• Nenhum resultado encontrado

Influência da dor na capacidade funcional de idosos institucionalizados

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Influência da dor na capacidade funcional de idosos institucionalizados"

Copied!
74
0
0

Texto

(1)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

INFLUÊNCIA DA DOR CRÔNICA RESULTANTE DE DOENÇAS OSTEOMUSCULARES NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ/BA

Luciana Araújo dos Reis

(2)

Luciana Araújo dos Reis

INFLUÊNCIA DA DOR CRÔNICA RESULTANTE DE DOENÇAS OSTEOMUSCULARES NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ/BA

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres

(3)

CATALOGAÇÃO NA FONTE

R375i

Reis, Luciana Araújo dos.

Influência da dor na capacidade funcional de idosos

institucionalizados / Luciana Araújo dos Reis. __ Natal. __ RN, 2008.

59 p.

Orientador: Gilson de Vasconcelos Torres..

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Dor-idoso - Dissertação. 2. Idoso - Dissertação 3. Idoso- capacidade funcional - Dissertação. I. Torres, Gilson de Vasconcelos. II. Título

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

(5)

INFLUÊNCIA DA DOR CRÔNICA RESULTANTE DE DOENÇAS OSTEOMUSCULARES NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ/BA

BANCA EXAMINADORA

Presidente da Banca: Professor. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres (UFRN)

Professor. Dr. Ricardo Oliveira Guerra (UFRN)

(6)

Dedicatória

A Deus,

Grandes foram às lutas, maiores as vitórias. Sempre estivestes comigo. Muitas vezes pensei em desistir, queria recuar, no entanto Tu estavas presente, na alegria ou na tristeza, fazendo da derrota uma vitória, da fraqueza uma força.

Com tua vontade venci. A emoção é forte, pois não cheguei ao final, mas ao início de uma longa caminhada. Quero Deus dedica-Te, mas esta vitória e agradecer-Te pela incomparável e inconfundível bondade, por estar sempre comigo, compreendendo os meus anseios, me dando coragem para atingir os meus objetivos e, trilhando meus caminhos.

Ao meu Pai Rosilson (in memória),

Quando for defender a minha dissertação, sentir-te-ei ao meu lado, lindo, sorrindo, feliz e orgulhoso. Sentirei a tua mão a afagar meus cabelos e, neste instante, abraçar-te-ei em silêncio, sorrirei para ti e deixarei fluir esta emoção, em misto de imensa alegria e saudade. O tempo e a distância não são suficientes para que eu possa te apagar da minha memória, do meu coração, do meu dia-a-dia, pois o verdadeiro amor nunca morrerá. Sei que sempre estarás do meu lado me apoiando, me impulsionando a ir sempre adiante, e que quando eu cair colocar-me-á em teu colo, me abraçará e dirá que outro dia virá e com ele novas vitórias, então contará uma piada e me fará ri como nos velhos tempos, é impossível não te sentir num momento tão importante quanto este. Sei que neste momento deves estar feliz, sorridente e orgulhoso de mais essa conquista nossa.

(7)

À minha mãe Verbena,

O momento que vivo agora é fascinante e só existe você se doou ao longo destes anos cuidando de mim como se eu ainda fosse uma criança. Presenteou-me com a riqueza do estudo. A você que num prelúdio dos anos me fez vida e ensinou a vivê-la com dignidade, não bastam palavras para expressar minha gratidão. A emoção me cala, ficando a certeza que hoje lhe ofereço essa vitória. Sem palavras, abro meu coração em um simples eu te amo.

A meus irmãos, Uellington e Allan, e a minha irmã Luana,

Esta vitória é dedicada a vocês que compartilharam comigo cada momento difícil pelo qual passamos, para que percebam o quanto é importante lutar por aquilo que se quer, e mesmo que a vida nos imponha obstáculos, é preciso que tenhamos coragem, perseverança e principalmente muita determinação para conseguirmos enfrentá-los. E assim, percebermos que todos os ensinamentos que nossos pais nos transmitiram servirão sempre de base para que possamos vencer.

A meus sobrinhos Alan Patrick e Thiago Vinícius,

A vocês meus pequenos príncipes que na inocência de vocês serviram de apoio a esta vitória, me proporcionando inesquecíveis momentos de distração e felicidade. Ao lado de vocês esqueço dos problemas, dos obstáculos impostos pela vida e volto a ser criança como vocês. Amo muito vocês.

À Gilson Vasconcelos Torres,

(8)

A minha amiga Thaiza Teixeira e a tia Virginia Teixeira,

(9)

Agradecimentos

Agradeço a todos vocês que contribuíram na construção e realização deste sonho, cada um ajudando de sua maneira:

Juscileide Soto Cardim Mabelle Soto Cardim Lílian Almeida Nascimento Isnara Teixeira de Brito Maria Nice Dutra

Edméia Campos Meira Roberta Azoubel

Fabiano Veloso Gomes Marcos Henrique Fernandes Fabio Ornelas Prado

Luciana Frutuoso

Joásey Pollyana Andrade Daniele Vieira

Isabele Catharine Fernandes Costa Cláudio Henrique Meira Mascarenhas Carlos Henrique Mendes Malhado Ir. Maria da Conceição Correia da Silva Ir. Maria de Lourdes Carvalho

Ir. Durvalina Lopes

Ir. Felipa Maria de Almeida da Silva À Fundação Leur Brito

(10)

RESUMO

Este estudo teve por objetivo analisar a influência da dor quanto à localização, intensidade e duração na capacidade funcional de idosos institucionalizados. Trata-se de um estudo de caráter exploratório descritivo com delineamento transversal e abordagem quantitativa. O local de estudo foi a Fundação Leur Brito, sendo a amostra constituída por 60 idosos, desse total, 50% eram do sexo masculino, sendo a idade mínima de 60 anos, máxima de 104 e média de 77,6 (±11,64) anos. O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dado foi um formulário estruturado de entrevista constituído de quatro partes: 1) Caracterização sóciodemográfica e de saúde; 2) Aspectos relacionados à dor (tempo e localização); 3) Avaliação da dor pela Escala Numérica e 4) Capacidade funcional medida pelo Índice de Barthel. Com a aplicação do TesteQui-quadrado(x2)verificou-se diferença estatística entre presença de dor e as atividades do índice de Barthel: banho (p-valor=0,015), vestir-se (p-valor= 0,041), transferência para higiene intima (p-valor=0,001), transferência cama e cadeira (p -valor=0,032), deambulação (p-valor=0,010) e subir escadas (p-valor=0,008). Sendo ainda encontrada diferença estatística entre a pontuação total de Barthel (dependente/independente) e presença de dor, p-valor<0, 000. Mediante ao exposto pelos dados deste estudo faz-se necessário uma atuação multidisciplinar no controle adequado da dor e manutenção e/ou recuperação da capacidade funcional, capaz de assegurar uma melhor qualidade de vida, com uma maior independência e autonomia para os idosos.

(11)

Lista de Tabelas

Tabela 1 Distribuição dos idosos quanto a sexo, escolaridade, renda, profissão, tempo de institucionalização, doenças osteomusculares e doenças osteomusculares presentes, segundo faixa etária.

20

Tabela 2 Distribuição dos idosos quanto à presença e intensidade de dor, segundo faixa etária.

21

Tabela 3 Distribuição dos idosos quanto àlocalização da dor, segundo faixa etária.

21

Tabela 4 Distribuição dos idosos quanto às intervenções no alívio da dor, segundo faixa etária.

22

Tabela 5 Distribuição dos idosos quanto a sexo,faixa etária, tempo de institucionalização e doenças osteomusculares, segundo a presença de dor.

22

Tabela 6 Distribuição dos idosos quanto a doenças osteomusculares, segundo a presença de dor.

23

Tabela 7 Distribuição dos idosos quanto a sexo,faixa etária, tempo de institucionalização e doenças osteomusculares, segundo a pontuação do Índice de Barthel.

23

Tabela 8 Distribuição dos idosos quanto às atividades do índice de Barthel, segundo faixa etária.

24

Tabela 9 Distribuição dos idosos quanto às atividades do Índice de Barthel, segundo a presença de dor.

(12)

Sumário

Dedicatória v

Agradecimentos vi

Listas de Tabelas x

Resumo xi

1 INTRODUÇÃO 01

1.1 Objetivos 03

2 REVISÃODELITERATURA 04

2.1 Envelhecimento populacional e o processo de institucionalização em

asilos 04

2.2 Apresença de dor e a capacidade funcional em idosos

Institucionalizados 06

2.3 Assistência à saúde do idoso institucionalizado 12

3 MÉTODOS 14

3.1 Caracterização da pesquisa 14

3.2 Local do estudo 14

3.3 População alvo 15

3.4 Instrumentos 16

3.5 Variáveis de interesse para o estudo 17

3.6 Aspectos éticos 17

3.7 Procedimentos 17

3.8Análise dos dados 18

4 RESULTADOS 20

5 DISCUSSÕES 27

6 CONCLUSÕES 33

REFERÊNCIAS 34

Apêndices 38

Anexos 40

(13)

1

INTRODUÇÃO

O Brasil apesar de ser um país jovem, vem demonstrando um perfil populacional do tipo de transição demográfica que sinaliza rápida mudança em termos de aumento vertiginoso do extrato idoso da população.Desde 1940, o grupo etário com 60 anos ou mais é aquele que,proporcionalmente mais tem crescido (1).

O aumento da longevidade também tem feito das pessoas idosas ao viverem mais anos de vida, possibilidade aumentada de sofrer condições patológicas como a Doença de Alzhaimer e outras doenças demências, as doenças cardiovasculares, os Acidente Vascular Encefálico (AVE’s) e suas possíveis complicações, e a fragilização geral que pode ocorrer com o avançar do processo, mesmo de envelhecimento normal(2-3).

Esse fenômeno de aumento no número de idosos na sociedade brasileira tem representado problemas sociais, econômicos e de saúde, uma vez que tanto os idosos quanto a sociedade não estão preparados para as mudanças decorrentes do envelhecimento.

Com isto tem havido uma tendência a propiciar o isolamento social,na medida em que o idoso é visto como um ser improdutivo e dependente que se configura em gastos financeiros e representa necessidade de cuidados especiais. Nesta perspectiva nem sempre é acolhido pela família e são obrigados a residir em asilos.

Os asilos geralmente são instituições não preparadas para atender às necessidades de saúde/doença. Sendo assim tendem a propiciar ainda mais o isolamento social decorrente de sua inatividade física e mental(4-6).

À medida que o isolamento socialpropicia a inatividade física, inúmeras são as repercussões na saúde desses indivíduos,limitando sobre tudo a capacidade funcional e comprometendo a sua qualidade de vida.

O envelhecimento populacional acompanhado da longevidade, somado as doenças crônico-degenerativas que acompanham o idoso, apresenta uma parcela significativa de idosos portadores de dor crônica.

(14)

As conseqüências da dor são significativas e incluem depressão, redução na socialização, distúrbio do sono, comprometimento da deambulação e aumento nos custos e no uso de sistemas de saúde (8-9).

Sob influência da dor, o idoso poderá apresentar uma progressiva reclusão social, com tendência ao sedentarismo, perda de auto-estima e abandono de autocuidados. Nesse momento a capacidade funcional encontra-se bastante comprometida, podendo haver dependência física e mental para a realização de atividades da vida diárias mais complexas, como por exemplo, limpar a casa, fazer compras,cuidar das finanças.

A capacidade funcional pode ser definida como a capacidade do indivíduo realizar suas atividades diárias. Quando ocorre comprometimento da capacidade funcional a ponto de impedir o cuidado de si, a carga sobre a família e sobre o sistema de saúde pode ser muito grande, conduzindo o idoso à perda da independência e autonomia e conseqüentemente comprometendo a qualidade de vida.Mais de 90% dos idosos em casas geriátricas precisam de auxílio para tomar banho e pouco mais de 40% precisam de auxílio para se alimentar (10-12).

Nesse sentido partindo do pressuposto de que a dor pode interferir na capacidade funcional dos idosos e mediante aos estudos epidemiológicos escassos sobre tal correlação, bem como das experiências vivenciadas na atuação docente por meio da Disciplina Fisioterapia Aplicada à Saúde do Idoso e do Desenvolvimento do Projeto de Extensão Saúde do Idoso na Família, Asilo e na Comunidade: vivenciando rede de suporte social no cuidado ao idoso cadastrado junto à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB, temos por objeto de estudo a interferência da dor na capacidade funcional de idosos institucionalizados, uma vez que, não está claro ainda como a dor pode interferir na realização das atividades diárias dos idosos.

Nesta perspectiva,chegou-se aos seguintes questionamentos:

• Qual a caracterização da dor em idosos institucionalizados quanto à

localização, duração e intensidade?

• Qual a capacidade funcional de idosos institucionalizados?

• Quais intervenções utilizadas para controle da dor e manutenção/

recuperação da capacidade funcional de idosos institucionalizados?

• Existe influência da dor sobre a capacidade funcional de idosos

(15)

O estudo se reveste de uma importância para a atuação mais adequada de uma equipe de saúde no tocante a assistência aos idosos com relação a condutas e procedimentos referentes à dor e a capacidade funcional. Visto que as informações decorrentes da interferência da dor na capacidade funcional podem influenciar positivamente na compreensão mais integral de dinâmica da atuação da equipe de saúde.

Os achados deverão permitir um conhecimento mais profundo da correlação entre dor e capacidade funcional, bem como favorecer ao controle adequado da dor e prevenção e/ou manutenção da capacidade funcional,capaz de assegurar uma melhor qualidade de vida,com uma maior independência e autonomia para os idosos.

1.1 Objetivos

1.1.1 Geral

• Analisar a influência da dor na capacidade funcional de idosos

institucionalizados;

1.1.2 Específicos

• Caracterizar a dor em idosos institucionalizados quanto à localização,

duração e intensidade;

• Identificar a capacidade funcional de idosos institucionalizados;

• Identificar as intervenções utilizadas para controle da dor e manutenção/

recuperação da capacidade funcional de idosos institucionalizados;

• Verificar a influência da dor sobre a capacidade funcional de idosos

(16)

2 REVISÃO DE LITERATURA

O crescente processo de envelhecimento populacional, ocorrido inicialmente nos chamados países de primeiro mundo tem atingindo também os paises em processo de desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Tal processo tende a provocar alterações sócias, econômicas e de saúde, gerando novas demandas para o setor público, sobressaindo-se os cuidados de longa duração dirigidos a idosos com algum grau de dificuldade para a execução das atividades da vida diária e/ou aqueles cuja família não possui meios financeiros, físicos ou emocionais para a prestação dos cuidados necessários.

Abordaremos a seguir essa problemática, sendo a mesma subdividida em três tópicos abaixo, envelhecimento populacional e o processo de institucionalização em asilos, a presença de dor e a capacidade funcional em idosos institucionalizados, assistência à saúde do idoso institucionalizado.

2.1 Envelhecimento populacional e o processo de institucionalização em asilos.

A evolução da população brasileira vem sendo marcada por um crescente processo de transição demográfica, o qual tem contribuído para o aumento da população idosa em detrimento da população jovem.Assim o Brasil tem deixado de ser umpaís jovempassando a ser caracterizado como um país em envelhecimento (1-2).

Todo esse processo de transição demográfica tem acontecido graças aos grandes avanços tecnológicos e científicos, bem como ao processo de urbanização. Paralelamente a estes acontecimentos a população passou a ter acesso a vacinas, antibióticos, serviços de saúde e saneamento básico, exames complementares que contribuíram para a adoção de medidas de prevenção e cura de muitas doenças até então fatais, promovendo assim uma melhoria da qualidade de vida e um crescente aumento da longevidade da população (3-4).

(17)

crescer 73%, a população entre 60 a 80 anos crescerá 91%, enquanto a de 80 anos ou mais crescerá 119%(13-14).

Na Europa, a previsão é que a população idosa irá duplicar, alcançando a proporção de 25% da população geral, na maioria dos países. Os dados do IBGE indicam que no Brasil isto não será diferente. As projeções para o ano de 2025 são de que a população atingirá 30 milhões, o que corresponderá a 10% da população brasileira. Essas cifras levarão o país a ocupar a sexta posição entre os países com maior número de idosos do mundo (15-16).

No presente estudo, foi assumido o conceito de idoso preconizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organização Mundial de Saúde) e utilizado no Brasil, ou seja, “toda pessoa commais de 60 anos”.Adotou-se ainda a classificação da OMS por ser uma classificação utilizada universalmente. Nesta, os na faixa etária entre 60 e 75 anos são denominados “jovens idosos”, entre 75 e 85 anos “muito idosos” e acima de 85 anos “os mais idosos” (17-18).

O aumento no número de idosos tem provocado impactos sociais importantes, uma vez que este grupo é diferenciado entre si e em relação aos demais grupos etários, e os custos econômicos e sociais decorrentes deles tendem a sobrecarregar o sistema de saúde pública (1). Essa mudança na pirâmide populacional traz assim conseqüências na estrutura onde os idosos estão inseridos: família, mercado de trabalho,política econômica, organização e metas dos serviços de saúde e sociais (2,7).

À medida que a idade aumenta o indivíduo progressivamente tende a se sentir fragilizado e desamparado, não só diante da família, mas de toda sociedade. Sendo assim tem sido visto como improdutivo e nem sempre é acolhido pela família, e são obrigados a morar em asilos ou albergues (5).

Os asilos são geralmente locais inapropriados e inadequados às necessidades do idoso, vindo a dificultar as relações interpessoais indispensáveis à manutenção do idoso pela vida e pela construção da cidadania (6). Além disso, tendem a promover seu isolamento, sua inatividade física e mental, tendo dessa forma, conseqüências negativas à sua saúde (4).

(18)

são os motivos principais de sua internação inclusive nas Instituições de longa permanência (19).

Segundo o decreto nº. 1.948, de 03 de julho de 1996, artigo 3º, existemformas distintas de atendimento aos idosos: a modalidade asilar, “atendimento”, em regime de internato, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social, que rege a vida do mesmo por meio de normas especificas, e o amparo civil e socialmente; e a modalidade não-asilar, que se compõe de centro de convivência, Centro de Cuidados diurno, Hospital-Dia, Casa-Lar e oficina Abrigada de trabalho e destina-se a atender o idoso por determinado período do dia (20).

A Lei 8.842, de janeiro de 1994,no artigo 4º,parágrafo IIIprioriza atendimento ao idoso pelas famílias, ao invés do asilar. Porém, com a existência de vários fatores, tais como os demográficos, sociais e de saúde, conduzem ao aumento da demanda pela institucionalização (19).

Mais do que uma simples mudança nos pesos relativos dos vários subgrupos no total populacional, esse processo traz mudanças expressivas no curso da vida das pessoas, redefinindo relações de gênero, arranjos e responsabilidades familiares e alterando o perfil e as demandas por políticas públicas.Geralmente, o avanço da idade vem acompanhado por doenças crônicas e por algum grau de perda da autonomia e independência dos indivíduos, visto que tais doenças apresentam sintomas dolorosos que podem interferir diretamente na capacidade funcional do idoso, o que será discutido a seguir.

2.2 A presença de dor e a capacidade funcional em idosos institucionalizados

As condições de saúde da população idosa podem ser determinadas através dos seus perfis de morbidade e de mortalidade, da presença de déficits físicos e cognitivos e da utilização de serviços sociais, entre outros indicadores mais específicos

(7).

(19)

elevada dependência. Muito desses quadros são acompanhados por dor e, em significativa parcela deles, a dor crônica é a principal queixa do indivíduo,fato que pode interferir de modo acentuado na qualidade de vida dos idosos (21).

A dor tem sido citada em estudos como um dos fatores que mais interfere nas condições de saúde dos idosos, as estimativas de prevalência variam de 25 a 50% da população idosa que vive na comunidade e de 45 a 80% dos residentes em asilos (22-23).

A dor pode ser entendida como uma experiência desagradável associada a um dano tecidual atual ou potencial. Existe grande dificuldade em se estabelecer conceito único de dor,por esta possuir componente individual e subjetivo muito grande (24-25).

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (International Associaton for the Study of Pain [IASP] 2005) define dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável, descrita em termos de lesão tecidual. Esta definição busca contemplar maior universalidade na explicação da dor combinando os seus vários aspectos que são: a dimensão sensitiva-descriminativa, relacionada a um dano tecidual definido em termo de tempo e espaço; dimensão afetiva-emocional, contendo a característica aversiva da dor; e, a dimensão cognitiva-avaliativa que atribui e quantifica o conteúdo simbólico individual da dor (22).

De acordo com o tempo de ocorrência a dor pode ser referida como sendo fisiológica, aguda ou crônica. Sendo a primeira ocasionada por estimulação breve dos nociceptores. As duas últimas possuem grande impacto psicológico sobre o paciente, sendo que a dor aguda apresenta duração maior, estando presente enquanto o tecido estiver cicatrizando.A dor crônica por sua vez perdura além do tempo necessário para a cicatrização do dano (26).

É definido como características da dor a intensidade, as qualidades sensitivas e afetivas ou não-visceral, visceral,músculo-esquelético, neuropática e psicogênica

(23-24). A somática apresenta-se quando ocorre qualquer dano que estimule os receptores

de dor, também denominada nociceptiva (27).

(20)

Há controvérsia quanto à intensidade e expressão da dor entre os vários indivíduos. Númerosos fatores, portanto podem gerar um quadro álgico. Isto irá depender de componentes individuais, ambientais, culturais, biológicos, filosóficos, estado mental e experiência pregressa (28). Essa multifatoriedade torna difícil tanto à conceituação quanto à avaliação da dor (25,29).

Com o avançar da idade, a dor assume maior importância devido à sua expressiva prevalência aliada a freqüente limitação dela dependente. A dor no idoso é, na maioria das vezes difícil de ser reconhecida e conseqüentemente não é tratada. Estudos epidemiológicos têm mostrado que com o avançar da idade ocorre uma redução da dor em todos os sítios,com exceção das articulações (26).

Trabalhos recentes de pesquisa mostram uma diminuição da atividade hiperalgesica induzida por leucócitos mononucleares provenientes de idosos hígidos e administrada em animais de experimentação quando comparada a adultos jovens. A diminuição da interleucina-2, importante mediador inflamatório presente no sangue de idosos,possívelmente contribui para esses achados (26-27).

Etiologias comuns da dor em pessoas idosas incluem osteoartrite, câncer, herpes zoster, artrite temporal, polimialgia reumática e doença vascular periférica aterosclerótica (28-29).

Entre os idosos, a dor crônica representa a principal queixa ambulatorial e o sintoma mais freqüente nas anamneses, ocorrendo em 25-50% dos pacientes. Cerca de 45-80% dos idosos institucionalizados manisfetam pelo menos um tipo de dor, sendo que em 34% desses sintomas são referidos como contínuos (27-28).

A dor crônica na terceira idade pode apresentar importantes complicações tais como depressão, ansiedade, isolamento social, distúrbios do sono, agitação, agressividade, comprometimento da função cognitiva, incapacidade funcional e diminuição da qualidade de vida, levando a dependência em atividades de vida diária e a um maior gasto com serviços sociais. Além disso, o descondicionamento físico, alterações da marcha, quedas, processo de reabilitação lento, polifarmácia, disfunção cognitiva e desnutrição estão entre as muitas condições geriátricas comuns que podem ser pioradas pela presença e pelo tratamento inadequado da dor (28-29).

(21)

abdômen e membros inferiores, o risco relativo aumenta em 59%, 23%, 34% e 34%, respectivamente,comparado ao risco de pessoas sem dor (26-27).

As incapacidades física, psicológica e social são as principais repercussões que acometem a qualidade de vida dos idosos com dor crônica, sendo importantes a sua identificação (22).Estudos têm demonstrado que atividades funcionais da vida diária podem ser mais sensíveis às alterações dolorosas (23,29).

Em estudo constatou-se que idosos com dependência para realizar atividades instrumentais de vida diária tendem a aumentar mais sua dependência com o passar dos anos. A incapacidade para as atividades de vida diária está relacionada a fatores como: socioeconômicas, nível de escolaridade, idade, gênero, condições cognitivas e morbidades associadas (30-31).

O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo no qual há alterações morfológicas,funcionais e bioquímicas que vão alterando progressivamente o organismo, o tornando mais susceptível a agressões. Percebe-se que nas alterações relacionadas com a idade está a presença de fatores de risco, ocorrência de doenças crônico-degenerativas e de dor crônica, que determinam para o idoso certo grau de dependência, relacionado diretamente com a perda da autonomia e dificuldade de realizar as atividades básicas de vida diária, interferindo na sua qualidade de vida (11).

A capacidade do indivíduo realizar suas atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção de suas atividades básicas e instrumentais, ou seja: tomar banho, vestir-se, realizar higiene pessoal, transferir-se, manter a continência, preparar refeições, controle financeiro, tomar remédios, arrumar a casa,fazer compras, usar transporte coletivo, usar telefone e caminhar certa distância são definidos como capacidade funcional(32-34).

A perda dessa capacidade está associada à predisposição de fragilidade, dependência, institucionalização, risco aumentado de quedas, morte e problemas de mobilidade, trazendo complicações ao longo do tempo, e gerando cuidados de longa permanência e alto custo (31).

A cada ano, cerca de 10% da população adulta, a partir dos 75 anos perde a independência em uma ou mais atividades básicas da vida diária, tais como: banh ar-se,vestir-se, alimentar-se e higiene pessoal(35-36).

(22)

através de medidas indiretas de escalas como o Índice de Barthel, o Índice de Katz, entre outros (31,36).

A manutenção e a preservação da capacidade para desempenhar as atividades básicas de vida diária são pontos básicos para prolongar o maior tempo possível à independência, com isso os idosos mantêm a sua capacidade funcional e qualidade de vida (32). No entanto a capacidade funcional, isto é, a realização das atividades cotidianas e/ou sociais podem ser limitadas pela presença da dor. Estima-se que 75% dos portadores de lombalgia usampelo menos um tipo de terapêutica, desses 15 a 40% referem limitações das atividades funcionais e 20% apresentam distúrbio do sono decorrente da dor (36).

A conservação da capacidade funcionalpode ter importantes implicações para a qualidade de vida dos idosos, por estar relacionada com a capacidade de ocuparem -se em desenvolver atividades cotidianas e/ou atividades agradáveis (20). Portanto é bastante importante planejar programas específicos de intervenção para a manutenção e recuperação da funcionalidade. No planejamento de novas formas de prevenção e tratamento, dentro de uma abordagem multidisciplinar, a Fisioterapia desempenharia um relevante papel, por meio da implantação/implementação de programas de intervenção fisioterapêuticas, tanto de cunho preventivo como reabilitativo, objetivando uma maior independência e autonomia, fatores determinantes de uma boa saúde e qualidade de vida para esta população.

Pesquisas sugerem que a dor no idoso interfere na independência e conseqüentemente na qualidade de vida, uma vez que pode haver correlação entre dor e incapacidade para a realização das atividades de vida diária. Alguns estudos epidemiológicos demonstram esta diversidade de resultados: dor músculo-esquelético crônica em 14,4%, dor severa nos pés em 14% das mulheres, dor em 4 locais incluindo joelho, tornozelo,pés, ombros e região dorsal superior em 57% dos idosos, dor lombar em 23,6% das mulheres e em 18,4% dos homens, dor emmembros inferiores em 64% de idosos rurais, nos pés em 31,4%, nos joelhos em 6,6% e 5% das mulheres e homens respectivamente (36-38).

(23)

Ainda existem divergências nos estudos sobre a relação da prevalência de queixa com a classe social do idoso (33,37).

A associação de dor crônica músculo-esquelético e depressão resultam em prejuízo nas atividades de vida diária. Esse prejuízo foi confirmado nos idosos com dores múltiplas,naqueles com dor em região lombar,nos pés, em região cervical e em membros inferiores (35,38).

Nesta perspectiva, considerando que a presença de dor no idoso constitui um problema de relevância no contexto atual social e de saúde, principalmente quando esta influencia na limitação da capacidade funcional, temos como objeto de estudo a alteração da capacidade funcional do idoso asilado decorrente da dor.

Este estudo justifica-se àmedida que propicia uma reflexão sobre as questões socioeconômicas e de saúde de idosos institucionalizados, buscando sensibilizar a população emgeral quanto à inserção deles no contexto social, econômico e de saúde.

Ademais, denota-se, ainda significativa relevância científica e socialno campo da Fisioterapia e da equipe de saúde, uma vez que representa a possibilidade de contribuição ao trabalho com idosos, o avanço no campo da pesquisa, enfocando, da mesma forma, a importância da prevenção da capacidade funcional como meio primordial de promover ao idoso independência e autonomia, com conseqüente melhoria na qualidade de vida.

Com o crescente índice da população idosa, as instituições de caráter asilar constituem-se, na maioria das vezes, opção ímpar para uma melhor qualidade de vida desses indivíduos.Porém,énecessário que eles recebam toda a ajuda estrutural, tanto de recursos materiais quanto humanos, para se atender, da melhor forma possível, a essa população comcaracterísticas especiais.

(24)

2.3 Assistência à saúde do idoso institucionalizado

As instituições asilares devem se constituir em um lar especializado, com dupla função – a de proporcionar assistência gerontogeriatrica conforme o grau de dependência dos seus residentes e a de oferecer ao mesmo tempo, um ambiente doméstico, aconchegante, capaz de preservar a intimidade e a identidade dos seus residentes – certamente a qualidade do cuidado irá pressupor a realização satisfatória desses objetivos.

Tais entidades devem ainda firmar-se na renovação permanente e em todas as medidas abrangentes de cuidado que visem à recuperação da independência funcional,no máximo possível.Da mesma maneira, a procura do diagnóstico precoce e as medidas preventivas devem estar inseridas nesse processo. Nesta perspectiva o idoso poderá recuperar a saúde e a vontade de viver, criar novas relações sociais e desenvolver-se.

A qualificação pessoal que compõe o quadro de funcionários, sobretudo da equipe responsável pelo cuidado cotidiano ao idoso, é condição fundamental para a qualidade da assistência prestada ao idoso. Além dos conhecimentos adquiridos no ensino formal, os componentes da equipe necessitam de treinamentos contínuos, orientação e supervisão.

Segundo o documento de caracterização e padrões mínimos de funcionamento das instituições geriátricas, os recursos humanos mínimos necessários ao funcionamento das instituições asilares e suas respectivas cargas horárias são a assistência médica (10 horas semanais), assistência de enfermagem (24h/dia), assistência psicossocial (incluídos o assistente social e o psicólogo – 10 horas/semanais) e assistência de reabilitação (incluídos o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional – 10 horas semanais). A portaria 810/89 inclui ainda a necessidade de assistência odontológica, farmacêutica, apoio jurídico, administrativo, atividades de lazer e serviços gerais (4,19).

Conforme as diretrizes da Portaria SAS – MPAS 73/01, a composição da equipe de uma instituição para idosos deveria levar em conta as necessidades dos residentes e a modalidade em que se enquadram (5).

(25)

• Permitir guarda e uso de objetos pessoais; • Possibilitar liberdade na interação social; • Respeitar a prática religiosa individual; • Favorecer privacidade;

• Promover e melhorar constantemente a qualidade de vida e minimizar as

inevitáveis restrições acarretadas pela vida na instituição;

• Manter a autonomia do idoso;

• Garantir acesso ao melhor cuidado conforme seu estado de saúde; • Proporcionar cuidado integral e não apenas médico.

(26)

3

MÉTODOS

3.1 Caracterização da pesquisa

Trata-se de uma pesquisa descritiva com delineamento transversal e abordagem quantitativa, que se caracteriza por observar, registrar, analisar, e correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los, realizando descrições precisas da situação e descobrindo as relações existentes entre os elementos componentes da pesquisa (39).

Os estudos descritivos possuem como principal objetivo o retrato preciso das características de indivíduos, situações ou grupos, e da freqüência com que ocorrem determinados fenômenos, com o propósito de observar, descrever e explorar aspectos de uma situação (40), que no presente estudo objetivou analisar a influência da dor na capacidade funcional de idosos institucionalizados.

Os delineamentos transversais estudam os fenômenos durante um período de coleta de dados, em um ponto no tempo e são apropriados para descrever a situação, ou as relações entre os fenômenos em umponto fixo (39).

O método quantitativo por sua vez representa a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação,possibilitando uma margem de segurança quanto às inferências (41). É frequentemente aplicado nos estudos

descritivos, que procuram descobrir e classificar a associação entre variáveis, bem como,nos que investigam a relação de causalidade entre fenômenos.

3.2 Local do estudo

(27)

abandonado de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social, regendo a vida do mesmo por meio de normas específicas.

Quanto ao número de vagas, são oferecidos 61 leitos, sendo a distribuição em dormitórios femininos e masculinos. Os idosos com demência e totalmente dependentes ficam em dormitórios separados, assimcomo os totalmente dependentes.

Em relação ao quadro de funcionários, a instituição possui, uma enfermeira 12h/dia cada, duas auxiliares de enfermagem com 6 h/dia cada, e um fisioterapeuta com 4 horas/semanais de atendimento, além de quatro copeiras e quatro ajudantes gerais. As atividades de assistente administrativo e auxiliar de escritórios, motorista e administradores são desenvolvidas pelas irmãs, uma vez que se trata de uma instituição da igreja católica. A instituição conta também com profissionais voluntários da área de medicina, direito,ciências contábeis e assessoria técnica.

A escolha desta instituição asilar justifica-se por ser campo de estágio dos cursos de Fisioterapia,Educação Física e Enfermagem da UESB e por ser docente da Disciplina Fisioterapia em Atenção à Saúde do Idoso e Coordenadora do Projeto de Extensão Saúde do Idoso na Família, Asilo e na Comunidade: vivenciando rede de suporte social no cuidado ao idoso, cadastrado junto à UESB, além de realizar trabalhos voluntários de assessoria técnica na referida instituição.

3.3 População alvo

A população alvo do estudo foi composta por todos os idosos residentes na instituição asilar já referida no período proposto para coleta de dados. Sendo o critério de exclusão, idosos que não tivessem condições mentais para responder ao roteiro de entrevista e que não quisessemparticipar voluntariamente do estudo.

(28)

excluídos por apresentarem escore do MEEM inferior a 23 pontos (sugestivo de déficit cognitivo),e incluídos 60 idosos,sendo 30 de cada sexo, 40% apresentavam funções cognitivas preservadas e 60% demonstravam alguma alteração cognitiva não sugestiva de déficit

3.4 Instrumentos

O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados neste estudo foi um formulário estruturado de entrevista constituído de quatro partes: 1) Caracterização sóciodemográfica e de saúde; 2) Aspectos relacionados a dor (tempo e localização); 3) Avaliação da dor pela Escala Numérica e 4) Capacidade funcional medida pelo Índice de Barthel.

Para atender ao objetivo de caracterização da dor quanto à localização, duração e intensidade foram utilizadas a escala numérica de dor (Anexo1) emconjunto com o desenho de uma figura humana para que o idoso quantificasse a dor em cada segmento corporal. A Escala numérica de Dor permite quantificar a intensidade da dor usando números de 0 a 10. O ponto 0 (zero) representa nenhuma dor e 10 (dez) representa a pior dor possível(8).

Visando alcançar o objetivo de avaliação da capacidade funcional foi aplicado o Índice de Barthel (43) (Anexo 1),utilizado para avaliação funcional, composto por 10 atividades: alimentação, banho, higiene pessoal, vestir-se, intestinos, bexiga, transferência para higiene intíma, transferência - cadeira e cama, deambulação e subir escadas.

Quanto aos objetivos sobre a identificação das intervenções utilizadas no controle da dor, na manutenção/recuperação da capacidade funcional dos idosos institucionalizados, os dados foram retirados dos prontuários dos mesmos.

Mediante os dados coletados por meio destes instrumentos, investigou-se a associação entre dor e capacidade funcional de idosos institucionalizados, levando-se emconsideração os seguintes fatores:

(29)

3.5 Variáveis de interesse para o estudo

• Variáveis independentes:caracterização da dor em idosos quanto à localização,

duração e intensidade; intervenções utilizadas para controle da dor e manutenção/recuperação da capacidade funcional de idosos;

• Variável dependente: capacidade funcional (alimentação, banho, higiene

pessoal, vestir-se, intestinos, bexiga, transferência para higiene íntima, transferência-cadeira e cama, deambulação e subir escadas).

3.6 Aspectos éticos

Foi encaminhada a Fundação Leur Brito um ofício com informações concernentes a pesquisa e solicitado autorização da direção da instituição para realização do estudo. Após o consentimento institucional, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, obtendo parecer favorável para sua realização (n. 177/05), obedecendo àResolução196/96 que trata das pesquisas realizadas em seres humanos (44). Para participar da pesquisa voluntariamente o idoso ou seu responsável assinou um termo de consentimento (Apêndice 1).

3.7 Procedimentos

(30)

Posteriormente a realização do Teste Piloto,foi encaminhada a Fundação Leur Brito um ofício com informações concernentes a pesquisa. Após a liberação da Diretoria da instituição para a realização do estudo, a coleta foi realizada pela própria mestranda. Inicialmente foi feito uma identificação dos idosos, sendo em seguida aplicado o MEEM para selecionar os idosos participantes do estudo. Após essa seleção do total de 68 idosos 8 foram excluídos por apresentarem alteração cognitiva sugestiva de déficit.

As entrevistas aconteceram no período da tarde das 14h00min às 17h00min horas, para que não interferisse nas atividades religiosas da instituição, uma vez que se trata de uma entidade católica gerenciada por freiras, bem como para que não ocorresse interferência nos dados, uma vez que pode haver diferenças no período de exarcebação da dor. Emmédia foram entrevistados de quatro a cinco idosos por dia, a depender da disponibilidade e aceitação dos mesmos, durante os meses de dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Levando-se em consideração as alterações cognitivas do envelhecimento não foi determinado o tempo de coleta destes dados.

Tanto a Escala Numérica quanto o Índice de Barthel foram aplicados uma única vez a cada idoso. Sendo que a coleta de dados por meio do Índice de Barthel realizada na forma de entrevista comcada idoso.

3.8 Análises dos dados

As análises estatísticas foram realizadas pela aplicação do software SPSS versão 13.0.

Para a caracterização da amostra do estudo realizou-se análise descritiva das variáveis com confecção de tabelas de freqüência, medidas de posição (média, mediana, mínima e máxima) e dispersão (desvio-padrão) visando caracterizar a amostra do estudo.

(31)

O Teste do Qui-Quadrado (x2) foi utilizado para verificar a associação entre a variável dependente (capacidade funcional) e as demais variáveis do estudo (Sexo, idade, renda, escolaridade, presença de doenças osteomusculares, tipos de doenças osteomusculares, presença de dor, intensidade de dor, tempo de institucionalização, localização da dor, intervenções na dor, intervenções na capacidade funcional e tempo de dor). Sendo adotado ainda o Teste Exato de Fischer quando os valores absolutos nas distribuição das variáveis apresentavamvalor inferior a 5.

(32)

4

RESULTADOS

Foram estudados 60 idosos institucionalizados, 50,0% de cada sexo, sendo o sexo masculino mais freqüente na faixa etária de 60 a 75 anos (28,3%). Com idade mínima de 60, máxima de 104 e média de 77,6 anos (±11,64). Quanto à escolaridade houve ummaior predomínio de idosos analfabetos (73,3%). Em relação à renda, 100% dos idosos recebem um salário mínimo (R$ 300,00 referente a dez/2005) provenientes da aposentadoria. No tocante ao tempo de institucionalização, 85,0% moram no asilo no intervalo de 1 a 10 anos, sendo este período mais freqüente na faixa etária de 60 a 75 anos (48,3%). As doenças osteomusculares estiveram presentes em 81,7% dos idosos, apresentando destaque na faixa etária acima de 75 anos (41,7 %). As patologias mais citadas foram as articulares (artrite, artrose e artralgia) correspondendo a 49,9%.Estes dados apresentam-se na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição dos idosos quanto a sexo, escolaridade, renda, profissão, tempo de institucionalização, doenças osteomusculares e doenças osteomusculares presentes, segundo faixa etária. Jequié/BA, 2007.

A ocorrência de dor nos idosos foi de 73,3%, sendo a sua distribuição igual entre as duas faixas etárias estudadas (36,7%) respectivamente. Em relação à intensidade, 51,7% dos idosos relataram dor intensa, com distribuição maior acima dos 75 anos (31,7%),conforme Tabela 2.

Variáveis 60 a 75 anos Faixa Et> á75ria anos Total

N % N % N %

Sexo

Masculino 17 28,3 13 21,7 30 50,0

Feminino 15 25,0 15 25,0 30 50,0

Escolaridade

Nãoalfabetizado 22 36,7 22 36,7 44 73,3

Alfabetizado 8 13,3 6 10,0 14 23,3

Ensinofundamental 1 1,7 - - 1 1,7

Ensinosuperior 1 1,7 - - 1 1,7 Renda

1 Saláriomínimo 32 53,3 28 46,7 60 100,0

Profissão

Aposentado 32 53,3 28 46,7 60 100,0

Tempo de

Institucionalização

1 a 10anos 29 48,3 22 36,7 51 85,0

> 10anos 3 5,0 6 10,0 9 15,0

Doenças Osteomusculares

Presente 24 40,0 25 41,7 49 81,7

(33)

Tabela 2. Distribuição dos idosos quanto à presença e intensidade de dor, segundo faixa etária. Jequié/BA, 2007.

Quanto à localização da dor os idosos queixaram-se mais dos MMII (47,7%) e coluna (25,0%), sendo mais freqüente na faixa etária acima de 75 anos com 25,0% e 13,6% respectivamente, de acordo a Tabela 3.

O tempo de dor variou de 8 meses a 25 anos, com média de 4,05 (± 4,65) meses. Na distribuição do tempo de ocorrência de dor em relação a faixa etária, foi mais freqüente o tempo de dor referente a 1, 3, 4 e 5 anos com 13,6% cada. Na faixa etária de 60 a 75 anos foi maior o tempo de dor correspondente a 3 anos (9,1%) e acima de 75 anos o tempo de 1 ano (6,8%).

Em relação ao uso de intervenções no controle da dor apenas 15,9% dos idosos recebem-na, sendo mais freqüente na faixa etária acima de 80 anos (9,1%). Tabela 4.

Faixa Etária

Variáveis 60 a 75 anos Acima de 75 anos Total

N % N % N %

Presença de dor

Sim 22 36,7 22 36,7 44 73,3

Não 10 16,7 6 10,0 16 26,7

Intensidade da dor

Semdor 10 16,7 6 10,0 16 26,7

Leve(1 a 3) 2 3,3 0 - 2 3,3

Moderada(4 a 7) 8 13,3 3 5,0 11 18,3

Intensa(8a 10) 12 20,0 19 31,7 31 51,7

Tabela 3. Distribuição dos idosos quanto à localização da dor segundo faixa etária. Jequié/BA, 2007.

Faixa Etária

Localização da dor 60 a 75 anos Acima de 75 anos Total

- Ʒ - Ʒ - Ʒ

MMSS 3 6,8 4 9,1 7 15,9

MMII 10 22,7 11 25,0 21 47,7

Coluna 5 11,4 6 13,6 11 25,0

MMSSeMMII - - 1 2,3 1 2,3

MMIIeColuna 1 2,3 - - 1 2,3

(34)

Tabela 4. Distribuição dos idosos quanto às intervenções no alívio da dor, segundo faixa etária. Jequié/BA, 2007.

Na distribuição entre presença de dor com as variáveis do estudo (sexo, faixa etária, tempo de institucionalização e doenças osteomusculares) houve uma distribuição normal entre os sexos e faixa etária, correspondendo a 36,7% respectivamente. Verificou-se uma maior distribuição da dor entre os idosos não alfabetizados (56,7%), com tempo de institucionalização entre 1 a 10 anos (66,7%) e que apresentavam doenças osteomusculares (60,0%). Foi encontrada diferença estatística apenas entre a presença de dor e tempo de institucionalização (p-valor = 0, 048),com a realização do Teste Qui-Quadrado (x2). Tabela 5.

Tabela 5. Distribuição dos idosos quanto a sexo, faixa etária, tempo de institucionalização e doenças osteomusculares, segundo a presença de dor. Jequié/BA, 2007.

f= TesteExatodeFischer

Na distribuição entre os tipos de doenças osteomusculares (articulares e musculares) com a presença de dor houve uma maior freqüência de doenças

Faixa Etária

Intervenções

60 a 75 anos

N % Acima de

75 anos

N % Total N %

Não 19 43,2 18 40,9 37 84,1

Sim 3 6,8 4 9,1 7 15,9

Total 22 50,0 22 50,0 44 100,0

Presença De dor

Variáveis N Sim %

Não N %

Total

N % (x 2)

p-valor

Sexo

Masculino 22 36,7 8 13,3 30 50,0 1,000

Feminino 22 36,7 8 13,3 30 50,0

Faixa Etária

60a 75 anos 22 36,7 10 16,7 32 53,3 0,599

Acimade 75 anos 22 36,7 6 10,0 28 46,7

Tempo de Institucionalização

1 a 10anos 40 66,7 11 18,3 51 85,0 0,048f

> 10anos 4 6,7 5 8,3 9 15,0

Doenças Osteomusculares

Presente 36 60,0 13 21,7 49 81,7 0,104 f

(35)

articulares (53,1%) e verificou-seno Teste Qui-Quadrado (x2) uma diferença estatística

(p-valor=0,045).ConformeTabela 6.

Tabela 6. Distribuição dos idosos quanto a doenças osteomusculares, segundo a presença de dor. Jequié/BA, 2007.

f= TesteExatodeFischer

A pontuação do Índice de Barthel variou de 10 a 100 pontos, com média de

69,75 (±26,5) pontos, na distribuição com as variáveis do estudo os idosos foram classificados como dependentes nas variáveis, sexo feminino (38,3%), faixa etária acima de 75 anos (36,7%), comnível deescolaridade não alfabetizado (53,3%), tempo

de institucionalização entre 1 a 10 anos (61,7%), presença de doenças

osteomusculares (55,0%) e doenças articulares (49,0%). Nessa distribuição não foi encontrada diferença estatística quando submetidos ao Teste Qui-Quadrado (x2).

Tabela 7. Distribuição dos idosos quanto a sexo, faixa etária, tempo de institucionalização e doenças osteomusculares, segundo a pontuação total do Índice de Barthel. Jequié/BA, 2007.

f= TesteExatodeFischer

Presença de Dor Doenças Osteomusculares

presentes Sim Não Total (x2)

N % N % N % p-valor

Articulares 26 53,1 13 26,5 39 79,6 0,045 f

Musculares 10 20,4 - - 10 20,4

Total 36 53,5 13 26,5 49 100,0

Pontuação total de Barthel (x2)

Variáveis Dependente Independente Total p-valor

N % N % N %

Sexo

Masculino 19 31,7 11 18,3 30 50,0 0,399

Feminino 23 38,3 7 11,7 30 50,0

Faixa Etária

60a 75 anos 20 33,3 12 20,0 32 53,3 0,259

Acimade 75 anos 22 36,7 6 10,0 28 46,7 Tempo de Institucionalização

1 a 10anos 37 61,7 14 23,3 51 85,0 0,431 f

> 10anos 5 8,3 4 6,7 9 15,0

Doenças Osteomusculares

Presente 33 55,0 16 26,7 49 81,7 0,478f

(36)

Na pontuação do Índice de Barthel, 70% dos idosos foram classificados como

dependentes. Sendo ainda classificados como dependentes na faixa etária entre 60 a 75 anos em duas atividades transferência cama e cadeira (33,3%) e deambulação (28,3%).

Tabela 8. Distribuição dos idosos quanto às atividades do Índice de Barthel, segundo faixa etária. Jequié/BA, 2007.

f= TesteExatodeFischer

Faixa Etária

Atividades do Índice de Barthel 60 a 75 anos Acima de anos Total 75 (x2) p-valor

N % N % N %

Barthel Alimentação

Dependente 13 21,7 11 18,3 24 40,0 1,000

Independente 19 31,7 17 28,3 36 60,0

Barthel Banho

Dependente 11 18,3 13 21,7 24 40,0 0,431

Independente 21 35,0 15 25,0 36 60,0

Barthel Higiene Pessoal

Dependente 2 3,3 7 11,7 9 15,0 0,069 f

Independente 30 50,0 21 35,0 51 85,0

Barthel Vestir-se

Dependente 13 21,7 16 26,7 29 48,3 0,300

Independente 19 31,7 12 20,0 31 51,7

Barthel Intestinos

Dependente 9 15,0 10 16,7 19 31,7 0,586

Independente 23 38,3 18 30,0 41 68,3

Barthel Bexiga

Dependente 6 10,0 9 15,0 15 25,0 0,251

Independente 26 43,3 19 31,7 45 75,0

Barthel Transferência para Higiene Intima

Dependente 16 26,7 16 26,7 32 53,3 0,613

Independente 16 26,7 12 20,0 28 46,7

Barthel Transferência Cama e Cadeira

Dependente 20 33,3 20 33,3 40 66,7 0,585

Independente 12 20,0 8 13,3 20 33,3

Barthel Deambulação

Dependente 17 28,3 15 25,0 32 53,3 1,000

Independente 15 25,0 13 21,7 28 46,7

Barthel Subir Escadas

Dependente 16 26,7 20 33,3 36 60,0 0,117

Independente 16 26,7 8 13,3 24 40,0

Total Barthel

Dependente 20 33,3 22 36,7 42 70,0 0,259

(37)

Na faixa etária acima de 75 anos em cinco atividades subir escadas (33,3%), transferência cama e cadeira (33,3%), transferência para a higiene intíma (26,7%), vestir-se (26,7%) edeambulação (25,0%).Em relação àutilização deintervençõespara a preservação e/ou manutenção da capacidade funcional apenas 18,3% utilizam tais intervenções,sendo a Fisioterapia a única medida utilizada.

f= TesteExatodeFischer

Tabela 9. Distribuição dos idosos quanto ás atividades do índice Barthel, segundo a presença de dor. Jequié/BA, 2007.

Presença de dor (x2)

Atividades do Índice de Barthel Sim Não Total p-valor

N % N % N %

Alimentação

Dependente 17 28,3 7 11,7 24 40,0 0,771

Independente 27 45,0 9 15,0 36 60,0

Banho

Dependente 22 36,7 2 3,3 24 40,0 0,015 f

Independente 22 36,7 14 23,3 36 60,0

Higiene Pessoal

Dependente 8 13,3 1 1,7 9 15,0 0,422f

Independente 36 60,0 15 25,0 51 85,0

Vestir-se

Dependente 25 41,7 4 6,7 29 48,3 0,041 f

Independente 19 31,7 12 20,0 31 51,7

Intestinos

Dependente 15 25,0 4 6,7 19 31,7 0,754 f

Independente 29 48,3 12 20,0 41 68,3

Bexiga

Dependente 13 21,7 2 3,3 15 25,0 0,312f

Independente 31 51,7 14 23,3 45 75,0

Transferência para Higiene Intima

Dependente 30 50,0 2 3,3 32 53,3 0,000f

Independente 14 23,3 14 23,3 28 46,7

Transferência Cama e Cadeira

Dependente 33 55,0 7 11,7 40 66,7 0,032

Independente 11 18,3 9 15,0 20 33,3

Deambulação

Dependente 28 46,7 4 6,7 32 53,3 0,010f

Independente 16 26,7 12 20,0 28 46,7

Subir Escadas

Dependente 31 51,7 5 8,3 36 60,0 0,008

Independente 13 21,7 11 18,3 24 40,0

Pontuação total de Barthel

Dependente 38 63,3 4 6,7 42 70,0 0,000f

(38)

Com a aplicação do Teste Qui-quadrado (x2) verificou-se diferença estatística entre presença de dor e as atividades: banho (p-valor=0,015), vestir-se (p-valor=

0,041), transferência para higiene intima (p-valor=0,001), transferência cama e cadeira (p-valor=0,032), deambulação (p-valor=0,010) e subir escadas (p-valor=0,008). Sendo ainda encontrada diferença estatística entre a pontuação total de Barthel (dependente/independente) epresença dedor,p-valor<0,000.

(39)

5 DISCUSSÃO

O presente estudo, do tipo transversal, avaliou a influência da dor na

capacidade funcional de idosos institucionalizados e envolveu 60 idosos. A faixa etária

mais freqüente foi entre 60 e 75 anos (53,3%) sendo 28,3% dos idosos do sexo

masculino.

A distribuição entre as faixas etáriasestá de acordo com a realidade nacional, mas a distribuição quanto ao sexo não reflete a realidade do Brasil, visto que a mulher

figura em maior número na faixa etária acima de 60 anos (2). A predominância de idosos pertencentes ao sexo feminino tem sido atribuída a menor exposição a

determinados fatores de risco, notadamente no trabalho, menor prevalência de tabagismo e uso de álcool, diferença quanto à atitude em relação a doenças e incapacidadese,por último uma maior cobertura de assistência gineco-obstetrica (1,3).

De acordo com o censo IBGE (2000) no município de Jequié/BA havia 147.202

habitantes, sendo 71.899 homens e 75.305 mulheres, destes 14.085, (9,6%) da população idosa têm idade acima de 60 anos (45). Tal distribuição varia no Brasil conforme a região estudada, mas a quantidade de jovens idosos mantém-se proporcionalmente maior em todas as regiões. Tal fato é explicado pela situação de transição da pirâmide populacional e pela estimativa de vida nacional, que varia, nas diversas regiõesdo paísentre 60 a 69 anos(2).

O processo de transição demográfica caracterizado pela diminuição das taxas de mortalidadeede fecundidadeproporcionou o aumento da população idosa mundial. Nos países desenvolvidos ele ocorreu gradativamente facilitando a adaptação às condições para assistir aos idosos. No Brasil, a transição demográfica acentuou-se a partir da década de 60 e a esperança de vida ao nascer atingiu 68,6 anos em 2000.A faixa etária de 60 anos oumaisé a quemaiscresceemtermos proporcionais,segundo projeções estatísticas, entre 1950 e 2025 a população de idosos no país crescerá 16 vezes,contra 5 vezes a população total(1,45).

Quanto ao índice de escolaridade, 73,3% dos idosos são analfabetos. Os

alfabetizadostotalizam 26,7 %,fato que caracteriza o baixo índicedeescolaridade.Em uma pesquisa realizada no Nordeste do Brasil constataram-se taxas elevadas de

(40)

Na década de 1940,período que corresponderia àépoca deescolarização nas sériesiniciaisdosentrevistados, o índicede analfabetismo no Brasil,segundo dadosdo

IBGE (2002), era de 32,2% (46). A baixa escolaridade da maioria dos participantes do

estudo leva a necessidadede uma adequação das ações deeducação emsaúde,para que haja uma maior compreensão e motivação por parte dessas pessoas. Visto que

algumas características como analfabetismo, aposentadoria e alterações do estado

nutricionalpodemlevar a uma maior dependência em relação a outraspessoas(3-4). Quanto a renda, verificou-se que 100% dos idosos apresentavam

aposentadoria de 1 salário mínimo. Em estudo realizado no nordeste do Brasil, verificou-se que 50% dos idosos com 80 anos ou mais tinham renda até meio salário

mínimo, ao passo que na faixa entre 60 a 69 anos estepercentualfoi de cerca de 35%

(2).

Nesse estudo foram identificadas apenas as doenças osteomusculares, estando estas presentes em 81,7% dos idosos e sendo a artrite, artrose e artralgia. Dados estes corroborados por um estudo realizado com 375 idososinstitucionalizados sobre queixa álgica observou-seuma prevalência de 49% decasosde artrite(22).

A idade avançada é um importante fator de risco para a ocorrência de patologias osteomusculares,uma vez quecom o processo de envelhecimento biológico ocorre comprometimento das estruturas do aparelho locomotor sendo afetados os

ossos,músculos,tendõese articulaçõesdetodas as regiõesdo corpo (16).

No presente estudo observou-se em 73,3% dos idosos a presença de dor. Esses achados assemelham-se aos encontrados na literatura, visto que em estudo

sobre dor em idosos asilados relataram prevalência que variou de 71% a 83%. Prevalência mais elevada de dor em idosos asilados pode ser devido a piores condições de saúde dosmesmos, quando comparados com idosos da comunidade (24-25).

Em pesquisa que envolveu 100 idosos institucionalizados encontrou-se uma prevalência de dor de 66% entre idosos comunicativos, valor inferior ao observado no presente estudo. Tais dados parecem justificar-se, visto que em idosos institucionalizados é comum encontrar condições muito precárias de saúde (26-27). As estimativas deprevalência de dor variam de 25 a 50% da população idosa que vive na

comunidadeede 45 a 80% dos residentesem asilos(28).

(41)

qualidadedevida diária.Doentescom doresnosmembrosinferiorespodem apresentar

transtornos de marcha e quedas com possibilidades de ocorrência de fraturas; dor podegerar depressão, anormalidadesdo sono, anorexia,emagrecimento edesnutrição

(26-27).

Nesse estudo, as localizações que predominaram foram MMII (47,7%) e coluna (25,0%). A associação de dor em membros inferiores e coluna foram encontradas em estudos epidemiológicos de dor musculoesquelético no qual foram estudadas 258 pessoas de 60 a 74 anos buscando avaliar a relação de dor em quadril e joelho com outras condições mórbidas e incapacidade (27,29). Entre os 124 com morbidade associadas, 10,98% tinhamdor em quadrilejoelho edor lombar.

Em estudo de dores em geral entre idosos institucionalizados foi possível discriminar a prevalência relacionada a membros inferiores. Cãibras em membros inferiores e dores nosjoelhos ocorreram, em 6,5% dos avaliados; 4,4% tiveramdor no quadrilpor artriteedor nospése 5,4% por claudicação (23,26).

Estudos evidenciam que os MMII são os segmentos corporais mais

acometidos por dor, isto devido a degeneração cartilaginosa decorrente do

envelhecimento biológico ou da ocorrência de patologias crônico-degenerativas a

exemplo da artritee artrose(17).

A dor foi caracterizada ainda quanto à freqüência, duração e intensidade dos episódios. Um estudo com 100 idosos institucionalizados encontrou 66% deles com dores intermitentes sendo que 51% dessas dores ocorriam diariamente e 35%

semanalmente(24,29).

Esses aspectos são pouco explorados nos estudos epidemiológicos. Em estudo de dores em geral encontrou-se 34% dos idosos com dores contínuas e 66%

com dores recorrentes. Dessas, 51% recorriam diariamente. Um estudo de dor lombar relatou que mulheres têm dor intermitente com várias horas de duração (35,9%), enquanto oshomens relatarammaisdor lombar contínua (34,9%) (24, 27,29).

Um aspecto quepode interferir na qualidade de vida das pessoas comdor é a

intensidade. No presente estudo a dor foi classificada mais freqüentemente como dor

(42)

Ao se avaliar dor musculoesquelética em idosos, verificou-se que 60,3% referiram dor leve, 30,3% dor moderada e 9,4% dor intensa (26). Esses resultados

assemelham-se aosencontradosna presentepesquisa.

Há muitas evidências de que a dor em idosos continua a ser subavaliada, subescrita e consequentemente subtratada, nesteestudo apesar da dor estar presente em 73,3% dos idosos, apenas, apenas 15,9% realizava tratamento medicamentoso para o alívio da dor. As conseqüências da dor mal controlada incluem comprometimento da deambulação, redução da socialização, diminuição da

independência nas atividades da vida diária e redução global da qualidade de vida (22-24).

As incapacidades física, psicológica e social são as principais repercussões

quecomprometem a qualidadede vida dosidososcom dor.A avaliação da capacidade funcional na gerontologia é importante indicativo da qualidade de vida do idoso, sendo o desempenho nas atividades da vida diária o parâmetro amplamente aceito e

reconhecido,pois permite aos profissionais desaúdee, emparticular ao Fisioterapeuta

uma visão maisprecisa quanto àseveridadeda doença edassuasseqüelas(33).

As dificuldades progressivas na realização das atividades funcionais básicas

aumentam com a idade e, freqüentemente, decorrem das alterações fisiológicas do processo deenvelhecimento,de patologias e/oude problemas associados a essa faixa

etária. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), após os 70 anos, 30% dos idosos são portadores de alguma patologia crônica e mais: entre os portadores desse tipo de patologia, cerca de 50% tem algum tipo de limitação ou incapacidade física. Um, em nove idosos, na faixa etária entre 65 e 74 anos, apresenta dificuldades em

realizar tarefas básicas e funcionais; na faixa de 75 a 84 anos, um em quatro e, no

grupo de85 anos oumais,três idosos em cinco apresentamdificuldades funcionais(30 -31).

Em estudo com 1.667 idosos com idade acima de 60 anos, verificou-se que

557 dos idosos não referiram queixas de incapacidade e 267, em outro extremo referiram queixas em pelo menos sete dos ítens do instrumento de aferição (Índice de Barthel). No final de dois anos de acompanhamento, observou-se que no grupo sem incapacidade física ocorreram 18 óbitos em 557. No grupo com incapacidade

ocorreram 75 óbitosem 267 idosos(32).

Alguns estudos afirmam que o banho, transferência para higiene íntima, cama

(43)

Resultado semelhantefoiencontrado nesteestudo (33-34).

Resultados depesquisa emidosos residentes emcasasgeriátricas verificaram

que os idosos apresentaram dependência nas atividades de tomar banho (91,2%), vestir-se (77,7%), usar o banheiro (63,3%), transferência (62,7%) e alimentar-se

(40,4%).(35) Em um outro estudo realizado no interior de São Paulo com 41 idosos

asilados os idosos foram classificados como dependentes nas atividades de banho (15), vestir-se (21), uso do toalete (15), movimentação (13), continência (15) e

alimentação (5) (18).

Nesse estudo os idosos foram dependentes em quatro atividades

(transferência para higiene íntima, transferência cama e cadeira, deambulação e subir

escadas). Idosos comdependência para sete ou mais AVDstem três vezes mais risco

de morte do que aqueles indivíduos independentes. Diferente dos dados sociodemograficas que não podem ser modificados pelo indivíduo, a dependência nas AVDséumfator quepodeser mutávelcomprevenção e reabilitação (18).

Resultados semelhantes aosencontrados neste estudo foram encontrados em estudo realizado no interior do Rio Grande do Sul, no qual os idosos asilados foram classificados como dependentes nas atividades de banho (67,89%), vestuário (53,22%),higienepessoal (53,21%), alimentação (57,8%) ebexiga (65,13%) (19)

A perda da capacidade funcional estar associada a predisposição de fragilidade, risco aumentado de quedas e morte, aumento de quedas da mobilidade, dependência e institucionalização gerando cuidados de alto custo e longa permanência(16-17).

A manutenção da capacidade funcional é importante fator para a

independência e qualidadedevida dosidosos.No entanto a capacidadefuncionalpode ser limitada pela presença de dor. Estudos sugerem que a dor no idoso interfere na

capacidade funcional, visto que há relação entre presença de dor e a realização de

atividades de vida diária(36,38). Dados estes corroborados por este estudo em que foi encontrada diferença estatística entredor ecapacidadefuncional.

Estes conhecimentos acerca da influência da dor na capacidade funcional de idososinstitucionalizados a partir da utilização dosinstrumentosdestinados a avaliação

da capacidade funcional e da dor na terceira idade, são relevantes para atuação dos profissionais de saúde junto a esta parcela crescente da população, a fim de proporcionar a estesuma maior autonomia eindependência com conseqüentemelhoria

(44)

Mediante as precárias condições de saúde prestadas ao idoso na instituição asilar por falta de recursos humanos e materiais, visto que se trata de uma instituição

filantrópica que sobrevive de doações, se faz necessário, portanto, que sejam disponibilizados aparatos infra-estruturais, tanto em recursos humanos quanto

materiais, para atender, corretamente a essa clientela, levando se em consideração as particularidadesdessa faixa etária e a especificidadedecada um.

Diante da realidade estudada em queverificou-se uma alta prevalência de dor e um elevado número de idosos com comprometimento da capacidade funcional,fatores estes que comprometem a qualidade de vida do idoso, considera-se necessária a atenção e qualificação de recursos humanos voltados, especificamente, ao atendimento dos idosos. Outrossim, destaca-se ainda a necessidade de incentivo

governamental,tanto emforma de verbaseisenção deimpostos, quanto na criação de serviços de atenção terciária ao idosos, os quais lhe possibilitem, ao menos, continuar

sob o convívio familiar, o que, certamente, representa menores custos de atendimento

dessa população.

Como limitação na realização deste estudo, cita-se o fato de não ter sido

controlado se momento da entrevista os idosos estavam medicados com analségicos, poisestefato podeter interferido quanto àprevalência exata da dor.

Ressalta-se ainda que os resultados aqui obtidossão referentes a apenas uma

instituição asilar, não cabendo assim fazer generalizações de que a dor influencia na

Imagem

Tabela 1.  Distribuição dos idosos quanto a sexo, escolaridade, renda, profissão,  tempo de institucionalização, doenças osteomusculares e doenças  osteomusculares presentes, segundo faixa etária
Tabela 3.  Distribuição dos idosos quanto à localização da dor segundo faixa etária.  Jequié/BA, 2007
Tabela 4. Distribuição  dos  idosos  quanto às intervenções no alívio da dor, segundo  faixa etária
Tabela 6.  Distribuição dos idosos quanto a doenças osteomusculares, segundo a  presença de dor
+6

Referências

Documentos relacionados

O artigo 29 da Lei 7.210/1984 estabelece que “o trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.”

Assim, em relação à contribuição prática dessa pesquisa, a empresa pôde identificar recursos que são importantes, pois proporcionam o desenvolvimento de vantagens

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão como requisito para obtenção do título de doutora em Ciências da Saúde..

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, como requisito para obtenção do título de Mestre em

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão como requisito para obtenção do título de Mestre... Conceição

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão como requisito para obtenção do título de doutora em Ciências da Saúde..