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ASPECTOS ECOLÓGICOS DA VEGETAÇÃO RUPESTRE DA SERRA DOS CARAJÁS, ESTADO DO PARÁ, BRASIL.

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Academic year: 2017

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ASPECTOS ECOLÓGICOS DA VEGETAÇÃO RUPESTRE DA SERRA

DOS CARAJÁS, ESTADO DO PARÁ, BRASIL.

1

Manoela F. F. da S I L V A2

, Ricardo de S. S E C C O2

, Maria d a Graça A . L O B O2 RESUMO — S ã o fornecidos aspectos ecológicos gerais da vegetação "rupestre" da Serra dos Carajás, envolvendo informações sobre composição floristica, associação solo/planta, fauna/planta e distribuição geográfica das espécies. Nesta vegetação foi registrado um total de 232 espécies, a maioria ervas, distribuídas em 145 gêneros e 58 famílias botânicas. As duas famílias mais bem representadas foram Gramineae e Leguminosae, seguidas de Cyperaceae, Myrtaceae, Rubiaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Compositae. Algumas famílias apresentam espécies arbóreas esporadicamente representadas em "capões de árvores" ou isoladas como Anacardiaceae, Rutaceae, Sapotaceae e Vochysiaceae. Há famílias de ocorrência restrita em locais onde há acumulo de água, como Begoniaceae, Burmaniaceae, Eriocaulaceae, Gentíanaceae, etc. E finalmente aquelas famílias de ocorrência apenas ocasional, como Acanthaceae, Annonaceae. Chrysobalanaceae, Palmae, Sterculiaceae, etc. Parece que os polinizadores mais comumente encontrados na vegetação rupestre são as abelhas. Há também outros animais ali associados à biologia das plantas como meliponídeos, tabanídeos, répteis e pássaros. Além de apresentar uma insignificante camada lodosa, associada a musgos e líquens o solo onde se assenta a vegetação "rupestre" apresenta uma grande quantidade de ninhos de cupins, na transição entre as estações seca e chuvosa. A necessidade de preservação da área estudada justifica-se pela presença de inúmeras espécies endêmicas (ex. Ipomoea cavalcantei Austin), espécies novas para a ciência (ex. Erytroxylum nelson-rosae Plowman), espécies medicinais (ex. Pilocarpus micmphylus Stapf. ex. Wardleworth) e espécies ornamentais (ex. Vellozia glochidea Pohl), todas associadas a uma fauna e a um tipo de solo que ainda carecem de pesquisas mais aprofundadas para melhor conhecê-los.

Palavra-chave: Savana Tropical, Fitossociologia, Fitogeografia, Vegetação rupestre, Amazônia.

Ecological Aspects of the Tropical Scrub Vegetation on Rocky Outcrops of the Serra dos Carajás, State of Pará, Brazil.

ABSTRACT — General ecological aspects of the tropical scrub vegetation on rocky outcrops ("campo rupestre") of the Serra dos Carajás, Pará, Brazil, are discussed, with information on its floral composition, the associations of plant species with soil type and animals, and the geographical distributions of compo-nent plant species. The plant community studied is composed of a total of 232 species, mostly herbaceous, belonging to 145 genera and 58 plant families. The two most common families were Gramineae and Leguminosae, followed by Cyperaceae, Myrtaceae, Rubiaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae and Compositae. Some families have arboreal species sporadically found in forest islands ("capões de árvores") or as isolated trees, such as Anacardiaceae, Rutaceae, Sapotaceae and Vochysiaceae. Some families are restricted in occurrence to areas where water accumulates, such as Begoniaceae, Burmaniaceae, Eriocaulaceae, Gentianaceae, etc. Some families occur only rarely, such as Acanthaceae, Annonaceae. Chrysobalanaceae, Palmae, Sterculiaceae, etc. It appears that the most common pollinators in the area are bees. Other animals are also associated with the plants of this community, such as tabanid horseflies, rep-tiles and birds. The soil on which this plant community is based, besides having a very thin organic layer associated with mosses and lichens, has a large number of termite nests, in the transition from dry to rainy season. The biological preservation of the study area is justified by the large number of endemic species (for example, Ipomoea cavalcantei Austin), new species (for example, Erytroxylum nelson-rosae Plow-man), species with potential as sources of drugs (for example. Pilocarpus microphylus Stapf. ex. Wardleworth), and ornamental plant species (for example, Vellozia glochidea Pohl), all of which belong to this community whose associated animals and soil types are yet so poorly researched.

Key-Words: Tropical savannas, Phytosociology, Phytogeography, Mining, Amazon, Brazil.

1 Trabalho realizado com auxílio CNPq - Processo n° 50O38Q/9O-2/ZG7DF e recursos do convênio CVRD/ MPEG, contrato 16/83.

2

CNPq/Museu Paraense Emílio Goeldi, Dept° Botânica, Cx. Postal 399, 66.040-170, Belém, Pa, Brasil

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INTRODUÇÃO

A Serra dos Carajás é uma imensa província mineral, situada no interior da Amazônia brasileira e coberta quase em sua totalidade por vegetação natural. Até p o r v o l t a d e 1967, q u a n d o f o r a m descobertas as primeiras jazidas de minério em Carajás, eram poucas as informações sobre a vegetação daquela região.

No início do século presente, a Serra dos Carajás era praticamente desconhecida, n ã o h a v i a s e q u e r r e c e b i d o sua d e n o m i n a ç ã o f o r m a l . O s p r i m e i r o s colonizadores se estabeleceram na foz do rio Itacaiúnas, por volta de 1895, onde é hoje a c i d a d e de M a r a b á . A s t r i b o s C a r a j á s - m i r i n s e C a r a j á s - p a c u s localizavam-se nas vizinhanças da serra. A população daquela região era confinada aos vales dos grandes rios e vivia do extrativismo de caucho e castanha. A i n v a s ã o da floresta à p r o c u r a d e s t e s produtos provocou a expulsão e extinção dos indígenas, restando hoje apenas a aldeia dos Chicrins nas proximidades de Carajás, às margens do rio Cateto.

C o m o p r o g r a m a de prospecção geológica de Carajás, iniciado por volta de

1966-1967, foram descobertas grandes jazidas minerais que permitem considerar aquela região como a principal província mineral do mundo.

O c o r p o de m i n é r i o d e ferro é recoberto por u m a c a m a d a de "canga hematítica", que representa u m grau de i n t e m p e r i z a ç ã o d o m i n é r i o . S o b r e a canga cresce u m a vegetação baixa, c o m p o u c o s i n d i v í d u o s de porte a r b ó r e o , t o m a n d o u m aspecto de clareira, bem destacada da floresta tropical circunvizinha. Estas clareiras configuram-se c o m o u m

tipo especial de vegetação, com um estrato g r a m i n o s o b e m evidente e a presença marcante de outras espécies herbáceas. O aspecto de clareira desta vegetação foi importante desde o início das pesquisas g e o l ó g i c a s ; a i n d a n a fase de fotointerpretação serviu como indicador para as descobertas de minério da região.

A primeira referência à vegetação de " c a n g a " de Carajás surgiu e m 1933, descrita pelo engenheiro Luis Flores de M o r a e s R e g o , r e f e r i n d o - s e ao alto Itacaiúnas como: "morros de topo plano onde se encontram c a m p o s gerais". O primeiro estudo sistemático da Serra dos Carajás foi u m reconhecimento aéreo fitofisionômico feito pelo geógrafo Luis de Castro Soares, em 1951 -1952 de São Félix do Xingu a Marabá; neste foi observado a existência de formações não florestais, correspondentes às clareiras que hoje são reconhecidas como indicadoras de jazidas de ferro (SILVA, 1989).

A i n d a h o j e é c o n t r o v e r t i d a a terminologia utilizada para denominar o t i p o d e v e g e t a ç ã o q u e c r e s c e d i r e t a m e n t e s o b r e o a f l o r a m e n t o r o c h o s o d e C a r a j á s , a " c a n g a h e m a t í t i c a " . T e m s i d o u s a d o genericamente o termo "vegetação de c a n g a " ( p o r e x e m p l o , S E C C O & M E S Q U I T A 1 9 8 3 ) . S I L V A et al. ( 1 9 8 6 ) , S E C C O & L O B O ( 1 9 8 8 ) e SELVA & R O S A ( 1990) usaram o termo " c a m p o rupestre". P O R T O & SILVA ( 1 9 8 7 ) u s a r a m o t e r m o " v e g e t a ç ã o metalófila" para o tipo de cobertura veg-etal que cresce sobre afloramento de minério em Carajás e Minas Gerais.

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constituindo-se um verdadeiro "enclave", circundado por floresta tropical.

U m a v e z q u e e s t e t i p o d e vegetação cresce d i r e t a m e n t e sobre as jazidas m i n e r a i s de f e r r o , s u p õ e - s e que haja influência da m i n e r a l i z a ç ã o sobre a mesma e talvez o fator seletivo mais crítico seja a alta c o n c e n t r a ç ã o de metais pesados, acrescido de outros como a pobreza de nutrientes e a baixa c a p a c i d a d e d e r e t e n ç ã o d e á g u a (SILVA 1989). Estes fatores parecem exercer pressão ambiental, provocando uma seleção natural m u i t o rigorosa.

C o m o o b j e t i v o d e e s t u d a r os recursos b i o l ó g i c o s , h i d r o l ó g i c o s , p e d o l ó g i c o s e a r q u e o l ó g i c o s d e Carajás sob influência d e e x p l o r a ç ã o mineral, o M u s e u P a r a e n s e E m í l i o Goeldi c o n d u z i u u m p r o g r a m a d e pesquisas naquela região, no p e r í o d o de 1983 a 1987.

Os resultados dos l e v a n t a m e n t o s f l o r í s t i c o s e s t ã o p u b l i c a d o s n o s s e g u i n t e s t r a b a l h o s : S E C C O & MESQUITA ( 1 9 8 3 ) , SILVA ( 1 9 8 8 ) , SILVA ( 1 9 8 9 ) , S I L V A & R O S A ( 1 9 8 9 ) , S I L V A & R O S A ( 1 9 9 0 ) , SILVA et ai ( 1 9 8 6 ) , S E C C O & L O B O ( 1 9 8 8 ) e P O R T O & S I L V A (1987), entre outros.

Q u a n t o a o s r e s u l t a d o s a q u i a p r e s e n t a d o s s o b r e p o l i n i z a ç ã o , dispersão e a s s o c i a ç ã o p l a n t a / s o l o e c u p i n s , s ã o a i n d a p r e l i m i n a r e s e e s t ã o s e n d o d i v u l g a d o s c o m a f i n a l i d a d e d e e s t i m u l a r e s t u d o s dessa n a t u r e z a na serra d o s C a r a j á s e. p r i n c i p a l m e n t e , p o r q u e t r a b a l h o s s o b r e t i p o s d e v e g e t a ç ã o d a Amazônia r a r a m e n t e a b o r d a m e s t e s aspectos da b i o l o g i a d a s p l a n t a s .

MATERIAL E MÉTODOS

Para o estudo da vegetação q u e cresce diretamente sobre a " c a n g a de f e r r o " e m C a r a j á s p r o c e d e u - s e levantamentos qualitativos exaustivos ao longo de 5 anos, e m diferentes estações. Estes levantamentos foram feitos à base de coletas gerais em todas as áreas de "canga" e o material coletado pode ser visto na Tabela 1.

O p r o c e d i m e n t o d e c a m p o foi o s e g u i n t e :

Identificação botânica provisória de família, gênero e espécie, se possível, e nome vulgar.

C o l e t a de a m o s t r a d o m a t e r i a l botânico, o mais completo possível, para análise e devida identificação no herbário.

Anotação de dados complementares como: aspectos fisionômicos; hábito de crescimento; tipo de caule, raiz e folhas; xilopódios, xeromorfismo, suculência, esclerofilia, etc.

N o l a b o r a t ó r i o foi r e a l i z a d a a identificação botânica por comparação c o m o material h e r b o r i z a d o e c o m o a u x í l i o d e m o n o g r a f i a s e c h a v e s a n a l í t i c a s , a p ó s o e x a m e e m microscópio óptico. C o m relação aos grupos de difícil identificação, o mate-rial herborizado foi encaminhado para os especialistas dos m e s m o s .

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Tabela 1. Relacao das especies registradas sobre canga hematftica (vegetacao rupestre) na Serra Norte - Carajas (PA).

Familia/ E S P E C I E NOME E NUMERO DO COLETOR

PTERIDOFITAS P o l y p o d i a c e a e

* Poypodium triseriale Sw.

A N G I O S P E R M A S / M O N O C O T I L E D O N E A S A r a c e a e

* Anthurium solitarium (Vell.) Schott. * Philodendron s p .

B r o m e l i a c e a e

* Ananas ananassoides (Baker) L.B. Smith * Dickia duckei L.B. Smith

* Pitcairnia lanuginosa R. & P. * P. cf. torresiana L.B. Smith

B u r m a n n i a c e a e

* Burmannia cf. bicolor Mart. C y p e r a c e a e

* Bulbostylis caespitosa Hochst * Cyperus haspan L.

* Cyperus s p . * C. compressus L. * Eleocharis capitata Miq. * E. interstincta R. Br. * E. mutata R. et S c h . * Rhynchospora s p .

* Rhynchospora barbata (Vahl) Kunth * R. corimbosa (L.) Britl.

* R. cf. tenerrima Boeck

* R. tenuis ssp. riparia T. Koyama * R. cyperoides (Sw.) Mart. " R. globosa (H.B.K.) P. et S. * Scleria foliosa Wright D i o s c o r e a c e a e

* Dioscorea s p .

* Dioscorea huberi R. Knuth E r i o c a u l a c e a e

" Paepalanthus cf. fasciculatus var. icanensis Herzog * Syngonanthus gracilis (Koern.) Ruhl.

* S. caulescens var. angustifolius Moldenke * Eriocaulon affaquatile Koern.

G r a m i n e a e

* Axonopus cf. leptostachyus (Flugge) Hitch. * Eragrostis aff. maypurensis (H.B.K.) Steud. * lchnanthus acuminatus Sw.

* /. tenuis (Press.) Hitchc. * /. axillaris (Nees) Hit. " /. breviscrobs Doell. * /. calvescens Doell. * Manisuris s p . * Mesosetum s p . (I) * Mesosetum s p . (II)

M.F.F. da Silva et al., 1672

M.F.F. da Silva et al., 1632 M.F.F. d a Silva et al., 1669

M.F.F. da Silva et al., 1663c M.F.F. da Silva et al, 1657 M.F.F. da Silva et ai, 1320 M.F.F. da Silva et ai, 1676a

M.F.F. da Silva et al., 1642

M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. M.F.F. da Silva d a Silva d a Silva da Silva d a Silva da Silva da Silva da Silva d a Silva d a Silva d a Silva da Silva da Silva d a Silva d a Silva

et al., et al., et al., et al, et al, et al., et al., et al, et ai, et al, et al, et al, et al, et ai, et al.,

2 4 6 0 1706 1687 1 7 0 3 1877 1879 1878 1674 1698 1646 1704 1699 1696 1672 1697

M.F.F. d a Silva et al, 1650 M.F.F. da Silva et al, 1730

M.F.F. d a Silva et ai, 1695 M.F.F. da Silva et ai, 1689 M.F.F. da Silva et al., 1861 M.F.F. d a Silva et ai, 1868

(5)

* Panicum parvifolium Lam. * Paspalum aspidiotes Trin. * P. carinatum Flugg. * P. multicaule Poir. * P. parviflorum R o h d e * P. virgatum L. * Paspalum s p . (I) * Paspalum s p . (II) * Sporobolus s p .

* Streptostachys asperifolia Desv. * Thrasya longiligulata

* Trachypogon macroglossus Trin. * T. plumosus (H. & B.) N e e s * Trachypogon s p .

Marantaceae * Maranta s p . Orchidaceae

* Catasetum discolor Lindl. * Epidendrum nocturnum J a c q . * E. purpurascens Focke * Habenaria cf. lasioglossa C o g n . * Oncidium baueri Lindl.

* Sobralia liliastrum Lindl. Palmae

* Oenocarpus distichus Martius Velloziaceae

* Vellozia glochidea Pohl. * Vellozia s p .

Xyridaceae

* Xyris aff. longiceps Malme * X. laxifolia Mart.

ANGIOSPERMAE/DICOTILEDONEAE Acanthaceae

* Ruellia s p . Anacardiaceae

* Anacardium microcarpum Ducke * Tapirira guianensis Aubl. Annonaceae

* Guatteria poeppigiana Mart. * Xylopia sp.

Apocynaceae

* Mandevilla hirsuta (A. Rich.) K. S c h . * M. scabra (Roem & Schult.) K. S c h .

* Odontadenia cf. geminata (R. et Sch.) M. Arg. * Forsteronia s p .

Begoniaceae

* Begonia guyanensis A. DC. * B. humilis A. DC.

Bignoniaceae

* Anemopaegma aff. scabriuscula Mart. ex DC.

M.F.F. d a Silva et al., 1 6 7 8 M.F.F. d a Silva et al, 1600 M.F.F. d a Silva et ai, 1 6 5 9 N.A. R o s a et ai, 4 6 8 6 M.F.F. d a Silva et ai, 1829 N.A. R o s a etai, 4 6 8 4 N.A. R o s a et ai, 4691 A.S.L. Silva etai, 1 8 1 7 M.F.F. d a Silva et ai, 1499 M.F.F. d a Silva et ai, 2 4 6 2 M.F.F. d a Silva et ai, 1844 M.F.F. da Silva et ai, 1622 M.F.F. d a Silva et ai, 2 4 6 3 M.F.F. d a Silva et ai, 1 8 5 3

M.F.F. d a Silva et ai, 2 4 9 6

M.F.F. d a Silva et ai, 1379 M.F.F. d a Silva et ai, 1 4 8 3 M.F.F. d a Silva et ai, 1 6 7 5 M.F.F. d a Silva et ai, 1 6 7 1 a R.S. S e c c o etai, 341 M.F.F. d a Silva et ai, 1 6 3 8

M.F.F. d a Silva et ai, 2 4 6 4

M.F.F. da Silva et ai, 1661 N.A. R o s a et ai, 4 7 2 8

M.F.F. d a Silva et ai, 1692 M.F.F. d a Silva et ai, 1 7 0 7

M.F.F. d a Silva,1393

M.F.F. da Silva,1333 M.F.F. d a Silva et ai, 2 4 6 5

M.F.F. d a Silva et ai, 1611 M.F.F. d a Silva et ai, 2 4 6 6

M.F.F. d a Silva et al., 1 6 4 7 M.F.F. d a Silva et ai, 1790 R.S. S e c c o et ai, 1 6 7 M.F.F. d a Silva et ai, 1791

M.F.F. da Silva et ai, 1646 M.F.F. d a Silva er a/., 1481

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* A. pabstii A. Gentry * Arrabidaea sp.

* A. cinnamomea (DC) Sandw. * Jacaranda aff. praetermissa Sandw * Leucocalantha aromatica Barb. Rodr.

* Phryganocydia corymbosa (Vent) Bur. et .K. Sch. * Pleonotoma jasminifolia (H.B.K.) Miers

Cactaceae * Pilocereus sp.

* Phyllocactus phylanthus (L.) Link Chrysobalanaceae

* Licania egleri Prance * Acioa sp.

Compositae

* \chthyothere terminalis Blake * Lomatozoma sp.

* Melampodium sp.

* Riencourtia glomerata Cass. * Vernonia muricata DC. * V. paraensis H. Robson * V. remotiflora Rich. Convolvulaceae * Evolvulus sp.

* Ipomoea carajasensis D. Austin * /. cavalcantei D. Austin

* /. marabaensis D. Austin & Secco * Ipomoea sp.

Erythroxylaceae

* Erythroxylum ligustrinum var. carajasense Plowman * E. nelson-rosae Plowman

* E. suberosum St. Hil. Sens. Lat. * E. cf. citrifolium A. St. Hil. Euphorbiaceae

* Actinostemon schomburgkii Hochr * Alchornea discolor Poeppig

* Aparisthmium cordatum (Juss.) Baill. * Croton aff. agrophilus Muell. Arg. * C ferrugineus H.B.K.

* C. jatropha Muell. Arg. * C. tomentosus Link. * Maprounea guianensis Aubl. " Sapium marginatum Muell. Arg. Flacourtiaceae

* Casearia arborea (L.C. Rich.) Urban Gentianaceae

* Schuitesia pohliana Pr.

* Limnanthemum humboldtianum Griseb. Hippocrateaceae

* Hippocratea cf. volubilis L.

M.F.F. da Silva et al., 1777 M.F.F. da Silva, 1383 M.F.F da Silva et al, 1780 R.S. Secco etal., 146 M.F.F. da Silva et al, 2467 M.F.F. da Silva et al, 1770 M.F.F. da Silva et al., 1674

M.F.F. da Silva et al., 1676 M.F.F. da Silva et al, 1797

M.F.F. da Sllva et ai, 2468 M.F.F. da Silva etai, 1795

M.F.F. da Silva et ai, 1763 M.F.F. da Silva et al., 1479 M.F.F. da Silva et ai, 1317 M.F.F. da Silva et ai, 1650 M.F.F. da Silva., 1624 N.A. Rosa ef ai, 4747 M.F.F. da Silva et ai, 2469

M.F.F. da Silva ef a/., 1810 M.F.F. da Silva et ai, 1637 M.F.F. da Silva et ai, 1631 N.A. Rosa etai, 4675 M.F.F. da Silva ef a/„ 1634

N.A. Rosa etai, 5014 M.F.F. da Silva ef ai, 1736 M.F.F. da Silva et ai, 1687 M.F.F. da Silva et ai, 1691

M.F.F. da Silva ef a/., 1748 M.F.F. da Silva et ai, 1648 R.S. Secco ef ai, 181 M.F.F. da Silva et ai, 1635 M.F.F. da Silva ef a/., 1856 M.F.F. da Silva et ai, 1874 M.F.F. da Silva et ai, 1630 M.F.F. da Silva et ai, 2470 M.F.F. da Silva et al, 1663a

M.F.F. da Silva et ai, 2471

M.F.F. da Silva et al., 1334 M.F.F. da Silva et al., 1762

(7)

Humiriaceae

* Saccoglottis mattogrossensis Malme. Lauraceae

* Cassytha americana Nees

* Mezilaurus itauba (Meissn.) Taubert ex Mez. Leguminosae

Leguminosae Caesalpinioideae * Bauhinia pulchella Bentham * Cassia calycioides DC. * Cassia sp.

* Chamaecrista flexuosa (L.) Greene * Chamaecrista sp.

* C. bahia (Irwin) Barneby

* C. cf. trichopoda (Bentham) Britton & Rose ex. Britton & Killip

* Sclerolobium paniculatum Vog. Leguminosae Mimosoideae

* Mimosa acutistipula var. ferrea Barneby * M. desmodioides var. carajarum Barneby * M. somnians var. viscida Barneby * Mimosa sp.

* Parkia platycephala Benth. Leguminosae Papilionoidae * Abrus fruticulocus Wall. * Aeschynomene sp. * Camptosema nobilis Lind. * Centrosema pubescens Bentham * C. carajasensis P. Cavalcante * Derris cf. floribunda (Benth.) Ducke * Dioclea cf. crenata Maxwell

* Periandra mediterranea (Vell.) Taubert * Phaseolus cf. linearis H.B.K.

* Phaseolus sp.

* Stylosanthes humilis H.B.K. Lentibulariaceae

* Utricularia nervosa G. Web. * U. subulata L.

* Utricularia sp. * U. obtusa Sw. Loranthaceae

* Phthirusa paniculata (H.B.K.) Macbr. Lythraceae

* Cuphea annulata Koelme * C. tenella Hook. & Arn. * C. tenuissima Koelme Malpighiaceae

* Banisteriopsis malifolia var. apressa Gates * B. cf. stellaris (Gris.) Gates

* Brysonima coriacea (Sw.) Knuth. * B. spicata (Cav.) H.B.K.

M.F.F. da Silva et al., 2473

M.F.F. da Silva et al., 1670 A.S.L. Silva etal., 1830

M.F.F. da Silva etal, 1627 R.S. Secco etal, 298 M.F.F. da Silva, 1337

N.A. Rosa etal., 4679 M.F.F. da Silva et al., 1872 M.F.F. da Silva et al., 1630

M.F.F. da Silva etal, 1627 M.F.F. da Silva et al, 1965

M.F.F. da Silva et al, 1629 M.F.F. da Silva etai, 1632 M.F.F. da Silva etal, 1658 M.F.F. da Silva et ai, 1752 N.A. Rosa et ai, 4582

M.F.F. da Silva et ai, 1756 M.F.F. da Silva et ai, 1678 M.F.F. da Silva et ai, 1841 N.A. Rosa etai, 4578 A.S.L. Silva etai, 1848 M.F.F. da Silva et al, 2474 M.F.F. da Silva et al, 1636 M.F.F. da Silva et ai, 1625 M.F.F. da Silva ef a/., 2475 M.F.F. da Silva et ai, 1624 M.F.F.da Silva ef ai, 1498

M.F.F. da Silva et ai, 1838 M.F.F. da Silva et ai, 1643 A.S.L. Silva etai, 1801 M.F.F. da Silva e f a / 1 8 4 1

M.F.F. da Silva etai, 1649

M.F.F. da Silva ef ai, 1628 M.F.F. da Silva etai, 1662 M.F.F. da Silva et ai, 1749

(8)

* Coleostachys genipifolia Aorjuss M.F.F. da Silva etai, M44

* Mascagnia sp. M.F.F. da Silva etai, 1667

* Tetrapterys mucronata Cav. M.F.F. da Silva etai, 1639 * T. cf. benthamiana Griseb. M.F.F. da Silva et al, 1745 Malvaceae

* Sida sp. M.F.F. da Silva et al., 1828

Marcgraviaceae

* Norantea goyazensis Cambess. M.F.F. da Silva et al, 1609 Melastomataceae

* Aciotis sp. M.F.F. da Silva etal., 1666b

* Appendicularia sp. M.F.F. da Silva etal., 1655

* Miconia cf. heliotropoides Triana M.F.F. da Silva etai, 1654 * M. alborufescens Naudim M.F.F. da Silva etal., 1826 * Pterolepis trichotoma Cogn. M.F.F. da Silva et al, 2478 * Tibouchina aspera Aubl. M.F.F. da Silva et al., 1660 * T. cf. spruceana Cogn. M.F.F. da Silva etal, 1807 Menispermaceae

* Cissampelos andromorpha DC. M.F.F. da Silva et ai, 2479 * Sciadotenia cf. paraensis (Eihl.) Dicl. M.F.F. da Silva. 1773 Myrtaceae

* Campomanesia sp. M.F.F. da Silva et ai, 2480

* Eugenia flavescens DC. M.F.F. da Silva etai, 1683 * E. punicifolia (H.B.K.) DC. M.F.F. da Silva etai, 1653

* Eugenia sp. M.F.F. da Silva etai, 1757

* Myrcia sp. M.F.F. da silva et ai, 1814

* M. atramentifera B. Rodr. M.F.F. da Silva etai, 1816 * M. cf. falax (Rich.) DC. M.F.F. da Silva et ai, 2481 * M. cf. marowyyensis M.F.F. da Silva et ai, 1812 * M. cf. splendens (Sw.) DC. M.F.F. da Silva et ai, 1813 * M. multiflora (L.) DC. M.F.F. da Silva etai, 1670 * M. silvatica (Mey) DC. M.F.F. da Silva et ai. 1815 Nyctaginaceae

* Neea sp M.F.F. da Silva et ai, 2482

* Guapira sp. M.F.F. da Silva etai, 1788

Ochnaceae

* Ouratea castanaefolia (DC.) Engl. M.F.F. da Silva etai, 1677

* O. paraensis Hub. M.F.F. da Silva et ai, 2483

* Sauvagesia tenella Lam. M.F.F. da Silva, 1339 Olacaceae

* Heisteria ovata Benth. M.F.F. da Silva et ai, 1667a Piperaceae

* Peperomia uaupensis Yuncher M.F.F. da Silva etai, 1676 * Piper arboreum Aubl. M.F.F. da Silva etai, 1781

* Piper M.F.F. da Silva etai, 1782

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Polygalaceae

* Polygala variabilis H.B.K. M.F.F. da Silva et al., 2484

* P. spectabilis DC. M.F.F da Silva et al., 1792

Polygonaceae

* Coccoloba latifolia Lam. M.F.F. da Silva et al, 2485 Proteaceae

* Roupala montana Aubl. M.F.F. da Silva et al., 2486 Rubiaceae

* Alibertia longiflora R. Sch. M.F.F. da Silva et al, 1651 * Borreria latifolia (Aubl.) R. Sch. M.F.F. da Silva et al, 2487

" 6. tenera DC. R.S. Secco ef a/., 445

* Chomelia cf. pohliana Muell. Arg. M.F.F. da Silva et al., 1770

* Mitracarpus sp. M.F.F. da Silva etal, 1665

* Perama carajaensis Kirbride M.F.F. da Silva et ai, 1601 * Psychotria barbiflora DC. M.F.F. da Silva et ai, 1769

* Psychotria sp. R.S. Secco et ai, 240

" Richardia sp. (1) M.F.F. da Silva et ai, 1666a

* Richardia sp. (II) A.S.L. da Silva et ai, 1758

Rutaceae

* Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardleworth M.F.F. da Silva ef ai, 1669a

* Pilocarpus sp. M.F.F. da Silva ef ai, 2488

Sapindaceae

* Allophylus sp. M.F.F. da Silva et ai, 1682

* Cupania rubiginosa Radlk. M.F.F. da Silva et ai, 1713 * Matayba arborescens (Aubl.) Radlk. M.F.F. da Silva ef ai, 2489

* M. melecans Radlk. M.F.F. da Silva et ai, 1681

" Paullinia spicata Radlk. M.F.F. da Silva et ai, 2490

* Serjania sp. M.F.F. da Silva et ai, 2491

Sapotaceae

* Franchetella parviflora Pires M.F.F. da Silva et ai, 1712 * Pouteria parviflora Radlk M.F.F. da Silva etai, 1678 * P. ovafa A.C. Smith M.F.F. da Silva ef ai, 1740 Smilacaceae

* Smilax campestris Griseb. M.F.F. da Silva ef ai, 2492 Solanaceae

* Solanum crinitum Lam. M.F.F. da Silva et ai, 1644

* Solanum sp. M.F.F. da Silva et ai, 2493

Sterculiaceae

* Melochia villosa (Mill.) Fawc. & Rendle M.F.F. da Silva et ai, 1693 Turneraceae

* Piriqueta cf. cistoides (L.) Griseb. M.F.F. da Silva et ai, 2494 * Turnera glaziovii Urb. M.F.F. da Silva et ai, 1654 Verbenaceae

* Lippia grandis Schau. M.F.F. da Silva et ai, 1643

* Vitex thflora Vahl M.F.F. da Silva et ai, 1728

Vitaceae

" Cissus erosa L.C. Rich. M.F.F. da Silva etai, 1645 " C. sulcicaulis Baker M.F.F. da Silva et ai, 1729 Vochysiaceae

* Callisthene minor Mart. M.F.F. da Silva et ai, 1625

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seca e chuvosa (junho), e duas em estação seca (agosto e outubro), especialemte nos morros N I , N2, N3, N 4 e N5. Referidas observações foram feitas nas áreas como um todo, de modo aleatório, sem ter sido marcado nenhum local específico para realizá-las, e para isso utilizou-se binóculo Pentax 8 χ 40. No caso dos insetos, estes foram coletados e trazidos em álcool para o Departamento de Zoologia (secção de Entomologia) do Museu Emílio Goeldi, onde foram identificados.

Localização da Área Estudada

O complexo Carajás localiza-se ao sul do Estado do Pará e norte do Estado de Goiás, na área de interferência das bacias dos rios Araguaia-Tocantins e Xingu, a b r a n g e n d o u m a superfície de 1 5 0 . 0 0 0 k m 2 . A S e r r a d o s C a r a j á s propriamente dita corresponde à feição morfològica mais marcante, e está situada a 130 km a oeste de Marabá, no sul do Estado do Pará, entre os paralelos 5 0 5 4 ' 6 0 3 3 ' S e os m e r i d i a n o s 4 9 0 5 3 ' -5 0 O 3 4 ' W G . É banhada pelas bacias dos rios Itacaiúnas e Parauapebas (Fig. 1 ).

A principal área da Serra dos Carajás caracteriza-se por u m a série de serras descontínuas, cujas principais elevações são: Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste. A Serra Norte é formada por vários monos de minério de ferro com elevações de 600 a 800 m (CUNHA et ai. 1985), chamados de N I , N2, N 3 , N4, N5. etc. (Figura 1 ).

Clima

A região de Carajás está submetida a um clima tipicamente tropical, quente e úmido, enquadrando-se na classificação de Kõppen c o m o tipo "Aw". As variações t e r m a i s d i á r i a s v ã o d e 2 4 . 3 0 C a

2 8 , 3 0 C . A precipitação pluviomètrica média anual é de 2.116 mm. O s meses mais secos vão de j u n h o a setembro. A umidade relativa do ar é superior a 80%.

Solo

A maioria dos solos da Serra dos Carajás enquadra-se no tipo Podzólico Vermelho-Amarelo (PV); nas áreas de c i m e i r a s f l o r e s t a i s e n c o n t r a - s e o Latossolo Vermelho-Amarelo distròfico; nos moiTotes, cristas dessecadas sub-rochosas das margens da serra, ocorrem os Solos Litólicos Distróficos e nos níveis mais baixos das colinas. Solos P o d z ó l i c o s A m a r e l o s e V e r m e l h o -A m a r e l o s . -A c a n g a hematítica ocorre nas áreas de relevos residuais, formando u m a c a m a d a i m p e r m e á v e l q u e e m Carajás atinge u m a profundidade de 5 a 20 m ( B E I S I E G E L et ai. 1973), onde a c a m a d a de solo é muito rasa, o que i m p e d e a r e t e n ç ã o d a á g u a p l u v i a l (RIZZINI. 1976).

Vegetação

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Composição Floristica

N a v e g e t a ç ã o r u p e s t r e foi r e g i s t r a d o u m total cie 2 3 2 e s p é c i e s , sendo 168 dicotiledôneas distribuídas e m 109 gêneros e 47 famílias botânicas; 64 monocotiledôneas, distribuídas e m 35 gêneros e 12 famílias e u m a única espécie de pteridófita.

U m grande n ú m e r o de espécies registradas é composto de ervas anuais, c u j a f a s e v e g e t a t i v a r e s t r i n g e - s e à determinada época do ano, ou seja, ao p e r í o d o de m a i o r pluviosidade local. Estas espécies evidenciam u m a relação m u i t o e s t r e i t a e n t r e a c o m p o s i ç ã o floristica da comunidade e as condições a m b i e n t a i s l o c a i s , n o c a s o , a disponibilidade de água no substrato.

N a Tabela 1 estão relacionadas todas as famílias e respectivos gêneros e e s p é c i e s a m o s t r a d o s . H o u v e u m a g r a n d e a m p l i t u d e d e v a r i a ç ã o n o n ú m e r o de espécies por família. As duas famílias mais ricas a p r e s e n t a r a m 24 espécies cada uma. Dezessete famílias ( 2 9 , 3 1 % d o total) a p r e s e n t a r a m u m a única espécie, e vinte delas (34,48% do total) t i v e r a m duas e s p é c i e s . A p e n a s d e z e n o v e famílias ( 3 2 , 7 5 % do total) apresentaram quatro ou mais espécies. Supõe-se que as c o n d i ç õ e s ambientais adversas provenientes do substrato de c a n g a e x e r ç a m u m a a l t a p r e s s ã o s e l e t i v a . R a r a s e s p é c i e s d e c a d a família foram capazes de se adaptar às c o n d i ç õ e s l o c a i s . P o u c a s f o r a m as exceções, c o m o as famílias Gramineae e L e g u m i n o s a e q u e a p r e s e n t a r a m 24 e s p é c i e s cada u m a , c o r r e s p o n d e n d o a 2 0 , 6 9 % d o t o t a l d a s e s p é c i e s a m o s t r a d a s . A r i q u e z a d a f a m í l i a

G r a m i n e a e na v e g e t a ç ã o e s t u d a d a é m a i o r q u e n a q u e l a s r e p o r t a d a s para outras áreas de s a v a n a na A m a z ô n i a . E G L E R (1960) registrou 15 espécies n o s c a m p o s d o A r i r a m b a - P A e T A K E U C H I ( 1 9 6 0 ) e n c o n t r o u 17 e s p é c i e s n a s s a v a n a s d a A m a z ô n i a Ocidental. E m outros c a s o s , o n ú m e r o de e s p é c i e s d a família G r a m i n e a e é b e m m a i s e l e v a d o que o reportado no p r e s e n t e e s t u d o . G O O D L A N D & F E R R I ( 1 9 7 9 ) c i t a m u m total de 73 e s p é c i e s r e g i s t r a d a s nos c e r r a d o s do Triângulo M i n e i r o . J A N S S E N (1986) inventariou 88 e s p é c i e s de G r a m i n e a e nas s a v a n a s de H u m a i t á ( A M ) . Esta família a p r e s e n t a c a r a c t e r í s t i c a s que s ã o r e s p o n s á v e i s p o r s u a a l t a a d a p t a b i l i d a d e a c u r t o s p e r í o d o s de solo ú m i d o e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , por sua expressividade na c o m u n i d a d e e m e s t u d o . M u i t a s destas espécies foram e s p o r a d i c a m e n t e r e g i s t r a d a s e m d e t e r m i n a d o s l o c a i s , m o s t r a n d o - s e a s s i m , d e o c o r r ê n c i a a g r e g a d a nos locais cujas c o n d i ç õ e s a m b i e n t a i s são favoráveis. A maioria das e s p é c i e s de G r a m i n e a e o c o r r e o n d e o r e l e v o permite a c ú m u l o de água, pelo m e n o s d u r a n t e a é p o c a c h u v o s a . N a s á r e a s cujo relevo é e s c a r p a d o e c o n v e x o , só q u a t r o e s p é c i e s de G r a m i n e a e foram registradas e destas somente Axonopus cf. leptostachyus ( F l u g g e ) H i t c h , e

Trachypogon inacroglossus T r i n . apresentaram ampla distribuição em toda a área amostrada. Estas duas espécies, segundo SILVA et aí. ( 1986), possuem mecanismos fotossintéticos do tipo C4, o q u e lhes c o n f e r e a c a p a c i d a d e d e habitarem a m b i e n t e adverso c o m u m periodo critico de falta d'agua no substrato.

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0 tipo de sistema radicular das G r a m i n e a s , f o r m a n d o u r n a v a s t a "cabeleira" superficial, é u m a outra característica que confere à a l g u m a s espécies a capacidade de habitar tipo de ambiente c o m o o da c a n g a . A s raízes a d e r e m - s e f a c i l m e n t e à superfície rochosa, e m m u i t o s casos, não n e c e s s i t a n d o d o s o l o m i n e r a l p r o p r i a m e n t e d i t o c o m o f o n t e de nutrientes m i n e r a i s . S u a s r a í z e s e m profusão e superficiais são c a p a z e s de absorver eficientemente os nutrientes que se e n c o n t r a m e m s o l u ç ã o n o substrato. Estes nutrientes p o d e m ser oriundos de outros locais, c a r r e a d o s pela á g u a p l u v i a l , o u p o d e m s e r r e c i c l a d o s d o p r ó p r i o m a t e r i a l orgânico ou biomassa local.

Nos Campos do A r i r a m b a (PA), cujo solo é do tipo c a n g a c o m o e m Carajás, E G L E R ( 1 9 6 0 ) r e g i s t r o u espécies de Gramineae c o m u n s àquela região, c o m o : Ichnanthus axillaris íNees) Hit.. Panicum parvifoliiim Lam.. Paspalum carinatum Flugg. e os gêneros Axonopus e Trachypogon, cuja distribuição é m u i t o a m p l a e m todas as regiões tropicais.

Ainda com r e l a ç ã o à família Gramineae. embora sendo uma das mais importantes na flora em estudo, nem todos os gêneros são igualmente importantes. Os mais destacados são Trachypogon e Axonopus, sendo que T. macroglossus e A. cf. leptostachyus foram as espécies mais expressivas, ambas estando presentes na maior parte da área estudada.

A família L e g u m i n o s a e e s t á representada da seguinte forma: sub-família C a e s a l p i n i o i d e a e - q u a t r o gêneros e oito espécies; sub-família

M i m o s o i d e a e - dois g ê n e r o s e c i n c o espécies e subfamília Papilionoideae -n o v e g ê -n e r o s e o -n z e e s p é c i e s . E m vegetação savanóide, no Brasil, esta família não é tão expressiva quanto em floresta. Das 24 espécies mencionadas nem todas são de importância m a r c a n t e na flora estudada. As espécies Cassia calycioides D C , Parkia platycephala B e n t h . , Centrosema carajasensis P. Cavalcante e Aeschynomene sp. foram r e g i s t r a d a s esporadicamente na vegetação sobre canga de Carajás, ocorrendo em locais restritos.

S e g u n d o R I Z Z I N I ( 1 9 6 3 ) , o gênero Cassia f i g u r a e n t r e os m a i s r i c o s e m n ú m e r o d e e s p é c i e s d o cerrado. E t a m b é m citado para outras

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C a r a j á s ; é b e m p o s s í v e l tratar-se de u m a espécie e n d ê m i c a d a q u e l a região. S e g u n d o s u a d e s c r i ç ã o o r i g i n a l ( C A V A L C A N T E , 1970), parece ser a p r i m e i r a e s p é c i e d e Centrosema unifoliolada da A m a z ô n i a brasileira.

A l g u m a s e s p é c i e s d a f a m í l i a Leguminosae, que constam deste trabalho, foram registradas esporadicamente, sendo de importância secundária na flora local. São ervas anuais de ocorrência restrita e em número reduzido. São elas: Chamaecrista flexuosa (L.) Greene, C. cf. trichopoda

( B e n t h a m ) I. & Β . , Camptosema nobilis L i n d . , Phaseolus linearis H.B.K. e Stylosanthes humilis H.B.K. A espécie Sclerolobium paniculatum Vog. e m b o r a t e n h a s i d o e n c o n t r a d a r a r a m e n t e , é u m a espécie importante na flora estudada, pois parece ser u m e l e m e n t o arbóreo típico de savana. N o p r e s e n t e e s t u d o , s u a o c o r r ê n c i a l i m i t o u - s e a o l o c a l c o m m a i o r c o n c e n t r a ç ã o d e árvores, alcançando porte a r b ó r e o , a p r e s e n t a n d o t a m b é m r e p r e s e n t a n t e s n o e s t r a t o h e r b á c e o (regeneração). Sclerolobium paniculatum é reportada por EGLER ( 1960) para os cam-pos do Ariramba (PA); por J A N S S E N ( 1986) c o m o parte da flora das savanas d e H u m a i t á ( A M ) e p o r R A T T E R (1987) c o m o árvore do cerrado ( M T ) .

O gênero Mimosa, sem d ú v i d a é o m a i s i n t e r e s s a n t e d e n t r o d a s L e g u m i n o s a e na flora e m estudo. As três f o r m a s de v i d a r e g i s t r a d a s s ã o r e p r e s e n t a d a s p o r t r ê s n o v a s variedades, sendo que M. acutistipula var. ferrea Barneby e Μ. desmodioides var. carajarum Barneby são de Carajás e p a r e c e m ser e n d ê m i c a s da flora lo-cal. Mimosa acutistipula var. ferrea é

muito p r ó x i m a de Mimosa acutistipula var. nigra H u b . , a n t e r i o r m e n t e citada por V E L O S O (1974) c o m o vicariante das c a a t i n g a s d o Piauí. Esta espécie figura e n t r e as m a i s i m p o r t a n t e s do e s t r a t o a r b ó r e o - a r b u s t i v o , s e n d o t a m b é m significativa no estrato infe-rior. Mimosa somnians var. viscida Barneby, c o n q u a n t o não seja endêmica d e C a r a j á s , t e m s u a l o c a l i d a d e - t i p o n a q u e l a região. S e g u n d o B A R N E B Y (1985) sua distribuição geográfica é a seguinte: Bahia, nas escarpas do Espigão M e s t r e ; G o i á s , o n d e é e x t r e m a m e n t e abundante; Pará, Serra dos Carajás; Guiana Francesa e Paraguai.

Dioclea cf. crenata Maxwell é uma espécie p r ó x i m a à D. virgata (Rich.) Amsh. e Periandra mediterranea (Veli.) Taubert próxima à P. dulcis Benth. Sendo a primeira u m a liana e a s e g u n d a u m s u b a r b u s t o s e m p o t e n c i a l a r b ó r e o , a m b a s perenes, resistentes à falta de água no substrato, de freqüência média, o que pode ser inferido c o m o de distribuição regular na área de estudo.

Bauhinia pulchella B e n t h a m foi a espécie melhor distribuída entre todas as a m o s t r a d a s , d e m o n s t r a n d o alta adaptabilidade ao ambiente rupestre. Foi registrada em toda a área estudada. Esta espécie, j u n t a m e n t e c o m Dioclea cf. crenata, Periandra mediterranea. Mi-mosa acutistipula var. ferrea e Μ . somnians var. viscida são as leguminosas v e r d a d e i r a m e n t e c a r a c t e r í s t i c a s da vegetação aberta de Carajás.

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diferentes gêneros, Bignoniaceae c o m oito e s p é c i e s e s e i s g ê n e r o s . Malpighiaceae c o m oito e s p é c i e s e cinco gêneros, E u p h o r b i a c e a e n o v e espécies e seis g ê n e r o s . C o m p o s i t a e sete espécies e cinco g ê n e r o s . Entre estas famílias, a maioria t e m a m p l a d i s t r i b u i ç ã o g e o g r á f i c a , s e n d o c o n s i d e r a d a s as m a i o r e s f a m í l i a s b o t â n i c a s d o m u n d o . S ã o e l a s : Compositae, Orchidaceae, Gramineae. Euphorbiaceae, Rubiaceae, Leguminosae. Myrtaceae e Cyperaceae. Bignoniaceae e Malpighiaceae, embora figurem entre as mais ricas no presente estudo, no âmbito mundial são inexpressivas. Elas foram r e p o r t a d a s p o r G O O D L A N D & FERRI ( 1 9 7 9 ) c o m o " s u p e r -r e p -r e s e n t a d a s " no c e -r -r a d o . A q u i , evidentemente, não é correto usar a expressão "super-representada", mas aquelas famílias são bem representadas por espécies características do t i p o de comunidade em estudo.

A família Rubiaceae apresentou onze espécies em toda área de e s t u d o . Este nùmero é relativamente alto se for considerada a riqueza da maioria das famílias aqui r e g i s t r a d a s . N a vegetação do c e r r a d o e s t a f a m í l i a a p r e s e n t a 17 e s p é c i e s , s e n d o o s gêneros Borrerìa e Alibcrtia importantes na flora d a q u e l a á r e a ( G O O D L A N D & F E R R I , 1 9 7 9 ) . Todas as e s p é c i e s de R u b i a c e a e registradas no p r e s e n t e e s t u d o s ã o plantas de pequeno porte, a m a i o r i a ervas de ciclo de vida anual e de distribuição restrita a locais específicos com acúmulo de água. O gênero Borreria é pantropical e de ocorrência comum em áreas abertas c o m o o c e r r a d o e as

c a m p i n a s a m a z ô n i c a s . Borreria foi r e p o r t a d o p o r J A C O B S E N ( 1 9 7 0 ) habitando as minas de cobre de Silver-s i d e , p o r é m não é u m e l e m e n t o que caracteriza a Hora e m e s t u d o . F o r a m registradas e m Carajás s o m e n t e duas espécies de Borreria com pouquíssimos indivíduos ocorrendo em locais restritos. As espécies β . aff. tenera D C . e Β. latifolia (Aubl.) R. Sch. o c o r r e m e m d e t e r m i n a d o s locais restritos nas áreas i n v e n t a r i a d a s . E s t a ú l t i m a o c o r r e também nas savanas de H u m a i t á - A M ( J A N S S E N , 1986). O gênero Alibertia a p r e s e n t o u a p e n a s u m a e s p é c i e , A. longiflora R. S c h . , u m s u b a r b u s t o p e r e n e , b e m r e s i s t e n t e às c o n d i ç õ e s adversas do solo de c a n g a . D a família Rubiaceae esta é a espécie que melhor caracteriza a vegetação em estudo. Perama carajaensis Kirkbride é uma nova espécie descrita por K I R K B R I D E (1980), cuja localidade-tipo é C a r a j á s . T a l v e z seja m a i s u m c a s o d e e n d e m i s m o d a região. A espécie é b e m r e p r e s e n t a d a na flora e m apreço, o c o r r e n d o só nos locais onde é possível a r e t e n ç ã o de água por a l g u m t e m p o .

A família Orchidaceae apresentou seis espécies habitando, preferencialmente, l u g a r e s a b e r t o s , c o m b a s t a n t e luminosidade. As espécies de Orchidaceae aqui r e g i s t r a d a s s ã o de o c o r r ê n c i a e s p o r á d i c a nas áreas e s t u d a d a s , c o m exceção de Sobra lia liliastrmn Lindi., que é um elemento característico tanto da flora quanto da vegetação local. Esta espécie tem a m p l a d i s t r i b u i ç ã o n a s s a v a n a s amazônicas. EGLER (I960) registrou-a nos campos de Ariramba (PA).

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e n t r e c i n c o g ê n e r o s . S e g u n d o G O O D L A N D & F E R R I ( 1 9 7 9 ) , a f a m í l i a C o m p o s i t a e é a s e g u n d a ou terceira mais impoitante no cerrado. Os autores citam o gênero Vemonia c o m o o mais importante das Angiospermas do Brasil, possuindo mais de 1.000 espécies d i s t r i b u í d a s n o m u n d o t o d o . F o r a m registradas três espécies de Vemonia em C a r a j á s , c o n t r a 14 n o c e r r a d o d o Triângulo Mineiro. Destas três espécies, só V. murìcata D C . é expressiva na flora local e encontra-se bem distribuída em toda a área estudada, principalmente nos l o c a i s e s c a r p a d o s . E u m s u b a r b u s t o d e l g a d o , r a m i f i c a d o d e s d e a b a s e , altamente adaptado ao ambiente adverso d e c a n g a ; p o s s u i r a í z e s r e s i s t e n t e s , fibrosas, capazes de penetrar nas fendas d a s r o c h a s ; p e r d e as f o l h a s e as terminações dos ramos na época seca, v o l t a n d o a e m i t i r n o v a s f o l h a s na e s t a ç ã o c h u v o s a . A s o u t r a s d u a s espécies, V. paraensis H. Robson e V. remotiflora Rich, são pouco expressivas e foram amostradas em áreas restritas, nos locais o n d e é possível a c u m u l a r água durante u m certo período.

Riencourtia glomerata C a s s . é u m a o u t r a e s p é c i e d a f a m í l i a C o m p o s i t a e importante na vegetação e m e s t u d o . A ocorrência desta espécie foi e s t r e i t a m e n t e r e l a c i o n a d a à p r e s e n ç a d e á g u a n o s u b s t r a t o . F o i r e g i s t r a d a e m g r a n d e s a g l o m e r a d o s , nos locais de m a i o r disponibilidade de água. É u m a espécie de ciclo de vida restrito ao p e r í o d o de chuva.

A s d e m a i s e s p é c i e s da f a m í l i a C o m p o s i t a e foram p o u c o expressivas, c o m representatividade reduzida tanto na floristica q u a n t o na fisionomia da

v e g e t a ç ã o local. Ichthyothere terminalis B l a k e foi c i t a d a p o r D O N S E L A A R (1969) para as savanas do S u r i n a m e e por J A N S S E N (1986) p a r a a s s a v a n a s d e H u m a i t á - A M . P o r é m , e m Carajás, a p r e s e n ç a desta e s p é c i e foi p o u c o e x p r e s s i v a .

A f a m í l i a E u p h o r b i a c e a e no presente estudo ficou representada por n o v e e s p é c i e s , d i s t r i b u í d a s e n t r e 6 g ê n e r o s . O gênero Croton apresentou q u a t r o e s p é c i e s : C. aff. agrophilus M u e l l . Arg., C. tomentosus Link.. C. ferrugineus H . B . K . e C. jatropha

H . B . K . E s t e g ê n e r o é d e a m p l a d i s t r i b u i ç ã o e m á r e a s de v e g e t a ç ã o aberta. Foi citado por LIMA (1954) para as c a a t i n g a s d o sertão e restingas do nordeste brasileiro; por FERRI ( 1978) e G O O D L A N D & FERRI (1979) para o cerrado; por D O N S E L A A R (1969) para o Suriname e por J A N S S E N (1986) para Humaitá (AM). Croton aff. agrophilus e C. tomentosus são m u i t o importantes nas áreas n ã o f l o r e s t a i s de C a r a j á s , p o d e n d o ser c o n s i d e r a d a s e s p é c i e s bem características d a q u e l a flora. São s u b a r b u s t o s l e n h o s o s , p e r e n e s , r e s i s t e n t e s , c o m d e c i d u i d a d e parcial d u r a n t e a é p o c a s e c a , a m p l a m e n t e distribuídos e m toda a área de c a n g a .

Alchornea discolor P o e p p i g . é u m a E u p h o r b i a c e a e d e p o u c a e x p r e s s ã o na flora local, mas p a r e c e ser u m e l e m e n t o típico de savana. N o p r e s e n t e e s t u d o foi r e g i s t r a d a c o m p o n d o o estrato inferior. P o r é m , e m o u t r o s l o c a i s d e s e n v o l v e p o r t e a r b u s t i v o , c o m o n a s s a v a n a s d e H u m a i t á ( J A N S S E N , 1 9 8 6 ) e n o c e r r a d o ( R A T T E R . 1987).

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Baili., embora registrada na vegetação aberta, é na r e a l i d a d e u m a e s p é c i e colonizadora de áreas florestais. Sua ocorrência foi d i v u l g a d a por SILVA ( 1988) em quase toda a região florestal de Carajás, principalmente e m áreas de clareiras. Nas áreas de savanas esta espécie ocorre participando dos "capões arbóreos", em aglomerados restritos aos locais onde o solo orgânico é profundo. As demais espécies da família Euphorbiaceae foram pouco expressivas na flora estudada. A família Malpighiaceae foi b e m representada nesta pesquisa, c o m oito e s p é c i e s d i s t r i b u í d a s e n t r e c i n c o gêneros. Segundo R I Z Z I N I (1963), o gênero Byrsonima é u m dos mais b e m representados no cerrado. Byrsonima coriacea (Sw.) Kunth é a espécie mais típica da vegetação e m apreço. É u m a r b u s t o p e r e n e , s e m p r e v e r d e , alcançando o porte de árvore, tortuoso, muito r a m i f i c a d o , c a s c a e s p e s s a e fissurada, s e m e l h a n t e à e s p é c i e B. crassifolia H.B.K. citada para os c a m -pos do A r i r a m b a (PA) p o r E G L E R (1960) e para as savanas do S u r i n a m e por DONSELAAR (1968). Byrsonima coriacea foi registrada tanto no estrato arbóreo-arbustivo q u a n t o n o e s t r a t o inferior e é bem distribuída e m toda a área. Mascagnia sp. e Tetrapterys mucronata Cav. a p r e s e n t a m - s e b e m distribuídas na região amostrada.

A f a m í l i a M y r t a c e a e foi b e m representada p e l o s g ê n e r o s Campomanesia, Eugenia e Myrcia, com elementos arbustivos e subarbustivos. As espécies destes três gêneros, embora não tão abundantes, caracterizam bem a flora em estudo. São perenes, distribuídas e m toda á r e a d e c a n g a , e p e r d e m

p a r c i a l m e n t e as folhas na é p o c a seca. A e s p é c i e Eugenia punicifolia (H.B.K.) D C . é c o m u m às s a v a n a s de H u m a i t á ( J A N S S E N , 1 9 8 6 ) . A s espécies Myrcia cf. falax (Rich.) D C . e Eugenia flavescens D C . e s t ã o r e g i s t r a d a s n o s h e r b á r i o s d a r e g i ã o ( M G e I N P A ) , o c o r r e n d o e m á r e a s abertas, e m diversos tipos d e solo.

A f a m í l i a B i g n o n i a c e a e é r e p r e s e n t a d a , p r i n c i p a l m e n t e , p o r Anemopaegma aff. scabriuscula Mart, ex D C . A o contrário d o c e r r a d o , cujos r e p r e s e n t a n t e s d e s t a f a m í l i a s ã o árvores q u e c a r a c t e r i z a m b e m aquele tipo vegetacional, aqui a e s p é c i e m a i s expressiva, A. aff. scabriuscula é u m a r b u s t o d e l g a d o , s e m i - e s c a n d e n t e , e encontra-se b e m d i s t r i b u í d o e m t o d a área de c a n g a ; é p e r e n e e a d a p t a d o às c o n d i ç õ e s a m b i e n t a i s locais.

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D. Austin e 1. marabaensis D . Austin & S e c c o são e s p é c i e s n o v a s descritas a p a r t i r d o m a t e r i a l c o l e t a d o e m Carajás ( A U S T I N , 1 9 8 1 ; A U S T I N & S E C C O , 1988), s e n d o c o n s i d e r a d a s a t é o p r e s e n t e m o m e n t o c o m o e n d ê m i c a s d a q u e l a região e daquela comunidade vegetal. As duas primeiras são amplamente distribuídas em toda a área estudada, principalmente nos locais bem abertos, enquanto que /. marabaensis tem ocorrência restrita a certos locais. Vale s a l i e n t a r q u e /. marabaensis é u m a e s p é c i e p o l i m o r f a e a p r e s e n t a u m a certa s e m e l h a n ç a c o m /. cavaícantei, q u e j á é u m s í m b o l o d o " c a m p o r u p e s t r e " d e C a r a j á s , d i f e r i n d o i m e d i a t a m e n t e p o r a p r e s e n t a r corola m a i o r , i n f u n d i b u l i f o r m e , s é p a l a s t a m b é m maiores e os estames inclusos no tubo da corola. D o p o n t o de vista c o n s e r v a c i o n i s t a , e s t a s e s p é c i e s f i g u r a m e n t r e a s q u e d e m a n d a m g r a n d e a t e n ç ã o . P o r nunca terem sido registradas e m outras regiões, p o d e m ser consideradas em risco de extinção. O c o r r e m e x c l u s i v a m e n t e s o b r e as j a z i d a s de ferro. O gênero Ipomoea é r e p o r t a d o para outras áreas de j a z i d a s m i n e r a i s , c o m o as minas de cobre do Zaire e da R o d é s i a ( W I L D 1968/69; B R O O K S et al. 1 9 8 0 ) , o q u e d e m o n s t r a a c a p a c i d a d e do m e s m o de habitar tais a m b i e n t e s .

A f a m í l i a M e l a s t o m a t a c e a e é b e m r e p r e s e n t a d a n a flora brasileira, p o r é m n a á r e a e s t u d a d a f o r a m r e g i s t r a d a s somente sete espécies. Os gêneros Aciotis, Miconia e Tibouchina são de o c o r r ê n c i a c o m u m e m v e g e t a ç ã o savanóide. A espécie T. aspera Aubl. é um elemento b e m c a r a c t e r í s t i c o d a

v e g e t a ç ã o e m a n á l i s e ; é u m a r b u s t o perenifólio, regularmente distribuído em toda a área de c a n g a , d e m o n s t r a n d o preferência ao ambiente adverso dos locais escarpados e deficientes e m água, pelo menos durante u m a e s t a ç ã o . S e g u n d o R I Z Z I N I ( 1976) o g ê n e r o Tibouchina é u m e x e m p l o de arbusto xerofítico. A espécie T. aspera foi r e g i s t r a d a nos c a m p o s do A r i r a m b a - PA ( E G L E R , 1 9 6 0 ) ; n a s s a v a n a s d o S u r i n a m e ( D O N S E L A A R , 1969) e nas savanas de H u m a i t á - A M ( J A N S S E N , 1986).

A família E r y t h r o x y l a c e a e ficou r e p r e s e n t a d a p o r q u a t r o e s p é c i e s , sendo que Erythroxylum ligustrinum var. carajasense P l o w m a n e E. nelson-rosae P l o w m a n s ã o n o v o s t á x o n s d e s c r i t o s p a r a a f l o r a d e C a r a j á s ( P L O W M A N , 1 9 8 6 ) . S ã o e s p é c i e s c o n s i d e r a d a s e n d ê m i c a s d a á r e a . A m b a s s ã o p e r e n e s , p e r d e n d o p a r c i a l m e n t e a s f o l h a s d u r a n t e a e s t a ç ã o seca e b e m d i s t r i b u í d a s e m toda a área de c a n g a .

U m n ú m e r o e x p r e s s i v o d e f a m í l i a s a p r e s e n t o u n ú m e r o d e espécies m u i t o r e d u z i d o . Entre estas f a m í l i a s , a l g u m a s s ã o d e g r a n d e i m p o r t â n c i a na flora local c o m o u m todo, outras c a r a c t e r i z a m d e t e r m i n a d o grupo d e n t r o d a vegetação e outras são pouco expressivas da flora em estudo. As famílias serão agrupadas a seguir como:

F a m í l i a s c u j o s r e p r e s e n t a n t e s são, c o m u m e n t e , e l e m e n t o s arbóreos registrados e s p o r a d i c a m e n t e , fazendo parte do g r u p o " c a p õ e s de á r v o r e s " ou i s o l a d o s , ou a i n d a t í p i c o s d e á r e a s transicionais c o m a floresta:

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Tapiri ni guianensis Aubl. Anacardium microcarpum é u m a espécie típica de ambiente xerofítico e sua ocorrência tem sido bastante divulgada em áreas de cerrado ( R 1 Z Z I N I , 1 9 6 3 , 1 9 7 6 : G O O D L A N D & F E R R I , 1 9 7 9 ; RATTER, 1987). S e g u n d o P I R E S & PRANCE ( 1985), é u m a espécie típica de savana. Tapirira guianensis c uma das p o u c a s e s p é c i e s a r b ó r e a s registradas, de o c o r r ê n c i a rara e/ou restrita a o s " c a p õ e s d e á r v o r e s " . Segundo L I M A ( 1 9 5 4 ) e s t a é u m a espécie de floresta. P o r é m , tem sido registrada em v e g e t a ç ã o s a v a n ó i d e (EGLER, 1960; J A N S S E N , 1 9 8 6 ) . Nos herbários da região sua distribuição é registrada em mata de terra firme, cam-pos rupestres e campina.

R u t a c e a e , c o m a s e s p é c i e s Pilocarpus sp. e P. microphyllus Stapf. ex Wald. Esta f a m í l i a p a r e c e n ã o caracterizar a vegetação e m apreço. As duas e s p é c i e s s u p r a - c i t a d a s f o r a m registradas esporadicamente. Pilocarpus microphyllus é reconhecidamente u m a planta do sub-bosque da floresta; no presente estudo sua ocorrência deu-se nas áreas transicionais da canga com a floresta, em locais semi- sombreados.

Sapotaceae, c o m três e s p é c i e s . Franchetella parviflora Pires, é u m a das poucas espécies f o r m a d o r a s d o estrato arbóreo da á r e a de s a v a n a . Possui tronco tortuoso, casca espessa, fissurada. f o l h a s c r a s s a s , q u e s ã o características adaptativas à ambientes xéricos (RIZZINI, 1963).

Vochysiaceae, representada por uma e s p é c i e i n d e t e r m i n a d a e p o r Callisthene minor M a r t . , q u e é de grande importância na vegetação e m

estudo. É o principal c o m p o n e n t e d o e s t r a t o a r b ó r e o . T a x o n o m i c a m e n t e , e s t a e s p é c i e e s t á p r ó x i m a a C. microphyllus, q u e . s e g u n d o P I R E S (1973), é u m e l e m e n t o característico das caatingas do Piauí.

F a m í l i a s c u j a m a i o r i a d a s e s p é c i e s e s t á d i s t r i b u í d a e m t o d a a vegetação savanóide, principalmente nos locais escarpados. São, n o r m a l m e n t e , escandentes ou pequenos arbustos, perenes, com adaptações xeromórficas bem visíveis. São incluídas neste g r u p o famílias cujos r e p r e s e n t a n t e s s ã o d e o c o r r ê n c i a e s p o r á d i c a , p o r é m a s s e m e l h a m - s e f i s i o n o m i c a m e n t e à s e s p é c i e s d o cerrado, m o s t r a n d o - s e b e m a d a p t a d a s às condições xerofíticas. Estas famílias são as seguintes:

A p o c y n a c e a e , r e p r e s e n t a d a n a v e g e t a ç ã o a b e r t a d e C a r a j á s p o r q u a t r o e s p é c i e s .

A r a c e a e , r e p r e s e n t a d a p e l a s espécies Anthurium solitarium (Veil.) Schott. e Philodendron sp.

B r o m e l i a c e a e , r e p r e s e n t a d a p o r q a u t r o e s p é c i e s , s e n d o d u a s b e m distribuídas na v e g e t a ç ã o e m e s t u d o . S ã o e l a s : Ananas ananassoides (Bakes) L . B . Smith e Dyckia duckei L . B . S m i t h , a m b a s p e r e n e s e m u i t o r e s i s t e n t e s à falta d e á g u a . Ananas ananassoides o c o r r e t a m b é m n a s s a v a n a s d e H u m a i t á ( J A N S S E N , 1986) e D. duckei n o s c a m p o s d o A r i r a m b a ( E G L E R , 1960).

C a c t a c e a e , c o m as e s p é c i e s Pilocereus sp. e Phyllocactus phylanthiis (L.) Link, de ocorrência esporádica.

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n a á r e a e s t u d a d a . S ã o s u b a r b u s t o s perenes que p e r d e m parte da folhagem e t e r m i n a ç õ e s d o s r a m o s na e s t a ç ã o seca. São bem ramificadas desde a base. E m b o r a estas e s p é c i e s p a r e ç a m b e m adaptadas ao ambiente savanícola, não são citadas para outras savanas.

M a r c g r a v i a c e a e , r e p r e s e n t a d a p o r u m a ú n i c a e s p é c i e : Norantea goyazensis C a m b e s s . , q u e é u m v e g e -tal de hábito de crescimento muito sin-gular. S u a f o r m a m a i s e x p r e s s i v a é c o m o a r b u s t o de 1,00 - 1,80 m d e altura, c o p a b e m c o n f o r m a d a , a partir d a q u a l a l g u n s r a m o s t o r n a m - s e e s c a n d e n t e s e d e c u m b e m s o b r e as rochas, p a s s a n d o a crescer em forma d e l i a n a , a l c a n ç a n d o a t é 10 m d e c o m p r i m e n t o ; e m seguida, há e m i s s ã o de raízes na região das g e m a s axilares; c o m o passar do t e m p o a região entre o s n ó s m o r r e , e n t ã o as g e m a s a í e x i s t e n t e s b r o t a m d a n d o o r i g e m a n o v o s i n d i v í d u o s , r e p r e s e n t a n d o u m t i p o d e p r o p a g a ç ã o v e g e t a t i v a . A e s p é c i e floresce nos m e s e s de agosto e setembro, é p o c a mais seca na região. Velloziaceae apresenta as espécies Vellozia sp. e V glochidea Pohl. Esta última o c o r r e m a i s a b u n d a n t e m e n t e q u e a primeira. São plantas tunicadas, cujas bainhas das folhas são persistentes e sobrepostas formando um p s e u d o - c a u l e . D e a c o r d o c o m R I Z Z I N I ( 1 9 7 6 ) , esta família é c o m u m nos c a m p o s elevados d o B r a s i l , d a Á f r i c a e d o s A n d e s . S e g u n d o JOLY (1970), o gênero Vellozia ocorre nos campos rupestres de Minas Gerais e Goiás. Este gênero parece ser bem adaptado aos substratos rochosos sobre j a z i d a s m i n e r a i s , e foi reportado por D U V I G N E A U D (1958) para os solos

metalíferos do K a t a n g a (África); por H O W A R D - W I L L I A M S (1970, 1971) para as m i n a s de c o b r e de South Hill (África C e n t r a l ) ; W I L D ( 1 9 6 8 , 1969) p a r a os s o l o s de c o b r e d a R o d é s i a ; J A C O B S E N ( 1 9 7 0 ) para as m i n a s de c o b r e d e S i l v e r S i d e , e W I L D & B R A D S H A W ( 1 9 7 7 ) para os solos de s e r p e n t i n a da R o d é s i a . E s t a família p a r e c e ser característica de formações rupestres (ex. e m M a t o G r o s s o ) .

Verbenaceae, c o m duas espécies. Lippia granais é b e m a d a p t a d a às c o n d i ç õ e s a m b i e n t a i s l o c a i s . E u m subarbusto perene, distribuído e m toda a área de c a n g a , p r i n c i p a l m e n t e nos locais e s c a r p a d o s .

V i t a c e a e , r e p r e s e n t a d a p e l a s espécies Cissus erosa L.C. Rich, e C. sulcicaulis B a k e r , a b u n d a n t e s n a vegetação de canga.

F a m í l i a s d e o c o r r ê n c i a esporádica, restritas a locais especiais, n o r m a l m e n t e o n d e é p o s s í v e l o a c ú m u l o de á g u a p e l o m e n o s durante u m período do ano. Porém, nos lugares onde o c o r r e m são a b u n d a n t e s , d a n d o idéia de a g l o m e r a d o s . N o r m a l m e n t e s ã o e r v a s a n u a i s , cujo ciclo vital se completa no período chuvoso. São elas: Begoniaceae {Begonia guianensis A. DC. e Β. humilis A. D C ) ; B u r m a n i a c e a e (Burmania cf. bicolor M a r t . ) ; E r i o c a u l a c e a e (Paepalanthus cf. fasciculatus var. icanensis H e r z o g ,

Syngonanthus gracilis (Bong.) Ruhl., 5. caulescens v a r . angustifolia e Eriocaulon affaquatile K o e r n . ) ; G e n t i a n a c e a e (Schultesia pohliana Pr.

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L., U. obtusa S w . ) ; O c h n a c e a e (Ouratea castanaefolia (DC.) Engl., 0. paraensis H u b . e Sauvagesia tenella Lam.); Polygalaceae (Polygala variabilis H.B.K. e P. spectabilis D C ) ; Turneraceae (Turnera glaziovii Urb. e Piriqueta cf. cistoides (L.) Griseb.) e X y r i d a c e a e (Xyris aff. longiceps Malme e X. laxifolia Mart.).

F i n a l m e n t e , a s f a m f l i a s d e ocorrencia esporadica. As especies que c o m p o e m e s t e g r u p o p o d e m s e r consideradas ocasionais. As famflias e respectivas especies formadoras deste grupo sao as seguintes: A c a n t h a c e a e (Ruellia sp.); Annonaceae (Guatteria poeppigiana M a r t . e Xylopia s p . ) ; C h r y s o b a l a n a c e a e (Licania egleri Prance e Acioa sp.); D i o s c o r e a c e a e (Dioscorea sp. e D. huberi R. K u n t h ) ; Flacourtiaceae (Casearia arborea (L.C. Rich.) U r b a n ) ; H i p p o c r a t e a c e a e (Hippocratea cf. volubilis L.); Humiriaceae (Saccoglottis mattogrossensis M a l m e ) ; Loranthaceae (Phthirusa paniculata (H.B.K.) M a c b r . ) ; M a r a n t a c e a e (Maranta sp.) M e n i s p e r m a c e a e (Cissampelos andromorpha D C . e Sciadotenia cf. paraensis ( E i h l . ) Dicl.); N y c t a g i n a c e a e (Neea s p . ) ; Olacaceae (Heisteria ovata B e n t h . ) ; Palmae (Oenocarpus distichus Martius); P o l y g o n a c e a e (Coccoloba latifolia L a m . ) ; P o l y p o d i a c e a e (Polypodium triseriale S w . ) ; Proteaceae (Roupala montana Aubl.); S m i l a c a c e a e (Smilax campestris Griseb.) e S t e r c u l i a c e a e (Melochia villosa (Will.) Fawc. & Rendle.

Muitas das especies registradas na flora em e s t u d o a p r e s e n t a m - s e amplamente d i s t r i b u i d a s e m o u t r a s

r e g i S e s , a m a i o r i a f a z e n d o p a r t e de c o m u n i d a d e s vegetais a b e r t a s c o m o : c a m p i n a ( c a a t i n g a a m a z o n i c a , A M ) ; c e r r a d o , c a m p o r u p e s t r e , e t c , s e n d o m e n o s c o m u m e m a r e a s f l o r e s t a i s . P o r e m , e s p e c i e s tfpicas d e s a v a n a s c o m o Hancornia speciosa, Curatella americana, Qualea grandiflora, Byrsonima crassifolia, Antonia ovata, Tabebuia caraiba, Salvertia convallariodora, Palicourea rigidifolia ( E G L E R , 1960; D O N S E L A A R , 1969; L E D O U X , 1969; PIRES & P R A N C E ,

1 9 8 5 ; J A N S S E N , 1986) n a o f o r a m registradas na f l o r a d e C a r a j a s . N o entanto, estas especies sao citadas para outras areas d a A m a z o n i a , c o m o os c a m p o s do A r i r a m b a ( E G L E R , 1960), as s a v a n a s d o A m a p a ( L E D O U X ,

1 9 6 9 ) , as s a v a n a s d e H u m a i t a ( J A N S S E N , 1986) e as s a v a n a s d e R o r a i m a ( R O D R I G U E S 1971), o n d e t a m b e m o c o r r e m v a r i a s o u t r a s especies c o m u n s a Carajas.

A flora e s t u d a d a d e C a r a j a s a p r e s e n t a u m n i i m e r o e x p r e s s i v o de provaveis endemfsmos. Ja foram descritos dez novos taxons para aquela area. A maioria dessas especies e de ocorrencia restrita a Carajas e consideradas, ate o momento, como endemicas.

O alto grau de endemismo sugere que esta vegetafao isolada sofreu u m processo de especia?ao devido as pressoes a m b i e n t a i s locais, r e s u l t a n d o e m u m numero expressivo de novos taxons.

Polinizacao e Dispersao (Notas

preliminares)

(22)

de campo na Serra dos Carajás.

A o f e r t a d e p ó l e n e n é c t a r é grande η a época úmida, quando as plantas utilizam as mais variadas estratégias de a t r a ç ã o a o s p o l i n i z a d o r e s . N o c a s o d a q u e l a s cujas flores são brancas ou pálidas e pequenas, é m u i t o c o m u m r e u n i r e m - s e e m a g l o m e r a d o s , c o m p o n d o u m tapete de atração, c o m o nas e s p é c i e s de Riencourtia, Borreria, Richardia e certas Eriocaulaceae (com c a p í t u l o s m a r r o n s - p á l i d o s ) . E m Perama carajaensis Kirkbride temos i n f l o r e s c ê n c i a s d e l i c a d a s e m " c a n d e l a b r o s " , q u e s e a g r u p a m f o r m a n d o u m a " n u v e m " de p e q u e n a s f l o r e s b r a n c a s . A l g u m a s e s p é c i e s r e c o r r e m a s í n d r o m e s que l e m b r a m a f o r m a d e i n s e t o s , c o m o c e r t a s L e g u m i n o s a e c u j o s e s t a m e s e s t ã o r e t i d o s n o i n t e r i o r d e p é t a l a s especializadas (vexilos) e a morfologia floral i m i t a o a s p e c t o de b o r b o l e t a . Outras, c o m flores inconspícuas, c o m o Lippia granais S c h a w (planta medici-nal) e x a l a m cheiro do óleo essencial q u e c o n t é m , o q u e p a r e c e ser u m a estratégia de atração aos polinizadores. As Ipomoea formam u m grupo à parte, p o s s i v e l m e n t e o m a i s e x p r e s s i v o d a v e g e t a ç ã o " r u p e s t r e " de Carajás, em termos de m o d o de atração ao agente polinizador. Suas corolas sempre b e m coloridas, quer espalhadas rasteiramente ou aderidas em outras plantas, são bastantes atrativas p a r a os i n s e t o s . Ipomoea cavalcantei Austin, além de sua flor muito a t r a e n t e , d e c e r c a de 4 a 5 c m de comprimento, de cor purpura brilhosa, apresenta e s t a m e s e x p o s t o s a c i m a da constrição da corola e o hábito rastejante e volúvel, e n r a m a n d o - s e e m q u a l q u e r

espécie mais próxima, garantindo u m a e x p o s i ç ã o m á x i m a a o s polinizadores. P o r o u t r o l a d o , o s e s t a m e s d e s s a e s p é c i e s ã o m u i t o a p r e c i a d o s p o r i n s e t o s , s e n d o b a s t a n t e c o m u m e n c o n t r á - l o s r o í d o s n a s c o r o l a s . P a r e c e u - n o s u m c a s o interessante de a s s o c i a ç ã o p l a n t a / i n s e t o , p o i s o s insetos p a r t i c i p a m da p o l i n i z a ç ã o da p l a n t a , o b t e n d o e s t a m e s e n é c t a r (através do ato de roer o tubo das corolas) como alimento. As demais Ipomoea de Carajás m a n t ê m os e s t a m e s na parte intema da corola tubulosa.

A l é m de suas inflorescências e m e s p i g a s b r a n c a s e v i s t o s a s , Mimosa acutistipula e x a l a u m p e r f u m e adocicado que pode funcionar como uma possível atração aos polinizadores. Mimosa somnians H . B . K . t e m s e u s c a p í t u l o s rosados, bem destacados na p a i s a g e m , e s u a f l o r a ç ã o n ã o o c o r r e simultaneamente c o m M. acutistipula. E n t ã o , o o d o r e a é p o c a de floração diferente t a m b é m p a r e c e m contribuir c o m o e s t r a t é g i a s u t i l i z a d a s p e l a s p l a n t a s r u p e s t r e s v i s a n d o a polinização. Melochia villosa, c o m seu c r e s c i m e n t o e s q u a r r o s o ( e s p a l h a d o ) , c o m os r a m o s d i s p o n d o - s e de m o d o e s t r e l a d o , p a r e c e e v i d e n c i a r u m a estratégia de polinização na vegetação "rupestre" d e Carajás. N o caso de Cro-ton sp, p l a n t a d e alta r e s i s t ê n c i a às adversidades de solo e temperatura nos campos, seus estames branco-leitosos, pequeninos, expõem-se ao máximo em substituição às pétalas que são ausentes.

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Tabela 1. Relacao das especies registradas sobre canga hematftica (vegetacao rupestre) na Serra  Norte - Carajas (PA)

Referências

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