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Desigualdades Homogêneas do Tipo Sobolev Ótimas sobre Variedades Riemannianas Compactas e Aplicações

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciˆ

encias Exatas

Departamento de Matem´atica

Tese de Doutorado

Desigualdades homogˆ

eneas do tipo Sobolev ´

otimas sobre

variedades Riemannianas compactas e aplica¸

oes

Jurandir Ceccon

02 de junho de 2005

Banca examinadora composta pelos Professores(a):

Emerson Alves Mendon¸ca de ABREU UFMG

Examinador

Paulo C´esar CARRI ˜

AO

UFMG

Examinador

Susana Cˆandida FORNARI

UFMG

Examinadora

Orlando Francisco LOPES

UNICAMP Examinador

(2)

´

Indice

Agradecimentos 2

Nota¸c˜oes 3

Introdu¸c˜ao 4

1 Desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´otima Euclidiana 14

1.1 Introdu¸c˜ao . . . 14

1.2 Desigualdade de Gagliardo-Nirenberg . . . 15

1.3 Exemplo . . . 19

2 Desigualdade homogˆenea de Sobolev ´otima Riemanniana 26 2.1 Introdu¸c˜ao . . . 26

2.2 Desigualdade de Sobolev comǫ . . . 27

2.3 Validade da desigualdade de Sobolev . . . 35

2.4 N˜ao-validade da desigualdade de Sobolev . . . 46

3 Desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´otima Riemanniana 54 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 54

3.2 Desigualdade de Gagliardo-Nirenberg com ǫ . . . 55

3.3 Desigualdade de Gagliardo-Nirenberg para qp . . . 59

3.4 Desigualdade de Gagliardo-Nirenberg para q < p . . . 77

4 Desigualdade homogˆenea logar´ıtmica de Sobolev ´otima Riemanniana 93 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 93

4.2 Desigualdade logar´ıtmica de Sobolev . . . 94

4.3 Aplica¸c˜oes . . . 101

Apˆendice 104

(3)

Agradecimentos

Primeiramente, agrade¸co ao Marcos Montenegro por ter me orientado. Sua dedica¸c˜ao ao longo destes anos, seu entusiasmo em todos os momentos e as discuss˜oes sempre muito instrutivas e esclarecedoras. Al´em de tudo um grande amigo.

`

A minha fam´ılia, que sempre foi um ponto de referˆencia importante. `A L´eia pelo “pontap´e”inicial a quem devo muito. Ao R´ubens pelos carneiros deliciosos que ele cria. `A Isolete e Ivanete pelos bons momentos. Em especial aos meus pais, Arlindo Ceccon (in memoriam) e Santina Ceccon, pessoas simples, por´em dois exemplos de vida que sempre zelaram pela fam´ılia. Muita saudade e admira¸c˜ao.

`

A Rosana, pelo seu apoio constante e compreens˜ao. `A sua fam´ılia, pessoas encantadoras. Seus pais Ana e M´ario. Seus irm˜aos, Marcinho pelas dicas em m´usica cl´assica e ao Marcelo amigo de muitos anos e “buscador”de artigos no Impa.

`

A professora Suzana Fornari e aos professores Emerson de Abreu, Paulo Carri˜ao e Orlando Lopes, por aceitarem fazer parte desta banca. Em especial ao Prof. Carri˜ao que leu cuidadosamente os manuscritos e contribuiu com sugest˜oes que ajudaram a tornar o texto mais claro.

Ao CNPq, pelo financiamento que tornou poss´ıvel esta tese.

Ao departamento de Matem´atica da UFMG como um todo, pelo suporte constante.

(4)

Nota¸

oes

•A(p) - (2)

• A(p, q, r) - (5)

• A(p, q, r, f) - (8)

• A(p, f) =A(p,p(nnp1),p(qp11), f)

• A0(p, q, r, F) - (16)

• A0(p, F) =A0(p,p(nnp1),p(qp11), F)

• A(p, F) - (2.15)

• A(p, q, F) =A(p, q,p(qp11), F)

• A(p, q, r, x) - (3.1)

• A(p, q, r, F) - (3.2)

• A(p, F) eB(p, F) - Teorema 4.2.1

• B(p, q, F) =B(p, q,p(qp11), F)

• B(p, q, r, F) - (4.5)

• D1,p(IRn) - completamento de C0∞(IRn) sob a norma||∇||p

• Dp,q(IRn) - completamento de C0∞(IRn) sob a norma|| ||q+||∇||p

• Dp,q(M) - completamento deC0∞(M) sob a norma|| ||q+||∇g||p

• F - Defini¸c˜ao 2.2.1

• Fx - (2.13)

• Γ - fun¸c˜ao gama

• H1,p(M) - completamento de C0∞(M) sob a norma || ||p+||∇g||p

• Ip,q,r(A, B, F) - (4.4)

• Ip,q(A, B, F) =Ip,q,p(q−1)

p−1

(A, B, F)

• | · |- (2.5)

• ∇g - (2.6)

• i(M) - (2.8)

• ∂vF - (2.7)

• sistema normal de coordenadas - (2.9)

(5)

Introdu¸

ao

Melhores constantes para desigualdades do tipo Sobolev tˆem sido objeto de extensa investiga¸c˜ao nas ´

ultimas d´ecadas. Particularmente, o estudo de desigualdades de Sobolev ´otimas em variedades Riemanni-anas. Estas tˆem sua origem em importantes problemas da matem´atica como, por exemplo, o problema de Yamabe.

Desigualdades de Sobolev ´otimas s˜ao casos particulares de desigualdades de Gagliardo-Nirenberg ´otimas. Por outro lado, estas ´ultimas nos levam `a uma desigualdade de Sobolev logar´ıtmica ´otima, que possui in-teressantes aplica¸c˜oes em estimativas a prioride solu¸c˜oes de alguns problemas de evolu¸c˜ao.

Para 1≤p < n, Sobolev [29] em 1938 mostrou a existˆencia de uma constante AIR tal que

Z

IRn|

u|p∗dx

p1∗

≤A

Z

IRn|∇

u|pdx

1p

(1)

para toda fun¸c˜aouD1,p(IRn), onde p∗ = nnpp ´e o expoente cr´ıtico de Sobolev. Diremos que (1) ´e v´alida se (1) ocorrer para toda fun¸c˜aouD1,p(IRn). O menor n´umero realA tal que (1) ´e v´alida ser´a chamado de constante ´otima, tal n´umero ´e dado por

A(p)−1= inf u∈D1,p(IRn)

||u||p∗= 1

||∇u||p.

Duas quest˜oes relevantes associadas `a desigualdade (1) s˜ao: (i) Qual o valor exato da constante ´otima A(p)?

(ii) Existe uma fun¸c˜ao uD1,p(IRn) que verifica a igualdade||u||p∗ =A(p)||∇u||

p? Chamaremos defun¸c˜ao extremalqualquer fun¸c˜ao que verifique a igualdade em (ii).

Estas quest˜oes foram estudadas e respondidas de modo independente em 1976 por Aubin [3] e Talenti [30]. O valor da constante ´otima ´e

A(p) =

        

p−1 n−p

n−p n(p−1)

1p

Γ(n+1) Γ(np)Γ(n+1−np)ωn−1

n1

para 1< p < n

1 n

n ωn−1

n1

para p= 1,

(2)

ondeωn−1 ´e o volume da esfera unit´aria de IRn.

As fun¸c˜oes extremais, para 1 < p < n, s˜ao precisamente dadas por u(x) = αw˜(β(xx0)) para α ∈ IR,

β 6= 0 ex0IRn, onde

˜

w(x) =σ+|x|p−p1

pn∗

(6)

sendo σ >0 escolhido tal que ||||p∗ = 1.

A desigualdade de Gagliardo-Nirenberg, obtida em 1958 por Gagliardo [18] e refinada em 1966 por Nirenberg [25], ´e dada por

Z

IRn|

u|rdx

1r

≤A

Z

IRn|∇

u|pdx

θpZ

IRn|

u|qdx

1−qθ

(4)

para u Dp,q(IRn), onde p r p∗, 1 q r e θ = r(q(pnp(rn)+np)−q) . Como o caso θ = 0 ´e trivial, vamos considerar θ >0. Denotaremos por A(p, q, r) a constante ´otima associada `a desigualdade (4), que ´e dada por

A(p, q, r)−1 = inf u∈Dp,q(IRn)

||u||r= 1

||∇u||θp||u||1q−θ. (5)

Em 2003, Del Pino e Dolbeault [12] estudaram a desigualdade (4). Eles encontraram as fun¸c˜oes ex-tremais e calcularam as constantes ´otimas para uma classe destas desigualdades. De maneira precisa, considere 1< p < ne r= p(qp11). Para esta fam´ılia de desigualdades a constante ´otima ´e

A(p, q,p(q−1) p1 ) =

qp p√π

θ

pq n(qp)

θp

npq(np)

pq

1r  

Γ(q(pqp1))Γ(n2 + 1)

Γ(p−p1np−qq(np−p))Γ(n(pp−1) + 1)

 

θ n

, (6)

ondep < q p(nnp1) e θ= (q1)(q(pn(q−p)n)+np).

As fun¸c˜oes extremais s˜ao da formau(x) =αw˜(β(xx0)), onde α∈IR,β6= 0, x0 ∈IRn e

˜

w(x) =

σ+q−p

p1|x|

p p−1

−p

−1

q−p

,

sendo σ >0 escolhido tal que ||||r = 1.

Em particular, quandoq = p(nnp1) temos θ= 1 e r= nnpp que ´e o expoente cr´ıtico de Sobolev.

No trabalho do Del Pino e Dolbeault, foram utilizadas t´ecnicas de c´alculo variacional e resultados de unicidade para solu¸c˜ao n˜ao-negativa e radialmente sim´etrica de um problema envolvendo o p-Laplaciano.

Em 2004, Cordero-Erausquin, Nazaret e Villani [11] reobtiveram as fun¸c˜oes extremais e as constantes ´

otimas para a mesma fam´ılia de desigualdades de Gagliardo-Nirenberg obtida em [12], utilizando uma nova t´ecnica que envolve a teoria de transporte de massa.

Inspirados neste ´ultimo trabalho, realizamos o estudo de melhores constantes para desigualdades ho-mogˆeneas de Gagliardo-Nirenberg. Precisamente, consideramos a melhor constante A tal que a desigual-dade

Z

IRn|

u|rdx

1r

≤A

Z

IRn

f(u)dx

pθZ

IRn|

u|qdx

1

θ

q

(7)

para todauDp,q(IRn), ondef :IRnIR´e uma fun¸c˜aop - homogˆenea, convexa, positiva e par. Esta melhor constante ´e dada por

A(p, q, r, f)−1= inf u∈Dp,q(IRn)

||u||r= 1

||f(∇u)||

θ p

(7)

Designaremos porA(p, q, r, f) a constante ´otima associada `a desigualdade (7). Quando f =| · |p, a desigualdade (7) se reduz `a (4).

Considerandor= p(qp11), encontramos as fun¸c˜oes extremais e calculamos as constantes ´otimas da desigual-dade (7). De maneira precisa, considef∗ a transformada de Legendre da fun¸c˜aof, isto ´e,

f∗(x) = sup

y∈IRn{x·y−f(y)}.

Ent˜ao, as fun¸c˜oes extremais de (8) s˜ao da forma u(x) =αw(β(xx0)), onde α∈IR,β 6= 0,x0∈IRn e

w(x) =

σ+q−p

p1f

(x)

−pqp1

(9)

sendo σ >0 escolhido tal que ||w||r = 1, onde 1< p < n ep < q ≤ p(nnp1). A constante ´otima ´e

A(p, q,p(q−1) p1 , f)

−1=||f(w)||θp

1||w||1q−θ, (10)

ondeθ= (q1)(q(pn(q−p)n)+np).

Em particular, quandoq= p(nnp1) temosθ= 1 er=p∗. Neste caso, obtemos adesigualdade homogˆenea de Sobolev ´otima

Z

IRn|

u|pdx

pp∗

≤A(p, f)p

Z

IRn

f(u)dx, (11)

onde

A(p, f) =A(p,p(n−1) np ,

p(q1)

p1 , f).

Outra desigualdade Euclidiana relevante ´e a desigualdade de Sobolev logar´ıtmica ´otima. Utilizando uma fam´ılia de desigualdades de Gagliardo-Nirenberg ´otimas, Del Pino e Dolbeault [12] obtiveram como caso limite, fazendoqp+, a desigualdade logar´ıtmica ´otima

Z

IRn|

u|plog|u|pdx n p log

A(p)

Z

IRn|∇

u|pdx

para todauW1,p(IRn) tal que||u||p = 1, onde 1< p < n. A constante ´otima ´e

A(p) = p

n

p1

e

p−1

π−p2

 

Γ(n2 + 1)

Γ(n(pp−1) + 1)

 

p n

. (12)

As fun¸c˜oes extremais s˜ao dadas por

u(x) =πn2σ−

n(p−1)

p Γ(

n 2 + 1) Γ(n(pp−1) + 1)e

σ1|x−x0|

p p−1

,

ondex0 IRn e σ >0.

Em 2003, Gentil [19] generalizou este resultado. Parap >1 e f uma fun¸c˜aop - homogˆenea, convexa e par, obteve a desigualdade ´otima

Z

IRn|

u|plog|u|pdx n plog

A(p, f)

Z

IRn

f(u)dx

(8)

parauW1,p(IRn) com||u||p= 1. A constante ´otima ´e dada por

A(p, f) = p p+1

nep−1

Z

IRn

e−f∗(x)dx

np

,

onde f∗ ´e a transformada de Legendre da fun¸c˜ao f. As fun¸c˜oes extremais encontradas s˜ao da forma

u(x) =αexp(βf∗(xx0)), sendo

α−p =

Z

IRn

exp(−pβf∗(xx0))dx,

com β >0 e x0 IRn.

Nosso principal interesse nesta tese ´e estudar estas desigualdades ´otimas em variedades Riemannianas. Significativos avan¸cos tˆem sido obtidos neste sentido, para uma exposi¸c˜ao geral e outras referˆencias sobre este assunto citamos [16] e [20]. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta n - dimensional. A desigualdade (7) nos motivou a considerar adesigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg Riemanniana

Z

M|

u|rdvg

p

A

Z

M

F(gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg

Z

M|

u|qdvg

p(1

θ)

θq

(14)

para u Dp,q(M), onde q r p∗, θ= r(q(pnp(rn)+np)−q) e F :T M IR uma fun¸c˜ao p - homogˆeneaem um certo sentido a ser definido e satisfazendo algumas condi¸c˜oes a serem explicitadas no Cap´ıtulo 2.

A nova constante B que aparece em (14) ´e natural, pois Dp,q(M) cont´em as fun¸c˜oes constantes. Diremos que a desigualdade (14) ´e v´alida, se (14) ocorrer para toda fun¸c˜ao u Dp,q(M). Argumentando por parti¸c˜ao da unidade e expans˜ao da m´etrica, podemos facilmente encontrar constantes reais A eB tais que a desigualdade (14) ´e v´alida.

Como caso particular, fazendo r = nnpp e q = p(nnp1), obtemos a desigualdade homogˆenea de Sobolev Riemanniana

Z

M|

u|p∗dvg

pp∗

≤A

Z

M

F(gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg. (15)

Para a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg Riemanniana tamb´em podemos considerar a no¸c˜ao de melhores constantes. A primeira melhor constanteassociada `a desigualdade (14) ´e

A0(p, q, r, F) = inf{AIR; existe B IR tal que (14) ´e v´alida}. (16) A segunda melhor constante´e definida por

B0(p, q, r, F) = inf{B ∈IR; existe A∈IR tal que (14) ´e v´alida}. Assim, podemos considerar as seguintes desigualdades ´otimas:

Z

M|

u|rdvg

p

A0(p, q, r, F)

Z

M

F(gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg

Z

M|

u|qdvg

p(1

θ)

θq

(17)

(9)

Z

M|

u|rdvg

p

A

Z

M

F(gu)dvg+B0(p, q, r, F)

Z

M|

u|pdvg

Z

M|

u|qdvg

p(1

−θ)

θq

. (18) Trˆes quest˜oes naturais neste contexto s˜ao:

(i) Existe alguma dependˆencia das melhores constantes em rela¸c˜ao a geometria da variedade M? (ii) As desigualdades ´otimas (17) e (18) s˜ao v´alidas?

(iii) Qual o valor exato de A0(p, q, r, F)? Em paralelo, qual o valor exato deB0(p, q, r, F)?

Para um apanhado geral e v´arias outras referˆencias sobre o estudo da desigualdade (18) citamos [16]. O caso cl´assico, isto ´eF([x, i, v]) =|[x, i, v]|p, est´a inserido nas desigualdades acima. O estudo da primeira melhor constante (16) ´e mais delicado. No que segue e durante o desenvolvimento desta tese usaremos a express˜ao constante ´otima para nos referir a primeira melhor constante. No caso cl´assico, uma das primeiras contribui¸c˜oes para investigar a desigualdade (17) foi dado em 1976 por Aubin [3]. Neste trabalho, foi provado que a desigualdade de Sobolev ´otima Riemanniana sobre a esfera n- dimensional,

Z

Sn|

u|p∗dvg

pp∗

≤A(p)p

Z

Sn|∇g

u|pdvg+ω−

p n

n

Z

Sn|

u|pdvg,

´e v´alida para toda fun¸c˜ao u D1,p(Sn), onde 1< p 2, A(p) ´e a melhor constante Euclidiana dada em (2) e ωn ´e o volume Euclidiano de Sn. Neste caso, devido a geometria simples da variedade, as fun¸c˜oes extremais foram explicitadas por Aubin. ´E interessante observar que para uma variedade Riemanniana qualquer, as fun¸c˜oes extremais s˜ao desconhecidas.

O caso p = 2 e M uma variedade Riemanniana compacta, foi tratado em 1996 por Hebey e Vaugon [21]. Eles mostraram que a desigualdade de Sobolev ´otima

Z

M|

u|2dvg

22∗

≤A(2)2

Z

M|∇

gu|2dvg+B

Z

M|

u|2dvg, (19) ´e v´alida para toda fun¸c˜ao uD1,2(M).

Em 1999, a desigualdade de Sobolev ´otima

Z

M|

u|pdvg

pp∗

≤A(p)p

Z

M|∇g

u|pdvg+B

Z

M|

u|pdvg, (20) foi provada para 1< p2 de forma independente por Aubin e Li [5] e Druet [14].

O caso p= 1 foi estudado por Druet [15] em 2002 e a t´ecnica empregada ´e distinta da utilizada em [5] e [14]. Neste caso, a desigualdade de Sobolev ´otima ´e equivalente `a desigualdade isoperim´etrica sobreM.

Como j´a citado, o estudo de melhores constantes tem motiva¸c˜ao, por exemplo, no problema de Yamabe [35] nos anos 60. O objetivo era provar que, a menos de mudan¸ca conforme da m´etrica, sempre existe uma m´etrica de curvatura escalar constante. De forma precisa, considere (M, g) uma variedade Riemanniana suave, compacta de dimens˜aon3 e seja [g] uma classe conforme de g, definida por

[g] ={˜g=un−42g;u∈C∞(M), u >0}.

Sendog e ˜g=un−42g m´etricas conformes, a curvatura escalarSg e S˜g satisfazem a rela¸c˜ao

−4(nn−1)

−2 ∆gu+Sgu=Sg˜u 2∗

(10)

onde ∆gu= divg(∇gu) ´e o Laplaciano deu com respeito a m´etrica g.

Uma reformula¸c˜ao equivalente do problema de Yamabe ´e provar que para qualquer variedade Riemanniana (M, g) de dimens˜aon3, existeuC∞(M),u >0 e λIR tais que

−∆gu+

n2

4(n1)Sgu=λu 2∗

−1. (21)

Ent˜ao, a melhor constante A(2) da desigualdade (19) est´a relacionada com a existˆencia de solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (21) e a constanteB(2) est´a relacionada com a multiplicidade de solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (21), onde

B(2) ´e a segunda melhor constante, dada a melhor constante A(2), ou seja

B(2) = inf{B IR; (19) ´e v´alida}. (22)

No estudo das desigualdades ´otimas Riemannianas, novos fenˆomenos interessantes surgem. A validade da desigualdade de Sobolev ´otima sobre variedades Riemannianas depende da geometria da variedade, este fato foi provado em 1998 por Druet [13]. Considere 2< p < n+23 e suponha que a variedadeM possui pelo menos um ponto onde a curvatura escalar ´e positiva, ent˜ao para qualquerB IR existeuB ∈D1,p(M) tal que

Z

M|

uB|p

dvg

pp∗

> A(p)p

Z

M|∇

guB|pdvg+B

Z

M|

uB|pdvg.

A desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´otima Riemanniana, foi estudada por Brouttelande [9] em 2003. Ele provou que

Z

M|

u|rdvg

2

A(q, r)2θ

Z

M|∇

gu|2dvg+B

Z

M|

u|2dvg

Z

M|

u|qdvg

2(1

−θ)

θq

(23)

´e v´alida para todauD2,q(M), onde 1q2r <2 +2qn e A(q, r) ´e a constante ´otima. A constante

A(q, r) para esta classe de desigualdades n˜ao ´e conhecida. A desigualdade logar´ıtmica de Sobolev ´otima Riemanniana

Z

M|

u|2log(|u|2)dvg ≤

n

2log

A(2)

Z

M|∇g

u|2dvg+B(2)

(24)

foi provada em [9], onde a fun¸c˜ao u H1,2(M) ´e tal que ||u||2 = 1, A(2) foi definido em (12) e B(2) = limq2−B(q,2), sendo

B(q,2) = inf{B IR; (23) ´e v´alida com r= 2}.

Nossa tese pode ser dividida em trˆes etapas:

1a

Etapa

Compreende o Cap´ıtulo 1.

Se¸c˜ao 1.2

Nesta se¸c˜ao generalizamos a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´otima Euclidiana, obtida em [11]. Provamos que para 1< p < n,

Z

IRn|

u|rdx

p

≤A(p, q,p(q−1) p1 , f)

p θ

Z

IRn

f(u)dx

Z

IRn|

u|qdx

p(1

−θ)

(11)

´e v´alida para toda fun¸c˜ao uDp,q(IRn), onde pq p(nnp1),θ = (q1)(q(pn(q−p)n)+np) e f :IRn IR ´e uma fun¸c˜aop- homogˆenea, convexa, positiva e par. Para este fim, usamos um resultado da teoria de transporte de massa provado por McCann [23] e resultados de an´alise convexa.

Se¸c˜ao 1.3

Aqui fornecemos uma aplica¸c˜ao dos resultados provados na se¸c˜ao 1.2, calculando as melhores constantes para uma fam´ılia de normas. Essencialmente s˜ao longos c´alculos combinados com a fun¸c˜ao gama.

2a

Etapa

Compreende os Cap´ıtulos 2 e 3. Poder´ıamos dizer que nesta etapa reside a alma desta tese. Aqui, fizemos algumas generaliza¸c˜oes e obtivemos novas desigualdades ´otimas. Tamb´em ´e desta etapa que decorre as aplica¸c˜oes do Cap´ıtulo 4.

Cap´ıtulo 2 Se¸c˜ao 2.2

Nesta se¸c˜ao reunimos alguns resultados de topologia diferencial geral e geometria Riemanniana. Prova-mos alguns lemas para fazer a liga¸c˜ao entre as desigualdades de Sobolev Euclidiana e Riemanniana. Tamb´em provamos a validade da desigualdade de Sobolev com uma perturba¸c˜ao de ǫ, esta desigualdade tem um papel central na prova da desigualdade de Sobolev ´otima.

Se¸c˜ao 2.3

Aqui generalizamos a desigualdade cl´assica de Sobolev ´otima provada em [14]. Ou seja, mostramos que

Z

M|

u|p∗dvg

pp∗

≤A(p, F)p

Z

M

F(gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg

´e v´alida para toda u D1,p(M), onde 1 < p 2 e A(p, F) ´e definida em (2.15). Nossa argumenta¸c˜ao se baseia no trabalho do Druet [14]. O ponto mais relevante em nossa prova ´e uma simplifica¸c˜ao feita no argumento original. Consiste em eliminar todo o estudo de concentra¸c˜ao pontual desenvolvido em [14]. Olhando de modo isolado, esta simplifica¸c˜ao n˜ao tem grande vantagem. Por´em, ao tratarmos da desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´otima, no Cap´ıtulo 3, veremos que este fato foi essencial em nossa prova.

Se¸c˜ao 2.4

´

E nesta se¸c˜ao que fica evidente a influˆencia da geometria da variedade Riemanniana na validade da desigualdade ´otima. Nossa argumenta¸c˜ao tamb´em se baseia em um trabalho feito por Druet [13]. A prova desenvolvida por Druet leva em considera¸c˜ao uma fun¸c˜ao extremal ˜w, definida em (3), associada `a desigualdade de Sobolev ´otima

Z

IRn|

u|p∗dx

pp∗

≤A(p)p

Z

IRn|∇

u|pdx.

Neste caso a fun¸c˜ao ˜w´e radial. Ent˜ao, Druet conseguiu transferir o problema deIRnparaIR. Nossa prova, do Teorema 2.4.1, tamb´em leva em considera¸c˜ao uma fun¸c˜ao extremal

w(x) = σ+Fx0(x)−pn∗

,

associada `a desigualdade homogˆenea de Sobolev ´otima

Z

IRn|

u|p∗dx

pp∗

≤A(p, Fx0)

pZ IRn

(12)

ondeFx0 ´e definida em (2.13) ex0 ∈M ´e tal que

Z

IRn

wp0∗(y)Ricx0(y, y)dy >0.

Neste caso Fx0 n˜ao ´e radial, em geral. A falta de simetria da fun¸c˜ao Fx0 foi uma dificuldade importante,

que foi superada ao fazermos uso do m´etodo variacional e elementos de an´alise convexa.

Devemos notar que o nosso m´etodo, d´a uma prova alternativa para o caso cl´assico (F([x, i, v]) =|[x, i, v]|p) tratado por Druet. Tamb´em observamos que a nossa prova ´e intrinseca, no sentido que todos os c´alculos se passam no espa¸coTx0M =IRn.

Cap´ıtulo 3

A desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´otima sobre variedades Riemannianas foi estudada por Brout-telande [9]. Foi provado que

Z

M|

u|rdvg

2

A(q, r)2θ

Z

M|∇g

u|2dvg+B

Z

M|

u|2dvg

Z

M|

u|qdvg

2(1

θ)

θq

(25)

´e v´alida para toda fun¸c˜ao u D2,q(M), onde 1≤q 2 ≤r 2 + 2qn, θ= r(n(22n(rq)+2q)−q) < 2r e A(q, r) ´e a constante ´otima de (25). Para esta classe de desigualdades n˜ao foi calculado o valor da constante ´otima

A(q, r).

Se¸c˜ao 3.2

Nesta se¸c˜ao provamos para 1< p2 que a desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´otima

Z

M|

u|rdvg

p

A(p, q, r, F)pθ

Z

M

F(gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg

Z

M|

u|qdvg

p(1

θ)

θq

(26)

´e v´alida para toda u Dp,q(M), onde pq < r < p∗ e θ= r(q(pnp(rn)+np)−q) . Esta fam´ılia ´e distinta daquela obtida em [9], pois quandop= 2 temosq 2. Quandor = p(qp11), calculamos a melhor constante de (26). A prova do Teorema 3.3.1 ´e inspirada em parte no trabalho [9] e em parte no Teorema 2.3.1 do Cap´ıtulo 2. Nossa argumenta¸c˜ao passa pelo m´etodo variacional, para conseguirmos obter uma seq¨uˆencia especial

(uα)α ⊂Dp,q(M) e t´ecnicas finas de an´alise que envolve o estudo de concentra¸c˜ao da seq¨uˆencia (uα)α em um ponto. Usando itera¸c˜ao de Moser e um resultado, devido a Tolksdorf, sobre regularidade, provamos que a seq¨uˆencia (uα)α ´e de classe C1,λ para algum λ∈ (0,1). Esta regularidade ´e a melhor poss´ıvel pois 1 < p 2. Este ´e um ponto em nossa prova que difere daquela apresentada em [9] pois naquele caso

p = 2 e portanto a seq¨uˆencia (uα)α ´e de classe C2. Isto nos obrigou a refinar algumas estimativas de [9] e obter outras novas. Outro ponto relevante ´e a hip´otese q p, que difere da hip´otese usada em [9]

q 2. Novamente precisamos refinar algumas estimativas e fazer um novo estudo de concentra¸c˜ao de massa para a seq¨uˆencia (uα)α. A argumenta¸c˜ao final ´e baseada no Teorema 2.3.1, que ´e essencialmente a jun¸c˜ao entre a desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´otima Euclidiana e a equa¸c˜ao satisfeita por

uα na variedade RiemannianaM. Naturalmente, novas estimativas s˜ao necess´arias, pois a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´e mais geral do que a desigualdade de Sobolev tratada no Teorema 2.3.1.

(13)

Aqui, provamos para 1< p2, a desigualdade ´otima

Z

M|

u|pdvg

1θ

A(p, q, p, F)pθ

Z

M

F(gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg

Z

M|

u|qdvg

p(1

θ)

θq

(27)

para u Dp,q(M), onde 1 < q < p e θ = q(pn(pn)+np−q) . Esta classe de desigualdades ´e distinta da anterior poisq < p. Em particular (27) generaliza (25) quandor = 2. A id´eia, da prova da validade de (27), segue em linhas gerais, a mesma argumenta¸c˜ao usada na prova da validade de (26). Com exce¸c˜ao do arremate da prova, onde fizemos uso da desigualdade de interpola¸c˜ao.

Embora, para esta fam´ılia de desigualdades n˜ao tenhamos calculado a constante ´otima A(p, q, p, F). Deve-mos ressaltar que a obten¸c˜ao da desigualdade homogˆenea logar´ıtmica ´otima do Cap´ıtulo 4, s´o foi poss´ıvel devido a esta ´ultima desigualdade.

3a

Etapa

´

E o fechamento da tese. Provamos a desigualdade ´otima

Z

M|

u|plog(|u|p)dvg ≤

n plog

A(p, F)

Z

M

F(∇gu)dvg+B(p, F)

(28)

parauH1,p(M) com ||u||p = 1, onde 1< p≤2. No caso cl´assico ep= 2, esta desigualdade foi provada por Brouttelande [9], isto ´e, foi provada a validade de (24).

Para a prova da validade de (28), nos baseamos no trabalho do Del Pino e Dolbeault [12] que trata o caso Euclidiano. A id´eia ´e fazer qp+ na desigualdade ´otima

Z

M|

u|rdvg

p

A(p, q, r, F)pθ

Z

M

F(∇gu)dvg+B(p, q, r, F)

Z

M|

u|pdvg

Z

M|

u|qdvg

p(1

−θ)

θq

,

onde

B(p, q, r, F) = inf{B IR; (26) ´e v´alida}

e r = p(qp11). Por´em, em princ´ıpio, n˜ao sabemos qual o comportamento de B(p, q, r, F) quando q p+. Inspirados em [9] mostramos queB(p, q, r, F) ´e mon´otona n˜ao-crescente emq. Quandoq <2, que ´e o caso tratado em [9], a convergˆenciaB(q,2)→B0 IRquando q2− ´e trivial, pois obter uma cota por baixo, neste caso, ´e simples. Em nosso caso poderia ocorrer queB(p, q, r, F)→ ∞ quando qp+. Mas, devido ao Teorema 3.4.1, conseguimos mostrar queB(p, q, r, F) possui uma cota superior uniforme emq. A prova de que

A(p, F) = p p+1

nep−1

Z

IRn

e−Fx∗0(x)dx

−pn

(29)

n˜ao foi poss´ıvel atrav´es de c´alculo direto como feito em [12], pois neste caso a f´ormula de co-´area n˜ao fornece uma express˜ao simples. Ent˜ao, utilizamos um m´etodo indireto, ou seja, associamos ao espa¸co tangente

Tx0M uma classe de desigualdades homogˆeneas de Gagliardo-Nirenberg ´otimas

Z

IRn|

u|rdx

p

≤A(p, q, r, Fx0)

p θ

Z

IRn

Fx0(∇u)dx

Z

IRn|

u|qdx

p(1

−θ)

(14)

que ´e v´alida devido ao Teorema 1.2.2 do Cap´ıtulo 1. Desta fam´ılia, derivamos a desigualdade logar´ıtmica ´

otima Euclidiana Z

IRn|

u|plog(|u|p)dx n plog

A(p, Fx0)

Z

IRn

Fx0(∇u)dx

parauW1,p(IRn) com||u||p= 1. Desta desigualdade juntamente com o Teorema 1.1 de [19], conclu´ımos (29).

(15)

Cap´ıtulo 1

Desigualdade homogˆ

enea de

Gagliardo-Nirenberg ´

otima Euclidiana

1.1

Introdu¸

ao

No espa¸co Euclidiano, a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´otima

Z

IRn|

u|rdx

p

≤A(p, q,p(q−1) p1 )

p θ

Z

IRn|∇

u|pdx

Z

IRn|

u|qdx

p(1

−θ)

θq

foi estudada por Del Pino e Dolbeault [12] no caso em que

r= p(q−1)

p1 , 1< p≤q≤

p(n1)

np e θ=

n(qp)

(np(np)q)(q1), (1.1) onde a constante ´otimaA(p, q,p(qp11)) ´e dada em (6).

As fun¸c˜oes extremais foram obtidas em [12] atrav´es do m´etodo variacional, resultado de simetria para um problema envolvendo o p- Laplaciano e unicidade para este mesmo problema.

Nosso objetivo neste cap´ıtulo, ser´a provar a validade da desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´

otima

Z

IRn|

u|rdx

p

≤A(p, q,p(q−1) p1 , f)

p θ

Z

IRn

f(u)dx

Z

IRn|

u|qdx

p(1

−θ)

θq

, (1.2)

onde a constante ´otimaA(p, q,p(qp11), f) ´e dada em (10),p, q er s˜ao coforme (1.1) e a fun¸c˜ao f :IRnIR

´ep- homogˆenea, convexa, par e positiva.

Para encontrarmos as fun¸c˜oes extremais para esta fam´ılia de desigualdades, n˜ao podemos usar o m´etodo empregado em [12], pois nossa fun¸c˜aof, em geral, n˜ao ´e radial. Esta nova dificuldade foi superada atrav´es do uso de elementos da teoria de transporte de massa.

A t´ecnica de transporte de massa, foi empregada pela primeira vez no estudo da desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´otima por Cordero-Erausquin, Nazaret e Villani [11]. Eles provaram a desigualdade ´otima (1.2) considerando a norma dual f(x) = ||x||p∗ = sup||y||≤1x·y, onde x ∈(IRn)∗, x·y =

Pn

(16)

Nossa argumenta¸c˜ao, ser´a baseada em um resultado de transporte de massa devido a Brenier [7] e posteriormente refinado por McCann [23], tamb´em usaremos resultados de an´alise convexa.

Encerraremos o cap´ıtulo, calculando as constantes ´otimas para uma fam´ılia de normas emIRn.

1.2

Desigualdade de Gagliardo-Nirenberg

Vamos iniciar esta se¸c˜ao, listando alguns elementos da teoria de transporte de massa.

Defini¸c˜ao 1.2.1. Sejam µ e ν duas medidas de Borel n˜ao-negativas em IRn com mesma massa total. Ent˜ao uma aplica¸c˜ao T :IRnIRn transporta µ emν se para todo Boreliano BIRn tivermos

ν[B] =µ[T−1(B)].

Ou de forma equivalente, para toda fun¸c˜ao de Borel n˜ao-negativab:IRnIR, Z

IRn

b(y)dν(y) =

Z

IRn

b(T(x))dµ(x). (1.3)

O principal ingrediente para provarmos a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg ´e o seguinte resultado obtido por McCann [23]

Teorema 1.2.1. Sejam µ e ν duas medidas de probabilidade em IRn e µ absolutamente cont´ınua com respeito a medidade de Lebesgue. Ent˜ao existe uma fun¸c˜ao convexa ϕ:IRnIR tal que ϕ transporta µ

em ν. Al´em disso, ϕ´e unicamente determinada µq.t.p..

O transporte ∇ϕ´e conhecido como aplica¸c˜ao de Brenier. Para nosso prop´osito, estaremos usando as seguintes medidas: dµ(x) =F(x)dxe dν(x) =G(x)dx, sendo F, Gfun¸c˜oes tais que

Z

IRn

G(x)dx=

Z

IRn

F(x)dx= 1.

Para toda fun¸c˜ao de Borel n˜ao-negativa b:IRnIR, podemos reescrever a igualdade (1.3) e encontramos

Z

IRn

b(y)G(y)dy=

Z

IRn

b(∇ϕ(x))F(x)dx. (1.4)

A identidade (1.4) mostra que ϕresolve a seguinte equa¸c˜ao de Monge-Amper`e

F(x) =G(ϕ(x))detD2ϕ(x), (1.5)

ondeD2ϕ´e a matriz Hessiana deϕe esta igualdade deve ser interpretado no sentido de Aleksandrov, isto ´e, como a parte absolutamente cont´ınua da Hessiana distribucional da fun¸c˜ao convexa ϕ, os detalhes a respeito de (1.5) poder˜ao ser encontrados em [24].

Defini¸c˜ao 1.2.2. O Laplaciano distribucional deϕ´e definido por

∆Dϕ[φ] =

Z

IRn

ϕ(x)∆φ(x)dx,

(17)

O pr´oximo lema foi provado em [11].

Lema 1.2.1. Sejam u, v C0∞(IRn), u, v >0, ||u||r =||v||r = 1 e p, q, r satisfazendo (1.1). Considere a

aplica¸c˜ao de Brenierϕ que transporta a medida urdx na medida vrdx. Ent˜ao

p(q1)

qp

Z

IRn

vqdx≤ −q

Z

IRn

uq−1uϕdx+p(q−1)−n(q−p)

qp

Z

IRn

uqdx.

Prova:

Considere F =ur e G=vr. Da equa¸c˜ao de Monge-Amp`ere (1.5),

G(∇ϕ(x)) p

−q

p(q−1) =F(x)

p−q

p(q−1)(det(D2ϕ(x)))− (p−q)

p(q−1), (1.6)

esta igualdade deve ser entendida no sentidoq.t.p.. No conjunto das matrizes sim´etricasn×nn˜ao-negativas, a aplica¸c˜ao M 7→(detM)− p

−q

p(q−1) ´e cˆoncava, pois 0 q−p

p(q−1) ≤ 1n uma vez queθ≤1. Da´ı,

pp−q

(q1)

−1

(detM)− p

q

p(q−1) =

pp−q

(q1)

−1

(det(I+ (MI)))− p

q

p(q−1)

pp−q

(q1)

−1

+ tr(MI) =

pp−q

(q1)

−1

1−n

pp−q

(q1)

+ tr(M).

Substituindo esta desigualdade em (1.6), encontramos

pp−q

(q1)

−1

G(ϕ) p

q

p(q−1) p(q−1)−n(q−p)

qp F

p−q

p(q−1) +F

p−q

p(q−1)ϕ.

Integrando em rela¸c˜ao `a medida F(x)dx e usando o transporte de massa (1.4) comb=G p

−q

p(q−1), temos

p(q1)

qp

Z

IRn

G

q(p−1)

p(q−1)dx

≤ p(q−1)q−n(q−p) −p

Z

IRn

F

q(p−1)

p(q−1)dx+

Z

IRn

F

q(p−1)

p(q−1)ϕdx. (1.7)

Por [17], segue que ∆ϕ ∆Dϕ no sentido das distribui¸c˜oes. Por outro lado, como u, v tˆem suporte

compacto, a aplica¸c˜ao ∇ϕ ´e limitada no conjunto supp(u), pois ∇ϕ(supp(u)) ⊂ supp(v) ver [34], onde “supp”denota o suporte. Integrando por partes, encontramos

Z

IRn

F

q(p−1)

p(q−1)ϕdx

Z

IRn

F

q(p−1)

p(q−1)

Dϕdx=−

Z

IRn∇

(F

q(p−1)

p(q−1))ϕdx. (1.8)

Substituindo as fun¸c˜oes F e G pelas suas defini¸c˜oes e lembrando que r = p(qp11), temos, ap´os substituir (1.8) em (1.7),

p(q1)

qp

Z

IRn

vqdx≤ −q

Z

IRn

uq−1uϕdx+p(q−1)−n(q−p)

qp

Z

IRn

uqdx.

Considere f :IRnIR uma fun¸c˜ao satisfazendo as seguintes propriedades:

(18)

para todoλ0,

f((1 +µ)x+µy)(1 +µ)f(x) +µf(y) (convexidade) (P.2) para todox, yIRn, µ[0,1],

f(x) =f(−x) (simetria) (P.3)

para todoxIRn,

f(x)>0 (positividade) (P.4)

para todox6= 0.

Denotaremos por f∗ a transformada de Legendre da fun¸c˜ao f, cuja defini¸c˜ao ´e

f∗(x) = sup

y∈IRn{x·y−f(y)}.

´

E f´acil verificar que a transformada de Legendre satisfaz as propriedades (P.2), (P.3) e (P.4), al´em disso ´e

p′ - homogˆenea, onde 1p +p1′ = 1.

O pr´oximo lema, estabelece uma rela¸c˜ao entre a fun¸c˜ao f e sua transformada de Legendre f∗. Esta rela¸c˜ao, embora simples, ser´a de grande utilidade neste e no pr´oximo cap´ıtulo.

Lema 1.2.2. Sejam f uma fun¸c˜ao satisfazendo (P.1), (P.2) e(P.4) e 1< p <. Ent˜ao

(p1)f(∇f∗(x)) =f∗(x),

no sentido q.t.p..

Prova:

Pela convexidade da fun¸c˜aof, temosf∗∗=f, este ´e um resultado cl´assico de an´alise convexa que pode ser encontrado, por exemplo, em [8] Teorema 1.10. Logo,

f(x) = sup

y∈IRn{x·y−f

(y)}.

A convexidade da fun¸c˜aof∗ implica que∇f∗(x) existeq.t.p.e que ∇f∗(x)·xf∗(x)≥ ∇f∗(x)·yf∗(y) para todo y IRn e q.t.p. em x. Como esta desigualdade ´e v´alida para todo y IRn, pela defini¸c˜ao da transformada de Legendre, temos

f(∇f∗(x))≤ ∇f∗(x)·xf∗(x).

Pela defini¸c˜ao da fun¸c˜aof∗, verificamos que

f∗(x)≥ ∇f∗(x)·xf(f∗(x)).

Portanto,

(19)

no sentidoq.t.p.. Por outro lado, ap′-homogeneidade def∗ implica quef∗(x)·x=p′f∗(x). Substituindo esta igualdade na anterior, obtemos

f(f∗(x)) = (p′1)f∗(x).

Agora vamos estabelecer a desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg ´otima Euclidiana, este ´e o principal resultado desta se¸c˜ao.

Teorema 1.2.2. Sejam 1< p < n ef satisfazendo as propriedades de (P.1), (P.2), (P.3) e (P.4). Ent˜ao para toda fun¸c˜ao uDp,q(IRn), temos

||u||r ≤A(p, q,

p(q1)

p1 , f)||f(∇u)||

θ p

1||u||1q−θ (1.9)

onde p, q, r eθ s˜ao como em (1.1). Al´em disso, todas as fun¸c˜oes extremais de(1.9) s˜ao dadas poru(x) =

αw(β(xx0)), sendo αIR, β 6= 0, x0 ∈IRn e w´e dada em(9).

Prova:

Seja u Dp,q(IRn). Podemos assumir que u tem suporte compacto (por densidade), ´e n˜ao-negativa (pois ∇|u|=±∇u q.t.p.) e ||u||r = 1 (por homogeneidade).

Defina F = ur e G = wr em IRn, onde a fun¸c˜ao w ´e conforme o enunciado do teorema. Seja ∇ϕ

a aplica¸c˜ao de Brenier que transporta F(x)dx `a G(x)dx. Utilizando a desigualdade de Fenchel x·y f(x) +f∗(y), comx=−∇uey=uq−1ϕ, e as hip´oteses quef ´e par e r= p(qp11) no Lema 1.2.1, obtemos

p(q1)

q(qp)

Z

IRn

wqdx

Z

IRn

f(∇u)dx+

Z

IRn

urf∗(∇ϕ)dx+p(q−1)−n(q−p)

q(qp)

Z

IRn

uqdx. (1.10)

Agora, usando f∗ no lugar de bem (1.4), substituindo uλ(x) =λ

n(p−1)

p(q−1)u(λx) no lugar deu e sendoλ >0,

K1λn(p

−q)+p(q−1)

q−1 ||f(u)||

1+K2λ

n(p−q)

p(q−1)||u||q

q, (1.11)

onde

K1 =

p(q1)

q(qp)

Z

IRn

wqdx

Z

IRn

f∗(x)wrdx

e

K2=

p(q1)n(qp)

q(qp) ≥0.

Minimizando em λ, segue a desigualdade homogˆenea de Gagliardo-Nirenberg. Os c´alculos a seguir s˜ao independentes de (1.11), em particular, eles nos mostram queK1 >0.

Agora, vamos mostrar que w ´e uma fun¸c˜ao extremal para esta desigualdade. Para isto ´e suficiente checarmos que a desigualdade (1.10) torna-se igualdade quando u = w. De fato, igualdade em (1.10) implica igualdade em (1.11) com λ = 1. Logo, o ´ınfimo em (1.11) ´e atingido. Isto mostra que w ´e uma fun¸c˜ao extremal para (1.9).

(20)

Utilizando integra¸c˜ao por partes e a propriedadef∗(x)·x= pp1f∗(x), a qual segue dap′- homogeneidade de f∗, temos

Z

IRn

wqdx= 1

n

Z

IRn

(σ+q−p

p1f

(x))−q(p−1)

q−p div(x)dx

= q

n

Z

IRn

(σ+q−p

p1f

(x))−p(q−1)

q−p ∇f(x)·xdx= pq

n(p1)

Z

IRn

(σ+q−p

p1f

(x))−p(q−1)

q−p f(x)dx

= pq

n(p1)

Z

IRn

f∗(x)wp(q

−1)

p−1 dx.

Do Lema 1.2.2,

Z

IRn

f(w)dx=

Z

IRn

f((σ+q−p

p1f

(x))−q−1

q−pf(x))dx

= 1

p1

Z

IRn

(σ+q−p

p1f

(x))−p(q−1)

q−p f∗(x)dx= 1

p1

Z

IRn

f∗(x)wp(q

−1)

p−1 dx.

Substituindo estas igualdades em (1.10) e usando f∗ no lugar de b em (1.4), encontramos a igualdade procurada.

Para mostrar que todas as fun¸c˜oes extremais s˜ao da forma u(x) =αw(β(xx0), basta seguir a prova do Teorema 5 de [11], fazendo pequenas modifica¸c˜oes ´obvias.

Com isto, conclu´ımos o teorema.

No teorema anterior, tomandoq= p(nnp1) temosθ= 1 er=p∗. Ent˜ao, obtemos a seguinte desigualdade homogˆenea de Sobolev ´otima Euclidiana

Teorema 1.2.3. Sejam 1< p < n e f satisfazendo as propriedades de (P.1), (P.2), (P.3) e(P.4). Ent˜ao, para toda fun¸c˜ao uD1,p(IRn), temos

||u||p∗ ≤A(p, f)||f(∇u)||

1

p

1 (1.12)

onde A(p, f) =A(p,p(nnp1),p(qp11), f). Al´em disto, todas as fun¸c˜oes extremais para a desigualdade (1.12)

s˜ao da formau(x) =αw(β(xx0))paraα∈IR, β= 06 ,x0∈IRn ew´e definida em(9)usandoq = p(nnp1).

1.3

Exemplo

Como uma aplica¸c˜ao dos resultados anteriores, vamos calcular as constantes ´otimas das desigualdades de Gagliardo-Nirenberg e Sobolev para uma fam´ılia de normas.

Denote por fµ:IRn→IR a norma µ, ou seja,fµ(x) = 1p|x|pµ, onde|x|µ= (Pni=1|xi|µ)

1

µ para 1µ < e

|x|∞= max{|xi|;i= 1,· · · , n}.

Para calcular as constantes ´otimas, necessitaremos da transformada de Legendre da fun¸c˜aofµ. Vamos registrar esse fato no seguinte lema:

Lema 1.3.1. Seja fµ como acima. Ent˜ao a transformada de Legendre de fµ ´e dada por fµ∗(x) = p1′|x|

p′

ν,

onde 1p +p1′ = 1 e 1

µ+ 1ν = 1. Como caso limite temos f1∗(x) = p1′|x|

p′

∞ ef∞∗ (x) = p1′|x|

p′

(21)

Prova:

Suponha 1 < µ < . Note que, pela defini¸c˜ao da transformada de Legendre, fµ∗ ´e p′ - homogˆenea e satisfaz as condi¸c˜oes (P.2), (P.3) e (P.4).

Pelo Lema 1.2.2, trocandofµ∗ porfµ e comofµ∗∗=fµ, temos (p′1)fµ∗(fµ(x)) =fµ(x).

Substituindofµ(x) =|x|pµ−µ(|x1|µ−2x1,· · ·,|xn|µ−2xn) na igualdade acima, decorre que

p1

p |x|

p

µ=fµ∗(∇fµ(x)) =fµ∗(|x|pµ−µ(|x1|µ−2x1,· · · ,|xn|µ−2xn)) =|x|µp′(p−µ)fµ∗((|x1|µ−2x1,· · ·,|xn|µ−2xn)),

pois 1p +p1′ = 1.

Usando o fato queν ´e o conjugado deµ, segue da igualdade anterior que

fµ∗((|x1|µν−1x1,· · ·,|xn| µ

ν−1xn)) = 1

p′|x|

p′µ

ν

µ .

Fazendo a mudan¸ca de vari´avelyi =|xi|

µ

ν−1xi, vemos que a transformada de Legendre defµ ´e dada por

fµ∗(y) = 1

p′|y|

p′

ν.

Como caso limite desta desigualdade, deduzimos que f1∗(y) = p1′|y|

p′

∞ ef∞∗ (y) = p1′|y|

p′

1.

Teorema 1.3.1. Seja 1µ≤ ∞. Ent˜ao as constantes ´otimas das desigualdades de Sobolev e Gagliardo-Nirenberg s˜ao dadas, respectivamente, por

A(p, f1) =p1p

π

2Γ(n2 + 1)n1

A(p),

A(p, fµ) =p1p Γ(

1 2 + 1) Γ(1ν + 1)

!

Γ(nν + 1) Γ(n2 + 1)

n1

A(p),

A(p, q, f1) =pθp

π

2Γ(n2 + 1)n1

A(p, q,p(q−1) p1 ),

e

A(p, q, fµ) =p

θ p Γ(

1 2 + 1) Γ(1ν + 1)

Γ(nν + 1) Γ(n2 + 1)

nθ

A(p, q,p(q−1) p1 ),

(22)

Prova:

Suponha 1< µ≤ ∞. Durante a prova, necessitaremos da identidade

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|

2−ν

ν dS(y) = 2nΓ(

1 ν)n

νΓ(nν + 1), (1.13)

ondeSn−1 denota a esfera emIRn de raio 1 e Γ ´e a fun¸c˜ao gama. Para provar esta igualdade, tome a carta

ψ : Dn−1 IRn−1 Sn−1 definida por ψ(y1,· · ·, yn−1) = (y1,· · ·, yn−1,(1−(y21 +· · ·+y2n−1))

1

2), onde

Dn−1 denota o disco unit´ario em IRn−1. Denotando por g a m´etrica Riemanniana de Sn−1 induzida de

IRn, temos que detg= 1(y2 1

1+···+y2n−1) na carta ψ. Da´ı,

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|

2−ν

ν dS(y) = 2

Z

Dn−1

|y1|

2−ν

ν × · · · × |yn1|2

ν

ν ×(1−(y2

1+· · ·+yn2−1))

2−ν

(1(y2

1+· · ·+y2n−1))

1 2

dy

= 2

Z

Dn−1|

y1|

2−ν

2 × · · · × |yn1| 2−ν

ν ×(1−(y2

1 +· · ·+yn2−1))

1−ν ν dy

= 2

Z 1

0

Z

Sn−2|

y1|

2−ν

ν × · · · × |yn1|

2−ν

ν ×(1−r2)

1−ν ν ×r

(2−ν)(n−1)

ν +n−2dS(y)dr

= 2

Z 1

0

(1−r2)1−ννr

2(n−1)

ν −1dr

Z

Sn−2|

y1|

2−ν

ν × · · · × |yn1|

2−ν ν dS(y).

Usando indu¸c˜ao sobren, obtemos

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|2−ννdS(y) = 2n

n−1

Y

i=1

Z 1

0

(1−r2)1−ννr

2(n−i)

ν −1dr. (1.14)

Por mudan¸ca de vari´avel, segue que

Z 1

0

(1−r2)1ν−1r

2(n−i)

ν −1dr= 1

2

Z 1

0

(1−t)ν1−1tn

i

ν −1dt.

Reescrevendo a integral acima, usando a fun¸c˜ao gama, ou seja, da propriedade

Z 1

0

tx−1(1t)y−1dt= Γ(x)Γ(y) Γ(x+y), ondex, y >0, este fato pode ser encontrado em [2],

temos

1 2

Z 1

0

(1−t)1ν−1t n−i

ν −1dt= 1

2

Γ(nν−i)Γ(ν1) Γ(n−νi+1) .

Finalmente, substituindo esta igualdade em (1.14) e usando a propriedade Γ(x+ 1) = xΓ(x), obtemos (1.13).

Para calcular a constante ´otimaA(p, q, fµ), basta considerar qualquer fun¸c˜ao minimizadora do Teorema 1.2.2 com rela¸c˜ao `a fun¸c˜ao fµ, pois (8) ´e invariante por homotetia, transla¸c˜ao e dilata¸c˜ao.

Ent˜ao, passaremos a calcular as integrais da seguinte igualdade:

A(p, q, fµ) = ||wµ||r||wµ|| 1−θ q

||fµ(∇wµ)||

θ p

1

(23)

onde wµ ´e uma fun¸c˜ao extremal de (1.9), que iremos tomar como sendo wµ(x) = 1 +fµ∗(x)

−pqp1

. Apli-cando o Lema 1.3.1 nessa igualdade, temos

wµ(x) =

1 + 1

p′|x|

p′

ν

pp1q

.

A primeira integral de (1.15) a ser calculada ´e

||fµ(∇wµ)||1. Comowµ= pp−1q(1 +p1′|x|

p′

ν)

q−1

p−q|x|p ′

−ν

ν xνi−1 e sendoν = (ν−1)µ, temos

fµ(∇wµ) = 1

p

p1

qp

p

(1 + 1

p′|x|

p′

ν)

p(q−1)

p−q |x|p ′

ν . Fazendo a mudan¸ca de vari´avel

xi=p′p1′

|yi|2−ννyi,

encontramos

Z

IRn

fµ(∇wµ)dx=

p′ pp

′pn′

2

ν

n

p1

qp

pZ

IRn

(1 +|y|2p

ν ) p(q−1)

p−q |y|2p

ν

n

Y

i=1

|yi|

2−ν

ν dy

= p

pp

pn′

2

ν

n

p1

qp

pZ ∞

0

r2(p

+n)

ν −1

(1 +r2p

ν ) p(q−1)

q−p

dr

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|

2−ν ν dS(y).

Fazendo outra mudan¸ca de vari´avelt=r2p

ν , temos

Z

IRn

fµ(∇wµ)dx= 1

pp

pn′

2 ν n ν 2

p1

qp

pZ ∞

0

tpn′

(1 +t)p(q

−1)

q−p

dt

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|

2−ν ν dS(y).

Aplicando a propriedade da fun¸c˜ao gama

Z ∞

0

tx−1

(1 +t)x+ydt=

Γ(x)Γ(y)

Γ(x+y) (1.16)

juntamente com a identidade (1.13) na igualdade acima, obtemos

Z

IRn

fµ(∇wµ)dx= p

′pn′

p n

2

ν

n

p1

qp

p Γ(n

p′ + 1)Γ(

p(q−1)

q−p −pn′ −1)

Γ(p(qqp1))

Γ(1ν)n Γ(nν + 1). Como

p(q1)

qp − n p′ −1 =

p1

p

pqnq+np qp

e

Γ(p(q−1)

qp ) =

q(p1)

qp Γ(

q(p1)

(24)

ent˜ao

Z

IRn

fµ(∇wµ)dx=

p′pn′

pq n

2

ν

n

qp p1

p1

qp

p Γ(n(p−1)

p + 1)Γ( p−1

p

pq−nq+np q−p ) Γ(q(pqp1))

Γ(1ν)n

Γ(nν + 1), (1.17)

onde tamb´em usamos o fato que 1p +p1′ = 1.

Assim, conclu´ımos a primeira etapa. A pr´oxima integral a ser calculada ´e

||wµ||qq.

Usando a mudan¸ca de vari´avel

xi=p′

1

p′

|yi|

2−ν ν yi,

temos

Z

IRn

wµqdx=

Z

IRn

(1 + 1

p′|x|

p′

ν)

q(p−1)

p−q dx=p′ n p′ 2 ν nZ IRn

(1 +|y|

2p′

ν

2 )

q(p−1)

p−q

n

Y

i=1

|yi|

2−ν ν dy

=p′pn′

2

ν

nZ ∞

0

r2nν−ν

(1 +r2p

ν ) q(p−1)

q−p

dr

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|

2−ν ν dS(y).

Com uma outra mudan¸ca de vari´avelt=r2p

ν , encontramos

Z

IRn

wµqdx=p′pn′

2

ν

n

ν

2p′

Z ∞

0

tpn′−1

(1 +t)q(p

1)

q−p

dt

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|

2−ν ν dS(y).

Usando a propriedade (1.16) e a igualdade (1.13), deduzimos

Z

IRn

wµqdx=p′pn′

2 ν n n p′

Γ(pn′)Γ(

q(p−1) q−p −

n p′)

Γ(q(pqp1))

Γ(1ν)n Γ(nν + 1). Como

q(p1)

qp − n p′ =

p(q1)

qp − n p′ −1 =

p1

p

pqnq+np qp

e tamb´em usando a propriedade Γ(pn′) =

p′

nΓ(pn′ + 1), ficamos com a identidade

Z

wqµdx=p′pn′

2

ν

nΓ(n(p−1)

p + 1)Γ( p−1

p

pq−nq+np q−p ) Γ(q(pqp1))

Γ(1ν)n

Γ(nν + 1). (1.18)

E fica encerrado o c´alculo da segunda integral. A ´ultima integral a ser calculada ´e

||wµ||rr. Novamente usando a mudan¸ca de vari´avel

xi =p′

1

p′

|yi|

(25)

segue

Z

IRn

wµrdx=

Z

IRn

(1 + 1

p′|x|

p′

ν)

p(q−1)

p−q dx=p′ n p′ 2 ν nZ IRn

(1 +|y|

2p′

ν

2 )

p(q−1)

p−q

n

Y

i=1

|yi|

2−ν ν dy

=p′pn′

2

ν

nZ ∞

0

r2nν−ν

(1 +r2p

ν ) p(q−1)

q−p

dr

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|2−ννdS(y).

Ainda, fazendo a mudan¸ca de vari´avelt=r2p

ν , obtemos

Z

IRn

wµrdx=p′pn′

2

ν

n

ν

2p′

Z ∞

0

tpn′−1

(1 +t)p(q

−1)

q−p

dt

Z

Sn−1

n

Y

i=1

|yi|2−ννdS(y).

Da propriedade da fun¸c˜ao gama (1.16) e da igualdade (1.13), temos

Z

IRn

wµrdx=p′pn′

2 ν n n p′

Γ(pn′)Γ(

p(q−1) q−p −pn′)

Γ(p(qqp1))

Γ(1ν)n

Γ(nν + 1). (1.19)

Como

p(q1)

qp − n p′ =

q(p1)

qp − n p′ + 1 =

p1

p

pqnq+np qp + 1,

usando as propriedades Γ(pn′) =

p′

nΓ(pn′ + 1) e

Γ(p(q−1)

qp − n p′) =

p1

p

pqnq+np qp Γ(

p1

p

pqnq+np qp )

e substituindo em (1.19), nos d´a

Z

IRn

wµrdx=p′pn′

2

ν

n

pqnq+np pq

Γ(n(pp−1) + 1)Γ(p−p1pq−qnq+npp )

Γ(q(pqp1))

Γ(1ν)n

Γ(nν + 1). (1.20) E assim, conclu´ımos o c´alculo da ´ultima integral.

Como θ= (np(nn(qp)q)(qp) 1) er = p(qp11), segue, por alguns c´alculos simples,

θ p +

1θ q −

1

r = θ n.

Desse fato, mais (1.17), (1.18) e (1.20) substitu´ıdos em (1.15), deduzimos

A(p, q, fµ) =

p′pn′ 2

ν

n pq−nq+np

pq

1r

p′pn′ 2

ν

n

1−θ q

p′

n p′

pq n ν2

n qp

p−1

p−1 q−p

p

θ p

(Λ)nθ Γ(

n ν + 1) Γ(1ν)n

!nθ

,

onde

Λ = Γ(

q(p−1) q−p )

(26)

Como (p1′)

θ p′

= (p−p1)θ(p−p1)−θp, Γ(1

2) =π

1

2 e por 6, obtemos

A(p, q, fµ) =ppθA(p, q,p(q−1)

p1 )

Γ(12 + 1) Γ(1ν + 1)

Γ(nν + 1) Γ(n2 + 1)

θn

.

Fazendo µ1, encontramos

A(p, q, f1) =pθpA(p, q,p(q−1)

p1 )

π12

2Γ(n2 + 1)n1

.

(27)

Cap´ıtulo 2

Desigualdade homogˆ

enea de Sobolev

´

otima Riemanniana

2.1

Introdu¸

ao

Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta de dimens˜ao n. Considere F : T M IR com

F ∈ F. ´E f´acil obter constantesA, BIR tais que a desigualdade homogˆenea de Sobolev Riemanniana

Z

M|

u|p∗dvg

pp∗

≤A

Z

M

F(∇gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg (2.1)

´e v´alida para toda fun¸c˜ao uH1,p(M). Diremos que

A0(p, F) = inf{AIR; existe B IR tal que (2.1) ´e v´alida}. (2.2) ´e aconstante ´otima.

Neste cap´ıtulo, estudaremos a validade e n˜ao-validade da desigualdade homogˆenea de Sobolev ´otima

Z

M|

u|p∗dvg

pp∗

≤A0(p, F)

Z

M

F(∇gu)dvg+B

Z

M|

u|pdvg. (2.3)

Nossa primeira meta ser´a estabelecer resultados que nos permitam transitar entre as desigualdades Eu-clidiana e Riemanniana. Isto permitir´a encontrar uma rela¸c˜ao entre as constantes ´otimas Euclidiana e Riemanniana. No caso cl´assico (F([x, i, v]) =|[x, i, v]|p), a desigualdade ´otima foi provada para 1< p2 em 1999, de forma independe, por Aubin e Li [5] e por Druet [14].

A n˜ao-validade, para 2< p < n+23 , da desigualdade ´otima (2.3), foi provada em 1998 por Druet [13] no caso cl´assico.

(28)

2.2

Desigualdade de Sobolev com

ǫ

Iniciaremos o cap´ıtulo listando defini¸c˜oes e resultados de topologia diferencial, que servir´a como re-ferˆencia ao longo do texto.

Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimens˜ao n. Ofibrado tangente de M ´e definido por:

T M ={[x, i, v];xM, iΛ, vIRn},

onde Λ ´e um conjunto de ´ındices. A classe de equivalˆencia ´e definida da seguinte forma: sejamϕi eϕj dois sistemas de coordenadas, x, yM e v, wIRn, ent˜ao [x, i, v] = [y, j, w] se:

1)x=y

2)D(ϕjϕ−i 1)(ϕi(x))v=w, ondeDdenota a derivada de uma aplica¸c˜ao deIRn emIRn.

Seja p :T M M uma aplica¸c˜ao definida por [x, i, v] 7→ x. ´E f´acil ver que esta aplica¸c˜ao est´a bem definida.

Para U M um aberto, denotaremos por T U = p−1(U); e o espa¸co tangente num ponto x M por

TxM =p−1(x). Dada uma carta (ϕi, Ui) a aplica¸c˜ao

Tϕi : T Ui→ϕi(Ui)×IRn⊂IRn×IRn

[x, i, v]7−→i(x), v), (2.4)

est´a bem definida e ´e bijetora. Destas observa¸c˜oes verificamos que a aplica¸c˜ao

(Tϕj)(Tϕi)

−1: ϕi(U

i∩Uj)×IRn→ϕj(Ui∩Uj)×IRn (y, v)7−→(ϕjϕ−i 1(y), D(ϕjϕ−i 1)(y)v),

´e um homeomorfismo. Ent˜ao,T M tem uma topologia que faz cadaTϕi um homeomorfismo e esta topologia

´e ´unica. Como ϕjϕ−i 1 ´e suave, segue que Tϕj(Tϕi)−1 tamb´em ´e suave. Logo, T M ´e uma variedade suave

de dimens˜ao 2n, cujas cartas naturais s˜ao dadas por (Tϕi, T Ui).

O espa¸co vetorial dual do espa¸co tangente TxM, ´e chamado espa¸co cotangente de M em x, denotaremos tal espa¸co porTx∗M.

O fibrado vetorial sobreM cuja fibra no pontox´eTx∗M, ser´a denotado porT∗M e chamaremos defibrado cotangente.

Vamos escrever, de modo gen´erico, < ·,· >g para denotar o produto interno dado pela m´etrica g em espa¸co tangente, ou seja, <[x, i, v],[x, i, w]>g=g(x)([x, i, v],[x, i, w]) com [x, i, v],[x, i, w]∈TxM.

Estaremos denotando por

| · |=<·,·>

1 2

g, (2.5)

a norma que prov´em da m´etricag. Tamb´em estaremos denotando por|·|a norma Euclidiana, por´em ficar´a claro no contexto `a qual norma estaremos nos referindo.

Sejam (αi)i=1,···,n uma base paraTxM e (βj)j=1,···,n uma base paraTx∗M, suponha αi = ∂xi,βj =dxj em coordenadas locais, ent˜ao temos que a m´etrica no fibrado cotangente, nestas coordenadas locais, ´e dada por << ω, η >>g= gij(x)ωiηj, onde ω = ωidxi, η = ηidxi ∈ Tx∗M e (gij) ´e a matriz inversa da m´etrica (gij). Aqui, e no que segue, estaremos usando a conven¸c˜ao de Einstein para soma, isto ´e, ηidxi ´e uma abrevia¸c˜ao para Pn

i=1ηidxi egij(x)wiηj paraPni=1

Pn

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