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O Uso da Gestão do Conhecimento por Empreendedores Y no Desenvolvimento de Empreendimentos: um levantamento no papo de universitário

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Academic year: 2017

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Faculdade Boa Viagem - Devry

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Paava de Barros de Alencar Carvalho

O USO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO POR EMPREENDEDORES Y NO DESENVOLVIMENTO DE EMPREENDIMENTOS: UM LEVANTAMENTO NO

PAPO DE UNIVERSITÁRIO.

Orientadora: Profª. Drª Elizabeth Regina Tschá

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Paava de Barros de Alencar Carvalho

O USO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO POR EMPREENDEDORES Y NO DESENVOLVIMENTO DE EMPREENDIMENTOS: UM LEVANTAMENTO NO

PAPO DE UNIVERSITÁRIO.

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração, Faculdade Boa Viagem - Devry, para obtenção do título de Mestre em Administração.

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Dedico a Hercílio, Sinara, Cilinho e Aaron (The BACs) e familiares, com todo meu amor, carinho e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida e pela saúde que me permitiram mais esta conquista. E também por ter me protegido ao longo desses 63.440km rodados no trajeto Salgueiro-Recife. Agradeço aos meus painho e mainha (Hercílio de Alencar Carvalho e Sinara Maria de Barros de Alencar Carvalho) pelo carinho e atenção. Ao longo de toda essa jornada eles me acompanharam, trouxeram fontes de pesquisa, compartilharam meus aperreios e superações, me forçaram a dormir, caminharam comigo, me fortaleceram. Tenho certeza que este sonho só foi possível porque tive vocês comigo, pois este sonho não era só meu, era nosso.

Agradeço aos meus irmãos pelo carinho e solidariedade demonstrada nas idas ao TIP (rodoviária) em plenas sextas-feiras às 6h para me pegar e aos domingos às 23h para me deixar (compartilhando momentos de conversas prazerosas e me ajudando a economizar com os táxis). Agradeço também pelos aperreios que me deram na tentativa de tentar ajudar... (rs).

Agradeço a Felipe Filgueira, meu amor, pela parceria, companhia e paciência. Também pelas idas e vindas sofridas até a rodoviária e por ter me ajudado a não surtar. Você foi meu braço forte, meu par, meu porto, meu sossego, meu incentivo. Obrigada por tudo, tudinho.

Agradeço aos meus familiares pela fé, torcida, carinho e acolhida.

Agradeço as minhas professoras de graduação Carol, a mentora que me conduziu para esse desafio, e a Suzana pelas horas de conversa, descontração e apoio.

Agradeço ao Prefeito Marcones Sá, por ter respeitado e apoiado essa luta. E agradeço aos meus companheiros de trabalhos por terem sido solidários enquanto precisei me ausentar e por terem feito um trabalho maravilhoso.

Agradeço ao Papo de Universitário por terem aceitado participar dessa pesquisa.

Agradeço aos companheiros de sala de aula, por compartilharem comigo toda esta emoção desde o início. Como já diziam, foi “com muito sangue, suor e prazer” que realizamos tudo isso.

Agradeço às professoras Hajnalka (Haj/Rói), que a cada aula me contagiava com a beleza e nobreza de ser professora, me acalmava com seus serenos olhos azuis e me animava a cada aprendizagem, ela me traz uma paz que ainda não sei explicar. Sônia Calado que me trouxe “o despertar da Galatéia” e psicologia positiva. Dorinha pela elegância e simplicidade ao ensinar métodos qualitativos e Lúcia por ter nos conduzido nos bastidores, para que tudo ocorresse bem. E agradeço aos professores Augusto, por ter me divertido muito e aprendido com todos aqueles cálculos, e James pela pergunta mágica que apontou a solução para as minhas correlações.

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“Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do mundo.”

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RESUMO

Este estudo buscou compreender como a gestão do conhecimento auxilia empreendedores Y no desenvolvimento de empreendimentos por meio de um levantamento feito no Papo de Universitário. O referencial teórico apresenta alguns esclarecimentos acerca da geração Y com foco no comportamento apresentado pela mesma. Em seguida, aborda-se os diversos conceitos de empreendedorismo com foco nas características do empreendedor, a gestão do conhecimento com foco no que ela é, o que representa o conhecimento, como acontecem os modos de conversão do conhecimento, quais são as barreiras enfrentadas na processo de gestão e como se deu o processo de criação do empreendimento Papo de Universitário. A abordagem metodológica adotada foi a de pesquisa exploratória e descritiva, de métodos mistos, ou qualitativa e quantitativa, e a estratégia de pesquisa foi a de um levantamento feito no Papo de Universitário. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, questionário, observações e documentos. As metodologias de análises adotadas foram análise de conteúdo, análise de documento e análise estatística. Como principais resultados, tem-se que as características empreendedoras e da geração Y estabelecem correlação numéricas e teóricas, o conhecimento influencia no processo de criação, desenvolvimento e realização de empreendimentos e a gestão do conhecimento quanto mais conhecida, melhor será sua utilização dos modos de conversão nesse processo empreendedor e menores serão as barreiras enfrentadas. Finalmente, concluiu-se, a partir das constatações, que existe um perfil predominante para o empreendedor Y e que a gestão do conhecimento é, e pode ser cada vez mais, uma ferramenta que favorece a criação, o desenvolvimento e a realização de visões empreendedoras.

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ABSTRACT

This study sought to understand how knowledge management helps Y entrepreneurs in developing enterprises through: a survey done in Papo de Universitário. The theoretical referential provides some clarification of Generation Y focused on behavior exhibited by it. Then, it discusses the various concepts of entrepreneurship focusing on the characteristics of the entrepreneur, knowledge management focusing on what it is, what is knowledge, as happens the modes of knowledge conversion, what are the barriers faced in knowledge management process and how was the process of creating the enterprise of Papo de Universitário. The methodological approach adopted was exploratory and descriptive, mixed methods or qualitative and quantitative, and the search strategy was a survey done in Papo de Universitário. Data were collected through interviews, questionnaires, observations and documents. The methods of analysis were adopted content analysis, document analysis and statistical analysis. As main results, we have that entrepreneurial characteristics and Generation Y establish numerical and theoretical correlation, knowledge influences in the creation, development and implementation of enterprises, how much the knowledge management is known, better will be the use of conversion modes in this entrepreneurial process and smaller will be the barriers faced. Finally, it was concluded from the findings that there is a predominant profile for Y entrepreneur and that knowledge management is, and may be increasingly a tool that fosters the creation, development and realization of entrepreneurial visions.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quantidade de registros dos termos nos portais de periódicos... 21

Quadro 2 - Comparativo dos Períodos das Gerações. ... 26

Quadro 3 - Gerações e seus principais marcos históricos ... 27

Quadro 4 - Comparativo das características das gerações. ... 29

Quadro 5 - Características da Geração Y por diversos autores. ... 31

Quadro 6 - Evolução do termo empreendedorismo ao longo da história. ... 36

Quadro 7 - Características do empreendedor segundo seus respectivos pesquisadores. ... 39

Quadro 8 - Fases da visão ... 45

Quadro 9 - Diferenças nos sistemas de atividades de gerentes e empreendedores. ... 45

Quadro 10 - Diferenças básicas entre as formações gerencial e empreendedora. ... 46

Quadro 11 - Pontos de conexão entre as características da geração Y e o comportamento empreendedor dando origem ao conceito de Empreendedores Y. ... 47

Quadro 12 - As características das sociedades. ... 52

Quadro 13 - Diferenças entre Conhecimento Tácito e Conhecimento Explícito. ... 56

Quadro 14 - Condições promotoras da criação do conhecimento organizacional. ... 60

Quadro 15 - Os atritos mais comuns e formas de superá-los. ... 66

Quadro 16 - Apresentação dos sujeitos da pesquisa ... 76

Quadro 17 - Quadro metodológico da coleta de dados ... 79

Quadro 18 - Objetivos específicos e suas respectivas formas de análise dos dados. ... 84

Quadro 19 - Categorização do Objetivo Específico 1: Mapear o perfil do empreendedor Y. . 87

Quadro 20 - Principais correlações encontradas... 91

Quadro 21 - Pontos de conexão entre as características da geração Y e o comportamento empreendedor com seus respectivos coeficientes de correlação. ... 94

Quadro 22 - Categorização do Objetivo Específico 2: Identificar o entendimento dos empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento. ... 107

Quadro 23 - Categorização do Objetivo Específico 3: Identificar os modos de conversão e compartilhamento do conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y. ... 115

Quadro 24 - Categorização do Objetivo Específico 4: Identificar o processo de criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos Empreendedores Y a partir da Teoria Visionária de Filion. ... 128

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fatores que impulsionam o surgimento de inovações. ... 38

Figura 2 - Interação entre elementos da visão para criação da visão. ... 42

Figura 3 - As três categorias de visão. ... 44

Figura 4 - Ciclo de aprendizagem. ... 55

Figura 5 - A espiral do conhecimento. ... 58

Figura 6 - Espiral da criação do conhecimento organizacional. ... 60

Figura 7 - Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento organizacional. .. 61

Figura 8 - O ciclo do conhecimento. ... 62

Figura 9 - Triangulação da pesquisa. ... 77

Figura 10 - Relação entre categorias ... 82

Figura 11 - Desenho da categorização das variáveis para cada objetivo específico. ... 82

Figura 12 - Fluxo da triangulação com documentos ... 84

Figura 13 - Categorização dos dados. ... 83

Figura 14 - Gráfico das frequências para as características da geração Y ... 89

Figura 15 - Gráfico das frequências empreendedoras apresentadas ... 90

Figura 16 - Sustentabilidade na revista do Papo de Universitário ... 99

Figura 17 - Gráfico da frequência de uso das ferramentas de compartilhamento do conhecimento ... 117

Figura 18 - Reunião do Papo de Universitário ... 119

Figura 19 - Banner para o 3º Fórum de Jovens Líderes ... 122

Figura 20 - Foto do evento 3º Fórum de Jovens Líderes ... 120

Figura 21 - Foto do site do Papo de Universitário ... 124

Figura 22 - Foto da fanpage do Papo de Universitário ... 125

Figura 23 - Foto da fanpage do Papo de Universitário com destaque para o número de amigos que curtiram a página e têm acesso a tudo que é publicado ... 126

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LISTA DE SIGLAS

AL Alagoas

CPEJE Congresso Pernambucano de Jovens Empreendedores

EUA Estados Unidos da América

FOCCA Faculdade de Olinda

GEM Global Entrepreneurship Monitor

GUESSS Global University Entrepreneurial Spirit Students' Survey

GY Geração Y

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OCDE Organisation de Coopération et de Développement Économiques

ONU Organização das Nações Unidas

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TV Televisão

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 Pergunta de pesquisa ... 19

1.2 Objetivos ... 19

1.2.1 Objetivo geral ... 19

1.2.2 Objetivos específicos ... 19

1.3 Justificativas ... 20

1.3.1 Justificativa teórica ... 20

1.3.2 Justificativa prática ... 22

1.4 Estruturação da dissertação ... 23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 25

2.1 Geração Y ... 25

2.2 Empreendedorismo e o empreendedor ... 32

2.2.1 Teoria Visionária ... 40

2.2.2 O empreendedor da geração Y: Empreendedores Y ... 47

2.3 Gestão do Conhecimento ... 49

2.3.1 Conhecimento ... 53

2.3.2 Modos de Conversão e Compartilhamento do conhecimento ... 57

2.3.3 Meios e ferramentas do conhecimento ... 63

2.3.4 Barreiras do conhecimento e estímulos para a Gestão do Conhecimento ... 65

2.4 Desenho da conexão dos constructos teóricos. ... 69

3 METODOLOGIA ... 71

3.1 Delineamento da pesquisa ... 71

3.1.1 Desenho metodológico da pesquisa ... 73

3.2 Locus ... 75

3.3 Sujeitos da pesquisa ... 76

(14)

3.4.1 Pré-teste ... 80

3.5 Análise dos Dados ... 81

3.6 Limites e limitações do estudo ... 85

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO ... 87

4.1 Perfil do empreendedor Y ... 87

4.2 O entendimento da Gestão do Conhecimento ... 107

4.3 O uso dos modos de conversão do conhecimento ... 115

4.4 A criação dos empreendimentos a partir da Teoria Visionária de Filion ... 127

4.5 Barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos Empreendedores Y. ... 136

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ... 140

5.1 Conclusões ... 140

5.2 Sugestões ... 143

5.2.1 Sugestões de ações ... 143

5.2.2 Sugestões de pesquisas ... 144

REFERÊNCIAS ... 145

APÊNDICE A - Protocolo de observação ... 156

APÊNDICE B - Diário de campo ... 157

APÊNDICE C - Entrevista ... 158

APÊNDICE D - Questionário ... 159

APÊNDICE E – Matriz de correlações... 166

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1 INTRODUÇÃO

A história da humanidade vem sendo escrita baseada na divisão de Eras. Segundo Rodriguez e Rodriguez (2001), iniciamos na Sociedade Agrícola, passamos para a Sociedade Industrial, em seguida para a Sociedade da Informação e desta para a Sociedade do Conhecimento.

A transição entre Eras se dá por diversos motivos. Essa transição para uma nova economia baseada em informação e conhecimento é motivada por fatores como a informação eliminando barreiras globais, o compartilhamento de conhecimento e pela valorização dos valores intangíveis (RODRIGUEZ Y RODRIGUEZ, 2001).

A Era do Conhecimento tem levado as empresas a tentarem compreender qual é o seu verdadeiro valor. De acordo com Edvinsson e Malone (1998), as empresas buscam entender a lacuna entre seu valor, de acordo com a balança patrimonial, e o indicado pelo mercado, sendo esse um dos maiores desafios com que se defronta qualquer empresa na atualidade.

O conhecimento, reconhecido como algo sagrado pelas sociedades antigas, na Era do Conhecimento se reafirma como fonte de vantagem competitiva. Para Bautzer (2009), o conhecimento sempre foi considerado sagrado pelas sociedades antigas e, desde a Antiguidade Clássica, aquele que detinha o conhecimento conquistava status e diferenciação em relação ao grupo.

Com o passar do tempo e a chegada da Era do Conhecimento, discute-se mais uma vez o poder do conhecimento em esferas de realidades aumentadas. Observa-se o nascimento de uma época em que o progresso acelerado e a economização do tempo nos remeteu para novos horizontes (BAUTZER, 2009).

As pessoas e o conhecimento passaram a ser o foco de interesse social e coletivo. “Se antes a terra, e depois o capital eram os fatores decisivos da produção, hoje o fator decisivo é, cada vez mais, o homem em si, ou seja, seu conhecimento” (Papa João Paulo II, 1991).

Uma economia baseada no conhecimento não tem limite de crescimento. Ela produz riqueza refinando ideias e conceitos preexistentes, transformando o saber em uma turbina na economia (ROMER, 1999).

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grandes inovações e transformações, assim a informação e o conhecimento passaram a ter um papel essencial.

A identificação da existência de indivíduos conhecidos como empreendedores do conhecimento tornou-se a condição básica para o surgimento de novos empreendimentos na Sociedade do Conhecimento. Eles são os agentes responsáveis pelo desencadeamento e condução de processo de criação e disseminação do conhecimento em suas novas organizações, dando vantagens à organização, sobretudo se o conhecimento gerado e incorporado aos produtos, serviços e processo forem inovadores (DRUCKER, 2000).

Assim, os empreendedores têm se tornado os protagonistas dessa nova economia. Drucker (2011, p.1) afirma que está acontecendo “um redirecionamento profundo da economia, de gerencial para empreendedora”.

Diante dessas mudanças evolutivas, destaca-se portanto o personagem do empreendedor e sua influência na alteração do cenário econômico mundial. Esta mesma visão é corroborada por Zen e Fracasso (2008), que entendem que o empreendedor tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento econômico das nações.

O papel do empreendedor no cenário econômico é ressaltado desde sua essência, sobretudo a partir dos estudos de Shumpeter. O referido autor definiu o empreendedor como um catalisador das mudanças econômicas, pois está associado ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades (SCHUMPETER, 1984).

O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas organizacionais ou pela utilização de novos recursos ou materiais. Tal processo é, então, denominado destruição criativa (SCHUMPETER, 1984).

Neste contexto, a gestão do conhecimento e o empreendedorismo se entrelaçam. O fato da inovação que, para ser criada, disseminada e usada, depende do conhecimento, é a “superestrela” do espírito empreendedor (DRUCKER, 2011). Além disso, para detectar oportunidades de negócios, é preciso ter intuição, intuição requer entendimento, e entendimento requer um nível mínimo de conhecimento (FILION, 1999).

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imaginar e realizar visões, utilizando-se, para isso, cinco fundamentos: energia, liderança, redes, conhecimento de si e conhecimento do setor.

Diversos são os tipos de empreendedores. O empreendedor mais conhecido é o empreendedor empresário ou individual, aquele que cria seu próprio negócio, mas também existe o empreendedor corporativo que inova dentro de um negócio já existente, ou seja, é possível empreender dentro de uma organização já constituída (SCHUMPETER apud ZEN; FRACASSO, 2008). Assim, os empreendedores que vislumbram e desenvolvem oportunidades de negócios ou de melhorias para a organização onde trabalham são denominados intraempreendedores (ZEN; FRACASSO, 2008).

O empreendedorismo social foi impulsionado pelo aumento da exclusão social e tecnológica de grande parte da população. Portanto, a preocupação é com as demandas sociais não satisfeitas pelo poder público e até mesmo por empresas privadas (ZEN e FRACASSO, 2008). Já os empreendedores coletivos surgem como forma de reduzir os custos e compartilhar os riscos no desenvolvimento de um novo negócio (ZEN e FRACASSO, 2008), fortalecendo assim as possibilidades de sucesso dos empreendimentos.

O empreendedorismo no Brasil, popularizado a partir da década de 90, tem sido estimulado por meio de políticas públicas oferecidas pelos governos, sejam eles federal, estadual ou municipal. É notável a criação de secretarias e leis para os empreendedores, como a entrada em vigor da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2007, e da Lei do Microempreendedor Individual, em 2008.

Incentivos como esses têm contribuído para a crescente abertura de novos empreendimentos no país. Nos últimos cinco anos, em média, mais de 600 mil novos negócios, anualmente, foram registrados no Brasil. E os Microempreendedores Individuais (MEI), não computados naqueles números, já somam mais de 1,5 milhão de registros.

Vários números demonstram que o empreendedorismo está consolidado no país – e crescendo. Em 2011, o Brasil foi considerado o 12º país mais empreendedor do mundo pelos estudos da Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2011), com um crescimento de 14,9% de novos empreendimentos.

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15ª posição quando comparado a todos os outros 54 países da base GEM, com proporção de 39,38% dos entrevistados afirmando conhecer pessoas que abriram negócios nos últimos dois anos.

De 2002 a 2011 as taxas de empreendedorismo no Brasil cresceram. Em relação aos empreendedores nascentes, as taxas cresceram 4,67%, em relação ao novos empreendedores cresceram 9,17%, os empreendedores iniciais cresceram 13,53% e os empreendedores estabelecidos cresceram 11,15% (GEM Brasil 2002:2011).

Um outro fator a ser considerado é o que tem levado os empreendedores brasileiros a abrir seus empreendimentos. E entre as motivações consideradas pelo GEM 2011, o empreendedor no Brasil, em sua maioria, tem empreendido por oportunidade, contudo existem os que empreendem por necessidade.

Os empreendedores por necessidade são aqueles que encontram no empreendedorismo a satisfação para sua necessidade de emprego e renda. Ele encontram no empreendedorismo a única opção de renda (GEM, 2011).

Já os empreendedores por oportunidade são os que aprendem a aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mercado. Desta forma, toda a sociedade é beneficiada, seja com o aumento da criação de empregos, seja com o aumento da riqueza do país, visto que isto reflete diretamente na economia do país (GEM, 2011).

Os empreendedores por necessidade e o por oportunidade estabelecem um paralelo com a teoria formulada por Guerreiro-Ramos (1989) sobre comportamento e ação. De acordo com o teórico, o comportamento é socialmente condicionado a eventos episódicos, ficando à mercê de necessidades e contingência, sendo motivado por conveniência/necessidade (GUERREIRO RAMOS, 1989).

Isto corresponderia ao que se está chamando de comportamento empreendedor motivado por necessidade. Em contrapartida, Guerreiro-Ramos (1989) propõe o termo ação. A necessidade que estimula a ação. Esta, que pressupõe escolha, consciência, reflexão e proação, correspondendo ao comportamento do empreendedor jovem motivado (BULGACOV et al., 2011).

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por oportunidade, enquanto apenas 4,56% empreendem por necessidade e 2,24% empreendem pelas duas razões.

Mais de um quarto da população brasileira adulta (entre 18 e 64 anos), está envolvida com empreendedorismo. Segundo dados do GEM (2011), existem 27 milhões de brasileiros de 18 a 64 anos envolvidos na criação ou administração de algum tipo de negócio.

Entre esses empreendedores, os jovens formam a maioria. A faixa etária dos empreendedores é um fator a ser considerado, uma vez que, 30,67% dos empreendedores brasileiros estão entre 18 e 34 anos, ou seja, pertencem a uma mesma geração, a geração Y (GEM, 2011).

Entende-se por geração o contexto que une o tempo de vida e os momentos históricos vividos. As experiências acumuladas neste contexto interferem diretamente na atuação da geração, nos seus comportamentos e ações (MANNHEIM, 1964).

No entanto, não há consenso sobre os limites das gerações. Mas, embora não haja consenso entre os pesquisadores sobre os períodos exatos de cada geração, as seguintes classificações podem ser encontradas nos diversos estudos: Geração Y, composta por nascidos a partir de 1978, a Geração X por nascidos entre 1965 e 1977, os Baby Boomers são os nascidos até 1964 (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2008).

Essa classificação se dá por questões de estudos que comprovam as diferentes características, estilos e comportamentos de cada geração. Segundo Veloso, Dutra e Nakata (2008), é tal diversidade de idade que gera comportamentos particulares a cada faixa etária.

Nesse contexto, ressalta-se que a juventude, representada atualmente pela geração Y, tem apresentado um comportamento mais empreendedor que as demais. De acordo com Cardoso, Brugger e Vera (2013), essa é a geração que vai mudar o mundo e a juventude brasileira é mais otimista, mais empreendedora e mais ambiciosa que a média mundial.

Além disso, o empreendedorismo entre os jovens é estrategicamente importante para o governo. Uma vez que tem sido considerado como uma das estratégias que os agentes públicos estão utilizando, de forma crescente, para reduzir o desemprego entre eles e inseri-los no mercado de trabalho (RIVERIN; JEAN, 2005; OCDE, 2005).

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os jovens atuais e traz fortes características que se conectam com o empreendedorismo. Portanto, o foco será dirigido para o jovem empreendedor, ou empreendedores Y.

O mesmo será desenvolvido por meio de uma pesquisa de levantamento (survey) no Papo de Universitário, uma rede formada por jovens empreendedores de diversas áreas do conhecimento e que buscam, juntos, unir forças para empreender em prol de um mundo cada vez melhor.

1.1Pergunta de pesquisa

Como a Gestão do Conhecimento auxilia empreendedores Y no desenvolvimento de empreendimentos?

1.2 Objetivos

Os objetivos apresentados a seguir representam o que se pretende alcançar com este estudo, contemplando os três pilares principais da pesquisa, que são: gestão do conhecimento, empreendedorismo e geração Y.

1.2.1 Objetivo geral

Compreender como a Gestão do Conhecimento auxilia empreendedores Y no desenvolvimento de empreendimentos, por meio de um levantamento feito no Papo de Universitário.

1.2.2 Objetivos específicos

1. Mapear o perfil dos Empreendedores Y.

2. Identificar o entendimento dos empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento.

3. Identificar os modos de conversão e compartilhamento de conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y.

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5. Identificar as barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos Empreendedores Y.

1.3 Justificativas

As justificativas apresentadas a seguir, representam as relevâncias teóricas e práticas deste estudo. As práticas buscam contemplar os stakeholders que poderão ser beneficiados com o estudo, como empreendedores, administradores e o governo. Já as justificativas teóricas visam preencher lacunas científicas, especialmente porque não foram encontrados nas bases pesquisadas registros que unam os três pilares principais desta pesquisa: gestão do conhecimento, empreendedorismo e geração Y.

1.3.1 Justificativa teórica

Grande parte das novas empresas é criada por jovens empreendedores. Jovens com menos de 35 anos e que pouco se conhece sobre as especificidades desse grupo de empreendedores (BORGES; FILION; SIMARD, 2008).

Poucos são os autores, no campo do empreendedorismo, que analisaram especificamente os jovens, até então. Lorrain e Laferté (2006) apresentaram este diagnóstico explicando que, apesar da participação significativa dos jovens na criação de empresas e dos mecanismos colocados em prática para incentivá-los a fazer ainda mais, há um problema a ser considerado: pouco se conhece sobre as especificidades do jovem empreendedor.

Além disso, vale salientar a falta de autores brasileiros configurando o perfil do empreendedor no espectro brasileiro. “Fica evidente a diversidade de visões acadêmicas que emergem tentativas de agregar esforços compartilháveis a fim de se compreender o fenômeno da geração e expansão de negócios privados e ações públicas por um prisma mais nacional” (PAIVA JÚNIOR; CORDEIRO, 2003, p. 6).

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Um outro fator que influenciou esta pesquisa foi a ausência de registros de produções científicas nos portais de periódicos que contemplem Gestão do Conhecimento, Empreendedorismo e Geração Y em uma mesma pesquisa. As bases pesquisadas foram os portais CAPES e SCIELO. Quadro 1 - Quantidade de registros dos termos nos portais de periódicos

Termo Pesquisado SCIELO CAPES*

Em 17 mar. 2013 Em 05 nov. 2013 Em 17 mar. 2013

Em 05 nov. 2013

Empreendedorismo 131 147 572 864

Gestão do Conhecimento 460 516 2.871 580

Geração Y 320 362 604 883

Empreendedorismo e Gestão do Conhecimento

3 3 1 (Soeiro De

Carvalho; Marques Dos Santos, 2011)

1 (Soeiro De Carvalho; Marques Dos Santos, 2011)

Empreendedorismo na Geração Y

1 Autores: DUQUE,

OROZCO; YENNI, VIVIANA; ORTIZ RIAGA, CAROLINA.

2 Nenhum Nenhum

Gestão do Conhecimento na Geração Y

Nenhum 6 Nenhum Nenhum

Empreendedorismo, Gestão do Conhecimento e Geração Y

“Não foram encontrados documentos para sua consulta”

“Não foram encontrados documentos para sua consulta”

Nenhum Nenhum

Fonte: Elaboração própria. Acessos em: 17 mar. 2013 e 05 nov. 2013.

*Ao pesquisar no Portal de Periódicos da CAPES, os termos procurados devem ser colocados entre aspas, caso contrário, os resultados não serão os procurados.

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então, os três constructos (empreendedorismo, gestão do conhecimento e geração Y) em um mesmo estudo.

1.3.2 Justificativa prática

A importância da atuação dos jovens empreendedores para a criação de novas empresas. No Brasil, em 2006, 54% das empresas que estavam em fase de implementação (empresas nascentes) e 57% das empresas com menos de 42 meses de vida (novas empresas) tinham à sua frente um jovem empreendedor com menos de 35 anos (SCHLEMM et al., 2007).

Em 2011, os jovens continuam destacando-se na atuação empreendedora. De acordo com o Relatório Executivo GEM (2011), o Brasil permanece concentrando a atuação empreendedora na faixa dos 25 a 34 anos.

Nas últimas décadas, o percentual de jovens na população brasileira, segundo o IBGE, tem sido registrado em torno de 25% da população. Entre esses jovens brasileiros, Bulgacov (2011) observa que a maior parte deles é de autoempregadores, empregam poucas pessoas em seus negócios e com pouca estrutura para enfrentamento de riscos. Baixo índice de escolaridade, entre outros fatores, encaminham o negócio no sentido de uma probabilidade maior de fracasso (BULGACOV et al., 2011).

Por outro lado, os jovens que empreendem por oportunidade, ainda representam um grupo relativamente pequeno. Eles identificam oportunidades e têm melhores habilidades para sustentá-las. Além disso, “destaca-se que o apoio e a sustentabilidade do jovem empreendedor dependem do contexto geral e de políticas educacionais” (BULGACOV et al., 2011, p. 696). É perceptível também o interesse do governo, representante do poder público, em apoiar e incentivar o empreendedorismo. Já que o mesmo tem representando um fator importante para a geração de emprego, renda e inclusão social. Especialmente entre os jovens, que acabam encontrando no empreendedorismo seu primeiro emprego.

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empreendedoras entre os estudantes universitários brasileiros (LIMA; LOPES; NASSIF; SILVA, 2011).

Os empreendedores Y encontrarão neste estudo uma fonte de conhecimentos para dar suporte a sua atuação no mercado, amenizando os riscos de mortalidade dos empreendimentos desenvolvidos.

Neste sentido, é apresentada uma pesquisa que contribui para a melhoria e fortalecimento destes empreendimentos gerados pelos empreendedores Y, em especial os empreendimentos com respaldo na gestão do conhecimento, por meio de um refletir sobre o entendimento e a própria prática.

Desta forma, acredita-se que as justificativas supracitadas apresentam argumentos para se desenvolver o referido estudo.

1.4 Estruturação da dissertação

O capítulo 1 contextualiza o tema de pesquisa, apresentando o problema de pesquisa a ser investigado, seus objetivos, bem como as justificativas teórica e prática para a realização deste estudo e a estruturação desta dissertação.

O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica. Nele, as bases teóricas são apresentadas, contextualizadas e conectadas. Inicialmente é abordado o pilar da Geração Y. Em seguida, o empreendedorismo e sua conexão com a Geração Y e o último grande pilar é a Gestão do Conhecimento. Este capítulo está estruturado da seguinte maneira: 2.1 Geração Y; 2.2 Empreendedorismo e o empreendedor; 2.2.1 Teoria Visionária; 2.2.2 Empreendedores Y; 2.3 Gestão do Conhecimento; 2.3.1 Conhecimento; 2.3.2 Modos de conversão e compartilhamento do conhecimento; 2.3.3 Meios e ferramentas para o compartilhamento do conhecimento; 2.3.4 Barreiras do conhecimento e estímulos para a Gestão do Conhecimento; 2.4 Desenho da conexão dos constructos teóricos.

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O capítulo 4 apresenta as análises e as discussões dos dados encontrados. O capítulo 5 traz as conclusões e sugestões finais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo são apresentadas e contextualizadas as bases teóricas escolhidas para esta pesquisa.

2.1 Geração Y

Cotidianamente, as organizações enfrentam o desafio de conviver de forma harmônica com diferentes grupos formados por pessoas com características diversas. “Uma dessas diversidades costuma ser a idade, que gera comportamentos peculiares a cada faixa etária” (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2008, p. 1).

A geração é contexto em que o tempo de vida e o momento histórico se combinam. “A conexão geracional [...] não é outra coisa senão uma modalidade específica da mesma posição dada pela proximidade do ano de nascimento no âmbito histórico-social” (MANNHEIM, 1964, p. 529). Abrams (1982) corrobora esse conceito ao dizer que gerações é o lugar em que dois tempos diferentes, o do curso da vida e o da experiência histórica, são sincronizados. O tempo biográfico e o tempo histórico fundem-se e transformam-se criando, desse modo, uma geração social.

Somente a aproximação das idades não é suficiente para enquadrar as pessoas em uma mesma geração. É necessário identificar um conjunto de vivências históricas macrossociais compartilhadas que refletem alguns princípios de visão de mundo e valores comuns, porém, “as fronteiras que separam as gerações não são claramente definidas, não podem deixar de ser ambíguas e atravessadas e, definitivamente não podem ser ignoradas” (BAUMAN, 2007, p. 373).

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Quadro 2 - Comparativo dos Períodos das Gerações. Autores /

Gerações Baby Boomers Geração X Geração Y

TAPSCOTT (1999)

1946-1964 1965-1976 1977-1997

LOMBARDÍA; STEINS; PIN (2008)

1951-1964 1965-1983 1984-1990

VELOSO; DUTRA;

NAKATA; (2008)

Até 1964 1965-1977 1978 em diante

LANCASTER; STILLMAN (2011)

1946 e 1964 1965 e 1981 1982 e 2000

Fonte: Elaboração própria (2013), adaptado de SILVA; OLIVEIRA (2004), baseados em TAPSCOTT (1999); LOMBARDÍA; STEINS; PIN (2008); VELOSO; DUTRA; NAKATA (2008), LANCASTER; STILLMAN (2011).

Os autores escolhidos como referência para este estudo foram Veloso; Dutra e Nakata (2008), segundo os quais, a Geração Y é composta por nascidos a partir de 1978, a Geração X por nascidos entre 1965 e 1977, os Baby Boomers são os nascidos até 1964. Eles foram escolhidos porque aproximaram seus períodos dos definidos pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor) para jovens empreendedores.

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A Geração X assistiu ao assassinato de grandes líderes políticos, como os irmãos Kennedy e Martin Luther King, formaram o movimento hippie na luta por mais paz e amor para o mundo e acompanharam o surgimento da TV e da Coca-Cola (LANCASTER; STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009).

Além disso, se permitiram pensar em qualidade de vida, liberdade no trabalho, nas relações e começaram a tentar equilibrar vida profissional e pessoal, especialmente através dos avanços tecnológicos alcançados nas comunicações. Porém, também enfrentaram fortes crises, como o desemprego em 80, assim também tornaram-se céticos e superprotetores (LANCASTER; STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009).

A Geração Y, por sua vez, herdou um mundo consideravelmente estável e cresceu em uma época de valorização da infância, acompanhados pela internet, computadores, videogames e uma educação mais sofisticada. Desenvolveram uma autoestima aguçada e por isso não se sujeitam a atividades que não os motiva. Sabem trabalhar em rede, são colaborativos, inovadores e apresentam fortes tendências empreendedoras.

O quadro 3 resume o contexto vivenciado por cada geração anteriormente citada. Quadro 3 - Gerações e seus principais marcos históricos

GERAÇÃO PERÍODO MARCOS/PROBLEMAS HISTÓRICOS

Tradicionalistas Antes de 1946 Depressão econômica; Primeira Guerra Mundial; Segunda Guerra Mundial;

Baby Boomers Entre 1946 e 1964 Euforia do Pós-Guerra; Nascimento do rock´n roll;

Geração X Entre 1965 e 1981 Assassinato de importantes líderes políticos (ex.: irmãos Kennedy e Luther King);

Movimento hippie;

Surgimento da TV e da Coca-Cola. Geração Y Entre 1982 e 2000 Videogame;

Internet;

Computadores em larga escala, TV por assinatura, MP3player, iPhones, iPad, tablets etc.

Fonte: Elaboração própria, 2013. Baseada em LANCASTER; STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009.

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particular dessas gerações e podem ser classificados em aspectos sociais e políticos, valores e comportamentos, estilo de vida e tecnologia, comprometimento e autoridade no trabalho e, por fim, informação e comunicação.

Nos aspectos sociais e políticos, as gerações de baby boomers e a Y apresentam um ponto em comum. Eles têm em comum o otimismo, enquanto a geração X ficou configurada como cética e politicamente apática (SILVA; OLIVEIRA, 2011).

Nos aspectos de valores e comportamentais, percebe-se uma mudança gradual. Os baby boomers são, predominantemente, workaholic, ou seja, são extremamente comprometidos e dedicados ao trabalho. Já a geração X passou a ser mais informal e buscou encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. E a geração Y é particularmente agitada, veloz e informal (SILVA; OLIVEIRA, 2011).

Quanto ao estilo de vida e as tecnologias, uma grande diferença é notada. A geração Y apresenta-se altamente conectada e dependente das tecnologias, a geração X se adaptou bem às novas tecnologias e sente-se à vontade para usá-la. Já os baby boomers tinham como prioridades a conquista de bens materiais como a casa própria, carro e direito ao entretenimento (SILVA; OLIVEIRA, 2011).

Nas questões de comprometimento e autoridade no trabalho, encontra-se uma diferença marcante entre boomers e Y. Os baby boomers são considerados extremamente fieis as suas empresas, enquanto a geração Y é particularmente infiel, gerando, muitas vezes, um alto índice de turnover (rotatividade) (SILVA; OLIVEIRA, 2011).

Quanto às informações e a comunicação, a quantidade e a disponibilidade das mesmas influenciou o comportamento das gerações. Os baby boomers normalmente carecem de explicações profundas e detalhadas para que possam tomar boas decisões. A geração X caracterizou-se mais pela necessidade de feedback e a geração Y enfrenta o desafio de lidar com o excesso de informações que são geradas no seu meio, especialmente na internet (SILVA; OLIVEIRA, 2011).

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Quadro 4 - Comparativo das características das gerações. ASPECTOS /

GERAÇÕES BABY BOOMERS GERAÇÃO X GERAÇÃO Y

Sociais e políticos

Otimistas em relação à mudança do mundo político, viveram uma fase de engajamento contra ditaduras e poderes tiranos.

Céticos e

politicamente apáticos, refletem as frustrações da geração anterior e assumem a posição de expectadores da cena política.

Otimistas em relação ao futuro e

comprometidos em mudar o mundo na esfera ecológica. Têm senso de justiça social e se engajam em voluntariados.

Valores e

comportamentais

Workaholics,

valorizam o status e o crescimento

profissional. São políticos, formam alianças para atingirem seus objetivos.

Gostam da informalidade no trabalho e buscam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

São extremamente informais, agitados, ansiosos e impacientes e imediatistas.

Acompanham a velocidade da internet.

Estilo de vida e tecnologia

São responsáveis pelo estilo de vida que se tem hoje, de

conquistas materiais, como casa, carro e acesso ao

entretenimento.

Sentem-se à vontade com a tecnologia e já têm gosto pelo consumo de equipamentos eletrônicos.

Tecnologia e

diversidade são coisas naturais na vida. Usam todos os recursos do celular e precisam estar conectados.

Comprometimento e autoridade no trabalho

Funcionários fiéis às organizações em que trabalham, fazem vínculo com a empresa.

Não se fidelizam às organizações,

priorizam os interesses pessoais e não veem com bons olhos um currículo de anos numa mesma empresa.

A falta de cerimônia com os pais leva à indiferença sobre autoridade. Admiram a competência real e não a hierarquia. Geram alto índice de turnover (rotatividade) nas empresas. Informação e comunicação Necessitam de justificativas profundas e estruturadas para tomar decisões. Trabalham com entusiasmo quando possuem foco definido e têm necessidade de feedback.

Vivem com sobrecarga de informações, dificultando a correlação de conteúdo.

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Silva e Oliveira (2011), à luz de Kuntz, 2009 - Você S/A – ed. 135.

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A Geração Y era, e para alguns ainda é, considerada uma geração perdida, sem rumo. “Durante algum tempo, os jovens nascidos nas décadas de 1980 e 1990 foram rotulados como aqueles que cresceram sem um ideal para lutar, sem um inimigo para fazer a revolução. Hoje o que vemos é que a forma de revolucionar é outra [...]” (OLIVEIRA, 2010, p. 13).

Ora essa geração é considerada fútil, ora dotada de grandes valores. De acordo com Loiola (2009), os jovens da geração Y já foram considerados distraídos, superficiais e egoístas (LOIOLA, 2009). Porém, essa geração “abusada” também apresenta fortes valores morais e querem mudar o mundo para melhor (OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009; PORTES, 2008; LANCASTER, STILLMAN, 2011).

É uma geração de filhos desejados e protegidos. De acordo com Lombardía, Steins e Pin (2008, p. 6), a geração Y é composta de “filhos desejados e protegidos por uma sociedade preocupada com sua segurança. As crianças Y são alegres, seguras de si e cheias de energia. É a geração dos Power Rangers e da internet, da variedade, das tecnologias que mudam contínua e vertiginosamente”.

Também são considerados questionadores por natureza. E esses questionamentos juntamente com sua inquietação tem provocado uma revolução silenciosa, segundo Loiola (2009). No entanto, em 2013, percebemos que esta revolução não tem sido apenas silenciosa. Os jovens foram para as ruas reivindicar direitos, combater a corrupção, questionar os políticos que estão em cargos de poder e lutar por aquilo que acreditam ser justo.

O novo modelo e os novos paradigmas vividos pela Geração Y, inicialmente, assustaram as gerações anteriores. Porém, com a aposentadoria de milhões de Baby Boomers, abrigo de décadas experiência e sabedoria, surgiu a necessidade do compartilhamento de todo esse conhecimento de mercado (LANCASTER; STILLMAN, 2011).

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quase tudo em equipe. Eles sentem os pais e colegas como parceiros, não como rivais, opositores. Criaram uma desenvoltura com as mídias sociais que lhes permite colaborar com o mundo todo. A Geração Y está levando para o trabalho essas capacidades e características, renovando as fronteiras de como as gerações trabalham juntas e como são administradas. Além da colaboração, uma outra característica apontada por vários autores é o potencial criativo e inovador da Geração Y. Segundo Portes (2008), a Geração Y compreende líderes peculiarmente inovadores e quase irrequietos. Embora em sua grande maioria seja extremamente talentosa, sincera e criativa, demonstra possuir este lado impaciente que ora os impulsionam e projetam, ora atrapalham.

Com frequência os Y são considerados impacientes. Isso pelo fato de que, não raro, estes jovens estão sujeitos a decisões precipitadas com vistas a objetivos maiores, o que os leva algumas vezes a darem “passos maiores que as pernas” (PORTES, 2008).

A geração Y é empreendedora. Em pesquisas realizadas pela revista Exame.com (2012), os jovens atuais, ou seja, a geração Y apresenta forte interesse pelo empreendedorismo. 56% desses jovens querem empreender sendo donos do seu próprio negócio. Isso reflete o interesse dessa geração por trabalhar em algo em que eles se identifiquem.

Há um conjunto de características atribuídas à Geração Y por diversos autores. Com esse conjunto de características torna-se possível identificar o perfil da Geração Y. No quadro a seguir encontra-se a relação das característica identificadas pelos autores anteriormente citados. Quadro 5 - Características da Geração Y por diversos autores.

Características Autores

É bem informada e tem fácil e rápido acesso às informações; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009).

Está inserida em um contexto de jogos baseada em superar

novos desafios, foco em resultados e superar recordes; Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Quer fazer a diferença no mundo; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,

Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Hurst e Good (2009).

É tecnológica, digital; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Oliveira, (2010);

Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009).

É impaciente; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,

(33)

Pensa na sustentabilidade; Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

A visão do líder é colaborativa; Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Pessoa com iniciativa e grande capacidade de resolver problemas;

Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Hurst e Good (2009). Desenvolve-se bem em espaços criativos; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,

Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009).

Comprometida à medida em que o negócio está alinhado aos seus valores;

Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Alegria, autoconfiança e energia (empoderamento); Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Quer ter a sensação de estar contribuindo; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

É inovadora; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,

Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Quer ser ouvida, participar e interagir com os processos; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Precisa de feedback, quer saber se está se saindo bem; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Quer se expressar por meio do trabalho; Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Hurst e Good (2009). Quer colaborar, trabalhar em equipe, estimular a

cooperação. Garcia, Stein e Ramón, (2008); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

Fonte: Elaboração própria (2013), baseada em Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).

2.2 Empreendedorismo e o empreendedor

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esforços dos pesquisadores que tentam explicar quem é o empreendedor e o que constitui o empreendedorismo.

Por não haver consenso é comum encontrar definições diferentes sobre o termo. Em geral, alguns autores defendem a ideia de que não existe consenso em relação ao tema do empreendedorismo (BOAVA; MACEDO, 2009; COLBARI, 2007).

A origem da palavra empreender deriva do latim, imprendhere, que significa propor-se, tentar, pôr em execução (AURÉLIO, 2008). Do latim derivou a palavra francesa entrepreneur, usada no século XII para designar aquele que incentivava brigas (PINTO, 2011). Já a tradução inglesa, entrepreneurship, é derivada de entreprender palavra francesa utilizada no século XVII para “denominar um indivíduo que assumia o risco de criar um novo negócio” (LEITE, 2012, p.25).

Com o tempo, o termo empreendedorismo evoluiu. Os primeiros registros foram encontrados na Idade Média e sofreram alterações ao longo da história, refletindo o sentimento de diferentes contextos.

A partir de um resgate histórico, identifica-se que a primeira definição de empreendedorismo, no mundo ocidental, é referida a Marco Polo. Este, segundo Dornelas (2001), era o empreendedor que assume os riscos de forma ativa, físicos e emocionais, sendo diferente do capitalista que assume os riscos de forma passiva.

Na Idade Média, o empreendedor era visto como a pessoa encarregada de gerenciar projetos de produção em larga escala, muitas vezes com incentivos financeiros do governo.

No século XVII, aparece a relação entre assumir riscos e o empreendedorismo. Assim como a criação do termo empreendedorismo que diferencia o fornecedor do capital, o capitalista ou investidor financeiro, daquele que assume riscos, empreendedor. Porém, apenas no século XVIII, que capitalista e empreendedor foram enfaticamente diferenciados.

Há registros de que o primeiro a defender os empreendedores, partindo de uma visão economista, foi Cantillon. Para ele, o empreendedor ("entrepreneur") era aquele que adquiria a matéria-prima por um determinado preço, a revendia por um preço incerto e se obtivesse lucro, além do esperado, era porque teria inovado. Assim, entende-se que o empreendedor teria liberdade plena para usufruir ao máximo dos frutos do seu trabalho (FILION, 1999).

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um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento (BRITTO; WEVER, 2003).

Chegando ao século XX, tem-se a definição do economista moderno, Joseph Schumpeter. Para ele, o empreendedor é considerado “aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1949, apud DORNELAS, 2008, p. 37).

Desta forma, o empreendedor torna-se o agente destruição criativa, apresentada como o movimento contínuo de criação e destruição de produtos que aquece e transforma a economia dos países. Neste contexto, ele diz que, “é o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daqueles que tinham o hábito de usar” (SCHUMPETER, 1982, p. 48).

A criação de novos produtos foi associada a cinco formas de combinações produtivas, são elas: 1) a introdução de um novo produto ou melhoria da qualidade de um já existente; 2) introdução de novos métodos de produção; 3) abertura de um novo mercado; 4) a conquista de uma nova fonte de oferta de matéria-prima ou de bens semimanufaturados e 5) o estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria (SCHUMPETER, 1982).

Passando para um visão comportamentalista, Weber (2002) com seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, de 1904, inspirado nos conceitos de Benjamim Franklin, apresentou o perfil de empreendedor relacionado a um “espírito do capitalismo” e a uma maneira diferenciada de ser, agir e pensar que o distinguia dos demais empresários.

A visão comportamentalista ou behaviorista concentra-se nas tentativas de definição dos perfis das personalidades do empreendedor e em compreender seu comportamento (BORGES; CASADO, 2009; KETS DE VRIES, 1977). Para Filion (1999), entre os anos 1970 e 1980, os behavioristas dominaram o empreendedorismo, em grande parte, em função dos trabalhos de David McClelland (1961, 1972) e dos avanços nas ciências do comportamento.

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Estabelecimento de metas; Planejamento e monitoramento sistemáticos; Persuasão e rede de contatos; Independência e autoconfiança (EMPRETEC, 2013).

Este mesmo autor, McClelland, foi quem deu origem ao método de formação e estímulo à formação empreendedora adotado pela ONU e inicialmente implantado nos EUA. Este método chegou ao Brasil pelo SEBRAE e recebeu o nome de Empretec (EMPRETEC, 2013).

Uma outra abordagem foi desenvolvida por Timmons. Seus estudos focaram os modelos de gestão empreendedora desenvolvida pelos empreendedores bem sucedidos. Segundo Timmons (1989, p.1), empreender é a habilidade de criar e construir algo a partir do nada, “é aptidão para pressentir uma oportunidade onde os outros veem caos, contradição e confusão”.

E ele identificou três traços predominantes nos empreendedores de sucesso, que foram: responde positivamente aos desafios, tem iniciativa pessoal e tem grande perseverança e determinação (TIMMONS, 1989).

Já para Filion, o empreendedor é visto como aquele que cria e realiza visões. Trata-se de um ser imaginativo, visionário, intuitivo e que é diferente do empresário, uma vez que considera empresário aquele que cumpre o que se manda, são gerentes (FILION, 1991; 2000).

Um conceito que buscou unir o empreendedorismo à gestão do conhecimento foi o de Peter Drucker. Para ele, o empreendedor pode ser representado por um “espírito empreendedor” que está diretamente relacionado à inovação (DRUCKER, 2011). Em seu livro “Inovação e Espírito Empreendedor”, Drucker (2011) destaca ainda a importância e a influência dos jovens nesta ação.

Um outro perfil empreendedor foi apresentado por Pinchot. Este novo conceito referia-se ao intraempreendedor, ou seja o empreendedor que empreende dentro da organização na qual trabalha, sem necessariamente precisar criar a sua empresa para ser empreendedor. Ele empreende e transforma o contexto no qual já está inserido Pinchot (1983).

Uma das definições mais recentes sobre os empreendedores, que consegue contextualizar um pouco de cada uma das referências anteriores, é a de Dornelas. O qual afirma que os empreendedores estão “eliminando barreiras comerciais, e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade” (DORNELAS, 2008, p. 6).

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Quadro 6 - Evolução do termo empreendedorismo ao longo da história. Idade Média: é o ator e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala.

Século XVII: pessoa que aceita correr riscos de ter prejuízo em um contrato de preço fixo com o governo.

1725 - Richard Cantillon: aquele que corre risco pessoal moderado. É diferente de um capital de fornecimento. É um empresário.

1803 - Jean Baptiste Say: distinguiu os lucros do empreendedor dos lucros de capital.

1876 - Francis Walker: diferenciou os que forneciam fundos e recebiam juros, daqueles que lucravam com capacidades de gestão.

1904/1920 - Weber: O comportamento empreendedor.

1934 - Joseph Schumpeter: empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia inexistente. Agente da “destruição criativa”.

1961 - David McClelland: empreendedor é um energético, tomador de risco moderado. 1964 - Peter Drucker: empreendedor maximiza oportunidades. Drucker também identificou a sete fontes de inovação, entre elas destacou o poder da aquisição de novos conhecimentos e o envolvimento da juventude nas ações empreendedoras.

1975 - Albert Shapero: empreendedor toma a iniciativa, organiza alguns mecanismos econômico e social, e aceita riscos de fracasso.

1980 - Karl Vesper: empreendedor é visto de forma diferente por economistas, psicólogos, empresários e políticos.

1983 - Gifford Pinchot: intraempreendedor é um empreendedor dentro de uma organização já estabelecida.

1985 - Robert Hisrich: o empreendedorismo é o processo de criar algo diferente com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo que acompanha riscos financeiros, psicológicos e sociais, e recebendo as recompensas monetária e satisfação pessoal.

1989 - Timmons: gestão empreendedora e as habilidades que garantem o sucesso. Fonte: Elaboração própria, adaptada de HISRICH, Robert D. 1986. p. 96.

Conforme apresentado, o empreendedorismo tem sido analisado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e isto tem refletido diretamente nas visões criadas sobre o conceito do empreendedorismo.

As principais visões desenvolvidas foram refletidas nas seguintes correntes: visão dos economistas, visão dos behavioristas e a escola dos traços de personalidade.

(38)

Na visão dos behavioristas (comportamentalistas), Weber (2002) passou a associar os empreendedores como seres de comportamento diferenciado, pessoas com um ethos empreendedor, uma forma particular de realizar projetos com uma ética própria. E McClelland (1971), também colaborador desta visão, focou seus estudos na análise do comportamento diferenciado dos gerentes de grandes empresas.

Já a visão da escola dos traços de personalidade busca associar o empreendedorismo a determinados traços de personalidade, considerando os empreendedores como pessoas dotadas de uma personalidade especial (TIMMONS, 1994). Além de Timmons (1978), outro autor de destaque desta escola é Peter Drucker (2011). Para este, o empreendedor é um ser inovador e, entre suas sete fontes de inovação, o conhecimento novo é a principal delas (DRUCKER, 2011). Este movimento empreendedor ou este fenômeno do empreendedorismo tem gerado impactos na economia. Tais impactos podem ser percebidos na geração de novos empregos e no aumento da geração de renda. De acordo com Dolabela (2008, p.23), acredita-se hoje que o empreendedor seja o motor da economia, um agente de mudanças.

O empreendedorismo é um fenômeno que interfere diretamente na economia e o empreendedor é o principal agente de transformação econômica. Para o economista Schumpeter (1934), o empreendedor está diretamente associado ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades, pois a “destruição criativa” gerada pelos inovadores/empreendedores é a força impulsora da economia.

Para que haja essa manifestação da destruição criativa de forma positiva, torna-se necessário o suporte do conhecimento. “O conhecimento é o elemento básico da mudança e da inovação. É através dele que criamos e que somos ou não capazes de agregar pessoas ao redor de ideologias” (BAUTZER, 2009, p.34).

Para ilustrar a influência do conhecimento na inovação, Mattos e Guimarães (2005, p. 8) desenvolveram a seguinte ilustração:

(39)

Fonte: Bautzer, 2009.

A depender das características dessas informações recebidas ou encontradas, os empreendedores preferem, quase sempre, obtê-las através de interação pessoal com pessoas que conhecem ou de quem têm referências, em vez de obtê-las pelos canais institucionalizados ou à distância. Esses encontros constituem um suporte necessário para o desenvolvimento do conhecimento e são o instrumento-chave para apoiar o aprendizado, criando sinergia na organização (JULIEN, 2010).

Transformar conhecimento, nascido de uma ideia, de uma oportunidade, em riqueza, através da realização da visão concebida a partir do sonho, é uma tarefa que requer do empreendedor diversas características (PINTO, 2011). Entre elas encontram-se algumas características que foram apresentadas anteriormente nos discursos dos autores e sintetizadas no quadro a seguir.

Conjunto de conhecimentos

consolidados

Forças socioambientais

Fluxo de informações

Receptividade a mudanças

Fluxo de informações

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Quadro 7 - Características do empreendedor segundo seus respectivos pesquisadores. Características do empreendedor Autores e pesquisadores

Apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento.

Filion (2000); Dolabela (2008); Timmons (1989); Dornelas (2005).

Possui capacidade de tolerar ambiguidade e

incerteza Filion (2000); Dolabela (2008); Timmons (1989) Faz bom uso de recursos Filion (2000)

Assume riscos moderados Filion (2000); Mcclelland (1961); Leite (2012); Dolabela (2008); Beaudeau (1797); Cantillon (1725); Timmons (1989); Dornelas (2005).

É imaginativo ou visionário. Filion (2000); Dolabela (2008); Dornelas (2005).

Volta-se para resultados Filion (2000); Dolabela (2008); Timmons (1989)

Recebimento de feedback, procurando aprender com ele

Mcclelland (1961); Dolabela (2008)

Luta contra a autoimposição de padrões Mcclelland (1961)

Alta necessidade de realização Leite (2012); Dolabela (2008); Dornelas (2005).

Sabe resolver problemas Leite (2012)

Necessidade de status Leite (2012)

Possui elevados níveis de energia Leite (2012); Dolabela (2008); Dornelas (2005).

Possui autoconfiança Leite (2012); Julien (2010); Dolabela (2008); Dornelas (2005).

Desapego emocional Leite (2012)

Necessidade de satisfação pessoal. Leite (2012); Dornelas (2005).

Liderança Julien (2010); Filion (2000); Dolabela (2008);

Dornelas (2005).

Tem iniciativa Julien (2010); Filion (2000); Dolabela (2008) Tem certa humildade diante da sorte Julien (2010); Timmons (1989)

Trabalha em rede Julien (2010); Dolabela (2008);

Boa intuição Julien (2010); Dolabela (2008)

Aprende a aprender para ganhar experiência Julien (2010); Dolabela (2008) Tem um modelo, alguém que influencia Dolabela (2008)

Conhece bem o ramo em que atua Dolabela (2008)

É inovador Schumpeter (1934); Dornelas (2005); Drucker

(1909, 1964, 2011).

Maximiza oportunidades Drucker (1909, 1964, 2011); Dornelas (2005).

É inquieto Schumpeter (1934)

Bem humorado Timmons (1989)

Fonte: Elaboração própria, 2013.

(41)

Com essas informações, percebe-se que o paradigma original mudou. De acordo com Ogbor (2000), o paradigma original do empreendedor rotulava o mesmo como um modelo masculino de mito heroico, dominante, racional, europeu/norte-americano. Porém, como apresentado no quadro acima, esse paradigma mudou e passou a contemplar mulheres, jovens, empreendedor individual, intraempreendedor, empreendedores coletivo e social.

Cada empreendedor apresenta diferentes motivos para empreender. Para Zen e Fracasso (2008), os diferentes empreendedores têm motivações, barreiras e desafios que divergem em características, mas convergem na busca pela construção de novos empreendimentos. Estes, por sua vez, são uma extrapolação de seus mundos subjetivos (FILION, 2000).

O que os empreendedores fazem está intimamente ligado à maneira como interpretam o que está ocorrendo em um setor em particular do meio. Seu conhecimento de um mercado específico ou do desenvolvimento de um novo produto ou de um novo processo fabril irá levá-los a ter uma visão de alguma coisa diferente e a comercializá-la. Definem maneiras de fazer as coisas que refletem o que eles próprios são, e o sucesso deles depende do quanto aquilo que foi definido é adequado e diferente e o quanto isso satisfaz as necessidades variáveis das pessoas. Os empreendedores não apenas definem situações, mas também imaginam visões sobre o que desejam alcançar. Sua tarefa principal parece ser a de imaginar e definir o que querem fazer e, quase sempre, como irão fazê-lo. (FILION, 2000, p. 3).

Entre esses contextos, o teórico escolhido para o desenvolvimento científico deste estudo, no que tange respeito às teorias do empreendedorismo, foi Louis Jacques Filion com a Teoria Visionária do Empreendedorismo. A qual foi detalhada na seção seguinte.

2.2.1 Teoria Visionária

O empreendedor é um ser visionário. Segundo Filion (1991), empreendedor é aquele que imagina, desenvolve e realiza visões. Sendo as visões “uma projeção de uma imagem desejada e buscada para o futuro” (FILION, 2001, p.23).

A criação e desenvolvimento da visão estão associados a um metamodelo que recebe suporte em cinco pilares. Os pilares são: as relações, a liderança, a energia, o conhecimento do setor e o conceito de si, esta última deriva de weltanschauung, palavra original em alemão (FILION, 2000).

(42)

A energia refere-se ao tempo dedicado para as atividades empreendedoras e a intensidade com que são executadas. Essa energia, quando aplicada na criação e manutenção da rede de relacionamentos, gera um fluxo constante de informações que possibilitam reajustes contínuos na melhoria dos empreendimentos (FILION, 1991).

A liderança resulta do conhecimento de si, da energia e das relações, mas também influencia mutuamente estas três. Para Filion (1991), é pouco provável que um líder vá além de suas visões e esta visão é o que provoca o desejo de realização.

As relações são consideradas o fator mais influente de todo o processo de criação da visão. Tais relações encontram na família um sistema básico que moldará a visão inicial do empreendedor, em seguida as relações externas a esta formarão as visões secundarias, as quais terão, juntas, importância fundamental no desenvolvimento da visão central do empreendedor (FILION, 1991).

A compreensão do setor refere-se a saber como as empresas se estruturam e funcionam na atividade escolhida. É o conhecimento sobre práticas do mercado, necessidades dos clientes, concorrência, fatores críticos de sucesso e vantagens e desvantagens competitivas (FILION, 2000).

(43)

Fonte: adaptado de Filion, 1991, p. 119.

Para que este modelo possa funcionar, existem algumas condições que são necessárias. Essas condições, de acordo com Filion (1991, p.66) são: canalizar as energias numa direção particular; concentrar-se num determinado campo de atividade e num determinado lugar; adquirir experiência e conhecimento no assunto; desenvolver, metodicamente, o pensamento vertical e o pensamento horizontal no campo de atividade em questão; capacidade de pensar e fazer escolhas; aptidão e desejo de se comunicar; inabalável determinação de realizar e concluir alguma coisa e perseverança para trabalhar por resultado a longo prazo.

Além destas condições, alguns passos devem ser dados para iniciar o processo de desenvolvimento da visão. Para Filion (1991, p.67) cinco passos são precisos, são eles: 1) Avaliação de suas próprias áreas de interesse; 2) Avaliação de seus próprios pontos fortes e fracos; 3) Estimulação da imaginação pela feitura de estudo de casos biográficos; 4) Focalização de uma área de interesse que apresente efeitos sinérgicos com algum dos seus pontos fortes e 5) Desejo de iniciar o processo de desenvolvimento de uma visão.

Um outro elemento identificado, posteriormente, foi a oportunidade. De acordo com Filion (2013), a criação de uma oportunidade dar-se pela necessidade de um nicho relacionado à

VISÃO

RELAÇÕES

CONCEITO DE SI COMPREENSÃO

DO SETOR

ENERGIA

Imagem

Figura 3 - As três categorias de visão.
Figura 4 - Ciclo de aprendizagem.
Figura 5 - A espiral do conhecimento.
Figura 6 - Espiral da criação do conhecimento organizacional.
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Referências

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