1197600450 : 1111111111111111111111111111111111111111
PERSPECTIVAS
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INDÚSTRIA DO CAFÉ
. NO
BRASIL
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Fundação Getulio Vargas Escola de Administração
de Empresas de S~O P""lo
AO ESTIMADO MESTRE
A "0". O C. A. ARANTES
•
••
INDICE
INTRODU
Olo
,
1- AS
PRINCIPAIS
qARACTERISTICAS
DO
MERCADO
DE CAFE CRU
1.1 - ASPECTOS HISTÓRICOS
-: 1.2- OFERTA E DEMANDA. .
3 5 13 I• 20 23
1.5- AS .RANDES CRISES .•
1.4- O PERíODO DE PÓS-GUERRA.
•
I. D- O ACORDO INTERNACIONAL DO CAFE
~~ I.G.- A NOVA POSIC)AO SRASILEIRA . . .
") r
.7'1 ./ ~
\
.
•
•11" A INDUSTRIA
TRADICIONAL
DO CAFE
2.1 - A CAMPANHA DE AUMENTO DO
INTERNO .
•• •
2.2- REFLEXOS DA POLIT'CA DE SUBSIDIO
CONSUMO
2a
37
t 2.2. I - FORNECIMENTO DE MATÉRIA PRIMA
2.2.2- O PROCESSO PRODUTIVO. • • •
•••
,...2.2.3- A OONOORRENOSA • . • • • • •
;,,2.2.4- O RAIO GEOgRÁFIOO DE DISTRIBUIÇÃO
ti
. 2.2.5- O NIVELOE O~"IUMO • • • • • •
. 2.2.8- POL iTICA DE PRODUTO • • •
A - CARACTERíSTICAS INTRINSEOAS •
B- SISTEMA DE EMBALAIEM
..
• • • • • •C- POLITIOA DE MARCAS •• •
D-podTIOA DE PREÇOS • • • • • • •
2.2. 7;'S'STEMA DE VENDA E DISTRtBUIOio
2.2.8- PROPASANDAE PROMOÇÃO • • •
, .
'U"
ASPERSPECTIVAS
DOCAFE
TORRADOMoíDO .. . . .
1# # ,
IV-
A INDUSTRIA BRASILEIRADO CAFE
SOLU-VEl
4.1- A TECNOLOGIA E O.PROCISSO PRODUTIVO.
4.2- O SURelMENTO .
4.1" O MERCADO EXTERNO ..
4.4" O MERCADO INTE R NO .•
, ,
V- AS PERSPECTIVAS DO CAFE SOLUVEL
-VI" CONCLUSOES . . . .
E
. . . . I.
. . . .•I.
.17
..0
.M
.111
INTR
o
DU OÃO
o
trabalho ora apresentado se desenvolve apartir da descrição de caracterTsticas gen~ricas do Mercado
do Caf~, como primeiro passo para entrarmos na anãlise da I~
d~stria de Caf~ Torrado e Mordo e, posteriormente, na
indGs-tria do caf~ solGvel~
Tanto a parte descritiva como a analrtica, e~
tão calcadas na teoria mercadológica, na literatura
existen-te sobre o café e na experiência vivida.
A descrição e anãlise da Ind~stria de Cafe So lGvel faz parte do encadeamento lógico do desenvolvimento do
tema, pelas repercusões inevitãveis da nova industria no mer
cado interno brasileiro.
A literatura a respeito do caf~ no Brasil tem
dado ênfase aos inGmeros aspectos da produção e
comercializa-ção para o mercado externo. Muito pouco se escreveu acerca
da industrialização e comercialização do cafe no mercado
existen-te, aus~ncia de enfoque mercado15gico.
o
objetivo final do trabalho ~ o de tentar demonstrar a nova realidade em termos qualitativos e quanti-tativos, a partir do momento em quo a governo abandona a po-litica de subsidio pJra o consumo do m2rcado interno do caf~2 tentar aoontar alguns aS92ctos que, do ponto de vista de
..~ k tt -..I -I b . • 1
",ar e inc , nao '-4evem ne s s ar \.2soerce. 1(;OS por aoue e s que
atuam ou pretendem atuar nesse complexo setor do mercado bra
si leí r-o ,
o
-1- AS
PRINCIPAIS
qARACTERíSTICAS
DO
MERCADO
DE CAFE CRU
1.1 - ASPECTOS HISrORICOS
A importânci a do ca fe a pa rt ir 'de um certo mo
monto da nossa história transformou o chamado "ouro verde"
num verdadeiro centro de gravitação, em torno qo qual vive
ate os nossos dias grande parte da população brasileira.
\
o
próprio introdutor do cafe no Brasil, obrasileiro Mello Palheta~ jamais poderia imaginar a repercussão,
na sociedade brasileira, das primeiras mudas por ele
trazi-das em 1722. (1)
Realmente, uma anãlise retrospectiva
superfi-cial, revela-nos o papel preponderante do cafe em nossa eco
nomia. A expansão da atividade cafeicultora no paTs
e
obser vada a partir da metade do seculo XIX, tomando grandeimpul-so por volta de 1860, quando o ciclo do cafe atinge grandes
dimensões. O cafi·~ o grande respons~vel pelo acontecimento
de uma serie de fatos da vida nacional, sendo considerado co
mo grande alavanca do nosso desenvolvimento. Os economistas
atribuem
ã
cultura do cafe ocorrências importantes como: oc~paçãO de grande extensão geogr~fica do terri~õrio brasileiro,
a imigração europeia pela necessidade de utilização de
gran-des contingentes de mão de obra, o surgimento do mercado in
terno, ampliação do sistema de comunicações numa extensa fai
xa do territ5rio, acentuado processo de urbanização com a am
pliação de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e uma infi
nidade de cidades no interior do pais.
Sunkel, ao procurar interpretar a economia
brasileira no contexto latino-americano, o fez como modelo
ã
parte, em virtude do papel desempenhado pelo cafe em nossa
economia. Na sua interpretação, "0 desenvolvimento do Setor
Exportador Brasileiro, baseado no caf~, teve efeito
econõmi-co tão importante que determinou a criação de um mercado in
terno razoável, permitindo por sua vez a expansão do Setor
Industrial. Baseada no cafe, a economia brasileira estava
preparada para receber o impacto da depressão de 1929, pelas
possibilidades de diversificação de novas atividades
econo-micas geradas pelo sistema cafeicultor". (2)
(2) SUNKEL, Oswaldo - "Um Ensaio de Interpretação do Desen volvimento Latino Americano" ECON-L
10,
S.Paul0. EAESP, pg. 18.-1.2 - OFERTA E DEMANDA
A importância do cafe na economia mundial e
as particularidades do mercado no plano externo e interno
t~m se constitufdo nos Gltimos cinqOenta anos· num fascinante
desafio para os estudiosos do problema cafeeiro,principa1me~
te nos Estados Unidos onde os economistas em diversos
estu-dos t~m procurado explicar o comportamento das curvas da
oferta e demanda do cafe sob a ótica da teoria da elasticida
de.
No Brasil,uma serie de trabalhos foram
desen-volvidos, destacando-se os de autoria do Professor Delfim
Netto. (3)
(3) D E L F IM N ET TO, A n to nio. "O Ca fê B r a s i1 e iro n o ~1e r c a do dos
Estados Unidos no perfodo 1922-1939"- in Re vista dos Mercados - pg.15-S.Paulo,março
de
1954.- - "A Curva da Procura do Cafe no Merca-do Norte Americano no periodo 1925-1952"-in Revista dos Mercados - são Paulo, maio de 1955.
- "A Economia Cafeeira no Brasil" -Estu dos de Educação Econômico-Social.São Pau1o~ 1957.
- "Po1ftica Cafeeira" - in Digesto Eco nômico n9 142,pg.67-S.Paulo-Ju1ho/Agosto 58.
Não sendo objetivo deste trabalho a análise
aprofundada da oferta e demanda do café, assunto que, pela
sua complexidade, exige estudo
ã
parte, nos limitamos a indicar algumas caracter;sticas jã detectadas e demonstradas p~
los estudiosos do problema cafeeiro e que, ao nosso ver, es
tejam mais diretamente ligados ao tema ora em desenvolvimen
to.
Do lado da oferta, podemos, então, destacar a
instabilidade, a curto prazo, como a sua principal
caracte-r;stica. As excessivas flutuações da oferta verificadas no
curto espaço de um ano sao determinadas, primeiramente, por
forças incontroláveis como as geadas e as secas que são cap~
zes de dizimar, em curto espaço - de tempo, grande parte da
produção cafeeira, como registra a nossa história. Outra
ca-racter;stica interessante, é o comportamento da árvore do ca
fê
que, independente dos fatores meteorológicos, apresentavariações bruscas de produção de um ano para outro. A oferta,
no curto per;odo de um ano, ~ independente da vontade do prQ
dutor agr;cola, caracterizando-se por uma dinãmica própria
cujo resultado, dentro de um mesmo quadro cafeeiro e nas mes
mas condições climáticas, e quase sempre imprevis;vel.
o
professor Delfim Netto analisa este aspecto.da flutuação da oferta do seguinte modo:
" Esse movimento alternado de grandes e pequ~
-nas safras cria, por outro lado, condições exepcionais para a especulação. O bom êxito das intervenções governamentais, no que diz respeito ãs defesas de 1906 e 1917 e, post~ riormente, na defesa permanente9mostra que,
quando se dispõe de recursos suficientes,
ê perfeitamente possivel instituir-se um me canismo de "buffer-stok", que compre nas
grandes safras e venda nas safras pequenas, estabilizando o nlvel dos preços". (4)
~.,
Outra caracterlstica da oferta e observada
nos momentos de alta nos preços, Embora senslvel ao estimulo
de preços, a resposta nao se
dá
de forma imediata. Uma altahoje no preço do cafe poderã provocar o aumento da oferta da
qui a 5 anos, prazo necessãrio para que as novas arvores
plantadas) em virtude da alta do preço, comecem a produzir.
Não tendo a oferta condições de resposta imediata aos estimu
los da demanda, principalmente aos ~reços, a tendência ê .de
altas sucessivas nos preços.
A análise hist6rica do mercado cafeeiro de~
monstra que as grandes oscilações ocorridas no passado foram
derivadas de fatores climáticos, Uma ameaça de geada nos
ca-fezais do Paraná e São Paulo
ê
suficiente para colocar em expectativa todo o mercado mundial.
(4} DELFIM
NETTO, Antonio - "Su~estões para uma Polltica Ca feeira 11, Traba 1ho pub 1icad o no Livro Cu rsot ainda o professor Delfim Netto quem explica
o ciclo do cafe:
•
. ~ ., \-. d d
C1CIOS malores na ~erle e preços o
ca-fe se explicam em termos ~ê ~o mode
10 da teoria econômica chamada "teí a de
ar
a-nha". Se, por exemplo, a oferta de cafê j num
determinado ano, fica grandemente reduzida por efeito de uma geada ou de uma seca, os preços do produto se elevam espetacularme~
te. Por efeito desse desequi1ibrio, a cultu ra cafeeira tende a se expandir em função dos preços presentes. Enquanto os preços se mant~m elevados, continuam a ser feitas no-vas plantações ate que chega o momento em
que novos cafeeiros começam a produzir e os jã plantados se encontram recuperados,' e e~
tão os preços declinam sensivelmente. A pa~
tir deste momento, decrescem as novas plan-tações, mas, nnrmalmente, a nova população cafeeira tem condições de suprir mais do
que o consumo mundial pode imediatamente ab
sorver e, durante o perimo seguinte, a ofe~ ta se mantem superior ã procura, deprimindo os preços ate que novo fenEmeno venha a'por novamente o processo em movimento". (5)
A curva da demanda global do cafe foi determi
nada por mais de uma dezena de economistas, dentre eles
Gil-boy, Kingston, Stone, Fox, Schlittler Silva e Delfim Netto.
(6)
(5) DELFIM NETTO, Ant6nio - "Sugestões para uma polTtica ••• " Tomo 11, pg. 689.
(6)
Idem, pg.618.
@
Todos esses economistas concluiram que[a
cura do cafe e I1re1ativamente inelastica" em relação ao
pr9..
pr~
çoJ
Entretanto, o pr6prio Delfim Netto chama a
atenção para o fato de que todas essas curvas, determinadas
pelos economistas citados, referem-se
ã
procura global. tpossível que a curva da procura do cafe de um particular
país possa mudar a sua elasticidade, conforme o pr6prio
Del-fim demonstrou ao análisar o caso bras í leí ro:
~ Estas conclusões mostram
°
fato fundamental tantas vezes esquecida de que a procura do cafe do Brasil depende não somente do seu preço, mas tambem dos preços de seus conco! rentes. Quando se fala, portanto, em elasti c·idade da procura de cafe brasileiro,e
pr! ciso distinguir-se muito bem duas situações: se nossas modificações de preço são acompa-nhadas pelos demais concorrentes ou se eles nao nos acompanhamu•
Delfim Netto desenvolveu,em 1962, um modelo
econom~trico onde demonstrou que a procurado cafe
brasilei-ro, a epoca, era inel~stica, situação que derivava do peso,
o~ seja, da importância do Brasil no mercado internacional.
Entende o~rilhante economista que, enquanto os
to ~, enquanto eles fixarem a sua polltica de preços depois que o Brasil fixou a dele), ~ imp~ov~vel que a procura de ca fi brasileiro se torne el~stica.
[ interessante observar essas conclusões, em razao da mudança do panorama internacional do cafi na atual! da de onde se constata um regime de escassez na produção bra-sileira e quando o pr5prio pals abandona a sua posição de pais regulador dos preços no mercado internacional, transfe-rindo tal encargo para a Organização Internacional do Caf~, como veremos mais adiante, quando analisarmos a nova posição brasileira no item 1.6.
A
relativa elasticidade da procura;constatada com base no mercado consumidórnorte-americano e em virtude de sua grande importância, tem sido explicada no caso de bai xa nos preços pela limitada quantidade que o indivlduo pode consumir.NR
situação inversa, de alta dos preços, a real idade tem demonstrado que o consumidor norte-americano reage violentamente a determinados nlveis de preços, JtQm~f1~~
videnciado nos inqueritos realizados, dentre eles, o caso Gillette em 1949, qUandÇ{as donas de casa dos Estados Unidos, em grande campanha, "pas sar-an a colocar quantidades
de ãgua no cafe para reduzir o seu consumo}
maiores
Mas um outro ponto importante a Ser considera
-do na anilise da demanda e a tend~ncia do consumo no mercado
in t e rn a c ion a1.
o
Quadron'
1 demonstra que, na ijltima d~cada,houve um decr~scimo real nas importaç5es
norte-americanas,a-comranhado de significativo aumento nas importações dos
..
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.-QUADRO NQ. I
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MUNDIAIS
DE
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1000 1141.\ 1'\0 ,.. 1872 .zi.s.z 905 9 ~1.1,.lLt--_2.i5 o ;5.L\2_ 2705
.
.-:-U~TOTAL MUNDIAL 100.0 102.3 1037 lons 106 I 1060 118,ê _ I L~6 1130 117 I I
,
1.3 - AS GRANDES CRISES
Com as caracteristicas peculiares descritas
no item anterior, pode-se, então, melhor compreender as
cri-ses ocorridas no pl~ssado e, inclusive, antever o futuro a
partir do acompanhamento das safras nos diversos paises
pro-dutores, pri~~~~lmente no Brasil, que ~ o maior produtor mun
dial.
A anãlise retrospectiva mosta que a primeira
dificuldade ocorreu por volta de 1870, quando dãvamos os prl
meiros passos no caminho da superprodução do caf~. A
depres-sio econBmica ocorrida nos paises industrializados criou os
primeiros embaraços para o nosso produto. Entretanto, oBra
sil conseguiu aumentar as suas exportações
ã
custa de uma redução de quase 50% nos preços.
Uma outra crise mais seria ocorreu jã no
pe-riodo republicano, segundo nos relata Leonidas B6rio: " A ex
pansao imoderada, do credito bancário - operações de encilha
menta, propugnadas por Ruy Barbosa, o aumento do consumo mun
dial do cafe e a continua depreciaçio cambial,proporcionaram
preços em moeda nacional extremamente atrativos para o prod!
das "terras roxas" de são Paulo. (7)
Detinha, nessa epoca, o Brasil o pleno monop~
lio do mercado internacional, com uma participação
das exportações mundiais.
de 80%
A.5superproduçãet>.~q- ger~ dete ríq
rização dos preços e a ameaça de um grande colapso econ6mico
~ • •• .ssr» J:?, E 1906
provocou ~"ffi'e-=t-r-ft 1ntervençao governamenta·. m ,os
governos dos Estados de São Pajlo, Minas Gerais e Rio de
Ja-neiro firmaram o cognominado "Conv~nio de Taubat~". Vale res
saltar que a elaboração e execução deste acordo foi de inici
ativa dos Estados participantes9 cabendo
ã
União o apoio doConvênio em carãter supletivo.
Outra crise se delineou no perTodo da la.Guer
.ra Mundial (1917), quando a retrai ."ção do mer-c ad o.:
consumi-/
do~· determinou bruscas mudanças na estrutura de preços
vi-gentes. A retr~t_ção do mercado aliada a superprodução gerou
a queda de preços, fazendo antever uma nova grande crise. Es
ta, entretanto, foi superada pela grande geada que, em 1918,
dizimou grande parte dos cafezais paulistas, provocando um
equilTbrio entre a oferta e a demanda.
(7) BORIO,Leonidas Lopes - Confer~ncia proferida na Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, em 15 de julho
1965.
-Com o termino da primeira guerra mundial ,novo
pertodo de prosperidade se reinicia a ponte de, em 1927, o
Brasil produzir 27 milhões de sacas. No mesmo ano, a
produ-çao mundial foi ate 35 milhões de sacas, enquanto o consumo
nao chegava a 24 milhões. O Quadro nQ 2, a seguir, demonstra
a produção de cafe exportãve1 no pertodo de 1920 a 1961.
QUADRO N92
PRODUÇÃO
EXPORTÁVEL
DE CAFÉ
iPOR ÁREAS
1NOS ANOS CAfEEIROS 1918..19 A 1961i2
.i?
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
(Milhões de Sacas de 60 Kg)
60
55
2Sl
GUE;:-l
MUNDIAL
!
45
,
, AFRICA
_.
I
•
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ÁSIA E OCEANIA~t~_~.,
.
OI., .
~!~~o ., •..• "" _. -~",-"':h..~~~~~~'!:.:.i'.-":.I:""~~l.."'. o
11920-2.1 1925-26 1930-31 1935-36 1940-41 1945-46 1950-51 1955-56 1960-61
1918-19
50
40
15
10
5
o
"crack " da Bolsa de New York em 1929, naotardóu a se refletir na economia cafeeira. O Governo Federal
se recusou a emitir para financiar a retenção do cafe. A qu~
da das cotações foi a mais drãstica da história do cafe nn
Brasil.
Diante da crise, o Governo, alterando a sua
política, tentou, em 1930, manter uma sustentação dos preços
no interior, garantindo ao produtor a compra de toda a produ
ção. Os estoques governamentais cresceram assustadoramente.
A Impossibilidade governamental de manutenção de estoques,l~
vou o Governo
ã
medida extrema da queima do cafe noterritó-rio brasileiro como única arma capaz, na epoca, de
restrin-gir a oferta mundial. A po lft í c a de que i ma do cafê levou o
país a destruir cerca de 80 milhões de sacas no período de
1932 a 1940. Adotava, assim, o Brasil, uma política anti-cí
1.4 - O PERToDO DE POS-GUERRA
Com o advento da 2a. Guerra Mundial foi
esti-pulado, no primeiro Acordo Internacional do Cafe,
°
sistema de quotas de exportação dos produtores latino-americanos p~ra o mercado americano, maior importador mundial. Fixados os
preços e limitada a oferta, o mercado não apresentou,no perT
odo, grandes perspectivas. Todavia, com o termino da guerra,
,os preços foram liberados e a Europa incrementou suas
com-pras de cafe. O Acordo Internacional foi encerrado em 1948.
Surge, então, novo perTodo de aumento de preços e produção.
O auge do perTodo de alta em 1949 foi marcado pela intensa
campanha das donas de casa norte-americanas,, que passaram, a
usar maior quantidade de ãgua no cafe, provocando, com essa
medida de represãlia, uma redução da demanda e~
consequente-mente, nos preços. Nessa epoca, foi realizado pelo Senador
Gilete o famoso inquerito a respeito das posslveis manobras
especulativas por parte dos paTses produtores. Nada ficou
constatado a não ser a atuação pura e simples da lei da ofer
ta e da procura.
A partir de 1955, os preços começaram a decli
nar. Em 1957, os produtores latino-americanos firmaram o
"Conv~nio do Mexico", pelo qual se comprometiam a vender
-terminada percentagem da produção. O Brasil reteve 20% de
sua produção exportãvel e a Colômbia e os demais paises aqui
esceram na retenção de 10% de sua produção exportãvel. O
Acordo do M~xico conseguiu deter, tempora~iamente, a queda
dos preços,
A açao dos Estados Unidos em 1958, no sentido
de obter a estabilização do mercado do caf~, culminou com a
assinatura de um novo "Acordo Latino-Americano do Caf~", que
veio a substituir o do Mexico. O Brasil comprometeu-se a
re-tenção de 40% de sua produção, enquanto a Colômbia retinha
15% e os demais participantes 10%. Os africanos se fizeram
representar nas reuniões que culminaram com a assinatura do
"Acordo Latino-Americano do Caf~", mas não aderiram ao mesmo.
Os grandes estoques acumulados em virtude desse Acordo
foi-uma das principais causas da grande Campanha iniciada em
1959, visando ao aumento do consumo no mercado interno brasi
leiro~ Aqui estã o ponto que explica o que aconteceu no mer
cado interno na d~cada de 1960 e os reflexos futuros, objeto
de estudo nesta dissertação. Prosseguindo o relato, em 1969,
o acordo Latino Americano ampliou-se, com a participação da
França, Portugal, Reino Unido e Bélgica, transformando-se no
"
Acordo Internacional do Cafe, de 1959. Os fátos demonstraram
que os paTses do acordo foram beneficiados com uma relativa
estabilidade nos preços, enquanto os paises africanos, nao
alinhados, sofreram maiores perdas pelas quedas
nos preços, no perTodo seguinte ao Acordo.
1.5 - O ACURDO
INTERNACIONAL
DO CAFr
Em 1962 reuniu-se um Gr~po de Estudos para co
nhecer a opinião dos diversos paises sobre a conveniência da
convocaçao de uma conferência internacional patrocinada pela
ONU, com o objetivo de se firmar um acordo de longo prazo. A
aquiescência dos paises produtores e consumidores permitiu a
reunião de 9 de julho de 1962, quando, após 6 semanas, foi
concluldo o "Acordo Internacion~l do Caf~ de 1962". A
posi-ção do Brasil foi a de obter um acordo que assegurasse abri
gaçoes comuns a todos os paises membros, a distribuição equ!
tativa de ônus, eliminação de discriminações e a efetividade
das sanções. Esse ultimo acordo foi marcado pelo novo concei
to de "segurança coletiva", fixando-se a soma total das qUQ
tas em 45.587 sacas.
No ano seguinte ao da assinatura do l'Acordo
Internacionaldn Caf~", as secas no Estado de são Paulo e a
geada do Paranã ocorridas no segundo se~estre de 1963, provo
cam. a reversão de expectativa, alterando a tranquilidade do
ambiente conseguida pelo Acordo de 1962.
o
receio da escassez de caf~s brasileiros em1964/1965 promoveu uma c6rrida de importações por parte dos
-paises consumidores, induzindo a altas sucessivas nos preços
e acumulo de estoques no exterior em niveis nunca alcançados
anteriormente. O ano de 1965 caracterizou-se pela retração
das 0xportações brasileiras e perda de posição no mercado in
ternacional. As vendas antecipadas de grandes quantidades de
cafe nos anos 63/64 e a politica de sustentação unilateral
dos preços no mercado internacional são apontadas como as
duas grandes causas da retração de merc~doexterno em relação
ao nosso produto. Obeserva-ee ainda, nesse ano, o crescimen
to das exportações de cafes de outros paises com base em bai
xos preços de oferta.
No final da decadá pass~da (1968/1969),
nova-mente as forças da natureza (geada e estiagem) vieram provQ
car fortes reduções na produção brasileira que vive hoje em
regime de escassez, conforme mostra o Quadro nQ 3.
Anualmente, em Londres, na sede da
Organiza-çao Internacional de Cafe, reunem-se os paises produtores e
consumiáores para a fixação das q~otas anuais de exportação,
politica de preços e demais aspectos do interesse dos países
membros.
o
"Acor-do Internacional do Cafe" de 1962,il.p~-sar das constantes diverg~ncias entre países produtores, e
consumidores vem se mantendo com as inumeras alterações
PRODUÇÃO E DE~J1ANDABRASILEIRA DE CAFÉ
Ano
Agrícola
1961/62 -1969/70
QUADRO N93PRODUÇÃO 70/71 I !,O
40
Em Milhões de Sacas
35
30
25
20
15
10
{
r- CONS,INTERNO 70/71 8.8
DEMANDA • EXPORTAÇÃO 70171 16,0
1~6 - A NOVA posiçÃO BRASILEIRA
.
Para o objetivo a que nos propusemos neste
trabalho, vamos enfocar a nova posição brasileira,
conside-rando apenas duas grandes decisões tomadas pelas autoridades
governamentais.
A primeira foi consubstanciada na Resolução
539, de 16 de setembro de 1971, atrav~s da qual o I.B.C. de
cidiu extinguir o monopõlio do fornecimento do cafe às Torre
fações brasileiras.
A Resolução 539 encerra um caprtul0 da
hist5-ria do caf~ iniciado em 1959! quando o mercado interno brasi
leiro absorvia cerca de 2.890.000 sacas. Em 1971, doze anos depois, este mesmo mercado galgava a segunda posição no mun
do ao absorver 8.898.000 sacas de caf~, abaixo somente dos Estados Unidos. A expansao do consumo no perrodo foi de
or-dem de 74% contra uma taxa de crescimento demogr~fico de 29%.
A Resolução citada, ao retirar da responsabl
\\;\
era para a ind~stria do caf~ torrado e mordo no Brasil, que,doravante, ter~ que atuar no grande mercado interno criado~ dentro do jogo de livre concorrência.
A segunda decisão ocorreu em 28 de fevereiro
de 1972, quando as autoridades brasileiras decidiram abando nar a sustentação unilateral dos preços pela adoção da nova politica de preços flexiveis.
Com esta ~ltima decisão ruiu a cognominada
"po lIt í c a do guarda chuva", atr evês da qual o Brasil, desde
o inicio do seculo, vinha assumindo a responsabilidade de re gulador do mercado internacional~ dada a sua situação ~e: de pendência das receitas geradas pela exportação do cafe ( Qu~
dro n9 4).
Carlos Viacava explica as razoes desta mudan-ça:
"Sempre se criticou a politica de exportação
-por sustentar preços, com a conseqOente perda de mercado e estimulo em outras areas, princ~ palmente na ~frica. No entanto, dada a inela~ ticidade da demanda de cafe com relação aos preços e considerando a importância do cafe no balanço de pagamento do pais, não restava outro caminho ao Brasil senão o de buscar a curto prazo, a maximização das receitas camb~ biais, provenientes da exportação da caf~.
-+10
+ 5
- 5
-10
- 15
-20
QUADRO N°4
DIFERENCIAIS
DE PREÇOS "SPOT"
MÉDIAS EM FINS DE ANOS
Cents p/lb
9.68
,3.18
15.64
4.49
0.71
1.98
Hoje a situação ~ completamente di ferente: a diversificação da rauta de export~
ção e ,} posição .Ies reservas cambiais,permite
que se consolide uma oolrtica de comerciali zação de caf~ voltado para os objetivos de
longo prazo, e com a projeção de crescimento persistente no volume exp or tado ;" (8)'
As decisões tomadas a nfvel de mercado
exter-'\'
, no~ com a adoção da polftica de preços flexfveis, provocam repercusões imediatas no mercado interno, principalmente,ag~
ra , que o'cxpottador brasileiro p<l.SS(\U a ter condições de
vender no mercado intorno o caf~ a pr~ços equivalentes an
(preço do caf~ exportado. Significa dizer que a polftica
preços flexfveis ao ser adotada para o mercado externo foi tamb~m para o mercado interno.
Carlos Alberto .do Andrade Pinto, ex- Preside~ te do
I.B.C.,
em cujo mandato foi concretizada a nova po1rtl ca do caf~, assim abordou o assunto:li O comercio de exportação Dassa a ser
agrega-do com o comêrcio de C0nsumo interno tambem. Dar a demanda para o caf~ brasileiro~ para a
orodução brasileira nos pr6ximos anos, sera
c~mposta de 18 milhões em m~dia, digamos, a exportação de caf~ e mais aproximadamente
8.500 mil a 9.500 mil sacas de cafe, o consu
(8) VIACAVA, Carlos. -, "Alguns aspectos da Polftic a Ca+e ei r a" Editado pelo IBC, Ri~ de Janeiro, 1972, pg. 17.
-mo. Importante que este cafe vai ser disput~ do aos mesmos preços dó cafe que seria expo~
tado. Em outras palavras, passa o produto
n!
c10na1 de 8 milhões e meio de sacas, porque
o preço do consumo ê equivalente ao preço da exportação, com a diferença evidente da qU
2
ta de contribuição, que ê uma forma de impo! to de exportação co~ que q Governo taxa o ca f~. Resumindo, um consumidor da cidade dePorto Alegre paga pelo mesmo cafê rigorosa-mente o mesmo preço que um consumidor na ci
dade de Washington, com a diferença evidente
de frete e imposto, a que aludi acima."
Os fen6menos do mercado do cafê cru sao
bas-tantes conhecidos por aqueles que estudam o problema do cafe. A preocupação em mostrar os aspectos conjunturais do Setor,
explica-se pelo relacionamento Tntimo entre o geral e o
par-ticular~ ou seja entre a polTtica globGl e os seus reflexos no mercado intcrn0.
~om essa descrição em linhas gerais do merca-do intermediãrio do caf~ cru, estam0S, agora, em condições
de penetrar na IndGstria do Caf~, que ~ o objetivo
princi-pal deste trabalho.
(9 ) PINTO,Carlos Alberto de no Minist~rio das IiCafe:Perspectiva I.B.C., 1972, pg.
Andrade - Confer~ncia proferida Relações Exteriores sob o tema:
d 0--1'+',11 b l í - ~
e uma tOI1"lCo., pu icaç e o ao
•
11- A INDÚSTRIA
TRADICIONAL
DO CAFE
2.1 - A CAMPANHA DE AUMENTO DO CONSUMO INTERNO
"
•
A intervenção governamental no mercado
inter-~'>
no ocorreu em 1959, quando o Instituto Brasileiro do Cafe em preendeu a ~rande campanha visandoã
expansão do consumo.Naquele ano, existiam no pals 1.358 Torrefações e o mercado
absorvia 2.823.157 sacas. Portanto, antes de 1959~ o mercado
se caracterizava pela livre concorr~ncia~ onde os
Torrefado-res produziam e vendiam quantidades que o mercado era capaz
de absorver.
Segundo Sergio Luiz Bonçalves e Milanez Netto
( 1O), a E!D'p_axdl.a-e-m-f.l~e.e.r:ldj-d.a_p.eJ.o._1..$..C._tjn ha_o.s_...?~9uintes
ob
j..etivf)·s:
-Incrementar o consumo
(lO) GONÇALVES,Sergio Luiz
MILANEZ NETTO,João Francisco AZ2vedo - "0 Consumo Inter
no de Cafe no Brasil"~Separata de
Econo-mia Brasileira e SUnS Perspectivas.Rio de
Janeiro,Vo1.X.:)ulho de 1971,APEC. pg.207.
-- Dar vasao aos volumosos excedentes de sa
fras em maos do governo
\
1 - Possibilitar ao consumidor preços reduzidos
- Melhorar a qualidade consumida
Em 1959~ passou o I.B.C. a controlar o
merca-do atrav~smerca-do monop5lio de fornecimento da mat~ria prima aos
Torrefadores~ concessao de subsidio, fixação de quotas de
,
~ produção para as Torrefações e Moagens e politica de preços
mãximos para a venda do cafe torrado e/ou moido no atacado e
varejo.
~ Sem duvida, dentre os beneficios e maleficios
da intervenção governamental, podemos hoje constatar que o
saldo realmente positivo da Campanha foi o crescimento verti
ginoso do ccnsumo de caf~ no mercado interno.Na d~cada 60/70,
conforme demonstra o Quadro nQ 5, o consumo de caf~ cresceu 74% contra 29% de crescimento da população brasileira, segun
do o Censo Demogrãfico de 1970. Deste modo, considerando-se
os extremos, isto ~, inicio e t~rmino da decada passada, PQ
demos constatar uma taxa de crescimento m~dio anual de 7,4%
para o consumo do cafe em confronto com a taxa anual de eras
,
I ,
CAFE INDUSTRIALlZAOO E CRESCIMENTO DEMOGRAFICO
~ CAFÉ FQRNECIDO AS TOR
~ REf'AÇOES PELO I.B.C.
-- POPULAÇAÕ
EM MILHOES DE SACAS DE 60 KO EM MILHÕES HABITANTES
1959 '9S0 1gei 1962 1963 ·'184 1985 19G6 ISS7 1988 1ge9 1910 ·1911 1912 1973 1914"
o
economista Pedro Davi Filho (ll)aponta doisfatores que~ segundo ele, teriam influenciado preponderant!
mente o c r e s cim..e.n.i.o d~~...Q,g.s..u.mo :
---"0 primeiro foi a melhor distribuição do produ to, pelo
I.B.C~,
ampli~ndo o mercado interno com a agregação rtefinitiva dos mercadosnais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste
leiros. O segundo fator
e
representadoregia brasi pelo fato de que, durante a fase mais aguda da in-flação nesta d~cada, o Governo interveio no mercado com substanciais subsiáias ao preço da venda do caf~ para o consumo interno". ( O
rifo ê nosso)
Realmente, ao assumir o monopólio do
forneci-menta da mat~ria prima, o I.B.C. foi compelido a montar uma
superestrutura da distribuiçãos de forma a 3tingir R todas
as localidades do Território Nacional, onde existisse
Torre-fação e Moagens autorizadas.
o
Quadro nQ 6 demonstra no ano de 1966 os pe-sados encargos de distribui~ão e controle por parte do I.8.C.de 8.000.000 de sacas de caf~ cru .colocadas na porta de
2.860 Torrefações existentes nnque1a ano.
.~
(11) DAVI FILHO,Pedro - Estudo feito para o I.B.C. sob o
te-11O C f- B .111 .
QUI-1DRO
NQ 6(1966)
ITENS
CR$
(% )TRANSPORTE
....•..•..•••.•.
f1 A R C A
ç
elE S . . . .
I. V.
c
o ••• ' ••• ' •••• .' ••••••••BRAÇAGEM
••.•..•.•..• ~ ••..•.
ARMAZENAGEM
•...•.•.•...•
RECUPERAÇ~O
DE SACARIA •...
REPRES Sl!.O••••••..••..•....
DESPESAS
ADMINISTRAT1VAS
..
17.956.645,01 3.841.502,22 1.605.338,95 3.142.852,91 961.450,75 143.605.47 127.173,21 8.153.570,56 49~98 10,70 4,46 8,74 2,67 0,40 0,35 22,70
TOTAL •.• o .•.••••••••• 35.932.139,08
Quanto ao sUbsldio, foi sem sombra de dGvida,
uma grande arma de penetração e di$;~l.minação do hâbt to de con
~'> sumo nas mais diferentes camadas sociais da poru1ação brasi-leira. Ao transferir para os Torrefadores o caf~ a um rreço
bem inferior ao que comprava, o Governo facilitava a penetr~
çao do produto industrializado, neutralizando, inclusive os
Fonte: Consumo Interno doCafê no Brasil, Sergio Luiz Gonza-ga e Limanoz Neto, Separata APtC, Vol. X, julho 1971, pg. 208.
-efeitos contrãrios da renda "per capital! nos segmentos da P.Q.
pulação onde esta era a mais baixa. Entrou, assim, o famoso
,,>'
"c af e zinh o " no hâbito de con sumo bre sí leí ro de forma hojei.r
reverslvel, principalmente se se considerar Que o caf~,
de-pois de certo tempo de consumo, cria hãbito fortemente arrai
gado.
o
Quadro nQ 7 demonstra com bastante clarezaa evolução dos preços do caf~ ofertado no mercado interno e
os elevados encargos governamentais com a manutenção da polI
tica do subsldio ao caf~ na perlodo 63/69. No segundo semes
trc de 1967, por exemplo, o Governo arcou com 97% do custo
da mat~ria prima, ficando os 3% restantes como ônus do Torre
fador Tradicional. Neste ano o Torrefador, praticamente3.rece
--beu de graça a matêria prima. Observe-se ainda, no Quadro nQ
7,que, a partir de 1967, a participação do Governo, no custo
da mat~ria prima, começa a declinar acentuadamente.
-QUADRO N! 7
EVOLUÇÃO DO SUBsíDIO
(.EM CRUZEIROS CORRENTES)
I
'AlÇO POR ,A.CA DO C"'FE~ V!:MDJDO AO CONIUIIO unlAriOIID
"tEÇO ~iQIQ O[ Q:Afi "'ANTI. oeCOMPAA •. LAYOUIU 'ELO I IJ. C
Iill
sueS;I)IO eO-'CIDIOQ: AO CAFE.· Df
CONeu-110 IIIfT!"N!)
It.tlt", ... I! :z! I~ I~ I~
ANO ••'----...--..J'--~~---'L-JeV;&--''--__;__~L-ã7Ci~
.
-EM PERCENTAGENS)
100% 100
I~ :~ I~ 'e:o' I~ 2,- I~ ;..- 1.0 2.- I' 2.- t. '---y---'L_----,,---J"--_--y---''--y----.JL-_---_-y- --A_._---y- ..--J'---v---J
1161 PiS. It66 19i& .1"7
,e..
Ia ••FONTE: ARTIGO "SUBsíDIO 00 CAFÉ DE CONSUMO INTERNO: DE CRRISTOVAM S. L. FREITAS, RE.V. COMÉRCIO CAFÉ, NQ 535, cor., 19S9, PG.82.
o
escoamento de volumosos excedentes de sa-fras estocados nos armazens do I.B.C., como vimosanterior-mente, foi um dos fatores que influenciaram a adoção da polI
tica de subsTdio no inlcio de 1959. Entretanto, ~ interessan
te notar que o objetivo da redução dos estoques de caf~ nao
foi alcançado ã epaca, apesar do vertiginoso aumente de
con-sumo no mercado interno.
Sergio Luiz Gonçalves e Milanez Neto (12) ex
plicam o fen6meno desta forma:
11 apesar do consumo domestico ter aumentado
acentuadamente, os estoques governamentais sob a guardado I.B.C. continuaram tamb~m a aumentar, demonstrando que o problema dos eicedentes de safras depende muito mais dos fen6menos climãticos e da polltica de gara~
tia de preços ao produtor. do que a demanda
do consumo interno, ou seja, ~ função mais de fatores do lado d~ oferta do que da
de-
t'""-mandall •
Relativamente â qualidade, os mesmos autores
reconhecem que houve "realmente uma melhoria do produto
con-sumido internamente em função da Campanha. Entretanto não PQ
/ demos deixar de assinalar que[a estandartização da
~prima entregue ~s Torrefações impediu - dada â
mat~ria
-defasagem
de preços entre as fontes tradicionais de suprimento e os c~
f~s dos estoques governamentais a cocxist~ncia de um
ca-fe
de IIblendllmais nobr~sempr0 desejado pela classe de
maior poder aquisitivo".
-2.2 - REFLEX~S DA pOlITICA DE SUBsIDIO
Pilssados mais de dez anos (ie execuçao da polI.
tica governa~Gntal posta em pr~tica a partir de 19599podemos
hoje melhor RV31iar os seus principais resultados.
Tentaremos desenvolver este tema, tanto
quan-to posslvel, dentro de uma abordagem eminetemente mercado15
gica~ Deste modo, fracionaremos o tema nos diversos aspectos,
de forma que tenhamos uma visão das particularidades do IICom
posto Mercadolõgic,)" da Indiis tria Lra dt cio na l do Cafe.
2~2.1 - FORNECIMENTO DE MATrRIA PRIMA
A entrega do café subsidiado na porta do
Tcr-radar pe~mitiu a equipe do I.B.C. desenvolver uma larga exp~
desde a lavour~ ~t~ a entrega do produto ao Torrador Tradicl
anal. Em decorr~ncia do fato acima ventilado, ~ de se
admi-tir que, a paradmi-tir do momento em que o Torrador deixou de com
prar o caf~ cru (1959)3 o mercado intcrmediâric, ap6s uma d~
cada, se tornou intransparente para ele, principalmente os
Torradores das regiões Norte~ ~ordeste e Centro Oeste, que
entraram no mercado ap5s a polltica de subsldio.
Considerando a complexidade ao mercado inter
medi~rio do caf~ cru, com as suas constantes variações e nu
ances, podemos então admitir que o pequeno industrial, que e
grande maioria do mercado, perdeu na d~cada passada a
agi-idade necess~ria ao suprimento da sua indGstria.
\
Por outro lado, como n preço da mat5ria prima
e o preço do produto final eram estabelecidos pelo Governo,o
ganho do Torrador Tradicional obedecia tamb~m
â
padronizaçãoda polltica governamental, cujo controle impossibilitava mai
ores lucras. Entretanto, diferentes nTveis de rendimento da
mat~ria prima no processo de torração permitiam uma pequena
faixa dentro da qual o Torrador atuava no sentido de
aumen-tar, por dentro~ o seu percentual de lucra. Mas, mesmo assim,
considerando-se a limitação dos equipamentos, a margem de ma
nobra era bastante estreita.
o
Quadro nQ 8, a seguir~ demonstra a localiza-çao das fontes produtorHS da mat~ria prima no te~rit5rio bra
OU A ORO N98
BRAZll
LOCATION OF PRINCIPAL COFFEE ARfAS PRINCIPALES ZONES DEPRODUCTION CAFEIERE
lOCALlZACION DE LAS PRINCIPALES ZONAS CAFETERAS LOCALlZACAO DAS PRINCIPAIS ZONAS CAFEEIAAS
,
AMAZONAS
,
PARA
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~MARANHÃO
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"
ATLANT~C OCEAN
2.2.2 - D PROCESSO
---
PRODUTIVO~~tí~~~st;mul-º--gerado pcl a 1201;ti ca de s ub s
T-d.LQ_sc_ª.liMto._g.~o_.grarl.9e nume ro de ReÇj!(?Jl~s. ind uJ
t
rifi~o~_,---ªt
i~Q uo ._-ºJlin
ir.
ism-º----º-rT]_9 r a_~iLe_!29I1 ~__das.J.P r r e fgç Õe~_c.~~J.i_ n ~ a.~ ~.._ d e"
p!Oc!~ç_~º--_~e.b~i2<.9~~~ry_el_tºS-'loJ
õ
gj~co ,_~9~.~_Ilã()_3 cOmpjl1!lJ.-ªl'am._oPf..9c es sode mode.rn i.zé\ç_ãQe_ç!JtQma.ção.obs er_vad.o .em .rí.i.ver;s os
out.ro s r amos ~.da_.in d
íist.r
.ia b.l:B.S i1e.íre.
Outro aspecto observado na Industria de Torr!
fação ~ que o processo produtivo~ com algumas exceções, dei
xa muito a desejar no que diz respeito aos padrões de
higie-ne higie-necessirios ao processo industrial.
~-,
De outra forma, o obsoletismo dos equipamen- ,
tos nao permite, até hoje, um bom controle de qualidade. Di \'> ficilmente, o Torrador Tradicional consegue em duas "torras"
distintas a mesma cor do produto final. O controle dos
equi-pamen~os depende muito da experi~ncia do operador. Como o
"Ponto de Torra" ê vari~vel irnoortante no Drocesso produtivo,
a inexist~ncia de equipamentos mais modernos dificulta a
2.2.3 - A CONCORRrNCIA
.--..-A politica de concessan indiscriminada de qU2
tas para torração e venda do caf~ no mercado interno nos pr!
meiros anos da IICampanhall
elevou, acentuadamente, o numero
de Ind~strias de Torrefação e Moagem em todo o territ5rio
brasileiro, atingindo, em 1966, o ponto mâximo com 2.860
em-presas, conforme d2monstrado no Quadr0 n9 9, a seguir:
QUADRO N9 9
i~NO NQ TORREFAÇOES NQ INDICES
1----1959 1 .358 100
1960 2.205 162
1961 2.274 167
1962 2.327 171
1963 2.2/15 1G5
1 9 6~1 2.714 200
1 96!j 2.822 208
1966
I
2.860 2111967 2.77i 204
1968 2.565 189
1969 2<338 172
1970 1 .980 145
Fonte:Plano Nacional do Desenvolvimento do Caf~~1972/74-IBC.
-A distribuição das empresas no territ5rio ob~
dace aos crit~rios de distribuição de quotas por região fixa
dos pelo I.B.C. ao longo do pcr~odo do subsidio.
rI.as Cl,a~es,•d rl onoe o processo~ . se ur anlzaçacI be ni -- e
mais intenso e maior a concentração populacional, observa-se
um grande nGmero de Torrefações e o mercado e caracterizado
por um elevado grau de concorr~ncia.
Nas regiões interioranas e dif;cil imaginar,
hoje, uma cidade brasilGira, por menor que seja, que não PO!
sua, pelo menos, uma pequena unidade de moagem,empacotamento
e distribuição. O mesmo Torrador pode atingir outras cidades,
fornecendo o catê torradn pa ra unidades menores "No a qeir a s "
de sua propriedade ou de terceiros.
~~7,"",4 - O R iU O G E O G Rí'-\F I C O DE D 1ST R I BUI
ç
A OO grande numero de pequenos concorrentes esp!
»:
/,,-,-I
res como, controle governamental no ponto de venda, perecivi
dade do produto, ombalagem de padrão inferior, mercado
dis-persa, limitação da capacidade de nroduç~o, tendo em vista
o sistema de quotas, escassez de capital~ incapacidade para
produção de difer-ent e s tipos de "b le nd " com pa la de r
caracte-rTstico de cada região, são fatores que jeterminaram o regiQ
nalismo do rroduto. O cafe no Br e sil , via de regra, ê um pro
duto local, isto ~, produzido e ven1ido na mesma cidade. Em
alguns casos, mas sao poucos, n produto consegue ultrapassar
o seu pequeno IIArraialll•
2.2.5 - O NIVEL DE CONSUMO
o
consumo d~ no Brasil e em div ~s paises e comumente apresent~o em equivalentes de ca~rs:erde.
isto
s.
a quant idadey
ca fe cru ,~sorv ida:i1
ndiis tr ia no processamento dozaL Torrado e MOl do e 7ve1.~ ta prãtica se torn:"lua1 em virtude das
dificu1d.des~ paises consumidore~.e obtenção de dados
-primãrios que permitam determinar a qu/ntidade de cafe
I;
mente consumido nos lares, ·restaurant~s, no trabalho e
rcal-OU7"
tros.
Nos Esta~os Unidos, a falta de dados
prim~ri-os 1evou o Bureau Pan Ameri caniJ do C::1fea adotar o conlce; to
de "Consumo ,1parente da População Civil" (C.A.P.C.), tue r§.
presenta todo o cafe industrializado para o consumo a
popu-lação civil. (13)
Entende o Departamento de Estatisrca
ePes-qui sas Econõmi cas do B'leau Pan Ameri cano do
cal
qU~, . napr âtt ca , o C.IIJ..P.C. po 10 ser con side r ado como uma estí ma t í v a
apr o xímada do su pcndc= se que tanto
olcnfe
tndu strí alizado como o deve
apresentar grJndes .iscré)âncias.
Existem dois metodos par:".se medir o/lC.A.P.C~
nos Estados tomar como base
as importações do cafe mais os rrocedentes de
Porto Rico e subtrair as 2xpnrtaç5es, as reexpl~
tações e o das forças arma~ts, 2 fazer os
reajusta-,mentQs as mudanças das ostimativas decaf5
ver-de. O adota como ase a quantidade de café
(13) BUREAU PAN AMERICANO DO CAFE - Anuãrio Estatistico, NQ
torrado nos Estados Unidos mais os strimentos liquidos
cafe torrado e de cafe solúvel prace 'ente elo estrangeiro.
do
o
primeiro metodo ê o tradicionalment
pl0, o metodo tradicional
usado. Em 1972,Dor
.
exem-um cons-umo aparente de
21.608.000 sacas de 60 kg
crepância de 500.000 sacas para
dom
e
todo. (1 4 )americano com uma
dis-resultado apurado no segu~
No Brasil, o sistema de fornecimento e contrQ
le de materia prima por um unico Órgão, o I.B.C., facilita o
dimensionamento do Consumo A arente da População Civil (C.A.
P.C.) em equivalência de ca
e
cru, conforme demonstrado no Quadro nQ 10.saca de 60 kg ser a me
pelo I.B.C. nos seus Anuãri-Apesar
dida tradicionalmente
os Estatrsticos,entend.mos que para efeitos mercado15gicos
a conversão do cafe cri em cafe torrado e/ou mordo, e na uni
consumo,
e
necessãrio pela maior apro dade de medida doximação
Internacional do Cafe adotou os se guintes padrões
o cafe cru quando submetido ao processo de
I
(14) Idem.-VENDA
DE
CAFE CRU
AS
TORREFAÇOES
E
MOAGENS
POR UNIDADEDA
FEDERtl
C~QYOL IMII: t;M SAO , 'D~ UIJ Kg
-
!965 /966 1967 1968 1969 1970 197\UNIDADES
DA FEDERAQAO'
1964NO RT E
r-~QNIA ._---_._.-_. 9.200 ___ o !§480 7740 11.979 8.320 10.380 --.11.870 12.329
r---.Ã.C.. R E 14.1!5O _..--L4..0.0.o _._.-.--8..BJ.O 12!iOQ 18.000 ?40nO 18.000 15.900
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PARÁ r-.__ l~08 173.274 1..8.6.J..48. r_....2.0.9..A 8 O ---1Bl..li9 -.---1.8..9.780 ...i8ll.9.5..0 169.972.
AMAPÁ 4.950 '10.345 10990 9.840 8.270 7.Og.Il ~uno 5035
NORDESTE
MA R A ti H AL __ ._____..__ .____ .____ ._ ______.JUUl.6.t. _UA4..5 _-107773 .133.369 124D74 123.936 111478
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CEARÁ .
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B A H I A ".. 332.038 39!H317 4IfU~BO 458175 433417 4317.52 448.000 425.0281
CENTRO
OESTE
r--. MAIO ~.Q 1L2.653 133.037 136.811 14UQ,0 '142.2.38 152.996 ._..1'"'0783 . .L4...6.3ll
GOIÁS (INCL.USIVE O Q,F, 1 280.515 309.278 298.188 326.440 388.426 382.343 365.809 353089
SUDESTE
..M.l1iA..S.._.G.e: R A! S !--...9J_3.42-~ __ 1.Q11---M..l _.~_._!MA.0l2_9.B.9.6lO. 1---.9L8.6.9.9. .916.81~ __ 9..92J!'iL _...9.ll3.M ,._lli-º DE JANEIRO . _.._."._._~.1--_4J.7427 453.622 4SS~"i7 502555 521~ _.5..M.1l1'- 536992 540.829
_---.GJl~N A BA.RA ____ ._________________ ~,_.Ji~..1l..9.~_6.8.40.00. ___..si.CUia ___ 6LJll99 6..fi.3..849 62tt4..e.. 1---fi3.3..I1li f---M1.9.U
SAO,PAULO - ."..2.l43.370 2ti3..6.S9j 2.4102!i.6.._.2527-<:>48 .2.603777 ..2..6.M!l.9L r--2...664044 2730170
ESPIRITO SANTO 60747 69,374 67.A70 71.994 80J34 8S07'1': 105348 109~67
S
UL
PA R A NA . - 373.323 ._...3.8.7,2.83 ...3.9.a63.7. . 4479AI Ji03.l.83... _._.5.-'0.? 4:-\R ..5.1.6~~? _6.t.7..l.M.
SANTA CATARINA ZZ2.S7Q ...2..43..744 2.55..455.. 2n461 268.~54 2.6.8J.8.3...__ ,2..6.9..4.5l
~..261~º-RIO GRANDE 00 SUL 501.1f'1 541:792 560298 561.029 556161 5822a7 1Ij~ I 57R 5S&lQ.I
-J
I'
torração perde 16% do pêso, da me ma forma que o cafe solü-na sua produ-em cafe torra vel G 1/3 menor do que o
ção. Deste modo~ para se
do basta multiplicar o pêso do cru por 0,84 que e o fa tor de conversa0 utilizado. Para se obter
o cafe solúvel o
e
O~3333. Inversamente~para se converter o cafê torr em cafe cru, multiplica- se
o pêso do cafê torrado por 1, Igualmente,multiplicando-sc
por 3 o pêso do cafe solúvel obtem-se o peso do cafe verde necessãrio.
A
experiência tem demonstrado que a industria tradicional de cafe no Bra 11 não consegue, na prãtica, aco~ panhar os padrões internacionais de conversão. Este desnlvel se explica pelo baixo nlv 1 tecno16gico da nossa Indústria de Torrefação que, nos úl ;imos 14 anos, se manteve tambem es tagnada no que concerne aos equipamentos utilizados no pro-cesso de industrialização do caf~, assunto jã abordado anteriormente.
!
Deste modo, ao inv~s dos 16% de quebra do
ca-f~ verde para o torrado adotaremos 20%, que
E
a quebra pa~por )
J
drão da IndGstr~a da Torrefação brasileira, conhecida aqueles que operam no namo.
o
10 reg~stra a s~rie hist6rica do-! ,'.
volume de c~f6 cru fornecido pelo
r.s!c.
as Torrefaç5es e Mo~ ~;
agens existentes no pals no perlodo ~e 1964 a 1971, por Uni
i
dade da Federação e Regi;;o. Tomando/ror base os dados
ofici-ais do I.B.C.,que representam 0 co?sumo em equivalência com
o caf~ verde
(C.A.P.C.),
aplicare~s sobre esses dados os fatores de conversão para obtermo~ o Quadro nQ 11'. Este novoquadro representa
a
estimativadia
totalidade da ofertaglo-bal da Industria de cnfe Torradh e Moido no Mercado Brasilei
.- 1 ..
I.
J - d--ro, j a que e e reglstra a qu aret idade de cafe ofe rte do apo s o
processamento industrial.
Considerando que o Brasil nao importa nem ex
porta o cafe Torrado e r1oiio e assumi ndo que o consumo de ca
f- t d M ••.·-I 1
I ~
.- .
t . he orra o e mot n o nos
:r2S ·..
as re qt o e s r n error ana s , o c amedo caf~ "ca t pir a ",
r.:':
desapareceu do hâb ito doconsumidor brasileiro,
=:
inferir que o Quadro nQ 12 erepresentativo do consu~o final de caf~ no mercado
brasilei-I
i ro no ano de 1971.
2.2.6 - POLTTICA DE PRODUTO
QUADRO NO 11
li
E STI M ATI VA DO CONSUMO ANAL
DE CAFE
.
TORRADO
E
MODO NO
BRASIL.
_
ANO: 1971
;
.
CAFE TORRADOUNIDADES
CA FE
CRU
; %E
MOlDO DASACAS DE
(I) FEDERAÇÃO
60 Kg Kg
Kg
NORTE /3.858.608 3
RONOONIA 12.329 7~9.740 591.7~
ACRE 15.900 954.000 763.200
AMAZONAS 83123 4.961380 3989.904.
RORAIMA 2.362 14L720 113.376
PARÁ 169.972 10.198.320 8.158.656
AMAPÁ 5.035-- 302.100 241. 680
NORDESTE 79.563.504 19
MARANHAÕ
.
119.331 7.159.860 5.727.888PlAUI 81.035 4.862.100 3.889.680
CEARÁ 25&595 i5.515.700 12.412.560
RIO GRANDE DO NORTE 104.432 6.265.920 5.012.736 ,
159.152 9.549.120 7.639.296
PARAIBA
PERNAMBUCO 379.802 22.788.120 18.230.496
ALAGOAS 75.272. 4.516.320 3.613056
-SERGIPE 54.926 3.295.560 2.636.448
BAHIA 425.028 25.501.680 20.401.344
CENTRO OESTE 23.971.721
MATO GROSSO 146.322 8.779.320 7.023.456
6
GOIÁS (INCLUSIVE O.F.) 353.089 21.185340 16.948.272
SUDESTE 239.987.952 56
MINAS GERAIS 977.306 58.638.360 46.910.688
RIO DE JANEIRO 540.829 32.449.740 25.959.792
GUANABARA 641.977 38.518.620 30.814.896
sib PAULO 2.730.170 163.810.200 131.048.160 EspíRITO SANTO 109A67 6.568.020 5.254.416
SUL 69.754.320 16
PARANÁ 627.124
--
37.627.440 30.101.952SANTA OATARINA 267.900 16.074.000 12.859.200
RIO GRAN[E DO SUL 558.191 33.491.460 26.79.3.168
BRASIL 8.898669 533.920.140 4V.I36.112 KX>
(I) FATOR DE CONVERSÃO,. 0,80
QUADRO NQ 12
~ONSUMO ANUAL EM DiFERENTES UNIDADES
DE
MEDIDA.
Y-- b-O .- -e
x
-8"0
,
POPUL8 -VOLUME VOLUME CONSUMO XICARASrr X/CARAS
CA-O
, I
DE CAFE DE CAFE ANUAL POR PES POR PES
ANO , ,
TORRADO/
CRU , -PER CAP...SOA / SOAI
MOlDO TA"
ANO(t; DIA
(SACA 60Kg
( K 9 ) (Kg)
1959 68.837 2.823.157 135.511.536 ~~ 228 0,62
1960 70.967 5.118.342 245.680.416 3,4 408 1,11
-196 t 73.088 5.787J27 277.782.096 3,8 456 1,24
1962 75.271 6.223.910 298.747.680 ~9 468 1,28
1963 77.521 6.744.187 323.749.776 , 4,1 492 ~34
1964 79.837 7.524.021 361.153.006 ~5 540 1,47
1965 82.222 8J3L732 390.323.040 4.7 564 154
.
1966 84.679 8.097.387 388.674.576 4,5 540 1,47
1967 87.209 8.623.769 413.940.912 4,7 564 1,54
1968 89.394 8.751.782 420.085.536 4p 552 1,51
1969 92.288 8.745.006 4/9.760.288 4,5 540 1,47
1970 95.305 8.888.199 426.633.552 4,4 528 1,44
i 9 71 97. 076 8.898.669. 427.136.112 4,4 528 1,44
1972 '
-
-
-
-
-
I
brasileiros na última decada, esteve/bastante condicionada
aos limites impostos pela politica 'e subsidio. Em consequê~
estãgio primãrio do Se-cia, alguns pontos comuns
tor, caracterizado pela quase que ausência de espirito de
inovação, refletindo-se nas dimensões tangiveis e
intangive-is do produto ofertado.
Tentaremos, agQ a descrever e
principais caracteristicas d'J/cafe torrado e
do brasileiro, baseando-nos ~ principies da
lógica e na experiência
adquirida
no setor.
analisar as
moido no merca
teoria
mercado-A - Cmercado-ARmercado-ACTERIsTICmercado-AS
INTRINSECAS
DO PRODUTO
~
r-i
O cafe
e
considerado um tóxico estimulante e, como tal, cria hãbito de consumo fortemente arraigado...•
!
o
tempo de duração do produto varia nos diversos estãgios do processo produtivo. Assim, em seu estado cru
o cafe, se bem armazenado, mantem-se, por longos anos, em
perfeitas condições de consumo, podendo atingir ate a 10{dez)
anos de vida. O Cafe Torrado e Moido no mercado brasileiro,
possui alto grau de perecividade, dados os baixos padrões de
acondicionamento. No sistema tradicional vigente no mercado,
\0
cafe após a operação de moagem e empacotamento, e enviado-1
o
seuj
(.
~, tempo de estocagem na fãbrica
e
o menor possive1, dãi a ne-I
~ cessidade do ~ais rãpido sistema de distribuição~
A
prate- I~ i
~ " 1oi ra de ponto de :enda
e
o 1oca 1 onde o ca fêe
es tocado. C~I
" mo tem "alta frequencia de substituição" o varejista procu a Itrabalhar com um tamanho de estoque que possa atender a de-
I
I
manda e, ao mesmo tempo, o curto periodo de vida do produto,
J
que, na embalagem tradicional, ê estimado em torno de 10(dez) para a prateleira do ponto de venda no dia seguinte.
dias.
B - SISTEMA
DE EMBALAGEM
A embalagem tradicional secompõe,geralmente,
de papel opaline, variando entre 30 a 40 grs. e mais o forro
de papel sulfite, entre 60.a 90 gr~. Este material oferece
precãrias condições de proteção ao produto, reduzindo o seu
tempo de vida aos 10 dias acima citados.
Na
composição docusto final do produto (mat~ria prima, custas operacionais,
\ distribuição), a participação da embalagem tradicional
e
!
fima, girando em torno de 2%. A preocupação em economizar; ;~
com a ~mbalagem de baixo custo, define a ausência de uma
po-litica de produto no Setor, nos termos mercado15gicos atuais.
!As embalagens tradicionais obedecem ao formato "S.O.S."retan
:t
I,gU1ar, conhecido como "cabeça chata". A impressãoe
feita p~".J~1o
processo mais rudimentar do "anilina". Pouqulssimas emba~1
53
lagens sao impressas em rotogravura. A impressão em anilina
sofre rãpido processo de descoloração, dificultando a padrQ
nização do produto no que diz respeito a sua apresentação.
r
comum encontrarmos uma marca de cafe exrosta na prateleirade venda com a mesma embalagem em tonalidades diferentes. O
manuseio, a luminosidade e a impregnação do 61eo expelido p~
10 cafe no material da embalagem determinam um baixo padrão
de apresentação do produto aos olhos do consumidor.
A ind~stria tradicional
ê
isensfvel aosprin-cipios bãsicos de Marchenàisina: produto certo, no momento
certo, no lugar certo, e em guantidades, cores e tamanhos
certos.
t importante ressaltar que a Indústria
Tradi-cional do Cafe não
ê
passado,ê
presente, existe hoje em suagrande maioria no mercado brasileiro.
A rotulagem, como complemento da embalagem,
obedece aos pa~rões da Industria Tradicional. Evidentemente,
que existe exceções.Entretanto, são poucas. Lembro-me de ter
visto numa embalagem o seguinte apelo de venda:
"CAFt
MOVIDO,
A ELETRICIDADE".
A decoração da embalagem em muitos casos e
criação do pr~prio Torrador ou de sua esposa ou de outra pe~
- 54
-\
~