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Da orientação vocacional a educação para o trabalho: uma questão para a Escola Pública

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Dissertação submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.

Fundação Getúlio Vargas

Instituto de Estudos Avançados em Educação Departamento de Filosofia da Educação

Rio de Janeiro

(3)

:tJtução de uma e6 cola a ~ ~vi:. ço da emancipação ~ dM~ e6

tfLa.balha·do~

. 1\"

...

'.,

AM meM pa...i.,6 que me b1.a.n6rYÚ.liJtam o valo~ do conhecimento.

Ao Anto MO, Fabio, CcvwUl1.a e Ra6ae.t, pelo apoio, comp~eeVl.6ão e

(4)

ao PILo6ul:!OIL Catr1.01.> M<.nayo Gomez, pela am,lzade, d-iá1.ogo e ofL-ien ta.ção .6 e.gUfLa dWtanXe ILeaLi.zação dute tlLabalho •

. • ãJ., OfL-ienXadolLM Educ.auona-i.6: MafL-ia de LOUfLdu Motta BILaz~ella.6,

Reg-ina Lwe GafLCÁ.a e Wilma SefLze.delo CMtfLo, am-igM e c.ompE:, nhUILM, pelo -inc.entivo e c.o~bu,lçõel> viliOI.>M dUfLante a ela bOfLação dute el>wdo.

• aol.> OlÚel1;tadolLel> Educ.auona,l,6 fota.dol.> na Sec.fLeta.lÚa MurU.upal

de Educ.ação, do Eóta.do do R,to de Janwo, que p0.6l.>~blli:tafLam o apILo6undamenXo c1a.6 qUel>tÕel> aqu,l c.ofoc.adM.

· ã SUpeAV~.60ILa Educ.auonal Luua Helena da Silva PefLe-</La, pelo

(5)

pág.

INTRODUÇÃO

VEFININVO INTENÇOES E CAMINHOS • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ti • • • • • • • 01

Not0v6

·

...

.

-

... .

08

CAPITULO 1

O LIBERALISMO NOS CURRlcULOS VA AREA VE ORIENTAÇÃO EVUCACIONAL/VOC~_

CI0NAL .•...•.•...•... 09

1.1 A eoneepção libena! de edueação ...•••••••••.••••••••••••••••• 09

1. 2 O.ó eon.ieúdo.ó :tAaYL6milida.ó no.ó CW1..óo.ó . de Fotunação de OfÚen:ta.do

-Jte.6 Educ.a~o nai..6 .•..••••••••..•..••••••••..••..•.•....•.•••.. 1 3

No.t0v6

CAPÍTULO 2

OS FUNVAMENTOS TEüRICOS VA PRATICA EM ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

2. 1 A dUefÚção d0v6 :teo}z.ia.-b

2.2 A ~ção d0v6 teofÚ0v6

22

25 25 33 2.3 A ideologia .óubjaeen.te à.ó teofÚa.ó •••••••.•••••••.••.•••••.••• 36

No.t0v6

· ... .

44

CAPITULO 3

A PRÃTICA VA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL 47

3. 1 A OfÚentação Vo eaeio na! no BJta.ó U ... 4 7

3. 2 A OfÚentação Voeauona! no Munic1.pio do Rio de Jane»to •.••••• 51

(6)

CAP1TULO 4

A

COORVENAÇÃO VE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL NA SECRETARIA MUNICIPAL VE

EVUCAÇÃO ••.•.•.••.•.•••••.••.•••••..•••••••••.•••••••••••..•••••• 62

No-tM ... 79

CAP1TULO 5

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL: PERSPECTIVAS, POSSIBILIVAVES E LIMITES .... 81

5.1 Educação pana o Tnabalho: de6~ção da pnopo~ta . ...• ..•.•• 82

5.1.1 Rea.U.dade dM a-e.W10~ tnaba1.hadone6 - ponto de paJttida 84

5. 1.2 SemanM de rYt6onrnação Pnofri .. ~J.JioHal - apno6uHda-~e a

Cf {lUta.0 . . . 86

5.2 OJ.J ~UXe6 e aJ.J- pOJ.JJ.Jibitidade6 da pnopo~ta ..•....•• ..• .•. .•. 101

No-tM ... 11 2

CONSIVERAÇÕES FINAIS

A netomada de HOVM canu.nhóJ.J

...

115

No-tM ... 125

. BIBLIOGRAFIA

U.VJto~ ••.••••••• ,... 127

(7)

Este e um trabalho que analisa a questão da atuação do Orientador Edu

cacional, hoje, na ãrea da Orientação Vocacional. Neste sentido realiza um

estudo do caminho percorrido pela Orientação Vocacional nas escolas publi

cas do Município do Rio de Janeiro e pelo õrgão coordenador desta ãrea na

Secretaria Municipal de Educação. Inicialmente enfoca a direção dada ã for

mação do Orientador Educacional nos cursos de habilitação em Orientação Edu

cacional, a qual determina, de modo geral, a forma de sua "açao na escola.

Esta anãlise, inclui tambem~ a reformulação da Orientação Vocacional inicia

da no final da decada de 70 e o exame critico dos fundamentos teõricos da

Orientação Vocaciona), assim como a mudança da prãtica do Orientador Educa

cional nesta ãrea, suas possibilidades e limites, a partir do contexto esco

(8)

Ce travail analyse la question de 1 'action de 1 'orientateur scolaire,

de nos jours, dans le secteur d'orientation pour le choix d'une profession.

En ce sens il etudie le chemin parcourru par ce genre d'orientation dans

les ecoles pfibliques de Rio de Janeiro e par 1 'organisme qui coordênne, ce

secteur du Secrêtariat Municipal de 1 'Education, Il commence par analyser

la direction donner qui a la formation de 1 'orientation scolaire dans les

coursde formation en orientation scolaire, direction qui determine, de

maniêre general, la forrre.de son action dans 1 'ecole. Cette analyse

compreend aussi la reformulation de l'orientation scolaire commencee a la

fin de la decennie de 1970 et 1 'examer critique des fondements theoriques

de 1 'orientation pour le choix d'une profession ainsi qui le changuement de

l'agir de l'orientateur scolaire dans le secteur, ses possibilites et ses

limites, i partir du contexte scolaire et de la conjuncture

mique dans laquelle s'insert son action.

(9)

Enquanto orientadora educacional atuando em escolas pGbl!

cas do Munic;pio do Rio de Janeiro, primordialmente na área de

Orientação Vocacional, algumas. questões foram surgindo, ao lo~

go do desenvolvimento desta atividade profissional. Tais que~

tões foram a motivação inicial para a construção do nosso obj!

to de estudo.

Estas questões, apresentadas tambem por outros orientado

res educacionais em reuniões e encontros, apontavam para um pro

blema fundamental: eomo ~ealiza~ uma o~ientação voeacionat ade

quada ao~ aluno~ dah e~eala~ p~bliea~?

. Embora explicitassem que os conteGdos e a metodologia da

area de Orientação Vocacional, aprendidos em seus cursos de for

mação, não atendiam ã realidade dos alunos das escolas pGbl!

cas, os'orientadore~ educacionais não compreendiam que tal ina

dequação deveria ser examinada ã luz de um contexto sócio-poli

tico-econ6mico: como ~ratar da preparaçao para o trabalho como

questão isolada do contexto social? Como preparar o aluno p~

ra a escolha profissional sem levar em conta a possibilidade

oU não de escolha, a evasão da escola antes do termino do lQ

grau, o ingresso prematuro no mercado de trabalho?

'Os orientadores educacionais não consideravam os determi

nantes sociais que influ;am' em seu trabalho. Sendo assim,atua

(10)

t~abatho e~tava abe~to a todo~; que, at~ave~ da e~cota, o atu

no con~egui~~a ent~a~ em quatque~ p~o6~~~ão; que o 6utu~o de

pend~a ~omente do e~ 6o~ço de ca'da atuno na e~ cota - uma v~~ão

~nd~v~duat~~ta e compa~t~mentat~zada de homem e de mundo. ,,1 Por

outro lado, indicavam ser a realidade da escola "de eva~ão, ~e

2

petênc~a e atuno~ que t~abatham." Diante disso, assim se ex pressavam: "~n~at~~6ação, ~nqu~etação e de~c~~d~to pa~~avam em

-no~ , ameaçan o d no~~a p~at~ca. - . ,,3

Julgamos, então, necessãrio refletir sobre a teoria e a

prãtica da Orientação Vocacional a partir desta realidade. Era

preciso encontrar coletivamente respostas a estas indagações.

Muitas destas 'respostas aqui apresentadas, embora provis~rias,

são consequência da reflexão conjunta dos orientadores educaci.2.

nais em reuniões de cnordenação, em encontros e seminários pr.2.

movidos pela Secretaria Municipal de Educação, através do or

gão coorde~ador do trabalho de Orientação Educacional .no Muni c;pio do Rio de Jan~iro e pela Associação dos Orientadores Edu

cacionais do Estado do Rio de Janeiro. Destes momentos parti

cipei, ora como coord~nadora, ora como participante. Cabia ta~

bem investigar em que medida o,movimento de rever a Orientação

Vocacional, iniciado pelo órgão coordenador de Orientação Edu

cacional da Secretaria Municipal de Educação, implicou uma mu

dança na atuação do orie~tador educacional nas escolas: que fa

tores influenciaram ou dificultaram esta mudança?

Assim, tornou-se importante investigar por que motivo a

(11)

social na qual se dava; explicitar o porquê de esta pt'ãtica mo~

trar avanços em algumas atuações de orientadores educacionais

e resistências à mudança em outras. Os passos a seguir torna

ram-se claros, a medida que caminhou a reflexão. Desta forma,

o objetivo deste estudo que-ora se apresenta foi o de anali~a~

a~ po~~ibilidade~ e o~ limi~e~ de a~uação do o~ien~ado~ eduQa

Qional em ~ua óunção de p~epa~a~ o~ aluno~ da~ e~Qola~ PUbUQM pa~a o ing~e~~o no mundo do ~~abalho, alunos que, em sua maio

4

ria, pertencem às "Qla~~e~ popula~e~". E, ainda, o de ~e6l~

ti~ ~ob~e a di~eção dada ao ~~abalho de O~ientação VOQaQional

po~ ~ua Coo~denação na SeQ~eta~ia MuniQipal de EduQação, no ~e!.~

tido de ~eve~ a atuação do o~ien~ado~ eduQaQional ne~ta a~ea:

a forma pela qual este processo de revisão foi acontecendo e

as repercussões deste na prãtica do orientador educacional nas

escolas publicas de

19

grau.

O ponto inicial do estudo fixou-se no exame dos conteudos

transmitidos nos cursos de habilitação em Orientação Educacio

nal e, em especial, das teorias que os fundamentam - sobretudo

as que dizem respeit~ a ãrea de Orientação Vocacional. O prop~

si to foi i ndi car como esta formação determi nou um modelo de a tu~

ção do Orientador Educacional centrado no individual e não na

r~lação aluno-escola-sociedade.

Na anãlise das teorias veiculadas nos cursos de habilita

ção em Orientação Educacional, alguns limites se impuseram, em

razão de ser pequena a lit~ratur~ produzida no Brasil, relati

vamente a esta ãrea. Segundo Nunes, cuja contribuição em ter

(12)

-sob a designação mais ampla de Orientação Educacional -"a maioJr.

paJr.te da liteJr.atuJr.a ~obJr.e OJr.ientaçao EduQaQional enQontJr.ada no

BJr.a~il ~e Qon~tLtui de livJr.o~ e~tJr.angeiho~; do~ tJr.abalho~ pJLE. duzido~ aqui ~obhe o a~~unto, a maioJr.·paJr.te ~e Qon~titui de ma teJr.ial apJr.e~entado em QongJr.e~~o~, enQontJr.o~ e ~eminãhio~ e de

.,..' d '.,.. . . ,,5

aJr.~~go~ e Jr.ev~~~a e jOJr.na~~. Ao analisar os livros sobre

Orientação Vocacional, escritos antes e principalmente apos a

lei 5692/71, a autora observa o destaque dado ao aconselhamen

to vocacional e ã qualificação para o trabalho, ao mesmo tempo

que aponta serem tais p.roduções de "Qunho eminentemente p~iQE.

l6giQo.,,6 Comenta, ainda, que, a partir de 1979, apenas dois

autores revelam uma atitude critica em seus estudos sobre Orien

tação Vocacional: Celso Ferreti e Selma Garrido Pimenta. Desta

forma, ao se propor, no trabalho que desenvolvemos, uma atua

ção alternativa em Orientação Vocacional, partiu-se da contri

buição desses autores.

A le·itura das obras de Antonio Gramsci - principalmente - e

'de outros autores, responsãveis pelo questionamento da função

da escola na sociedade, ofereceu, tambem, contribuições funda

mentais para este trabalho, uma vez que permitiu a anãlise da

prãtica da Orientação Vocacional vinculada a uma leitura mais

. critica da realidade: procurou-se investigar a Orientação Edu

cacional e a Vocacional - ãreas não di~sociadas - a partir da

sociedade onde se inserem. Considerou-se a escola e a Orienta

ção Vocacional como agentes educativos a serviço do' modo de

(13)

tes, oportunizam nao s5 a reproduçio do sistema como tamb~m con

tri buem para sua modi fi caçio, jã que "a e.6tlLutulLa .6oc.ial C.OIWta

d~tõlLia c.alLlLega c.on.6~go 0.6 pOlLtadolLe.6 do.6 6elLmento.6 da tlLan.6

6olLmaç~o e de uma nova c.onc.epç~o de mundo.,,7 Sendo assim, en

tendemos ser necessãrio demonstrar como a Orientação Vocacional,

introduzida na escola para ter a função bãsica de aceitação p~

los alunos das relações existentes na sociedade capitalista, p~

de contribuir para a compreensao destas relações, atrav~s de

sua ação na escola.

Este estudo teve ainda por refer~ncia: observações feitas

por colegas de trabalho e profe~sores; discussões e relato de

experi~ncias em encontros, congressos e seminãrios promovidos

pela Associaçio de Orientadores Educacionais do Estado do Rio

de Janeiro; depoimentos de orientadores educacionais; entrevis

tas com alunos que trabalham e estudam; relat5rios de trabalho

dos orientadores educacionais das escolas publicas do Munici

pio do Ri~ de Janeiro; relat5rios gerais e planejamentos da Se

·cretaria Municipal de Educação nas areas de Orientação Educa

cional e Vocacional; planejamentos e relat5rios das Semanas de

Informação Profissional realizadas no Municipio do Rio de Ja

neiro, e, fundamentalmente, as intervenções realizadas

Orientador deste trabalho.

pelo

Nossa trajet5ria profissional tamb~m foi levada em consi

deração: desde 1971, quando ingressamos na função de orienta

dor educacional, primeiro atuando em escola publica de 19 grau

e, posteriormente, como coordenadora e supervisora da ãrea de

(14)

da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. A cons

trução deste estudo acompanhou a necessidade.de anã1ise dessa

trajetõria, tentando estabelecer um diãlogo critico entre esta,

a forma como se desenvolveu a Orientação Vocacional nas escolas

pfiblicas ~o Rio de Janeiro e as teorias existentes. Se, por um

lado, foi possivel um aprofundamento maior- uma vez que somos

parte integrante de toda a prãtica investigada e, portanto, t~

mos um conhecimento "po~ dent~o" das questões - por outro lado

revelou (e revela), em alguns momentos, uma tensão - pela fal

ta de distanciamento em relação às questões, pelo envolvimen

to profissional com a realidade analisada. Por estarmos compro

metidos com tal realidade, preocupamo-nos em refletir sobre

aquelas questões que tenham utilidade imediata para transfor

mar a atuação dos orientadores educacionais nas escolas publi

cas do Rio de Janeiro.

Tornou-se impossivel desvincular, a partir de uma certa

etapa da pesquisa, a Orientação Vocacional da Educacional, na

medida em que ambas têm como função o ingresso do aluno no mer

cado de trabalho, seja ao orientar os alunos, garantindo a as

simi1ação de conteudos bãsicos - tarefa da Orientação Educaci~

nal - seja educar para o trabalho - campo da Orientação Vocacio

na1.

Nossa intenção foi a de caracterizar o momento atual vivi

do pelos profissionais na ãrea de Orientação Vocacional. Desta

forma, ao final do trabalho, apontam-se os limites e as possi

(15)

internos indicam-se aqueles representados pela assimilação de

ideias e crenças veiculadas nos cursos de habilitação em Orie~

tação Educacional; como limites. externos, os representados p~

la expectativa da escola em relação ã Orientação Vocacional e

ã Orientação Educacional, comotambem pelas contradições exis

tentes no interior da escola. As possibilidades destas areas

se expressam, fundamentalmente, pela consciência de seus limi

teso Portanto, as considerações finais são apresentadas no sen

tido ~e abrir caminhos para que se aprofundem, posteriormente,

algumas das questões examinadas no decorrer deste estudo. Não

são respostas fechadas e definitivas: abrem-se a contribuições

posteriores pela consciência do carãter provisõrio de qualquer

(16)

N O TAS

1 DUARTE, Antonio Nogueira et a1ii. Escola - Vida e Trabalho - um comprE.. misso com a transformação. In: Nilda Alves e Regina Leite Garcia (orgs,). O óazeJt e. o pe.n6Cvr.. do.6 .6UpeJtVMOfl..e..6 e. oJÚe.I1:ta.doJte..6 e.duca cion~. São Paulo, Ed. Loyola, 1986. p.92.

2 Idem.

3. Idem.

4 Por classes populares entende-se que são aquelas constituldas pelas

cam~

das "majoritãrias da sociedade, levando-se em conta muito mais o cri teria de baixa renda familiar, do que a inserção no sistema produtl vo.

5 NUNES, A1zira Maria Barbosa Pinheiro.

OJÚe.I1:ta.~ão

e.duca~ol1al

no Bha-óit. Rio de Janeiro, IESAE/FGV, 1982 (mimeo) Tese de mestrado,· p.104.

6

Idem. p.118.

(17)

O LIBERALISMO NOS CURRTcULOS VA ÃREA

VE ORIENTAÇÃO EVUCACIONAL/VOCACIONAL

Neste capitulo nao se objetivou empreender uma anãlise

exaustiva dos conteudos curriculares dos cursos de formação de

orientadores educacionais, mas, apenas, levantar alguns aspeE

tos destes conteudos que poderiam determinar ou influenciar a

atuação do orientador educacional.

Para se compreender o porqu~ de a formação do orientador

educacional enfatizar uma visão individual do aluno na anãlise

dos fenõmenos educacionais, sentiu-se nec~ssidade de iniciar

uma reflexão sobre o papel da educação na sociedade e da con

cepção liberal burguesa que a determinou nos últimos anos, uma

vez que a orientaçã~ educacional, como parte do processo educa

tivo, incorporou os ide~is desta corrente de 'pensamento.

1.1 A eoneep~ao libe~al de eduea~ão

A pedagogia liberal,. que predomin~ hoje na formação dos

educadores, nasceu dos movimentos transformadores que culmina

ram na Revolução Francesa.

O liberalismo iniciou-se com a ascensao de uma nova clas

se ao poder - a burguesia, sucessora da nobreza. Esta nova clas

se, para ascender ao poder, necessitou do apoio do povo,da pa~

ticipação de todos, defendendo, então, o principio da iguald!

(18)

6ac.e a 6ac.e c.om.lU duigu.a1.dadu, Jte.cú6 que peApetuou tomal1do o podeJt po.e.1:üc.o e Jte6oJtçando ~eu podeA ec.onômic.o, a c.e.M~Q. bU/t guua vai ~egJtegM uma ideologia. que lhe pe.Jtm-ifuá. jIM,;(:i6ic.M

U~M duigu.a1.dadu, pMa JteduziJt uma opMição ameaçadolta. a

~e~ pJtivilégio~. 1

Surge assim a ideologia liberal legitimando a nova

ordem-se todos os individuos são livres e iguais, o ordem-seu lugar na so

ciedade não dependerã mais nem da dãdiva divina, nem da sua

origem - aristocrata ou plebeu. O destino de cada um, na con

cepçao liberal, dependerã das capacidades individuais, como,afir

ma Bisseret:

o

Jtec.UMO ã noção de aptidão pe/l.mUe. j~tióic.aJt M duigual~

du de. a·c.u~o e., em c.oMe.qüêl1c.ia., lU duigualdadu .-60c.~,

po~ a uc.ola ~upo~ta.mente. o6eAec.e. M mUmM opoJttunidadu de.

pltOVM M ~ua.~ "veJldadwM" aptidõu.2

Desta forma, nesta concepção a educação teria como função

ser o instrumento de socialização das novas gerações, procura~

do formar a personalidide de acordo com um sistema de id~ias e

sentimentos que exprimem as crenças morais, as tradições naci~

nais, procl.amados pela sociedade po1itica e pelo meio a que pe.!:

tence.

Segundo Durkheim, que se caracteriza em suas produções li

terãrias pela "de6e~a de ~oc.iologia buJtgue~a,,3, a educação se

ria

a açao eXeAc.ida pe.lM ge.Jta.çõu aduUlU ~obJte. gQ.Jtaçõu que ail1

da não ~e. e.nc.onXAam pJte.pMadM pMa a vida ~oc.ia.l; tem c.omo ol:!.

je.tivo ~Mc.ita.Jt e. due.nvolvQ.Jt no homem c.e.JttonúmeAo~ de. uta dM ó~ic.o~, We.le.d~ e. mOJta~ Jte.c.lamado~ pela. ~oc.ie.dade.

(19)

Nesta afirmação nao se explicita que o conhecimento e as

ideias transmitidas pela escola não são as expectativas da to

talidade da sociedade, mas de uma pequena fração hegemônica des

ta, que detem o poder politico - a burguesia. A educação, se

gundo a concepção burguesa, prep~ra o futuro cidadão para exe!

cer pap~is adequados aos padrões da sociedade. O papel perfe!

to seria aquele que correspondesse ã estrutura social - a es

cola prepara o individuo para que este se integre ã sociedade

tal como ela se apresenta.

Assim, Dewey nos diz que,

ã. pll..opoll..ç.ão que a .6ocJ..edade .6e tOll..na de.moCJl..áM.c.a, a vetr..dadeÁJLa

oll..ga.úza~ão .60~ e.6tâ na ~zaç.ão daquela.6 q~dade.6 pec.~

i.Á.lVl.e.ó e vaJtiã.VeM do -ÚlcLi..vlduo e não na .6ua e.ótll..a:ti..6ic.aç.ão em

dM.6 e.ó. 5

A escola teria a função, numa sociedade democrãtica, de

preparar b individuo segundo suas qualidades pessoais. Sendo

assim, se e proclamado 'ser a escola gratuita e garantida a to

dos e ter a totalidade da população oportunidades iguais de es

colarização, o sucesso ou insucesso dos escolarizados e credi

tado às diferentes qualidades peculiares e variãveis dos indi

viduos - justifica-se a desigualdade social não pelos interes

ses de uma classe que detem poder na sociedade, mas pelas dife

renças de dons dos individuos .. Entretanto, Marx e Engels afir

mam:

A da.6.6e tOll..na-.6e pOIl.. wna vez independente do.6 incLi..vlduo.6, de

modo que e.óte.ó úLümo.6 enc.onbr..am .6uM c.ond-Lç.õe.6 de v-Lda pll..e

(20)

Subjacente, portanto, aquela concepçao de educação, se en

contra a ideia de que a sociedade e justa e ~armoniosa - os in

divíduos são diferentes, mas livres para escolher os papeis que

desempenharão, atendendo às exigências da sociedade. Ignora-se,

assim, a questão de classe como um dos determinantes do ingre~

so, da permanência e da qualificação do aluno na escola e no

mercado de trabalho.

Essas ideias, centradas no individual, na liberdade e igual

dade, têm suas raízes no individualismo do seculo XVII, que se

caracterizou como um nlndlvlduall~mo po~~e~~lvo,,7: o individuo

e proprietãrio de sua própria pessoa

e

de suas próprias capaci

dades, nada devendo à sociedade por elas. O individuo e livre

na medida em que e proprietãrio de sua própria pessoa'e de suas

capacidades. A sociedade seria o conjunto de individuos livres

e iguais formalmente - individuos que estabelecem relações de

troca entre si, enquanto proprietãrios.

Esta concepçao e própria das sociedades de relações capi

talistas: o indivíduo e' livre para oferecer sua força de traba

lho numa sociedade just~ e democrãtica, assim como lhe e dada

a escolarização necessãria para assimilar os padrões e O saber

da sociedade. Portanto, e por culpa exclusiva de sua própria

incapacidade - e não das relações de desigualdade estabelecidas

numa sociedaae que não representa os interesses coletivos, mas

os interesses de uma minoria - que alguns não conseguem em tro

ca de seu trabalho uma remuneração adequada ou nao

aprender os conhecimentos transmitidos pela escola.

conseguem

A escola teria então, uma dupla função: a de adaptação do

(21)

víduos para os diferentes papeis exigidos pela sociedade - se

leção por criterios de merecimento.

No sentido de dar suporte científico a ideologia do meri

to, da capacidade individual, passa-se a dar ênfase na educação aos estu

dos psicol~gicos, com o objetivo de cORhecer os indivíduos, sondar apti

dões, medir capacidades, selecionar os mais aptos. A esse respeito, assim

se expressa Bi sseret: "a peóq~a de. aptidõeó óOJtI'le.c.e. apoio ue.n:tlQic.o a uma oJtde.m .6oua.! aM.ún le.gitimada. ,,8

1.2 0.6 c.onte.~do.6 tJtal'l.6mitido.6 no.6 CUJt~O.6 de. FOJtmaçao de. OJtie.n

tadoJte.~ Educ.ac.ionai~

Os.currrculos dos cursos de Pedagogia na habilitação em Orientação

Educacional preparam os Orientadores Educacionais segundo a concepção lib~

ral de educação, prevalecendo, desta forma, as disciplinas relacionadas, ã

ãrea de Psicologia: Psicologia da aprendizagem, Psicologia da infância, Psl

cologia da adolescência, Psicopatologia, Psicologia da personalidade, Tes

tes e exames psicológicos, Medidas em educação. Estas disciplinas ocupam

a maior parte da carga horária dos cursos. Alem disso, mesmo as discipll

nas específicas das ãreas de Orientação Educacional e Vocacional

tem teorias fundamentadas no enfoque psicológico.

transmi

Como afirma Maia,

a Jte.duçao ã P.6ic.ologia paJte.c.e. maJtc.aJt de.óinitivame.nle. a óOJtm~

Çao do olLie.ntadoJt que., pOJt não c.ontaJt c.om uma te.olLia e..6:tJtu:tWl.E:

da a patz.Wt da .6ua pJtãw, bMc.a .6oluçõu numa dUe!r.J11,{.nada uênUa, no C.MO a P.6ic.ologia. ,,9

Vale observar, ainda, que a Orientação Vocacional obj~

(22)

Cursos de habilitação

em Orientação Educacional

Carga horãria/creditos

Disciplinas da ãrea Psicologia

UERJ 270 hs

Fac. Simonsen 152 hs

Fac. Celso Lisboa 165 hs

UFRJ 10 creditas

Orientação Vocacional

90 hs

79 hs

45 hs

2 creditas

FONTE: Histõrico Escolar das Instituições de Ensino Superior mencionadas.

Esta ênfase dada aos aspectos psico1õgicos da aprendiz~

gem determina um posicionamento do orientador em relação ao

fracasso dos alunos: este ê originãrio somente de suas dificul

dades internas e não da função que a escola desempenha. numa so

ciedade de classes.

O orientador educacional, assim formado, desempenha uma

função que mais se aproxima do psicõlogo e mais se afasta da

de pedagogo, levando-o a ter uma imagem individualizada e idea

1izada do aluno. O orientador, centra desta forma sua ação no

ajustamento dos alunos ã escola.

Ainda, em sua formação valoriza-se uma visão tecnicista

. .

de educação, predominando m~todos e tecnicas colocados como

(23)

colaborar com a escola no planejamento curricular, selecionan

do tonte~dos a serem transmitidos e a bibliografia a ser utili

zada, sem contextualízã-los. E~te modo de agir dificulta, na

maioria das vezes, a percepção da função polltica da educ~ção,

ou seja, da escola como um espaço não só de transmissão de con

te~dos mas, também, um espaço aberto e crltico para manifesta

ções ou ideias que, confrontadas entre si, e com a realidade,

poderiam criar um novo conhecimento. Na verdade, este não-con

siderar a educação como ato polltico acaba ocultando para os

orientadores em geral e educadores o papel que as metodologias

e tecnicas têm desempenhado na aceitação, por todos, das rela

çoes de poder existentes na escola e na sociedade.

o

orientador educacional objetiva então em sua açao detec

tar as dificuldades de.aprendizagem dos alunos, sem considerar

o processo pedagógico em sua totalidade, bem como sua relação

com as condições concretas da sociedade.

A Orientação Voéacional, em suas teorias e nos conte~dos,

apresenta a escolha profissional como um ato individual, pre~

supondo que todos os alunos têm igual possibilidade de escolha

numa sociedade democrãtica, na qual predominam a igualdade, a

liberdade e o respeito ã individualidade. A sociedade,

e

vis

ta como um todo harmônico e os que não conseguem profissiona].

mente se colocar e porque· não estão preparados para competir

com outros mais capazes e esforça~os. A ideologia do merito ê

reforçada, na medida em que se forma o orientador a fim de que

(24)

se os alunos realizam uma escolha inadequada, ou nao escolhem,

apesar de preparados vocacionalmente, a culpa

e

destes,que não

sabem escolher, ou não se esforçaram o suficiente para comp~

tir por empregos melhores.

Pimenta observa que:

a. oJÚe.nta.ç.ão voc.ac.iona.l a.o u.6a!l. te.c./'Úc.cv." a.dvinda/.} da. P.6ic.o.t!;!.. g,ta., QUe. a.c.e.ntuam a. ên6a..6 e. no indivZduo, c.JÚa. ne.-6te. a. hnpne.-6

.6ão de. QUe. e. ele. Quem de.c.ide.; c.om .t.6.60 6a.c.iUta. o aju.6.tame.nto ·dele. ã e.-6tnu.tu/r.a. oc.upac.iona.l. Jmbuldo de. uma. "c.e.Jr.te.za." de. que. e.-6c.o.the.u la. pa!l.ÜJr. daquilo que. e.Jr.a. pO.6.6Zvell o incUvZduo tem

maio ne.-6 c.ha nc. e.-6 de.

v

in a .6 e.Jr. ma.i.6 pno duilv o. 1,6 to ê, c.o ntnibu.iJr. pana o aume.nto da. ma.i.6-va.tia. da. c..ta..6.6e. dominante., que. e. a QUe.

- d d - 10

detem o c.ontno.e.e. a pno uç.ao."

As teorias transmitidas nas diferentes disciplinas sao

apresentadas como "ve~dades absolutas" e não questionadas fren

te ã realidade. ll Os conteudos transmitidos são a-históricos

e se constituem por conceitos acumulados mas não transformados

a partir da prãtica ,dos alunos e professores no Curso de Peda

gogia, o que possibilitaria a criação de novas teorias em edu

-caça0.

O orientador assim formado apreende que o seu papel e o

de ajustar e selecionar o aluno - expectativa própria da conce~

ç ã o 1 i b e r a 1 b u r g u e s a - não p e r c e b e n d o que i n te g r a r o a 1 uno ã es

cola significa: contribuir para que as experiências de cada um, próprias

do seu mei o soei a 1, tornem-se o pon.to de partida de sua aprendizagem.

Atuar no sentido de ouvir o aluno, investigar sua realidade de vida,

para que as atividades da escola tenham como centro este aluno

(25)

sócio-cultural que precisa ser respeitado e nao estigmatizado como

"inferior" ou "primitivo"; refletir junto, com os demais pr~

fissionais da escola, sobre este aluno; fazer os alunos perc~

berem que suas experiências são vãlidas e que, a partir destas,

a escola .virã a transmitir o conhecimento chamado acadêmico - es

ta seria a função do orientador educacional

transformadora da educação.

numa perspectiva

Sua formação, entretanto, e um dos fatores que lhe difi

culta a percepção quanto i função que tem desempenhado nos di

ferentes momentos históricos da educação brasileira.

r

ainda

um obstãculo para que o orientador educacional compreenda que

os instrumentos de avaliação aplicados por orientadores e pr~

fessores têm servido para rotular e selecionar os alunos, sem

uma investigação das causas reais do fracasso dos alunos. His

toricamente, a Orientação Educacional e Vocacional tem justifi

cada a seleção que se inicia na escola, com vistas a hierarqul

zação no mercado de trabalho e na sociedade.

Segundo Bohoslavsky:

A OJlj ... eit:ta.ç.ão voc.au.onal, pode M!Á. exam-i.nada também c.omo ~

c.a dcuünada ao c.on.tJc..ole .6oc.-ta.e., qu.e na· muoJt paJtte do.6 C.MO.6 ma,t,c.aJta a -i.deolog-i.a dom-Lnante. Também -i.nc.oJtJtemo.6 nCU.6a p~

c.a llienante e -i.nd-i.Jtetamente c.olo~úzante. Mu-tto.6 do.6 pJtCU.6!!;. pO.6tO.6 bã.6ic.o.6 do.6 no.6.6o.6 modelo.6 apoiavam-.6e no c.onc.e-i.to de

UbeJldade de cuc.olha, qu.e não e: nada mw, nada meno.6, do qu.e a -i.deologia qu.e a oJtien:ta.ç.ão voc.ac.-i.onal nec.cu.6-i.:ta. paJta c.umpJt-i.Jt

eó-i.c.azmente .6u.a óW1ç.ão te:c.túc.a de c.on.tJc..ole .6oc.-ta.e. bMeado num

. , + -::+: 12

emp~mo ~ec.noc.Jt~c.o.

Tambem a bibliografia divulgada nos cursos de habilitação

(26)

Orientação Educacional e Vocacional propondo uma revisão da me

todologia, colocando o orientador como agente de transformação

da escola. Segundo Nunes:

a aniie.J..6e. da WeJl..M.UM. .6oblLe. a OJÚe.ntaç.ão Educ.ac...<.ona1. no.6 p~

mae. veJú6,ic.aJt que., no momento dual, e.w:te. uma dua1..idade. de. p0.6:tWta..ó: uma, que. ê a maioJÚa, não põe. em quutioname.nto 0.6 .6UpolL:tu bá.6,ic.o.6 no.6 qua.i.6 .6e. apóiam a OJÚe.n:taç.ão Educ.ac...<.ona1., e.m :tão POUc.o a lLe.rudade. na qual u:tã. ,in.6eJl..ida ( ••• I Ou:tJz.a, a mi.ywlLia, po.6,ic...<.ona-.6e. em atitude. quutionadolLa, c.on60ILme. 6,ic.ou e.vide.nc...<.ado a paILÜIL de. 1979, pOIL oc.Mião do VII Enc.on:tILo Na c...<.ona1. de. OJÚe.ntadolLu Educ.ac.,iona.i.6 em Be1.êm (PAI, a.:tfta.vü do.6 :tILaba1.ho.6 de. Ce.l.6o

F~e.:tti

e. setma Pime.nta. 13

Sendo assim a maioria dos orientadores continua referendan

do as expectativas do sistema vigente, realizando uma açao ap~

ziguadora dos conflitos na escola, atuando, assim, como agente

de contenção da realidade, ignorando as causas reais dos desa

justes, o que impede a reflexão, com os demais educadores, so

bre o papel que a escola tem desempenhado enquanto "apMe1.ho ,ide.~

lõg,ic.o do E.6:tado.,,14 Esta formação impede o orientador de, numa

açao coletiva com os demais educadores, criar uma escola a ser

viço dos interesses das classes populares. A formação, assim

influencia o orientador a aceitar a f~nção conciliadora e con

servadora dos valores, idéias e sentimentos da classe que detem

(27)

Os Cursos de Pedagogia destinam pequena carga horária às

disciplinas da área de Filosofia e Sociologia. Este fato tal

vez impossibilite uma visão mais abrangente do contéxto onde

os orientadores atuam. Esta visão seria possibilitada com a

contribuição mais significativa da Sociologia, da Economia, da

História, da Política, da Antrolopogia. Não se trata, apenas,

de introduzir estas disciplinas com maior carga horária, mas

de reformular os seus conteudos no sentido de aprofundar a ana

lise da evolução econômica, social, política e cultural do nos

so povo, permitindo ao futuro orientador e educador uma leitu

ra mais consciente do processo histórico e de como ele se mani

festa na.educação. Isto permitirá ao orientador atuar a par

tir das contradições sociais e ter uma açao comprometida com

a realidade dos alunos das classes populares, que são maioria

nas escolas publicas.

Um Curso de Pedagogia pressupoe a aquisição de um~ sólida

fundamentação teórica, formando o profissional competente. Não

uma formação abstrata, mas uma formação que se desenvolva a

partir das exigências de uma prática educativa coerente com as

expectativas das camadas majoritárias da sociedade brasileira.

Neste sentido, os textos, a bibliografia estudada teriam como

referencial a realidade concreta, sendo confrontados com esta

realidade para que não húuvesse uma adesão acrítica às teorias

neles existentes. '0 estágio do futuro Orientador Educacional

seria o início de sua atuação, o ponto de partida da reflexão

(28)

do curso, mas acompanharia todo o curso, permitindo o refletir

permanente sobre a prãtica do estagiãrio "~en~ando uni~ ~eo~ia

e p~ã~ica pa~a c~a~ nova ~eo~~~ que co~~e~ponda

ã

~ealidade e

que

~e~ponda

ao~

de~aó~o~

que

é.~~a

lhe coloca." 15

Ainda mais: o curso de Pedagogia nao poderia ter o ca ra

ter "~ecnici~~a,,16 que o caracteriza, mas deveria ter um curri

culo no qual a estrutura e o conte~do fossem reformulados a

partir da vinculação entr~: educação e sociedade; estrutura so

cio-econômica, estrutura de poder e existência concreta de cla~

ses sociais. O profissional assim formado .comprometer-se-ia

com a transformação da escola atual numa escola competente, cri~

dora e difusora do saber critico, promotora de um

mento social autenticamente democrãtico.

desenvolvi

A competência do especialista nao seria medida pelo domi

nio de tecnicas, pelo como se organiza um serviço,de Orienta

çao ou pelo como racionalizar os recursos da escola. ~ua com

petência estaria em ~ssumir um posicionamento critico frente

aos resultados da prãtica educativa, compreendendo a função s~

cio-politica e econômica do saber, da ciência e da tecnologia.

O orientador tornar-se-ia um organizador critico da educação e

não um repetidor de "receitas" jã testadas e divulgadas. E ne

cessãrio .ressaltar que a ação do orientado~ não e a ~nica res

ponsãvel pela transformação da escola, nem sua formação e o

~nico· ins.trumento d~ consciência 9uanto a seu papel na socied~

de. Porem, a competência tecnica aliada ã p}~ãtica politica, PE.

(29)

Assim Cury nos diz que

o agen;l:e pedagógic.o , c.omo momen;l:o ~ubje;tivo e ao mUmo tempo polLta-voz de uma e1>:Ututwta. obje;tiva, ao .6e mani6~taft Ugado c.om M in;l:eJl..e1>~U dM cl.ltMU .6ubaLtVU1a.6 aUa-.6e li aç.ão :tJta~ 6oJunadoJc..a. do Je.e.ai., na medida em que du envolve ~ ua tafte6a bã.;.,:f c.a que ê a de toJc.naJc. homogêne.ae autônoma a c.onc.epç.ão de mundo dU.6a cl.a.6.6e. PoJe. M.60, tem c.ondiç.ôu de pJe.opoJe. ou;tJto.6 6).M

paJc..a. a educ.aç.ão que não M dominan;l:u, ou então pO.6tulaJc. a Je.e!!;

Uzaç.ão e6e.tiva de objetivo.6 pJe.ocl.amado.6. 17

Sendo assim, apesar dos limites ã sua atuação, o orienta

dor tem um papel a desempenhar na transformação da escola; sua

formação pode ser um 'dos entraves ã percepção deste papel, mas

isto pode ser tamb~m superado, quando o orientador reve criti

(30)

N O TAS

1 BISSERET, NHe11e. A I~eo10gia das Aptidões Naturais. In: Jos~ Carlos Durand (org.). Educação e HegemoYÚa. de ela.Mei M 6unçõu ideolõgi eM da ueo.ta. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1979. p.40.

2 Idem. p.49.

3 TRATEMBERG, Mauricio. Sob~e Educação, PolZtica e Sindi~mo. São Pau 10, Cortez/Autores Associados, 1982. p.103.

4 DURKHEH1, Emile. Educação e Sociologia. São Paulo, Editora Melhora mentos, 1955. p.41.

5 DEWEY, John. Vemo~cia e Educação. 'São Paulo, Companhia Editora Nacio na1, 1959. p.94.

6 MARX, Kar1'& ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo, Livraria Editora Ciências Sociais, 1977. p.73.

7 MACPHERSON, C.B. A Teo~ Po.tZtica do Individualihmo Po~~u~ivo de Hobbu a Loeke. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra S.A., 1979.

8 BISSERET,NHelle. op. cito p.52.

9 MAIA, Eny. A Ideologia dos Orientadores E-ducacionais, revelada atraves

de sua concepção de papel. 1980 (mimeo.)

(31)

11 Sobre este assunto consultar: BRANDAO, Adelina dos Santos et alii. Ensi no e Graduação. In: Anai.6 do I CongJtu.6o Inte.Jtno da UERJ, Vol. I., março/85. p.194. Os autores afirmam:

A Urú.VeJL6idade. não vem .6e. compolLtando em conóonância com a Jte.a lidade. .6 ocial no que. diz Jtu peito a óoJtmação do e.ducadoJt, na me. di da que., Jte.pMduzindo a ubtutUlta. .6õcio-e.conômic.a., inói.6te. na manute.nção de. Jte.CWL60.6 que. vi.6em conóe.JtiJt gMU.6 ao invv., de. da.Jt óoJtmação de. pM ói.6.6ionCLÚJ capazu de. de..te.c..ta.Jt a Jte.a1idade. e.x,ú,te.n.te.. "

12 BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Vocação e alienação profissional (para uma

crit~

ca dos pressupos tos em ori entação vocaciona 1). In: Voc.a.cional -- Te.o !tia, tec.nic.a. e. ide.ologia. São Paulo, Cortez/Autores Associados, 1983. p.67.

13 NUNES, Alzira Maria B. Pinheiro. O!tie.n.ta.ção Educacional no BJta..6il. Rio de Janeiro, IESAE/FGV, 1982 (mimeo.). Tese de Mestrado. p.59.

14 ALTHUSSER, Louis.-ApaJl.eiho.6 Ide.o.tógic0.6 do E.6.ta.do. Rio de Janeiro, Edi -tora Graal, 1983. p.131. O autor expressa

que:-e.x,ú,te. em cada epoc.a., wn apaJl.e..tho ide.o.tógico do E.6.ta.do dominan te.: na.~ óO!Ullaçõu c.a.pi.ta.li.6ta..6 madUJta..6

e

o apaJl.e..tho ide.o.tógico uco.taJl..

15 GARCIA, Regina Leite. Orientação Vocacional, afinal a quem serve? In: CAVERNOS VO CEVES, são Paulo, nQ 6, 1982. p.30.

16 Ver: ~1EC/BRASlLIA. Le.gi.6.ta.ção e. PaJl.ece.Jtu. 1979. p.394.

(32)

dada ao en6oqu.e. te.cnic.l..óta e. aO-6 conte.üdo-6 ne.ut.Jz.O-6: "0-6 pitE.. p1l1..0-6 conte.üdo-6 -6u.Jtgem lte.vutido-6 de. urnCt .intencional ne.ut!l.a.Li.. dade.; a.inda não tem caJtâ;te.Jt de. d.i-6ciplina-t, e -6hn. de. maté!úa.-6 (qua-6e. cUJUam0-6 de.matêJúa.-pll1..mal a -6e.Jtem· .tJz.a.balhadM com rna.iolt ou. me.nolt pitO ptrJ..e.dade. nO-6 váJú0-6 plan0-6 pa!tt..icu1.aJtu."

(33)

OS FUNVAMENTOS TEóRICOS VA

PRÃTICA

EM

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

2.1 A de~c~ção da~ teo~a~

Pretende-se destacar neste capítulo, as teorias de Orien

tação Vocacional que fundamentam a atuação dos Orientadores

Educacionais no Município do Rio de Janeiro, objeto da nossa

investigação.

As principais teorias, transplantadas de outras realida

des sociais, chegam ao Brasil na fase inicial do processo de

industrialização, em 1930. Pode-se caracterizar a

desta epoca tal como apresenta Jaguaribe:

sociedade

uma ~oCÁ..edade ~e.mi.--i..ndUó.tJúa..t de claMe media, que geM. em 1934

e em .1946, uma demoCM.CÁ..a de ctM~e media e ~e con6Mnta, a paJU:-i../t do~ anO!.> 50, com ~ua ace.teJtada tM.~ óo/tmação em uma ~o

CÁ..edade -i..ndUó.tJúa..t de maMM. 1

A Orientação Vocacional e introduzida, portanto, em fun

çao da necessidade de "~e.e.eção, o/t-i..entação e 6o/tmação de apIte!!;

. 2

, d-i..ze~ pa/ta. a. E~t/ta.da de Fe/t/to So/tocabana", sendo depois este.!!.

dida, a outras ag~ncias de ensino ou de seleção profissional.

Nesta epoca, a ação da Orientação Vocacional tinha como funda

mento a teoria de traços e fatores elaborada por Frank Parsons

em 1909. Para Parsons, o ajustamento entre aptidões e caracte

(34)

ria a satisfação do individuo no trabalho, apos uma escolha ade

quada. Os estudos de Psicologia assumem, en~ão, a partir des

ta epoca uma importância crescente na investigação e prãtica

da Orientação Vocacional. Crescem os estudos da Psicometria,

na medida em que as teorias psicológicas enfatizam o fato de

as aptidões serem inatas: basta, então, cri~r instrumentos p!

ra identificã-las, surgindo então os testes de aptidões, de in

teresses e de inteligência. Estes testes são introduzidos no

Brasil pelo Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP)

da Fundação Getfilio Vargas sendo os mais utilizados no~ te~te~

de aptidõe~ e~pec16ica~ (V.A.T.), a bate~ia de te~te~ de apti

dõe~ geitai~ -(G.A. T. B.) de Thu~~tone e o~ inventã.~io~ de inte~e~

~e~ ela.bo~ado~ po~ St~ong, Thu~~tone, Angelini e Kude~.n3

A partir de Parsons, os psicólogos de todos os países se

voltaram para esta .dupla tarefa: conhecer os individuos e co

nhecer o que as profiss~es exigiam dele. nA~~im a O~ientaç~o

P~06i~~ional ou Vocacional na~ce vinculada ã P~icologia, e~P!

cialmente

ã

P~icomet~ia

e

ã

anã.li~e

ocupacional. n4

E

a epoca

da industrialização na Europa e na America; criam-se escritó

rios de Orientação Profissional em quase todos os países. Como

cita Santos

~ iáú~ de PaJL60~, i.mp~ionáda6 po~ ú~cu~tâl1úa6 ~oua.i...6

dtveMa6, pelo~ pflimô~dto~ da P~icomWúa. e po~ p~eOCLtpaçou

de oJtdem pedagógica utendeJtam-~e Jr.a.pidamente ao ~eto~ ucola~

pJl.OpJÚamente dito ( ... ) O advento da I GJr.a.l1de GueMa, da ~ ~e econômica de 1930, do Mpido duenvolvimento do~ tutu p~i

(35)

de tJtabai.ho, c.omo 6ltuXO da. c.Jte6c.ente i..ndu6-tJúa.Ltzação e e6p~ c.i..ai.i..zação, c.ontJti..bu1!tam ~ e.n.6i..ve1mente palta uma ampla cü6w..ão do.6 ~0C.e6.60~ de oJti..entação educ.ac.i..onal e plto6~.6i..onai. em c.en

+ . . ' ( ) _ . ' 5

-\/(.0.6, .6 e!tv-<"ÇO.6 ou na..6 e6c.0.u.v.) ameJt-<..c.anM.

No Brasil, a relação entre q Psicologia e a Orientação V~

cacional permanece at~ hoje: "Embolta em 1950 ~ejam i..ntltoduzi.. da.6 a.6 teolti..a.6 de.óenvolvi..menti...6ta.6, que c.oloc.am a P.ói..c.ometltÁ..a

em .óegundo plano, a di..men~ão p.6i..c.olõgi..c.a ai..nda pelt.6i...6te ne.6ta.6 teolti..a.6 e, c.on.óeqüentemente, na ação do olti..entadolt educ.ac.i..o

nal."6 Atualmente, ainda encontramos em escolas do MunicTpio

do Rio de Janeiro uma adaptação da te~ria de traços e fatores,

ou das teorips desenvolvimentistas, ou ainda, uma atuação mes

clando as duas teorias. Assim sendo, em 1980 no VI Congresso

Brasileiro de Orientação Educacional realizado em Belo Horizon

te, e relatado que

a oJti..e.nt.a.ção ~o6i...6.6i..onal .6egui..a o modelo de PaJt.60n.6 e da. teo Jti..a.de ttta.ço~ e 6a.toltu em que i..nteJte6.6e6 e ap.tidõe6 deve.tti..am haJunoMZalt-.6e c.om M ex.i..gênc.i..M da.6 oc.upaçõe6. O tJtabai.ho Itea

lizado ttta.duzi..a o apltencüdo na uc.ola e .6e bMeava numa linha p.6i..c.olõgi..c.a de aplic.ação de tiótu, e6tudo de Ca..60.6, oJti..enta ção vi..tal e e~c.olalt. 7

A

relação entre a Psicologia e Orientaçã6 'Vocacional e

acrescentada a influ~ncia do meio, atraves da divulgação do es

quema conceitual de escolha e seleção ocupacional elaborada por

Blau e colaboradores. Neste estudo, os autores concluem que a

investigação das caracterTsticas pessoais e o desenvolvimento

do aluno são importantes para a compreensão do processo de es

(36)

rio analisar as mudanças histõricas nas condições sõcio-econô

micas. O esquema conceitual interdisciplina~ de Blau aprese~

ta, então a influência da estrutura social e da posição social

do individuo na escolha ocupacional.

No mesmo VI Congresso de Orientação Educacional aparecem

algumas comunicações ressaltando a influência do meio na esco

lha vocacional, mas a tônica ainda e o dom;nio do aspecto psi

colõgico. A comunicação do trabalho desenvolvido no Colegio

Nossa Senhora do Carmo exemplifica a questão:

o

p~C~éO de O~entação Vocacional ~m~ca a po~~e, po~ paAte

do .o~ent;.ando, de ~n60~açõ~ .6ob~e a.6 a1:teMo.;t.{.Va.6

p~oÓ~~~2-naLó exL6tent~. Supõe Mnda o conhecimento ap~óundado do

o~entando 1 de ~eU.6 ~nte~~.6u, de.6Ua.6 p0.6.6~bilidad~ 1 da.6

wCun.6tância.6 do amb~ente em que v~ve. 8

A apresentação do Centro Pedagõgico da Universidade Fede

ral de Mina·s Gerais, no mesmo Congresso, acrescenta: "Vo ~epe!!:. éa~ a p~ât~ca da O~~entação Educac~onal, .6u~g~~am algun.6 p~oj~

tO.6. A O~~entação Vocac~onal, con.6~de~ando o aluno .6uje~to da eécolha, paééou ã anâl~.6e da ~eal~dade do mundo do t~abalho,

da conco~~inc~a,da.6 ba~~e~~a.6.,,9

A

partir da. decada de 50 sao divulgadas no Brasil as teo

rias psicolõgicas denominadas "de.6envolv~ment~.6ta.6",10 das quais

as que mais se destacaram foram as do psicõlogo americano .Donald

Super e a concepçao operatõria do desenvolvimento vocacional do

professor canadense Denis Pelletiere colaboradores .

. Todas as teorias desenvolvimentistas demonstram que o de

(37)

cia e tem seu termino na fase adulta sendo que "e.6.6e de.6el1vol

v-Lmento .6 e dó. de 6oJtma. oJtdena.da., pJte.v-L.61.vel e d-Lnâ.mica., na. me

d-Lda. em que Jte.6ulta. da. inteJta.ção entJte ba.ga.gem do indiv1.duo e

a..6 .6ol-Lc-Lta.çõe.6 da. cultuJta.." 11

A teoria de Super pode ser enunciada em .dez proposições

bãsicas:

a) As pessoas diferem em suas habilidades, interesses e

personalidade;

b) Em função dessas caracteristicas, qualificam-se para

algumas ocupações;

c) As ocupações exigem, para o seu exercicio, que o indi

viduo tenha certas caracteristicas. Isto permite cer

ta variedade de individuos para cada ocupaçao;

d) As preferências e competências vocacionais, as situa

çoes em que as pessoas trabalham e seu autoconceito mu

dam com o tempo e a experiência; a escolha e a ajust~

mento são um processo continuo;

e) O padrão de carreira e determinado pelo nivel sócio-eco

nômico da familia, pela habilidade mental, caracteris

ticas de personalidade e oportunidade oferecidas pelo

meio;

f) O processo de desenvolvimento resume-se nos estagios

de crescimento, exploração, estabelecimento,

ção e declinio;

(38)

g) O desenvolvimento pode ser guiado pela facilitação de

maturação de habilidades e interesses, pelo teste de

realidade e pela ajuda no desenvolvimento do autocon

ceito;

h) O processo de desenvolvimento vocacional consiste basi

camente em desenvolver e implementar o auto-conceito;

i) A compatibilização entre o individuo e os fatores so

ciais estabelece-se atraves do desempenho de papeis;

j) As satisfações no trabalho e na vida dependem das po~

sibilidades que o individuo encontra de viver suas ha

bilidades, interesses, caracteristicas de personalid~

de e valores; depende das possibilidades de desempenhar

o tipo de papel que considera mais adequado para si.

Sendo assim, a atuação do' Orientador Educacional, segundo

esta teoria se concretiza no sentido de guiar o processo de d!

senvolvimento vocacional do aluno, visando i maturação de hab!

lidades e interesses~ atraves dos dados da realidade, i ajuda

na formação do auto-conceito positivo. O aluno opta entre va

rias alternativas ocupacionais, a partir da capacidade desen

volvida anteriormente de realizar escolhas e em função das suas

caracteristicas pessoais. O aluno decide sobre a s'ua profi~

são tendo como base o auto-conceito, ou seja, a imagem que faz

de si mesmo. O Orientador trabalha, então, no sentido de que

este auto~conceito seja positivo e de acordo com a realidade

individual e social, segundo o teste de realidade proposto no

(39)

do Orientador Educacional: "Em um auto-conceito detvli.oltado 1

6oltmado pOIt pelteepçõe~ de~oltganizada~1 o ind~vZduo 6az de ~i uma imagem di~~ociada da Itealidade , o que contltibui palta e~co

oh 1 • • • • d d " 12

~ a~ plt0u~~~~ona~~ ~na equa a~.

A concepçao operatória do desenvolvimento vocacional de

Pelletier e colaboradores

e

introduzida no Brasil pelos Orien

tadores Educacionais que compareceram ao 59 Congresso Mundial

de Orientação Educacional e Profissional, realizado em Quebec,

Canadã em 1973. Seus autores afirmam não pretenderem criar uma

teoria mas, sim, um modelo de intervenção capaz de facilitar o

desenvolvimento vocacional dos alunos, que nao e explicitado

nas outras teorias. Segundo Pelletier:

emboJl.a. o utudo do duenvolvimento vocaúonal ~ob o 6undo ~o úo-econômico no~ 60ltneça dado~ plteúo~o~ que no~ pettmitem identi&tcalt a in6luê~úa de eettto~ 6atoltu e ~UM inteJrJLe.f.a

çõu 1 não no~ ~ugeltem modaüdadu de úLt:ettvençã.o inMvidual ou

. em

p~queno~

gltup0.6 capazu de

6

aúLí.;taJc. o duenvolv-i.J'tlento. 13

O modelo de Pelletier baseia-se nas fases .do desenvolvi

mento vocacional elaborados por Ginzberg e colaboradores. Este

ultimo autor - teórico desenvolvimentista - afirma que as deci

soes com vistas

ã

profissão futura são tomadas nas diferentes

fases de vida do individuo e se constituem num processo conti

nuo de escolhas. Este processo se inicia na infância (3-4 anos)

e se completa na fase adulta (após 18 anos). A partir das ex

periências e entrevistas com adolescentes americanos, Ginzberg

(40)

senvo1ve em três periodos: o da fantasia, dos 3 aos 11 anos; o

da tentativa - compreendendo a fase dos interesses (aos 12

anos), a fase das capacidades (aos 13-14 anos) e a fase dos va

10res aos 17-18 anos; e , finalmente, '0 periodo realista, após

18 anos, com as fases exploratória (seleção das ocupações), de

cristalização (definição por uma ocupação) e de especificação

(inicio dos esforços para conseguir a ocupaçao escolhida).

Pe11etier e seus colaboradores constróem, portanto, sua

concepção operatória, a partir das fases de desenvolvimento v~ caciona1 estabelecidos por Ginzberg e desenvolvidas por Super.

Sendo assim, elaboram estratégias que permitam aos alunos vi

venciar as etapas. do periodo realista, descritas anteriormente

ou seja,a exploração, a cristalização e a especificação,acrescen .

-tando a estas mais uma etapa, a de rea1iiação, apresen-tando:

um mode.~ de. a:tivaçãó do de.6e.nvolvJ..me.nto voc.auonai. que. lhe.6 pe.JmU.;te. ClÚCUt uma me;l:odologJ..a de. J..nte.ltve.nção ne.6-6e. de.6e.nvolvJ..

me.nto'. T ai. me.todologJ..a c.on-ó.t-6te. e.m pltOpOIt ativJ..dade.6, e.Xpe.IÚê.!!;.

UM e. .6auaçôe.-ó de. aplte.ndJ..zage.m que. -6 e. plte.6tam nã.o -6ome.nte. a gu.tCUt o de.6e.nvolvJ..me.nto voc.auonai. do J..ndJ..vZduo, be.m c.omo mob:f UzCUt no J..niüvZduo, 0-6 1te.C.UM0-6 c.ogrútÁ..VO-6 e. aómvo-6 ne.c.e.-ó-6a

1Ú0-6 li Ite.ilização dM dJ..óVte.nte.6 e.tapM do de.6e.nvolvJ..me.nto vo

. _ () 14

c.auonUA...

Por exemplo, na etapa de exploração, o aluno desenvolve o

pensam~~to criativo (investigação exploratória das caracteris

ticas pessoais e das profissões); na fase de cristalização, o

aluno utiliza o pensamento interpretativo (organização das inQ

(41)

çao, domina o pensamento avaliativo (hierarquização de seus

V!

lores, comparaçao entre as diferentes possibilidades ocupaci~

nais e o nivel de desejabilidade de cada uma); na fase de rea

lização, o aluno utiliza o pensamento "implicativo (descoberta

das implicações de sua escolha tanto a nivel pessoal como em

relação ao mercado de trabalho, definição de uma ocupaçao e

dos passos para o ingresso na ocupação escolhida).

o

Orientador Educacional, neste modelo, desenvolve situa

çoes de aprendizagem que permitam ao aluno superar estas dife

rentes etapas do desenvolvimento vocacional.

2.2 A limitação da~ teo4ia~

As teorias da Orientação Vocacional anteriormente explici

radas enfatizam a dimensão psicológica na decisão vocacional ou

profissional. Centrando no individuo a investigação do proce!

so de escolh"a e seleção ocupacional, as teorias se revestem de

um carãter parcial, porque não englobam todas as variãveis do

processo de preparação e inserção do individuo no mercado de

trabalho. Este processo inclui variãveis que transcendem o as

pecto psicológico. Hã que se considerar o processo

histórico-econômico, psicológico e politico influenciando a formação do

individuo. Por outro lado, a questão do trabalho não é enfoca

da primordialmente nas teorias de Orientação Vocacional,apesar

de o trabalho ter um papel importante na formação do homem:

o .tJr..abalho que uUMpM~a ameM a:ti..vida.de úL6ünüva ê. M~im

a 6o~a que Cfli..ou a upéc...i.e humana e a nOJtç.a pela qual a huma

"'d d ' d h 15

(42)

estabelecem um vinculo direto entre individuo"e trabalho, nao

explicitando serem as relações de produção mediadoras deste vi~

culo, tais teorias conduzem a uma não-apreensão da totalidade

da realidade do mundo do trabalho na vida dos homens. Direcio

nam, então, a uma visão parcial desta realidade, o que limita

os seus estudos com relação

ã

escolha e seleção ocupacional.

Alem disso, enfatizam que os desajustes, ou a não-realização

do individuo no trabalho, têm como causa unica as escolhas ina

dequadas, tornando-se necessária a intervenção do Orientador

Educacional para que o individuo se conheça em suas potencial!

dades, obtenha informações sobre as profissões e as compatib!

lize numa escolha adequada. Entretanto, a realidade se revela

de outra forma: a maioria dos alunos das Escolas Publicas, por

exemplo, não escolhe seu emprego, ficando o Orientador Educaci~

nal a atuar com um pequeno grupo que chega ao 2Q grau,ou então

nao realiza a Orientação Vocacional.

A distribuição dos individuos no mercado de trabalho e o

resultado de determinações sociais e não está submetida unica

mente,

ã

vontade do individuo que escolhe. As teorias já des

critas ocultam estes determinantes sociais, afirmando que: a)

a escolha ~ um ato individual e pessoal"; b) as pessoas têm di

ferenças (aPtidões, interesses, caracteristicas de personalid!

de) e são estas diferenças que, no final, determinam as dife

(43)

rias tamb~m fazem supor que o sucesso ou. o fracasso na escola

ou na profissão dependem exclusivamente do individuo e de seu

esforço pessoal. As teorias não expl i.citam a interferência das

condições de classe de cada um neste processo.

As teorias de Blau e a de Super, embora apresentem a es

trutura social e a condição de classe como limite

ã

escolha do

individuo, demonstram que todos devem se submeter a tais limi

teso Ignoram, desta forma, o modo como a estrutura social se

organiza não apenas para manter o sistema econômico que lhe dã su

porte, mas tamb~m que tal sistema determina uma divisão social

d~ trabalho ~ue atende seus interesses. Sendo assim, não fica

explicito nas teorias mencionadas o fato de que as desiguald~

des sociais e educacionais são a fo~te de sobrevivência do mo do de produção capitalista.

Bravermam afirma que:

o

modo de pJr..odução c.a.pJ...t.a..U..f.ta. dv.,:.tJr..õJ.. .6..L6tematic.a.mente tocla..6

a..6 pvUUa..6 ã. .6.ua. voUa., e dá. na..6c.J..mento a. quaLi..Mc.a.çõv., e Oc.u

pa.çõv., que c.oJVLv.,pondern â..6 .6ua.6 nec.v.,.6J..da.dv.,. M c.a.pa.uda.dv., t"éc.nJ..c.a..6 .6ã.o da1 pOIL dia.nte CÜ.6.tJU..bulda..6 c.om ba..6e v.,.tJU..ta.mente

na. "quaLi..Mc.a.ção". A c:íu.,.tJU..buJ..ção geneJr..a1.i..za.da. do c.onhec.J..men to do pJr..oc.v.,.60 PlLodutivo en:.tJr..e todo.6 0.6 palLtiupa.ntv., tOlLna.-.6e dv.,te ponto em cUa.nte não mell.a.mente "dunec.u.6ã.JÚa.", ma..6 uma. ba.ll.ll.eiIl.a. c.onc.ll.eta. a.o 6unuona.mento do modo c.a.pJ..ta1J...6ta. de pILO

d uça.o. - 16

-Era preciso justificar as dife~enças sociais e econômicas

na d i v i são do t r a b a 1 h onu mas o c i e da de que d e s e j a c i r c u 1 a r a i m~

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