• Nenhum resultado encontrado

Perfil de erros de administração de medicamentos em anestesia entre anestesiologistas catarinenses.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Perfil de erros de administração de medicamentos em anestesia entre anestesiologistas catarinenses."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

DIVERSO

Perfil

de

erros

de

administrac

¸ão

de

medicamentos

em

anestesia

entre

anestesiologistas

catarinenses

Thomas

Rolf

Erdmann

,

Jorge

Hamilton

Soares

Garcia,

Marcos

Lázaro

Loureiro,

Marcelo

Petruccelli

Monteiro

e

Guilherme

Muriano

Brunharo

HospitalGovernadorCelsoRamos,Florianópolis,SC,Brasil

Recebidoem19deabrilde2014;aceitoem26dejunhode2014 DisponívelnaInternetem4dedezembrode2014

PALAVRAS-CHAVE

Errosmédicos; Errosdemedicac¸ão; Anestesiologia; Anestesia

Resumo

Introduc¸ão: Aanestesiologiaéaúnicaespecialidademédicaqueprescreve,diluieadministraos fármacossemconferênciadeoutroprofissional.Somando-seaaltafrequênciadeadministrac¸ão defármacos,cria-seocenáriopropícioaoserros.

Objetivo: Verificaraprevalênciadoserrosdeadministrac¸ãodemedicamentosdurante aneste-sia,entreanestesiologistascatarinenses,ascircunstânciasemqueocorreramepossíveisfatores associados.

Materiaisemétodos: Umquestionárioeletrônicofoi enviadoatodososanestesiologistasda Sociedadede Anestesiologia doEstado deSanta Catarina contendorespostas diretas oude múltiplaescolhasobredadosdemográficoseperfildapráticaanestésicadoentrevistado; pre-valênciadeerros,tipoeconsequênciadoerro;efatoresquepossivelmentecontribuírampara oserros.

Resultados: Dosentrevistados,91,8%afirmaramtercometidoerrodeadministrac¸ão,somando total de errosde 274e médiade 4,7(6,9) erros porentrevistado. Oerromais comumfoi substituic¸ão(68,4%),seguidoporerrodedose(49,1%)eomissão(35%).Apenas7%dos entre-vistadosreferiramerrosdeadministrac¸ãononeuroeixo.Quantoàscircunstânciasdoserros, ocorreram principalmentenoperíodo matutino(32,7%),namanutenc¸ãodaanestesia(49%), com47,8%semdanosaopacientee1,75%commaiormorbidadecomdanoirreversíveleem 87,3%doscasosaidentificac¸ãoimediata.Quantoaospossíveisfatorescontribuintes,osmais frequentesforam:distrac¸ãoefadiga(64,9%)eleituraerradadosrótulosdeampolasouseringas (54,4%).

Conclusão:A maioria dos anestesiologistas entrevistados cometeu mais de um erro de administrac¸ão em anestesia,principalmente justificado como distrac¸ão oufadiga,de baixa gravidade.

©2014SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.

Autorparacorrespondência.

E-mail:thomaserdmann@hotmail.com(T.R.Erdmann). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.06.004

(2)

KEYWORDS

Medicalerrors; Drugerrors; Anesthesiology; Anesthesia

Profileofdrugadministrationerrorsinanesthesiaamonganesthesiologists fromSantaCatarina

Abstract

Introduction:Anesthesiologyistheonlymedicalspecialtythatprescribes,dilutes,and admi-nistersdrugswithoutconferralbyanotherprofessional.Addingtothehighfrequencyofdrug administration,apropitiousscenariotoerrorsiscreated.

Objective:Access the prevalence of drug administration errors during anesthesia among anesthesiologistsfromSantaCatarina,thecircumstancesinwhichtheyoccurred,andpossible associatedfactors.

Materialsandmethods: Anelectronicquestionnairewassenttoallanesthesiologistsfrom Soci-edadedeAnestesiologiadoEstadodeSantaCatarina,withdirectormultiplechoicequestions onresponder demographics andanesthesia practiceprofile;prevalenceoferrors, type and consequenceoferror;andfactorsthatmayhavecontributedtotheerrors.

Results:Oftherespondents,91.8%reportedtheyhadcommittedadministrationerrors,adding thetotalerrorof274andmeanof4.7(6.9)errorsperrespondent.Themostcommonerrorwas replacement(68.4%),followedbydoseerror(49.1%),andomission(35%).Only7%of respon-dentsreportedneuraxialadministrationerror.Regardingcircumstancesoferrors,theymainly occurredinthemorning(32.7%),inanesthesiamaintenance(49%),with47.8%withoutharmto thepatientand1.75%withthehighestmorbidityandirreversibledamage,and87.3%ofcases withimmediateidentification.Asforpossiblecontributingfactors,themostfrequentwere: distractionandfatigue(64.9%)andmisreadingoflabels,ampoules,orsyringes(54.4%).

Conclusion:Most respondentscommittedmore thanoneerrorinanesthesia administration, mainlyjustifiedasadistractionorfatigue,andoflowgravity.

©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights reserved.

Introduc

¸ão

Oserrosnaadministrac¸ãodemedicamentossãoimportante causa de morbidade e mortalidade,1,2 sendo responsável

por cerca de 7.000 mortes por ano nos Estados Unidos,3

implicandoem custosdiretosasaúde,alémdesofrimento

humanopossivelmenteevitável.2AAnestesiologiaéaúnica

especialidademédicaqueprescreve,dilui e administraos

fármacossemaconferênciadeoutroprofissional.

Somando--sea alta frequênciade administrac¸ão de fármacos,bem

comosuapotênciaeurgêncianaaplicac¸ão,cria-seocenário

propícioaoserros,bemcomo,paraconsequências

desastro-sasdetalfalha.

Assim,sãovários ostrabalhos queapontamoserrosde

administrac¸ãodefármacoscomoimportantecausade

mor-bidadee mortalidade anestésica.Em umestudo de1984,

avaliandoincidentesemanestesia,osmaisfrequentemente

reportadosforamdesconexãodosistemarespiratórioetroca

deseringas.4Emoutro,conduzidonaDinamarca,sobre

mor-tesrelacionadasaanestesia,oserros demedicac¸ãoforam

asegundaprincipalcausa,perdendoapenasparaproblemas

comviaaéreaeventilac¸ão.Quandoassociadasàsmortespor

errosdemedicamentoseproblemascombombasdeinfusão,

elastornam-seaprincipalcausademortalidadenoestudo.5

Nosúltimos60anos,muitosestudosavaliarama

preva-lênciadeerrosnaadministrac¸ãodefármacosemanestesia,

sendoque, somente na ultimadécada surgiram trabalhos

prospectivos,desenhadosespecificamenteparaoestudodo

tema.6---10 Taisestudosencontraramincidênciasquevariam

deumerroparacada 133a 450anestesias.Considerando

a maior incidência, foi estimado que cada

anestesiolo-gista cometa sete erros por ano e, consequentemente,

cause danos em dois pacientesao longo deuma carreira

profissional.2

Destaforma,associadoaocrescenteinteresseemtemas

referentesaseguranc¸adopacienteanestesiado,édegrande

valoroestudodaprevalênciadeerrosdemedicac¸ãoentre

anestesiologistascatarinenses,bemcomo,averificac¸ãodos

fatoresquecontribuíramparaoerro.

Objetivo

Verificar a prevalência dos erros de administrac¸ão de

medicamentos durante anestesia, entre anestesiologistas

catarinenses,bemcomoascircunstânciasemqueocorreram

everificarpossíveisfatoresassociados.

Método

Osautoreselaboraramumquestionárioeletrônico(anexo1),

comtrêssec¸õesdeperguntas.Asquestõeseramdiretasou

demúltiplaescolhaquandoapropriado,sendoque,maisde

umarespostapoderiaserassinalada.Aprimeirasec¸ão

ques-tionavasobredadosdemográficos(sexoeidade),bemcomo

o perfildapráticaanestésica doentrevistado: númerode

anosquetrabalhavacomanestesiologia,cargahorária

sema-nalegraudeespecializac¸ão.Asegundasec¸ãoinvestigoua prevalênciadeerrosentreosentrevistados,númerodeerros

(3)

8%

92%

SIM NÃO

Figura1 Prevalência de errode administrac¸ãode medica-mentosentreanestesiologistascatarinenses.

erro e pior consequência de umerro cometido. A última

sec¸ãoinvestigouosfatoresquepossivelmentecontribuíram

paraoserros.

O questionário foienviado porcorreio eletrônico,

jun-tamente com um texto explicativo sobre o caráter da

pesquisa, relevância do tema e termo de consentimento

parautilizac¸ãodosdados,atodososanestesiologistas

asso-ciados à Sociedade de Anestesiologia do Estado de Santa

Catarina(SAESC)noanode2013,porduasvezes,com

inter-valodequatrosemanasentreosenvios.Aparticipac¸ãono

trabalhofoivoluntária,medianteaceitac¸ãodostermos envi-adosviacorreioeletrônico.

Oprogramautilizadoparaenviodoquestionárioe

arma-zenamentodasrespostasfoioSurveyMonkeyeparaanálise

estatísticaeelaborac¸ãodosgráficos,oMicrosoftExcel.

Resultados

Oquestionáriofoienviadoaosassociadosdesociedadede

Anestesiologia do estado de Santa Catarina em Julho e

Agostode2013,com30diasdeintervalo.Dos376

associa-dosdaSAESC,61responderamoquestionário,sendoataxa

derespostade16,2%.

Em relac¸ão aosdados demográficos, a média deidade

dosentrevistadosfoide39(10,8)anos,sendo80,3%dosexo

masculino.Amédiadetempodetrabalhocom

Anestesiolo-gia,incluindoaresidênciafoide13 (10,6)anose acarga

horária semanal média foi de 59 (20,1) horas. Quanto ao

graudeespecializac¸ão,apenas16,4%aindacursavama

resi-dênciamédica,45,9%possuíamotítulodeespecialistaem

Anestesiologiae37,7%possuíamotítulosuperiorde

Anes-tesiologia.

Conformemostraafigura1,91,8%dosentrevistados

afir-maram já ter cometido algum erro de administrac¸ão de

fármacos,sendoonúmerototaldeerrosde274eamédia

de 4,7 (6,9) erros por entrevistado. O tipo de erro mais

comumfoisubstituic¸ão,cometido por68,4% dos

entrevis-tados, seguido porerro de dose (49,1%) e omissão (35%).

Noqueconcerneaoserrosdeadministrac¸ãodefármacosno

neuroeixo,apenas7%dosentrevistadosreferiramsua

ocor-rência.Afigura2mostraostiposdeerroscometidosesuas porcentagens.

0% 10%20%30%40%50%60%70%80% Via incorreta (administração de uma droga por

outra via)

Dose incorreta (concentração, quantidade ou taxa de infusão indesejada) Inserção (droga administrada em momento

indesejado)

Omissão (uma droga não administrada/esquecida ou administrada... Repetição (readministração de uma droga por

incerteza de administração prév ia) Substituição (administração de outra droga

que a pretendida)

Figura2 Tiposdeerroscometidoseprevalênciaentreosque jáerraram.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Outros

Comunicação inadequada entre anestesiologistas Programação ou funcionamento incorreta de bombas Armazenamento inadequado Falta de conhecimento ou experiância com a droga Leitura incorreta do rótulo/ampola Pressão para realizar o procedimento Distração/fadiga

Figura 3 Fatores que os entrevistados acreditavam terem contribuídoparaoserros.

Notocanteascircunstânciasdaocorrênciadoserros,a

maioriareferiuteremocorridonoperíodomatutino(32,7%),

seguidopelosperíodosvespertino(21,8%)enoturno(16,3%).

Noentanto,29%dosentrevistadosnãolembravamoperíodo

daocorrênciadoerro.Amaiorpartedoserros ocorreuna

manutenc¸ãodaanestesia(49%),seguidospelosperíodosde

induc¸ão anestésica (30,9%) e extubac¸ão traqueal (12,7%).

Umaminoriadosentrevistadosrelatou tercometido erros

noperíodopré-anestésico(5,5%)oupós-anestésico(1,8%).

Noquedizrespeitoàpiorconsequênciadeumerro

come-tido,47,8%dosquecometeramerros,relataramqueoserros

nãotrouxeramdanosaopaciente. 43,9%relataram menor

morbidade com dano reversível, com aumento do tempo

para extubac¸ão traqueal ou recuperac¸ão pós-anestésica.

Maiormorbidadecomdanoreversível,comnecessidadede

monitorizac¸ãoinvasiva,foirelatadapor7%dos

entrevista-dose maiormorbidade comdano irreversívelfoi relatada

porapenasumentrevistado(1,75%).Nenhumóbitofoi

rela-tado.Para87,3%dosentrevistadosquejáhaviamcometido

erros,aidentificac¸ãodoerrofoiimediata.

Quantoaospossíveisfatoresqueosentrevistados

acredi-tavamteremcontribuídoparaoserros,osmaisfrequentes

foram: distrac¸ão e fadiga, apontado por 64,9%, leitura

erradadosrótulosdeampolasouseringas(54,4%),pressão

pararealizac¸ão do procedimento(21%) e armazenamento

inadequado(19%),conformemostraafigura3.

Discussão

Este estudo mostrou que a maioria absoluta dos

aneste-siologistas já cometeu algum erro de administrac¸ão de

fármaco,sendoque,boapartejácometeumaisqueumerro.

Notadamente,amaioriadesseserrostrouxerampoucas

con-sequências e baixa morbidade, não tendo sido relatado

nenhumcaso deóbito.Este resultadoestáem

(4)

temacomplexoe,comotal,dedifícilestudo,sendograndea

variedadedetiposdeestudossobreotemaepoucosestudos

prospectivos.

UmestudoCanadense,comdesenhoparecidocomeste,

mostrou que 85% dos anestesiologistas daquele país já

haviamcometidoalgumerroou«aseerro»tendosido

relata-dosquatrocasosdeóbitocomoconsequênciadiretadeerro

deadministrac¸ãodefármacos,apesardamaioriasdelesnão

terresultadoemmorbidade.11

Em relac¸ão á incidência de erros em anestesia, dois

trabalhos Australianos avaliaram retrospectivamente um

banco de dados nacional para monitorizac¸ão de

inciden-tes,mostrandoque amesma foide7% e 10%detodos os

incidentes reportados.12,13 Em outro estudo com método

similar,estaincidênciafoide21%dosincidentesreportados

e 0,36% em relac¸ão ao númerode anestesiasnoperíodo,

masoestudotambémincluiuefeitoscolateraisereac¸õesàs drogas.7

Nosestudosprospectivos,emgeral,ométodoutilizadoé

umamonitorizac¸ãoprospectivadeincidentes,naqual,para

toda anestesia realizada, existe umformulário, que deve

serpreenchido(mesmonegativamente)eentreguenofinal

dacirurgia.Nestesestudosrealmenteexisteum

denomina-doreaincidênciadoserrospodeserdeterminadacommais

precisão.Amaiorincidência reportadaédeumestudoda

NovaZelândia,6sendoestade0,75%ouumerroparacada

133 anestesias, muito parecido com os resultados de um

estudoprospectivoChinêsrecente,9quemostrouincidência

de0,73%ouumerroparacada136anestesias.

Otipomaiscomumdeerrorelatadoemnossotrabalho

foisubstituic¸ãodedrogas,seguidoporerrosdedosee

omis-são.Osestudosmaisantigosassumemqueumerroocorre

quandoadrogaoudoseerradaéadministrada,11,12,14sendo

outrostiposdeerro,comoomissão eviadeadministrac¸ão

incorreta, considerados somente nos estudos maisnovos.

Não há dúvidas que esses três tipos de erro são os mais

comuns,contudo,suaincidência variacomosestudos.Na

maiorparte dos estudos, oserros por substituic¸ão são os

maisfrequentes.6,8NotrabalhomulticêntricodeLlewellyn

etal., é interessante notar que os erros por substituic¸ão

forammaiscomunsquandosomadososdadosdostrês

hospi-taisparticipantes,Contudo,quandoavaliadosisoladamente

osdados dohospitalpediátrico, oserros de dose são tão

frequentesquando porsubstituic¸ão.8 Provavelmente, este

dadoreflitaasgrandesvariac¸õesdepesoentreospacientes

pediátricos,comnecessidadedediluic¸õesfrequentesenão

habituais.

Contrastandocomosoutrosestudosprospectivos,no

tra-balhodeZhangetal.,oerromaiscomumfoiOmissão.9É

possível que este resultado sejao que maisreflita a

rea-lidade, dada a grande possibilidade de viés de memória

envolvendoomissões:seadosedofármacofoiesquecida,é

improvávelqueoindivíduoselembrederelatar.

Em concordância com a maioria dos estudos

prospectivos,8,9 nosso estudo mostrou que a maioria

doserros ocorre noperíodode manutenc¸ão daanestesia,

provavelmenteporesteseroperíodomaislongoda

anes-tesia,noqual,amaiorpartedasdrogaséadministrada,ou

simplesmenteporserummomentoemqueavigilânciaestá

diminuída.9 O período do dia mais comumente relatado

como de ocorrência dos erros foram o matutinoe o

ves-pertino.Apenas16%dos erros ocorreram anoite, embora

possivelmenteumafrac¸ãoaindamenordascirurgiastenha

ocorridonesteperíodo.

Afadiga,pressaedesatenc¸ãodegradamahabilidadedo

anestesiologistamonitorarac¸ões,asquaiséextremamente

habilidosoemrealizare asfazemhabitualmenteem«loto

automático». Dessaforma,ampolas ouseringas parecidas

sãointerpretadascomo corretase administradas

erronea-mente, sendo esta umafalha bem conhecidado processo

cognitivo.12 Afadigaeadistrac¸ãoforamosfatores

contri-buintes maisfrequentemente citados pelos entrevistados.

Emumaavaliac¸ãoinicial,somando-seasaltascargas

horá-riascitadaspelosentrevistados,éfácilconcluirqueafadiga

resultante do excesso de trabalho torna maispropícia as

falhasnoprocessocognitivolevandoaoerroe,

consequen-temente,aumatendênciaàabordagemindividualdoerro.

Contudo,emumaanálisemaisprofunda,baseadano

tra-balhodeReason15enarevisãodeWheeleretal.,16notamos

queexistem condic¸õeslatentesorganizacionaise

adminis-trativasquecontribuemparaoerro.Devemserlevadosem

conta fatores como a falta de padronizac¸ão de ampolas,

rótulos,apresentac¸ãofarmacológicaesoftwaredebombas

deinfusão, bemcomo, adivisão detrabalho quepermite

jornadasinfindáveisepressãoparaproduzir.15,16

Tendoissoemmente,valenotarque,emnossotrabalho,

osoutrosfatorescontribuintescitadospelos entrevistados

foram leitura errada dos rótulos de ampolas ouseringas,

pressãopararealizac¸ãodoprocedimentoearmazenamento

inadequado,sendotodoselesassociadosacondic¸ões

laten-tesenãoapenasaoindivíduo.Assim,aabordagemdoerro

deve ser feitatambém incluindo o sistema,considerando

queosmédicosestãonofinaldeumacadeiae sãoapenas

partedeumafalhasistemática.15,16

Embora não avaliado neste trabalho, a classe

far-macológica, em geral, mais envolvida nos erros são os

bloqueadoresneuromusculares.7,14 Fatopreocupante,dado

àsconsequênciasdevastadorasdasuaadministrac¸ão

inde-sejada,principalmenteempacientesacordados.Umestudo

daNoruegaestimouqueumpacienterecebabloqueadores

neuromuscularesenquantoacordadoacadatrêsmeses.14A

explicac¸ãopossívelseriaoarmazenamentodofármacoem

seringasde5mL,assimcomodamaioriadosopióides,7bem

como,seuusoaolongodetodaanestesia.

Emtempo,valenotarqueaaltaincidênciadeerrosem

anestesiologiacontrastacomasbaixasincidênciasde

morta-lidadeemorbidadeirreversível.14 Emnossoestudo,apenas

um anestesiologista relatou dano irreversível e nenhuma

mortefoireportada.Ainda,amaioriadosanestesiologistas

relatou que a detecc¸ão do erro foi imediata. O fato de

os fármacos usados em anestesiologia provocarem

alterac¸ões fisiológicas importantes e imediatas,

com-binado à vigilância característica da especialidade e, ao

treinamentoconstanteemeventoscríticos,possivelmente

justificaoobservado.

Como se trata de um problema com desfecho

desfa-vorável raro, mas potencialmente catastrófico, pode ser

difícilprovarestatisticamenteaeficáciadecadamedidade

seguranc¸a.Valecitarumestudoquemostrouumatendência

a reduc¸ão global de erros com uso de rótulos coloridos,

emboranãotenhasidoatingidasignificânciaestatística.Foi demonstradareduc¸ãosignificativasomentedoserros

envol-vendotrocadeampolas.14Devemoslembrarqueaindústria

(5)

adotadas para reduc¸ão de morbidade e mortalidade não

forambaseadasemevidência.Foramestabelecidasmedidas

lógicasepráticasecriou-seumaculturadeseguranc¸a.13,17

Este estudopossui algumaslimitac¸ões.Aprimeira

con-siste nodesenho doestudo. Comose trata deumestudo

transversal, apenas é possível calcular a prevalência dos

erros, não sendoalto o nívelde evidência. Além disso, a

taxaderespostafoibaixa,mesmoquandocomparadaa

estu-doscomdesenhosimilar,11possivelmenteportersidousada

a internetpara divulgac¸ão doquestionário,visto que, tal

meioprovavelmenteinspiramenor comprometimentocom

apesquisa.

Assim,estetrabalhoconcluiuqueaprevalênciadeerros

cometidospor anestesiologistas no estadode Santa

Cata-rina é alta, em concordânciacom a prevalênciamundial,

sendootipomaisfrequentedeerro,asubstituic¸ãode

dro-gaseofatorcontribuintemaiscitado,afadiga.Amaioria

dos erros de administrac¸ão de fármacos trouxe baixa ou

nenhuma morbidade, mas desfechos com alta morbidade

e danos irreversíveis foram relatados. Como o potencial

de dano é alto, mudanc¸as devem ser adotadas tanto

na conduta pessoal, com conscientizac¸ão dos novos

resi-dentes frente ao problema e instruc¸ão de hábitos como

rotulac¸ão correta e conferência, como institucional, com

padronizac¸ão de ampolas, seringas e etiquetas, uso de

códigodebarrasecores,mesmo quenãosejambaseadas

em evidência, afim dereduzirao máximoo potencial de

erroesecriarumaculturadeseguranc¸aemAnestesiologia.

Conclusão

Amaioriadosanestesiologistasentrevistadoscometeumais

deumerrodeadministrac¸ãoemanestesia,principalmente

justificadocomodistrac¸ãooufadiga,combaixaincidência

demaioresconsequências.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Anexo

1.

Questionário

1. Qualasuaidade?(emanos)

2. Qualseusexo?(M/F)

3. Há quando tempo trabalha com anestesia (incluindo

residência)?(anos)

4. Quantashorastrabalhaporsemana?

5. Qualgraudeespecializac¸ão?

Residênciamédicaemcurso

Anestesiologista(Títulodeespecialista)

TítulosuperiordeAnestesiologia

6. Vocêjácometeualgumerrodemedicac¸ão?(sim/não)

7. uantasvezesjáocorreu?

8. Quetipodeerroscometeu?

Omissão(umadroganãoadministrada/esquecida)

Repetic¸ão(readministrac¸ãodeumadroga) Substituic¸ão(administrac¸ãodeoutradrogaquenão

aentendida)

Inserc¸ão(drogaadministradaemmomento

indese-jado)

Doseincorreta(concentrac¸ão,quantidadeoutaxa

deinfusãoindesejada)

Viaincorreta

9. Algumfatorabaixocontribuiuparaoerro?

Distrac¸ãooufadiga

Pressãopararealizaroprocedimento

Leitura incorreta dorótulo/ampola ourecipiente

semelhantes

Faltadeconhecimentoouexperiênciacomadroga

Armazenamentoinadequado

Programac¸ãoincorretadabombadeinfusãoou

fun-cionamentoinadequado

Comunicac¸ãoinadequadaentreanestesiologistas

Outrosounãoespecificado

10. Algumdosseuserrossedeuporadministrac¸ãoincorreta

dedrogasnoneuroeixo?(Sim/não)

11. Qual a pior consequência de algum erro seu de

administrac¸ão?

Semdano(erronãoresultouemalterac¸ãodoplano

anestésicoouaumentodotempoderecuperac¸ão)

Menormorbidadecom danoreversível(aumentou

o tempo para extubac¸ão ou recuperac¸ão

pós--anestésica)

Maiormorbidadecomdanoreversível(necessidade

demonitorizac¸ãoinvasivaparacorrec¸ãodoerro)

Maiormorbidadecomdanoirreversível(infartodo

miocárdio,paradacardíacaousequelaneurológica

permanente) Óbito

12. Emqueturnododiaocorreuseuerromaisgrave?

Matutino Vespertino Noturno

Nãolembro

13. Emquemomentodoperíodoperioperatórioocorreuo

seuerromaisgrave?

Noperíodopré-anestésico

Nainduc¸ãodaanestesia(ouperíodoinicialdo tran-soperatório)

Namanutenc¸ãodaanestesia

Na extubac¸ão (ou momentos que antecedem a

extubac¸ão)

Noperíodopós-operatório

14. Quanto tempo levou para identificar seu erro mais

grave?

Identificac¸ãoimediata Identificac¸ãotardia

Errosuspeito,nãoconfirmado

Referências

1.LeapeLL, BrennanTA,LairdN,etal. Thenatureofadverse eventsinhospitalizedpatients.ResultsoftheHarvardMedical PracticeStudyII.NEnglJMed.1991;324:377---84.

2.GlavinRJ.Drugerrors:consequences,mechanisms,and avoi-dance.BrJAnaesth.2010;105:76---82.

(6)

5.HoveLD,SteinmetzJ,ChristoffersenJK,MøllerA,NielsenJ, SchmidtH.Analysisofdeathsrelatedtoanesthesiaintheperiod 1996-2004fromclosedclaimsregisteredbytheDanishPatient InsuranceAssociation.Anesthesiology.2007;106:675---80. 6.WebsterCS, MerryAF,LarssonL, McGrathKA,Weller J.The

frequencyandnatureofdrugadministrationerrorduring ana-esthesia.AnaesthIntensiveCare.2001;29:494---500.

7.KhanFA,HodaMQ.Drugrelatedcriticalincidents.Anaesthesia. 2005;60:48---52.

8.LlewellynRL,GordonPC,WheatcroftD,etal.Drug administra-tionerrors:aprospectivestudysurveyfromthreeSouthAfrican teachinghospitals.AnaesthIntensiveCare.2009;37:93---8. 9.ZhangY,DongYJ,WebsterCS,etal.Thefrequencyandnature

ofdrug administrationerrorduringanaesthesia ina Chinese hospital.ActaAnaesthesiolScand.2013;57:158---64.

10.Cooper L, Nossaman B. Medication errors in anesthesia: a review.IntAnesthesiolClin.2013;51:1---12.

11.Orser BA, Chen RJ, Yee DA. Medication errors in anesthe-tic practice: a survey of 687 practitioners. Can J Anaesth. 2001;48:139---46.

12.CurrieM,MackayP,Morgan C,etal.TheAustralianIncident MonitoringStudy. The«wrong drug»problem in anaesthesia:

ananalysisof2000incidentreports.AnaesthIntensive Care. 1993;21:596---601.

13.Abeysekera A, Bergman IJ, Kluger MT, Short TG. Drug error in anaesthetic practice: a review of 896 reports from the Australian Incident Monitoring Study database. Anaesthesia. 2005;60:220---7.

14.Fasting S, Gisvold SE. Adverse drug errors in anesthesia, and the impact of coloured syringe labels. Can J Anaesth. 2000;47:1060---7.

15.ReasonJT.Humanerror:modelsandmanagement.British Medi-calJournal.2000;320:768---70.

16.WheelerSJ,WheelerDW.Medicationerrorsinanaesthesiaand criticalcare.Anaesthesia.2005;60:257---73.

Referências

Documentos relacionados

• A Revolução Industrial corresponde ao processo de industrialização que teve início na segunda metade do.. século XVIII no

Os maiores coeficientes da razão área/perímetro são das edificações Kanimbambo (12,75) e Barão do Rio Branco (10,22) ou seja possuem uma maior área por unidade de

Várias foram as teorias criadas pela doutrina para realizar a diferenciação entre dolo eventual e culpa consciente. De acordo com a Teoria do Consentimento, que

A participação foi observada durante todas as fases do roadmap (Alinhamento, Prova de Conceito, Piloto e Expansão), promovendo a utilização do sistema implementado e a

Para atingir este fim, foram adotados diversos métodos: busca bibliográfica sobre os conceitos envolvidos na relação do desenvolvimento de software com

Objetivo: Garantir estimativas mais realistas e precisas para o projeto, ao considerar nesta estimativa o esforço necessário (em horas ou percentual do projeto) para

“O aumento da eficiência e o plano de produção fizeram com que a disponibilidade das células de fabricação aumentasse, diminuindo o impacto de problemas quando do

Assim, além de suas cinco dimensões não poderem ser mensuradas simultaneamente, já que fazem mais ou menos sentido dependendo do momento da mensuração, seu nível de