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A dimensão epidemiológica da coinfecção TB/HIV.

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Academic year: 2017

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A DI MENSÃO EPI DEMI OLÓGI CA DA COI NFECÇÃO TB/ HI V

Mar ia de Lour des Sper li Ger aldes Sant os1 Mar ia Am élia Zanon Ponce2 Silv ia Helena Figueir edo Vendr am ini3 Ter eza Cr ist ina Scat ena Villa4 Nat ália Sper li Ger aldes Mar in dos Sant os5 An n eliese Dom in gu es Wy sock i6 Fát im a Gr isi Kuy um ij ian7 Cláudia Eli Gazet t a8

O obj et ivo foi analisar os indicador es epidem iológicos da coinfecção t uber culose e o vír us da im unodeficiência hum ana ( TB/ HI V) no m unicípio de São José do Rio Pr et o, São Paulo, Br asil, no per íodo de 1998 a 2006. Os dados dos casos novos de TB, que iniciaram o t rat am ent o ent re j aneiro de 1998 a dezem bro de 2006, foram colet ados do Sist em a de Not ificação da TB ( EPI - TB) . For am not ificados 306 casos. O coeficient e de incidência foi de 5,1/ 100 000 hab, em 2006. Houve predom ínio de pessoas do sexo m asculino ( 72,5% ) , na faixa et ária de 20 a 59 anos ( 96,4% ) . A m aioria ( 51% ) não possuía o ensino fundam ent al com plet o. A form a clínica pulm onar er a r elev ant e ( 52,9% ) e r eceber am t r at am ent o super v isionado 46,1% doent es. Em 2006, a t ax a de cur a foi de 33,3% , óbit os, 14,3% , e não houve nenhum caso de abandono. Dent re os casos, 60% foram diagnost icados no hospit al. Os dados reflet em a necessidade de m aior art iculação ent re o Program a Municipal de Cont role da Tuber culose e o Pr ogr am a Municipal de DST/ AI DS.

DESCRI TORES: t u ber cu lose; epidem iologia; HI V; com or bidade

THE EPI DEMI OLOGI CAL DI MENSI ON OF TB/ HI V CO-I NFECTI ON

This st udy aim ed t o analyze t he epidem iological indicat ors of TB/ HI V co- infect ion in São José do Rio Pret o, São Paulo, Br azil fr om 1998 t o 2006. Dat a of new TB cases t hat init iat ed t r eat m ent bet w een Januar y 1998 and Decem ber 2006 w er e obt ained fr om t he TB Not ificat ion Sy st em ( EPI - TB) and 306 cases w er e r epor t ed. The incidence rat e was 5.1/ 100,000 inhabit ant s in 2006. Most cases were m en ( 72.5% ) wit h ages ranging bet ween 20 and 59 years ( 96.4 % ) . The m aj orit y ( 51% ) had incom plet e prim ary educat ion. Pulm onary TB was t he m ost com m on t ype ( 52.9% ) and 46.1% of t he pat ient s r eceived super vised t r eat m ent . I n 2006, t he cur e r at e w as 33.3% , 14.3% deat h rat e and no pat ient abandoned t he t reat m ent . Diagnosis occurred at t he hospit al in 60% of t he cases. Result s show t he need of im proved coordinat ion bet ween t he cit y’s Tuberculosis Cont rol Program and t he Sex ually Tr ansm it t ed Diseases and HI V Pr ogr am .

DESCRI PTORS: t u ber cu losis; epidem iology ; HI V; com or bit y

LA DI MENSI ÓN EPI DEMI OLÓGI CA DE LA COI NFECCI ÓN TB/ VI H

El o b j e t i v o f u e a n a l i za r l o s i n d i ca d o r e s e p i d e m i o l ó g i co s d e l a co i n f e cci ó n t u b e r cu l o si s y v i r u s d e l a inm unodeficiencia hum ana ( TB/ VI H) en el m unicipio de Sao José del Rio Pret o, Sao Paulo, Brasil, en el período de 1.998 a 2.006. Los dat os de los casos nuevos de TB, que iniciar on el t r at am ient o ent r e ener o de 1.998 y diciem bre de 2.006, fueron recolect ados del Sist em a de Not ificación de la TB ( EPI - TB) . Fueron not ificados 306 casos. El coeficient e de incidencia fue de 5,1/ 100.000 hab, en 2006. Hubo pr edom inio de per sonas del sex o m asculino ( 72,5% ) , en el int ervalo de edad de 20 a 59 años ( 96,4% ) . La m ayoría ( 51% ) no poseía la enseñanza fundam ent al com plet a. La for m a clínica pulm onar fue r elev ant e ( 52,9% ) y r ecibier on t r at am ient o super v isado 4 6 , 1 % en fer m os. En 2 . 0 0 6 , la t asa de cu r a fu e de 3 3 , 3 % , de m u er t es 1 4 , 3 % , y n o h u bo n in gú n caso de abandono. Ent re los casos, 60% fueron diagnost icados en el hospit al. Los dat os reflej an la necesidad de t ener una m ayor ar t iculación ent r e el Pr ogr am a Municipal de Cont r ol de la Tuber culosis y el Pr ogr am a Municipal de DST/ SI DA.

DESCRI PTORES: t u ber cu losis; epidem iología; VI H; com or bilidad

1Doutoranda da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ento da Pesquisa em

Enferm agem , Brasil, Professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Pret o, Brasil, e- m ail: m lsperli@gm ail.com ; 2Mest randa da Escola de

Enferm agem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ento da Pesquisa em Enferm agem , Brasil, e-m ail: ae-m elinha@usp.br; 3Dout or em Enferm agem , Professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Pret o, Brasil, e- m ail: silviahve@gm ail.com ; 4Enferm eira, Doutor em Enferm agem , Professor Titular Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS

para o Desenvolvim ento da Pesquisa em Enferm agem , Brasil, e- m ail: tite@eerp.usp.br; 5Mestranda da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto,

Brasil, e- m ail: nsperli@gm ail.com ; 6Mestranda da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para

o Desenvolvim ent o da Pesquisa em Enferm agem , Brasil, e- m ail: lilisew@yahoo.com .br; 7Cirurgiã dent ist a, Técnica da Vigilância Epidem iológica da DRS XV

de São José do Rio Pr et o, Br asil; 8Dout or em En fer m agem , Pr ofessor da Facu ldade de Medicin a de São José do Rio Pr et o, Br asil, e- m ail:

(2)

I NTRODUÇÃO

A

i n f e cçã o p e l o HI V é u m d o s m a i s

im port ant es fat ores de risco para o adoecim ent o por TB, sendo que um a enfer m idade lev a à pr ogr essão d a o u t r a , a ca r r e t a n d o t r a n sf o r m a çõ e s epidem iológicas em am bas as doenças. O risco para desenvolver TB num indivíduo, sem infecção pelo HI V, pode variar de 5 a 15% no decorrer da vida, enquanto q u e , n a q u e l e s i n d i v íd u o s i n f e ct a d o s p e l o HI V e coinfectados pelo M.t uberculosis, a porcentagem varia

de 5 a 15% ao ano, ou 50% no decorrer da vida( 1).

De acor do com a Or gan ização Mu n dial da Saúde ( OMS) , houve no m undo 1,4 m ilhões de novos casos de t uber culose ent r e os infect ados pelo HI V, levando à m ort alidade 456 000 pessoas( 1).

D esd e 2 0 0 4 , est ã o sen d o d esen v o l v i d a s novas t ent at ivas par a a incor por ação da coinfecção TB/ HI V nas polít icas de cont role da TB, por m eio da m o b i l i za çã o so ci a l , v i sa n d o o b t e r o s m e sm o s r esult ados bem - sucedidos do pr ogr am a de cont r ole da AI DS. No ent ant o, t ais r esult ados r epr esent am g r a n d e d e sa f i o p a r a o co n t r o l e d a co i n f e cçã o , consider ando a debilidade na com unicação ent r e o Pr o g r a m a Na ci o n a l d e Co n t r o l e d a Tu b e r cu l o se ( PNCT) e o Pr o g r a m a Na ci o n a l d e D o e n ça s Se x u a l m e n t e Tr a n sm i ssív e i s e AI D S ( PN- D ST/ AI DS)( 2).

Ap e sa r d e t o d o s e sse s e sf o r ço s, a i n d a persist em as dificuldades para o alcance das m et as de cont role da TB, principalm ent e pelas alt as t axas de óbit o ent re os port adores de HI V sob t rat am ent o da TB. A m aior dificuldade se deve ao fato de a política de cont role da TB est ar at relada ao nível básico de atenção à saúde, e a de assistência à AI DS aos níveis secundário e t erciário( 3).

Dian t e da dim en são da com or bidade e do im pact o que a TB e o HI V j unt os configuram para a sa ú d e p ú b l i ca , f a z- se n ecessá r i o p esq u i sa s q u e con t em p lem con h ecer o p er f il ep id em iológ ico d os doent es coinfect ados. A pr odução de inv est igações ci e n t íf i ca s q u e e v i d e n ci e m o s co n t e x t o s sociodem ogr áficos e epidem iológicos que afet am o com portam ento da doença e o tratam ento das pessoas p od e con t r ib u ir p ar a o p lan ej am en t o d e ações e est rat égias volt adas às polít icas públicas de cont role da coinfecção.

Diant e do expost o, o obj et ivo do est udo foi analisar os indicadores epidem iológicos da coinfecção TB/ HI V no m unicípio de São José do Rio Preto, SP, no período de 1998 a 2006.

MÉTODOS

Trat a- se de est udo epidem iológico descrit ivo e ret rospect ivo, com base no Sist em a de Not ificação da TB ( EPI -TB) da Secr et ar ia Municipal de Saúde e Higiene de São José do Rio Pr et o, que at ualiza os r eg i st r o s d o s ca so s d e t u b er cu l o se i n scr i t o s n o Program a de Cont role da Doença no Município desde 1998.

São José do Rio Pr et o, nor t e do Est ado de São Paulo, apresentou, em 2006, população estim ada de 402 770 habit ant es, de acor do com o I nst it ut o Br a si l e i r o d e Ge o g r a f i a e Est a t íst i ca ( I BGE) . O m unicípio ocupa a 5ª posição em casos not ificados de AI DS no Estado de São Paulo, apresenta alta taxa de coinfecção TB/ HI V que, entre 1998 a 2005, variou entre 35 e 51% do total de casos de TB( 4), levando- o

a ser classif icad o com o p r ior it ár io p elo Pr og r am a Naci on al d e Con t r ol e d a Tu b er cu l ose, r eceb en d o in cen t iv os d o g ov er n o est ad u al e f ed er al p ar a o t rat am ent o de seus doent es( 4- 5).

Possu i Pr ogr am a de Con t r ole da TB ( PCT) desde a década de 90. Até 2007, as ações de controle d a TB e st a v a m ce n t r a l i za d a s n o PCT e e r a m r ealizad as p r ior it ar iam en t e n o Nú cleo d e Gest ão Am b u l a t o r i a l – 6 0 ( NGA- 6 0 - Am b u l a t ó r i o d e Refer ên cia) .

A população de estudo incluiu os casos novos de TB coinfect ados pelo HI V, resident es no m unicípio de São José do Rio Preto, que iniciaram o tratam ento n o p e r ío d o d e 1 / 1 / 1 9 9 8 a 3 1 / 1 2 / 2 0 0 6 . Fo r a m ex clu íd os casos d u p licad os, com ex am es d e HI V negativo, não realizados ou inconclusivos/ branco, que t iveram com o desfecho do t rat am ent o t ransferência ou m udança de diagnóst ico e doent es em sist em a pr isional.

As variáveis ut ilizadas para o est udo foram : coeficient e de incidência de TB/ HI V com dist ribuição por faixa etária e ano, obtido por m eio da padronização dir et a dos dados ( indicador epidem iológico) , sex o, f a i x a e t á r i a e e sco l a r i d a d e ( v a r i á v e i s so ci o d e m o g r á f i ca s) , cl a ssi f i ca çã o d a d o e n ça ( p u l m o n a r, e x t r a p u l m o n a r e p u l m o n a r + e x t r a p u l m o n a r ) , d e sf e ch o d o t r a t a m e n t o ( cu r a , a b a n d o n o e ó b i t o ) , o p çã o p e l o t r a t a m e n t o su p e r v i si o n a d o e se r v i ço q u e d e sco b r i u o ca so ( v ar iáv eis clínico- epidem iológicas) .

Os d a d o s f o r a m a n a l i sa d o s p o r m ei o d o p r o g r a m a Ep i I n f o W i n d o w s e ca l cu l a d o s o s percent uais de t odas as variáveis.

(3)

Em relação à faixa et ária, dest acou- se a de 20 a 59 anos, com 295 ( 96,4% ) do total dos casos. A m édia de idade em todos os anos foi de 36,3 anos.

Qu a n t o à e sco l a r i d a d e ( a n o s d e e st u d o con clu íd o) , 5 1 % d os casos n ão p ossu ía o en sin o f u n dam en t al com plet o, 4 , 9 % ch egar am ao en sin o su p e r i o r e 4 , 6 % e r a m a n a l f a b e t o s. I m p o r t a n t e d est acar q u e 2 9 , 6 % ( 6 0 ) d o t ot al d os casos n ão inform aram o grau de escolaridade, o que dem onstra lacuna no preenchim ent o do banco de dados.

A for m a clínica m ais fr equent e da TB foi a pulm onar ( 52,9% ) , seguido pela TB ex t r apulm onar com 36,6% e 10,4% dos casos apresentaram as duas form as da doença ( pulm onar m ais ext rapulm onar) .

Ap en as 4 6 , 1 % d os d oen t es r eceb er am o t r at am ent o super v isionado ( TS) , sendo que m uit os foram a óbito no início do tratam ento. No que se refere aos result ados do t rat am ent o, a Figura 2 apresent a aqueles que t iv er am com o desfecho o abandono, o óbito e a cura.

A t a x a d e a b a n d o n o e n t r e a q u e l e s coinfect ados t eve grande variação, sendo de 26,5% em 1 9 9 8 , d eclin an d o p ar a 0 % em 2 0 0 2 e 2 0 0 3 , m ant endo- se assim no ano de 2006.

Os percentuais de óbito entre os coinfectados m ant iv er am sem elhança, ex cet o em 2001 e 2002, quando apr esent am queda significat iv a. I m por t ant e ressaltar que tais óbitos não tiveram necessariam ente a com orbidade com o causa m ort e.

A part ir de 1998, a t axa de cura de 41,2% com eça a se elev ar, at in g in d o 8 2 , 1 % em 2 0 0 2 e declinando- se para 60% em 2005. A baixa t axa de cur a de 33, 3% , em 2006, pode ser ex plicada pelo fat o de que, at é o fim da colet a dos dados, m uit os pacient es não t inham t erm inado o t rat am ent o.

o n

A Mascuilno Feminino Total

s o s a c e d º

n % nºdecasos % nºdecasos

8 9 9

1 23 67,6 11 32,3 34

9 9 9

1 40 74,1 14 25,9 54

0 0 0

2 29 64,4 16 35,6 45

1 0 0

2 26 76,5 8 23,5 34

2 0 0

2 22 78,6 6 21,4 28

3 0 0

2 24 68,6 11 31,4 35

4 0 0

2 25 83,3 5 16,7 30

5 0 0

2 18 72 7 28 25

6 0 0

2 15 71,4 6 28,6 21

l a t o

T 222 72,5 84 27,5 306

Preto (FAMERP) e autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde e Higiene de São José do Rio Preto, SP.

RESULTADOS

Em São José do Rio Preto, no período de 1998 a 2006, foram not ificados 1 457 casos novos de TB, dos quais 306 eram pacientes coinfectados pelo vírus HI V. A t axa de coinfecção, durant e o período, foi de 2 1 % , d e acor d o com os cr it ér ios d e ex clu são d o est udo.

O coeficient e de incidência padr onizado da coinfecção no m unicípio foi de 9,9/ 100.000 hab, em 1998, com aum ento para 12,6 em 2000, decrescendo nos anos seguint es at é alcançar 5, 1/ 100 000 hab, em 2006, conform e m ost ra a Figura 1.

Fi g u r a 1 – Co ef i ci en t e d e i n ci d ên ci a d e TB/ HI V padronizado, distribuído por ano, no m unicípio de São José do Rio Preto, de 1998 a 2006

Em t o d o o p e r ío d o e st u d a d o h o u v e pr edom inância da doença em hom ens coinfect ados ( Tabela 1) , sendo a razão hom em e m ulher ( M/ F) de 2,6: 1.

Tabela 1 – Distribuição de casos novos de tuberculose em pacient es HI V posit ivos, segundo sexo, em São José do Rio Preto, de 1998 a 2006

(4)

Quanto ao diagnóstico dos casos, foi possível observar que 156 casos ( 60% ) foram realizados no â m b i t o h o sp i t a l a r e 8 6 ca so s ( 2 8 , 2 % ) f o r a m diagnost icados em am bulat órios públicos, privados e u n iv er sit ár ios. I m p or t an t e esclar ecer q u e n ão f oi inform ado o local de diagnóstico de 57 casos ( 18,2% ) .

DI SCUSSÃO

No Brasil, 12% dos casos not ificados de TB, em 2006, est avam associados à infecção pelo HI V( 6).

Em 2007, essa t axa aum ent ou para 14% no país( 1). No Est ado de São Paulo, essa t axa foi de 13% , em 2005( 5). Os result ados dest e est udo m ost ram que o

m u n icíp io v em ap r esen t an d o t ax as d e coin f ecção sem elhant es ao Est ado de São Paulo, sendo m aior que a r ealidade do país. Essa sit uação é difer ent e quant o ao com por t am ent o da TB no m unicípio em relação à população, que, em um a série hist órica de 2 4 an o s, ap r esen t o u sem p r e m en o r es r i sco s d e adoecer pela doen ça, qu an do com par ada ao n ív el nacional e est adual( 4,7).

A coinfecção afet a principalm ent e os países pobres, onde o HI V est á alim ent ando a epidem ia da TB, d e v i d o a o s b a i x o s n ív e i s d e i n st r u çã o d a população, falt a de acesso aos serviços grat uit os de saúde e aos preservat ivos. Essa sit uação é diferent e da realidade encont rada em São José do Rio Pret o, um a v ez que, apesar de ser classificado com o um dos m elhor es m unicípios em qualidade de v ida no Est ado de São Paulo( 8), apresent a elevado coeficient e

de AI DS, que, t am bém , reflet e na coinfecção com a TB.

O f at o d e o m u n icíp io t er u m im p or t an t e en t r on cam en t o r od of er r ov iár io, con sid er ad o r ot a im portante de tráfico de drogas, apresentar vigilância epidem iológica eficient e no cont role da AI DS, cont ar ainda com sist em a de saúde que env olv e a busca at iv a de casos da doença na At enção Básica, com pr ogr am a de aconselham ent o im plant ado em t odas as Unidades Básicas de Saúde e, ainda, possuir um Am bulat ório e Cent ro Especializado de Referência de Tratam ento, torna o m unicípio polo de atração para o diagnóst ico e t r at am ent o da doença, fat or es esses que podem cont ribuir para o aum ent o das t axas de coinfecção( 4,7).

A p r ed om in ân cia d e h om en s coin f ect ad os corrobora estudos encontrados no país( 9- 11). As razões

par a o adoecim en t o n o sex o m ascu lin o n ão est ão

m u it o clar as, p od en d o est ar associad os a f at or es biológicos, est ilo de vida, cuidados com a saúde( 7) e t am bém ao fat o de o hom em pr ocur ar os ser v iços m ais t ardiam ent e que a m ulher( 12).

A alta taxa de coinfecção TB/ HI V em hom ens acom panha os dados referent es à infecção som ent e p e l o HI V o u p e l a TB, e n t r e t a n t o , a r e l a çã o d a coinfecção ent re os hom ens e as m ulheres pode ser alt erada dada a t ransform ação da epidem ia da AI DS nos últ im os anos, t endendo à fem inilização. Dados do m unicípio vão de encont ro com dados do Brasil e dem onst r am aum ent o no núm er o de casos de HI V em m ulheres, com proporção de 1,77: 1 casos ent re hom ens e m ulher es, em 2006, com t endência par a ser cada vez m ais hom ogênea( 13).

O predom ínio de coinfectados na faixa etária econom icam ente ativa ( 19 a 65 anos) está de acordo com estudos realizados em várias cidades do Brasil( 9-12), podendo est ar r elacionado ao est ilo de v ida de

a d u l t o s j o v en s q u e a d o t a m co m p o r t a m en t o s d e invulnerabilidade, falta do uso de preservativos e falta d e o r i e n t a çã o a d e q u a d a , r e su l t a n d o e m m a i o r exposição ao HI V e ao Mycobact erium t uberculosis( 13),

ger ando, com o consequência, per das econôm icas e sociais m uito im portantes, um a vez que atinge a fase produt iva do indivíduo doent e( 10).

O fat o de t er acom et ido poucos indiv íduos m enor es de 15 anos – per íodo da infância – com o ocorreu nest e est udo, j ust ifica- se por dois fat ores: a eficiência da vigilância do Program a Municipal DST/ AI DS na transm issão vertical do HI V e altas coberturas d a BCG e su a e f i cá ci a . No m u n i cíp i o , f o r a m notificadas, no período de 2000 a 2006, 174 gestantes portadoras do HI V e, dessas, 6 crianças se infectaram ( dados não m ost rados)*. A taxa de cobertura da vacina

BCG foi de 143,32% , em 2006, segundo dados do DATASUS, e est á d et er m i n ad o, seg u n d o o Pl an o Municipal Plurianual, que t odos os hospit ais ( públicos e pr iv ados) do m unicípio a apliquem em t odos os recém - nascidos, at é o ano 2009.

A grande quant idade de doent es com baixo n ív e l e sco l a r e st á d e a co r d o co m a l i t e r a t u r a encont r ada( 9, 11), ev idenciando a est r eit a r elação da

co m o r b i d a d e co m o s f a t o r e s r e l a ci o n a d o s à s con d ições sociais ( g r au d e in st r u ção) e colet iv as ( privação social e m arginalidade) , apont ando que a TB e a AI DS são d oen ças d e m ag n it u d e t al q u e ult rapassam as barreiras biológicas, const it uindo em gr av e pr oblem a social( 8 ). A v u ln er abilidade desses

indiv íduos se dá em não se per ceber em em r isco,

(5)

levando à dim inuição do aut ocuidado, além de t erem m aior dificuldade de acesso aos serviços de saúde( 11).

Além disso, a pr edom inância da coinfecção em i n d i v íd u o s co m b a i x a esco l a r i d a d e r ef l et e a sit u ação edu cacion al do Br asil, car act er izada pelo analfabetism o funcional ( considera que a alfabetização so m e n t e se co n so l i d a e n t r e a s p e sso a s q u e com pletaram a 4ª série do ensino fundam ental) , onde 27,8% da população de 15 anos ou m ais de idade se en con t r a n essa sit u ação, con sequ ên cia da ev asão escolar, observada ao longo do sist em a de ensino( 14).

As alt as t axas de TB pulm onar, seguida pela e x t r a p u l m o n a r, r e a f i r m a m q u e , a p e sa r d a TB pulm onar ser a form a m ais frequent e em indivíduos im unodeprim idos, com o os coinfect ados, a alt a t axa de TB ex t r apulm onar é alar m ant e, indicando m aior im u n od ef iciên cia q u e, n a v ig ên cia d e t r at am en t o adequado para o HI V, poderia ser evit ada, fazendo-se o d i a g n ó st i co p r e co ce d a TB( 9 ). Re s u l t a d o s

s e m e l h a n t e s f o r a m e n c o n t r a d o s e m o u t r o s est udos( 10- 12).

Foi possível observar que, apesar do aum ento dos índices de cura de 1998 a 2005, esses ainda são m uit o baixos. No ano 2006, provavelm ent e, as t axas de cu r a, aban don o e óbit o ser ão difer en t es, pois, durante a coleta dos dados, havia doentes que ainda est avam em t rat am ent o. A t endência epidem iológica da TB em im unossuprim idos é diferent e daquela em im unocom pet ent es, pois ex ist e possibilidade m aior d e d e se n v o l v e r r e si st ê n ci a à s d r o g a s t u b e r cu l o st á t i ca s. Al é m d i sso , a i n f e cçã o p e l o

M. t u b er cu losis aceler a o pr ocesso de r eplicação do

HI V, o que pode dificultar a cura e resultar em aum ento da m ort alidade para os pacient es coinfect ados( 9).

Ressalt a- se que o diagnóst ico e t rat am ent o precoce do HI V contribuem para a cura da coinfecção. O Program a DST/ AI DS do m unicípio vem am pliando o acesso à t est agem e aconselham ent o por m eio de ações com o a im plan t ação de t est agem r ápida n o Centro de Testagem e Aconselham ento ( CTA) , a partir d e d ezem b r o d e 2 0 0 6 , ex p an são d os cam p os d a Unidade I t inerant e em bairros dist ant es ( lot eam ent os irregulares e outros) e cam pos de prevenção, dirigidos a p o p u l a çõ e s e sp e cíf i ca s, a l é m d e e m p r e sa s e escolas. O pr ogr am a “ Fiqu e Saben do” t am bém foi am pliado e at ualm ent e t odas as unidades de saúde d a r e d e b á si ca d o m u n i cíp i o sã o ca p a ci t a d a s e r ealizam t est agem e aconselham ent o. Assim , t em -se con-seguido diagnost icar os casos de coinfecção m ais cedo e t rat ar precocem ent e a doença.

Co m a t e r a p i a a n t i r r e t r o v i r a l , t e m si d o observada dim inuição da incidência de TB nos países onde esses m edicam ent os são disponíveis. O Br asil é prat icam ent e o único país com grande núm ero de indivíduos coinfect ados que possui polít ica de acesso u n iv er sal à t er ap ia p ar a o HI V e, p or t an t o, com condições para est abelecer est rat égias que dim inuam a m o r b i m o r t a l i d a d e d a TB a sso ci a d a a o HI V. A pr in cipal m edida par a o con t r ole da epidem ia é o d iag n óst ico p r ecoce, o t r at am en t o ad eq u ad o d os indivíduos bacilíferos e a busca dos cont at os( 11).

A TB e o HI V são doen ças h ist or icam en t e est igm at izadas e o im pact o negat ivo que um a t raz a out r a pode t r azer consequências dr ást icas com o o a b a n d o n o d o t r a t a m e n t o e e l e v a d a s t a x a s d e m or t alidade.

O indivíduo coinfect ado encont ra dificuldade m aior à adesão ao tratam ento, relacionada a reações m e d i ca m e n t o sa s e à d i f i cu l d a d e d a e sco l h a d e m edicam ent os para o t rat am ent o da TB que possam ser associados aos ant irret rovirais sem dim inuir sua ef et i v i d a d e, a l co o l i sm o , d r o g a d i çã o , cr en ça s d o próprio doent e, falt a de vinculo com os profissionais e a não aceitação do TS m uitas vezes por esconderem a doença.

O TS r ep r esen t a est r at ég ia q u e, além d o e n f o q u e t e r a p ê u t i co , p o ssi b i l i t a t a m b é m o acolhim ent o, o vínculo e responsabilidade, am pliando a capacidade de int er ação ent r e os pr ofissionais e d o e n t e s, co m a p e r sp e ct i v a d e g a r a n t i r m a i o r q u a l i d a d e d a a t e n çã o e a d e sã o d o p a ci e n t e a o t rat am ent o( 15).

(6)

O d i a g n ó st i co d a co i n f e cçã o f o i f e i t o p r in cip alm en t e n o n ív el secu n d ár io e t er ciár io d e at enção. Em est udo epidem iológico da TB dos casos not ificados, em um hospit al escola de São José do Rio Preto, revelou a falha na organização da AB, com falt a de efet iv idade na descober t a de casos da TB nesse nível da atenção, devido à procura espontânea de at endim ent os no nível hospit alar( 16).

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Apesar de o m unicípio ser consider ado um dos m elhores em qualidade de vida no Estado de São Paulo e apresent ar vigilância epidem iológica eficient e

no controle da AI DS, o com portam ento epidem iológico

d a TB e m co i n f e ct a d o s co m o HI V a i n d a é

p r eo cu p an t e, r ef l et i n d o a n ecessi d ad e d e m ai o r

ar t iculação ent r e o Pr ogr am a Municipal de Cont r ole

da Tuberculose e o Program a Municipal de DST/ AI DS.

Diante da extensão da sobreposição dos dois

agravos, faz- se necessário buscar estratégias e ações

pr ogr am át icas qu e f ocalizem o TS com o u m a das

principais est rat égicas para se obt er a cura da TB e

que m elhorem a qualidade do diagnóst ico nos níveis

secundár io e t er ciár io, j á que a AB ainda não est á

sendo efet ivam ent e a port a de ent rada dos doent es

para os serviços de cont role da TB.

REFERÊNCI AS

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1 1 . Silv eir a JM, Sassi RAM, Oliv eir a I C Net t o, Het zel JL. Pr e v a l ê n c i a e f a t o r e s a s s o c i a d o s à t u b e r c u l o s e e m pacien t es sor oposit iv os par a o v ír u s da im u n odef iciên cia h u m a n a e m ce n t r o d e r e f e r ê n ci a p a r a t r a t a m e n t o d a síndrom e da im unodeficiência adquirida na região sul do Rio Gr ande do Sul. J Br as Pneum ol 2006; 32( 1) : 48- 55. 1 2 . Ol i v e i r a H B, Ma r ín - Le ó n L, Ca r d o so JC. Pe r f i l d e m or t alidade de pacien t es com t u ber cu lose r elacion ada à c o m o r b i d a d e t u b e r c u l o s e - A i d s . Re v S a ú d e Pu b l i c a 2 0 0 4 ; 3 8 ( 4 ) : 5 0 3 - 1 0 .

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