PARALISIAS MÚLTIPLAS DE NERVOS ENCEFÁLICOS PRODUZIDAS
POR NEOPLASIAS DA BASE DO CRÂNIO
HORACIO M . CANELAS * OSWALDO FREITAS JULIÃO *
Os tumores da base do crânio, quer primitivamente intracranianos, quer
provenientes da nasofaringe ou de outras origens extracranianas, constituem
importante capítulo da neuropatologia, não só pela gravidade dos quadros
que se estabelecem, como pelo freqüente atraso com que são reconhecidas,
e ainda pelas questões diagnósticas que podem levantar.
Mesmo nos tumores de origem extracraniana, as primeiras manifestações
podem consistir em distúrbios neurológicos, o que poderá desorientar o
clí-nico, fazendo-o pensar em processos de outra etiologia. O êrro se
funda-menta no fato de que, freqüentemente, tais tipos de neoplasia não
deter-minam sinais de hipertensão intracraniana, o que levaria a afastar a etiologia
tumoral. Outro fator de confusão reside em que o próprio estudo
radio-lógico, em fases relativamente precoces do processo neoplásico, pode não
revelar as alterações que seriam de esperar.
Os tumores primitivos ou secundários da base do crânio caracterizam-se,
do ponto de vista neurológico, por comprometimento dos nervos cranianos.
Nas neoplasias primitivamente intracranianas não há, habitualmente,
siste-matização quanto às paralisias, que se associam de variada forma, segundo
a topografia inicial do blastoma. Nos tumores de origem extracraniana,
porém, a invasão da base, através de aberturas naturais ou de erosões
pa-tológicas, se faz em geral na fossa média, compreendendo-se, assim, que os
nervos inicialmente atingidos sejam os motores oculares e o trigêmeo;
con-figura-se, dessa maneira, muitas vêzes, uma síndrome de Jacod
5 6, que
pro-gressivamente se enriquece, a ponto de, eventualmente, verificar-se o
com-prometimento unilateral de todos os nervos cranianos.
Além do caráter progressivo com que as paralisias se sucedem, há um
dado de grande importância diagnóstica, que é a unilateralidade
habitual-mente apresentada por essas síndromes.
Não nos preocuparemos com as numerosas síndromes parciais de
com-prometimento associado de nervos cranianos que, de regra, constituem meros
instantâneos da evolução do processo neoplásico. A meta final será o
es-tabelecimento de uma síndrome paralítica global, que, por ter sido
esmiu-çada e valorizada por Garcin
4 1, lhe deve com propriedade a eponimia.
Valendo-nos da oportunidade que tivemos de observar 10 casos de
pa-ralisias múltiplas, unilaterais, de nervos cranianos, julgamos de interesse
apresentá-los, mesmo porque são ainda escassas as publicações brasileiras
versando êste tema. Numa revisão da literatura nacional, pelo que
pude-mos apurar, apenas computapude-mos os casos registrados por Clark
2 6(1929),
Linneu Silva e c o l .
1 1 8(1930), Toledo e G a m a
1 2 4(1938), O s ó r i o
9 0(1947),
Aprigliano
5(1947), Aboab e col.
1(1954), Cruz e Tenuto
3 2(1959) e
Re-zende Barbosa e col.
9 9(1959).
Na literatura estrangeira são numerosos os trabalhos sôbre o assunto,
sendo a maioria representada por contribuições sôbre os tumores malignos
da nasofaringe.
O estudo destas neoplasias iniciou-se em 1837, com o caso descrito por
Durand-Fardel
3 5. A invasão do crânio, entretanto, só foi registrada em
1859, num caso de câncer faríngeo referido por Lotzbeck (cit. por J a c k s o n
5 4) .
S c h w e i c h
1 1 5e Verneuil (cit. por W o l t m a n
1 3 6) , em 1867, relataram a
exis-tência de paralisias de nervos cranianos produzidas por sarcoma basilar. Em
1873, F l o u r
3 8registrou o primeiro caso de carcinoma da rinofaringe com
sintomatologia neurológica. Em 1901, E s c a t
3 6ressaltou a precocidade da
neuralgia facial nessas eventualidades. Lavai
6 5(1904) sistematizou as
for-mas clínicas e evolutivas dessas neoplasias. Em 1913, Oppikofer
8 8já
con-seguiu computar 250 casos de tumores rinofaríngeos registrados na
litera-tura e descreveu 21 casos, incluindo 15 com estudo necroscópico, 8 dos quais
apresentavam distúrbios neurológicos; Oppikofer salientou a ocorrência
pre-coce de enfartamentos de gânglios cervicais, de sintomas auditivos por
obs-trução tubária e de comprometimento de nervos cranianos, assim como a
ausência de sinais de hipertensão intracraniana e a preservação da dura
mater, que seria responsável pela habitual ausência de sinais de lesão
en-cefálica. Em 1922, W o l t m a n
1 3 6estudou particularmente as lesões
neuro-lógicas determinadas por essas neoplasias, realçando a precocidade com que
se instalam as paralisias de nervos cranianos, o que poderá levar à idéia
errônea de lesão primitivamente intracraniana.
N e e d l e s
8 4, em 1937, estudou o componente neurológico da
sintomatolo-gia dos tumores da rinofaringe e, além de dar o justo valor às contribuições
pioneiras de E s c a t
3 6e Oppikofer
8 8, fêz um estudo minucioso de vários
as-pectos fundamentais do problema. Em 1944, Godtfredsen
4 4reviu
pormeno-rizadamente a literatura e, baseado em 454 casos de neoplasias da
rinofa-ringe recolhidos em Serviços dinamarqueses e suecos, estudou
aprofundada-mente a histopatologia, o quadro clínico e o tratamento dêsses blastomas;
note-se que, de 172 casos com manifestações neuroftalmológicas, apenas 4
apresentavam paralisias múltiplas (sete ou mais nervos) de pares cranianos.
Pela expressiva casuística merecem referência especial os trabalhos de
Simmons e A r i e l
1 1 9, Mekie e L a w l e y
7 7, S c e v o l a
1 1 4, Martin e B l a d y
7 4,
Mo-l o n y
8 0, Kasabach
5 8, Furstenberg
4 0, Zuppinger
1 3 8, Salinger e Pearlman
1 1 3Bartels
1 3, e particularmente os de Oya e S e g o v i a
9 1, O r b á n
8 9, Rosenbaum
e Seaman
111, Insausti e col.
5 3, Arana íñiguez e col.
6, Riggs e col.
1 0 2, Henson
e col.
5 1, W e i s s
1 3 2, Romay e B l u m t r i t t
1 0 8, Asenjo e col.
7e Babonneix e
Sig-w a l d
1 1, em que as manifestações neurológicas foram estudadas com mais
minúcias. Além dêsses trabalhos sobressaem os registros de casos de
sín-drome paralítica global de nervos cranianos, de autoria de P a r d a l
9 5, Paviot
e col.
9 7, Charleux e col.
2 3, Léchelle e col.
3 6, André-Thomas
4, Monier-Vinard
e Brunel
8 1, Staffieri e col.
1 2 2, Martinez e L e v i t
7 5, Montanaro e col.
8 2,
Voto-Bernales e col.
1 3 1, Baasch
1 0, Coulliaud-Maisonneuve e Mondzain
3 0, Lafon
e col.
6 2.
Em 1927, após ter registrado dois casos pessoais
47, 1 3 5, Garcin publicou
sua t e s e
4 1sôbre as paralisias unilaterais globais dos nervos cranianos, na
qual reviveu o assunto sob novos ângulos e, baseado em observações
pes-soais e em outras recolhidas na literatura, estabeleceu um marco
fundamen-tal na história dessas síndromes. Além de realçar o valor do exame
radio-lógico, coube a Garcin o mérito de valorizar os seguintes dados para o
diagnóstico: a) unilateralidade das-paralisias; b) extensão a todos os
ner-vos cranianos; c) ausência de sinais de hipertensão intracraniana; d)
ine-xistência de sinais de comprometimento do sistema nervoso central.
C A S U Í S T I C A P E S S O A L
C A S O 1 — Síndrome paralítica global dos nervos cranianos, à direita. Altera-ções radiológicas da base do crânio. Tumor da rinofaringe e conduto auditivo ex-terno, à direita. Biopsia da neoplasia: sarcoma mixoblástico.
V.J., c o m 10 a n o s d e i d a d e , p a r d o , b r a s i l e i r o , e x a m i n a d o na C l í n i c a N e u r o l ó g i c a e m 3-10-1946 ( r e g . H C 048250). A m o l é s t i a p r i n c i p i o u a m a n i f e s t a r - s e h á 40 dias, a p r o x i m a d a m e n t e , c o m d e s v i o d o ô l h o d i r e i t o p a r a d e n t r o ; p o u c o t e m p o d e p o i s , d o r e s n o o u v i d o d i r e i t o e na g a r g a n t a , d i f i c u l d a d e na m o v i m e n t a ç ã o da l í n g u a e na d e g l u t i ç ã o , d e s v i o da b ô c a p a r a a e s q u e r d a . H á 15 d i a s , q u e d a da p á l p e b r a s u p e r i o r d i r e i t a . T o n t u r a s , e s p e c i a l m e n t e n o p e r í o d o m a t i n a l . Ù l t i m a m e n t e , l i g e i r a s d o r e s na r e g i ã o f r o n t a l d i r e i t a e f a c e i p s o l a t e r a l d o p e s c o ç o . D i s f o n i a . N ã o há r e f l u x o d e a l i m e n t o s p e l o n a r i z . N e g a c e f a l é i a e v ó m i t o s . Exame clínico — A d e -n o p a t i a i -n f r a - a u r i c u l a r , à d i r e i t a . A b a u l a m e -n t o d o h e m i p a l a t o m o l e d i r e i t o por t u m o r d a n a s o f a r i n g e , d e s u p e r f í c i e i r r e g u l a r . C o n d u t o a u d i t i v o d i r e i t o c h e i o de t e c i d o v e g e t a n t e , d e s u p e r f i c i e g r a n u l o s a e s a n g r a n t e . O e x a m e d o a p a r e l h o c á r d i o -r e s p i -r a t ó -r i o é n o -r m a l . F í g a d o p a l p á v e l a u m d e d o a b a i x o d o -r e b o -r d o c o s t a l , i n d o l o -r .
Exames complementares — Liqüido cefalorraqueano ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : p r e s s ã o i n i c i a l 20; l í m p i d o e i n c o l o r ; a u s ê n c i a d e a l t e r a ç õ e s q u í m i c a s o u b i o l ó g i c a s . Craniograma: t u m o r d a r e g i ã o c r a n i o f a r í n g e a d i r e i t a , d e s t r u i n d o o a n d a r m é d i o d o c r â n i o , à d i r e i t a , n u m a e x t e n s a z o n a q u e a b r a n g e a p e q u e n a asa d o e s f e n ó i d e , o f u n d o da ó r b i t a , os f o r a m e s r e d o n d o , o v a l e e s p i n h o s o , a p o n t a d a p i r â m i d e , o c o n -d u t o a u -d i t i v o i n t e r n o e o c o n t ô r n o a n t e r i o r -d o f o r a m e j u g u l a r ; o t u m o r i n v a -d e t a m b é m os seios e t m o i d a l e e s f e n o i d a l d i r e i t o s ; e r o s ã o d a p a r e d e a n t e r i o r d o c o n -d u t o a u -d i t i v o e x t e r n o e -do r e b o r -d o i n f e r i o r -d a a r c a -d a z i g o m á t i c a . Biopsia -da massa tumoral da nasofaringe e do conduto auditivo: s a r c o m a m i x o b l á s t i c o .
C A S O 2 — Síndrome paralítica dos nervos cranianos III a XII, à direita. Al-terações radiológicas da base craniana. Tumor da rinofaringe e conduto auditivo externo, à direita. Necropsia: carcinoma planocelular sólido.
Exame neurológico — D i s c r e t o e m b o t a m e n t o p s í q u i c o . N o s m e m b r o s , a m o t i -l i d a d e v o -l u n t á r i a e n c o n t r a - s e c o n s e r v a d a , e m b o r a a f ô r ç a m u s c u -l a r e s t e j a d i m i n u í d a d e m o d o g e r a l ; c o o r d e n a ç ã o c i n é t i c a e t o n o m u s c u l a r n o r m a i s ; m a r c h a u m t a n t o i n c e r t a , c o m p e q u e n o a l a r g a m e n t o d a b a s e de s u s t e n t a ç ã o . R e f l e x o s a q u i l e u s ausentes, p a t e l a r e s e a b d o m i n a i s d i m i n u í d o s ; n o r m a i s os r e s t a n t e s . S e n s i b i l i d a d e o b -j e t i v a c o n s e r v a d a . L i g e i r a h i p e r e s t e s i a nos m e m b r o s d i r e i t o s . Nervos cranianos: E x o f t a l m o à d i r e i t a ; o p a c i d a d e d o c r i s t a l i n o d e a m b o s os o l h o s , i m p o s s i b i l i t a n d o o e x a m e dos fundos o c u l a r e s . O f t a l m o p l e g i a t o t a l à d i r e i t a ( p t o s e p a l p e b r a l , i m o -b i l i d a d e d o g l o -b u l a r o c u l a r e m i d r í a s e ) . D o r e s e h i p e r e s t e s i a na h e m i f a c e d i r e i t a ; r e f l e x o c o r n e a n o p r e s e n t e ; m o t i l i d a d e dos m ú s c u l o s m a s t i g a d o r e s c o n s e r v a d a ; a o e x a m e e l é t r i c o , t e n d ê n c i a à c o n t r a ç ã o l e n t a n o t e m p o r a l d i r e i t o . P a r a l i s i a f a c i a l à d i r e i t a , c o m s í n d r o m e e l é t r i c a d e d e g e n e r a ç ã o p a r c i a l ; a g e u s i a na m e t a d e d i r e i t a d o s dois t e r ç o s a n t e r i o r e s da l í n g u a . S u r d e z à d i r e i t a ; a r r e f l e x i a v e s t i b u l a r ipso-l a t e r a ipso-l . R e f ipso-l e x o f a r í n g e o a b o ipso-l i d o p e ipso-l a s e x c i t a ç õ e s à d i r e i t a ; d i s g e u s i a n o t ê r ç o p o s t e r i o r da h e m i l í n g u a d i r e i t a . P a r a l i s i a do v é u d i r e i t o ; d i s f a g i a . H i p o t o n i a dis-c r e t a d o e s t e r n o dis-c l i d o m a s t ó i d e o e t r a p é z i o à d i r e i t a ; a o e x a m e e l é t r i dis-c o , i g u a l d a d e p o l a r n o e s t e r n o c l i d o m a s t ó i d e o d i r e i t o . P a r e s i a , h i p o t o n i a e f a s c i c u l a ç õ e s d a h e m i -l í n g u a d i r e i t a .
Exames complementares — Craniograma: a m p u t a ç ã o d o á p i c e d a p i r â m i d e d i -r e i t a , d e t i p o e -r o s i v o , i n c l u i n d o o m e a t o a c ú s t i c o i n t e -r n o ; e -r o s ã o d o s o a l h o da fossa m é d i a , d e l i m i t e s i m p r e c i s o s ; s e l a t u r c a e m a s t ó i d e s n o r m a i s ; a u s ê n c i a d e s i n a i s d e h i p e r t e n s ã o ou c a l c i f i c a ç õ e s p a t o l ó g i c a s . Liqüido cefalorraqueano ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : p r e s s ã o i n i c i a l 10; l í m p i d o e i n c o l o r ; 17,4 c é l u l a s / m m3
( l i n f o c i t o s e ) ; p r o t e í n a s 15 m g / 1 0 0 m l ; r e a ç õ e s de P a n d y e N o n n e l e v e m e n t e p o s i t i v a s ; o u t r a s r e a ç õ e s n o r m a i s . Biopsia da massa tumoral da nasofaringe e do ouvido: c a r c i n o -m a s ó l i d o .
Evolução — O p a c i e n t e p i o r o u p r o g r e s s i v a m e n t e , e n t r a n d o e m c a q u e x i a . F a l e -ceu e m 16-9-1946. Necropsia ( S S 23568/46, D r . José L o p e s d e F a r i a ) : A b a u l a m e n t o d i s c r e t o e i r r e g u l a r d a b a s e d o c r â n i o , à d i r e i t a , desde o á p i c e d a ó r b i t a a t é o f o -r a m e j u g u l a -r ; a -r e g i ã o é -r e c o b e -r t a p e l a d u -r a m a t e -r , espessada e m a l g u m a s á -r e a s e a p r e s e n t a n d o s a l i ê n c i a s c o m a s p e c t o p a p i l o m a t o s o . Os n e r v o s c r a n i a n o s V I I a X I I , n o s e g m e n t o i n t r a c r a n i a n o , a p r e s e n t a m - s e c o m p r o m e t i d o s p e l o t u m o r . U m c o r t e s a g i t a l m e d i a n o d a b a s e d o c r â n i o m o s t r a t e c i d o d e c ô r e s b r a n q u i ç a d a , d e t e x t u r a f r o u x a , f r i á v e l , i n v a d i n d o a sela t u r c a e l â m i n a q u a d r i l á t e r a , c h e g a n d o a t é o r e -b o r d o a n t e r i o r do f o r a m e o c c i p i t a l . L e p t o m e n i n g e l i g e i r a m e n t e espessada. T r o n c o s a r t e r i a i s da b a s e c o m a t e r o m a t o s e . A f a c e o r b i t á r i a d o l o b o f r o n t a l d i r e i t o a p r e s e n t a e x t e n s a á r e a d e a m o l e c i m e n t o , i n t e r e s s a n d o o c ó r t e x e a p o r ç ã o i m e d i a t a -m e n t e p r ó x i -m a d a s u b s t â n c i a b r a n c a ; o -m e s -m o se o b s e r v a d o l a d o e s q u e r d o , p o r é -m , a q u i a á r e a d e a m o l e c i m e n t o é p e q u e n a e d e s t r ó i a p e n a s a s u b s t â n c i a b r a n c a . N o s c o r t e s f r o n t a i s o b s e r v a - s e d i s c r e t a c o n g e s t ã o v a s c u l a r e m t o d o o c é r e b r o , l i g e i r a d i l a t a ç ã o dos v e n t r í c u l o s l a t e r a i s e d o t e r c e i r o . N o r o m b e n c é f a l o , m a s s a de t e c i d o n e o p l á s i c o a d e r e n t e à l e p t o m e n i n g e q u e r e c o b r e o f l ó c u l o c e r e b e l a r d i r e i t o . O rest a n rest e da a u rest ó p s i a r e v e l o u , d e i n rest e r ê s s e , h i p e r rest r o f i a dos g â n g l i o s l i n f á rest i c o s r e rest r o f a r í n g e o s s u p e r i o r e s e i n f i l t r a ç ã o c a r c i n o m a t o s a d o n a s o f a r i n g e , c o m i n f l a m a ç ã o c r ô -n i c a f i b r o s a -n t e . Diag-nóstico histopatológico do tumor da base cra-nia-na: c a r c i -n o m a p l a n o c e l u l a r , d e c é l u l a s i n t e r m e d i á r i a s , s ó l i d o .
C A S O 3 — Síndrome paralítica global dos nervos cranianos à direita ( I I ao XII). Tumor da região parotídea direita. Ao exame radiológico, áreas de osteólise na abóbada e base cranianas e nódulo no campo pulmonar direito. Metástases gan-glionares. Necropsia: carcinoma sólido da base do crânio.
e m o u t r o S e r v i ç o de N e u r o l o g i a ( E s c o l a P a u l i s t a de M e d i c i n a ) , o n d e f o i v e r i f i c a d a a e x i s t ê n c i a d e p a r a l i s i a do V a o X I n e r v o s c r a n i a n o s d i r e i t o s ; a t u m o r a ç ã o da r e g i ã o p a r o t í d e a a p r e s e n t a v a , e n t ã o , sinais i n f l a m a t ó r i o s ; o e x a m e d o l i q ü i d o c e f a -l o r r a q u e a n o r e v e -l o u , de a n o r m a -l , a p e n a s 9 c é -l u -l a s / m m3
( l i n f o m o n o n u c l e a r e s ) ; o c r a n i o g r a m a m o s t r o u v e l a m e n t o dos o r i f í c i o s da fossa m é d i a ; a p n e u m o c i s t e r n o g r a f i a n ã o e v i d e n c i o u a n o r m a l i d a d e s das c i s t e r n a s p r é - p o n t i n a , i n t e r p e d u n c u l a r e a m b i e n s . A t u m o r a ç ã o f o i i n c i s a d a , d r e n a n d o pus, e a p a c i e n t e f o i t r a t a d a c o m a n t i b i ó t i c o s . E m d e z e m b r o 1960 m a n i f e s t a r a m - s e ptose p a l p e b r a l e d i m i n u i ç ã o da a c u i d a d e v i s u a l à d i r e i t a . Exame clínico — P a c i e n t e e m m a u e s t a d o g e r a l . T u m o r a ç ã o na r e g i ã o p a r o t i d e a d i r e i t a . D o i s n ó d u l o s m o l e s , i n d o l o r e s , nas r e g i õ e s f r o n t a l e t e m p o r a l d i r e i t a s ; t r ê s g â n g l i o s r e t r o - a u r i c u l a r e s à d i r e i t a e um à e s q u e r d a ; um g â n g l i o s u p r a c l a v i c u l a r à d i r e i t a .
d a h e m i l í n g u a . A c e n t u a d a h i p o a c u s i a ; a r r e f l e x i a v e s t i b u l a r . P a r a l i s i a v e l o f a r í n g e a . P a r a l i s i a dos m ú s c u l o s e s t e r n o c l i d o m a s t ó i d e o e t r a p é z i o . H e m i l í n g u a a t r ó f i c a , desv i a n d o s e p a r a a d i r e i t a na p r o t r u s ã o . À e s q u e r d a , a p e n a s h i p o e s t e s i a na h e m i -f a c e , s e n d o n o r m a i s a s e n s i b i l i d a d e c o r n e a n a e o r e -f l e x o c o r n e o p a l p e b r a l .
Exames complementares — Craniograma: g r a n d e s f o c o s de o s t e ó l i s e nas r e g i õ e s f r o n t a l e p a r i e t o t e m p o r a l d i r e i t a s ; d e s t r u i ç ã o d o s o a l h o s e l a r e d o c l i v u s ; e x t e n s o p r o c e s s o o s t e o l í t i c o da p o n t a e p o r ç ã o p r o x i m a l da p i r â m i d e d i r e i t a ( s i n a i s de m e -t á s -t a s e s o s -t e o l i -t i c a s ) ; na p o s i ç ã o d e H i r -t z o b s e r v a - s e i n v a s ã o d o c r â n i o p e l o -t u m o r , d e t e r m i n a n d o v e l a m e n t o dos seios e s f e n o i d a i s . Carótido-angiografia d i r e i t a : a r t é r i a c e r e b r a l m é d i a d e s l o c a d a p a r a c i m a , s e g u i n d o t r a j e t o s i n u o s o ; a. c e r e b r a l a n t e r i o r d e l g a d a d e s d e sua o r i g e m , c o m t r a j e t o s e n s i v e l m e n t e n o r m a l ; n ã o h á sinais de c i r -c u l a ç ã o p a t o l ó g i -c a ; q u a d r o d e p r o -c e s s o e x p a n s i v o s u b t e m p o r a l . Radiografia do tórax: n ó d u l o n o c a m p o p u l m o n a r m é d i o d i r e i t o . Eletrencefalograma: d e n t r o dos l i m i t e s da n o r m a l i d a d e . Liqüido cefalorraqueano ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : p r e s s ã o i n i -c i a l 12; l í m p i d o e i n -c o l o r ; 2 -c é l u l a s / m m3
; p r o t e í n a s 53 m g / 1 0 0 m l ; r e a ç ã o d o b e n j o i m 01111.22221.00000.0; r e a ç õ e s de P a n d y e N o n n e p o s i t i v a s ; o u t r a s r e a ç õ e s , n o r -m a i s . Eletrodiagnóstico: r e a ç ã o d e d e g e n e r a ç ã o c o -m p l e t a n o n e r v o f a c i a l e nos t e r r i t ó r i o s dos m ú s c u l o s f r o n t a l , t e m p o r a l , t r a p é z i o , e s t e r n o c l i d o m a s t ó i d e o e da h e -m i l í n g u a , à d i r e i t a . Biopsia da tu-moração da região parotídea: a d e n o c a r c i n o -m a i n f i l t r a d o e m t e c i d o c o n j u n t i v o f i b r o s o ( a l e s ã o p o d e ser c o n s e q ü e n t e a u m t u m o r m i s t o d e g l â n d u l a s a l i v a r c o m e v o l u ç ã o m a l i g n a ) .
Evolução — A p a c i e n t e p i o r o u p r o g r e s s i v a m e n t e . A c o b a l t o t e r a p i a f o i c o n s i d e r a d a i n ú t i l d e v i d o a o a v a n ç a d o g r a u de d e s e n v o l v i m e n t o da n e o p l a s i a e à e x i s t ê n -cia d e m e t á s t a s e s difusas, ó b i t o e m 20-6-1961. Necropsia ( S S 57859/61, D r . M a r i o R u b e n s M o n t e n e g r o ) : R e t i r a d o o e n c é f a l o , o b s e r v a - s e g r a n d e m a s s a t u m o r a l q u e , d e s t r u i n d o os ossos da fossa m é d i a , f a z s a l i ê n c i a p a r a d e n t r o da c a v i d a d e c r a n i a n a . O t e c i d o t u m o r a l é b r a n c o , o p a c o , de c o n s i s t ê n c i a f i r m e , c o n t e n d o p e q u e n a s á r e a s d e n e c r o s e ; ê l e r e s p e i t a a d u r a m a t e r , c o m e x c e ç ã o d e p e q u e n a á r e a c o r r e s p o n -d e n t e a o p ó l o t e m p o r a l -d i r e i t o ; na s e l a t u r c a , e m p u r r a e, a o q u e p a r e c e , i n f i l t r a a h i p ó f i s e ; c r e s c e n d o p a r a a c a v i d a d e o r b i t á r i a d i r e i t a , d e s l o c a o g l o b o o c u l a r p a r a a f r e n t e . C o r t e s r e a l i z a d o s a o n í v e l da sela t u r c a , c o r p o d o e s f e n ó i d e e r e t r o f a r i n g e m o s t r a m u m a n e o p l a s i a c o n s t i t u í d a p o r m a s s a s e p i t e l i a i s s ó l i d a s , c o n t i d a s e m a b u n -d a n t e e s t r o m a c o n j u n t i v o . E m a l g u n s p o n t o s as m a s s a s p a r e c e m f o r m a r l u z e s , p o r é m , t r a t a - s e d e n e c r o s e c e n t r a l a m o l e c i d a . N o t a m - s e , a i n d a , e x t e n s a s á r e a s de n e c r o s e . D i a g n ó s t i c o h i s t o p a t o l ó g i c o : c a r c i n o m a s ó l i d o . D e n t r e os r e s t a n t e s a c h a -dos n e c r o s c ó p i c o s , r e s s a l t a a e x i s t ê n c i a d e m e t á s t a s e s nos p u l m õ e s e nos g â n g l i o s s u b m a n d i b u l a r e s .
C A S O 4 — Síndrome paralítica dos nervos cranianos III a XI, à esquerda. Al-terações radiológicas da base craniana. Biopsia ganglionar: carcinoma sólido me-tastático.
Exame neurológico — N a d a de p a r t i c u l a r e m r e l a ç ã o a o s m e m b r o s : m o t i l i d a d e , c o o r d e n a ç ã o c i n é t i c a , s e n s i b i l i d a d e e r e f l e x o s n o r m a i s . Nervos cranianos ( f i g . 4 ) : A n o s m i a b i l a t e r a l . A c u i d a d e v i s u a l m e n o r q u e 0,1 à d i r e i t a , m o t i v a d a p o r p l a c a d e c o r i o r r e t i n i t e a t r ó f i c a m a c u l a r ; p a p i l a s n o r m a i s . O f t a l m o p l e g i a t o t a l à e s q u e r -da, c o m m i d r í a s e e a r r e f l e x i a p u p i l a r . H i p o e s t e s i a t á t i l , t é r m i c a e d o l o r o s a e m t ô d a a h e m i f a c e e s q u e r d a ; d ê s t e l a d o , a r r e f l e x i a c o r n e a n a ; h i p o t r o f i a d o m a s s e t e r , à e s q u e r d a . P a r e s i a f a c i a l , t i p o p e r i f é r i c o , à e s q u e r d a ; a g e u s i a nos dois t e r ç o s a n
t e r i o r e s da h e m i l í n g u a e s q u e r d a . H i -p o a c u s i a de c o n d u ç ã o b i l a t e r a l , m a i s a c e n t u a d a à e s q u e r d a ; i n e x c i t a b i l i d a d e v e s t i b u l a r à e s q u e r d a e h i p o -e x c i t a b i l i d a d -e à d i r -e i t a . P a r a l i s i a d o h e m i v é u e s q u e r d o ; d i s f a g i a p a r a a l i -m e n t o s s ó l i d o s ; d i s c r e t a q u e d a d a e p i g l o t e ; a c ú m u l o de s e c r e ç ã o c a t a r -ral na l a r i n g e , d i f i c u l t a n d o o e x a m e ( t e m - s e a i m p r e s s ã o de p a r a l i s i a da c o r d a v o c a l e s q u e r d a ) . P a r e s i a e a t r o f i a d o s m ú s c u l o s e s t e r n o c l i d o m a s t ó i d e o e t r a p é z i o e s q u e r d o s . D e s -v i o da l í n g u a p a r a a d i r e i t a , q u a n d o p r o j e t a d a f o r a da b ô c a .
Exames complementares — Cra-niograma: n e o f o r m a ç ã o v e g e t a n t e e e x p a n s i v a d a fossa m é d i a , c o m l e s ã o o s t e o l í t i c a da p o n t a d o r o c h e d o es-q u e r d o e d o d o r s o s e l a r n o seu t ê r ç o p o s t e r i o r . Eletrencefalograma: n o r m a l . Líqüido cefalorraqueano ( p u n -ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : p r e s s ã o i n i c i a l 10; l í m p i d o e i n c o l o r ; 1 c é l u l a / m m3
; p r o -t e í n a s 29 m g / 1 0 0 m l ; r e a ç õ e s d e P a n d y e N o n n e l e v e m e n t e p o s i t i v a s ; o u t r a s r e a ç õ e s n o r m a i s . Biopsia de gânglio laterocervical esquerdo: c a r -c i n o m a s ó l i d o m e t a s t á t i -c o .
C A S O 5 — Síndrome paralítica unilateral ( e s q u e r d a ) de nervos cranianos ( V ao XII). Alterações radiológicas, de tipo destrutivo, da fossa cerebral média. Biopsia ganglionar: carcinoma planocelular metastático.
V . B . , c o m 17 a n o s d e i d a d e , b r a n c o , b r a s i l e i r o , a d m i t i d o na C l i n i c a O t o r r i n o l a r i n g o l ó g i c a e m 20101950 ( r e g . H C 199602). H á 8 meses, d o r e s na h e m i f a c e e h e -m i c r â n i o e s q u e r d o s ; o t a l g i a i p s o l a t e r a l ; d i p l o p i a . Exa-me clínico — A d e n o p a t i a cer-v i c a l b i l a t e r a l . A u s ê n c i a d e p r o c e s s o t u m o r a l na r i n o f a r i n g e .
Exame neurológico — A u s ê n c i a de d i s t ú r b i o s m o t o r e s , s e n s i t i v o s ou da c o o r d e -n a ç ã o c i -n é t i c a -nos m e m b r o s . Nervos cra-nia-nos: l i g e i r a a -n i s o c o r i a ( p u p i l a e s q u e r d a m e n o r ) . A c u i d a d e v i s u a l e fundos o c u l a r e s n o r m a i s . P a r a l i s i a d o a b d u c e n t e à e s q u e r d a . L i g e i r a h i p o a c u s i a de t i p o m i s t o , à e s q u e r d a ; a r r e f l e x i a v e s t i b u l a r b i -l a t e r a -l à p r o v a c a -l ó r i c a ; n o r m o r r e f -l e x i a à p r o v a r o t a t ó r i a . P a r e s i a da o r o f a r i n g e e p a r a l i s i a v e l o p a l a t i n a à e s q u e r d a . H i p o t r o f i a do e s t e r n o c l i d o m a s t ó i d e o e do t r a -p é z i o à e s q u e r d a . P a r a l i s i a da h e m i l í n g u a e s q u e r d a .
Exames complementares — Craniograma: p r o c e s s o d e s t r u t i v o do d o r s o e s o a l h o selares, c o m p e n e t r a ç ã o n o seio e s f e n o i d a l ; a l t e r a ç ã o d e s t r u t i v a d a fossa m é d i a . Liqüido cefalorraqueano ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : p r e s s ã o i n i c i a l 15; l í m p i d o e i n c o l o r ; 60 c é l u l a s / m m3
N o n n e l e v e m e n t e p o s i t i v a s ; o u t r a s r e a ç õ e s n o r m a i s . Biopsia de gânglio da região cervical: c a r c i n o m a p l a n o c e l u l a r m e t a s t á t i c o .
C A S O 6 — Oftalmoplegia total e comprometimento do trigêmeo à esquerda. Tumor do cavum. Biopsia da neoplasia: linfossarcoma.
H . T . M . , c o m 5 anos de i d a d e , b r a n c o , b r a s i l e i r o , a d m i t i d o na C l í n i c a O t o r r i n o -l a r i n g o -l ó g i c a e m 5-12-1959 ( r e g . H C 5 7 4 2 7 8 ) . H á 2 m e s e s o p a c i e n t e e s t ê v e "res-f r i a d o " e, desde e n t ã o , v e m t e n d o c e "res-f a l é i a "res-f r o n t a l e o t a l g i a , à e s q u e r d a . H á 3 dias, p t o s e p a l p e b r a l à e s q u e r d a . A d i n a m i a e e m a g r e c i m e n t o p r o n u n c i a d o . Exame otor-rinolaringológico — A b a u l a m e n t o do h e m i p a l a t o e s q u e r d o , c o m d e s v i o da ú v u l a p a r a o l a d o o p o s t o ; p o s t e r i o r m e n t e , e f a z e n d o c o r p o c o m o p a l a t o m o l e , n o t a s e a e x i s -t ê n c i a d e m a s s a -t u m o r a l .
Exame neurológico — A u s ê n c i a d e d i s t ú r b i o s m o t o r e s , s e n s i t i v o s ou da c o o r d e -n a ç ã o c i -n é t i c a -nos m e m b r o s . Nervos cra-nia-nos: p t o s e p a l p e b r a l e g r a -n d e l i m i t a ç ã o d e t o d o s os m o v i m e n t o s o c u l a r e s à e s q u e r d a ; p u p i l a s i s o c ó r i c a s , r e a g i n d o n o r m a l -m e n t e ; fundos o c u l a r e s n o r -m a i s . C o -m p r o -m e t i -m e n t o dos c o n t i n g e n t e s s e n s i t i v o e m o t o r d o t r i g ê m e o à e s q u e r d a .
Exames complementares — Craniograma: a c e n t u a d o e s p e s s a m e n t o da m u c o s a d o a n t r o m a x i l a r e s q u e r d o ; a u s ê n c i a de h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a . Liqüido cefalorraqueano ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : n o r m a l . Biopsia da massa tumoral do cavum: l i n -f o s s a r c o m a .
C A S O 7 — Paralisia múltipla de nervos cranianos, à direita (VIII ao XII) e síndrome de Claude Bernard-Horner ipsolateral. Alterações radiológicas da base cra-niana. Tumor da nasofaringe. Biopsia da neoplasia: linfepitelioma.
G.P., c o m 22 a n o s d e i d a d e , p a r d o , b r a s i l e i r o , a d m i t i d o n a C l í n i c a O t o r r i n o l a -r i n g o l ó g i c a e m 10-12-1953 ( -r e g . H C 3 5 1 6 3 2 ) . H á 6 meses, d i m i n u i ç ã o da a c u i d a d e a u d i t i v a à d i r e i t a e, u l t e r i o r m e n t e , d i f i c u l d a d e p a r a f a l a r e m a s t i g a r . Exame clínico — A d e n o p a t i a r e t r o m a n d i b u l a r à d i r e i t a . P e l a r i n o s c o p i a f o i n o t a d o a b a u l a -m e n t o d a p a r e d e p o s t e r i o r da r i n o f a r i n g e à d i r e i t a .
Exame neurológico — N ã o h á d i s t ú r b i o s m o t o r e s , s e n s i t i v o s o u d a c o o r d e n a ç ã o c i n é t i c a nos m e m b r o s . Nervos cranianos: S í n d r o m e d e C l a u d e B e r n a r d H o r n e r à d i -r e i t a . L i m i t a ç ã o do a b a i x a m e n t o d a m a n d í b u l a . H i p o a c u s i a à d i -r e i t a . P a -r a l i s i a v e l o f a r i n g o l a r í n g e a à d i r e i t a . P a r e s i a e a t r o f i a d o e s t e r n o c l i d o m a s t ó i d e o e d o t r a -p é z i o , à d i r e i t a . P a r e s i a e a l t e r a ç õ e s da e x c i t a b i l i d a d e e l é t r i c a n e u r o m u s c u l a r na h e m i l í n g u a d i r e i t a .
Exames complementares — Craniograma: e x t e n s a e r o s ã o d o s o a l h o d a fossa c r a -n i a -n a m é d i a . Liqüido cefalorraquea-no ( p u -n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : -n o r m a l . Biopsia da massa tumoral da nasofaringe: l i n f e p i t e l i o m a .
C A S O 8 — Síndrome paralítica unilateral esquerda de nervos cranianos (V, VII, VIII, IX, X e XI) evoluindo há 15 anos. Tumor no conduto auditivo externo. Ao exame radiológico, processo osteolítico da pirâmide petrosa esquerda. Biopsia da neo-plasia do conduto auditivo externo: tumor glômico.
p e l a m a s t i g a ç ã o , f a l a , " g o l p e s de a r f r i o " ou m a n i f e s t a n d o - s e e s p o n t â n e a m e n t e . O s z u m b i d o s e a surdez, à e s q u e r d a , p e r s i s t e m desde o i n í c i o da m o l é s t i a . R e f e r e o p a c i e n t e q u e , e s t a n d o s e n t a d o , p e r c e b e n o o u v i d o e s q u e r d o r u í d o c o m p a r á v e l a e s c a p e de v a p o r , o q u a l d e s a p a r e c e nas p o s i ç õ e s e x t r e m a s da c a b e ç a ( f l e x ã o , e x -t e n s ã o ou r o -t a ç ã o ) , a s s i m c o m o pela c o m p r e s s ã o d i g i -t a l de u m a ou de a m b a s as c a r ó t i d a s . N o s antecedentes, h á r e f e r ê n c i a a t r a u m a t i s m o o c u l a r à d i r e i t a , aos 12 a n o s , q u e d e t e r m i n o u p e r d a da v i s ã o dêsse l a d o . Exame clínico — B o m e s t a d o g e r a l ; g â n g l i o s n ã o a u m e n t a d o s d e v o l u m e . À a u s c u l t a , s ô p r o s i s t ó l i c o i n t e n s o n o t r a j e t o d a c a r ó t i d a e s q u e r d a , a c e n t u a n d o s e a o n í v e l d a s p o r ç õ e s s u p e r i o r e s da a r -t é r i a a -t é a m a n d í b u l a ; o m e s m o s ô p r o é a u d í v e l na r e g i ã o r e -t r o - a u r i c u l a r e s q u e r d a , e m sua p o r ç ã o i n f e r i o r ; d e s a p a r e c e p e l a c o m p r e s s ã o das c a r ó t i d a s ; a c o m p r e s s ã o d a c a r ó t i d a d i r e i t a d e t e r m i n a , a p ó s c ê r c a d e 20 s e g u n d o s , m a l e s t a r , s e n s a ç ã o v e r -t i g i n o s a , p a l i d e z e p a r e s -t e s i a s no h e m i c o r p o e s q u e r d o . O e x a m e do o u v i d o e s q u e r d o r e v e l a a e x i s t ê n c i a d e m a s s a t u m o r a l o b s t r u i n d o t o t a l m e n t e os t r ê s q u a r t o s i n t e r -n o s d o c o -n d u t o a u d i t i v o .
Exame neurológico — N ã o há, e m r e l a ç ã o a o s m e m b r o s , a l t e r a ç õ e s m e r e c e d o r a s d e r e g i s t r o . D u r a n t e a m a r c h a o p a c i e n t e a p r e s e n t a , às v ê z e s , t e n d ê n c i a a d e s v i o s p a r a a e s q u e r d a e m a n t é m a c a b e ç a r e l a t i v a m e n t e i m o b i l i z a d a . Nervos cranianos: C o m p r o m e t i m e n t o a c e n t u a d o d a o l f a ç ã o , b i l a t e r a l m e n t e . C o r o i d i t e a t r ó f i c a ( p ó s -t r a u m á -t i c a ) , à d i r e i -t a , c o m p e r d a q u a s e -t o -t a l da v i s ã o ; à e s q u e r d a , f u n d o o c u l a r
01221.22210.00000.0; o u t r a s r e a ç õ e s n o r m a i s . Biopsia da massa tumoral do conduto auditivo externo: p a r a g a n g l i o m a a c r o m a f i n o , p r o v à v e l m e n t e d e o r i g e m j u g u l a r .
C A S O 9 — Comprometimento dos II, III, IV, V, VI e VIII nervos cranianos à direita, e dos II, VI e VIII à esquerda. Necropsia: sarcoma fusocelular da fossa média.
P . A . , c o m 48 a n o s d e i d a d e , b r a n c o , b r a s i l e i r o , a d m i t i d o na C l í n i c a N e u r o l ó g i c a e m 2681948. I n í c i o da m o l é s t i a h á u m a n o : d o r e s na h e m i f a c e d i r e i t a ; d i m i n u i ç ã o p r o g r e s s i v a d a a u d i ç ã o , do m e s m o l a d o ; p r o t r u s ã o d o g l o b o o c u l a r d i r e i t o ; d i p l o p i a e d i m i n u i ç ã o d a a c u i d a d e v i s u a l à d i r e i t a . E m j u n h o 1948 s u b m e -t e r a - s e a s i n u s o -t o m i a m a x i l a r b i l a -t e r a l . Exame clinico — P a c i e n -t e -t o r p o r o s o , e m m a u e s t a d o g e r a l , s u b f e b r i l . R e g i ã o t e m p o r o f r o n t a l d i r e i t a d o l o r o s a à p e r c u s s ã o . E x a m e o t o r r i n o l a r i n g o l ó g i c o : i n f i l t r a ç ã o e d e m a t o s a d o c o r n e t o m é d i o , c o m s e c r e ç ã o d o m e a t o , à e s q u e r d a .
Exame neurológico — H i p e r r e f l e x i a p r o f u n d a , s e m o u t r o s sinais de c o m p r o m e t i m e n t o d e e s t r u t u r a s n e r v o s a s c e n t r a i s . Nervos cranianos: A c u i d a d e v i s u a l : à d i -r e i t a , p e -r c e p ç ã o l u m i n o s a m á ; à e s q u e -r d a , 0,2. E d e m a i n c i p i e n t e d a p a p i l a d i -r e i t a . P a r a l i s i a dos n e r v o s I I I , I V e V I à d i r e i t a ; p a r a l i s i a d o a b d u c e n t e e s q u e r d o . A n e s -tesia d a c ó r n e a e h e m i f a c e , à d i r e i t a . D i m i n u i ç ã o d a a c u i d a d e a u d i t i v a e m a m b o s os l a d o s ; n o r m o r r e f l e x i a v e s t i b u l a r . D i s c r e t o r e p u x a m e n t o d o p a l a t o m o l e p a r a a e s q u e r d a , à m o v i m e n t a ç ã o .
Exames complementares — Craniograma: f o r a m e ó p t i c o d e f o r m a d o , c o m l i m i t e s i r r e g u l a r e s à d i r e i t a ; i m p r e c i s ã o dos l i m i t e s da f e n d a e s f e n o i d a l d i r e i t a ; o p a c i f i c a ç ã o difusa e h o m o g ê n e a do f u n d o o r b i t á r i o ; sela t u r c a l i g e i r a m e n t e a l t e r a d a e m sua m o r f o l o g i a . Liqüido cefalorraqueano ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) : p r e s s ã o i n i c i a l 12; l í m -p i d o e i n c o l o r ; 12,3 c é l u l a s / m m3
( l i n f ó c i t o s 7 4 % , m o n ó c i t o s 2 6 % ) ; p r o t e í n a s 40 m g / 1 0 0 ml; r e a ç õ e s d e P a n d y e N o n n e - A p e l t p o s i t i v a s ; r e a ç ã o d o b e n j o i m 12222. 22221.00000.0; o u t r a s r e a ç õ e s n o r m a i s . Carótidoangiografia direita: p a r a d a d o c o n -t r a s -t e a o n í v e l d o s i f ã o c a r o -t í d e o .
Evolução — Q u a t r o d i a s a p ó s o p a c i e n t e f a l e c e u . Necropsia ( S S 27275/49, D r . O s v a l d o A r r u d a B e h m e r ) : N a r i z e b ô c a s e m a l t e r a ç õ e s d i g n a s de r e g i s t r o . B a s e d o c r â n i o d e f o r m a d a p o r g r a n d e f o r m a ç ã o t u m o r a l , o c u p a n d o a r e g i ã o da s e l a t u r c a e p a r t e s m e d i a i s d a s fossas c r a n i a n a s m é d i a s , e i n t e i r a m e n t e r e v e s t i d a p e l a d u r a m a t e r , c u j o a s p e c t o é n o r m a l . À p a l p a ç ã o e n u m c o r t e f r o n t a l p a s s a n d o p e l o p e -d ú n c u l o h i p o f i s á r i o o b s e r v a - s e e r o s ã o -d a s a p ó f i s e s c l i n ó i -d e s , -do -d o r s o e -d a s p a r e -d e s l a t e r a i s d a s e l a t u r c a . A n t e r i o r m e n t e , a m a s s a t u m o r a l i n v a d e o á p i c e d e a m b a s as ó r b i t a s e os seios m a x i l a r e s . Os n e r v o s c r a n i a n o s I I a V I , as c a r ó t i d a s i n t e r n a s e os seios c a v e r n o s o s de a m b o s os l a d o s e s t ã o e n g l o b a d o s na n e o p l a s i a . C o m p r e s -s ã o da f a c e b a -s i a l do e n c é f a l o ; q u i a -s m a ó p t i c o e i n f u n d í b u l o d e -s l o c a d o -s p a r a c i m a ; f a c e m e d i a l dos l o b o s t e m p o r a i s e p r o t u b e r â n c i a a n u l a r c o m p r i m i d o s p e l a m a s s a t u m o r a l , e s p e c i a l m e n t e à d i r e i t a . A o s c o r t e s do c é r e b r o , n a d a d i g n o d e n o t a . Diag-nóstico histopatológico: s a r c o m a f u s o c e l u l a r .
C o m e n t á r i o s s ô b r e a s o b s e r v a ç õ e s — A s o b s e r v a ç õ e s r e l a t a d a s e x e m p l i f i c a m casos nos q u a i s a s i n t o m a t o l o g i a n e u r o l ó g i c a é l i m i t a d a a o d o m í n i o dos n e r v o s c r a n i a n o s , a c o m e t i d o s d e m a n e i r a m ú l t i p l a e, na q u a s e t o t a l i d a d e dos casos, u n i l a -t e r a l m e n -t e . E m n e n h u m dos p a c i e n -t e s f o r a m v e r i f i c a d o s d i s -t ú r b i o s n e u r o l ó g i c o s nos m e m b r o s . I n e x i s t i a m t a m b é m s i n t o m a s de h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a , e m b o r a o e x a m e o f t a l m o s c ó p i c o t i v e s s e e v i d e n c i a d o , no caso 1, d i s c r e t o i n g u r g i t a m e n t o v e n o s o e h o u v e s s e d i s c r e t a h i p e r t e n s ã o l i q u ó r i c a nos casos 1 e 8.
c o n d i c i o n o u o d e s e n v o l v i m e n t o d a s í n d r o m e p a r a l í t i c a dos n e r v o s e n c e f á l i c o s . N o c a s o 3 t r a t a v a - s e d e t u m o r m i s t o d a p a r ó t i d a , m a l i g n o , c o m i n v a s ã o d o e s f e n ó i d e e r o c h e d o i p s o l a t e r a i s . N o s c a s o s 4 e 5 p ô d e ser a f a s t a d a a o r i g e m n a s o f a r í n g e a , m a s n ã o f o i d e t e r m i n a d o , c o m s e g u r a n ç a , se o t u m o r da base c r a n i a n a e r a p r i m i t i v o ou m e t a s t á t i c o . N o c a s o 8 a n e o p l a s i a t i v e r a o r i g e m e x t r a c r a n i a n a , p r o v à v e l -m e n t e n o g l o -m o j u g u l a r . P o r t a n t o , a p e n a s n o c a s o 9 p o d e - s e a d -m i t i r c o -m o c e r t o q u e o t u m o r ( s a r c o m a f u s o c e l u l a r da fossa m é d i a ) n ã o p r o c e d i a de t e r r i t ó r i o s e x t r a -c r a n i a n o s .
A d e n o p a t i a c e r v i c a l ou r e t r o m a n d i b u l a r e r a n í t i d a e m c i n c o casos ( 1 , 3, 4, 5 e 7 ) . A l t e r a ç õ e s r a d i o l ó g i c a s da b a s e d o c r â n i o e r a m e v i d e n t e s e m s e t e casos ( 1 , 2, 3, 4, 5, 7 e 8 ) e d i s c r e t a s e m u m ( c a s o 9 ) . A c a r ó t i d o - a n g i o g r a f i a , r e a l i z a d a nos casos 3, 8 e 9, f o r n e c e u v a l i o s a s i n f o r m a ç õ e s p a r a o d i a g n ó s t i c o . E m t r ê s c a s o s o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o r e v e l o u t r a t a r - s e d e s a r c o m a ( c a s o s 1, 6 e 9 ) , e m c i n c o d e c a r c i n o m a ( 2 , 3, 4, 5 e 7 ) e, e m um, d e t u m o r g l ó m i c o .
N o t o c a n t e à s i n t o m a t o l o g i a , q u a t r o casos ( 1 , 2, 3 e 4 ) c o n f i g u r a m t i p i c a m e n t e a s í n d r o m e d e G a r c i n , u m a v e z q u e p r à t i c a m e n t e t o d o s os n e r v o s c r a n i a n o s d e u m m e s m o l a d o f o r a m i n v a d i d o s , g l o b a l m e n t e , p e l o p r o c e s s o n e o p l á s i c o . A s d e m a i s o b -s e r v a ç õ e -s , a i n d a q u e n ã o a p r e -s e n t e m c o m p l e t a a -s í n d r o m e p a r a l í t i c a u n i l a t e r a l do-s n e r v o s c r a n i a n o s , m o s t r a m p a r a l i s i a s m ú l t i p l a s dos n e r v o s , d e s t i t u í d a s , e m b o r a , de u m a s i s t e m a t i z a ç ã o b e m d e f i n i d a . O c o m p r o m e t i m e n t o i n i c i a l dos n e r v o s d o a n d a r m é d i o s u r g i u c o m o o m a i s f r e q ü e n t e , a p e n a s s o b r e s s a i n d o a i n v a s ã o p r e p o n d e r a n t e dos ú l t i m o s n e r v o s n o c a s o 7. A a s s o c i a ç ã o dos n e r v o s c o m p r o m e t i d o s l e m b r a v a , no c a s o 7, a s í n d r o m e de V i l l a r e t , a c r e s c i d a de sinais de l e s ã o d o n e r v o a u d i t i v o . N o c a s o 8 ( t u m o r g l ô m i c o ) os n e r v o s V , V I I , V I I I , I X , X e X I e n c o n t r a v a m s e i n v a -d i -d o s p e l o p r o c e s s o n e o p l á s i c o .
S i n t e t i z a n d o : e m t o d o s os casos, a o c o r r ê n c i a e x c l u s i v a o u p r e d o m i n a n t e m e n t e u n i l a t e r a l das p a r a l i s i a s d e n e r v o s e n c e f á l i c o s , a l i a d a a o s d e m a i s a t r i b u t o s c l í n i c o s d o s t u m o r e s b a s i l a r e s i n t r a c r a n i a n o s ( m o r m e n t e a a u s ê n c i a de h i p e r t e n s ã o i n t r a -c r a n i a n a e d e t r a n s t o r n o s n e u r o l ó g i -c o s a p e n d i -c u l a r e s ) p e r m i t i u o r e -c o n h e -c i m e n t o d ê s s e t i p o de n e o p l a s i a . D e v e ser s u b l i n h a d o o i n t e r ê s s e p a r t i c u l a r do e x a m e rad i o l ó g i c o s i m p l e s ; na m a i o r i a rad o s casos a s a l t e r a ç õ e s o s t e o l í t i c a s c o n t r i b u í r a m p o -s i t i v a m e n t e p a r a a d i -s t i n ç ã o e n t r e ê-ste-s p r o c e -s -s o -s t u m o r a i -s e c o n d i ç õ e -s o u t r a -s , ca-p a z e s de o r i g i n a r q u a d r o c l í n i c o s e m e l h a n t e . N e s t e s e n t i d o e x ca-p o r e m o s , a o c u i d a r do d i a g n ó s t i c o d i f e r e n c i a l , a i n t e r e s s a n t e o b s e r v a ç ã o d e u m p a c i e n t e , cuja s i n t o m a t o l o g i a , t a m b é m e s s e n c i a l m e n t e c o n s t i t u í d a p o r p a r a l i s i a p r e d o m i n a n t e m e n t e u n i l a -t e r a l d e n e r v o s c r a n i a n o s ( V a o X I I ) , l e v a n -t o u q u e s -t õ e s d e d i a g n ó s -t i c o d i f e r e n c i a l e n t r e t u m o r da b a s e e t u m o r d o t r o n c o e n c e f á l i c o . C o n t r a e s t a h i p ó t e s e d e p u n h a , s o b r e t u d o , a i n e x i s t ê n c i a de p e r t u r b a ç õ e s n e u r o l ó g i c a s a p r e c i á v e i s nos m e m b r o s , a p r e s e n t a n d o - s e p r à t i c a m e n t e p u r a a s í n d r o m e p a r a l í t i c a dos n e r v o s e n c e f á l i c o s , v i s t o q u e a s a l t e r a ç õ e s do e q u i l í b r i o v e r i f i c a d a s p o d e m ser i n t e r p r e t a d a s c o m o d e c o r r e n t e s d e l e s ã o d o c o n t i n g e n t e v e s t i b u l a r d o V I I I n e r v o . P o r o u t r o l a d o , a p e r -f e i t a n o r m a l i d a d e d o e x a m e r a d i o l ó g i c o d a b a s e do c r â n i o c o n s t i t u í a i m p o r t a n t e e l e m e n t o a c o n s i d e r a r s e , n o s e n t i d o d e s e r r e l e g a d o a u m s e g u n d o p l a n o o d i a g n ó s -t i c o d e n e o p l a s i a b a s i l a r .
C O N S I D E R A Ç Õ E S C L I N I C A S S Ô B R E O S T U M O R E S B A S I L A R E S
muito: síndromes da fenda esfenoidal, do ápice orbitário ( R o l l e t
1 0 7) , da
pa-rede lateral do seio cavernoso ( F o i x
3 9) , da encruzilhada petrosfenoidal
(Ja-c o d
5 6) , do ápice do rochedo ( G r a d e n i g o
4 6) , do forame despedaçado posterior
( V e r n e t
1 2 9) , dos forames condiliano e jugular ( C o l l e t
2 8e S i c a r d
1 1 6) , do
espaço retroparotídeo (Villaret
1 3 0) e do ângulo pontocerebelar. Além destas
síndromes cumpre destacar, como mais precoces e características dos
tumo-res rinofaríngeos, a tríade de T r o t t e r
1 2 8(hipoacusia por obstrução tubária,
paralisia velopalatina de origem mecânica, neuralgia no território do ramo
mandibular do trigêmeo) e a síndrome de Goldtfredsen
4 4(oftalmoplegia
extrínseca parcial, geralmente por paralisia do abducente, neuralgia do
tri-gêmeo e glossoplegia, as primeiras devidas à invasão intracraniana do tumor
e esta última, à compressão do hipoglosso por adenopatia metastática). Em
vista do crescimento neoplásico, essas síndromes, de parciais que eram no
início, se combinam entre si e terminam por constituir uma síndrome
uni-lateral global de nervos cranianos.
Unilateralidade das paralisias — Hartmann
4 9, em 1906, já frisara que
os tumores da base do crânio se traduzem por extensas "paralisias
crania-nas de um só lado". Oppikofer
8 8salientou que as paralisias dos nervos
cranianos eram sempre unilaterais e do mesmo lado do tumor rinofaríngeo.
Garcin
4 1emprestou grande valor à natureza do tumor na produção de
sintomas uni ou bilaterais; estabeleceu, mesmo, que os sarcomas ósseos ou
meníngeos da base podem lesar todos os nervos cranianos sem ultrapassar
a linha mediana. Nos carcinomas, entretanto, a bilateralidade das paralisias
já não seria tão r a r a
1 1. Todavia, exceções a essa regra têm sido
registra-das, bastando lembrar que, já em 1921, Roger e c o l .
1 0 4haviam publicado
um caso de mixossarcoma da base, que determinara paralisias bilaterais de
vários nervos cranianos.
Para Worms e C a r i l l o n
1 3 7, a regra da unilateralidade não é absoluta,
sendo geralmente observada nos neoplasmas pouco expansivos; em alguns
de seus casos houve paralisia bilateral do V e V I nervos devido à invasão
em ponte das fossas médias. Bilateralidade de sinais paralíticos também
foi notada por Bonnahon
1 6e em 23 casos de Godtfredsen
4 4. Riggs e c o l .
1 0 2observaram a invasão de nervos contralaterais, em fases finais da evolução,
em 6:11 casos de tumores da rinofaringe. Oya e S e g o v i a
9 1frisam que a
transposição da linha mediana se efetua pela apófise basilar ou através do
seio esfenoidal.
Ausência de hipertensão intracraniana — Êste caráter é também a
re-gra nesses casos, o que pode levar a erros diagnósticos, pela rejeição da
hipótese de tumor intracraniano. São excepcionais os casos (2 de Needles
8 4,
2 de Worms e Carillon
1 3 7, o caso 13 de Rosenbaum e Seaman
1 1 1, 8 casos de
Godtfredsen
4 4, um de Riggs e col.
1 0 2, e os casos de Roger e Paillas
1 0 6,
Lé-chelle e col.
6 6e Montanaro e c o l .
8 2) , em que estavam presentes sinais de
hipertensão intracraniana. Segundo Garcin
4 1Para Simmons e A r i e l
1 1 9, papiledema e outros sinais de hipertensão só
se verificam no período final, geralmente após invasão da fossa posterior.
O edema de papila constitui mais um sinal l o c a l
8 9ou a expressão do edema
reacional de vizinhança
1 1 4do que um índice de elevação da pressão
intra-craniana, o que é atestado pelo fato de freqüentemente ser ipsolateral ao
tumor.
Inexistência de sinais de lesão das estruturas nervosas centrais — Os
tumores da base respeitam, em geral, a dura madre, como já fôra
assina-lado por Oppikofer
8 8. Destarte, não costumam ser lesados os centros
ner-vosos encefálicos. Mas, mesmo que rompam as meninges, podem, em razão
da eventual lentidão do crescimento, penetrar no parênquima nervoso sem
produzir sintomatologia, ou pelo menos não proporcionada a seu volume.
O tecido nervoso central se adapta a tempo à invasão neoplásica.
Convém ter presente, porém, a possibilidade de lesões do tronco
ence-fálico, do cerebelo ou dos hemisférios cerebrais. Assim, em 6 dos 150 casos
de Simmons e A r i e l
1 1 9, havia lesão cerebral que, em 2 pacientes, se
acom-panhava de encefalomalacia frontal; em 3 dos 24 casos de Rosenbaum e
S e a m a n
1 1 1havia hemiparesia; em um caso de N e e d l e s
8 4havia sinais
pira-midais; no de Ballenger
1 2, o tumor invadiu os lobos temporal e frontal e a
ponte; no de Linneu Silva e c o l .
1 1 8foram verificadas lesões de circunvoluções
cerebrais. Num dos casos de Garcin
4 1, a neoplasia invadiu a base da
pro-tuberância sem produzir, porém, sinais sensitivos ou motores, o que foi
atri-buído à dissociação das fibras nervosas pela massa neoplásica. Sinais
pira-midais, cerebelares ou sensitivos têm sido observados, ao lado das paralisias
de nervos cranianos, em casos de tumores glômicos
2, 1, 98, 1 3 4.
Neoplasias de origem extracraniana
Entre os tumores (sensu latu) de origem extracraniana avultam as
neo-plasias do cavum, mas devemos não esquecer outras entidades mórbidas,
como os tumores glômicos, o linfogranuloma maligno, os tumores da
paró-tida, os neoplasmas metastáticos.
1. Tumores da rinofaringe — Estas neoplasias têm constituído objeta
de inúmeros trabalhos, salientando-se, pelo vulto da casuística, o de
Godt-fredsen
4 4( 454 casos) e, entre os mais recentes, os de Mekie e L a w l e y
7 7e Molony
8 0.
As cifras relativas à incidência dos blastomas rinofaríngeos entre os
di-versos tumores malignos variam entre 0,1 e 2,0% (Ducuing e Ducuing
3 4,
Godtfredsen
4 4, M a r t i n
7 3, N i e l s e n
8 7, Simmons e A r i e l
1 1 9) . Essas neoplasias
se instalam geralmente dos 40 aos 60 a n o s
6 5 , 84, 8 5 a , 88, 91, 1 1 3 , 1 3 8; a média
etária nos casos de Godtfredsea
4 4com sinais neuroftalmológiocs foi de 49,5
anos. Predominam no sexo masculino
65, 1 2 0 , 1 3 8, em percentagens que
va-riam de 2:1 (Godtfredsen
4 4, Kleinfeld
5 9, N e e d l e s
8 4, S c e v o l a
1 1 4) , 3:1 (Digby
e col.
3 3e Mekie e L a w l e y
7 7) até 7:1 ( M o l o n y
8 0incidência dessas neoplasias entre os povos orientais
1 7, especialmente
chine-ses
33, 77, 8 0, onde a freqüência atinge 27,2% dos tumores malignos em g e r a l
3 3.
As neoplasias de origem epitelial são mais freqüentes que os sarcomas
(55,3 ± 2,3% para 44,7 ± 2,3%, segundo Godtfredsen
4 4). As subdivisões
dentro dêstes dois grupos ainda constituem motivo de controvérsia
4 4 , 1 1 4e
por isso não as abordaremos.
W o l t m a n
1 3 6já assinalara a freqüência com que a fosseta de
Rosen-müller constitui a sede inicial dessas neoplasias. S c e v o l a
1 1 4observou
pre-domínio percentual dos tumores originados na parede lateral da faringe
(blastomas tubários e peritubários), seguindo-se-lhes os situados nas paredes
superior, anterior e posterior.
geralmente se difunde para a ponta do rochedo, produzindo uma síndrome
de Gradenigo; sua extensão ulterior a regiões mais mediais determina o
es-tabelecimento de uma síndrome de Jacod. Nos demais casos, a invasão se
processa ao longo dos troncos nervosos que atravessam os orifícios da base
naturalmente p é r v i o s
1 0 6ou com o concurso de vias sangüíneas e linfáticas
existentes entre a abóbada da nasofaringe e a cavidade craniana, ou ainda
através das suturas basilares. Os nervos bulbares podem ser lesados no
exterior do crânio (síndromes de Vernet e de Collet e Sicard) e na região
retroparotídea pode associar-se a lesão do simpático (síndrome de Villaret);
tal acometimento pode ser produzido pelo próprio tumor ou pelos gânglios
linfáticos enfartados, fato que ocorria em 86,5% dos 150 casos de Simmons
e A r i e l
1 1 9.
Invadido o crânio, o tumor permanece aderente aos ossos da b a s e
1 4 , 1 1 4.
Segundo Simmons e A r i e l
1 1 9tendo sido observada em nenhum de seus 150 casos. Riggs e c o l .
1 0 2veri-ficaram, em vários casos, a inexistência de correlação entre lesão óssea e
comprometimento dos nervos cranianos; em 7:11 casos havia propagação do
tumor à cavidade craniana e, em nenhum, êle se confinara ao espaço
sub-dural; em alguns casos a invasão da dura madre pôde ser demonstrada
mi-croscòpicamente; em 3 casos comprovaram disseminação subaracnóidea da
neoplasia, fato que possibilitaria a lesão de nervos cranianos antes de sua
emergência da paquimeninge.
A o contrário do que se poderia supor, os tumores nasofaríngeos nem
sempre produzem sintomas iniciais no domínio topográfico de origem.
Mes-mo o exame cuidadoso da rinofaringe pode não revelar alterações definidas,
principalmente quando as neoplasias se iniciam na região peritubária
80, 137,