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Estudo sobre a eventual ação da artemisinina na infecção experimental de camundongos pelo Toxoplasma gondii.

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Academic year: 2017

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R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 4 ( 3 );1 4 1 -1 4 3 , ju l - s e t , 1 9 9 1

ESTUDO SOBRE A EVENTUAL AÇÃO DA ARTEMISININA

NA INFECÇÃO EXPERIMENTAL DE CAMUNDONGOS

PELO

TO X O P LA SM A G O N D II

V ic e n t e  m a t o N e t o , L u c ia M a r ia A lm e id a B r a z , R u b e n s C a m p o s , P e d r o L u iz S ilv a P in t o , A n to n io A u g u s to B a illo t M o r e ir a ,

M a r c o s B o u lo s e M a r ia C r is t in a N a h k le

Em virtude da conveniência de tentar aprimorar o tratamento da toxoplasmose, de semelhanças taxonômicas e de informes contidos na literatura científica, foi considerado oportuno verificar se a artemisinina, medicamento eficiente no sentido de poder debelar a

malária, é ativa na infecção experimental de camundongos pelo T o x o p la s m a g o n d ii. Houve,

então, administração de diferentes quantidades desse antiparasitário, inclusive após prévio

contato in v itr o com toxoplasmas e estimulação da produção de macrófagos, para

observações diversificadas a propósito da intenção referida. Pelo menos de acordo com a metodologia usada, a artemisinina não se mostrou eficaz e sugestões para prosseguimento de avaliações acerca do assunto ficaram consignadas.

Palavras-chaves: T o x o p la s m a g o n d ii. Infecção experimental de camundongos.

Artemisinina. Tratamento.

A a rte m is in in a é m e d ic a m e n to antim alárico que, conform e avaliações científicas e assistenciais que vêm tendo lugar nos últimos anos, representa recurso dotado de expressivo valor. H oje sintetizado, esse fármaco derivou da M edicina popular da China e, mais precisamente da planta denominada A r te m ís ia a n n u a L. ou q u i n g h a o s u , há centenas de anos considerada valiosa no tratamento da infecção por plasmódios. E esquizonticida e admite-se que atua na síntese proteica34 8 9 11.

Temos nos preocupado sistematicamente com questões referentes à terapêutica de doenças parasitárias e, por isso, consideramos válido verificar se o remédio citado tem a capacidade de debelar o parasitism o devido ao T o x o p la s m a g o n d i i , uma vez que esse protozoário possui afinidade taxonôm ica com os agentes causais da

L ab o rató rio de Investigação M édica-Parasitologia e D epartam ento de D oenças Infecciosas e P arasitárias do H ospital das C lín icas da Faculdade de M edicina da U n iv ersid ad e de São P aulo, São Paulo, SP.

Instituto de M edicina T ro p ical de São Paulo.

E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c i a : Prof. V icente Amato

N e to . L a b o r a tó r i o de I n v e s tig a ç ã o M é d ic a - P a ra sito lo g ia /H C /F M /U S P . Av. D r. A rnaldo 4 55, 01245 São P aulo, SP, B rasil.

R ecebido para publicação em 16/01/91.

m alária. C onvém ad u zir que enfren tam o s a toxoplasm ose, atualm ente, com antibióticos e quimioterápicos eficazes, mas é lícito alm ejar, a propósito, aprimoramento, sobretudo relacionados como os períodos de adm inistração e efeitos adversos. Ainda mais, não podemos esquecer que essa parasitose é um dos mais im portantes processos o p o rtu n ís tic o s no â m b ito da s ín d ro m e da imunodeficiência adquirida (A IDS), cada vez mais disseminada e preocupante.

Q uanto à nossa in ten ção , efetuam os observações utilizando m odelo ex perim en tal, baseado na infecção de camundongos pelo T. g o n d ii.

M ATERIAL E MÉTODOS

Os procedim entos que usam os encontram- se a seguir especificados. Em preendemos o estudo através de três modalidades de verificações: I) administração de doses diversas de artem isinina; II) prévio contato da droga, i n v i t r o , com o protozoário; III) aplicação do antiparasitário após estímulo para produção de m acrófagos, pois Chang e cols2 mencionaram que a atividade de lactóis obtidos do fármaco manifesta-se essencialmente contra formas intracelulares, das quais, então, procuram os contar com maiores contigentes110.

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A m a to N e to V, B r a z L M A , C a m p o s R , P in to P L S , M o r e ir a A A B , B o u lo s M , N a h k le M C . E s tu d o s o b r e a e v e n tu a l a ç ã o d a a r te m is in in a n a in fe c ç ã o e x p e r im e n ta l d e c a m u n d o n g o s p e lo Toxoplasma gondii. R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p ic a l 2 4 : 1 4 1 - 1 4 3 , j u l - s e t , 1 9 9 1

- A rtem isinina: do produto injetável A r t e m e t h e r ( K u n m in g P h a r m a c e u tic a l F a c to r y ; China) que no impresso que o acompanha inclui subsídios valiosos para escolhermos as doses; junção a óleo de amendoin, para estabelecer em

0,05 ou 0,1 ml as dosagens empregadas.

- Camundongos: Balb-C, fêmeas, com aproxim adam ente 20 g de peso e cedidos pelo biotério da Faculdade de M edicina da Universidade de São Paulo.

- Infecção dos animais: cepa “ N ” do T. g o n d i i , mantida por meio de repiques sucessivos, no laboratório onde executam os a pesquisa; quantificação, em câmara de Neubauer, a fim de que em 0,1 ml de solução fisiológica estivessem 106 taquizoítos, correspondentes ao inóculo para cada roedor; via intraperitoneal.

- Fase I : cinco grupos, dois camundongos em cada um deles; injeção de artem isinina pela via subcutânea, uma vez ao dia, 24 horas após a introdução do inóculo; duração do período de administração: cinco dias; A l: 20 m g/kg/dia; A2: 50 m g/kg/dia; A3: 100 m g/kg/dia; A4: controle da infecção, sem emprego do medicamento; A5: controle da maior quantidade do medicamento; sem infecção.

- Fase II: três animais; contato, in virro, de 0 ,4 , 1 e 2 mg da droga, no óleo, com IO6 taq u izo íto s; em tubo de en saio , o volum e perm aneceu a 4°C , no decurso de 24 horas; inoculação, a seguir, pela via intraperitoneal, das quantidades m encionadas, em cada um dos camundongos.

- Fase III: 35 roedores, divididos em sete grupos com cinco; estimulação para a produção de m acrófagos, por intermédio de 0,5 ml de proteose- peptona a 10% , dado a cada cam undongo, intraperitonealmente; infecção dos animais 48 horas depois, com o inóculo e maneira padrões; injeção da artem isinina, pela via subcutânea, uma hora antes da in trod ução dos toxoplasm as (B l), concom itantem ente (B2) e um a, duas ou três horas após (B3, B4 e B5); duração do período de adm inistração: um dia; B l, B2, B3, B4 e B5: quantidade única de 100 m g/kg; B6: controle da infecção, sem em prego do medicamento; B7: controle da proteose-peptona, sem infecção.

Para avaliação sempre recorremos ao mesmo critério, representado pela procura do T.

g o n d i i no ex su d a to p e rito n e a l, 72 h o ra s posteriorm ente à penetração do parasita, com subinoculação em um animal, concernente a cada grupo, na nova busca do protozoário, da mesma forma.

RESULTADOS

O T. g o n d ii foi detectado na generalidade dos exsudatos, indicando portanto ineficácia da artemisinina, levadas em conta as três táticas metodológicas que prograirmmos. H ouve boa tolerância à substância sob teste e à protease- peptona, que de fato influiu na população de macrófagos peritoneais, que de 92.000/ml passaram a 1.306.000/m l, em média.

DISCUSSÃO

Faz parte da estrutura m olecular da artem isinina e derivados ponte de peroxigênio, c o n sid e ra d a re s p o n s á v e l p ela c a p a c id a d e esquizonticida, inclusive quanto às cepas resistentes de plasm ódios. G am etócitos, hip n o zo íto s e esporozoítos não são atingidos e aceita-se que a efetividade depende de rápida inibição da síntese protéica, advindo m udanças m orfológicas em membrana5.

A propriedade antipalúdica e o já lembrado parentesco taxonômico animaram-nos a planejar a presente pesquisa, sendo que con st at ações de Chang e cols2 reforçaram a validade de tal interesse. Segundo in fo rm es c o m u n icad o s p o r esses investigadores, compostos quimicamente afins à artem isinina afiguram -se prom issores quanto ao tratamento da toxoplasmose, em virtude de efeito q uim ioterápico, in v i t r o , sob re cu lturas de m acrófagos e de célu las H ela p arasitad as, justificando isso, provavelmente, o bloqueio da síntese de nucleotídio por parte do protozoário.

Id e a liz a m o s c o n d u ta c a lc a d a em ad m in istração do fárm aco a cam un do ng o s infectados, com e sem prévio contato in v itr o nos toxoplasmas, como aindaapós intencional aumento da produção de m acrófagos e tratam ento em momentos desiguais, destinado a prezar o tempo de penetração do parasita, para m elhor juízo a

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A m a to N e to V, B r a z L M A , C a m p o s R , P in to P L S , M o r e ir a A A B , B o u lo s M , N a h k le M C . E s tu d o s o b r e a e v e n tu a l a ç ã o d a a r te m is in in a n a in fe c ç ã o e x p e r im e n ta l d e c a m u n d o n g o s p e l o Toxoplasma gondii. R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 4 : 1 4 1 - 1 4 3 , j u l - s e t , 1 9 9 1

respeito da influência em formas intracelulares67. Adotando esse comportamento, desejamos focalizar nosso intento de acordo com diversificadas abordagens e concluím os que a artem isinina não tem eficácia.

SUMMARY

Because o f taxonomic similarities to previous data

found in the literature, and with the aim o f improving treatment o f toxoplasmosis, we considered it o f interest to assay artemisinin, an effective anti-maiarial agent, for the treatment o f experimental infection in mice by T o x o p la s m a g o n d ii. Different amounts of the anti-parasitic agent were

administered, including after previous contact in v itr o with

toxoplasma and stimulated macrophage production. With the methodology used artemisinin was not effective. Suggestions for further studies are made.

Key-words: T o x o p la s m a g o n d i i. Experimental in­

fection in mice. Artemisinin. Therapy.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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