os demais or
g~os do Sistema Nacionol de SaGdo n50 modificaram sua atllaç~o hislõr!
Cil para darem cumprimento eficaz J.s atribuições quE:: lhes [oram confc
ric1;:lS no Sistemil, o modelo ele s<1úc1e brasileiro con tinuou sendo, basi
cQmente, aquela reSlllt<1ntc da <1tuaç5o do Minist6rio da Provid8ncia e
l\ssi.~.; lGncia Soc Lal., ou sc'ja, Ul1J modelo de prestação de serviços pe~
~o~is de saGdc, de car~ter essencialmente curativo, sofisticado e one
roso.
1\ reboque desse modelo, inadequado ãs condiç~es ceona
mico-sociais brasileiros, veio todQ a expnns50 da atividade econ8miea
privoda da ãrca da saúde, a importaç~o de tecnologia estrangeira/di~~
nó~.;tica e terapêu U.CQ, e ü. formaç50 dos recursos humanos para o sctor,
(48) O Sistema Nacional de SaGde foi estruturado a partir das defini
ções do 11 PND em relü.ç5o aos MinistGrio~ da SuGde c da Previ
dancia c Assist8ncia Social, acrescentando defillições quanto a
outros Minist6rios da ãrea social.
U diU,cull..dl'r .. 'Jl\ mudiJl1\~u!~~ paI
í
t:Lcas <Juc con trar iem os in teresses em j9.go c os condicionumentos culturais estabelecidos.
o
proyrarna de Interiorizaç~o de Aç5es B5sicas de SaGde - PIASS(50)fol uma tentativa de promover a integraç50 insterins
ti tucional prcv 15 ta no ~) 18 tcm.::l Nac Lonal de Saúde, no sen tido do desen
-volvimento de açoes assistenciais simp1iflcadas e de baixo custo para
.:1S populaçõ0s interioranLls m.:1is carentes de serviços de saúde. Este
prorJrLlma comer:,.~oll .:1 ser illlpl.:llll:.ado em 1. ') 80 pc 1.:1 . reg ião Nordeste, expa~
dindo-se, depois, para as porçoes norLisLas dos Estados de Minas Ge
rais e Espírito Si::m 1:0 e, PO!:; terlorIPcn te, ['.:1rD, as regiões Norte e Cen
tro Oeste. Sua jmp1antaç~o envolveu .:1 articu1aç50 de recursos da
SEPLAN, do MIN'l'EH., do HP1\S e do MS, e sua ooministração executivQ ao
nfvcl dos Estados abrangi,dos ficou a c.:1rgo das respectivas Secrct.:1
~las de Saúde. Em sIntcsc, este ProgJ:ama previu o aproveitamento da
capacidade ociosa ou a colaboração em operaç50 de unidades sani t2lr ias
e unidades mistas de saG~o dos E~t~dos c Municlpios, localizadas no
jnterior, mcdi~nte a aJ.oc~ç5o dos recursos a isso necess5~ios por PQ~
te das 5reas in~titucionajs envolvidas, cabendo ao MP~S, essoncial
mente, a responsabilidade pelos recursos de manutenç50 das unidades
em funcionamon to. ~ coordcnaçi:ío ccn tréll rl0 rnv]J:"é'm 1. fo i a trih;11rb i.1
um qHlpO Intct'mtn.i.stcr.i.aJ. (C:EIN-PIl\~~;~) e a coordenaç3.o nos Estados en
trogue a um grupo integrado por rcprcscntontes das 5reas institucio
nais interessélJJs.
Somento em 1980 a prcvjcli~nC'ta sociu.l liberou cerca
(l-l,8 bilhões
uc
cruzeiros p,\ra esse programa, que começou a ["er impl a~tado com certa euforia mas logo depois começaram a surgir di Licu1da
dos para sua opcrnciona1izaç~o, uma delas considerada fundamental p~
lo~::; <'ldmini~;tradOl:cs do setor pois representada pela falta de médicos
para as unidados a serem ativadas. Essa dificuldade vem sendo just!
ficada pela falta de atrativo para a fixaçõ.o desses profissionais no
interior, n~o
sG
do ponto de vista financeiro como pela limitaç~o aoopcr[elçoilrncnto tGcnico c 1011:-,(1 de condições infra-estruturais p.:lra o
ex(~rcrcio dLI aL:iv1t1aue métUcLl..
liA
pr.imei.rll vi!3ta isso significa sim plesmcnte que os m~dicos se instnlom segundo suas inclinLl.ç6es - mLl.is f.:1cilrnentc (lue outro!:> profi.ssionais - c CJuc tem a tendênci.:t de se conccntrLl.rom onde o clim.:t ~ sacllo, a agua pura e as pessoas trabalhL1.m e
r
m em pL1.gar seus scrvlços • d ' ,,(51)o
falo6
que grand~ parte das unidL1.des program.J.dL1.s-n,:1O iniciurélIH funei ()IIé1l1lCnto ou funcionL1.m precariL1.mente, em regime de
ociosidélde. Funcionam, todzlVia, de form.:·t sal:isfatória, e dcscnvolven
do um trL1.bL1.lho comunit5rio de bons resultados em termos de promoçuo
du sL1.Gde, L1.S uTIJJadcs UL1. Fundaç50 Serviço de SaGde rGblicLl. -SESP- vin
culadél élO MinistGrio da SaGdc-, que forL1.m integradas no PIASS porem
t 'd l ' . 1 ... . (52) N d d
mun 1 a sua L1.U :onomlL1. operaclona p r o p r l a . a ver a e, os recur
50S destacados parn o PIASS s30 insignificnntes se tomados para comp~
rélç.:ío atô somonl.c 0!3 inv(~stimcntos em ações curativas realizados pela
provid-3ncia social, cercu (1(~ 100 bill1Z)cs de cruzeiros em 1980.
PCl1~ l'il.l:i.lilr) c<1bc referir <1<;I1L Zi. t0.ntativa de
ç:lo que vem ~~cnuo fc.'iL:a pelo MLnlst0r.Lo da SaGc1e e Ministôrio da Pre
vidGncia c A~sist6ncj.a Socl~l no sentido de dar utilização adeqlJLl(la .
.:10::; hospi t::J.1.::; I'~,.-i.(lui5 L:ricos e sanzll-.órios vinculados ao primeiro. Fs
Gil intcfjraç20 V('T1l sc\nc1o feLta atravós (10 sisteIn:-:l de co-gcst5.o em ca(la
um dos rc[er icl()~;:; ho~;pU-_élis, por um Conselho T~cnico-l\dmi!1istr.:1ti vo OJ~
posto por reprcscntanL-.!:2s d,l.s cJuas Zlrcéls c superposto
à
direção formal(1a.~.; unida.c1cs. 1\ ('nnrr10n;1t;?:-;O ccntr.l.'. (lc::::':;,:1 in I.cgr<:'t<;~u caLe d C<.Jlil.i!;~.1~0
Inlcrminlstcridl ele P1.-:m0.ji:tlnCnto - CIPLAN, composta pelos Secrc
tfi~ios Gerélis c t&cnicos dos dois Minist5rios e rcspons~vcl pel~s nOE
mL1S de cO-(Jf~sL=í(), p(~la surcrvisn.o gcréll correspondente c pel,":ls medi
da:; de gr.J.u SUP(~ d.or nccc~~~f;&r.i.as à implemcntnção do sis tcrnél. .l\.LndLl
ê
cedo pélrél umél avulj.aç~o dos rcsultéldos dessa intcgraç50, que' começou
a ser :i.rnplemenLilCla em 198J.
( 51) Ivan Illich, 1\ Expropriaç50 da SuGde
NOVél Fronl:oi r,l..
N~mesis da Medicina, Ed.
(:'; 2) 1\s unidéldes (la Fundaçi:í.o SESP prcs tam ~,crviços rclucion<ldos com
a destina(;5.o ele c1ejet.os hum<lnos, água potável, nuL-.rição, habi ta
lI! - l\Nj\LI~)C DO f'.lOJ)ELO DE Si\ODE
[' 1 "t J .
,>0 :)C~m 'lHe nos Cupl.~U .OS uI1 le.r lares j5. tenhumos esbo
çaclo COInc.'n tilr io~; ,-H\ilI
r
I.. lCO:; ~;c.lbrc o 11 I!. ' 1,-,10 de saúde prcv.luencLlrio,que, como afinn.:1IrlOS e rcpL~I~i.ll1os, con~,titui a base do moelclo de saúde
br~~ileiro, p~0(·cn~cmo~ e~LcnOcr essn an51ise enfocando principalme~
te àqueles pontos que se nos afigurum como distorções do modelo, bom
como O!;; lcsult'l(lOS dele ndvinc10s p<J.ra ;1 n()~~" snr.i prl;-1r~0.
Furc~mos, n(~ssa linha, UlTlél anilU.se do Programa Nucio
ni1.l de Ações n5.sicas ele S~úde - PREVSl\ODE, que representou urna prop0E,
ta, n~o concrcl'jz;:1clil, rJo~; r·1inlstGr.Los tlL\ SallLle c elo Ministério da Pre
vicJBncia e Assist6nciu Social para a ill1plemcntaç~o do Sistema
nal de· Saúde e de colocaç~o em pr~tica de medidas tendentes a
ver a saúde e nao ,:tpenas tra tar as c1oenç~s.
3.1 - O
-_._---.
Quadro CeralNaeio
prom~
~omo vimos, a providGncia social teve inIcio e se de
] t ~ t I d t t d 1, f'" .
senvo.veu a'e pouco ·cmpo cano eooer ura e vene lC10S e servlços as
sistcr1cÍ<:1.Ís a cll1:,~;c~; tr,lb,llhLldorlJs urbanas. Por cons(~qtiência, a us
sistência médica por ela pl"C!sté.\da tLlmbérn se desenvolveu prepondcrantQ
mente nus áreas urbanas onue se concentruvam seus benefícios, e com
caracterlsticas essencialmente curativas. A con\pra de serviços m6di
cos do setor privado incentivou a proliferaç50 de empresas mEdicas,
3
semelhança do acorrido etn o~tros parses. Pode-se dizer, mesmo,que os
serviços mEdicas da previdGncia social sofreram a influ~ncia u~ ten
dl~ncia mundial, (~m CJue il indús tria dc' cuidados médicos tem sido
d os grtln es sC!tores economJ.cos, e d - , d ' e m.:1J.s !:'apl' u eXptlnSélo. ~ 'd - (53) 1\
um
h05
pitalizaç.:lo dos pacLc'ntC's, incentivélda pela IIlOu.aU.duL1e de pa(ji::
(54) 1 d r ' . I ~. 1 1 1
mento e peo c.>contro c cronlCO dos atendimentos rea. iZ(1c os ,e os
serviços efetJv(]m(~n te prc s tados e dos meu icamcn tos .1:'ca1men te minis tra
dos, tornou-se sintoma da qualidade dos serviços. A eonsci5ncia cole
(53) Ivan IllicIl, A expropriaç5o da SaGde - Nêmesis da Medicina,Ed.
ti V.J. foi crC~~CC'1l L(~ll1('Il Le dOI:dll.~ldêl por ('~3~~(:- conceito, dificul tl1nclo ain
d.J. mais as aç6es corretivas. As intcrvC'llç~es cirGrgicas, em boa pilE
. - , (55)
te perfeitamente d~spensavcls, passaram a constituir futor rcpr~
scnt.J.tivo do upcrfciç'o<'lm0nlo h~cnico (' rl0
[;.J. medicina.
('111 setor tiveram sempre a pre
OCUp<JÇQO de enconU:.J.r rOI"lt\aS de org.J.nizar eficientes sistemas de dis
t 'rl ulçao 'b . - (OS 1 scrvlços, . con~J(pr~(lnS '1 1 f, os rp~ur~os (lspn~LVC1S, 1 ' . . . , (56) e
n?ío com su.J. cfic:"tcia e cfeU.vidade em termos de custo-benefício. De
f.J.to, a oferta sClnpre orLentou c atG gerou a demanda, numa verdadei,rn
invcrs50 de objetivo no planejamento do setor. Daí porque a distri
bulç5.o dos serviços e dos recursos correspondentes sempre ocorreu
gundo comportamento llislGrico e em funç30 de um mercado produtor
se
e
' . 1 ] ' I 1 (57) ' 1 - ~
consumluor canso .llalo, ocnSlon.J.nco concentraçao nas areas m.:lis
dcscnvolvid.J.s em prejlllzo das mais deprimidas. Neste aspecto, verifi
camos nltido ofeLLo conc0ntr~~or, incompatível com a filosofia da pr2
vidência. A própt-ia (Ustribl1Í(;;}O dos recursos financeiros do FLUido
de Apoio do
De~ellvolvimento
Social - FAS,(58) destinado a projptos(1,:1 arca social, con tcmplou priori tariamcn te proje tos hosp.L t2tlares nas
r~gi6es sul e sudeste, just.J.mcnte as j5 bem aquinho~das em confronto
1 · ,,- - ( 5 9 ) T) 1 - - - - . d ' - -:, . ~ '1
com as (OmalS re01oe~. ~occr ~e la lzer, e veruacc, que essa
pr5tica teria favorecido .J.S rcgi5es menos aquinhoadas na mediCa
que o hospital pnde representar, paradoxalmente, um mal social,
em (6 O)
con3umin~o recursos mais que proporci.onaLs aos benefIcios
r t ' t (61) '] , l ' 1
que e!.e 'lvamen e gera e qlle pocerJ_am ser ap_ l.cal os em
b,í ~:.Lcos (1(' l11erllJr cu~~ t.o c.' tnCliorcs resul cados promocionais e
V(:,s de su.ltde.
de saltde
serviços
preventJ:
(~/l) EU~Jenc Vuyda, "1\ comp;u:ir;(')n af sUPJic,ll. ratos in Canac1a anc1 in Eng1c:mc1 anc1 ~;I(1 Lo!',.;", ('111 'l'11c~ Ne1:l En'Jland Journ.J..l oI r·1cdicino, vol.
289, n? 23, de 06-12-73, p. 1223-1229.
Nb
Canad5 as intervcnçocs c:i.rCir(J.i.c .. ~; upre~:cntav<lll\, em 19G8, tLlX<J.S 1,8 mais elevi.ld<ls,
para homens e 1,G para Ll~ mulheres que na Inglaterra, devido ~
preços e formil de pngnmcnto, e a disponibilidade de leitos hos
l\.s correntes que defendiam na previdência soclal os serviços ambulatoriais curativos em prefer&ncia aos hospitalares, que
atuariam precocemente sobre as doenças servindo de anteparo
5
hospit~1izaç50 custeada pela previdGncia, n50 tiveram sua tese comprovada.
Apenas, onde os serviços ambulatoriais foram prioritizados contiveram
-se os dispandJ.os assistenciais, ou se 0vi~aram sua ampliaç50 desmes~
rae}a, enquan to os pacj_en tes eram drenados para a rede hospi talar pri v~
•
da rnccJilll1te p;HFlrnento por p.rópria conta. De toda sorte, como nem to
dos os pacientes podiam paga~ pela hosritallzaç~o, a rede hospitalar
privada n50 se expandia na mesma velocidade com que passou a ocorrer
apá!> a unificaç30 du prev.idência social, em 1967, quando esta também
Dssnmiu o custeioern L1rga escala da hospitalização da clientela bene
ficUiria, cerca de 25 milhões de pessoas na época. E ent5.o, os servi
ços élmbulatoriais previdencUirios paSSélrem até a funcionar como ins
l:rumenLo de triagem de pacientes para a hospitalização em massa, so
mcn t0 limi télc1a pelél capilCi~1Ll(lc ins L~dladLl cios cstabelecimen tos hospi t~
l~res privados. EnquarlLo isso, a rede hospitalar pGblica, at5 mesmo
a c1Ll previdência social, vinha, como vem, operando com ociosic1a
1 (62) 1 - 1 I ' ' - b l ' 1 9 7 9 '
cc. l\. taxa ce ocupaçao tOS 10spltals pu lCOS, em , glrou em
torno de 65% para um tot21.1 de 87.997 10il:(-,s aU.vo::: l! 9.094 c1csativa
dos. (63) Por sou lu rno, no mC!31110 ("mo a :cede hospi f:aLlr pri v2.c1a, com
posta por 3.059 eslLlbelecimenlos com 192.939 leitos contratados pela
previd5ncia, realizava mais de B,5 milh6es de internações 'de bonefi
cifirios urbanos, som contar cerca de 2 milh6es de internacões rea].izJ
das por hospitai.s convenentes para atondimento da clicnteia
rural.(6~
1\ expan~3Zío dos serviços pessoais de saGde da previdên
cia também influenciou, como nZío poderia deixar de acontecer, toda a
formaç5o de recursos humanos do setor, notadamente m6dicos.
(55) Carlos Gentile de Melo, SaGdo e l\ssistGncia M~dica no Brilr:>il,
Centro Brasileiro de Estudos de SaGde (bEBES) e Editora de Hu
manismo, Ciência e 'l'ecnologia (I1UCCTEC) afirma que pelo
cerca de 10% das cirurgias rCLllizadils no Brasil s~o
sárias.
menos desncces
(56) INPS-l\.dministraç50 1971/1978 - Relat6rio de l\.tividades - 1974/
Como um p~lí;; ;;ub(1c~s('nvolv.i.do,· ô Drasll possuiu, em
1920, apenas 7 faculc1ac1e~,; de mc~(Ucina C]raduéllluo 270 médicos, cada uma
delas formando em m6dia 40 facultativos. (65) A expans50 do mercado
de trabalho m~dlco. vi~ prevldGncia, e a paralela abertura de novas
escolas de meclic Lna pernü tiram que em 1950 j .:i tivéssemos 22..114 médi
co;; pLl.rLl. llnlLl. popu 1 aç<ío aproximadLl. de SI nlilhões de Iwbl tan tos (2.348
\ b'j ~_1' ) (66) .
-lIa lcantes por ~CulCO • Quase 20 anos depois, em 1970, o numero
de Médj.cos triplicou (47.080) enquanto a populaç5o n~o chegou a dupli
(67f
car (93 milh~es), caindo a relaç30 habitante/m~dico para 1978/1.
Em 1980 nossa poplllaç~o alcançou cifra em torno de 120 milh~cs de hél.
bjtantes, com aumento de pouco mais de 30% eM dez anos, por~m o nume
ro de médicos muis que duplicou nesse porrodo, atingindo a quase 100
mil profissionais, proporcionando a rclaç50 aproximada de 1.~OO habi
-1' (6B) ' .
t<:lntos por mcc leo. "Do 19G1 a 1970, ou seJa, em apenas nove anos,
surgiram nad~ menos de 4S nov~s escolas m~~icns, verdadej.ra cxplos5o,
cerca de cinco novas faculdades de medicina a cada ano". (G9) Existem
110 país, atualmente, 75 [;:lcuhlCldes de medicina em atividade:,e que gr~
1 - - 1 ' · (70) , IQS7
(\1,::U:é10 cerca de' ').100 novos lllC'(lCOS em 1981. Asslm, em _ ~sl:~
remes él.lcançando Ll proporçZío de 1 m~dico por mil huoi tan tcs, pLlri1I1~9.
tro recomendado pelu Orgilnizilç5o Mundial de Sil~de para pél.rses em de
scn~lolv.Lmcnto •
Nns aonde cst50 esses mGdlcos? A tese d~fcnJIJa por
alguns de barLltCGr él. m5o-dc-nbro m6~j.cil, por Slla produç5o
em
largLl e!cal Ll como vem ocur rendo, ptlr,]. favorecer tl in ter 101.'.1. zução, ainda ndO
surtiu os efeitos esp0ré1dos. Pelo contr5rio. 1\ inf1él.ção de médicos
nos maiores centros urbanos só vem servindo 3 expansão cumulél.tiva de
mGdicos nilS instalaç6es assistenciai.s desses ceIltros ou ~ prõpria ex
pans50 das instillél.ções. 115 hospitais da previd&ncin com quase tantos
médicor:; f}uanto pilcicntes. (7]) E ambu1.atôrios com mais médicos que
(S7) Op. cito
(50) O FAS ~ o principal instrumento de atuilç50 do Conselho de Desen
volvimento Social - CDS, criildo pela Lei ~9 G.118/75.
(059) INPS - Administraç~o 1974/1978, Re1atõrio de 1\tividades - 1971/
1978.
(60) Ivan Illich, 1\ Exproprinç50 da SaGde - Namesis da Medicina- Ed.
con~;ultól:ios.
"No lUo de
Janc:ll.·oo
~Jup('r;\vl.tdo múdicos ultrap.:\Soa a
mais de 230% das necessidades, enquanto o norte e o nordeste continua
va com um d~ficit de aproxlm~d~mcntc 20 mil ~&dicos". (72) Na baixada
flumi.nense existiam, em 197tl, 0,32 médicos por mil habitantes, (7J)pr2.
porçao que deve ter-se elevado a cerc~ de 0,5/1000 nos últimos dois
anos, por força das difi~uldadcs de absorç~o dos profissionais no Rio
de Janeiro.
~ padronização do ensino m6dico em nIvel nacional,
ignorando as gr~:mdes diferenças existentes entre as regiões em termos
de morbidadc, h5bitos alimentares, Indices nutricionais, nival cultu
r<:ll, condições !1;lbi L<l.C lona t s, de Si1nC<::JlIICn to básico e ou tras influem
tes na saGde,
6
outro problema que torna os m~dicos rcc3m-formados alhcios ãs problemáticas especIficas das diferentes regiões. O exces
50 de cspccj.aliz<l.ç50 e subespecializaç~o, por outro lado torna a medi
ctna pr~ticada ain~a mai.~ dt~tanci<l.d<l. d<l. re<l.lidi1de de saGde do nosso
meio, tli:lO obstLlnl(~ impliquc' cu~)tos crescentes ele bé.lixlE.;sima r.ontabili
d~de. E a prev iclc;nc ia ~30c i.é:ll mé'IÍ s uma vez
é
u. condic ionan te clesse tipo de formação (k'sc1(~ crua V0m, ao lonqo dos <1n05, estruturv.ndo seus seE
viços pessoais de ~;i.lúc1o por ('spcd alicl':lc1cs clInicas e cirúrglc,ls e
at.é incren;entanc1o os progr.::H"llé1.S de residência e eslG.y"~o nos seus hosp!.
tais seguindo essa filosofia assistencial, ao mesmo passo que incorp~
ranJo equipamentos de diagnosc c terapi.il que envolvem o emprego de
tecnologias importadas, de <l.lta sofisticaç~o. O problema da super-e~
pccializé1ç~o foi bem estudado nos Estados Unidos, onde se constatou
0ue o nGmero de clTnicos grr<1is de~lj.nou de 64% do total de médicos
(7 J)
em 19G~ para 13~ em 1973. A preocupaç~o com esse excesso de csp~
cializaç~o e com a clevaç~o dos custos assistenciais naquele pais mo
ti vou a criação de um "Do."1rd" para a especialidade "family physician"
para estabeJ.(:,cer a~~ norm;:lS e pré-requisi tos para a obt.enç~1o desse
ti
(611 Op. cito
(62) João Decker, polftica Previdcnci5ria de SaGde, Confer~ncia pr2
ferida na Jornada M~Jica sobre medicina previdencifiria,
tal de Messejana - INAMPS - Fortaleza, maio/1980.'
(63 ) Op. c i t.
IIospi:.
(6,]) INAMPS em Dados.- 1979, Secretar.ia de Planejamcnto,Depart:utnento
tulo. (74)
A par Jcssa situnç50 quanto aos m6dicos, deparamo-nos
com o fato dc possuirmos apenas 10 cIl[ermciias por grupo de 100 mil
llabitantes, quando deverramos djspor de 45, e apenas 40 auxiliares de
enfermagem para igual de habitantes quando deveriamos ter 145. (75}Mas
estes s~o os parâmetros da Orgalllzaç~o Mun~ial de SaGde pautados nos
Inodolos assistenciais existentes na atualidade. E quem pode garantir
que esses modelos produzoln mais r~sultados positivos que negativos?
rr5 inúmeros estudiosos (lue! afirmam até não haver corrcluçüo entre o
estado de saGde das populaç~cs e o uparato t5cnico-m~dico dispontvel,
a ndO ser polo ql1e este
pos~)a
causar-lhe;:; muI. Ivan Illich (7G) é omais radical de todos, e b.:1soia 511<1 bc'se em trab.:ühos c1e!
nicos c cientj.stas do mundo inteiro. No pref5cio da 2~
renomados téc
edição de
S -] aue e e ulS c ' t ·emas, ( Tl) o an .or t !" ~1-' élrl o n . H C1 li:\VeS apresen-a t consistente
crItica politica dos ~e~;ponsfiveis pelos sistemas de! saGde e
n I . 1 . r' - 1 ~'1 I ) d (78) "f'l' r·m ... el sua narra ~].Vél., C'xcrnp J .. :J.CL1\"lO (C I" arc .JéI .. OU e. 1\ " ' !vI. Chl:l.v('s: "Como r-1i.n i.s tro d'::l ~~aúcle do Célnad~l, deu-se ele
utiliza, nGrio
(Laloude)
con tél de! que qlléd.sí.luc]~ (J.l.nho~:; u 1 ter lor.es nos n1 vcis de saúde do povo
c(lni1d(~nse, que é hoje elos melhores do mundo, não vai depender de 0:<:
pélnsão do ap'::Ll:':~ lho médico-hospitalar, de mais méeliccs, mais hospi ti1is.
No quadro de "patologia c1(~ .::tbunc1';nciu" de um país industrial, os pr~
blomas de saGde originéldos na féllta de exerclcj.o, na obesidade,no 1]50
de fUlno, álcool, drogas, nos élcidentes, no es tresse da vidu urbana,
dependem, principalmente, de mudanças no comportamento elos indivIduo~
em seu estilo de vida. Dependem aj.nda de muc1ançus no ambiente
c, por conseguinte, ligac1éls
ã
participação polItica, e de algu~as mudanças no sisb:Jnu de prestaçi10 de serviços, que deve adaptur-se u cer
tas necessidades de grupos de pacientes (grupos vulner~veis,grupos de
(65)
(66 )
(G 7.)
(6g)
(b 9)
c.
G. Mello, li. r'lcdiclna Provic1cnci5ria c o Ensino Médico,juntura Social - MPAS, ano 1 n9 4.25, 1978.
Op. ei t.
Op. cito
Op. cito
Op. cito
alLo risco) uma vez da forma tradicional de adaptar o pacicnt6 ~s exi gêncil1G do sistema". E acrcscemtél MEtrio N. Chaves: "Podemos trans portar as idéia!"; de Lalouc1e põra o quadro de "patologia da pobreza"
dos paIseG em desenvolvimento, com sua base na subnutriç50 e nas doen
ÇélG transmissIveis. Para infJuGncias a biologia humana são requeri
das aç6es sobre o risco reprodutivo, o ris~o materno-fetal c o risco
pedi~trico que 56 t~m real alcance,em programas ativos, visando a co berturvs c1ef.Lnidas, e conjugados com progr':lIl1as de nutriçüo,
saneamento b5sico e oulros de esfera governamental".
vivenda,
POd(~rT<:lI11()~~, roi!:;, aclmitir CJue' nos dois brasi!'.> brasi
leiros coexistem, no desenvolvimento do sul-sudeste a "patologia da
abundZincia", e no subdesenvolvido restante a "patologia da pobreza",
ambos requerendo mudanças de comportamento individual, de estilo de
vida c ambientais, apareccndo por Gltimo programas assistenciais esp~
cíficos.
Podemos mais uma vez verificar, pois, que o modelo as
sistcncial previdencifirio brasileiro cst5 totalmente dissociado dns
necessidades rCilis d~s popul~ç6cs abrangidas, n~o obstante seus
tos crescentc!'.> c a incapacic1ac!c de adrninis trá-lo. Os serviços
t.:tL:u-es contr;I!~ac1os ~-;dO PLtrJO~j (lr~ acordo com valores fixé\c1on em
plos,de US (Unidade de Serviço (79 )), segundo os atos m6dicos
cus
hosp.~
mGlti
préltic~
1 ' d ' ~ t' t - t ' t ~ m
lOS, OS servlços lagnOS:1COS c erélpeu lCOS pres aoos, a per. ane~
cia do paciente e os medicamentos ministrados. Como n~o há, a bem di zcr, qualquer fiscalizaç50 sobre os serviços efetivamente prestados
a c~da paciente internado, este acaba por representar um cheque ao portador, pois os hospitais fiemo inteiramente
ã
vontade para aprese~ta rem o faturamento que melhor atenda a seus objet~vos de lucro. O
(7 O) Op. c i t .
(71) No Hospital da Lagoa, do INAt-1PS, há cerca de 250 médicos
270 leitos.
para
(72) Ver nota de rodap6 GG. Cabe tamb6m invocar, a prop6sito, a afir
maç~o oportuna de Ivon Illich, objeto da nota de rodap~ 51.