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Estudo de impacto de vizinhança: diretrizes para elaboração

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Academic year: 2017

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Trabalho de Formatura

Curso de Graduação em ENGENHARIA AMBIENTAL

ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

André Correa de Toledo

Rio Claro (SP)

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ANDRÉ CORREA DE TOLEDO

ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

Trabalho de Formatura apresentado ao

Instituto de Geociências e Ciências Exatas,

Campus de Rio Claro (SP), da

Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho, para obtenção do grau de

Engenheiro Ambiental.

Orientador: Leandro Eugenio da Silva Cerri

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55 f. : il., figs., quadros

Trabalho de conclusão de curso (Engenharia Ambiental)

-Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Leandro Eugenio da Silva Cerri

1. Engenharia ambiental. 2. Estudo de impacto de vizinhança. 3. EIV. 4. Avaliação de impactos. I. Título.

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ANDRÉ CORREA DE TOLEDO

ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

Trabalho de Formatura apresentado ao

Instituto de Geociências e Ciências Exatas,

Campus de Rio Claro (SP), da

Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho, para obtenção do grau de

Engenheiro Ambiental.

Comissão Examinadora

Prof. Dr. Leandro Eugenio da Silva Cerri (orientador)

Eng. Eduardo Augusto R. Campos

Prof. Dr. George Luiz Luvizotto

Rio Claro, 27 de novembro de 2012.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais, pelo constante apoio, carinho e conselhos, não só durante minha graduação, mas em toda minha vida.

Agradeço à vó Lena e à vó Landa, pelo amor, incentivo, orações e lanches de domingo a noite.

Agradeço ao meu irmão, Rafael, pela amizade e parceria.

Agradeço ao meu orientador, professor e amigo Leo, por todos os ensinamentos, técnicos ou não, pelas ricas discussões, histórias e risadas compartilhadas, e exemplo de postura

pessoal e profissional.

Agradeço ao Prof. Fabio e Prof. Zaine, pelas oportunidades criadas e conhecimentos passados

Agradeço ao Sangue, brother de 4 anos de estágio, pela parceria no trabalho, conversas e momentos de descontração.

Agradeço a todos os demais amigos que, mesmo indiretamente, sempre me ajudaram nessa briga, mesmo que apenas através de uma conversa e uma caneca cerveja. Agradecimentos

especiais àqueles que colaboraram com bem mais do que só uma caneca! Bomba, Bruno, Felipe, Chuck, Fischer, Rodo, Wil, Vilela, Gus... valeu mulecada!

Aos colegas da turma de 2008 da Engenharia Ambiental, pelos anos de convivência e experiencias compartilhadas.

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A PEDRA

O distraído nela tropeçou.

O bruto a usou como projétil.

O empreendedor, usando-a, construiu.

O camponês, cansado da lida, dela fez assento.

Para meninos, foi brinquedo.

Drummond a poetizou.

Já, David matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura.

E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no Homem!

Não existe 'pedra' no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio

crescimento.

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RESUMO

O tema do presente trabalho é o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), instrumento legal instituído pelo Estatuto da Cidade, e regulado por lei municipal, que visa avaliar os impactos causados pela implantação ou ampliação de empreendimentos dentro da zona urbana. O principal objetivo desta pesquisa foi a organização de uma proposta de diretrizes gerais para elaboração do EIV. Para tanto, foi considerado o seguinte sequenciamento de etapas: revisão acerca da bibliografia e legislação vigente sobre o tema; análise de diferentes regulamentações municipais existentes em cidades paulistas; análise de EIVs elaborados no município de Rio Claro (SP); e organização da proposta de diretrizes gerais para elaboração do EIV, estruturada por meio de um fluxograma.

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ABSTRACT

This scientific research focus on the “Estudo de Impacto de Vizinhança” (EIV, Neighborhood Impact Study), a legal instrument instituted by federal law, and regulated by municipal law, that aims to evaluate the impacts in the neighborhood caused by the implantation or expansion of ventures within the urban zone. The main objective of this research was the formulation of general guidelines for EIV elaboration. Therefore, the following steps were considered: review of the legislation and literature on the theme; assessment of existing municipal legislation about this theme; assessment of EIVs elaborated within Rio Claro (SP); elaboration of the general guidelines for EIV elaboration, which were summarized in a flowchart.

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LISTA DE TABELAS

Quadro 1: Dados populacionais dos municípios selecionados ... 32

Quadro 2: Análise dos Planos Diretores e Leis EIV levantados nos

municípios paulistas ... 33

Quadro 3: Síntese da análise dos Estudos de Impacto de

Vizinhança levantados junto à Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente

(SEPLADEMA) de Rio Claro (SP) ... 41

Figura 1: Fluxograma acerca da proposta de diretrizes gerais para

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10

2. A IMPORTÂNCIA DO TEMA DA PESQUISA ... 10

3. OBJETIVO ... 13

4. MÉTODO ... 14

4.1. Levantamento Bibliográfico ... 14

4.2. Análise da regulamentação do Estudo de Impacto de Vizinhança existente em diferentes municípios paulistas ... 15

4.3. Análise de Estudos de Impacto de Vizinhança já Elaborados... 16

4.4. Elaboração das Diretrizes ... 16

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17

5.1. Definições ... 17

5.2. Questões Essenciais do EIV ... 20

5.2.1. Adensamento Populacional ... 21

5.2.2. Equipamentos Urbanos e Comunitários ... 21

5.2.3. Uso e Ocupação do Solo ... 22

5.2.4. Valorização Imobiliária ... 22

5.2.5. Geração de Tráfego e Demanda por Transporte Público ... 23

5.2.6. Ventilação e Iluminação ... 23

5.2.7. Paisagem Urbana e Patrimônio Natural e Cultural ... 24

5.3. Revisão da legislação vigente sobre o tema ... 25

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 30

6.1. Análise da regulamentação do Estudo de Impacto de Vizinhança existente em diferentes municípios paulistas ... 30

6.2. Revisão dos Estudos de Impacto de Vizinhança Levantados... 39

6.3. Proposta de diretrizes para elaboração do EIV. ... 43

7. CONCLUSÕES ... 46

7.1. Quanto à análise da legislação... 46

7.2. Quanto à análise dos EIVs... 47

7.3. Quanto à proposta de diretrizes para elaboração do EIV: ... 49

7.4. Quanto ao desenvolvimento da pesquisa... 49

8. RECOMENDAÇÕES ... 50

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1. INTRODUÇÃO

O presente Relatório Final do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Estudo

de Impacto de Vizinhança: Diretrizes para Elaboração”, é apresentado à Comissão do

Trabalho de Formatura do Curso de Graduação em Engenharia Ambiental, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Unesp Rio Claro (SP), pelo graduando André Correa de Toledo, conforme exigências do Programa de Graduação.

A pesquisa foi desenvolvida sob orientação do Prof. Dr. Leandro Eugenio da Silva Cerri, docente e pesquisador do Departamento de Geologia Aplicada.

O tema do presente trabalho são os Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV), instrumentos legais instituídos pelo Estatuto da Cidade que visam a avaliar os impactos causados pela implantação ou ampliação de empreendimentos dentro da zona urbana.

2. A IMPORTÂNCIA DO TEMA DA PESQUISA

Durante o século XX, o Brasil passou por um processo de desenvolvimento econômico acelerado, o qual foi acompanhado de um intenso êxodo rural, responsável pelo inchaço das cidades brasileiras. Segundo dados do IBGE (2010), 84% da população brasileira, ou seja, cerca de 160 milhões de pessoas, vivem atualmente em zonas urbanas.

Entre as principais consequências deste fenômeno, destaca-se a frequente carência de infraestrutura para atender este aporte de pessoas nas cidades. Tal situação gera uma enorme demanda por empreendimentos dos mais diferentes tipos, que variam desde escolas, condomínios e hospitais até shopping centers e casas noturnas.

Entretanto, em paralelo com o crescimento exponencial do número de empreendimentos nas cidades, houve também um fortalecimento da consciência ambiental no Brasil, principalmente durante a década de 1970, quando se começou a defender a inclusão da questão ambiental nas tomadas de decisão.

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No Artigo 9º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, conhecida como “Política Nacional do Meio Ambiente”, consta que: “São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: [...] III - a avaliação de impactos ambientais”.

A Resolução CONAMA n° 001, de 23 de janeiro de 1986, por sua vez, estabelece que a Avaliação de Impacto Ambiental seja operacionalizada como um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente na forma do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Esta mesma resolução determina que: “Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental-RIMA [...] o licenciamento de atividades modificadoras do meio

ambiente, tais como: [...]”.

Na sequência desta resolução é apresentada uma lista contendo uma série de empreendimentos, classificados tanto pelo porte quanto por sua tipologia, os quais necessariamente requerem um EIA/RIMA para obterem as devidas licenças dos órgãos ambientais competentes.

A legislação que versa sobre o EIA/RIMA permite que cada estado ou município crie suas próprias resoluções, a fim de complementar a lei federal, como é o caso, por exemplo, da Resolução SMA - 54, de 30 de novembro de 2004, para o estado de São Paulo, a qual dispõe sobre procedimentos para o licenciamento ambiental no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Analisando-se todo este aparato legal, percebe-se que o EIA/RIMA consiste em um instrumento de avaliação de impacto muito bem regulado e estabelecido. Entretanto, conforme exposto a seguir, o mesmo não ocorre para o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).

Analogamente ao EIA/RIMA na Resolução CONAMA nº 001, o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) é instituído como instrumento legal na Lei Federal no 10.257, de 10 de

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Em outras palavras, o parágrafo 1º deste artigo estabelece que a Lei Federal no10.257/2001 apenas institui o EIV como um dos instrumentos da política urbana, determinando que este seja regulado por uma legislação específica para este fim.

Esta situação é mais bem explicada no Capítulo II, Seção XII - Do Estudo de Impacto de Vizinhança, artigo 36, onde consta que:“A Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de

elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou

autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público

municipal” (grifo nosso).

Ou seja, diferente do EIA/RIMA, cujas diretrizes são estabelecidas por leis federais e apenas complementadas pelas legislações estaduais ou municipais, o EIV deverá ser inteiramente regulado pelo poder municipal, seja através de lei municipal específica ou, como é mais frequente, através do Plano Diretor do município.

Neste sentido, no que diz respeito às diretrizes fornecidas pelo Estatuto da Cidade para execução do EIV, pode-se dizer que estas são muito vagas. A Lei Federal nº 10.257, sem fornecer maiores detalhes, apenas estabelece alguns itens essenciais que devem ser obrigatoriamente abordados no estudo, conforme se observa no Artigo 37, onde consta que:

O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e

suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões: I –

adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e comunitários; III – uso e

ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por

transporte público; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem urbana e patrimônio

natural e cultural”. Tais questões serão discutidas no decorrer do presente relatório.

Segundo dados do Ministério das Cidades, em seu Relatório de Análise dos Planos Diretores Participativos do Estado de São Paulo, de acordo com pesquisa contemplando 92 municípios representativos do estado, em 94,6% deles os Planos Diretores analisados incluíram o Estudo de Impacto de Vizinhança nos seus conteúdos. Destes, 70,7% definiram alguma regra de aplicação.

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diretamente do Plano Diretor, a qual é evidenciada através do alto percentual de planos que, ao tratar deste tema, vinculam a regulamentação desse instrumento por meio de lei específica, superior a 70%. Este mesmo relatório coloca ainda que somente em 18,4% dos casos, os planos diretores definiram um prazo para essa regulamentação.

Deste modo, os agentes públicos responsáveis pelo licenciamento de novos empreendimentos frequentemente não possuem embasamento técnico e jurídico suficiente para requerer um estudo que efetivamente cumpra com sua finalidade, assim como para avaliá-lo. Da mesma maneira, nos municípios onde o EIV não está bem regulamentado, os próprios empreendedores, responsáveis pela execução do estudo, desconhecem as diretrizes a serem adotadas em sua elaboração.

Dentro deste contexto, o presente Trabalho de Conclusão de Curso justificou-se pela carência de estudos acadêmicos que dêem embasamento técnico suficiente para a regulamentação do processo de elaboração dos Estudos de Impacto de Vizinhança.

A investigação realizada contemplou especialmente o município de Rio Claro (SP), onde, embora o Plano Diretor contemple uma listagem referente ao enquadramento dos empreendimentos elegíveis para a execução do EIV, de acordo com seu porte e tipologia, não há padronização em relação ao método de elaboração deste estudo.

3. OBJETIVO

O presente trabalho de conclusão de curso teve como principal objetivo a organização de uma proposta de diretrizes gerais para elaboração de Estudos de Impacto de Vizinhança.

Para tanto, também foram estabelecidos os seguintes objetivos secundários: - Compreender o arcabouço teórico acerca dos Estudos de Impacto de Vizinhança; - Compreender as diferentes legislações municipais reguladoras dos Estudos de Impacto de Vizinhança;

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4. MÉTODO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi dividido em quatro etapas principais, descritas a seguir:

4.1. Levantamento Bibliográfico

Esta etapa perdurou durante toda a execução da pesquisa, desde a elaboração do Plano de Trabalho até a redação do Relatório Final. Seu principal objetivo consistiu no conhecimento do estado da arte sobre o tema.

Foram estudados assuntos relacionados aos Estudos de Impacto de Vizinhança, tais como: propostas de seleção de empreendimento elegíveis para a elaboração do estudo, propostas de termos de referência para elaboração de EIVs, propostas de aplicação de Sistemas de Informações Geográficas nos EIVs, o uso de EIVs como instrumentos de gestão ambiental urbanística, dentre outros, a fim de se conhecer as diferentes abordagens teóricas acerca deste tema.

Além dos tópicos acima citados, também foram estudadas cada uma das questões obrigatoriamente abordadas no EIV: Adensamento populacional; Equipamentos urbanos e comunitários; Uso e ocupação do solo; Valorização imobiliária; Geração de tráfego e demanda por transporte público; Ventilação e iluminação; Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Em relação à revisão da legislação sobre o tema, esta incluiu a Constituição Federal, a Política Nacional do Meio Ambiente, o Novo Código Civil, o Estatuto da Cidade, Resoluções CONAMA e Deliberações da SMA.

Basicamente, as consultas bibliográficas contemplaram livros técnicos, teses de mestrado e/ou doutorado, periódicos, além de sites do Governo, como a página do Ministério das Cidades e a da cidade de Rio Claro, bem como outros sites especializados na área e bibliotecas virtuais. As leis citadas foram inteiramente levantadas na internet, em páginas do Governo Federal, Estadual e Municipal.

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realizar a pesquisa nestes buscadores utilizaram-se as seguintes palavras-chave: EIV, estudo de impacto de vizinhança, impacto de vizinhança, termo de referencia de EIV, plano diretor, lei municipal EIV, estatuto da cidade, constituição federal, novo código civil, adensamento populacional, ventilação, iluminação, tráfego, equipamentos urbanos, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária e paisagem urbana.

As leis municipais específicas sobre o EIV, bem como os Planos Diretores que o contemplaram em seu conteúdo, embora levantadas durante esta etapa, foram consideradas separadamente, sendo que os resultados desta análise são apresentados em tópico específico sobre este tema.

4.2. Análise da regulamentação do Estudo de Impacto de Vizinhança existente em diferentes municípios paulistas

Nesta etapa do presente trabalho foram levantadas as legislações regulamentadoras dos EIVs de seis municípios do Estado de São Paulo: Rio Claro, São Paulo, Campinas, Sorocaba, Piracicaba e Americana.

Os critérios adotados para a seleção destes municípios foram: localização espacial, população, atividades turísticas, existência de lei municipal específica sobre o EIV, e a disponibilidade e facilidade de acesso à legislação. Os motivos que levaram à adoção dos critérios citados são apresentados em conjunto com a apresentação dos resultados desta análise.

As leis foram levantadas acessando-se as páginas oficiais das prefeituras destes municípios.

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Definidos tais parâmetros, as informações levantadas a partir desta análise foram tabuladas em um quadro, o qual é apresentado e discutido no decorrer do presente relatório.

4.3. Análise de Estudos de Impacto de Vizinhança já Elaborados

Nesta etapa, o foco da pesquisa se voltou para o estudo dos EIVs já realizados, procurando conhecer a maneira como estes vêm sendo estruturados, se há alguma padronização dos estudos, quais os modelos de execução e as diferentes propostas e abordagens existentes.

Deste modo, procurou-se levantar EIVs aprovados na SEPLADEMA (Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente), órgão da Prefeitura Municipal de Rio Claro (SP). O contato com a secretaria se deu por meio de entrevista presencial e solicitação formal de disponibilização dos estudos, protocolado junto ao “Atende Fácil” da Prefeitura. Adianta-se aqui que esta solicitação foi atendida por meio da disponibilização de três EIVs.

Por outro lado, também foram contatadas, via e-mail, seis empresas privadas elaboradoras deste tipo de estudo, entretanto, nenhuma delas retornou uma resposta positiva em relação ao pedido de disponibilização de EIV para os fins desta pesquisa.

Os critérios definidos para analise dos documentos foram: Caracterização do empreendimento; Compatibilidade com a lei municipal e revisão da legislação incidente; Definição e caracterização das áreas de influência; Aspectos abordados; Avaliação de impactos; Proposta de medidas preventivas, mitigadoras ou potencializadoras; e Programa de monitoramento.

4.4. Elaboração das Diretrizes

Concluídas as etapas anteriores, foram acumuladas informações suficientes para se organizar a proposta de elaboração do EIV.

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Sustentável de Araxá (MG) e as diretrizes para elaboração do EIV descritas por Sant’Anna (2007).

Por fim, a proposta foi organizada em um fluxograma, a fim de facilitar a visualização e entendimento do processo.

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica do presente trabalho encontra-se subdividida em três seções distintas: Definições; Questões essenciais dos Estudos de Impacto de Vizinhança; e Revisão da Legislação.

5.1. Definições

A compreensão dos Estudos de Impacto de Vizinhança, em uma abordagem sistêmica, abrange o entendimento dos conceitos de Meio Ambiente, Impacto Ambiental, Meio Ambiente Urbano, Propriedade, Vizinhança e Impacto na Vizinhança.

Meio Ambiente, segundo o artigo 3º da Política Nacional do Meio Ambiente, é

definido como “[...] O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

O artigo 225 da Constituição Federal Brasileira de 1988 complementa este conceito ao definir Meio Ambiente como “[...] bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações(grifo nosso).

Destaca-se na definição presente na Constituição Federal a introdução do dever de zelar pelo meio ambiente, a fim de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. É deste dever, imposto tanto ao poder público quanto a coletividade, que emanam todos os instrumentos legais que visam a proteção do meio ambiente, desde leis que instituam a criação de órgãos ambientais, planos diretores, normas técnicas que estabeleçam padrões de qualidade ambiental ou, até mesmo, leis que regulem estudos ambientais como o EIA/RIMA ou o próprio EIV.

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sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Em seu artigo 3° esta lei conceitua degradação da qualidade ambiental como “a alteração adversa das características do meio ambiente”.

Desenvolvendo este conceito, a Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, em seu artigo 1º, estabelece que: “considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as

atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais”.

Vale destacar que é esta a resolução que institui a Avaliação de Impacto Ambiental como um instrumento legal, conforme citado anteriormente.

Por outro lado, dado o objeto de estudo do presente trabalho, bem como a natureza dos Estudos de Impacto de Vizinhança, os quais se desenvolvem predominantemente em zonas urbanas, faz-se necessário conceituar também Meio Ambiente Urbano.

Sobre este tema, Milaré (2001) explica que: “Numa concepção ampla, que vai além dos limites estreitos fixados pela Ecologia Tradicional, o meio ambiente abrange toda a natureza original (natural) e artificial, assim como os bens culturais correlatos. Temos aqui, então, um detalhamento do tema: de um lado, com o meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, pela água, pelo ar, pela energia, pela fauna e pela flora; e de outro, com o meio ambiente artificial (ou humano) formado pelas edificações, equipamentos e alterações produzidos pelo homem, enfim, os assentamentos de natureza urbanística e demais construções. [...] Nessa perspectiva ampla, o meio ambiente seria a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.

(21)

No Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, em 1933, foi elaborado um documento muito famoso denominado Carta de Atenas, o qual estabelece as funções

básicas da cidade, são elas: o habitar, trabalhar, circular e recrear. Deste modo, pode-se

considerar que um meio urbano encontra-se ambientalmente equilibrado quando este fornece, simultaneamente e de maneira adequada, condições de habitação, trabalho, circulação e lazer aos seus habitantes.

Seguindo este raciocínio, pode-se definir impacto ambiental urbano como a remoção de alguma destas condições da zona urbana através da instalação de um empreendimento ou realização de atividade qualquer.

Outro conceito fundamental para o entendimento dos EIVs é o de Propriedade. Define-se propriedade como uma situação jurídica fundada numa relação entre a sociedade e um particular, o dono, e uma coisa corpórea ou não, podendo ser um imóvel, um móvel ou um direito, em virtude da qual são assegurados ao proprietário os poderes sobre a coisa de usar, fruir, dispor e reivindicar, respeitando os direitos da coletividade. Em síntese, é o direito subjetivo de exploração de um bem, que todos os outros integrantes da sociedade devem respeitar.

Consta no Artigo 5º da Constituição Federal Brasileira que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social” (grifo nosso).

Entretanto, tal direito deve ser exercido respeitando-se as exigências básicas do meio urbano, de modo que o proprietário deve observar condições previstas nas leis que regulamentam esse direito. Em outras palavras, “Para que uma propriedade esteja adequada ao interesse público, não poderá estar voltada somente para os interesses individuais de seu proprietário, mas também para o bem-estar social. Os interesses de todos deverão ser considerados” (Sant’Anna, 2007)

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Por Vizinhança entendem-se as imediações do empreendimento, bem como sua área de influência, a qual pode variar em raio e geometria de acordo com o porte e a tipologia do mesmo.

Neste contexto, o Novo Código Civil, em seu Artigo 1.227, presente no Capítulo V – Dos Direitos de Vizinhança, determina que: “O proprietário ou possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à

saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização da propriedade vizinha”.

Deste modo, fica assegurado à vizinhança o direito à manutenção de sua qualidade de vida independente da instalação ou ampliação de qualquer empreendimento nela localizado, o que representa uma limitação ao direito de propriedade, a qual visa à prevenção ou mitigação dos impactos negativos na vizinhança.

Dado o exposto acima, pode-se definir Impacto de Vizinhança como as externalidades positivas ou negativas de determinado empreendimento que são impostas à sua vizinhança, alterando o bem-estar social da mesma.

É neste contexto que se insere o Estudo de Impacto de Vizinhança, o qual consiste em um instrumento legal do Estatuto da Cidade que visa verificar os impactos positivos e negativos de empreendimentos ou atividades na qualidade de vida da população presente em sua vizinhança, de maneira a assegurar a manutenção dos direitos tanto do proprietário quanto da coletividade.

5.2. Questões Essenciais do EIV

Embora a regulamentação detalhada do EIV fique a cargo do poder municipal, conforme exposto anteriormente, o Estatuto da Cidade estabelece uma lista com sete questões essenciais que devem obrigatoriamente ser abordadas no Estudo de Impacto de Vizinhança.

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5.2.1. Adensamento Populacional

O primeiro requisito estabelecido pelo Estatuto da Cidade corresponde ao adensamento populacional, ou seja, ao crescimento da densidade demográfica local.

É do conhecimento geral que todo e qualquer crescimento populacional deve vir sempre acompanhado de um investimento equivalente em infraestrutura básica, ou seja, em habitação pública, saneamento básico, postos de saúde, vias de acesso e assim por diante. De certa maneira, pode-se dizer que tal aspecto, é determinante no que tange a questão dos impactos ambientais e na vizinhança, de modo que a carência de planejamento e controle do adensamento populacional pode acarretar em sérios impactos na vizinhança.

Nas palavras de Sant’Anna (2007), “Dependendo do número de pessoas concentradas em determinada área, a cidade poderá ou não garantir boas condições de moradia, de trabalho, de circulação, de lazer, de infra-estrutura sanitária, etc. [...] Assim, o provimento de equipamentos e serviços públicos, necessários para a garantia da qualidade de vida e do bem-estar social da população local dependerá do adensamento populacional que o empreendimento causar”.

A autora citada alerta ainda para o aumento sazonal da população, citando como exemplo a realidade do litoral do Estado de São Paulo, onde, no período de alta temporada, devido ao inchaço populacional, problemas como falta de água e infra-estrutura sanitária são recorrentes.

Deste modo, o EIV deve dar ênfase especial no aspecto populacional, a fim de que problemas decorrentes de incoerências entre a população local e a infra-estrutura existente possam ser prevenidos ou mitigados.

5.2.2. Equipamentos Urbanos e Comunitários

Partindo-se do princípio que a qualidade de vida da população presente na vizinhança do empreendimento deve aumentar ou, no mínimo, ser conservada com a instalação/ampliação deste, a análise dos impactos desta obra nos equipamentos urbanos e comunitários é fundamental.

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“consideram-se comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer

e similares”. E “Consideram-se urbanos os equipamentos públicos de abastecimento de água, serviços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás

canalizado”.

Deste modo, conforme Sant’Anna (2007), “dependendo do adensamento populacional e o tipo de empreendimento, o Estudo de Impacto de Vizinhança deverá verificar quais destes equipamentos deverão ser instalados ou ter sua capacidade aumentada, de acordo com o que o empreendimento ou atividade vierem a acarretar”.

5.2.3. Uso e Ocupação do Solo

O tipo de uso do solo consiste em um dos aspectos mais relevantes do empreendimento no que diz respeito aos impactos impostos à vizinhança. Frequentemente, o plano diretor de diversos municípios recomenda a realização de estudos de viabilidade urbanística para empreendimentos cuja tipologia de utilização do solo se enquadre em algumas classes específicas, independente de quaisquer outras características da obra.

O empreendimento objeto do EIV deve estar de acordo com o zoneamento urbano estabelecido no plano diretor, o qual deve disciplinar o uso e a ocupação do solo nas diferentes zonas do ambiente urbano (Industrial, Residencial, Comércio e etc.).

Dentro deste contexto, “além do EIV comprovar que a zona de instalação do empreendimento permite o uso e a ocupação pretendidos, é preciso que o estudo avalie os incômodos e impactos da atividade que serão ou não compatíveis com o zoneamento preestabelecido, bem como com a infra-estrutura previamente existente” (Sant’Anna, 2007).

5.2.4. Valorização Imobiliária

(25)

Desta forma, alguns autores apontam para a valorização imobiliária como sendo um dos indicadores de que o empreendimento instalado está cumprindo com suas funções sociais de redistribuição de renda e uso social, uma vez que, caso tais funções estejam sendo exercidas, estes investimentos em infra-estrutura incentivarão a socialização da área, o que acarretará na valorização imobiliária. Em outras palavras, “quanto mais utilizado, mais valorizado ficará o empreendimento e sua vizinhança” (Sant’Anna, 2007).

5.2.5. Geração de Tráfego e Demanda por Transporte Público

Por tráfego entende-se a utilização das vias de circulação por pedestre, veículos motorizados, veículos não motorizados e animais, para fins de circulação, parada ou estacionamento.

Transporte público, por sua vez, segundo definição de Silva (2000) corresponde ao “conjunto dos meios e atividades destinados a conduzir pessoas e coisas de um ponto a outro dentro do perímetro urbano ou metropolitano e sua extensão suburbana”.

Independente do porte ou da tipologia do empreendimento, sua instalação ou ampliação sempre irá intensificar o tráfego e a demanda por transporte público, mesmo que em uma escala bastante reduzida.

Deste modo, é necessário que o EIV aborde esta questão a fim de mensurar o impacto do empreendimento no trânsito local e propor medidas que possam minimizá-lo. Tais medidas podem variar desde a reforma do sistema viário e o aumento de veículos de transporte público até a implantação de sinalização mais eficiente ou a simples construção de estacionamentos.

5.2.6. Ventilação e Iluminação

O grande número de edificações presentes no meio urbano influencia diretamente o micro-clima local, alterando as condições de ventilação e iluminação.

(26)

Ou seja, a alteração nos mecanismos naturais de circulação de ar nas manchas urbanas interfere, entre outros aspectos, na sua temperatura, capacidade de dispersão de poluentes, nível de precipitação e na qualidade do ar em geral.

Sabendo-se que tais fatores estão intrinsecamente ligados à questões de saúde pública, fica clara a importância de se abordar tais temas dentro dos Estudos de Impacto de Vizinhança.

Ressalta-se que esta influencia no micro clima urbano será tanto maior quanto mais altas e menos espaçadas forem as edificações, sendo estas as principais variáveis a serem estudadas dentro de um EIV.

Por fim, ressalta-se que a principal problemática deste assunto diz respeito à dificuldade de renovação do tecido urbano já consolidado. (Menegassi, 2002)

5.2.7. Paisagem Urbana e Patrimônio Natural e Cultural

“A boa aparência das cidades surte efeitos psicológicos importantes sobre a população, equilibrando, pela visão agradável e sugestiva de conjuntos e de elementos harmoniosos, a carga neurótica que a vida citadina despeja sobre as pessoas que nelas hão de viver; conviver e sobreviver” (Silva, 2000)

Por paisagem urbana entende-se, segundo o Decreto nº 15.364 do município de São Paulo, que esta corresponde a “vista do conjunto das superfícies constituídas por edificações e logradouros da cidade”. Portanto, além das edificações, pode-se dizer que a paisagem urbana engloba, ainda, elementos como áreas verdes (praças, parques, bosques), obras arquitetônicas estéticas, arborização, o próprio traçado urbano e os imóveis que o compõem.

Patrimônio Natural e Cultural, por sua vez, compreende as áreas de importância preservacionista, histórica, cultural e de beleza cênica, ou seja, são áreas com as quais a população local se identifique, independente do motivo.

(27)

5.3. Revisão da legislação vigente sobre o tema

Conforme visto até o momento, este trabalho tem como objeto de estudo um instrumento legal, instituído por meio de Lei Federal (artigo 4º, item VI, da Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade) e amparado por uma variada gama de outras leis e resoluções. Por esta razão, a presente análise dos Estudos de Impacto de Vizinhança aqui elaborada requer uma cuidadosa revisão acerca da legislação incidente sobre os EIVs, fundamental para o entendimento e desenvolvimento deste trabalho.

Nestes termos, dada a natureza e aplicabilidade dos EIVs, faz-se necessário, inicialmente, discutir o conceito de Direito Urbanístico.

Vários são os autores que discutem tal conceito, incluindo, em seus pontos de vista, tanto a definição quanto o objeto do Direito Urbanístico. Neste contexto, Maria Senna Sant’Anna (2007) relaciona os pensamentos dos principais autores da área, incluindo na análise sua própria conclusão acerca deste tema.

Sarno (2004) define direito urbanístico como “um ramo do direito que tem por objeto normas e atos que visam à harmonização das funções do meio ambiente urbano, na busca pela qualidade de vida da coletividade”.

Meirelles (2003) vai de encontro a esta definição, ao conceituá-lo como o “ramo do direito público destinado ao estudo e formulação dos princípios e normas que devem reger os espaços habitáveis, no seu conteúdo campo-cidade”. Entretanto, esta autora complementa o conceito apresentado por Sarno (2004) ao explicar que o “direito urbanístico visa precipuamente à ordenação das cidades, mas seus preceitos incidem sobre as áreas rurais, no vasto campo da ecologia e da proteção ambiental”.

Assim, fica evidente, na definição colocada por Meirelles (2003), a estreita relação existente entre o direito urbanístico e as questões ambientais, principalmente no que tange à proteção ambiental e, consequentemente, os impactos ao meio ambiente, bem como todos seus desdobramentos.

(28)

afirma que “é o ramo do direito público que tem por objeto expor; interpretar e sistematizar as normas e princípios disciplinadores dos espaços habitáveis”.

Dentro deste enfoque técnico-científico oferecido por Silva (2000), pode-se claramente enquadrar os Estudos de Impacto de Vizinhança como uma proposta de sistematização dos princípios legais disciplinadores dos espaços habitáveis, essencialmente os urbanos.

Por fim, destacando a importância do bem-estar da comunidade, Sant’Anna (2007) define direito urbanístico como “o ramo do direito que visa, através da norma legal, alterar a realidade urbana existente com a finalidade de melhorar a qualidade de vida de uma determinada área ou com o objetivo de implantar boas condições de vida em uma área a ser urbanizada”.

Todas as definições anteriormente apresentadas condizem com o apresentado na Constituição Federal, em seu Título VII, Capítulo II – Da Política Urbana, Artigo 182, onde consta que: “A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes”.

Além dos objetivos das políticas urbanas, quais sejam ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, destaca-se, neste artigo, a imposição de tais atividades ao poder municipal, o que remete à questão da divisão das competências relacionadas à política urbana entre os membros da União.

Neste sentido, a própria Constituição Federal, ao estabelecer as competências da União, dos Estados e dos Municípios, no que diz respeito ao ordenamento urbano, coloca que: “Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social” (Art. 21, IX), bem como “instituir

diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e

transportes urbanos” (Art. 21, XX).

Ao Estado, concorrentemente à União, compete, segundo o artigo 24, item I, da Constituição Federal, legislar sobre direito urbanístico.

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territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do

solo urbano” (Art. 30, VIII), assim como “suplementar a legislação federal e a estadual no que couber” (Art. 30, II).

Com base nestes artigos, intitulados por Silva (2000) como fundamentos constitucionais do direito urbanístico brasileiro, percebe-se que, basicamente, aos Estados e a União compete legislar sobre o direito urbanístico, estabelecendo, assim, as diretrizes das políticas urbanas a serem executadas pelos Municípios.

Nestes termos, pode-se dizer que uma das finalidades principais do Direito Urbanístico consiste em instituir instrumentos legais que possam ser utilizados pelos poderes públicos municipais, a fim de se cumprir os objetivos das políticas urbanas.

É justamente dentro deste contexto que surge a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade. Segundo sua própria descrição, tal lei tem por objetivo justamente regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo, assim, as diretrizes gerais da política urbana.

Este processo de regulamentação conta, conforme o artigo 4º da referida lei, com a criação de diversos instrumentos da política urbana, dentre os quais se destacam, para os fins do presente trabalho, os expostos no item VI deste artigo, ou seja, “estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança(EIV)(grifo nosso).

O Estatuto da Cidade conta, ainda, com uma seção específica para a regulamentação dos Estudos de Impacto de Vizinhança. Embora muito sucinta, dois aspectos da Seção XII, do Capítulo II do Estatuto da Cidade merecem destaque. Conforme explicado anteriormente, embora não haja uma regulamentação mais desenvolvida, esta lei federal impõe sete questões mínimas a serem incluídas no estudo (Art. 37), são elas: adensamento populacional, equipamentos urbanos e comunitários, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária, geração de tráfego e demanda por transporte público, ventilação e iluminação, e paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. O segundo aspecto que merece destaque para a presente discussão é a atribuição ao poder público municipal da responsabilidade de definir os empreendimentos e atividades que dependerão da elaboração do EIV para obtenção de licenças (Art. 36).

(30)

Desta forma, em concordância com o Capítulo II, Seção XII, acima discutida, o Estatuto da Cidade estabelece que o processo de regulamentação dos EIVs seja de responsabilidade do Poder Municipal.

Dentro deste contexto, o Poder Municipal pode regulamentar os Estudos de Impacto de Vizinhança de duas maneiras distintas, sendo a primeira através da elaboração de lei municipal específica, e a segunda, através da inclusão de uma seção sobre os EIVs dentro do Plano Diretor da cidade, o que é mais frequentemente observado.

Como o presente Trabalho de Conclusão de Curso é focado nos Estudos de Impacto de Vizinhança realizados na cidade de Rio Claro (SP), e dado que esta optou por regulá-los dentro de seu Plano Diretor, discutir-se-á, a seguir, um pouco sobre este complexo instrumento de política urbana.

Sobre a relevância do Plano Diretor, a própria Constituição Federal, em seu artigo 182, § 1º, coloca que: O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana (grifo nosso).

Instituído no artigo 4º, item III a, do Estatuto da Cidade, como um instrumento do planejamento municipal, a finalidade do Plano Diretor consiste em orientar as ações do poder público visando à compatibilização dos interesses coletivos às políticas de desenvolvimento urbano das cidades. Desta forma, a lei que institui tal instrumento abrange os mais diversos aspectos do ordenamento urbano, tais como o Parcelamento do Solo Urbano, Infraestrutura Viária e dos Transportes, a Política Ambiental, e assim sucessivamente.

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estas variáveis, razão pela qual o zoneamento deve ser considerado quando da elaboração destes estudos.

Devido à abrangência e obrigatoriedade do plano diretor e a possibilidade de inclusão dos EIVs dentro destes, raros são os municípios que decidiram por regulamentar tais estudos por meio de lei específica. Pelo contrário, observa-se que a grande maioria destes tende a incluir algum tipo de diretriz relacionada aos estudos em seus respectivos Planos Diretores. Entretanto, conforme destacado anteriormente, o próprio Ministério das Cidades ressalta que, na grande maioria dos casos, tais diretrizes são insuficientes para se elaborar uma política de aplicação dos EIVs nas cidades. Ressalta-se que tais deficiências encontram-se justamente relacionadas à operacionalização dos estudos, bem como à sua avaliação.

Para finalizar esta revisão acerca do aparato legal existente sobre os EIVs, é interessante discutir a relação existente entre o direito de propriedade e os Estudos de Impacto de Vizinhança.

Assegurado pela Constituição Federal, o direito à propriedade é garantido no artigo 5º da Lei Maior, onde consta que:Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes” (grifo nosso). Entre os termos dentro dos quais tal direito pode ser

exercido, os itens XXII e XXIII deste artigo explicam que: “é garantido o direito de propriedade”; e que “a propriedade atenderá a sua função social”.

Em relação à função social da propriedade, a própria Constituição Federal, em seu artigo 182, § 2º, explica: “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor” (grifo

(32)

Seguindo esta premissa, os Estudos de Impacto de Vizinhança, regulados por lei específica ou dentro do próprio Plano Diretor do município, são instituídos precisamente no sentido de regulamentar e restringir o direito à propriedade, induzindo o proprietário a fazer cumprir a função social de sua propriedade.

Embora tais imposições visem um convívio harmonioso entre a propriedade e sua vizinhança, garantindo aos vizinhos o direito ao sossego, à saúde e à segurança, nos termos do artigo 1227 Novo Código Civil, transcrito anteriormente, vale reforçar, o alerta colocado por Sant’Anna (2007): “Se admitirmos que as reclamações dos vizinhos em relação a cada ato incômodo fossem todas recebidas de forma a negar um ato do proprietário, podemos imaginar uma situação alarmante em que a propriedade estaria aniquilada. Isto não pode acontecer e é exatamente neste sentido que mora a problemática do direito de vizinhança; no uso e limitação da propriedade, de forma a garantir tanto o direito individual do proprietário, como o direito coletivo da vizinhança”. A mesma autora conclui dizendo que é justamente daí que surgem os denominados “Conflitos de Vizinhança”. A esta conclusão podemos adicionar que para se resolverem tais conflitos de maneira justa, sem grandes prejuízos tanto para a vizinhança quanto para o proprietário, é que surgem os Estudos de Impacto de Vizinhança.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do presente Trabalho de Conclusão de Curso são apresentados e discutidos em três subitens distintos, referentes a: análise da regulamentação do EIV, analise de EIVs aprovados junto a SEPLADEMA de Rio Claro (SP), e a proposta de diretrizes para elaboração do EIV.

6.1. Análise da regulamentação do Estudo de Impacto de Vizinhança existente em diferentes municípios paulistas

(33)

Entretanto, o nível de amadurecimento deste processo varia muito de acordo com o município, de modo que, em alguns deles, pode-se dizer que nada foi feito ainda, enquanto outros dispõem de algumas diretrizes em seus respectivos Planos Diretores, e, em raras situações, encontram-se municípios em um estágio mais avançado deste processo, onde já foram instituídas leis municipais específicas sobre os EIVs, porém, com diferentes graus de complexidade para cada caso.

Desta forma, discute-se, a seguir, o teor da regulamentação já existente referente aos Estudos de Impacto de Vizinhança, seja por meio de Lei Municipal ou dos Planos Diretores, dos seguintes municípios do Estado de São Paulo: Rio Claro, São Paulo, Campinas, Sorocaba, Piracicaba e Americana.

Estes seis municípios foram escolhidos de acordo com os critérios discutidos a seguir.

Localização espacial: deu-se preferência para municípios próximos à região da cidade de Rio Claro (SP), pois foi nesta cidade que os EIVs analisados durante o decorrer deste trabalho foram levantados; População: decidiu-se por levantar municípios cuja população residisse predominantemente na zona urbana. Optou-se também por incluir um município com alta densidade populacional na análise (São Paulo), a fim de discutir a provável interferência deste aspecto na legislação. Os dados populacionais referentes a cada município são apresentados no quadro 1, a seguir; Atividade turística: optou-se por municípios sem grande potencial turístico, como cidades litorâneas, pois a sazonalidade do adensamento populacional é um fator importante que deve ser analisado com cuidado especial; Existência de Lei Municipal específica: decidiu-se que metade dos municípios estudados deveria ter os EIVs regulamentados apenas dentro do Plano Diretor, e a outra metade, além disso, também deveria contar com uma lei específica sobre este instrumento; e, por fim, a disponibilidade e facilidade de acesso à legislação.

(34)

Quadro 1: Dados populacionais dos municípios selecionados.

Município Total (hab.) População Urbana (hab.) População Urbana (%)População Demográfica Densidade (hab./km²)

Rio Claro 186.253 181.720 97,57 % 373,47

Piracicaba 364.571 356.743 97,85 % 264,77

Sorocaba 586.625 580.655 98,98 % 1.306,55

Americana 210.638 209.654 99,53 % 1.579,59

Campinas 1.080.113 1.061.540 98,28 % 1.358,63

São Paulo 11.253.503 11.152.344 99,10 % 7.387,69

Fonte: IBGE 2010

Com este material em mãos, inicialmente, realizou-se um estudo preliminar que permitiu identificar quais os principais aspectos destas leis que mereciam ser analisados e discutidos. Os aspectos selecionados foram: Existência de lei municipal específica sobre o EIV; Critérios de seleção dos empreendimentos alvo do EIV; Composição e responsabilidade das equipes executora e analista do EIV; Diretrizes quanto à estrutura do EIV; Aspectos mínimos obrigatórios abordados no EIV; Medidas mitigadoras, potencializadoras e compensatórias; e Participação pública.

(35)

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Possui critérios objetivos para seleção de empreendimentos, considerando tanto porte quanto tipologia.

Nada consta sobre a equipe executora. Análise do EIV é de

responsabilidade da SEPLADEMA.

Define que o poder executivo regulamentará os critérios e procedimentos para aplicação deste instrumento.

Considera 10 temas como obrigatórios para o EIV.

Condiciona a aprovação do empreendimento à execução de obras que visem reduzir ou compensar os impactos negativos gerados. Cita seis exemplos.

Não prevê qualquer tipo de participação pública no processo.

 ‘ƒ—Ž‘ Sim

Possui critérios objetivos para seleção de empreendimentos, considerando tanto porte quanto tipologia. Impõe a órgão municipal a responsabilidade de dirimir eventuais duvidas em relação à exigibilidade dos EIVs.

Elaboração do EIV deve ser dada por equipe multidisciplinar credenciada. A análise se dá por conta de órgão específico da Secretaria do Meio Ambiente. Lei prevê prazo máximo para resposta da secretaria e possibilidade de requisição de complementação dos estudos.

Possui Termo de Referencia em anexo a Lei EIV, disciplinando a elaboração dos estudos.

Prevê consulta prévia à Câmara técnica de legislação urbanística quanto às exigências do estudo.

Considera os 7 temas básicos do estatuto da cidade, incluindo apenas mais um, relacionado às medidas compensatórias e mitigadores dos impactos negativos, e às potencializadoras dos positivos.

Condiciona a aprovação do empreendimento à apresentação de medidas compensatórias e mitigadores para os impactos negativos, e potencializadoras para os considerados positivos.

Prevê a disponibilização dos

estudos; a divulgação da obra em jornal de grande circulação; e regulamenta a questão das Audiências Públicas.

ƒ’‹ƒ• Não

Apresenta critérios subjetivos para seleção dos empreendimentos, entretanto, define que lei específica (ainda inexistente) regulamentará este processo.

Define que apenas a equipe responsável por analisar os EIVs deve ser composta por profissionais de diferentes áreas. Nada consta sobre a equipe executora.

O Plano Diretor não faz referência alguma a esta questão.

Não considera os temas mínimos do Estatuto da Cidade.

O plano não faz referencia alguma a esta questão.

Prevê a necessidade de se dar publicidade aos EIVs. Não considera as audiências públicas.

‘”‘…ƒ„ƒ Sim

Possui alguns critérios objetivos e outros subjetivos para seleção de empreendimentos, dá margem à interpretação

Análise será de responsabilidade da Prefeitura, assessorada por membros dos Conselhos Municipais. Nada consta sobre a equipe executora

A Lei EIV deste município estabelece sete tópicos básicos que deverão constar nos Estudo de Impacto de Vizinhança.

Não apresenta qualquer alteração em relação aos temas propostos pelo Estatuto da Cidade.

O plano e a Lei não fazem referência alguma a esta questão.

Prevê a necessidade de se dar publicidade aos EIVs e realizar audiências públicas, sem, entretanto, disciplinar o processo.

‡”‹…ƒƒ Sim

Apresenta, no Plano Diretor, critérios objetivos para seleção

de empreendimentos, considerando tanto porte quanto

tipologia. Entretanto, na lei EIV estabelece que as atividades apontadas no rol da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE, de acordo com zona urbana onde se enquadra, deve apresentar EIV.

Estudos devem ser analisados pela Secretaria de Meio Ambiente, assessorada por outras secretarias, quando necessário. Nada consta sobre a equipe executora

A Lei EIV deste município estabelece uma estrutura básica para todos os EIVs, e alguns tópicos adicionais, a serem considerados quando for o caso. Institui uma ficha de identificação, anexa a Lei Municipal, que deve ser entregue junto com o EIV.

Considera 15 temas como obrigatórios para o EIV, a serem considerados nas fases de projeto, instalação e Operação.

EIV deverá indicar as eventuais medidas mitigadoras ou compensatórias para os

impactos da atividade. Esta questão é bem regulada, impondo necessidade de projeto, cronograma, multas de não execução, exemplos de possíveis melhorias na estrutura urbana e etc.

Prevê a necessidade de se dar publicidade aos EIVs. Não considera as audiências públicas.

‹”ƒ…‹…ƒ„ƒ Não

Não apresenta qualquer tipo de critério para seleção dos empreendimentos, entretanto, define que lei específica (ainda inexistente) regulamentará este processo.

Nada consta sobre a equipe executora ou analista dos estudos

O Plano Diretor não faz referência alguma a esta questão.

Considera 13 temas como obrigatórios para o EIV.

A aprovação do empreendimento está condicionada, segundo critérios do poder municipal, a execução de melhorias na estrutura urbana, cita nove exemplos de possíveis melhorias.

(36)

Para além da apresentação destes resultados, discute-se, a seguir, alguns pontos considerados importantes em tal análise. A discussão é dada em concordância com os aspectos apresentados em cada coluna do quadro 2.

Quanto à existência de lei municipal especifica sobre o EIV, foi predeterminado que metade dos municípios analisados deveria possuir uma lei específica sobre este tema e a outra metade não, para comparar se o EIV vinha sendo mais bem regulamentado através dos Planos Diretores ou de Leis Municipais.

Neste contexto, observou-se que todos os municípios analisados possuíam, em seus Planos Diretores, uma seção específica sobre os Estudos de Impacto de Vizinhança, as quais apresentavam, no geral, níveis de regulamentação igualmente limitados. Por outro lado, naqueles municípios onde há uma lei municipal específica sobre o EIV, pôde-se verificar que este se encontrava muito melhor estabelecido e regulamentado dentro dela.

Entretanto, ressalta-se que o nível de detalhamento da regulação deste estudo varia muito entre as leis municipais específicas analisadas, de modo que sua simples existência, somente, não deve ser tomada como base para afirmar que o EIV encontra-se satisfatoriamente regulamentado em determinado município.

Por fim destaca-se que foram observadas, dentro de um mesmo município, e em mais de uma ocasião, incoerências, e até mesmo contradições entre o conteúdo das leis municipais específicas sobre o EIV e as seções dos Planos Diretores que tratam deste tema.

Em relação aos critérios de seleção dos empreendimentos alvo do EIV, destaca-se que este consiste em um dos aspectos mais relevantes desta análise, o qual deveria ser cuidadosamente observado em todas as leis levantadas, o que, conforme visto, não corresponde à realidade.

Entretanto, considerando os municípios que efetivamente estabeleceram critérios claros e objetivos para a seleção dos empreendimentos alvo dos EIVs, cabem as seguintes considerações acerca destes critérios.

(37)

Tais expressões geram grande confusão e não fixam parâmetros bem definidos para se selecionar os empreendimentos alvos dos EIVs, deixando essa decisão a critério do analista do órgão ambiental responsável e de sua interpretação pessoal de conceitos como “grande impacto urbanístico e ambiental” ou “geração de alterações no entorno”.

Em contrapartida, podemos citar os municípios de Rio Claro e São Paulo que, ao regulamentar o Estudo de Impacto de Vizinhança, estabeleceram critérios claros e objetivos acerca da seleção dos empreendimentos.

A comparação entre estas duas cidades é interessante, pois fica claro o efeito que a dimensão espacial e populacional do município tem nestes critérios. Por exemplo, no que tange obras residenciais, o município de São Paulo define que serão alvo do EIV obras com mais de 40.000 m² ou mais de 600 vagas de estacionamento, enquanto para o município de Rio Claro, já são consideradas obras residenciais de grande impacto na vizinhança aquelas que possuírem mais de 5.000 m² ou mais do que 100 vagas de estacionamento (50 vagas em algumas situações). Outro exemplo que pode ser citado, agora em relação a qualquer tipo de edificação, é que, em São Paulo, devem ser alvo de EIV, aquelas que forem capazes de reunir simultaneamente 500 pessoas ou mais, enquanto para Rio Claro, este número é mais restritivo, 200 pessoas.

Embora não seja o foco deste trabalho avaliar a representatividade absoluta destes valores de referência (ou seja, por exemplo, qual o número de vagas de estacionamento que efetivamente causa impactos significativos ao tráfego da vizinhança de uma determinada região de Rio Claro), vale destacar aqui, que se verificou um respeito à proporcionalidade dos problemas existentes nestes dois municípios em relação ao porte de cada um deles. Em outras palavras, dada a capacidade de absorção de automóveis da malha viária de São Paulo, será necessário um aporte elevado de veículos para que qualquer impacto sensível no trânsito da vizinhança seja verificado, ao passo que, na cidade de Rio Claro, onde a malha viária é capaz de comportar um volume de tráfego menos expressivo, tal aporte de veículos poderia representar um grave problema para a vizinhança.

(38)

Entretanto, no que diz respeito a esta questão, apenas o município de São Paulo coloca a obrigatoriedade de uma equipe multidisciplinar credenciada para a elaboração do estudo, bem como define claramente sobre qual órgão recai a responsabilidade de análise do EIV, estabelecendo, ainda, um prazo máximo (de 30 dias) para elaboração de parecer técnico sobre ele, e a possibilidade de um pedido de complementação dos estudos, caso necessário.

Neste sentido, nenhum dos outros municípios considerados regulamentou efetivamente estas questões, consideradas pelo autor do presente trabalho como fundamentais para o pleno funcionamento deste instrumento de política urbana.

A proposta de diretrizes quanto à estrutura do EIV, consiste em um aspecto crucial da legislação, o qual deveria constar nos planos diretores e/ou leis EIV de todos os municípios, pois permite a padronização dos estudos, impondo uma estrutura básica e itens mínimos essenciais que deveriam constar em qualquer EIV entregue para apreciação do órgão ambiental. Esta padronização facilitaria a análise dos estudos bem como a deliberação em relação a sua aprovação, reprovação ou necessidade de complementação.

Neste sentido, os municípios de Sorocaba e Americana propõem uma estrutura básica mínima, que, mesmo deixando margem para alterações de acordo com a tipologia do empreendimento, procura padronizar a elaboração dos estudos. Entretanto, a abordagem dada por tais municípios a este tema é pouco aprofundada, principalmente se comparada com o material apresentado pela cidade de São Paulo. A lei EIV deste município possui um anexo intitulado Termo de Referência para elaboração de EIV/RIVI, no qual se apresenta

uma proposta consistente da estrutura e do conteúdo esperados para um Estudo de Impacto de Vizinhança elaborado dentro da zona urbana de São Paulo. Destaca-se que não há a definição ou proposta de um método a ser utilizado, deixando esta questão a critério da equipe executiva do estudo.

Como o presente trabalho possui um tópico específico para a análise de EIVs aprovados, e proposta de estrutura e método de elaboração deste estudo, as diretrizes quanto à estrutura do EIV, apresentadas pelos municípios, assim como o conteúdo do supracitado anexo da legislação paulistana, serão mais bem discutidos posteriormente.

(39)

alteração em relação à proposta do Estatuto da Cidade, outros nem ao menos a consideram e outros ainda incluem inúmeros outros aspectos obrigatórios para serem abordados nos estudos.

Nestes termos, vale discutir a conveniência da exigência de inúmeros temas mínimos obrigatórios na elaboração de um EIV. Toma-se como base para a discussão a seguir os municípios de Rio Claro, Piracicaba e Americana, com a proposta de, respectivamente, 10, 13 e 15 aspectos mínimos obrigatoriamente abordados nos EIV, em contraste com os sete tópicos colocados pela legislação federal.

Conforme exposto anteriormente, dentro do estatuto da cidade são considerados sete temas mínimos obrigatórios, quais sejam: Adensamento populacional; Equipamentos urbanos e comunitários; Uso e ocupação do solo; Valorização imobiliária; Geração de tráfego e demanda por transporte público; Ventilação e iluminação; e Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Embora possuam algumas pequenas diferenças, no geral, os municípios de Rio Claro, Piracicaba e Americana, adotaram posturas muito semelhantes no que diz respeito a estes aspectos, mantendo os tópicos estabelecidos pelo Estatuto da Cidade, alterando apenas a redação de alguns deles, e acrescentando os seguintes: poluição sonora, atmosférica e hídrica, vibração, periculosidade, riscos ambientais, impactos sócio-econômicos na população e geração de resíduos sólidos.

(40)

Em relação à proposta de medidas mitigadoras, potencializadoras e compensatórias, conforme exposto no quadro 2, estas são previstas em quatro dos seis municípios analisados.

Destaca-se, aqui, o exposto na legislação do município de Americana, onde consta que o próprio EIV deve indicar as eventuais medidas mitigadoras e/ou compensatórias para os impactos da atividade. Esta questão é bem regulada em sua lei municipal, impondo não só a necessidade de discriminação das medidas, como também de descrição do projeto, cronograma, multas de não execução, exemplo de possíveis medidas, entre outros fatores relevantes.

Este é um ponto fundamental para o EIV, pois tais medidas configuram-se justamente como as contribuições práticas deste instrumento para a melhoria da qualidade de vida da população da vizinhança. Assim, a exemplo do que ocorre para o município de Americana, este aspecto deveria receber atenção especial em toda e qualquer legislação sobre o EIV.

Outro ponto que merece ser destacado é que, de acordo com o observado em relação aos aspectos mínimos obrigatórios abordados no EIV, na legislação dos municípios de Rio Claro, Americana e Piracicaba os exemplos de melhorias na estrutura urbana como forma de medidas mitigadoras ou compensatórias, são praticamente os mesmos. Este fato pode ser considerado como reflexo da semelhança existente entre estas três cidades, tanto em relação à sua localização e porte, quanto nos problemas urbanos por elas enfrentados.

A participação pública deveria ser sempre parte integrante do processo de elaboração de um Estudo de Impacto de Vizinhança, afinal, o maior interessado nos impactos decorrentes de um novo empreendimento é justamente sua vizinhança.

Entretanto, na legislação estudada observa-se certo descaso quanto a este aspecto, evidenciado pelo fato de que apenas o município de São Paulo apresenta uma regulamentação consistente da participação pública no processo, estabelecendo normas tanto para a consulta aos documentos, quanto para as Audiências Públicas previstas.

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efetiva entre a equipe executiva do EIV e a vizinhança do empreendimento, a fim de que os problemas e as demandas desta sejam considerados por tal equipe.

Por fim, destaca-se que todas as leis analisadas abordaram a relação existente entre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), e, sem exceção, determinaram que a elaboração de um EIV, em hipótese alguma, substitui a necessidade de realização do EIA, entretanto, por outro lado, nos casos onde o EIA tenha sido realizado de maneira a cumprir com o conteúdo básico do EIV, a elaboração deste pode ser dispensada.

Considerações gerais do autor acerca desta análise são apresentadas nas conclusões do trabalho.

6.2.Revisão dos Estudos de Impacto de Vizinhança Levantados

Conforme exposto anteriormente, nota-se uma insuficiência na regulamentação do EIV dentro do município de Rio Claro (SP). Esta situação faz com que não haja qualquer tipo de padronização nos estudos elaborados, o que, em tese, resultaria em EIVs com diferentes estruturas, níveis de complexidade, formas de apresentação dos resultados, propostas de melhorias para o empreendimento e assim sucessivamente.

Desta maneira, no presente trabalho, procurou-se analisar alguns dos Estudos de Impacto de Vizinhança elaborados dentro do município de Rio Claro (SP), justamente para se avaliar tais diferenças e verificar se estes estudos atendem à legislação, apresentando elementos suficientes para cumprir com seu objetivo.

Assim, três estudos foram levantados juntos à Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente de Rio Claro (SP) – SEPLADEMA, os quais são referentes a: supermercado de grande porte, prédios residenciais multifamiliares e condomínio residencial multidomiciliar.

Referências

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