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Análise de uso da terra e sua interferência em enchentes na região do Córrego Lavapés, Rio Claro (SP)

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Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Graduação em Geologia

Rio Claro (SP) 2015

ANÁLISE DE USO DA TERRA E SUA

INTERFERÊNCIA EM ENCHENTES NA REGIÃO DO

CÓRREGO LAVAPÉS, RIO CLARO (SP)

Marco Antônio de Mesquita

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas

Campus de Rio Claro

MARCO ANTÔNIO DE MESQUITA

ANÁLISE DE USO DA TERRA E SUA INTERFERÊNCIA EM

ENCHENTES NA REGIÃO DO CÓRREGO LAVAPÉS, RIO

CLARO (SP)

Trabalho de Graduação apresentado ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para obtenção do grau de Geólogo.

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MARCO ANTÔNIO DE MESQUITA

ANÁLISE DE USO DA TERRA E SUA INTERFERÊNCIA EM

ENCHENTES NA REGIÃO DO CÓRREGO LAVAPÉS, RIO

CLARO (SP)

Trabalho de Graduação apresentado ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para obtenção do grau de Geólogo.

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. Fabiano Tomazini da Conceição (orientador)

Profa. Dra. Paulina Setti Riedel

Dr. Sergio Ricardo Christofoletti

Rio Claro, 27 de Março de 2015

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RESUMO

O desenvolvimento das cidades ocorre inicialmente nas proximidades de rios e com a intensificação do processo de urbanização ocorre à impermeabilização do solo, levando a um aumento do nível de escoamento superficial da água e, consequentemente, há um maior do número de enchentes. O objetivo deste trabalho é verificar a interferência do uso da terra nas enchentes da bacia do Córrego do Lavapés, Rio Claro (SP), em cinco series temporais, 1962, 1972, 1988, 1995 e 2014. As caracterizações do uso da terra foram feita a partir de fotointerpretação e, assim, foram produzidas cartas temáticas na escala 1:20.000. A descrição do Soil Conservation Service foi base para a classificação do uso da terra, permitindo assim a obtenção do parâmetro CN (Curva Número), utilizado na modelagem hidrológica feita no programa IPHS1. Os resultados indicam que a impermeabilização do solo associada ao crescimento da cidade de Rio Claro são responsáveis pelo aumento da vazão do Córrego Lavapés e das enchentes nesta bacia hidrográfica.

Palavras-chave: Enchentes, Uso da terra, SCS.

ABSTRACT

The development of cities is initially nearby rivers and with the intensification of the urbanization process occurs the soil sealing, leading to an increased level of water runoff, and, consequently, in a greater number of floods. The main goal of this study is to verify the interference of land occupation in the floods of the Lavapés Stream basin, Rio Claro (SP), in five temporal series, 1962, 1972, 1988, 1995 and 2014. The characterizations of land use were made from photo-interpretation and, thus, were produced thematic maps on scale 1: 20.000. The description of the Soil Conservation Service, 2007 was the basis for the classification of land use, thus achieving the CN parameter (Curve Number) used in hydrologic modeling done in IPHS1 program. The results indicate that soil sealing associated with the growth of the city of Rio Claro are responsible for increasing of the discharge in the Lavapés Stream basin and floods in this watershed.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...6

2. OBJETIVOS...8

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...9

3.1. BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO...14

4. MATERIAIS E MÉTODOS...16

4.1. MAPEAMENTO DO USO DA TERRA...16

4.2. COLETA E ANÁLISE DO SOLO APLICADA AO MODELO SCS...18

4.3. SIMULAÇÃO EM IPHS1...21

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...24

5.1 MAPAS DE USO DA TERRA...24

5.2 SIMULAÇÃO CHUVA-VAZÃO...31

6. CONCLUSÃO...34

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1. INTRODUÇÃO

Devido à disponibilidade de água e alimentos as margens dos rios foram pontos de início para o desenvolvimento de cidades, tornando-se uma região de intensa ação antrópica sobre o meio ambiente. Segundo Silveira et al. (2009), a bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo exutório. Este sistema transforma chuva em vazão, sendo entradas e saídas representadas por hietogramas e hidrogramas, respectivamente.

A remoção da cobertura vegetal natural para viabilizar a implantação de atividades humanas, decorrentes de uma ocupação desordenada destas bacias, pode ter consequências catastróficas para o meio ambiente. A impermeabilização das vertentes diminui a quantidade de água absorvida pelo solo, aumentando a velocidade do escoamento das águas superficiais para as áreas deprimidas. Após um determinado período chuvoso, essas drenagens transbordam, por não suportar o volume d’água existente (BOTELHO, 2011).

Um agravante deste problema são as obras de canalização e retificação de drenagens, executadas de maneira indevida em muitos municípios. Devido á supressão de cursos d’água pela urbanização, os projetos de engenharia proporcionavam a retificação dos canais. Com a diminuição das sinuosidades naturais e da rugosidade do leito, a velocidade dos fluxos aumenta, livrando a área de montante de volumes de água, que por sua vez, inundam os setores a jusante do canal (CANHOLI, 2005).

No Brasil, o desenvolvimento industrial resultou em um processo de urbanização desordenada, o qual exerce grande pressão sobre a capacidade de suporte do meio. O plano diretor urbano da maioria das cidades brasileiras não prevê satisfatoriamente restrições a loteamento de áreas de risco sujeitas a inundações. A resolução CONAMA nº 369/2006 prevê que se deve preservar 30 m além das margens dos rios, com até 10 m de largura, para conservação da mata ciliar, o que desconsidera o leito maior, que geralmente é superior a esta distância legal.

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2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi caracterizar e avaliar as condições de drenagem e escoamento superficial na região do Córrego do Lavapés, Rio Claro (SP), em diferentes cenários de ocupação urbana nos anos de 1962, 1972, 1988, 1995 e 2014.

Esta avaliação foi realizada para servir de base para reflexões e subsidiar ações que visem uma melhor abordagem no planejamento deste município. Para este fim, as seguintes etapas foram seguidas:

a) Mapeamento do uso da terra nos diferentes cenários;

b) Coleta e classificação de amostras de solo, a fim de identificar grupos hidrológicos semelhantes;

c) Estimativa da Curva-Número;

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O município de Rio Claro localiza-se no centro-leste do Estado de São Paulo, a 173 km da capital. Integra a Região Administrativa de Campinas e possui acessos através de várias rodovias estaduais, entre elas a Anhanguera, a Bandeirantes e Washington Luis. Na área urbana deste município escoa o Córrego Lavapés, com aproximadamente 2,48 km de extensão total, dos quais 1,15 km estão canalizados. Sua bacia encontra-se na região leste da área urbana do município de Rio Claro, ocupando uma área de 3,46 km². Atualmente seu vale é ocupado pela Avenida Ulisses Guimarães e sua nascente aterrada entre avenidas 26-A e 28-A e as ruas 11-28-A e 12-28-A (Figura 1).

A área da bacia do Córrego Lavapés (Figura 2) localiza-se na borda nordeste da Bacia do Paraná, composta por rochas sedimentares pertencentes à Formação Corumbataí (Paleozóica) e à Formação Rio Claro (Cenozóica), bem como depósitos aluvionares quaternários (ZAINE, 1994).

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A Formação Rio Claro, com espessura máxima em torno de 30 m (Soares & Landim, 1975), constitui depósitos de arenitos pouco consolidados com lentes de argilas esparsas e localmente com níveis conglomeráticos na base, de idade Neo-Cenozóica formados em ambiente continental (lacustre e planície aluvionar) (SOARES& LANDIM, 1975). Os fósseis encontrados se restringem a apenas restos vegetais (SCHNEIDER et al., 1974). Na área de estudo, a Formação Rio Claro assenta-se discordantemente sobre as rochas da Formação Corumbataí. O contato é sempre marcado pela presença de um nível conglomerático, às vezes precedido de um paleossolo desta unidade. Colúvios e depósitos de terraços recentes recobrem a Formação Rio Claro em médias e baixas encostas e nos vales das drenagens principais. Apresenta solos de coloração vermelho-amarelada, arenosos e espessos (profundidade máxima de 12 m). Uma feição geomorfológica notável dessa Formação é a presença de lagoas, formadas em depressões suaves, às vezes fechadas ou ligadas à rede de drenagem e são denominadas pela população de “lagoas secas”, isto é, intermitentes, com seu nível d’água oscilando nas estações secas e chuvosas (ZAINE, 1994).

Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos arenosos e argilosos (geralmente com espessura inferior a 5 m), solos hidromórficos e orgânicos, e que compõem na área de Rio Claro diversas planícies de inundação nos principais cursos d’água. Correspondem a um ambiente de deposição continental fluvial (ZAINE, 2000).

Em um contexto geomorfológico regional o município de Rio Claro caracteriza-se por possuir topografia suave, com interflúvios subtabulares normalmente cobertos por sedimentos arenosos, extensos e aplainados. Possuem baixa densidade de drenagem, e é comum a presença de lagoas ligadas às cabeceiras ou isoladas nos topos planos (ZAINE, 1994). A região está inserida na Província Geomorfológica denominada Depressão Periférica Paulista, descrita como faixa erosiva deprimida entre escarpas mais avançadas da zona de cuestas, que delimitam a borda oriental dos derrames basálticos e o Planalto Cristalino (PENTEADO, 1976; apud ZAINE, 1994).

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alternadamente seco e úmido, controlado por massas tropicais e equatoriais, que predominam em mais de 50% do ano (MONTEIRO, 1973).

Quanto à distribuição anual de chuvas, de abril a setembro ocorre o período seco com índices pluviométricos médios de 30 a 90 mm por mês e, de outubro a março, período úmido, com índices pluviométricos médios de 120 a 260 mm por mês. As alturas médias mensais de chuva fornecem uma quantidade de 1505 mm de chuva por ano (CONCEIÇÃO et al., 2003).

De acordo o Centro de Análise e Planejamento Ambiental (CEAPLA) com dados do posto pluviométrico DAEE/SP D4-112, localizado na bacia do Ribeirão Claro, foram obtidos os dados de 1936 a 2010. As alturas mensais de chuva (Tabela 1) e a precipitação média mensal (Figura 3) caracterizam a distribuição das chuvas no município de Rio Claro (CEAPLA; apud MORAES et al., 2012)

Tabela 1: Alturas mensais de precipitação (mm) para o período de 1936 a 2010 (CEAPLA; apud MORAES et al., 2012)

Figura 3: Série histórica de dados pluviométricos da cidade de Rio Claro. (CEAPLA; apud MORAES et al., 2012)

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3.1. BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO

A ocupação de Rio Claro ocorreu ao longo do percurso de expansão do café graças a caravanas que seguiam em direção aos sertões de Araraquara e faziam pouso nas margens do Córrego da Servidão.

Em 1825, surgem as primeiras casas formando um bairro com 800 pessoas. O povoado passa a ser cidade em 1857. Entre as décadas de 1830 a 1870, perdurando até 1900, o café invadiu as terras do município, neste período, Rio Claro contou com mais de 3.300 escravos, e, após a abolição, ocorre à vinda principalmente de colonos alemães, suíços e italianos. Estes trabalhadores juntamente aos fazendeiros iniciaram o povoamento da cidade (TROPPMAIR, 1998). Porém, o município só apresentou tendências à industrialização a partir da década de 1970 (COTTAS, 1983; ROSSETTI, 2007).

A partir de então, inicia-se um significativo incremento na população municipal chegando a 75.000 habitantes. Na década de 1980, a população era de 121.700 habitantes e na década de 1990 de 139.901 habitantes. Atualmente, está por volta de 198.413 habitantes.

Antes de sua canalização, o Córrego Lavapés apresentava margens danificadas pela erosão causada pelas grandes vazões na época das cheias e pela crescente valorização da área ao longo do seu curso. Além disso, este córrego havia se tornado um canal de esgoto a céu aberto. A solução encontrada para amenizar tais problemas foi a sua canalização (CERRI, 1999).

O córrego encontrava-se retificado e preparado para canalização e incorporação na malha viária desde 1962. Na década de 1970, a obra de canalização foi planejada pela empresa Saneamento S/A e executada parcialmente pela Prefeitura Municipal no ano de 1972. Até o ano de 1988, o trecho canalizado estava entre as Avenidas 26-A e 4-A. Nos anos 1990, as obras foram concluídas, no trecho que compreende as Avenidas 4-A e Avenida da Saúde. Atualmente, seu curso apresenta aproximadamente 1,15 km de sua extensão canalizado (ROSSETTI, 2007).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para os objetivos deste trabalho serão necessários os seguintes procedimentos: - Mapeamento do uso da terra em diferentes cenários;

- Coleta e análise de solo aplicando o modelo SCS (Soil Conservation Service); - Coletar e analisar dados de chuva para simulação no programa IPHS1 e assim verificar o comportamento das enchentes nesta bacia.

4.1. MAPEAMENTO DO USO DA TERRA

Para elaboração dos mapas temáticos de uso da terra foram utilizados aerofotogramas analógicos dos anos de 1962 (escala 1:25.000), 1972 (escala 1:25.000), 1988 (escala 1:40.000) e 1995 (escala 1:25.000) fornecidos pelo Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento (DEPLAN, Unesp Rio Claro), bem como imagens de satélite do ano de 2014 retiradas do Google Earth.

Inicialmente, os aerofotogramas analógicos foram passados para meio digital e submetidos à georreferenciamento. Os mapas temáticos foram elaborados no software ArcMap 10 através de fotointerpretação das fotografias aéreas, em suas diversas escalas espaciais e temporais.

As bacias hidrográficas urbanas são compostas por diversas classes de uso da terra, apresentando características hidrológicas diferentes. Elementos como cor, forma e textura foram utilizados para o reconhecimento de cinco classes distintas na área, como mostra a Tabela 2.

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Tabela 2: Definição de padrões de reconhecimento das classes de uso e ocupação. Imagens retiradas do Google Earth.

Classes Padrão

Edificação

Vias urbanas

Arbórea

Gramínea

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4.2. COLETA E ANÁLISE DO SOLO APLICADA AO MODELO SCS

O Soil Conservation Service sugeriu em 1972 um modelo empírico para estimar a chuva excedente com base no potencial de absorção de umidade do solo. Por meio da análise de mais de 3 mil tipos de solo e coberturas de vegetação e plantações, foi estabelecida uma relação empírica que correlaciona a capacidade de armazenamento das precipitações na bacia a um índice denominado curva número - CN (CANHOLI, 2005).

A estimativa da CN baseia-se em características do tipo de solo, uso da terra e grau inicial de saturação do solo. Sob as mesmas condições de precipitação, baixos valores de CN indicam que a superfície tem um alto potencial de retenção de água, enquanto valores de CN mais altos indicam potencial de retenção mais baixo (SCHAFER et al., 2011). A correlação entre o armazenamento máximo (S) e o CN (quando CN é igual a 100 o armazenamento é nulo) é expressa pela equação (em milímetros):

O valor de CN é obtido de acordo com o tipo de solo (Tabela 3) e seu uso (Tabela 4). Os valores constantes nestas tabelas referem-se às condições médias de umidade, correspondente a capacidade de campo dos solos. Para outras condições devem-se aplicar correções (SCS, 2004.). Para o cálculo da CN, realiza-se a média ponderada dos valores de CN correspondente à classe de interesse e a área (em porcentagem) de cada classe de uso da terra (MORAES et al., 2012).

Para a coleta de amostras de solo foram selecionados sete pontos (Figura 4) onde existiam terrenos não ocupados que permitissem a tradagem (Foto 2). Em cada um dos pontos foram retiradas amostras duas amostras de solo sendo uma de superfície (até 30 centímetros) e outras de profundidade (até 150 centímetros). As amostras foram classificadas dentre os grupos propostos pelo SCS (Tabela 3)

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Tabela 3: Descrição dos grupos hidrológicos de solos proposta pelo SCS (2007).

Grupo Descrição

A

Solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não há rocha nem camadas argilosas e nem mesmo densificadas até a profundidade de 1,5 m. O teor de húmus é

muito baixo, não atingindo 1%.

B

Solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém ainda inferior a 15%. No caso de terras roxas este limite pode subir a 20% graças à maior porosidade. Os dois teores de húmus podem subir, respectivamente, a

1,2 e 1,5%. Não pode haver pedras e nem camadas argilosas até 1,5 m, mas é quase sempre presente camada mais densificada que a camada superficial.

C

Solos barrentos com teor total de argila de 20 a 30% mas sem camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até profundidades de 1,2 m. No caso de terras roxas,

estes dois limites máximos podem ser 40% e 1,5 m. Nota-se a cerca de 60 cm de profundidade camada mais densificada que no Grupo B, mas ainda longe das condições

de impermeabilidade.

D

Solos argilosos (30 - 40% de argila total) e ainda com camada densificada a uns 50 cm de profundidade. Ou solos arenosos como B, mas com camada argilosa quase

impermeável ou horizonte de seixos rolados.

Tabela 4: Valores de CN para diferente uso da terra (SCS, 2004).

Descrição do uso do solo Tipo de solo

A B C D

Áreas residenciais

Tamanho médio do lote Área impermeável %

<500 m2 65 77 85 90 92

1000 m2 38 61 75 83 87

1500 m2 30 57 72 81 86

Estacionamentos, parques, telhados, viadutos, etc. 98 98 98 98 Ruas e estradas

- Pavimentadas, com guias e drenagem 98 98 98 98

- Paralelepípedos 76 85 89 91

- Terra 72 82 87 89

Áreas comerciais (85% de impermeabilização) 89 92 94 95

Distritos industriais (72% impermeável) 81 88 91 93

Espaços abertos:

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Foto 2 - Coleta de amostras em profundidade no ponto 4.

4.3. SIMULAÇÃO EM IPHS1

Para avaliar as condições da dinâmica de escoamento na bacia do Córrego Lavapés foram utilizados modelos hidráulicos e hidrológicos, combinados com base na Metodologia de Modelagem Orientada a Objetos aplicada a Sistemas de Recursos Hídricos, apresentada por Viegas Filho (1999). Empregamos no processo de modelagem hidrológica o software IPHS 1, apresentado por Tucci et. al. (1989).

O programa IPHS 1 comporta entrada de dados segundo os modelos da SCS e os convertem em chuva-vazão e em propagação de chuva excedente. Abaixo estão os algoritmos utilizados para a obtenção dos parâmetros:

- Cálculo da precipitação efetiva:

=( −0,2. )² ( + 0,8. )

Em que:

P = precipitação acumulada;

S = potencial máximo de armazenamento do solo

- Valores de curva número:

= 25,400

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Em que:

CN varia entre 0, para condutividade hidráulica infinita, e 100, para uma bacia totalmente impermeável.

- Vazão de pico do hidrograma unitário triangular, conforme SCS (2004):

=0,208 .𝐴

𝑡𝑎

Em que:

= vazão de pico unitária (m³/s.mm), para Pef= 1 mm;

𝐴 = área da bacia (Km²);

𝑡𝑎= tempo de ascensão (horas).

A partir das séries históricas de 1936 a 2004, Moruzzi e Oliveira (2009) determinaram a equação de chuvas intensas, caracterizada pela relação entre a intensidade, duração e frequência das máximas precipitações (IDF) para Rio Claro, conforme a equação:

𝐼 = 560,9.

0,141

(7,4 + )0,65

Onde,

I = intensidade da chuva (mm/h); T = período de retorno (anos); D = duração da chuva (minutos)

Por meio do uso desta equação no programa IPHS1, foram geradas as curvas IDF de projeto, para chuvas de 1 hora de duração, a qual representa a mesma ordem de grandeza do tempo de concentração da bacia hidrográfica estudada. Foram definidos em 6 intervalos de 600s, a partir da altura da lâmina desagregada, correspondentes a intervalos de 1/10 da duração total da chuva conforme recomendado por Tucci (1998) e Canholi (2005).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1.MAPAS DE USO DA TERRA

Através da análise interpretativa das fotos aéreas foram feitos os mapas de uso da terra nos anos de 1962 (Figura 5), 1972 (Figura 6), 1988 (Figura 7), 1995 (Figura 8) e 2014 (Figura 9). A partir destes mapas foram gerados gráficos contendo as porcentagens equivalentes a cada classe de ocupação (Figura 10), quantificando a evolução da urbanização da Bacia do Córrego Lavapés, bem como fornecendo as porcentagens necessárias para a simulação no programa IPHS1.

O ano de 1962 corresponde a um momento de pré-ocupação, onde o Córrego Lavapés ainda corre livre circundado por áreas verdes. É composto em sua maior parte por gramíneas, correspondendo a um total de 45% da área. Este fato deve-se à presença de inúmeros lotes residenciais desocupados. Este ano apresenta a maior quantidade de solo exposto de todos os analisados, isso ocorre devida a quantidade maior de locais em processo de contrução. A parte edificada encontra-se concentrada na região oeste da bacia. Ao norte existe uma grande área arbórea ocupada por eucaliptos da Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA).

A década de 70 marca o início de uma intensa urbanização na cidade de Rio Claro. No mapa de 1972 a área ocupada por edificações é de 36% do total, representando um grande aumento em comparação com o ano de 1962, onde esta classe ocupava 19%. Obras e edificações começam a ocupar as margens do córrego agravando dando início ao processo de impermeabilização do local. Em comparação com o ano de 1962 ocorreu uma queda de 26% na quantidade de áreas verdes (arbóreas e gramíneas).

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Figura 10 - Evolução da área ocupada por cada classe de uso e ocupação (%).

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5.2. SIMULAÇÃO CHUVA-VAZÃO

A análise das amostras coletadas no campo permitiu a identificação dos grupos hidrológicos de solo segundo o método do SCS, que trabalha com parâmetros de infiltração relacionados à densificação de camadas argilosas em sub-superfície. A classificação das amostras é apresentada na Tabela 5.

Tabela5 - Classificação das amostras coletadas em campo de acordo com os grupos hidrológicos propostos pelo SCS 2007.

Com o programa IPHS1 e em posse da classificação de grupos hidrológicos foi feito o cálculo da CN com base na média ponderada das porcentagens de área ocupada por cada classe de uso e ocupação do solo (Figura 10). A partir da implementação daequação de chuvas intensas, determinada por Moruzzi e Oliveira (2009), foram obtidas as curvas de intensidade-duração-frequência (IDF), que são os dados de entrada de precipitação e definem a chuva de projeto. Para a definição da probabilidade de ocorrência do evento, considerou os tempos de retorno (TR): 5, 10, 20 e 50 anos. Os hidrogramas gerados permitiram identificar a relação entre o intervalo de tempo para os picos da chuva e os intervalos para os picos da onda de cheia (Figura 11).

Número do ponto Profundidade Classificação

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Figura 11 - Hidrogramas da bacia do Córrego Lavapés para TR de 5, 10, 20 e 50 anos.

A modelagem hidrológica permitiu a transformação de chuva em vazão (representada por Q), ou seja, o escoamento da água distribuído no tempo. Devido à grade similaridade dos cenários de ocupação nos anos de 1995 e 2014, os resultados gerados na simulação foram muito semelhantes, por este motivo suas curvas foram condensadas em um único modelo.

Analisando os hidrogramas obtidos observa-se uma maior vazão concentrada entre 30 e 120 minutos em todos os TRs e cenários de uso da terra. Os valores de vazão mais altos são encontrados quando usados os TRs de 20 e 50 anos para qualquer um dos períodos analisados, já os mais baixos são para os TRs de 5 e 10 anos.

Os menores valores de vazão encontrados são do cenário pré-ocupação em 1962, com pico de 3,8 m³/s no TR de 5 anos chegando a no máximo 5,8 m³/s no TR de 50 anos. Por sua vez, os maiores valores encontrados em 2014 e 1995 chegam a 8,9 m³/s utilizando o TR de 5 anos e 9,8m³/s no TR de 50 anos. Este fato comprova a relação direta entre a urbanização e a ocorrência de enchentes, uma vez que em 1962 apenas 30% da área da bacia eram ocupadas, situação extremamente diferente quando comparamos com os 74% da área atual.

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6. CONCLUSÃO

O mapeamento do uso da terra foi uma ferramenta adequada no processo de aquisição de informações referentes à cobertura de superfície. Os mapas gerados mostram a área sendo gradativamente urbanizada, variando desde um cenário de preparação para a urbanização em 1962, até 2014 onde está quase totalmente urbanizada, com exceção da porção sul ocupada pela Floresta Estadual (FEENA). Nestes mapas foi possível acompanhar o processo de alteração do próprio córrego, que em 1962 corria a céu aberto, e a partir de 1988 estava canalizado, com vale ocupado pela Avenida Ulisses Guimarães. Sua dinâmica fluvial responde atualmente às intervenções antrópicas, refletidas pela baixa energia de suas águas, causando assoreamento de seu leito.

O método do SCS proporcionou a integração das variáveis necessárias para os estudos de bacias hidrográficas urbanizadas. Os critérios de avaliação da dinâmica do escoamento superficial integraram as características pedológicas, vistas nas amostras coletadas em campo, e o estado de uso do solo. O programa IPHS1 é um software livre que permitiu simulações em grande nível de detalhe e se mostrou eficiente para estudos deste tipo, possuindo assim grande aplicabilidade em planejamento urbano. Com ele foi possível o uso de diferentes algoritmos resultando em simulações hidrológicas que caracterizaram a dinâmica das inundações na bacia do Córrego Lavapés. Com as simulações foi possível concluir que o aumento da impermeabilização do solo acarretado pela urbanização da bacia foi o responsável pelos primeiros casos de inundação.

Desde então, a Prefeitura Municipal de Rio Claro realiza obras de engenharia buscando remediar o problema, que muitas vezes acaba sendo transferido de uma bacia para outra, desta maneira acaba gastando recursos sem realizar uma solução definitiva. Com isso, essa pesquisa gostaria de deixar uma reflexão em processo de urbanização e levantar questionamentos a respeito do planejamento urbano, para que o uso da terra seja feito de maneira coerente com as condições hidrológicas da região. Com as melhorias no planejamento urbano seria possível a diminuição nos problemas relacionados a alagamentos, melhorando a qualidade de vida da população e poupando recursos que seriam utilizados futuramente com obras de remediação.

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7. REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS

BRAGA, Roberto; CARVALHO, Pompeu F. C. Recursos hídricos e planejamento urbano e regional. Rio Claro: Laboratório de Planejamento Municipal-IGCE-UNESP. 2003. p. 113-127.

BOTELHO, R. G. M. Bacias hidrográficas urbanas. In: GUERRA, A. J. T. Geomorfologia Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. p. 71-115.

CANHOLI, A. P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005, 302 p.

CERRI, M.S. Proposta metodológica para o estudo de microbacias hidrográficas urbanizadas: o exemplo do córrego Lavapés. 1999. 184f. Dissertação (Mestrado em Conservação e Manejo de Recursos) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1999.

CONCEIÇÃO, F. T., BONOTTO, D. M. Use of U-isotopes disequilibrium to evaluate the weathering rates and fertilizer-derived uranium at São Paulo State, Brazil. Environmental Geology, 44(4):408-418, 2003.

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Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego Lavapés.
Figura 2: Mapa Geológico da Bacia do Córrego Lavapés. Fonte: Mapa Geológico do  Município de Rio Claro
Tabela 1: Alturas mensais de precipitação (mm) para o período de 1936 a 2010 (CEAPLA;  apud  MORAES et al., 2012)
Foto 1: Córrego Lavapés, dentro dos limites da floresta Estadual “Edmundo Navarro de  Andrade”
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