Epidemiologia das infestações por
Oestrus ovis
em ovinos criados em
Botucatu e influência da raça ovina no parasitismo
Bruna Fernanda da Silva
Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus de Botucatu, UNESP, para obtenção do título de Doutor no Programa de Pós-Graduação em Biologia Geral e Aplicada, Área de concentração Biologia de Parasitas e Microorganismos.
Prof. Titular Dr. Alessandro Francisco Talamini do Amarante Orientador
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“Julio de Mesquita Filho”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DE BOTUCATU
Epidemiologia das infestações por
Oestrus ovis
em ovinos criados em
Botucatu e influência da raça ovina no parasitismo
Bruna Fernanda da Silva Bióloga
Prof. Titular Dr. Alessandro Francisco Talamini do Amarante Orientador
Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Campus de Botucatu, UNESP, para obtenção do título de Doutor no Programa de Pós-Graduação em Biologia Geral e Aplicada, Área de concentração Biologia de Parasitas e Microorganismos.
BOTUCATU – SP
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO DE AQUIS. E TRAT. DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE
Silva, Bruna Fernanda.
Epidemiologia das infestações por Oestrus ovis em ovinos criados em Botucatu e influência da raça ovina no parasitismo / Bruna Fernanda da Silva. – Botucatu : [s.n.], 2012
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências Orientador: Alessandro Francisco Talamini do Amarante
Capes: 21300003
1. Parasitologia. 2. Epidemiologia. 3. Ovino – Doenças – Imunologia.
““ A s coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a D eus”
D
D edico
Aos meus pais, J osé H orácio e B enedita e a minha irmã B eatriz
Agradecimentos
A Deus pelo dom da vida e por todas as maravilhas que tem feito em minha vida, por iluminar e abençoar meus caminhos e o meu trabalho.
Aos meus pais José Horácio e Benedita e minha irmã Beatriz pelo amor incondicional, carinho, dedicação, paciência, educação, incentivo... Obrigada por acreditarem nos meus sonhos e por me darem apoio para realizar cada um deles. Vocês são a minha fonte de inspiração, meu porto seguro, meu esteio, meu chão. A vocês dedico todo meu amor.
Ao meu orientador Prof. Dr. Alessandro Amarante por ter me concedido à oportunidade de estágio em 2005, me abrindo as portas do mundo científico, onde tudo começou. Obrigada pela confiança, por todo conhecimento transmitido, paciência e dedicação ao longo de todos estes anos de trabalho. Obrigada pela impagável dedicação e paciência nas muitas correções de relatórios e artigos e, além disso, por literalmente colocar as “mãos na massa” no trabalho de campo, auxiliando em todas as coletas e
acompanhando de perto o andamento dos trabalhos. É um privilégio ser orientada por você... muito obrigada por tudo!
A Fapesp pela bolsa e auxílio financeiro concedidos para a realização deste trabalho.
A Capes pela bolsa concedida para a realização do estágio de doutorado no Hopkirk Research Institute – AgResearch, Palmerston North - Nova Zelândia, onde tive
a oportunidade de ampliar os conhecimentos.
Ao Dr. Anton Pernthaner, meu co-orientador durante o estágio de doutorado, pela oportunidade de estágio, por todo conhecimento transmitido, paciência e amizade.
pelo privilégio de poder compartilhar tantas coisas boas contigo e nossa família. Amo vocês!
A todos os animais que doaram suas vidas para a realização deste trabalho e a todos os ovinocultores que colaboraram com os experimentos.
Ao amigo César Bassetto pela parceria, paciência, amizade e fundamental colaboração em todas as etapas deste trabalho. Com a tua ajuda, com certeza, eu faria tudo novamente, inclusive criar bezerros! Aproveito para agradecer toda sua família, amigos queridos, pelo apoio.
Ao amigo e técnico de laboratório, Valdir Paniguel, por todo auxílio prestado durante os experimentos.
Aos funcionários da Fazenda Edgardia – Unesp, Nico e Edvaldo, pela amizade,
companheirismo e auxílios prestados.
Ao Sr Serginho e Sr Renato por me ajudarem a cuidar dos animais experimentais.
Aos amigos do Laboratório de Helmintologia Veterinária: Maria Érika Picharillo, Jorge K. Xavier, Camila O. Carvalho, César Bassetto, Michelle C. Santos, Fabiana Almeida e Maurícia ‘Berne’. Galerinha especial que “tá na m.... mas é feliz”.
Obrigada pelo companheirismo e auxílio nos experimentos, mas acima de tudo obrigada pela linda amizade e por todos os momentos que passamos juntos ao longo destes anos... com vocês até o “trabalho de preso” fica divertido. Obrigada por tudo!
Aos que fizeram parte do início desta jornada, na época do estágio: Raquel Rocha, Patrizia Bricarello e Kátia Bresciani... o conhecimento transmitido por vocês foram fundamentais para que eu chegasse até aqui. Muito obrigada!
A todos os médicos veterinários residentes da Clínica de Grandes Animais - FMVZ, em especial, Juliana, Diego e Giovanni pelos auxílios prestados durante os três
anos de experimento, sempre “socorrendo” meus filhotes.
A Profª Lucia Helena O’Dwyer pela linda amizade e por ser uma grande
incentivadora do meu trabalho.
Aos professores e funcionários do Departamento de Parasitologia, amigos queridos: Nilza, Roberto (Bicho), Ângela, Márcia, Profª Mônica, Profª Luciene, Profª Cristina, Profª Semiramis, Prof° Reinaldo, Prof° Newton e Prof° Paulo.
Aos amigos queridos do Departamento de Parasitologia e agregados: Eriquinha, Alison, Ericona, Giovana, Larissa, Tatiana (Brusinha), Betina, Denise, Leticinha, Letícia, Diego, Aline, Luciano, Teresa, Ana Paula (Patologia) e Thiaguinho (Inspeção)... e aos que já passaram por lá: Karina Santos, Bianca, Marco (Xabi), Aruaque, Karina Paduan, Adriano, Gustavo e Juliana. Obrigada por tudo... quem tem amigos tem um tesouro!
A todos os amigos do Hopkirk Research Institute, em especial a Qing Deng, Leticia Salvador, Rami, Tanu, Sadaf, Joanna, Charlotte e Sheralee. Foi maravilhoso poder conviver com vocês!
A todos os amigos queridos da Nova Zelândia, em especial a Carol e Rafael, Camila e Nico, Ricardinho, Dayanne, Svenja e Ryan, Soraya e Sydney e o pequeno Nicolas... vocês foram a minha família na NZ. Obrigada pela linda amizade, carinho, companheirismo e pelos inesquecíveis momentos que passamos juntos, vocês são especiais e estarão para sempre no coração!
Na realidade, foram muitas as pessoas que sonharam junto comigo, que torceram, apoiaram, incentivaram e hoje podem ver esse sonho se tornar realidade. Sempre digo que este trabalho não é meu... é nosso!
Agradeço a todos que aqui não foram citados, mas que de alguma forma contribuíram para que mais este sonho se tornasse realidade... que Deus os abençoe!
"Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar
nem um dia na tua vida."
Confúcio
"N ão conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e
domingos pelo menos uma centena de vezes. O sucesso é construído à noite.
D urante o dia você faz o que todos fazem. M as, para obter um resultado diferente
da maioria, você tem que ser especial. Se fizer igual a todo mundo, obterá os
mesmos resultados. N ão se compare à maioria, pois infelizmente ela não é modelo
de sucesso. Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário
em que os outros estão tomando cerveja com batata frita. Terá de planejar,
enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar enquanto os
outros tomam sol à beira da piscina. A realização de um sonho depende de
dedicação. H á muita gente que espera que o sonho se realize por mágica, mas toda
mágica é ilusão e a ilusão não tira ninguém de onde está. N a verdade a ilusão é
combustível dos perdedores, pois: 'Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio.
Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa'."
Página
Resumo...1
Abstract...3
Capítulo 1...5
Introdução...6
Epidemiologia...11
Soroprevalência...14
Ovino x Caprino...15
Resposta imunológica...15
Interação entre a infestação por O. ovis e a infecção por nematódeos gastrintestinais...17
Controle...18
Considerações finais...19
Referências bibliográficas...20
Capítulo 2...28
Epidemiology of Oestrus ovis in sheep in the southwest of Brazil……….29
Abstract...29
Introduction...30
Materials and methods...31
Study location………..31
Management of tracer lambs………32
Sheep flock management……….33
Prevalence and intensity of infestation in tracer sheep………34
Discussion………35
Acknowledgements………..38
References………39
Capítulo 3………46
Prevalence and intensity of Oestrus ovis infestation in sheep in central region of São Paulo State, Brazil………...47
Abstract………47
Introduction………..48
Materials and methods……….49
Statistical analyses………...50
Results………..51
Discussion………51
Acknowledgements………..53
References………54
Capítulo 4………60
Parasitism by Oestrus ovis: Influence of sheep breed and nematode infections………61
Abstract………...……….61
Introduction………..62
Material and methods………...64
Study location………..64
Animals and experimental design………65
Serology – sandwich enzyme immunoassay (EIA) for IgE antibody…………67
Oestrus ovis: clinic signs and larvae count post mortem……….67
Worm counts………67
Statistical analyses………...68
Results………..68
Oestrus ovis: clinic signs and larvae count post mortem……….68
Fecal examination………69
Nematode larvae on pasture………70
Hematology………..71
Serology –sandwich enzyme immunoassay (EIA) for IgE antibody…………..71
Weight gain………..72
Worm counts………72
Correlation coefficients………72
Discussion………....73
Acknowledgements………..77
References………79
Capítulo 5………93
Cellular and humoral immune responses in sheep naturally infested with Oestrus ovis (Diptera: Oestridae) and with nematode infections……….94
Abstract………95
Introduction………..96
Material and methods………...96
Mucus………...98
Enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA)………..99
Parasites used in antigen production………99
Parasite-specific serum IgG………...100
Parasite-specific mucus IgA………..101
Statistical analyses……….101
Results………102
Discussion………..104
Acknowledgement………...108
Página
Capítulo 1
Figura 1. Larvas de Oestrus ovis em diferentes fases de desenvolvimento (vista dorsal).
Foto: B. F. Silva, 2009...7
Figura 2. Vista ventral da larva de primeiro estádio (L1) de Oestrus ovis. Foto: B. F.
Silva, 2009...7
Figura 3. Detalhe da região posterior da larva de segundo estádio (L2) de Oestrus ovis
onde estão localizados os espiraculos respiratórios. Foto: B. F. Silva, 2009...8
Figura 4. Larva de terceiro estádio (L3) de Oestrus ovis em diferentes fases de
desenvolvimento (A, B e C); espiraculos respiratórios localizados na região posterior do
corpo da larva (D). Foto: B. F. Silva, 2009...9
Figura 5. Vista dorsal da mosca adulta de Oestrus ovis. Foto: B. F. Silva, 2008...10
Figura 6. Ovelhas da raça Bergamacia com corrimento nasal, sinal clínico característico
do parasitismo por larvas de Oestrus ovis. Foto: B. F. Silva, 2008...11
Capítulo 2
Figure 1. Average of maximum, minimum and mean monthly temperatures (A);
monthly rainfall and relative air humidity (B); and monthly mean intensity of first larval
instar (L1), second larval instar (L2) and third larval instar (L3) of Oestrus ovis
without nasal mucous: ND = 1; dyspnea with sero-mucous: ND = 2; and dyspnea with
muco-purulent: ND = 3………44
Capítulo 4
Figure 1. Mean of fecal egg counts (FEC) of the Strongyle (H. contortus and T. colubriformis) (A) and Strongyloides papillosus (B) of the Ile de France and Santa Ines
male lambs naturally infested with Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes. Bars
are standard error. There was no significant difference between group means (P >
0.05)……….86
Figure 2. Mean packed cell volume (A), total plasma protein (B) and albumin (C) of the
Ile de France and Santa Ines male lambs naturally infested by Oestrus ovis and
gastrointestinal nematodes. Bars are standard error. There was no significant difference
between group means (P > 0.05)……….87
Figure 3. Means of blood eosinophils (eosinophils/μL) in Ile de France and Santa Ines
male lambs naturally infested by Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes. Bars are
standard error. Data on which a significant (P < 0.05) difference was found between the
groups are indicated with an asterisk (*)………88
Figure 4. Means of total IgE level in sera in Ile de France and Santa Ines males lambs
naturally infested by Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes. Bars are standard
error. Data on which a significant (P < 0.05) difference was found between the groups
digestive tract: abomasum and small intestine; and from upper respiratory tract: septum,
ventral nasal conchae and middle meatus in Ile de France and Santa Ines male lambs
naturally infested by Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes. Bars are standard
error. Data on which a significant difference (P < 0.05) was found between the groups
are indicated with an asterisk (*)………...114
Figure 2. Mean of levels of serum IgG against crude extract (CE) (A) and excretory and
secretory products (ESP) (B) of Oestrus ovis second larval instar (L2) in Ile de France
and Santa Ines males lambs naturally infested by O. ovis and gastrointestinal
nematodes. Bars are standard error………115
Figure 3. Mean of levels of serum IgG against third stage larvae (L3) (A) and against
adult (L5) (B) of Haemonchus contortus in Ile de France and Santa Ines males lambs
naturally infested by Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes. Bars are standard
error………...……116
Figure 4. Mean of levels of serum IgG against third stage larvae (L3) (A) and against
adult (L5) (B) of Trichostrongylus colubriformis in Ile de France and Santa Ines males
lambs naturally infested by Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes. Bars are
standard error………117
Figure 5. Mean level of mucus IgA against crude extract (CE) and excretory and
secretory products (ESP) of Oestrus ovis (Oo) second larval instar (L2) (A); against
third stage larvae (L3) and against adult (L5) of Haemonchus contortus (Hc) (B);
against third stage larvae (L3) and against adult (L5) of Trichostrongylus colubriformis
Capítulo 1
Tabela 1. Prevalência e intensidade de infestação por larvas de Oestrus ovis em
ovinos...13
Capítulo 2
Table 1. Percentage of animals of the sheep flock that received anthelmintic treatment
with levamisole phosphate or moxidectin from April 2008 to March 2011…………...45
Capítulo 3
Table 1. Average of maximum, minimum and mean monthly temperature and rainfall
in the last 10 years in Itápolis city, São Paulo State………57
Table 2. Numbers of heads infested with Oestrus ovis per month, mean larval burden
per head, number of first, second and third larval stage (L1-L3) and total number of
larvae found per month in sheep from central region of São Paulo State, Brazil……58
Table 3. Prevalence of infestation by Oestrus ovis according to sheep
age………59
Capítulo 4
Table 1. Mean number of parasites in Ile de France and Santa Ines males lambs
naturally infested by Oestrus ovis and gastrointestinal nematodes……….90
Table 2. Correlation coefficients between numbers of H. contortus (Hc), T. colubriformis (Tc), S. papillosus (Sp) and O. ovis (Oo) in Ile de France and Santa Ines
papilosus (Sp) and O. ovis (Oo) in Ile de France and Santa Ines male lambs………….92
Capítulo 5
Table 1. Correlation coefficients between Oestrus ovis burden x inflammatory cells in
nasal mucosa of septum, conchae and meatus; and seric IgG and mucus IgA against
crude extract (CE) and excretory and secretory products (ESP) of O. ovis in Ile de
France male lambs naturally infested………119
Table 2. Correlation coefficients between Haemonchus contortus worm burden x
inflammatory cells in abomasal mucosa and seric IgG and abomasal mucus IgA against
antigens from infective larvae (L3) and adults (L5) of H. contortus in Ile de France and
Santa Ines male lambs naturally infected………..120
Table 3. Correlation coefficients between Trichostrongylus colubriformis (Tc) and Strongyloides papillosus (Sp) worm burden x inflammatory cells in intestinal mucosa
and seric IgG and intestinal mucus IgA against antigens from infective larvae (L3) and
adults (L5) of T. colubriformis in Ile de France and Santa Ines male lambs naturally
infected………..121
Table 4. Correlation coefficients between inflammatory cells (eosinophils, mast cells
and globule leucocytes) in nasal mucosa (septum, conchae, meatus) and gastrointestinal
mucosas (abomasum and small intestine) in Ile de France and Santa Ines male lambs
Resumo
A variação sazonal e a intensidade de infestação por larvas de Oestrus ovis em
ovinos criados em Botucatu-SP foi avaliada de abril de 2008 a março de 2011. Dois
cordeiros traçadores foram colocados, mensalmente, junto com um rebanho ovino, onde
permaneceram por 28 dias. Após esse período, os traçadores foram sacrificados e as
larvas de O. ovis recuperadas, identificadas e quantificadas de acordo com o estádio de
desenvolvimento. Dos 72 cordeiros traçadores, 50% estavam infestados por larvas O.
ovis com intensidade média de 16,8 larvas/cabeça com média de 7,8 larvas de primeiro
estádio (L1), 5,3 de segundo (L2) e 3,7 de terceiro (L3). Sinais clínicos de oestrose
foram mensalmente avaliados em todas as ovelhas do rebanho e a prevalência média de
animais com sinais clínicos de oestrose foi de 13,4% (máxima de 31,4% em janeiro de
2009 e mínimo de 1% em setembro de 2010). Além disso, a prevalência do parasitismo
por O. ovis e a intensidade de infestação foram avaliados em cabeças de ovinos obtidas
de um abatedouro localizado em Itápolis – SP. Das 139 cabeças examinadas, 13,7%
estavam parasitadas pelas larvas O. ovis e a intensidade de infestação média mensal
variou de 1 até 10,2 larvas/cabeça com intensidade média geral de 4,5 larvas/cabeça. Do
total de 85 larvas, 21,2% eram L1, 37,6% L2 e 41,2% L3. Os resultados demonstraram
que as condições climáticas do Estado de São Paulo são favoráveis para a atividade da
mosca e desenvolvimento dos estágios larvais praticamente durante todo o ano.
Em outro estudo, foi avaliada, comparativamente, a resistência de cordeiros de
duas raças ovinas, Ile de France (IF) e Santa Inês (SI) contra infestações naturais por O.
ovis, bem como a associação entre a ocorrência deste parasita com as infecções naturais
por nematódeos gastrintestinais. Cordeiros machos SI (n = 12) e IF (n = 12) recém
desmamados, foram mantidos juntos em um piquete de setembro a início de dezembro
diferentes instares larvais de O. ovis, sem diferença entre as raças (P > 0,05). Os
cordeiros da raça SI apresentaram em média 24,8 larvas, sendo que a intensidade de
infestação variou entre 14 e 39 larvas, enquanto que os cordeiros da raça IF
apresentaram em média 23,5 larvas, com infestação máxima e mínima, respectivamente
de 11 e 36 larvas. Os cordeiros SI apresentaram a menor contagem de ovos de
nematódeos por grama de fezes (OPG) e os menores números médios de Haemonchus
contortus, Trichostrongylus colubriformis e Strongyloides papillosus, no entanto, não
houve diferenças significativas entre as raças (P > 0,05). Foi observada relação inversa
entre o número de larvas de O. ovis e nematódeos gastrintestinais em ambas as raças. Os
cordeiros SI apresentaram aumento significativo no número de eosinófilos sanguíneos e
nos níveis totais de IgE sérica e estas variáveis foram negativamente correlacionadas
com as contagens de OPG e carga de H. contortus em ambas as raças. A resposta imune
contra O. ovis e nematódeos gastrintestinais foram muito semelhantes nas duas raças (P
> 0,05) e envolveu o recrutamento de células inflamatórias e produção de
imunoglobulinas parasita-específicas no soro e muco. Os resultados indicaram que a
presença dos anticorpos no soro e muco nasal não foram suficientes para proteger os
animais contra a infestação pelas larvas de O. ovis, mas pareceram promover atraso no
desenvolvimento larval, fato observado especialmente nos cordeiros SI. Em conclusão,
não houve diferença no parasitismo por larvas de O. ovis entre as raças avaliadas, e os
animais parasitados pelas larvas de O. ovis tendem a apresentar menor carga parasitária
Abstract
The seasonal factors which influence Oestrus ovis infestation in sheep in
Botucatu-SP were determined from April 2008 until March 2011. Two tracer lambs
were exposed monthly to natural infestation by O. ovis larvae for 28 consecutive days,
by grazing with a sheep flock. Tracer animals were then euthanized and the larvae of O.
ovis recovered from nasal and sinus cavities. Of the 72 tracer lambs, 50% were infested
with O. ovis larvae and the mean intensity of infestation per head infested was 16.8
larvae with an average of 7.8 first instar (L1), 5.3 second instar (L2) and 3.7 third instar
(L3). Clinic signs of oestrosis were evaluated in all sheep of the flock monthly and the
average prevalence of animals with clinical signs of oestrosis was 13.4% (maximum of
31.4% in January 2009 and minimum of 1% in September 2010). Additionally, the O.
ovis prevalence and infestation intensity were evaluated in heads from slaughtered
sheep from Itápolis-SP. Of the 139 head examined 13.7% were parasitized by O. ovis
larvae with monthly mean of intensity of infestation ranging from 1 until 10.2
larvae/infested head with general mean intensity of 4.5 larvae/infested head. Of the total
of 85 larvae, 21.2% were L1, 37.6% L2 and 41.2% L3. The results suggest that the
climatic conditions in São Paulo State are favorable to fly activity and larval
development during the whole year.
In other study, were evaluated comparatively, the resistance in lambs of two
sheep breeds, Ile de France (IF) and Santa Ines (SI) against O. ovis infestation, well as
the association between the occurrence of this parasite with natural infections by
gastrointestinal nematodes (GIN). SI (n=12) and IF (n=12) young male lambs weaned at
two months of age were kept together in a paddock from September to early December
2009, when were sacrificed. All animals were infested by different larval instars of O.
average of 24.8 larvae, and the intensity of infection ranged between 14 and 39 larvae,
while the IF lambs showed an average of 23.5 larvae with the minimum and maximum
from 11 to 36 larvae, respectively. SI lambs presented the lowest nematode fecal egg
counts (FEC) and the lowest mean numbers of Haemonchus contortus, Trichostrongylus
colubriformis and Strongyloides papillosus, however, there was no significant
differences between group means (P > 0.05). Inverse relationship between numbers of
O. ovis larvae and gastrointestinal nematodes was observed in both breeds. SI sheep
showed a significant increase in blood eosinophils and total IgE serum levels and these
variables were negatively correlated with nematode FEC. The immune response against
O. ovis and GIN were very similar in both breeds (P > 0.05) and involved the
recruitment of inflammatory cells and the parasitic specific immunoglobulins
production in serum and mucus. The results indicated that the presence of antibodies in
serum or nasal mucus were not enough to protect them against O. ovis infestation, but
can promote a delay in larval development, fact observed especially in SI lambs. In
conclusion there was no breed difference regarding O. ovis infestation and in each
Introdução
Oestrus ovis L. (Díptera: Oestridae) é um parasita cosmopolita causador de
míiase cavitária e suas larvas são parasitas obrigatórios da cavidade nasal e seios
paranasais de ovinos e caprinos (Zumpt, 1965).
A mosca de O. ovis é vivípara e deposita larvas de primeiro estádio (L1)
diretamente no nariz dos ovinos e caprinos. Estas colonizam rapidamente as cavidades
nasais, septo, turbinas e etmóide, e em seguida, mudam para larva de segundo estádio
(L2) e migram para os seios frontais, onde irá completar seu desenvolvimento em larva
de terceiro estádio (L3). As L3 maduras serão expelidas para o ambiente para o período
de pupação que acontece no solo. A pupa dará origem a mosca, e após o acasalamento,
as fêmeas grávidas atacam os ovinos para depositar as larvas, reiniciando o ciclo
(Zumpt, 1965).
O desenvolvimento das larvas na cavidade nasal do hospedeiro bem como a
atividade da mosca no meio ambiente é muito influenciado pelas condições climáticas
do ambiente (Cobbett and Mitchell, 1941). O desenvolvimento larval pode variar entre
25-35 dias podendo se estender até nove meses dependendo da estação do ano e
condições climáticas da região (Hall and Wall, 1995).
As larvas de O. ovis não são hematófagas e se alimentam de proteínas
plasmáticas, de anticorpos que estão passando pela mucosa nasal durante o processo
inflamatório, de mucina, albumina e colágeno da membrana basal (Frugère et al., 2000;
Tabouret et al., 2003a). Embora seus ganchos e espinhos danifiquem as membranas
nasais, a nutrição larval não é apenas mecânica, mas está relacionada principalmente a
um processo bioquímico e grande liberação de oxido de nitrogênio (Angulo-Valadez et
O comprimento da larva e a coloração/tamanho dos espiraculos posteriores, por
onde as larvas respiram, são um dos parâmetros utilizados para classificar as fases de
desenvolvimento em L1, L2 ou L3 (Fig. 1) (Cepeda-Palacios et al., 1999).
Figura 1. Larvas de Oestrus ovis em diferentes fases de desenvolvimento (vista dorsal).
Foto: B. F. Silva, 2009.
A L1 é depositada na cavidade nasal dos ovinos com cerca de 1 mm de
comprimento, possui ganchos orais relativamente pequenos e espiraculos posteriores
não pigmentados (Fig. 2). A muda de L1 para L2 ocorre com cerca de 4 mm e nesta fase
os espiraculos começam a ficar visíveis na cutícula da L1.
Figura 2. Vista ventral da larva de primeiro estádio (L1) de Oestrus ovis. Foto: B. F.
A L2 varia entre > 4 mm até 10 mm de comprimento e nesta fase os espiraculos
posteriores são visíveis, inicialmente com coloração variando entre o
amarelo-alaranjado até o marrom escuro (Fig. 3).
Figura 3. Detalhe da região posterior da larva de segundo estádio (L2) de Oestrus ovis
onde estão localizados os espiraculos respiratórios. Foto: B. F. Silva, 2009.
A L3 possui comprimento entre >10 mm até 22 mm e os espiraculos apresentam
coloração marrom escura. Conforme a maturação, a L3 começa apresentar listas dorsais
pretas e mudam de cor, do branco para a cor creme e depois marrom claro até ficar com
o corpo totalmente escuro, e então estará pronta para ser expelida pelo hospedeiro e
Figura 4. Larva de terceiro estádio (L3) de Oestrus ovis em diferentes fases de
desenvolvimento (A, B e C); espiraculos respiratórios localizados na região posterior do
corpo da larva (D). Foto: B. F. Silva, 2009.
A mosca adulta tem coloração acinzentada, possui pêlos e manchas escuras pelo
corpo, o que facilita a camuflagem (Fig. 5). Além disso, voa rápido e possuem olhos
grandes, o que facilita a localização de seus hospedeiros bem como, das fêmeas para a
reprodução. A vida dos adultos é curta, pois não possuem peças bucais funcionais, e,
portanto, não se alimentam no ambiente e dispõem apenas das reservas energéticas
acumuladas durante a fase larval que acontece no aparelho nasal do hospedeiro
(Angulo-Valadez et al., 2010). As fêmeas carregam consigo cerca de 500 larvas e são
capazes de infestar vários ovinos / caprinos durante seu curto período de vida (Cobbett
and Mitchell, 1941), além disso, machos e fêmeas emergem do pupario já sexualmente
maduros, prontos para o acasalamento (Angulo-Valadez et al., 2010) adaptação que
Figura 5. Vista dorsal da mosca adulta de Oestrus ovis. Foto: B. F. Silva, 2008.
A oestrose ou “bicho da cabeça”, como a enfermidade é comumente conhecida,
afeta o bem estar e o desempenho produtivo dos animais parasitados, resultando em
significativas perdas econômicas (Alcaide et al., 2003), como por exemplo, redução no
ganho de peso (Horak and Snijders, 1974) e diminuição da produção de leite em até 9%
(Dorchies et al., 2003).
Os distúrbios causados por este parasita começam no momento da postura das
larvas, pois a mosca irrita os animais, que deixam de se alimentar para tentar se proteger
dos seus ataques, escondendo o focinho no solo ou entre a lã de outros carneiros,
balançando a cabeça e espirrando (Zumpt, 1965). Por sua vez, as larvas, pelos seus
ganchos e espinhos, irritam e causam danos a mucosa nasal, provocando inflamação
acompanhada de produção de exsudato mucoso (Fig. 6), que além de dificultar a
respiração pode induzir infecções secundárias (Dorchies et al., 1998). O parasitismo
pelas larvas de O. ovis causa rinite e sinusite nos animais, e o acumulo de muco nasal e
os espirros frequentes são os principais sinais clínicos da infestação pelas larvas deste
Figura 6. Ovelhas da raça Bergamacia com corrimento nasal, sinal clínico característico
do parasitismo por larvas de Oestrus ovis. Foto: B. F. Silva, 2008.
Epidemiologia
Oestrus ovis é um parasita distribuído mundialmente, mas a atividade da mosca
no ambiente, o desenvolvimento larval no aparelho nasal do hospedeiro, bem como, o
período de pupa que ocorre no solo é muito influenciado pelas condições climáticas do
ambiente.
Os principais fatores climáticos que influenciam a atividade dos oestrideos são a
temperatura, luminosidade e velocidade do vento, mas no caso do O. ovis, a temperatura
é fator determinante para a larviposição (Cepeda-Palacios and Scholl, 2000). Em Baja
California Sur, México, onde a temperatura diurna durante a primavera varia entre 9 –
35 °C foi observado que a atividade da mosca teve início quando a temperatura
ultrapassou os 20 °C, mas a ‘temperatura ótima’ para a larviposição variou entre 26 - 28
°C. Porém, O. ovis, por um processo adaptativo, pode se ajustar as características
dependendo da região estudada (Cepeda-Palacios and Scholl, 2000), mas no geral, os
ataques da mosca acontecem principalmente durante o período mais quente do dia.
Cobbett e Mitchell (1941) foram pioneiros em descrever a influencia do clima na
epidemiologia do O. ovis. Dentre muitas descobertas, os pesquisadores observaram que
durante o inverno o desenvolvimento larval na cavidade nasal dos animais é lento e que
em locais onde o inverno é muito rigoroso, característico de regiões com clima
temperado, a L1 cessa o desenvolvimento e entra em estado de hipobiose, ou seja, não
há desenvolvimento larval neste período até que as condições climáticas voltem a ser
favoráveis para o desenvolvimento. Da mesma forma, em países com clima muito
quente, o desenvolvimento larval também é interrompido durante o período seco
(Dorchies et al., 1998). Essa é uma das estratégias que pode assegurar a perpetuação do
O. ovis em regiões em que as condições climáticas são extremas durante algum período
do ano.
Devido a essa grande influencia do clima no desenvolvimento das larvas de O.
ovis, a prevalência e intensidade de infestação é variável de acordo com o país ou região
estudada, como pode ser observado na tabela abaixo (Tabela 1), bem como a
prevalência dos diferentes instares larvais recuperados da cavidade nasal dos animais
parasitados.
Em locais com clima temperado, como exemplo, na região sul da França
(Dorchies et al., 2000) e região nordeste da Espanha (Gracia et al., 2010), as L1 foram
predominantes durante o ano de estudo, constituindo respectivamente 85,1 e 78,4% da
carga parasitária total. O oposto foi observado na Sicilia, Itália (Caracappa et al., 2000)
e na região sudeste da Espanha (Alcaide et al., 2003) onde todos os diferentes instares
larvais foram simultaneamente recuperados durante o ano de estudo e em proporções
41,4%, 29,1% e 29,6% o que indica que as condições climáticas da região estudada
foram favoráveis para o desenvolvimento larval. Porém, em ambos os estudos, durante
os meses frios, foi observado um período de desenvolvimento lento onde a proporção de
L1 predominou sob os demais estádios larvais.
Tabela 1. Prevalência e intensidade de infestação por larvas de Oestrus ovis em ovinos.
Local N* Prevalência Intensidade Referência
Canadá 698 50,0% 2,5 (Fallis, 1940)
Estados Unidos 720 91,5% 25,6 (Meleney et al., 1962)
Nova Zelândia 1083 65.8% 3,1 (Kettle, 1973)
África do Sul 542 73,4% 15,2 (Horak, 1977)
Zimbábue 507 21,9% 1,1 (Pandey, 1989)
França (sudeste) 555 65,0% 24,8 (Yilma and Dorchies, 1991)
Itália (Sicilia) 841 55,8% 9,4 (Caracappa et al., 2000)
França (sul) 631 43,4% 10,8 (Dorchies et al., 2000)
Etiópia 248 77,4% 12,7 (Yilma and Genet, 2000)
Itália (Sardenha) 566 91,0% 19,0 (Scala et al., 2001)
Espanha (sudeste) 477 71,1% 18,5 (Alcaide et al., 2003)
Nigéria (norte) 116 62,1% 9,2 (Oniye et al., 2006)
Turquia (Konya) 624 59,0% 23,9 (Uslu and Dik, 2006)
Turquia (Kars) 387 40,3% 4,5 (Arslan et al., 2009)
Irã (Shiraz) 2002 49,7% 6,3 (Shoorijeh et al., 2009)
Espanha (nordeste) 120 84,2% 37,9 (Gracia et al., 2010)
No Brasil, apesar da crescente observação de animais com sinais clínicos de
oestrose, há poucos estudos epidemiológicos sobre esta enfermidade, e estes estão
restritos a região Sul, onde as condições climáticas foram favoráveis em praticamente
todos os meses do ano para a atividade da mosca de O. ovis e desenvolvimento larval na
cavidade nasal dos ovinos (Ribeiro et al., 1990; Ramos et al., 2006).
Em Bagé – RS, das 144 cabeças de ovinos examinadas durante o período de um
ano, 85,4% estavam parasitadas e 1639 larvas foram recuperadas, sendo que destas
68,6% eram L1, 12,3% L2 e 18,9% L3 (Ribeiro et al., 1990). Em Encruzilhada do Sul, a
prevalência foi de 100% em animais abatidos com sinais clínicos de oestrose, com
intensidade média de infestação de 23,8 larvas/animal e a prevalência de L1, L2 e L3 foi
respectivamente de 78,9%, 14,5% e 6,6% (Oliveira et al., 1999). Já em estudo realizado
em Santa Catarina, quando as temperaturas médias foram inferiores a 9,8 ºC, não foram
constatadas larvas de O. ovis nos animais (Ramos et al., 2006).
Soroprevalência
No geral, o diagnóstico de oestrose é baseado em sinais clínicos e na detecção
das larvas post mortem, porém, estudos demonstram que o teste ELISA (enzyme-linked
immunosorbent assay) é sensível para detecção de anticorpos específicos anti O. ovis,
utilizando antígenos totais ou produtos excretórios e secretórios das larvas
(Papadopoulos et al., 2001; Alcaide et al., 2005a; Angulo-Valadez et al., 2008).
Alguns estudos, além de avaliar a prevalência por sorologia, também avaliaram
fatores de risco associados com a oestrose. Em Yucatan – México, 30% dos ovinos
avaliados estavam soropositivos para O. ovis e o tamanho do rebanho (> 25 animais) e a
cor do nariz do ovino (escuro) foram associados como fatores de risco para a ocorrência
de anticorpos foi de 50% nos ovinos examinados e o tamanho do rebanho (> 50
animais) foi o único fator de risco associado com a oestrose (Bauer et al., 2002).
Na região sudeste da Espanha, das 551 fazendas estudadas, apenas 18 fazendas
estavam livres de animais soropositivos e em 115, todos os animais foram soropositivos
para O. ovis. A prevalência média de animais soropositivos foi de 69,3% e foi
observado que além do tamanho do rebanho (> 250 ovinos) e densidade da população
ovina (> 100 ovinos por km2) foram importantes fatores de risco para a ocorrência desse parasita na região estudada (Alcaide et al., 2005b).
Ovino x Caprino
Tanto ovinos como caprinos são parasitados por O. ovis, mas a prevalência do
parasitismo é menor nos caprinos do que em ovinos. Em Pézenas, região sul da França,
a prevalência, os sinais clínicos da infestação e a carga parasitária de O. ovis foi menor
em caprinos do que em ovinos (Dorchies et al., 2000). Da mesma forma, na Grécia, a
prevalência de animais com anticorpos específicos anti O. ovis foi menor em caprinos
comparado aos ovinos (Papadopoulos et al., 2001; Papadopoulos et al., 2006).
Há algumas hipóteses para essa diferença no parasitismo por O. ovis entre
caprinos e ovinos. Supõe-se que os caprinos aparentam ser mais sensíveis aos ataques
da mosca e conseguem evitar o contato com a mesma de forma mais eficaz comparado
aos ovinos (Dorchies et al., 1998; Angulo-Valadez et al., 2010). Acredita-se também
que os caprinos co-evoluíram com o O. ovis por um período mais longo do que com os
ovinos e talvez por isso sejam mais bem adaptados ao parasitismo (Angulo-Valadez et
al., 2010).
Resposta imunológica
imunológicos de defesa, sejam eles mediados por anticorpos ou por células e a
eficiência da resposta imunológica depende do parasita em questão e do estágio da
infecção.
A presença das larvas de O. ovis na cavidade nasal dos ovinos induz resposta
imunológica celular, com recrutamento de leucócitos (linfócitos T e B, macrófagos) e
granulócitos (eosinófilos, mastócitos e leucócitos globulares) na mucosa do trato nasal,
e resposta imune humoral local e sistêmica com produção de imunoglobulina G (IgG) e
imunoglobulina A (IgA) anti O. ovis, as quais são encontradas no soro e muco nasal dos
ovinos parasitados (Tabouret et al., 2003b), o que sugere uma resposta imunológica tipo
Th2 (Angulo-Valadez et al., 2011), similar ao que é observado na resposta imune contra
o parasitismo por nematódeos gastrintestinais (Anthony et al., 2007; Rowe et al., 2008).
Além disso, estudos demonstram que os produtos excretórios e secretórios das larvas de
O. ovis causam reação de hipersensibilidade imediata em seus hospedeiros (Dorchies et
al., 1998; Jacquiet et al., 2005).
A resposta inflamatória causada pelas larvas de O. ovis parece estar relacionada
com a regulação da carga parasitária, pois promove redução no crescimento larval, mas
por outro lado, não protege os hospedeiros contra o estabelecimento das larvas (Frugère
et al., 2000; Jacquiet et al., 2005). Além disso, foi observado que os linfócitos de ovinos
previamente infestados não responderam a estimulação com antígenos específicos
(produtos excretórios e secretórios de L2 e L3) após a terceira infestação, ou seja, a
capacidade de resposta dos linfócitos diminui de acordo com o número de exposições,
sugerindo atividade imunossupressora pelo parasita (Jacquiet et al., 2005).
Foi observado que em ovinos imunossuprimidos, que receberam tratamento com
corticóide, o desenvolvimento larval foi mais rápido comparado com o controle que não
grupo imunossuprimido com o grupo de ovinos que haviam sido previamente
parasitados pelas larvas, o estabelecimento larval foi similar, porém as L2 do grupo
imunossuprimido tiveram peso mais elevado (Jacquiet et al., 2005). Vale ressaltar que
O. ovis só se alimenta durante a fase de vida parasitária, enquanto larva, e, portanto, a
redução do peso da larva madura pode comprometer a viabilidade da mosca
(Cepeda-Palacios et al., 2000).
Portanto, estes estudos demonstram que apesar dos ovinos sofrerem sucessivas
infestações pelas larvas de O. ovis, a aquisição de resistência é muito difícil, oposto do
que é observado no parasitismo por nematódeos gastrintestinais. Mas a resposta
imunológica pode ao menos manter o parasitismo sob controle, regulando a carga
parasitária ou afetando o crescimento das larvas, e, por consequência, a viabilidade das
moscas.
Interação entre a infestação por O. ovis e a infecção por nematódeos gastrintestinais
É muito comum um animal ser parasitado por vários organismos
simultaneamente, a exemplo dos ovinos, que comumente são parasitados por
nematódeos gastrintestinais e por larvas de O. ovis. Vários trabalhos foram realizados a
fim de avaliar a interação entre a infestação por larvas de O. ovis e as infecções com
nematódeos gastrintestinais parasitas de ovinos, como por exemplo a interação entre O.
ovis e o parasita do intestino delgado Trichostrongylus colubriformis (Yacob et al.,
2002; 2004; 2006) ou pelo parasita do abomaso Haemonchus contortus (Dorchies et al.,
1997b; Terefe et al., 2005).
Nestes trabalhos os ovinos foram divididos em quatro grupos de animais:
infestados apenas com larvas de O. ovis; infectados apenas com nematódeo
gastrointestinal (T. colubriformis ou H. contortus); ovinos infectados com ambos
referidos parasitas. Os pesquisadores observaram que a infecção no trato digestivo por
nematódeos não modificou a biologia da população de Oestrus na cavidade nasal. Já a
presença do O. ovis foi relacionada com significativa redução na eliminação de ovos
pelos helmintos, redução no tamanho e fecundidade das fêmeas e na carga parasitária.
Estas mudanças foram associadas com eosinofilia e significativas modificações na
população tecidual de mastócitos, leucócitos e eosinófilos nos tratos respiratório e
digestivo. Com base nesses resultados foi observado que a infecção parasitária em uma
determinada região anatômica provoca “à distância” reações inflamatórias em todo o
sistema de mucosa, pois foram observadas mudanças na população celular tecidual em
região anatômica que não estava parasitada.
Porém, apesar de existir correlação negativa entre o parasitismo por O. ovis e
nematódeos gastrintestinais, a regulação é de natureza transitória e desaparece quando
as larvas de O. ovis são expelidas pelo hospedeiro ou após tratamento com
antiparasitário. O mecanismo envolvido na regulação não é específico e está relacionado
com forte ativação dos eosinófilos sanguíneos que age de forma inespecífica sobre os
vermes (Yacob et al., 2006).
Controle
O controle do parasitismo por O. ovis é feito exclusivamente com o uso de
antiparasitários, tais como os organofosforados, triclorfon e closantel, e as lactonas
macrocíclicas, como a ivermectina (Dorchies et al., 1997a; Lucientes et al., 1998),
moxidectina (Dorchies et al., 1996), doramectina (Oliveira et al., 2000; Dorchies et al.,
Considerações finais
Oestrus ovis é um parasita morfológica e biologicamente muito bem adaptado
aos ovinos. Tais adaptações permitem sua sobrevivência sob condições climáticas
adversas e extremas, bem como, a resposta imune do hospedeiro.
Apesar da elevada prevalência e intensidade de infestação observada
mundialmente, a oestrose pode ser considerada uma enfermidade negligenciada no
Brasil. Praticamente não há estudos epidemiológicos sobre este parasita, e apenas com
tal conhecimento é possível predizer quais os fatores climáticos que favorecem a
infestação, bem como, recomendar a melhor época de tratamento.
O Capítulo 2 da Tese intitulado “Epidemiology of Oestrus ovis in sheep in the
southwest of Brazil” e o Capítulo 3 intitulado “Prevalence and intensity of Oestrus ovis
infestation in sheep in central region of São Paulo State, Brazil” tiveram por objetivos
avaliar a variação sazonal e a intensidade de infestação por larvas de O. ovis em ovinos
criados em Botucatu-SP e em Itápolis-SP, respectivamente.
O Capítulo 4 intitulado “Parasitism by Oestrus ovis: Influence of sheep breed
and nematode infections” e o Capítulo 5 intitulado “Cellular and humoral immune
responses in sheep naturally infested with Oestrus ovis (Diptera: Oestridae) and with
nematode infections” tiveram por objetivos avaliar comparativamente, a resistência de
cordeiros de duas raças ovinas, Ile de France e Santa Inês, contra infestações naturais
por O. ovis, bem como a associação entre a ocorrência deste parasita com as infecções
naturais por nematódeos gastrintestinais e a resposta imunológica envolvida na proteção
Referências bibliográficas
Alcaide, M., Reina, D., Frontera, E., Navarrete, I., 2005a. Analysis of larval antigens of
Oestrus ovis for the diagnosis of oestrosis by enzyme-linked immunosorbent
assay. Med. Vet. Entomol.19, 151-157.
Alcaide, M., Reina, D., Sánchez-López, J., Frontera, E., Navarrete, I., 2005b.
Seroprevalence of Oestrus ovis (Diptera, Oestridae) infestation and associated
risk factors in ovine livestock from Southwestern Spain. J. Med. Entomol. 42,
327-331.
Alcaide, M., Reina, D., Sánchez, J., Frontera, E., Navarrete, I., 2003. Seasonal
variations in the larval burden distribution of Oestrus ovis in sheep in the
southwest of Spain. Vet. Parasitol.118, 235-241.
Angulo-Valadez, C.E., Ascencio, F., Jacquiet, P., Dorchies, P., Cepeda-Palacios, R.,
2011. Sheep and goat immune responses to nose bot infestation: a review. Med.
Vet. Entomol.25, 117-125.
Angulo-Valadez, C.E., Scala, A., Grisez, C., Prevot, F., Bergeaud, J.P., Carta, A.,
Cepeda-Palacios, R., Ascencio, F., Terefe, G., Dorchies, P., Jacquiet, P., 2008.
Specific IgG antibody responses in Oestrus ovis L. (Diptera: Oestridae) infected
sheep: Associations with intensity of infection and larval development. Vet.
Parasitol.155, 257-263.
Angulo-Valadez, C.E., Scholl, P.J., Cepeda-Palacios, R., Jacquiet, P., Dorchies, P.,
Anthony, R.M., Rutitzky, L.I., Urban, J.F., Stadecker, M.J., Gause, W.C., 2007.
Protective immune mechanisms in helminth infection. Nat Rev Immunol7,
975-987.
Arslan, M., Kara, M., Gicik, Y., 2009. Epidemiology of Oestrus ovis infestations in
sheep in Kars province of north-eastern Turkey. Trop. Anim. Health Prod. 41,
299-305.
Bauer, C., Steng, G., Prevot, F., Dorchies, P., 2002. Seroprevalence of Oestrus ovis
infection in sheep in southwestern Germany. Vet. Parasitol.110, 137-143.
Caracappa, S., Rilli, S., Zanghi, P., Di Marco, V., Dorchies, P., 2000. Epidemiology of
ovine oestrosis (Oestrus ovis Linné 1761, Diptera: Oestridae) in Sicily. Vet.
Parasitol.92, 233-237.
Cepeda-Palacios, R., Ávila, A., Ramírez-Orduña, R., Dorchies, P., 1999. Estimation of
the growth patterns of Oestrus ovis L. larvae hosted by goats in Baja California
Sur, Mexico. Vet. Parasitol.86, 119-126.
Cepeda-Palacios, R., Frugère, S., Dorchies, P., 2000. Expected effects of reducing
Oestrus ovis L. mature larval weight on adult populations. Vet. Parasitol. 90,
239-246.
Cepeda-Palacios, R., Scholl, P.J., 2000. Factors affecting the larvipositional activity of
Oestrus ovis gravid females (Diptera: Oestridae). Vet. Parasitol.91, 93-105.
Cobbett, N.G., Mitchell, W.C., 1941. Further observations on the life cycle and
incidence of the sheep bot, Oestrus ovis, in New Mexico and Texas. Am. J. Vet.
Dorchies, P., Alzieu, J.P., Cadiergues, M.C., 1997a. Comparative curative and
preventive efficacies of ivermectin and closantel on Oestrus ovis (Linné 1758) in
naturally infected sheep. Vet. Parasitol.72, 179-184.
Dorchies, P., Bergeaud, J., Khanh, N.V., Morand, S., 1997b. Reduced egg counts in
mixed infections with Oestrus ovis and Haemonchus contortus: influence of
eosinophils? Parasitol. Res.83, 727-730.
Dorchies, P., Bergeaud, J.P., Tabouret, G., Duranton, C., Prevot, F., Jacquiet, P., 2000.
Prevalence and larval burden of Oestrus ovis (Linné 1761) in sheep and goats in
northern Mediterranean region of France. Vet. Parasitol.88, 269-273.
Dorchies, P., Cardinaud, B., Fournier, R., 1996. Efficacy of moxidectin as a 1%
injectable solution and a 0.1% oral drench against nasal bots, pulmonary and
gastrointestinal nematodes in sheep. Vet. Parasitol.65, 163-168.
Dorchies, P., Duranton, C., Jacquiet, P., 1998. Pathophysiology of Oestrus ovis
infection in sheep and goats: a review. Vet. Rec.142, 487.
Dorchies, P., Jacquiet, P., Bergeaud, J.P., Duranton, C., Prévot, F., Alzieu, J.P.,
Gossellin, J., 2001. Efficacy of doramectin injectable against Oestrus ovis and
gastrointestinal nematodes in sheep in the southwestern region of France. Vet.
Parasitol.96, 147-154.
Dorchies, P., Wahetra, S., Lepetitcolin, E., Prevot, F., Grisez, C., Bergeaud, J.P., Hoste,
H., Jacquiet, P., 2003. The relationship between nasal myiasis and the
prevalence of enzootic nasal tumours and the effects of treatment of Oestrus ovis
and milk production in dairy ewes of Roquefort cheese area. Vet. Parasitol.113,
Fallis, A.M., 1940. Studies on Oestrus ovis L. Can. J. Res.18, 442-446.
Frugère, S., Leon, A.C., Prévot, F., Palacios, R.C., Tabouret, G., Bergeaud, J.P.,
Duranton, C., Dorchies, P., Jacquiet, P., 2000. Immunisation of lambs with
excretory secretory products of Oestrus ovis third instar larvae and subsequent
experimental challenge. Vet. Res.31, 527-535.
Gracia, M.J., Lucientes, J., Peribáñez, M.A., Castillo, J.A., Calvete, C., Ferrer, L.M.,
2010. Epidemiology of Oestrus ovis infection of sheep in northeast Spain
(mid-Ebro Valley). Trop. Anim. Health Prod.42, 811-813.
Habela, M., Moreno, A., Gragera-Slikker, A., Gomez, J., Montes, G., Rodriguez, P.,
Alvinerie, M., 2006. Efficacy of eprinomectin pour-on in naturally Oestrus ovis
infested merino sheep in Extremadura, South-West Spain. Parasitol. Res. 99,
275-280.
Hall, M., Wall, R., 1995. Myiasis of Humans and Domestic Animals, In: J.R. Baker,
R.M., Rollinson, D. (Eds.) Advances in Parasitology. Academic Press, pp.
257-334.
Horak, I.G., 1977. Parasites of domestic and wild animals in South Africa. I. Oestrus
ovis in sheep. Onderstepoort J. Vet. Res.44, 55-64.
Horak, I.G., Snijders, A.J., 1974. The effect of Oestrus ovis infestation on merino
lambs. Vet. Rec.94, 12-16.
Hoste, H., Lemercier, P., Jacquiet, P., Dorchies, P., Lespine, A., Alvinerie, M., 2004.
Efficacy of eprinomectin pour-on against gastrointestinal nematodes and the
Jacquiet, P., Tran Thi Ngoc, T., Nouvel, X., Prevot, F., Grisez, C., Yacob, H.T.,
Bergeaud, J.-P., Hoste, H., Dorchies, P., Tabouret, G., 2005. Regulation of
Oestrus ovis (Diptera: Oestridae) populations in previously exposed and naïve
sheep. Vet. Immunol. Immunopathol.105, 95-103.
Kettle, P.R., 1973. A study on the sheep botfly, Oestrus ovis (Diptera: Oestridae) in
New Zealand. N. Z. Entomol.5, 185-191.
Lucientes, J., Castillo, J.A., Ferrer, L.M., Peribáñez, M.A., Ferrer-Dufol, M.,
Gracia-Salinas, M.J., 1998. Efficacy of orally administered ivermectin against larval
stages of Oestrus ovis in sheep. Vet. Parasitol.75, 255-259.
Meleney, W.P., Cobbett, N.G., Peterson, H.O., 1962. The natural occurrence of Oestrus
ovis in sheep from the Southwestern United States. Am. J. Vet. Res. 23,
1246-1251.
Murguia, M., Rodriguez, J.C., Torres, F.J., Segura, J.C., 2000. Detection of Oestrus ovis
and associated risk factors in sheep from the central region of Yucatan, Mexico.
Vet. Parasitol.88, 73-78.
Oliveira, C.M.B., Moro, E., Caproni Jr, L., Gonçalves, L.C.B., Umehara, O., Oliveira,
L.O., 2000. Efficacy of doramectin in the treatment of sheep naturally infested
by Oestrus ovis. Rev. Bras. Parasitol. Vet.9, 61-64.
Oliveira, C.M.B., Oliveira, L.O., Torres, J.R., 1999. Oestrus ovis larvae distribution in
Oniye, S., Adebote, D., Ahunanya, C., 2006. Observations on Oestrus ovis L.(Diptera:
Oestridae) myiasis in the Nasal cavities and sinuses of the domestic sheep (Ovis
aries) in Zaria, Northern Nigeria. Int. J. Zool. Res.2, 178-185.
Pandey, V.S., 1989. Epidemiology of Oestrus ovis infection of sheep in the highveld of
Zimbabwe. Vet. Parasitol.31, 275-280.
Papadopoulos, E., Prevot, F., Diakou, A., Dorchies, P., 2006. Comparison of infection
rates of Oestrus ovis between sheep and goats kept in mixed flocks. Vet.
Parasitol.138, 382-385.
Papadopoulos, E., Prevot, F., Jacquiet, P., Duranton, C., Bergeaud, J.P., Kalaitzakis, E.,
Dorchies, P., 2001. Seasonal variation of Oestrus ovis-specific antibodies in
sheep and goats mixed flocks in Greece. Vet. Parasitol.95, 73-77.
Ramos, C.I., Bellato, V., Souza, A.P., Avila, V.S., Coutinho, G.C., Dalagnol, C.A.,
2006. Epidemiologia de Oestrus ovis (Diptera: Oestridae) em ovinos no Planalto
Catarinense. Ciência Rural36, 173-178.
Ribeiro, V.L.S., Oliveira, C.M.B., Branco, F.P.J.A., 1990. Prevalência e variações
mensais das larvas de Oestrus ovis (Linneus, 1761) em ovinos no município de
Bagé, RS, Brasil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaria e Zootecnia 42,
211-221.
Rowe, A., McMaster, K., Emery, D., Sangster, N., 2008. Haemonchus contortus
infection in sheep: Parasite fecundity correlates with worm size and host
Scala, A., Solinas, G., Citterio, C.V., Kramer, L.H., Genchi, C., 2001. Sheep oestrosis
(Oestrus ovis Linné 1761, Diptera: Oestridae) in Sardinia, Italy. Vet. Parasitol.
102, 133-141.
Shoorijeh, S., Negahban, S., Tamadon, A., Behzadi, M., 2009. Prevalence and intensity
of Oestrus ovis in sheep of Shiraz, southern Iran. Trop. Anim. Health Prod. 41,
1259-1262.
Tabouret, G., Bret-Bennis, L., Dorchies, P., Jacquiet, P., 2003a. Serine protease activity
in excretory–secretory products of Oestrus ovis (Diptera: Oestridae) larvae. Vet.
Parasitol.114, 305-314.
Tabouret, G., Lacroux, C., Andreoletti, O., Bergeaud, J.P., Hailu-Tolosa, Y., Hoste, H.,
Prevot, F., Grisez, C., Dorchies, P., Jacquiet, P., 2003b. Cellular and humoral
local immune responses in sheep experimentally infected with Oestrus ovis
(Diptera: Oestridae). Vet. Res.34, 231-241.
Terefe, G., Yacob, H.T., Grisez, C., Prevot, F., Dumas, E., Bergeaud, J.P., Dorchies, P.,
Hoste, H., Jacquiet, P., 2005. Haemonchus contortus egg excretion and female
length reduction in sheep previously infected with Oestrus ovis (Diptera:
Oestridae) larvae. Vet. Parasitol.128, 271-283.
Uslu, U., Dik, B., 2006. Prevalence and intensity of Oestrus ovis in Akkaraman sheep in
the Konya region of Turkey. Med. Vet. Entomol.20, 347-349.
Yacob, H.T., Dorchies, P., Jacquiet, P., Bleuart, C., Prevot, F., Grisez, C., Bergeaud,
J.P., Hoste, H., 2004. Concurrent parasitic infections of sheep: depression of
Trichostrongylus colubriformis populations by a subsequent infection with
Yacob, H.T., Duranton-Grisez, C., Prevot, F., Bergeaud, J.P., Bleuart, C., Jacquiet, P.,
Dorchies, P., Hoste, H., 2002. Experimental concurrent infection of sheep with
Oestrus ovis and Trichostrongylus colubriformis: negative interactions between
parasite populations and related changes in the cellular responses of nasal and
digestive mucosae. Vet. Parasitol.104, 307-317.
Yacob, H.T., Terefe, G., Jacquiet, P., Hoste, H., Grisez, C., Prévot, F., Bergeaud, J.P.,
Dorchies, P., 2006. Experimental concurrent infection of sheep with Oestrus
ovis and Trichostrongylus colubriformis: Effects of antiparasitic treatments on
interactions between parasite populations and blood eosinophilic responses. Vet.
Parasitol.137, 184-188.
Yilma, J.M., Dorchies, P., 1991. Epidemiology of Oestrus ovis in southwest France.
Vet. Parasitol.40, 315-323.
Yilma, J.M., Genet, A., 2000. Epidemiology if the sheep nasal bot, Oestrus ovis
(Diptera: Oestridae), in Central Ethiopia. Rev. Med. Vet.151, 143-150.
Zumpt, P., 1965. Myiasis in man and animals in the Old World. Butterworths, London,
Epidemiology of Oestrus ovis in sheep in the southwest of Brazila
B.F. Silva1*; C.C. Bassetto1; A.F.T. Amarante1
1UNESP - Univ Estadual Paulista, Departamento de Parasitologia, Instituto de
Biociências, Caixa Postal 510, CEP: 18618-000, Botucatu, SP, Brazil.
*Corresponding author: Bruna Fernanda da Silva, Departamento de Parasitologia,
Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Distrito de Rubião
Júnior s/n, Botucatu, São Paulo, CEP: 18618-000 Brazil. Tel.: +55 14 3811 6239; Fax:
+55 14 3815 3744. E-mail address: brusilvabio@gmail.com
Abstract
The seasonal factors which influence Oestrus ovis infestation in sheep in São
Paulo State in the southwest of Brazil were determined from April 2008 until March
2011. Two tracer lambs were exposed monthly to natural infestation by O. ovis larvae
for 28 consecutive days, by grazing with a sheep flock. Tracer animals were then
euthanized and the larvae of O. ovis recovered from nasal and sinus cavities. Of the 72
tracer lambs, 50% were infested with O. ovis larvae and the mean intensity of
infestation per head infested was 16.8 larvae with an average of 7.8 L1, 5.3 L2 and 3.7
L3. In addition, clinic signs of oestrosis were evaluated in all sheep of the flock monthly
and the average prevalence of animals with clinical signs of oestrosis was 13.4%
(maximum of 31.4% in January 2009 and minimum of 1% in September 2010). The
results suggest that evolution and development of larval instars practically occurs
a Artigo redigido de acordo com as normas do periódico científico Veterinary Parasitology. Enviado para
throughout the entire year, but O. ovis larval infestation was especially frequent during
spring and summer months.
Key words:Oestrus ovis; epidemiology; sheep; control.
Introduction
Oestrosis is a worldwide myiasis caused by larvae of the fly Oestrus ovis (Linné
1761, Diptera: Oestridae), which are obligatory parasites of nasal and sinus cavities of
sheep and goats. The female fly is viviparous and deposits larvae in or around the
nostrils of its host. These early first instars attach to the mucous membranes in the nasal
cavities, change to second instars and move up to the sinuses where it completes
development in mature third instars, which are expelled for pupation under the soil
(Zumpt, 1965). The length of this parasitic portion of the life cycle is quite variable
from a few weeks to several months depending on the season and climatic conditions
(Hall and Wall, 1995). Clinical respiratory signs such as seromucous or purulent nasal
discharge, frequent sneezing and dyspnea, may severely impair the health of infested
animals. Those pathological affects causes serious economical losses in small ruminant
livestock (Alcaide et al., 2003), i.e., reduction in live weight gain (Horak and Snijders,
1974) and decrease in milk production of almost 9% (Dorchies et al., 2003).
Numerous studies regarding the epidemiology of O. ovis have been carried out
in many countries but results are likely to be influenced by varying geographical and
epidemiological conditions. In southwest France, for example, the infestation was
present in 65% of the heads with mean intensity of 24.8 larvae/infested head consisting
mainly of first larval instar (Yilma and Dorchies, 1991). In Sicily, Italy, the prevalence
of infestation was 55.8% and all different larval stages were simultaneously recovered
about this parasite and these are restricted to States in South region, where favorable
climatic conditions to O. ovis parasitism are observed throughout the year (Ribeiro et
al., 1990; Oliveira et al., 1999; Ramos et al., 2006), excepting periods with temperature
less than 9 °C when no larvae were recovered from tracer sheep (Ramos et al., 2006).
Oestrosis can be considered a neglected disease in Brazil, despite its increasing
occurrence according to farmers and veterinary clinician’s perception. Therefore, it is
imperative more research about the epidemiology of the disease, since only with such
knowledge it will be possible to predict environmental factors favoring infestation as
well as to recommend the best strategies for oestrosis prophylaxis. This work was
conducted to determine the seasonal variation of O. ovis infestation in sheep in the
southwest of Brazil over a period of three years.
Materials and methods
Study location
The study was carried out in Botucatu, São Paulo state, Brazil, at an altitude of
786 m a.s.l.. Climate data referring to averages of temperatures, relative air humidity
and rainfall were obtained by the Department of Environmental Science, Agronomical
Science College, UNESP, located 8 km from the experimental site (Fig. 1 A and B).
For each month, from April 2008 until March 2011, two tracer lambs were
exposed to natural infestation with O. ovis larvae for 28 consecutive days, while grazing
together always with the same sheep flock. Immediately thereafter the tracer lambs were
euthanized.Heads were removed and cut open along their longitudinal and sagittal axis.
All larvae present in nasal cavity (nasal passage, septum, middle meatus and conchae)
and identified according to their stage of development based on description of the
Zumpt (1965) and Capelle (1966).
Nasal discharge score (clinic signs of oestrosis) were recorded also in animals of
the sheep flock on the first day of each month and in tracer sheep before euthanasia.
According to clinical signs, the scores of nasal discharge (ND) were the
following: no ND = 0; dyspnea without nasal mucous ND = 1; dyspnea with
sero-mucous ND = 2; and dyspnea with muco-purulent ND = 3. Results are presented as
prevalence of sheep with clinical signs of oestrosis (%) and mean of ND score.
Management of tracer lambs
In total, over the three years of observations, 72 Ile de France weathered male
lambs, were purchased from farms located in São Paulo State. Twelve lambs were
purchased every six months, with initial age between two and five months.
Immediately after arrival at the University facilities, animals were housed,
vaccinated against clostridial infections (Sintoxan Polivalente®, Merial, Brazil) and orally drenched, once daily, for three consecutive days with levamisole phosphate (10
mg/kg, Ripercol® L 150 F, Fort Dodge) and albendazole (10 mg/kg, Valbazen® 10 Cobalto, Pfizer). One week later, the same protocol was carried with triclorfon (100
mg/kg, Neguvon®, Bayer S.A.) to remove any existing infestation of O. ovis and
infection by nematodes. Tracer lambs that stayed housed for more than one month,
received an additional treatment with triclorfon (100 mg/kg; Neguvon® - Bayer S.A.) one week before being taken to the farm to remove any infestation by O. ovis.
While housed, the animals were fed on concentrate (Tech Ovin Unique, Socil®, with 18% of crude protein) in an amount corresponding to 1% of their mean live weight
Sheep flock management
The sheep farm where the tracer lambs were placed belongs to University and
consisted in156 Bergamacia sheep at the beginning of the study and 202 animals at the
end. The sheep were kept in rotational grazing on Panicum maximum cv Tanzania grass
and, every year, from June until early November, due to low amount of forage at this
time, the animals received additional diet with corn silage once daily.
To avoid mortality of animals due to parasitism by gastrointestinal nematodes,
the sheep flock received anthelmintic treatments with levamisole phosphate (10 mg/kg,
Ripercol® L 150 F, Fort Dodge) or moxidectin (0.2 mg/kg, Cydectin® Fort Dodge). Details about these treatments are presented in Table 1.
Statistical analyses
Descriptive statistical analyses were performed in agreement with Bush et al.
(1997). The following terms were used:
Prevalence: the number of hosts infested with O. ovis larvae divided by the number of
hosts examined;
Intensity of infestation: the number of O. ovis larvae in a single infested host;
Mean intensity of infestation: the total number of O. ovis larvae found divided by the
number of hosts infected with that parasite.
Results
Clinical signs of oestrosis in the sheep flock
The average prevalence of animals with clinical signs of oestrosis was 13.4%
with maximum of 31.4% in January 2009 and minimum of 1% in September 2010. The
overall ND average score during all years was 1.4 with minimum of 1 and of 1.8 (Fig.