GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS
ESTUDO EXPLORATÓRIO DA UTILIZAÇÃO DO ABC/ABM
NO BRASIL BASEADO NA EXPERIÊNCIA DE
EMPRESAS DE CONSULTORIA
Banca examinadora:
Prof. Orientador: Jacob Ancelevicz
Prof.: ... .
Aos meus pais, Ernesto e Auxy,
pelo incentivo.
A Cristina N orões,
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
NELSON LOPES PUCCINI
GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS
Estudo exploratório da utilização do ABC/ ABM
no Brasil baseado na experiência de
empresas de consultoria
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGV IEAESP Área de Concentração: Contabilidade, Finanças e Controladoria, como requisito para obtenção do título de mestre em Administração.
Orientador: Prof Jacob Ancelevicz
SÃO PAULO 1998
( .
i
I Fundação Getulio Vargas Escola de Administração
de Empresas de sao Paulo
empresas de consultoria. São Paulo: EAESP/FGV, 1998. 107 p.
(Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV, Área de Concentração: Contabilidade, Finanças e
Controladoria).
Resumo: O trabalho apresenta uma evolução dos sistemas gerenciais de custos. Analisa as principais mudanças que estão ocorrendo no ambiente competitivo e seus reflexos na deterioração da qualidade das informações de
custos dos sistemas gerenciais. Discute conceitos relacionados ao custeio-baseado em atividades (ABC) e à gestão-baseada em atividades (ABM), que podem constituir-se em instrumentos para melhoria dessas informações. Realiza ainda um estudo exploratório sobre o estágio de utilização desses conceitos em empresas situadas no Brasil, com base na experiência de
empresas de consultoria que implementam esses projetos nos mais diversos setores da economia.
Palavras-Chave: Custeio-Baseado em Atividades (Activity-Based
Costing-ABC) - Gestão-Baseada em Atividades (Activity-Based Management
-ABM)-Direcionadores de Custos (Cost Drivers)-Processos-
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO 1
2 - EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE CUSTOS 5
2.1 - Histórico 5
2.1.1 - A Contabilidade de Custos até 1920 5
2.1.2 -Empresas de múltiplas atividades 10
2.1.3 -Empresas multidivisionais 13
2.1.4 - A Contabilidade de Custos - dos anos 20 aos 80 15
2.2- Sistemas de Custeio Tradicionais 17
3 -MUDANÇAS NO AMBIENTE COMPETITIVO 22
3.1 -Fatores de Mudança 23
3. 1. 1 - Globalização 23
3 .1.2 - Desregulamentação e Privatização
24
3 .1. 3 - Automação 29
3.1.4- Tecnologia da Informação 30
3 .1. 5 - Menores Ciclos de Vida 32
3.2 - Novas Filosofias 33
3 .2.1 -Just-In- Time (llT) 33
3 .2.2 - Total Quality Management (TQM) 35
3. 4 - Implicações para a Gestão de Custos 40
4 - ACTIVITY -BASED COSTING I ACTIVITY-BASED MANAGEMENT 44
4. 1 - Histórico 44
4.2- Modelo Conceitual do ABC I ABM 46
4.2.1 -
Activity-Based Costing
(ABC) 464.2.2 -
Activity-Based Management
(ABM) 554.2.3- Evolução do ABC I ABM 57
4.2.4- Hierarquia das Atividades 60
4.3- Implementação de Sistemas ABC I ABM 63
4. 3 .1 - Considerações para o projeto do sistema 63
4.3.2- Abordagens de Implementação 67
4.4 - ABC no Brasil 74
5 -ESTUDO EXPLORATÓRIO -ABC I ABM EM EMPRESAS NO BRASIL 79
5. 1 - Metodologia 79
5.2- Resultados 81
5.3 -Análise dos Resultados 88
6 -CONSIDERAÇÕES FINAIS 92
ANEXOS 99
AGRADECIMENTOS
Ao prof. Jacob Ancelevicz, além da orientação, pelo incentivo e conselhos,
a Wang Homg e Thelma Rocha, pela contínua motivação,
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
As mudanças nas últimas décadas caracterizam-se por maior competição
global, expansão e uso da tecnologia da informação, preocupação com a qualidade,
crescimento da automação, mix de produtos, diminuição de estoques, inovações na
organização das operações e menores ciclos de vida dos produtos. Isso explica em
grande parte por que muitos sistemas de contabilidade gerencial - projetados para
atender necessidades existentes numa realidade bastante distinta da atual - podem não
atender aos principais objetivos internos da empresa: controle das atividades
operacionais e/ou custeio de produtos.
O gerenciamento de custos utiliza a informação de custos para avaliar
com que eficiência e eficácia os recursos da empresa são consumidos no processo de
produção. Por utilizar dados contábeis, tal gerenciamento é freqüentemente
denominado "contabilidade gerencial". Portanto, neste trabalho, a exemplo do que foi
feito por BRÁS (1992), utilizaremos o conceito de gerenciamento de custos como
sinônimo de contabilidade gerencial.
O objetivo de avaliação de estoques - visando fornecer relatórios
financeiros de curto prazo - tem norteado as práticas dos sistemas gerenciais, que se
justificaram no passado em função da necessidade de informar investidores e governo
Atualmente, porém, considerando-se que a importância relativa dos estoques está
decrescendo, já que tendem a ser minimizados ou mesmo eliminados
(filosofiajust-in-time -JIT), tal procedimento é injustificável.
A falta de convergência entre os sistemas gerenciais de custos e os
sistemas contábeis de custos é natural, pois ambos procuram, a partir da mesma fonte
(dados contábeis para avaliação de estoques), atender objetivos completamente
distintos. Enquanto a contabilidade de custos enfatiza o uso de dados contábeis para o
cálculo dos custos dos produtos nos relatórios financeiros, a contabilidade gerencial
utiliza-se deinformações de custos para avaliar a eficiência na alocação de イセ」オイウッウ@ e
a eficácia do negócio na geração de produtos e serviços que agreguem valor aos
clientes.
Por muitos anos, a contabilidade de custos foi a principal fonte de
informações para a contabilidade gerencial, que começou a ser questionada a partir
da década de 80, por não fornecer informações relevantes para a tomada de decisão
na empresa. Acrescentem-se as severas críticas que a contabilidade gerencial vem
sofrendo por parte dos estudiosos do assunto.
Com o objetivo de solucionar esse problema, surgiram conceitos e
metodologias como o Custeio-Baseado em Atividades - ABC (Activity-Based
Costing) e a Gestão-Baseada em Atividades - ABM (Activity-Based Management),
possibilitar melhor compreensão da situação atuai· e· futura, já que trazem embutida
uma visão de longo prazo.
Para JOHNSON e KAPLAN (1987), o gerenciamento de custos deve se
adaptar à nova realidade e os sistemas de contabilidade gerencial não se limitar a mero
armazenamento de dados, mas atuar como propulsores das mudanças para que a
empresa alcance seus objetivos no longo prazo. Os indicadores não-financeiros
voltam a ter importância fundamental nesse novo contexto. Para os autores, propor o
uso mais difundido desses indicadores equivale a propor o retorno aos indicadores
operacionais que deram origem aos sistemas de contabilidade gerencial.
Este trabalho objetiva realizar uma avaliação crítica desses conceitos e
metodologias, além de um estudo exploratório do conhecimento e utilização dos
mesmos no Brasil, com base na experiência de empresas de consultoria. Apesar das
limitações decorrentes da utilização desta fonte - opinião, tipo de informação
fornecida e região abrangida - acreditamos ser possível atingir nosso objetivo.
No segundo capítulo, expõe-se e analisa-se a evolução dos sistemas
tradicionais de custos, procurando ressaltar as influências que tornaram o
desenvolvimento nessa área tão inexpressivo nas últimas décadas.
No terceiro capítulo discutem-se questões como o impacto da automação,
globalização e maior competitividade, entre outras mudanças, que justificam uma
No quarto capítulo apresentam-se os conceitos do ABC (Activity-Based
Costing) e ABM (Activity-Based Management), indicando as diferenças em relação
aos sistemas tradicionais bem como os principais aspectos ligados à sua
implementação.
No quinto capítulo, efetua-se uma avaliação preliminar do atual estágio de •
conhecimento e utilização dos sistemas ABC I ABM, mediante pesquisa exploratória
junto às principais empresas de consultoria em São Paulo.
No sexto capítulo, apresenta-se a conclusão do trabalho, com base nos
conceitos. apresentados e na análise dos resultados da pesquisa exploratória, avaliando
a importância dos sistemas ABC I ABM para a contabilidade gerencial, além de
CAPÍTUL02
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE CUSTOS
Neste capítulo será analisada a evolução da Contabilidade de Custos,
utilizando como principal referência a obra Relevance Lost, 1 que fornece uma visão
bastante detalhada e abrangente.
2.1 -HISTÓRICO
"O conhecimento das tendências e do desenvolvimento da
Contabilidade de Custos no passado é importante na medida em que
pode nos fornecer uma perspectiva para a avaliação das práticas e dos pensamentos atuais" (OLIVEIRA, 1991, p. 7).
2.1.1- A Contabilidade de Custos até 1920
Para JOHNSON (1981), muitos autores- entre os quais Scott, Gamer e
Littleton - consideram que a origem da Contabilidade de Custos está ligada ao
crescimento do sistema fabril, na chamada Revolução Industrial que começou na
Inglaterra no século XVIIT, quando muitos contadores se defrontaram, pela primeira
vez, com a maioria dos problemas que ainda hoje afligem a Contabilidade Gerencial.
Para o autor, não é procedente a explicação tradicional que relaciona a
Revolução Industrial com o desenvolvimento da Contabilidade de Custos. Para ele, o
surgimento de novos métodos de organização da atividade econômica é que explica o
desenvolvimento de procedimentos contábeis de custos nas empresas industriais nesse
período. Com a introdução de um novo modo de organização da produção, foi
necessário o desenvolvimento de um novo tipo de registro contábil, o registro de
custos, pois o mercado já não fornecia todas as informações para a coordenação do
processo produtivo, centralizado em um único local de trabalho.
As primeiras organizações americanas a desenvolverem sistemas de
contabilidade gerencial foram as tecelagens de algodão mecanizadas e integradas,
surgidas após 1812. As contas de custos de partida dobrada diferiam radicalmente de
quaisquer registros contábeis previamente usados.
As informações de custos fornecidas por essas contas visavam suportar o
gerenciamento das atividades internas da organização, decisões ·de curto prazo e
controlar a conversão de matérias-primas em produtos acabados. Isso decorreu da
substituição da taxa de pagamento por unidade produzida por contrato salarial,
originando a questão da produtividade. As informações auxiliavam os gerentes na
avaliação dos processos internos e no estímulo aos trabalhadores para cumprirem as
metas de produtividade.
No setor siderúrgico, as operações industriais do final do século XIX
eram bem mais vastas e complexas que as operações da indústria têxtil da Nova
Inglaterra do início do mesmo século. Não obstante, a maioria das organizações fabris
produtos ,acabados. ·Assim; ·essàs ··em:presas·Utilizàràfu versões refinadasie ・ャ。「ッイセ、セウN@
dos mesmos sistemas de custos de conversão originários das primeiras fábricas
têxteis. A depreciação de ativos e estimativas de retorno do investimento ainda não
eram consideradas importantes para merecer maior atenção por parte dos
administradores.
As ferrovias de meados do século XIX atingiram proporções bem maiores
que as maiores fábricas têxteis. Na década de 1880, chegaram mesmo a ultrapassar o
tamanho das gigantescas siderurgias. Ao contrário das primeiras empresas industriais,
as ferrovias criaram sistemas especiais de informações, registrando e· sintetizando com
eficiência imensos volumes de transações diárias e suas consequências. Assim como
as indústrias, 」ッョ」・「セイ。ーエLセゥウエ・ュᆰウ@ de;cop.tabilidade,de custos para avaliar e controlar
os processos internos, セッョカ・イエ・ョ、ッ@ insumos intermediários em serviços.de transporte.
Usando a tonelada-milha como unidade básica de produção, criaram complexos
procedimentos contábeis internos para calcular o custo por tonelada-milha.
Distribuidores de grande escala - atacadistas e varejistas - como Macy e
Sears, desenvolveram novos sistemas de contabilidade gerencial no século XIX. No
final do século, o mercado americano foi inundado por produtos padronizados,
fabricados em grandes volumes. Para operar eficientemente, esses distribuidores .
criaram sistemas para a administração interna do alto volume, alta rotatividade e
baixas margens - características inerentes ao negócio. Para monitorar e avaliar. seus
gerentes, eram coletadas informações contábeis departamentais de resultado bruto e
Os administradores de algumas empresas metalúrgicas avançaram um
passo em relação aos colegas dos demais ramos industriais, concentrando sua atenção
na predetenninação de padrões de consumo de matéria-prima e mão-de-obra, nas
tarefas de fabricação. Os métodos utilizados incluíam o estudo do projeto de
engenharia (relações de matérias-primas) e o estudo de tempos e movimentos.
As informações sobre os padrões de consumo foram utilizadas por
engenheiros e contadores com três diferentes propósitos:
a) avaliar o rendimento de tarefas ou processos, para minimizar os
desperdícios de materiais e de tempo, conforme planejamento do fluxo
de trabalho proposto por Frederick Taylor;
b) controlar custos reais através do desenvolvimento de sistemas
detalhados de análise de divergências entre o desempenho-padrão e o
real. Harrington Emerson talvez tenha sido o primeiro a enfatizar que
essas informações pennitiriam diferenciar condições controláveis e não
êontroláveis pelos administradores, idéia associada anos depois ao
orçamento flexível, e
c) simplificar o processo de avaliação de estoques, como propunham os
contadores financeiros do início do século.
Engenheiros e administradores desenvolveram, a seguir, nova meta para a
Church, contemporâneo de Taylor, defendeu o uso de informações de custos de
produtos para remontar a rentabilidade global de uma empresa aos lucros obtidos dos
produtos individuais. No entanto; o próprio Church já havia vislumbrado prováveis
deficiências em relação aos procedimentos de distribuição de despesas gerais dos
"contadores comerciais" - com cálculos de custos médios - no caso de linha de
produtos diversificada usar recursos da fábrica em proporções muito variáveis.
Para CHURCH, citado por JOHNSON e KAPLAN (1987), esse esquema
é inteiramente equivocado, porque poucas das despesas da conta de lucros e perdas
guardam qualquer relação entre si, com salários ou com o tempo. Assim, confiar
numa percentagem arbitrariamente estabelecida pode ser um bom expediente para se
livrar dos números e dar um ar de finalidade à contabilidade de custos. Como um guia
de rentabilidade real de classes específicas de trabalho, é desprovido de valor e mesmo
pengoso.
2.1.2 - Empresas de múltiplas atividades
No início do século XX ocorreu uma onda de incorporações, produzindo
grandes empresas, integradas verticalmente, que passaram a desempenhar várias
atividades antes conduzidas por empresas individuais: fabricação, compras, transporte
e distribuição. Surge a necessidade de um sistema de controle gerencial que facilitasse
A complexidade e a diversidade das atividades exigiram novas formas
organizacionais. As empresas eram centralizadas, sendo as operações globais
estruturadas em departamentos distintos: produção, vendas, finanças e compras. Os
gerentes departamentais procuravam agir de modo a maximizar o desempenho de seus
departamentos. Desse modo, a alta gerência dispunha de mais tempo para a
coordenação das diversas atividades da empresa, procurando obter o máximo de
sinergia das atividades integradas.
Tal estrutura organizacional exigia um sistema de medida de desempenho
para motivar, orientar e avaliar cada departamento, conforme a estratégia global da
empresa. A alta gerência -dessas empresas adotou duas novas evoluções na
contabilidade gerencial, para atenuar os problemas oriundos da motivação e controle
dos gerentes departamentais. A primeira, a projeção de orçamentos para coordenar
e equilibrar os fluxos internos de recursos. A segunda, através do desenvolvimento de
um novo indicador, o retomo do investimento
(retum on investment-
ROI), paramedir o desempenho departamental, permitindo comparação com o desempenho
global.
A Du Pont Powder Company ilustra bem como evoluíram os sistemas de
contabilidade gerencial das primeiras empresas americanas de múltiplas atividades.
Após ser adquirida pelos primos Du Pont, foi desenvolvida nova estrutura
administrativa (após 1903), através da consolidação de suas operações, formando
A
Du
Pont priorizou a utilização do ROI, indicador praticamenteignorado até então. Um sistema de contabilização de ativos foi o principal
instrumento que permitiu a utilização do ROI como ferramenta da contabilidade
gerencial naquela época.
A fórmula do ROI originou-se dos estudos e aplicações de Donaldson
Brown, que combinou dois indicadores contábeis de desempenho que as empresas de
única atividade de fabricação e de distribuição haviam desenvolvido em separado no
século XIX- a margem operacional e a rotação do investimento (talvez adaptada da
rotação dos estoques usada pelos distribuidores).
Na
Du
Pont, ocorreu nítida divisão de informações entre gerênciaoperacional e alta administração. As informações dadas aos superintendentes de
fábrica enfatizavam a eficiência física dos processos de produção dentro da fábrica.
Estudos e avaliações de rentabilidade eram tarefas reservadas ao Comitê Executivo.
Somente a partir de 1920, ao adotar uma estrutura multidivisional descentralizada (em
virtude da complexidade e variedade de produtos e operações), a empresa começou a
usar indicadores brutos de lucratividade e investimentos para medir o ROI em cada
uma de suas divisões, responsabilizando os gerentes divisionais pelos resultados.
O sistema de contabilização das vendas para monitorar a complexa
operação de comercialização era talvez a parte mais nova e sofisticada do sistema
sistema de contabilidade industrial, estimulava a máxima descentralização da tomada
de decisão.
2.1.3 - Empresas multidivisionais
Nos anos 20, devido à incapacidade da da General Motors (GM) em
solucionar problemas internos decorrentes da administração de uma firma
diversificada, Pierre Du Pont sucedeu a William Durant, o fundador da GM, na
presidência da empresa.
Com as contribuições de Alfred Sloan e Donaldson Brown, Du Pont
desenvolveu a estrutura multidivisional da GM, entregando à alta administração a
responsabilidade pela coordenação, avaliação e planeja.inento das atividades
diversificadas, delegando aos gerentes gerais de cada divisão a supervisão das
operações rotineiras.
Essa forma de organização e os sistemas de avaliação e confecção de
relatórios, elaborados na GM, no início dos anos 20, serviram de modelo a muitos
sistemas atualmente em uso. O sistema de contabilidade gerencial da GM
desempenhava três importantes tarefas: fornecia previsão operacional anual,
permitindo comparar metas operacionais
ex-ante
de cada divisão com os objetivosfinanceiros; proporcionava informes de vendas e orçamentos flexíveis, que indicavam
a distribuição de recursos e remuneração dos gerentes pelas divisões com base em
critérios de desempenho uniformes.
O principal objetivo da empresa era atingir um ROI satisfatório (20%) no
longo prazo, operando em média com 80% da capacidade de produção. Administrar
uma empresa tão complexa, atuando em um setor que apresentava grande volatilidade
de vendas e lucratividade, consistia, sem dúvida, num dos maiores desafios gerenciais
nos anos 20. Por essa razão, Brown projetou um ''Estudo de Preços" anual, que
permitia à alta administração da GM coordenar os planos operacionais anuais de cada
divisão com as políticas de longo prazo de retomo do investimento e de
volume-padrão.
Dois importantes aspectos foram decisivos para tomar o ROI um
indicador de desempenho divisional:
a) política de preços de transferência, baseada em preços de mercado a
partir do início da década de RPセ@ as divisões, em suas inter-relações,
eram estimuladas a agir como fariam com fontes externas, e
b) participação conjunta da alta administração e gerências divisionais na
elaboração dos planos de ・クー。ョウ ̄ッセ@ à previsão anual incentivava o
gerente divisional a alcançar as metas de ROI sem restringir os planos
de expansão, eliminando o perigo de desinvestimentos para melhorar o
2.1.4- A Contabilidade de Custos- dos anos 20 aos anos 80
Neste período, o desenvolvimento da Contabilidade de Custos foi
marcado por poucas mudanças significativas. Os sistemas de contabilidade gerencial
distanciaram-se de seus objetivos originais de controle da eficiência dos processos e
dos custos de produção, procurando atender regras impostas pela legislação
governamental. Os custos passaram a ser analisados de forma agregada, o que acabou
por limitar sua capacidade informativa. As empresas precisavam apresentar relatórios
de curto prazo para o público externo, ao qual não interessava a informação de custos
para tomada de decisão, mas seu impacto na avaliação dos estoques e lucros
publicados.
O desaparecimento dos sistemas de custos industriais do final do século
XIX e início do século XX está associado aos custos de processamento existentes à
época. As informações sobre custos de produtos e linhas individuais eram
aparentemente caras demais para que as empresas administrassem linhas de produtos
diversificadas e monitorassem de forma precisa o consumo de recursos de cada
produto.
Isso não significou, porém, o desaparecimento da avaliação de custos dos
produtos. A disciplina conhecida por Contabilidade de Custos floresceu após a
Primeira Guerra Mundial, não visando acompanhar o consumo de recursos de cada
produto para fins gerenciais, mas à avaliação de estoques para os informes
públicos - privilegiando quantias objetivas, auditáveis e conservadoras no cálculo dos
custos dos produtos - acabaram por exercer profundo efeito sobre a Contabilidade
Gerencial até o início da década de 80.
A grande diferença entre a avaliação dos custos dos produtos por
engenheiros e auditores reside no tratamento dado aos custos indiretos e despesas
gerais. Os engenheiros procuravam relacionar os custos indiretos às atividades
específicas causadoras de tais custos. Os contadores, que consideravam esse nível de
detalhe desnecessário, distribuíam os custos aos produtos com base num divisor
comum, geralmente horas de trabalho ou custo de mão-de-obra.
No ·período compreendido entre 1920 e 1980 houve um predomínio da
Contabilidade Financeira, que se refletiu até no perfil do administrador, originário
predominantemente da área financeira, sem conhecimento do processo produtivo.
A literatura do período inclui muitos trabalhos, especialmente de autores
da área econômica. Em 1923, J.M. Clark apresenta extensa discussão sobre a
natureza dos custos indiretos e seu uso para decisões gerenciais, além de ter
defendido a relevância de diferentes custos para diferentes propósitos. Na década de
30, surgem as contribuições da "London School ofEconomics", reforçando a ênfase
dada por Clark à irrelevância do uso dos dados de custo obtidos dos livros contábeis
para a tomada de decisão, por incorporarem custos fixos ao custo do produto. Outra
contribuição foi a introdução do conceito de custo de oportunidade, por Ronald
Na década de 50, William Vatter propõe sistemas de contabilidade
gerencial mais objetivos, orientados para monitorar a eficiência interna das empresas.
À
semelhança de Clark, advoga o uso de diferentes custos para objetivos específicos.Outra importante contnlmição de Vatter foi a consideração da dimensão temporal
(agilidade) no processo de geração de informações, privilegiando a acurácia e não a
exatidão.
Para Johnson e Kaplan, apesar das várias contribuições, a literatura
acadêmica recente sobre Contabilidade Gerencial não apresenta referências a
organizações reais, dado que os modelos foram desenvolvidos por economistas, que,
na sua maioria, teriam pouco conhecimento do que estavam modelando.
Assim, dos anos 20 a 80, os sistemas de contabilidade de custos foram
preponderantemente orientados para a avaliação de estoques e para atender às
necessidades de um público externo à empresa. Esse predomínio da Contabilidade
Financeira sobre. a Gerencial fez com que os dados de custos perdessem parte de sua
confiabilidade.
2.2 - SISTEMAS DE CUSTEIO TRADICIONAIS
Atualmente, o sistema adotado em relatórios financeiros externos é o
custeio por absorção, cuja metodologia considera que todos os custos rateados têm
No entanto, muitos custos variam com a diversidade e complexidade dos produtos, e
não com
o
volume."Ao defininnos um tratamento fonnal para as infonnações de
custos, para atender aos objetivos de utilização estabelecidos pelos
usuários, estamos elaborando um sistema de custos. [ ... ] Qualquer
abordagem sempre empregará critérios não exatos e suscetíveis de
critica, pois a Contabilidade de Custos não é uma ciência exata"
(OLIVEIRA, 1991, p. 43).
Esse sistema,. ao apropriar custos indiretos de fabricação aos produtos
utilizando como base de apropriação a mão-de-obra direta ou hora-máquina, pode
apresentar deficiências para o controle dos processos (informações atrasadas e
agregadas) e custeio dos produtos. Ao introduzir subsídios cruzados entre os
mesmos, pode levar os gestores a tomar decisões incorretas no que se refere a preços,
rentabilidade, mix, corte ou adição de produtos ou linhas de produtos.
Podem surgir situações "estranhas", nas quais, comparando as
demontrações de resultado de períodos subseqüentes, observa-se que menores vendas
podem implicar em resultado melhor, unicamente porque naquele período mais
unidades foram produzidas. Assim, o custo total calculado afetará o resultado do
período em que os produtos forem vendidos.
"Por não dizerem respeito a este ou àquele produto ou a esta ou
àquela unidade, são quase sempres distribuídos à base de critérios
arbitrariedade. [ ... ] Por se alterar um procedimento de distribuição
de custos fixos, pode-se fazer de um produto rentável um não
rentável (aparentamente) e vice-versa" (MARTINS, 1988, p. 198).
Devido
à
falta de sintonia entre o volume de produção e as vendasrealizadas, foi desenvolvido o custeio direto (ou custeio variável), onde a parcela fixa
dos custos indiretos de fabricação é tratada como despesa do período, associada a um
período de tempo e não à quantidade produzida. Só são considerados custos do
produto os custos variávejs diretamente relacionados com a produção.
No custeio direto, os custos variáveis são deduzidos da receita de vendas
para se obter a margem de contribuição, que, segundo HORNGREN ( 1986), fornece
importante auxílio na determinação do
mix
de produtos, nas decisões de precificação,descontos, investimentos e eliminação de produtos. Contribui para rapidez em
estabelecer as relações entre custo, volume e lucro, suportando a tomada de decisão.
No custeio por absorção, os custos indiretos são apropriados por um ou
mais critérios de distribuição, o que acarreta dependência do . custo total do produto
em relação ao critério selecionado. Todos os custos (de fabricação) transitam pelos
estoques, excetuando as despesas gerais e administrativas, lançadas diretamente a
resultado no final do período.
Qual seria o melhor sistema? A discussão é antiga e já dura algumas
décadas. Os adeptos do custeio por absorção dizem que os lucros são maiores, .
e produzem beneficios futu.ros na formá de· estóques. Pru-a os que 、セヲ・ョ、←イッL@ o custeio
direto, os ciJstos indiretos de fabricação fixos
ヲッイョ・」・セ@
capacidade para produzir,sendo irrelevante se a mesma é totalmente usada ou rião, em termos de ocorrência
desses custos no período.
A variação do resultado do exercício na mesma direção das vendas està.ria
entre as vantagens do custeio direto. Os dados assim obtidos·seriam mais proveitosos
para planejamento, análise, controle e tornada de decisão. A identificação clara dos
itens que compõem cada grupo de custos facilita a percepção dos fatores relevantes
que afetam a tomada de decisão.
Os defensores do custeio poi'' absorção rebatem essas colocações em
relação à separação dos custos e à simplificação da demonstração de resultado.
Alegam que a classificação dos custos é dificil e problemática, sendo feita muitas
vezes por mera conveniência. Corno exemplo citam alguns custos variáveis que
podem ser maiores, quando o volume de produção· fot mais baixo, e a existênCia de
custos semivariáveis que apresentam ambos os componentes e que teriam que ser
decompostós para fins de análise.
Um grande • desafio a ser enfrentado pelos sistemas atuais de contabilidade
de custos é a detetrnifiação de uma forma mais adequada de apropriar os custos
indiretos de fabricação aos produtos, dado que tais custos estão crescendo em relação
HOWELL e SOUCY (1987) defendem que um único sistema de custos
não pode servir. a todas as necessidades dos administradores. Mais ainda, acreditam
que um sistema de custos deve ser capaz de identificar outros custos que não os de
fabricação apenas, tais como custos de projeto, compras, marketing e vendas.
Concluem que pelo menos dois sistemas são necessários: um, para controle de custos
com base de tempo real (indicadores operacionais de eficiência), e outro, para
determinação de custo do produto, indo além da fabricação.
Em One Cost System Isn't Enough, KAPLAN (1988) também considera
que somente um sistema de custos pode não ser suficiente para atender todas as
necessidades, já que nas três funções de custos - controle de processos, avaliação de
custos de produtos e informes financeiros - os períodos informativos, os conjuntos de
custos relevantes e os públicos são diferentes.
Um único sistema de custos dificilmente atenderá todas as necessidades.
O mais importante, portanto, não é saber qual o melhor sistema de custos, mas qual
sistema é mais adequado para atender a determinada necessidade.
A proposta levantada por alguns autores utiliza os conceitos do
ABC/ ABM para atender outras necessidades que não o fornecimento de dados para
CAPÍTUL03
MUDANÇAS NO AMBIENTE COMPETITIVO
Em
Competing for the Future,
HAMEL e PRAHALAD (1994)argumentam que poucas empresas que iniciaram a década de 80 como líderes a
terminaram com sua liderança intacta e não reduzida. IBM, Texas Instruments,
Philips, TW A, Xerox, Boeing, Du Pont e muitas outras viram o sucesso erodido por
mudanças tecnológicas, demográficas e regulatórias, além de ganhos de qualidade e
produtividade significativos obtidos por competidores não tradicionais.
Para HOWELL
e
SOUCY (1987), às empresas cabe transformar-se cadavez mais rapidamente para alcançar padrão de produtividade e アセ。ャゥ、。、・@ que lhes
assegure competitividade nos mercados de atuação. Os clientes exigem maior
qualidade, confiabilidade, rapidez na entrega e atendimento, diversidade de produtos,
entre outros fatores. Para atendê-los, as empresas estão criando um novo ambiente
fabril, com menores estoques, linhas orientadas por produto, automação e uso efetivo
da tecnologia da informação.
A seguir, apresentamos os principais fatores que influenciaram nas
mudanças ocorridas no ambiente competitivo, bem como as novas filosofias e técnicas
de gestão que também auxiliaram esse processo de mudanças. Finalmente, será
descrito o papel da estratégia competitiva das empresas considerando-se esse novo
3.1- FATORES DE MUDANÇA
Entre os principais fatores que influenciam na mudança do cenário
competitivo, citamos a globalização, a desregulamentação dos mercados I
privatização de empresas estatais, a automação dos processos e os avanços na
tecnologia da informação.
3.1.1 - Globalização
KENNEDY (1993, p. 47) observa que empresas com interesses
internacionais não representam novidade; já existiam, ainda que de forma embrionária,
nos bancos privados cosmopolitas do final do século XIX. A globalização de hoje
distingue-se das anteriores pelo número e proporção de empresas multinacionais,
decorrente da nova ordem econômica do pós-guerra, que reduziu o protecionismo e
estimulou a recuperação da economia mundial. A partir da década de 70, com a
decisão dos Estados Unidos de abandonar o padrão-ouro, seguida pela liberalização
geral dos controles cambiais, houve maior liquidez no comércio mundial, com
aumento do fluxo de investimentos de capitais transnacionais.
Por trás desse aumento no fluxo de investimentos estão a
desregulamentação dos mercados monetários mundiais e a revolução nas
comunicações globais. Notadamente, o avanço tecnológico dos computadores, a
satélites,
as
transferências eletrônicas de alta velocidade e outras tecnologiaspermitiram a quebra de barreiras no mercado mundial.
A eliminação de barreiras alfandegárias permitiu a intensificação do
comércio exterior, com crescimento das empresas multinacionais, que passaram a
atuai em diversos países simultaneamente, colaborando para disseminação de hábitos,
gostos e marcas universais. Os padrões de moda e comportamento não ficam restritos
a mercados específicos, mas são aceitos nos mais diversos países.
O barateamento dos bens manufaturados, decorrente do uso intensivo de
novas tecnologias e da maior competição com concorrentes externos, tem levado
algumas regiões à especialização na fabricação de produtos, com os quais adquiram
maior competitividade. A China, por exemplo, ganhou grande participação no
mercado mundial de brinquedos e calçados, por possuir menores custos dentro destes
segmentos.
A globalização é um processo inexorável, isto é, sem retomo. Seus efeitos
estarão cada vez mais presentes no dia-a-dia das pesS(>as e das empresas nos diversos
países.
3.1.2 Desregulamentação e Privatização
Indústrias que anteriormente repassavam todos os custos ao cliente
desregulamentação forçou as empresas a se tomarem mais eficientes e competitivas.
Mesmo aquelas que jamais se preocuparam com o custo e rentabilidade de seus
produtos tiveram que aprender a fixar preços competitivos e a reagir a iniciativas
agressivas não só de competidores tradicionais, como também de novos participantes,
antes com acesso vedado ao mercado.
No Brasil, os mais diversos setores - alimentos, informática, bancos,
siderurgia etc. - passaram a enfrentar nova realidade competitiva, especialmente a
· partir do início da década de 90. As privatizações estão ocorrendo em setores antes
considerados "intocáveis", como telecomunicações e energia. A abertura do mercado
brasileiro (e mundial) é uma realidade. Em conseqüência, os produtos importados
assumem participação cada vez maior, forçando as empresas a se tomarem mais
competitivas.
Alguns exemplos ilustram como tais mudanças na economia brasileira
alteraram as características de vários mercados.
Desregulamentaçio - Setor Moageiro do Trigo
O setor moageiro (trigo) foi regulamentado até 1990, com cotas
estabelecidas pelo governo. Com suas vendas garantidas, as empresas moageiras
estabeleciam as quantidades e condições comerciais para seus clientes, que eram
FARINA e BRAGA (1996).avaliam que, a partir da desregulamentação, a
reestruturação das empresas tornou-se condição obrigatória para a sobrevivência - o
consumidor passou a ser mais exigente e seletivo, além de contar com oferta maior
que a demanda. Os autores estimam que, dos 189 moinhos existentes no sul do país
antes da desregulamentação, restam apenas 80 em operação.
Desregulamentação - Setor de Telecomunicações
Em todos os países ocorreram ou estão ocorrendo mudanças na
regulamentação das telecomunicações2, em função das profundas alterações de
cenários trazidas pela evolução tecnológica. O ponto comum é a passagem de
situações monopolísticas, de fato ou de direito, para estímulo e garantia da
competição entre prestadores de serviços, com a privatização total ou parcial das
antigas operadoras estatais.
Até 1996, os serviços públicos de telecomunicações no Brasil eram
explorados pelo Sistema TELEBRÁS, conglomerado estatal, criado por lei em 1972 e
consolidado ao longo da década de 70.
Ao longo desses vinte últimos anos, a TELEBRÁS não conseguiu manter
padrão de qualidade de nível internacional - medido pela taxa de congestionamento do
sistema interurbano - com exceção dos primeiros anos da década de 80. Tampouco
2 MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES. As Telecomunicações e o Futuro do Brasil: Flexibilização
conseguiu gerar recursos necessários à sua expansão em ritmo adequado às exigências
da demanda.
Era indispensável o aporte de recursos adicionais, possível através da
participação da iniciativa privada, o que exigia a flexibilização do sistema, que "deve
perseguir o objetivo principal de introduzir o regime de competição na prestação
desses serviços, visando, em última análise, ao beneficio do usuário e ao aumento de
produtividade da economia brasileira. ''3
Atualmente, é possível observar os efeitos, ainda que em estágio inicial,
da flexibilização no setor de telecomunicações, especialmente através das
concorrências para concessões para fornecimento de serviços de telefonia celular
móvel, utilizando a banda B. Os consórcios (associações entre empresas brasileiras e
grandes operadoras de telecomunicações internacionais) vencedores já têm um
cronograma para entrada em operação no final de 1997.
Privatizaçio - Setor Siderúrgico (Subsetor Aços Planos)
Devido à falta de capacidade financeira dos empresários nacionais e não
participação de investidores estrangeiros em grandes projetos de infra-estrutura, até
1991, todas as empresas do subsetor eram estatais, formando o sistema Siderbrás.
Como em outros setores de infra-estrutura (energia, rodovias, comunicação), o
governo realizou, no setor siderúrgico, grandes investimentos entre fins dos anos 70 e
início dos anos 80. A previsão de grande crescimento do mercado interno não se
materializou e acabou por dirigir grande parte da produção para o mercado externo.
Durante . esses anos, o governo manteve uma política de subsídio indireto
aos setores consumidores de aço (especialmente o setor automobilístico) através de
preços inferiores aos do mercado internacional. Os produtores nacionais de carvão
mineral eram fornecedores exclusivos do governo, embora com preços menos
competitivos que os do mercado externo.
A falta de condições financeiras do Estado para continuar investindo no
setor siderúrgico levou à privatização nos anos 90. O processo foi rápido: entre 91 e
93, começando pela Usiminas, foram privatizadas todas as siderúrgicas nacionais de
aços planos, o que acirrou a competição entre as principais empresas do setor
-Usiminas, Siderúrgica Nacional, Siderúrgica Tubarão, Acesita e Cosipa.
Com a liberalização das importações, os preços internos adequaram-se
aos do mercado internacional. As siderúrgicas começaram a importar a totalidade de
suas necessidades de carvão mineral, sendo que o correspondente nacional, de menor
qualidade, passou a ser utilizado nas usinas termoelétricas e indústrias de cimento.
A desregulamentação continua atingindo os mais diversos setores da
economia, aumentando a demanda por indicadores de custos e sistemas
administrativos para controlar e avaliar os custos dos produtos, bem como contribuir
3.1.3 - Automação
Muitos processos industriais estão tendo sua capacidade expandida pelo
uso de tec.nologias de produção integradas por computador (CIM -
computer-integrated manufacturing): máquinas de controle numérico, robôs, fabricação
auxiliada por computador (CAM - computer-aided manujacturing) e sistemas
flexíveis de manufatura (FMS-flexible manujacturing systems).
Para se manterem competitivas, as empresas adotam cada vez mais os
sistemas FMS, que são sistemas integrados para o processamento flexível de
unidades, através de estações de trabalho semi-independentes e uma rede de
computadores de supervisão.
FOSTER e HORNGREN (1988) apontam como principais vantagens dos
sistemas FMS:
• custos: menores níveis de estoque e redução de custos de mão-de-obra
direta, sucata e retrabalho, além de menores custos para coleta de
informações;
• tempo: redução do tempo do ciclo dos processos, do projeto à entrega
do produto (redução nos tempos de setup dos equipamentos, de
• mercado: mudanças rápidas nos produtos e produção em escala
adequada ao cliente - sustentando a competitividade com base na
economia de escopo;
• qualidade: nível de qualidade bastante elevado decorrente da
tecnologia utilizada, reduzindo custos da não qualidade (refugos e
retrabalho) e
•· tecnologia: possibilita criar e/ou manter a competitividade, sustentando
todas as vantagens anteriores.
Tais sistemas ajudam a mudar a estrutura dos custos de manufatura,
reduzindo custos diretos, como mão-de-obra, e aumentando custos indiretos, além de
possibilitar o rastreamento de custos diretos dos produtos anteriormente não
identificáveis.
3.1.4- Tecnologia da Informação
A flexibilidade e o tempo de resposta rápido são regras do mercado. O
sucesso das empresas está em saber responder às mudanças rápidas nas necessidades
dos clientes. A tecnologia da informação exerce papel decisivo nessas mudanças, ao
reduzir as restrições de tempo e espaço para adquirir, interpretar e agir sobre a
· informação.
HAECKEL e NOLAN (1993) consideram que turbulento ambiente de
resposta a essé 、・ウ。ヲゥッセ@
a
alta· administração deve encarar a tecnologia da inforrrtaçãosob uma nova ótica. Ao invés de i11vestir em sistemas . de. informação isolados, a
empresa deve investir em capacitações de エ・」ョッャッァゥセ@ 、セ@ informação. que ーセエ。ュ@ ·à
empresa reagir prontamente, de acordo com as mudanças ocorridas no ambiente
externo.
A Internet - conjunto de redes de computadores que servem. a milhões de
pessoas em todo o mundo - representa uma revolução no meio empresarial. Para
LAQUEY e RYER (1994), a Internet criou "uma nova dimensão, um mundo
eletrônico e virtual em que.tempo e espaço praticamente não .têm. significado". De
fato, ao permitir a comunicação .instantânea de dados, imagens e voz, a Internet abre
novas ー・イウーセ」エゥセ。ウ@ · para as empresas.\
As
ェョヲッイュ。アセウ@ podem ser, obtidas edisponibilizadas de forma quase instantânea. A diversificação . de produtos e serviços . ; . .
oferecidos abrem perspectivas para o comércio: muitas compras passam a ser
realizadas através do computador, sem necessidade de proximidade dos fornecedores.
Nos últimos anos presenciamos a democratização da Internet, que conecta
os principais laboratórios de pesquisas, universidades, bibliotecas, grandes . empresas,
pequenos estabelecimentos comerciais e de ensino e, também, milhões de usuários
individuais (consumidores potenciais) espalhados pelo mundo. A Internet continuará
3.1.5- Menores Ciclos de Vida
Muitos produtos têm apresentado significativa redução de sua vida útil A
rápida obsolescência dos produtos pode ser verificada em diversos setores da
economia. A indústria automobilística fornece um claro exemplo dessa tendência.
Veículos que anteriormente apresentavam longo ciclo de vida, hoje, em menos de
cinco anos após o lançamento, já são postos fora de linha.
O
constante lançamento deprodutos tem obrigado os fabricantes a inovar continuamente, para permanecer no
mercado.
Com a redução da vida útil dos produtos, o custeio do ciclo de vida
toma-se cada vez mais importante. BERLINER e BRIMSON (1992, p. 151) consideram
que "o gerenciamento do ciclo de vida é orientado àquelas atividades que ocorrem
antes da produção, para assegurar o menor custo total possível para o ciclo de vida
do produto". Segundo os autores, o custeio do ciclo de vida é necessário para:
o definir rentabilidade do produto a longo prazo;
o mostrar a eficiência do planejamento de ciclo de vida;
o quantificar o impacto dos custos da alternativa escolhida durante a fase
de engenharia e desenho e
3.2- Novas Filosofias
Para NAKAGA W A ( 1993 ), a excelência empresarial, respaldada pelas
filosofias do
Just-In- Time
(llT) e doTotal Quality Management
(TQM), tem doisprinc.ípios fundamentais: aperfeiçoamento contínuo e eliminação do desperdício. O
primeiro implica em reconhecer que a produtividade, a qualidade, a flexibilidade e os
serviços aos clientes devem melhorar continuamente. O segundo, que o desperdício é
algo que, para o consumidor, não adiciona valor ao produto.
3.2.1-Just-In-Time (JIT)
Até alguns anos, nas empresas e escolas americanas, predominava a
concepção de que a otimização . dos estoques minimiza os custos totais. Assim,
engenheiros e. analistas de custos calculavam os valores ótimos, ou lotes econômicos,
que permitiriam a redução dos custos de
setup,
pedido, armazenagem e manutenção,entre outros.
Para os japoneses, os estoques representam desperdício e falta de
capacidade de planejamento. Por essa razão, ao invés de otimizarem os níveis dos
estoques, questionam as principais razões de sua manutenção:
• proteção contra a má qualidade: se uma máquina quebra, o operador
do próximo estágio de produção precisa ter itens em estoque para não
• longos tempos de
setup:
no caso de modificação de produto emdeterminada linha de produção, os equipamentos americanos exigiam
várias horas para troca de ferramentas, ocasionando falta de
matéria-prima para os estágios seguintes - os estoques eram utilizados também
para suprir essa deficiência - e
• irregularidade das entregas pelos fornecedores: os atrasos ou mesmo
falhas na entrega das matérias-primas também comprometiam o fluxo
produtivo.
Os japoneses, na linha da qualidade total, reduziram significativamente os
tempos de
setup
dos equipamentos, conseguindo adaptá-los em questão de minutos,quando os americanos levavam horas. Passaram também a desenvolver relações de
parceria com os fornecedores, priorizando o longo prazo.
Para JOHANSSON (1990), o flT é uma filosofia operacional abrangente
cujo objetivo básico é a eliminação do desperdício. Sob a ótica do llT, é considerado
desperdício qualquer outra coisa que não a quantidade mínima de recursos
-equipamentos, materiais, componentes, espaço, tempo dos funcionários - que é
absolutamente essencial para adicionar valor ao produto.
Todo programa llT apresenta algumas características comuns: ênfase na
visibilidade; oferta sincronizada com a demanda; busca da simplicidade; abordagem
3.2.2 - Total Quality Management (TQM)
Segundo NAKAGAWA (1993), a partir a década de 70, iniciou-se nova
forma de competição, particularmente em países do Extremo Oriente, sustentada pela
conscientização da importância da qualidade. A percepção da empresa como um
sistema dinâmico possibilita entender como os componentes funcionais interagem,
influenciando o desempenho total, em termos de custos, qualidade, serviços e
diferenciação.
Tradicionalmente, as empresas americanas enfatizavam o controle
estatístico da qualidade, fixando limites superiores para os níveis aceitáveis de
produtos defeituosos. Assim, tanto as matérias-primas oriundas de fornecedores como
os produtos destinados aos clientes eram inspecionados e, se o percentual estimado de
defeitos fosse menor que o nível pré-estabelecido, seriam aceitos. Essa prática, que
deixava passar produtos defeituosos para aumentar a produtividade, acabou por
acarretar altos níveis de estoques, rejeições, reparos, sucatas e despesas com garantia.
De acordo com JOHNSON e KAPLAN (1987), as empresas do Japão e
algumas da Alemanha, Suíça e Suécia adotaram uma filosofia de qualidade total, cujo
único nível de qualidade aceitável era zero defeitos. A meta era diminuir o número de
peças defeituosas e, mesmo, a previsão da facilidade de fabricação
(manufacturability) para novos produtos, ainda no estágio de projeto.
O pessoal era treinado para alcançar zero defeitos, delegando-se a
responsabilidade pela qualidade para os funcionários de linha. A manutenção contínua
dos equipamentos e maquinários visava mantê-los em condições estipuladas de
utilização. Dos fornecedores exigia-se que todas as peças e matérias-primas
compradas atendessem às especificações - livres de defeitos.
A adoção dessa filosofia na empresa não é tarefa simples, pois exige
mudança cultural. Nesse contexto, um sistema de gestão de custos pode ser essencial
para comunicar de forma lógica e objetiva os beneficios da mudança. De fato, "sem o
adequado suporte de um sistema de gestão estratégica de custos, dificilmente a
empresa conseguirá incorporar em sua cultura organizacional a filosofia de
manufatura TIT /TQC, para tornar-se manufaturadora de classe mundial"
(NAKAGAWA, 1993, p. 28).
3.3 - Estratégia Competitiva
Segundo PORTER (1986, p. 49), a estratégia competitiva é a busca de
uma posição competitiva lucrativa e sustentável em uma indústria, contra as forças
que determinam a concorrência, envolvendo dois aspectos: a atratividade do setor e a
O crescimento rápido tende a mascarar erros estratégicos e permite que a
maioria das empresas sobrevivam e, até mesmo, prosperem em termos financeiros. No
entanto, a maturidade do setor geralmente pode expor falhas estratégicas.
POR TER (1986, p. 229) considera que a análise de custos toma-se cada
vez mais importante na maturidade para racionalização de mix e fixação de preços. É
necessário tratamento adequado no cálculo dos custos do produto para supressão de
itens não lucrativos e para concentrar a atenção naqueles com vantagem competitiva
(tecnologia, custo, imagem etc).
O subsídio cruzado implícito encobre os resultados de produtos cujos
mercados rtão conseguem suportar· seus. custos reais e redt1Z lucros em situações em
que os compradores são menos sensíveis ao preço.
O autor indica que é fundamental para o desempenho acima da média a
longo prazo a vantagem competitiva sustentável. Embora a empresa possa ter
inúmeros pontos fortes e fracos em relação a seus concorrentes, existem dois tipos
básicos de vantagem competitiva: baixo custo e diferenciação.
Para liderança em custos, a empresa procura tomar-se o produtor de
mais baixo custo em seu setor. A vantagem de custos pode ser obtida via economia de
escala, tecnologia patenteada, acesso preferencial a matérias-primas, entre outras
líder de custo deve obter paridade ou proximidade de preços com base na
diferenciação relativa de seus concorrentes, sob risco de perder mercado.
Para diferenciação, a empresa procura ser únicaem seu setor, através de
dimensões amplamente valorizadas pelos compradores. Ela seleciona um ou mais
atributos, posicionando-se singularmente para satisfazer às necessidades dos clientes,
obtendo um preço superior. Em relação aos seus concorrentes, o diferenciador visa à
paridade de custos, reduzindo-os em todas as áreas que não afetam a diferenciação.
De acordo com SHANK e GOVINDARAJAN (1993), a forma de
administração de custos sob a perspectiva estratégica requer visão ampla e externa à
empresa, o que envolve a cadeia de valores.
Toda empresa realiza atividades para projetar, produzir, comercializar,
entregar e sustentar seus produtos, podendo ser representadas pela cadeia de valores.
O nível relevante para a construção de uma cadeia de valores são as atividades de uma
empresa em um setor.
Para HAMEL e PRAHALAD (1994), a utilização do modelo de Porter
apresenta limitações para análise da competitividade futura. Isso porque o problema
da competitividade deve-se mais à competição "não tradicional" do que à competição
"externa". Além disso, o mercado que a empresa domina hoje, seja qual for, deverá
A desregulamentação, a globalização, os avanços na ciência e a
importância estratégica da tecnologia da informação, entre outros fatores, estão
tomando
menos
claras as fronteiras em uma grande variedade de setores. Há umatendência para a desintermediação e para as "confederações corporativas", fugindo ao
modelo de integração vertical e horizontal, como ocorre com a Toyota e seus
fornecedores. O resultado é uma "estrutura" na industria extremamente complexa e
quase indefinida.
A maneira pela qual as empresas poderão tomar-se competitivas no futuro
é através do contínuo aperfeiçoamento de suas core competencies, além da
descoberta de novas competências, e consequente utilização em outras industrias e
mercados. Para os autores, a core competence é um conjunto de habilidades e
tecnologias que permitem à empresa oferecer um beneficio específico aos seus
clientes. Na Sony, por exemplo, o beneficio é a portabilidade e a competência é a
miniaturização.
O conceito de core competence não diminui a importância da
produtividade e redução de custos, já que a empresa deve ser capaz de fazer mais por
menos, independentemente da estratégia adotada pela empresa.
Em mercados cada vez mais competitivos, a diferenciação entre produtos
toma-se mais tênue, considerando apenas os atributos fisicos dos produtos. A
de características fisicas dos produtos como criadora de vantagem competitiva
sustentável. Para POR TER (1986), ainda que a fase de crescimento caracterize-se por
rápidas descobertas de novos produtos e aplicações, a habilidade em dar continuidade
às mudanças nos produtos torna-se cada vez mais limitada à medida que a indústria
vai atingindo sua maturidade.
O gerenciamento estratégico de custos é fundamental para as empresas
que pretendem ter sucesso nos seus mercados. Isso exige profundo entendimento da
composição dos custos atuais e futuros nos negócios da empresa, permitindo melhor
tomada de decisões estratégicas e operacionais.
3.4 - Implicações para a Gestão de Custos
Como mostrado anteriormente, as modificações ocorridas no ambiente
competitivo acabaram por também alterar as técnicas e procedimentos operacionais
nas mais diversas indústrias, no decorrer das últimas décadas. Tais evoluções,
entretanto, não foram acompanhadas pelos sistemas gerenciais de custos. Porém, de
acordo com DRUCKER (1995}, essa separação entre conceitos e técnicas não é
natural, já que ambos são interdependentes. Portanto, as mudanças ocorrem no
sentido de equilibrá-los.
"Concepts and tools, history teaches again and again, are mutually
JOHNSON e KAPLAN (1987) ponderam que a perda de relevância
ocorre quando há uma falta de sincronia entre os sistemas contábeis gerenciais e o
ambiente que os mesmos pretendem suportar.
A todas essas mudanças, concomitantemente à pressão por eficiência,
acrescente-se a exigência para que as empresas ofereçam novos produtos e serviços, o
que leva à maior complexidade na execução do trabalho em toda a organização:
engenharia, funções de apoio, operações, serviços aos clientes, e, consequentemente,
ao aumento generalizado de custos.
A análise e compreensão minuciosa dos custos é importante, qualquer que
seja a estratégia da empresa. De acordo com Porter, a vantagem de custos é um dos
tipos de vantagem competitiva que uma empresa pode ter. Mesmo para as empresas
que buscam na diferenciação sua fonte de vantagem competitiva, os custos também
são de vital importância, já que a empresa diferenciadora tem que manter seus custos
próximos aos dos competidores.
Os sistemas de contabilidade de custos e controle gerencial tradicionais
são de pouca valia na determinação de custos dos produtos, no aumento no controle
de custos ou no incentivo à criação de riqueza econômica de longo prazo. Isso não
surpreende, se recordarmos que esses sistemas são derivados dos sistemas projetados
no início do século, em ambiente industrial e competitivo totalmente diferente do
Custos indiretos e despesas gerais, baixos quando comparados à mão-de-obra, eram
distribuídos com base no volume de mão-de-obra dos produtos. A diversidade de
produtos não era grande naquele período, o que fazia com que a distribuição dos
custos indiretos pela média não distorcesse os custos relativos dentro de uma linha de
produtos.
A partir da década de 80, a nova organização e tecnologias operacionais,
o ambiente mais competitivo decorrente da desregulamentação dos mercados e a
crescente representatividade dos custos indiretos em relação aos custos totais
acabaram por solapar os pressupostos da época em que os sistemas de custos foram
concebidos.
Mesmo com grandes mudanças na natureza das organizações, nas
dimensões da competição global, no panorama macroeconômico mundial, poucas
inovações surgiram, nos últimos 60 anos, nos sistemas de contabilidade de custos e
controle gerencial. Para JOHNSON e KAPLAN (1987), esses sistemas não atendem
aos objetivos de determinação de custo do produto e de controle e tomada de
decisão.
As falhas detectadas em relação aos sistemas tradicionais acabaram por
levar ao desenvolvimento de abordagens mais flexíveis para o projeto de sistemas de
de custos, de controle gerencial e de avaliação de desempenho. Essa evolução acabou
Costing}
"' e da· gestão
「。ウ・。、¢セ@em· atividades
セ@J\BM
(ActiVitY-Bâsed
Mi:ÍfÚ:lgemen_t), ·CAPÍTUL04
CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC) I
GESTÃO BASEADA EM ATIVIDADES (ABM)
4.1 - IDSTÓRICO
Em 1985, Miller e Vollmann, pesquisadores da Boston University, em
artigo intitulado The Hidden Factory, apresentam um conceito realmente inovador do
que posteriormente seria chamado custeio baseado em atividades (Activity-Based
Costing).
O objetivo era analisar as causas dos custos indiretos e seu alto
crescimento. O estudo constata, através de pesquisas, que o crescimento dos custos
indiretos não é fenômeno cíclico. Tais custos vêm subindo na indústria
norte-americana, em termos absolutos e relativos, há mais de cem anos.
Os autores criticam a forma tradicional de custeio (por absorção) usada
na maioria das empresas, que considera como base de cálculo para o rateio dos custos
indiretos a mão-de-obra direta,
á
matéria-prima ou as horas-máquina. Talprocedimento é inadequado, já que os custos indiretos podem estar correlacionados
com as unidades produzidas, o que não significa que estas sejam suas únicas causas.
Miller e Vollmann imaginam uma "fãbrica oculta", onde a maior parte dos
informações necessárias à continuidade da produção, não resultando diretamente em.
produtos fisicos. Eles definem quatro tipos de transações que respondem pela maior
parte dos custos indiretos de fabricação: logística, balanceamento, qualidade e
mudança.
custos:
Os autores apontam três grandes diretrizes para gerência mais eficaz dos
a) analisar as transações necessárias e aperfeiçoar os métodos para
・ク・」オエ£Mャ。ウセ@
b) aumentar a estabilidade das operações e
c) utilizar a automação e integração de sistemas.
Em 1986, algumas empresas industriais, associadas com empresas de
consultoria e contabilidade, universidades e agências governamentais, formaram um
consórcio denominado Consortium for Advanced Manufacturing - lntemational
(CAM-1)4, com o objetivo de superar as deficiências encontradas nos sistemas
tradicionais de contabilidade de custos.
O principal produto do CAM-1 foi o desenho conceitual, arquitetura e
implementação de um sistema de gerenciamento de custos -Cost Management System
(CMS). O custeio baseado em atividades (ABC) é a espinha dorsal desse sistema, que
Seguiram-se inúmeras críticas à forma tradicional de custeio. H. T.
JOHNSON (1988) pondera que os registros de custos incorporam atividades sem
valor, em itens como refugos/sucata (sinal de excesso), estoques (sinal de atraso) e
horas extras (sinal de desbalanceamento). Essas informações de custos não
identificam as atividades que não adicionam valor, pouco ajudando na eliminação dos
desperdícios nas atividades operacionais e obtenção de maior competitividade.
Conforme NAKAGAWA (1994, p. 41), o conceito do ABC já era
conhecido e usado na década de 60. Entretanto, as críticas aos sistemas tradicionais
de custos somente se intensificaram a partir da década de 1980, por questões de
conveniência, economia e dificuldade anteriormente existente em coletar e tratar as
informações sobre as atividades.
4.2- MODELO CONCEITUAL DO ABC/ABM
4.2.1- Custeio Baseado em Atividades (ABC)
COOPER e KAPLAN (1988), pesquisadores da Harvard Business
School, dirigiram os primeiros estudos de casos na linha dos conceitos de Miller e
Vollmann. Eles identificaram muitos produtos cujos custos excediam os preços de
venda e produtos de alto volume, cujos custos eram bem menores do que se pensava.
Tais estudos mostraram o impacto estratégico das imprecisões no custeio, nas