Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha
ISSN: 1665-0204
rebasa@hmo.megared.net.mx
Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, S.C.
México
Daiuto, Érica Regina; Lopes Vieites, Rogério; Tremocoldi, Maria Augusta; Citadini Russo, Viviane TAXA RESPIRATÓRIA DE ABACATE "HASS" SUBMETIDO A DIFERENTES TRATAMENTOS
FÍSICOS.
Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, vol. 10, núm. 2, 2010, pp. 101-109 Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, S.C.
Hermosillo, México
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=81315091006
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Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
TAXA
RESPIRATÓRIA
DE
ABACATE
‘HASS’
SUBMETIDO
A
DIFERENTES
TRATAMENTOS
FÍSICOS
Érica Regina Daiuto1, Rogério Lopes Vieites2, Maria Augusta Tremocoldi3, Viviane Citadini
Russo4 1
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – UNESP, cidade de
Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. CP:237, tel: (55‐1438117172), email: erdaiuto@uol.com.br tel:
(14)97540158. 2, 3 e 4
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho
– UNESP, cidade de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. CP:237, tel: (55‐1438117172), email:
vieites@fca.unesp.br
Palavras – chave: Persea americana Mill, respiração, perda de massa, radiação gama e UV‐C, tratamento hidrotérmico.
RESUMO
O objetivo da pesquisa foi verificar o efeito do tratamento térmico, ultravioleta (UV‐C) e irradiação gama na
perda de massa e atividade respiratória de frutos de abacate da variedade ‘Hass’. Após seleção, os frutos foram
submetidos a banho‐maria à 45ºC por 5, 10, 15 e 20 minutos. As doses de irradiação gama avaliadas foram de
0,2; 0,4; 0;6 e 1,0 KGy. Os frutos foram tratados com raios ultravioleta (UV‐C com λ=250nm), sendo a distância
dos frutos à fonte de luz de 20 cm e o período de exposição de 5, 10, 15, 20 minutos. Ao longo do período de
armazenamento ocorreu aumento da perda de massa. No tempo 12 o tratamento irradiado diferiu dos demais
pela maior perda de massa. Quanto a taxa respiratória, o tratamento com irradiação gama diferenciou dos
demais pela maior taxa de respiração sob temperatura ambiente. Ocorreu aumento da taxa respiratória até o
9º dia de armazenamento para todos tratamentos, sendo um pico mais pronunciado observado no tratamento
com irradiação gama. Tanto o tratamento térmico como o UV sob refrigeração resultaram numa redução no
pico respiratório comparados à testemunha. No tratamento com irradiação gama todas as doses apresentaram
valores de taxa respiratória superiores a testemunha. No tratamento UV de modo geral o tempo de exposição
de 5 minutos foi o que mostrou menor taxa respiratória. No tratamento térmico os tempos foram 10 e 15
minutos.
RESPIRATORY TAX OF AVOCADO ‘HASS’ SUBMITTED TO DIFFERENT PHYSICAL TREATMENTS
Key words: Persea americana Mill, weight loss, UV‐C and gamma radiation, hydrothermal treatment.
ABSTRACT
The aim of this work was to verify the treatment thermal, ultraviolet (UV‐C) and gamma irradiation effect in the
weight loss and breathing activity ‘Hass” avocado. After selection, the fruits were submitted to thermal
treatment at 45ºC for 5, 10, 15 and 20 minutes. The gamma irradiation concentrations evaluated were of 0.2;
0.4; 0.6 and 1.0 kGy. Fruits were treated with ultraviolet rays (UV‐C =250nm), being the distance of the fruits to
the source of light of 20 cm and the period of exhibition of 5, 10, 15, 20 minutes. Along the storage period it
happened increase of the weight loss. In the time 12 the irradiated treatment differed of the others for the
largest weight loss. The rates breathing, the treatment with irradiation range differentiated of the others for the
largest rates breathing under room temperature. It happened increase of them rates breathing to the 9th day of
storage for all treatments, being a more pronounced pick observed in the treatment with gamma irradiation. As
much the thermal treatment as UV under refrigeration they resulted in a reduction in the breathing pick
compared to the witness. In the treatment with gamma irradiation, all the doses presented values of rates
breathing superiors the witness. In the treatment UV in general the time of exhibition of 5 minutes was what
showed smaller breathing. In the thermal treatment the times were 10 and 15 minutes.
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
INTRODUÇÃO
O abacate (Persea americana Mill.)
destaca‐se pelo seu valor nutritivo, sendo rico
em vitaminas e destacando‐se a quantidade de
lipídeos com alto teor de ácidos graxos
insaturados que trazem benefícios à saúde
(Berrgh, 1992 citado por Gómez‐López, 2002;
Salgado et al., 2008). É cultivado em países de
regiões tropicais e subtropicais (Teixeira,1991)
e as variedades mais valorizadas para
exportação são Hass e Fuerte, frutos de
calibres menores ( Daiuto e Vieties, 2008).
Existem entraves à comercialização do
abacate. É um fruto climatérico que apresenta
alta taxa respiratória e produção elevada de
etileno após a colheita, o que lhe confere alta
perecibilidade sob condições ambientais
(Kader, 1992), portanto, o controle do
amadurecimento é fundamental para o
aumento da vida útil após colheita, visando
mercado interno e exportação de frutas (Kluge
et al., 2002).
Mesmo que sejam atendidas as melhores
recomendações de ambiente para
conservação pós‐colheita, a qualidade das
frutas e hortaliças se degrada como resultado
de suas atividades biológicas, ao menos no
que se refere ao consumo de matéria seca
devido à respiração, ao amadurecimento
causado pelas atividades metabólicas e à
perda de massa relacionada com a
transpiração, dentre outros (Honório e
Moretti, 2002). As alterações associadas com o
amadurecimento, como amolecimento,
hidrólise de amido, alterações na cor e no
sabor e síntese de novas substâncias, podem
ser atribuídas à energia proveniente da
atividade respiratória. O controle da
respiração constitui o princípio básico de
frutas e hortaliças (Spoto e Gutierrez, 2006).
O principal método para a manutenção da
qualidade das frutas após a colheita é a
refrigeração, sendo efetivo por retardar e
moderar os processos metabólicos envolvidos
na maturação (ação das enzimas degradativas
e oxidativas), reduzir a produção e ação do
etileno, retardar o crescimento dos
microrganismos, sendo a eficiência de controle
maior quanto mais rápido se processa o
resfriamento após a colheita (Barkai‐Golan,
2001 apud por Silveira, 2005).
Entre outras técnicas utilizadas estão o
tratamento com fungicidas, controle de
temperatura e umidade, aplicação de ceras e
outras coberturas (Oliveira, 1996) e o uso de
embalagens e/ou filmes plásticos (Teixeira,
1991). Alternativas como uso de irradiações e
tratamento térmico têm sido pesquisadas.
Associada aos procedimentos pós‐colheita
normalmente empregados, as radiações gama,
em baixos níveis de dose, são um excelente
método para prolongar a vida comercial das
frutas, retardando os processos de
amadurecimento e senescência, bem como
reduzindo significativamente o apodrecimento
causado por fungos e bactérias patogênicas
(Käferstein e Moy, 1993). Há alguns
inconvenientes em usar a irradiação, pois
dependendo da dosagem, pode provocar
escurecimento, perda de firmeza,
aparecimento de depressões superficiais,
amadurecimento anormal e perda de aroma e
sabor nos produtos (Chitarra e Chitarra, 2005).
A irradiação pode reduzir a perda de
umidade, prevenir a germinação e estender a
vida de armazenamento, se utilizada como
tratamento suplementar à refrigeração (Wang,
1999).
Poucos trabalhos são apresentados
utilizando‐se a irradiação UV na conservação
de alimentos, em especial do abacate. A
radiação UV constitui a parte do espectro
eletromagnético compreendido entre luz
visível e raio‐X. Este é formalmente levado
como incluindo todos os comprimentos de
ondas entre 10nm a 400nm. Além disso, todos
menos os comprimentos de onda de UV mais
curtos são não‐ionizantes. O espectro UV tem
sido subdividido em parte nas bases das
características da radiação e em parte por
quem emprega também a UV na indústria,
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
ondas da UV mais curtos são tipicamente
referidos como ‘UV vácuo’ devidos a eles
serem fortemente absorvidos pelo ar. As
outras importantes divisões são UV‐A: 315‐400
nm, UV‐B: 280‐315 nm e UV‐C: 100‐280 nm.
Os mais longos tem sido referidos como ‘UV
germicida’. Os comprimentos de ondas mais
curtos do espectro UV são também mais
energéticos e todos que previamente
proporcionam efeitos benéficos têm sido
relacionados aos comprimentos de ondas da
região da UV‐C. Um parâmetro crítico na
indução dos efeitos benéficos em produtos
frescos é a dose de UV, que é essencial para
ter conhecimento do intervalo da dose, a qual
induz o efeito desejado nos estudos
laboratoriais (Phillips, 1983).
A irradiação ultravioleta (UV‐C) tem sido
proposta como método possível para a
desinfecção superficial de pequenos frutos
(Phillips; Barkai‐Golan, 1991; Islam et al., 1998;
De Cal e Melgarejo, 1999), sendo então,
mostrada como método de controle da
deterioração fúngica (Baka et al., 1999; Lu et
al., 1987, 1991; Stevens et al., 1990), por
reduzir o crescimento microbiano em frutas e
vegetais, principalmente a radiação
ultravioleta de onda curta, a UV‐C (Marquenie
et al., 2003; Stevens et al., 1998; Vicente et al.,
2005).
O processamento térmico tem sido
utilizado em pós‐colheita para resolver o
problema de contaminação de doenças
fungicas e infestação de insetos em frutos
(Fawcett, 1922 apud Couey, 1989) ou para
diminuir problemas de baixas temperaturas de
armazenamento (Kluge et al., 2006). Neste
caso os tratamentos térmicos são realizados
antes da refrigeração, na forma de
condicionamento, ou durante o
armazenamento refrigerado, na forma de
aquecimento intermitente. O
condicionamento térmico consiste em expor
as frutas a temperaturas moderadas (15 a
25°C) ou elevadas (37 a 53°C), por curtos
períodos, antes de refrigerá‐los. Já o
aquecimento intermitente consiste na
interrupção da baixa temperatura de
armazenamento, por um ou mais Ensaios
preliminares mostraram que os frutos de
abacate quando submetidos a tratamento
térmico possuem a atividade das enzimas
polifenoloxidase e peroxidase diminuídas
quando comparados a frutos sem tratamento
térmico (Daiuto e Vieites, 2008).
O objetivo desta pesquisa foi avaliar o
comportamento respiratório de frutos de
abacate da variedade Hass submetidos a
tratamento térmico, radiação ultravioleta e
radiação ionizante.
MATERIAIS E MÉTODOS Matéria prima
Foram utilizados frutos de abacate da
cultivar Hass fornecidos pela empresa Jaguacy,
localizada em Bauru, interior de São Paulo. Os
frutos cuidadosamente colhidos no ponto de
maturação fisiológica foram imediatamente
transportados em veículos adequados e em
caixas plásticas para o laboratório de análises.
Foi realizada uma seleção visual quanto ao
tamanho, cor, ausência de injúrias e defeitos,
visando uma uniformização.
Tratamento dos frutos
Os frutos receberam tratamento térmico,
irradiação gama e radiação UV, totalizando
quatro tratamentos com a testemunha, ou
seja, frutos sem tratamento físico prévio ao
armazenamento.
No tratamento térmico os frutos forma
submetidos a banho‐maria à 45º.C por 5, 10,
15 e 20 minutos. A irradiação foi realizada no
IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares) localizado na cidade de São Paulo.
As doses de irradiação gama serão de 0,2; 0,4;
0;6 e 1,0 KGy. Os frutos foram tratados com
raios ultravioleta (UV‐C com λ=250nm), sendo
a distância dos frutos à fonte de luz de 20 cm e
o período de exposição de 5, 10, 15, 20 e 25
minutos. A exposição à radiação foi realizada
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
e Congelador – marca AREX, modelo: n‐HCM
51/20)
Os frutos submetidos aos 3 tratamentos e a
testemunha foram armazenados por 15 dias
em temperatura ambiente e em câmara fria à
10ºC±1, sendo analisados a cada 3 dias (0, 3, 6,
9, 12,15).
Análises Respiração
A determinação da taxa de respiração, feita
de forma indireta, foi efetuada em
respirômetro, pela medida do CO2 liberado, de
acordo com metodologia adaptada de
Bleinroth et al. (1976).A taxa de respiração foi
calculada pela seguinte fórmula:TCO2 = 2,2(V0
– V1).10/P.T. Onde:TCO2 = Taxa de respiração
(ml CO2 kg‐1 h‐1); V0 = Volume gasto de HCl
para titulação de hidróxido de potássio –
padrão antes da absorção de CO2 (ml); V1 =
Volume gasto de HCl para titulação de
hidróxido de potássio após a absorção do CO2
da respiração (ml); P = peso dos frutos; T =
tempo da respiração; 2,2 = Inerente ao
equivalente de CO2 (44/2), multiplicado pela
concentração do ácido clorídrico; 10 = Ajuste
para o total e hidróxido de potássio usado no
experimento.
Perda de massa
Para a perda de massa fresca as pesagens
foram realizadas utilizando‐se balança semi‐
analítica marca OWLABOR – carga máxima de
2000g e precisão de 0,01g. As repetições
foram pesadas no início do experimento e a
cada 2, permitindo o cálculo da perda de
massa fresca em porcentagem.
Análise dos dados
A análise foi análise de variância no
delineamento inteiramente ao acaso no
esquema fatorial, também utilizei o teste de
Tukey para comparações múltiplas das médias.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A manutenção da integridade das frutas
depende, em grande parte, da turgescência
das células formadoras dos tecidos. Logo, a
perda de água leva à antecipação da
maturação e da senescência, bem como ao
comprometimento da qualidade do produto
vegetal devido a perda de peso. A transpiração
excessiva causa efeitos indesejáveis na
aparência dos vegetais, que se tornam
enrugados e opacos, e na textura, que se
apresenta mole, flácida e murcha, afetando a
aparência e a aceitabilidade das frutas e
hortaliças (Spoto e Gutierrez, 2006). A perda
de massa dos frutos ao longo do
armazenamento é devida principalmente ao
processo de transpiração (Chitarra e Chitarra,
2005).
Observou‐se que nos frutos armazenados
sob refrigeração, para qualquer tipo de
tratamento físico realizado, a perda de massa
foi inferior àqueles armazenados sob
temperatura ambiente (Tabela 1).
Tabela 1‐ Média e desvio‐padrão referentes à perda de massa segundo tratamento e temperatura
Temperatura
Tratamento Ambient Refrigerado
IR 8,0a±7,6 1,8b±1,2
Térmico 8,7a±8,8 2,9b±2,0
UV 7,2a±7,7 2,9b±3,0
Houve efeito da interação tratamento x temperatura (P<0,05)
Letras minúsculas comparam médias de tipo de temperatura em
cada tratamento
Não houve diferença entre os tratamentos em cada
temperatura
Ao longo do período de armazenamento
ocorreu aumento da perda de massa, que se
tornou mais acentuada a partir do 12º dia
(Tabela 2). Este aumento da perda de massa
foi observado sob armazenamento em
temperatura ambiente e sob refrigeração
(Tabela 2). No tempo 12 o tratamento
irradiado diferiu dos demais pela maior perda
de massa.
Tabela 2‐ Média e desvio‐padrão referentes à perda de massa segundo tratamento e dia
Dia
Tmto. d3 d6 d9 d12 d15
IR 0,7b±0,3 1,6b±0,8 2,8b±1,4 9,1a±0 10,2a±7,9
Térmico 3,2c±0,7 2,2c±1,8 2,7c±2,0 7,7b±6,0 13,0a±11,2
UV 2,2c±1,7 2,0c±1,8 3,9c±3,5 6,4b±5,2 10,9a±10,0
Houve efeito da interação tratamento x dia (P<0,05)
Letras minúsculas comparam médias de dias em cada
tratamento
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
Na Tabela 3 pode‐se observar que até o
tempo 9, mesmo sob temperatura ambiente a
perda de massa foi pequena, pouco superior
aos frutos sob refrigeração. Mas a partir do
tempo 12 a perda de massa foi bem maior sob
temperatura ambiente.
Tabela 3‐ Média e desvio‐padrão referentes à perda de massa segundo temperatura e dia
Temperatura
Dia Ambiente Refrigerado d3 2,3aC±1,0 1,8aA±1,8 d6 2,4aC±1,0 1,4aA±1,8 d9 3,2aC±1,6 3,0aA±3,1 d12 12,6aB±5,2 2,9bA±1,7 d15 19,2aA±7,2 3,5bA±1,8
Houve efeito da interação temperatura x dia(P<0,05)
Letras minúsculas comparam médias de temperatura em cada
dia
Letras maiúsculas comparam médias de dia para cada
temperatura
Na Figura 1 é apresentada a tendência para
perda de massa obtida em para cada
tratamento.
No tratamento com irradiação gama não foi
observada diferença significativa entre as
dosagens utilizadas. O tratamento testemunha
sob temperatura ambiente foi o que perdeu
menos massa, já sob refrigeração ocorreu o
inverso. As doses 0,2 e 0,4 foram
discretamente melhores que as outras
utilizadas.
No tratamento UV observa‐se em relação a
testemunha que houve efeito na redução da
perda de massa para as duas temperaturas de
armazenamento. Sob temperatura ambiente o
tempo de exposição UV que proporcionou
menor perda de massa foi 15 minutos e sob
refrigeração 5 e 10 min
Segundo Pan et al. (2004), a exposição à
UV‐C atrasa o amolecimento do fruto, um dos
principais fatores determinantes na vida pós‐
colheita do fruto. Esse mesmo achado
também foi comprovado por Stevens et al.
(2004), no qual observaram que frutos
tratados com UV‐C mostraram‐se
significativamente mais firmes que os não
tratados (controle), para o mesmo estádio de
maturação.
No tratamento térmico a 45 ºC observou‐se
em relação a testemunha que houve efeito na
redução da perda de massa para as duas
temperaturas de armazenamento. No
tratamento refrigerado observou‐se que
quanto maior o tempo de exposição dos frutos
em banho maria a 45ºC menor foi a perda de
massa.
Figura 1. Perda de massa de frutos de abacate submetidos a tratamentos físicos
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
De acordo com Chitarra e Chitarra (2005),
após a colheita dos frutos, a respiração torna‐
se o principal processo fisiológico. Neste
período os frutos passam a utilizar suas
próprias reservas para continuar o seu
desenvolvimento.
Apenas no tratamento com irradiação
gama houve diferença significativa para a taxa
respiratória quanto a temperatura de
armazenamento, sendo que sob refrigeração
esta se mostrou inferior. Este tratamento
diferenciou dos demais pela maior taxa de
respiração sob temperatura ambiente.
Tabela 4‐ Média e desvio‐padrão referentes à respiração segundo tratamento e temperatura
Temperatura
Tratamento Ambiente Refrigerado
IR 0,0475aA±0,0444 0,0299bA±0,0399 Térmico 0,0246aB±0,0151 0,0240aA±0,0173 UV 0,0277aB±0,0149 0,0171aA±0,0097
Houve efeito da interação tratamento x temperatura(P<0,05)
Letras minúsculas comparam médias de tipo de temperatura em
cada tratamento
Letras maiúsculas comparam médias de tratamento para cada
tipo de temperatura
Manolopoulou e Papadopoulou (1998) e
Chitarra (1998) afirmam que a intensidade da
taxa respiratória está relacionada com a
capacidade de armazenamento do produto, e
que, quanto maior a taxa respiratória, menor é
o tempo de armazenamento. Estes autores
citam que a intensidade da taxa respiratória
está inversamente relacionada com o
potencial de armazenamento da fruta.
A temperatura é o maior fator no controle
da respiração e da transpiração, bem como na
deterioração microbiana, podendo interferir
na velocidade de reação dos processos
metabólicos, no tempo de armazenamento, e
causar distúrbios fisiológicos nos frutos. A
relação respiração/temperatura é governada
pela lei de Vant Hoff, que considera um
aumento de duas a três vezes na velocidade da
atividade respiratória para cada aumento de
10ºC na temperatura (Kluge et al., 2002)
Ocorreu aumento da taxa respiratória até o
9º dia de armazenamento, sendo um pico mais
pronunciado observado no tratamento com
irradiação gama (Tabela 5).
Tabela 5‐ Média e desvio‐padrão referentes à respiração segundo tratamento e dia
Dia
Tratamento d3 d6 d9 d12 d15
IR 0,0151aA±0,0196 0,0248aA±0,0102 0,1066aA±0,0424 0,0231aB±0,0107 0,0137aB±0,0143 Térmico 0,0062cB±0,0035 0,0207bB±0,0083 0,0270bA±0,0154 0,0238bAB±0,0140 0,0437aA±0,0093 UV 0,0059aB±0,0033 0,0208aB±0,0076 0,0278aA±0,0166 0,0246aA±0,0119 0,0330aB±0,0069
Houve efeito da interação tratamento x dia(P<0,05); Letras minúsculas comparam médias de dias em cada tratamento; Letras maiúsculas
comparam médias de tratamento para cada dia
A Figura 2 apresenta a tendência dos frutos
submetidos aos diferentes tratamentos físicos
para a taxa respiratória.
No tratamento com irradiação gama
observou‐se que sob armazenamento
refrigerado ou temperatura ambiente, a
testemunha apresentou menor taxa
respiratória, mostrando que a irradiação
afetou negativamente na conservação dos
frutos já que acelerou o pico respiratório.
Germano et al. (1996) observaram que as
radiações gama do Cobalto‐60 na variedade
Fortuna induziram um prolongamento na vida
de prateleira que na testemunha era de sete
dias, para 11,2 dias quando irradiados com a
dose de 75 Gy e para 15,2 dias se irradiados
com 100 Gy. A variedade Quintal não se
mostrou sensível às radiações. A refrigeração
induziu nos frutos do abacate um aumento
significativo de suas vidas de prateleira,
independentemente da irradiação. Os autores
comentam que os resultados já obtidos em
experimentos para incremento da vida
comercial de abacates, indicam que não há
uma dose ou faixa de doses uniforme que
poderia ser preconizada para todas as
variedades. O abacate mostrou‐se como sendo
uma das frutas mais sensíveis às radiações
ionizantes, sendo que, para a maioria das
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
200 Gy causam severas descolorações da
polpa e escurecimento da casca. Observou‐se
que a dose ótima varia bastante entre
variedades e mesmo para abacates da mesma
variedade, quando cultivados em regiões
diferentes.
CONCLUSÕES
Ao longo do período de armazenamento
ocorreu aumento da perda de massa. No
tempo 12 o tratamento irradiado diferiu dos
demais pela maior perda de massa. Quanto a
taxa respiratória, o tratamento com irradiação
gama diferenciou dos demais pela maior taxa
de respiração sob temperatura ambiente.
Ocorreu aumento da taxa respiratória até o 9º
dia de armazenamento para todos
tratamentos, sendo um pico mais pronunciado
observado no tratamento com irradiação
gama. Tanto o tratamento térmico como o UV
sob refrigeração resultaram numa redução no
pico respiratório comparados à testemunha.
No tratamento com irradiação gama todas as
doses apresentaram valores de taxa
respiratória superiores a testemunha. No
tratamento UV de modo geral o tempo de
exposição de 5 minutos foi o que mostrou
menor taxa respiratória. No tratamento
térmico os tempos foram 10 e 15 minutos.
a
b
d c
e
Figura 2. Taxa respiratória de frutos de abacate submetidos a tratamentos físicos
a) Irradiado ambiente; b) Irradiado refrigerado; c)UV ambiente; d) UV refrigerado; e) Térmico ambiente; f) Térmico refrigerado
f
Taxa respiratória de abacate ‘Hass’… Érica Regina Daiuto y cols.(2010)
AGRADECIMENTOS
À empresa Jaguacy (Bauru‐SP) pelo apoio e
participação nas pesquisas, à Fundação de
Apoio a Pesquisa no Estado de São Paulo
(FAPESP) e CAPES.
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