APOMORFINA
U M A ALTERNATIVA NO CONTROLE DAS FLUTUAÇÕES MOTORAS NA DOENÇA DE PARKINSON
HENRIQUE B. FERRAZ*, SÔNIA M. C. AZEVEDO-SILVA**, VANDERCI BORGES**,
MARIA SHEILA G. ROCHA**, LUIZ AUGUSTO F. ANDRADE***
R E S U M O - A s f l u t u a ç õ e s m o t o r a s ( F M ) d e c o r r e n t e s d o u s o p r o l o n g a d o d e l e v o d o p a s ã o u m a d a s p r i n c i p a i s c o m p l i c a ç õ e s d o t r a t a m e n t o d a d o e n ç a d e P a r k i n s o n ( D P ) . A u t i l i z a ç ã o d a a p o m o r f i n a , u m p o t e n t e a g o n i s t a d e r e c e p t o r e s d o p a m i n é r g i c o s , a s s o c i a d a a o d o m p e r i d o n e p a r a b l o q u e a r s e u s e f e i t o s e m é t i c o s , s u r g e c o m o u m a a l t e r n a t i v a p a r a c o n t o r n a r a s F M d o s p a r k i n s o n i a n o s . P a r a a d q u i r i r m o s e x p e r i ê n c i a i n i c i a l c o m e s s a d r o g a , d e c i d i m o s e s t u d a r a a ç ã o e o s e f e i t o s a d v e r s o s d a a p o m o r f i n a e m u m g r u p o d e q u a t r o p a c i e n t e s d o n o s s o a m b u l a t ó r i o c o m o d i a g n ó s t i c o d e D P e c o m f l u t u a ç ã o e s d e r e n d i m e n t o d a l e v o d o p a . A a p o m o r f i n a f o i a d m i n i s t r a d a p o r v i a s u b c u t â n e a , s e n d o o b t i d o o e s t a d o " o n " e m t o d o s o s p a c i e n t e s c o m d o s e s e n t r e 1,5 e 3 m g p o r a p l i c a ç ã o . A l a t ê n c i a p a r a o i n í c i o d o e f e i t o v a r i o u d e 7 a 3 0 m i n u t o s e a d u r a ç ã o d a a ç ã o d e 6 0 a 8 5 m i n u t o s . O e s t a d o " o n " p r o d u z i d o c o m a a p o m o r f i n a foi i n d i s t i n g u í v e l d o o b s e r v a d o c o m a l e v o d o p a , i n c l u s i v e c o m a o c o r r ê n c i a d e d i s c i n e s i a s . N ã o f o r a m o b s e r v a d o s e f e i t o s c o l a t e r a i s s i g n i f i c a t i v o s . N o s s a e x p e r i ê n c i a i n i c i a l m o s t r a q u e a a p o m o r f i n a , e m d o s e s r e l a t i v a m e n t e b a i x a s , é u m a a l t e r n a t i v a e f i c a z p a r a a s F M d a D P , c o m p o u c o s e f e i t o s c o l a t e r a i s .
P A L A V R A S - C H A V E : d o e n ç a d e P a r k i n s o n , t r a t a m e n t o ; a p o m o r f i n a , u s o t e r a p ê u t i c o ; l e v o d o p a , e f e i t o s a d v e r s o s .
Apomorphine: an alternative in the management of motor fluctuations of Parkinson's disease
S U M M A R Y - L e v o d o p a - i n d u c e d m o t o r f l u c t u a t i o n s ( M F ) is a d i s a b l i n g c o m p l i c a t i o n o f P a r k i n s o n ' s d i s e a s e ( P D ) a n d is u s u a l l y r e f r a c t o r y t o c o n v e n t i o n a l t r e a t m e n t . A p o m o r p h i n e , a d o p a m i n e a g o n i s t w i t h a f f i n i t y f o r b o t h D l a n d D 2 r e c e p t o r s , h a s b e e n e m e r g e d a s a n u s e f u l a l t e r n a t i v e i n t h e m a n a g e m e n t o f M F o f P D . T h e f r e q u e n c y o f n a u s e a a n d v o m i t i n g p r e v e n t e d i t s u s e i n t h e p a s t , b u t t h e s i m u l t a n e o u s a d m i n i s t r a t i o n o f d o m p e r i d o n e h a s p r o v e d t o b e a b l e t o c o n t r o l t h e s e s i d e e f f e c t s . A l t h o u g h a p o m o r p h i n e h a s b e e n s u c c e s s f u l l y u s e d t o c o n t r o l l e v o d o p a - i n d u c e d M F i n o t h e r c o u n t r i e s , it h a s n o t b e e n c o n s i d e r e d i n t h e m a n a g e m e n t o f P D i n B r a z i l . W e r e p o r t h e r e o u r i n i t i a l e x p e r i e n c e w i t h s u b c u t a n e o u s i n j e c t i o n s o f a p o m o r p h i n e c o m b i n e d t o o r a l d o m p e r i d o n e . W e a d m i n i s t e r e d a p o m o r p h i n e i n d o s e s r a n g i n g f r o m 1.5 t o 3 m g in f o u r P D p a t i e n t s w i t h M F o f o u r o u t p a t i e n t c l i n i c . A l l t h e d o s e s a d m i n i s t e r e d s w i t c h e d t h e " o f f s t a t e t o a m o t o r r e s p o n s e q u a l i t a t i v e l y s i m i l a r t o w h a t i s s e e n i n t h e " o n " p h a s e i n d u c e d b y l e v o d o p a , i n c l u d i n g t h e o c c u r e n c e o f d y s k i n e s i a . T h e l a t e n c y t o t u r n " o n " a f t e r a p o m o r p h i n e r a n g e d f r o m 7 t o 3 0 m i n u t e s a n d t h e d u r a t i o n o f t h e r e s p o n s e r a n g e d f r o m 6 0 t o 8 5 m i n u t e s . W e o b s e r v e d y a w n i n g i n a l l f o u r p a t i e n t s , l a b i a l p a r e s t h e s i a i n o n e p a t i e n t a n d a n i n e s p e c i f i c u n p l e a s e n t s e n s a t i o n i n a n o t h e r p a t i e n t . T h e s e s i d e e f f e c t s w e r e n o t s i g n i f i c a n t i n o u r f o u r p a t i e n t s . O u r d a t a s h o w t h a t t h e u s e o f a p o m o r p h i n e a d d s a r e l i a b l e a n d e f f e c t i v e s t r a t e g y i n t h e m a n a g e m e n t o f M F o f P D p a t i e n t s .
K E Y W O R D S : P a r k i n s o n ' s d i s e a s e , t r e a t m e n t ; a p o m o r p h i n e , t h e r a p e u t i c u s e ; l e v o d o p a , a d v e r s e e f f e c t s .
S e t o r d e I n v e s t i g a ç ã o e m M o l é s t i a s E x t r a p i r a m i d a i s , D i s c i p l i n a d e N e u r o l o g i a , E s c o l a P a u l i s t a d e M e d i c i n a : * D o u t o r e m N e u r o l o g i a , M é d i c o A s s i s t e n t e d o S e t o r ; * * P ó s - G r a d u a n d o e m N e u r o l o g i a ; * * * P r o f e s s o r A d j u n t o - L i v r e D o c e n t e , C h e f e d o S e t o r . A c e i t e : 2 2 - n o v e m b r o - 1 9 9 4 .
O surgimento da levodopa revolucionou o tratamento da doença de Parkinson no final da
década de 60
7. Muitos pacientes seriamente comprometidos readquiriram, com a nova droga, a
função motora. O entusiasmo inicial foi grande apesar de alguns problemas terem surgido. Intolerância
gastrointestinal foi um dos efeitos colaterais mais observados no início. Além disso, alterações
psiquiátricas e hipotensão ortostática foram notadas em alguns pacientes. Com o tratamento
prolongado, outros problemas surgiram, em particular as flutuações do rendimento e as discinesias
induzidas pela levodopa
2 3. Os principais tipos de flutuações motoras (FM) são: a deterioração de
final de dose (wearing-off) e as mudanças bruscas e imprevisíveis do estado de mobilidade do paciente
(efeito on-off)
1 0. As FM são, às vezes, mais incapacitantes que os sintomas da doença, porque os
pacientes podem ficar a maior parte do tempo em períodos "off' (acinéticos).
Não há ainda uma explicação definitiva para a ocorrência das FM, mas especula-se que possam
ser devidas a alterações na farmacocinética da levodopa, quer por alteração na absorção e transporte,
quer por redução da capacidade de estocagem de dopamina pelos neurônios
9 , 2 4. As flutuações
imprevisíveis parecem depender menos de mecanismos farmacocinéticos mas, principalmente, de
alterações de receptores pós-sinápticos dopaminérgicos
2 , 2 4.
Apesar destas importantes complicações, a levodopa continua sendo a pedra angular do
tratamento da doença de Parkinson, porque nenhuma das drogas posteriormente descobertas conseguiu
superá-la em eficácia e facilidade de uso. Desse modo, sendo a suspensão da levodopa impossível,
na maioria dos pacientes com FM devem-se utilizar estratégias para tentar minimizar estes efeitos
adversos.
Recomenda-se, inicialmente, fracionar ao máximo as doses da levodopa, já que níveis
plasmáticos mais estáveis estão relacionados a respostas motoras mais sustentadas
2 9. O surgimento
da levodopa de liberação controlada, pode determinar níveis plasmáticos mais estáveis, beneficiando
alguns pacientes. Nesta apresentação são desnecessárias as múltiplas doses no decorrer do dia
3.
Outra medida auxiliar no manejo das FM, é a orientação ao paciente para evitar alimentos protéicos
próximo ao horário de tomada da levodopa. Alguns aminoácidos, como a fenilalanina, a leucina e a
isoleucina podem interferir no transporte da levodopa plasmática pela barreira hematoencefálica
(BHE)
2 5. O uso de drogas agonistas dopaminérgicas, em geral associadas às outras medidas citadas,
é outra alternativa para o manejo das flutuações. Os agonistas dopaminérgicos mais freqüentemente
utilizados são os derivados ergolínicos: bromocriptina, pergolida e lisurida. Estes agonistas agem
diretamente sobre o receptor pós-sináptico, não dependendo, portanto, da integridade do neurônio
dopaminérgico, que está degenerado na doença de Parkinson. Estas drogas podem ser administradas
por via oral e permitem, em tese, a estimulação continuada dos receptores dopaminérgicos. Apesar
destas vantagens, na prática clínica, grande número de pacientes tem apenas solução parcial do
problema, já que a redução dos períodos " o f f não é satisfatória. Além disso, estas drogas têm
efeitos colaterais proeminentes que são limitantes para um número relativamente grande de pacientes.
Estes fatores diminuíram muito o valor potencial dos agonistas dopaminérgicos
3.
Com essas dificuldades no manejo das FM, passou-se a considerar o uso da apomorfina para
alguns pacientes. A apomorfina é um potente agonista de receptores D i e D2, portanto com ação
farmacológica similar à dos derivados ergolínicos
1 2. Embora sua ação na doença de Parkinson tenha
sido demonstrada quase que simultaneamente à da levodopa, seu efeito emético desestimulou o
prosseguimento dos ensaios clínicos
5. A retomada das pesquisas com a apomorfina se deveu,
principalmente, ao controle ineficaz das flutuações de rendimento da levodopa.
Inicialmente, administrou-se a apomorfina por via oral mas, para serem eficazes, as doses
tiveram que ser muito elevadas. Todos os pacientes submetidos a estas altas doses de apomorfina
(600 a 1400 mg ao dia) apresentaram uremia que, embora reversível, limitava o seu uso
6produzindo uremia, mas com potente efeito emético
5. Vale ressaltar, que as drogas antieméticas
clássicas (metoclopramida, por exemplo) que podem antagonizar a ação da apomorfina, por terem
ação antidopaminérgica central, pioram os sintomas parkinsonianos acentuadamente, e por isso não
devem ser usadas. O aparecimento do domperidone foi a maneira de contornar este problema,
porque esta droga tem ação antidopaminérgica e não ultrapassa a barreira BHE
4. Os efeitos colaterais
das drogas agonistas dopaminérgicas são determinados, principalmente, pela estimulação de receptores
dopaminérgicos localizados fora da BHE, como a área postrema, eminência medial e pituitária, e
mesmo órgãos periféricos, como o estômago. Corsini e col., em 1979, foram os primeiros a
administrarem o domperidone para contornar o efeito emético da apomorfina, abrindo, assim, uma
grande perspectiva para o tratamento da doença de Parkinson
4.
A partir de 1987, começaram a surgir os relatos da experiência do uso de apomorfina
(combinado ao domperidone) em pacientes parkinsonianos com FM decorrente da terapêutica com
levodopa, passando a ser uma alternativa eficaz para o manejo destas complicações
1 3 , 2 8.
Nosso objetivo é o de relatar a experiência inicial com o uso da apomorfina em pacientes
parkinsonianos com flutuações de rendimento da levodopa.
MATERIAL E MÉTODOS
A v a l i a m o s a r e s p o s t a c l í n i c a à a p o m o r f i n a e m 4 p a c i e n t e s a t e n d i d o s n o A m b u l a t ó r i o d o S e t o r d e I n v e s t i g a ç ã o e m M o l é s t i a s E x t r a p i r a m i d a i s d a D i s c i p l i n a d e N e u r o l o g i a d a E s c o l a P a u l i s t a d e M e d i c i n a ( E P M ) c o m o d i a g n ó s t i c o d e d o e n ç a d e P a r k i n s o n c o m F M s e c u n d á r i a s a o u s o d e l e v o d o p a .
O s p a c i e n t e s f o r a m a v a l i a d o s d o p o n t o d e v i s t a m o t o r d e 3 f o r m a s d i f e r e n t e s :
- I t e n s 1 8 - 3 1 d o e x a m e m o t o r d a E s c a l a U n i f i c a d a p a r a A v a l i a ç ã o d e D o e n ç a d e P a r k i n s o n ( U P D R S ) , c u j o e s c o r e m á x i m o é 1 0 8 ( q u a n t o m a i o r o e s c o r e , m a i o r o g r a u d e a c o m e t i m e n t o p e l a d o e n ç a ) " ;
- ' T a p p i n g t e s t " , q u e s e c o n s t i t u i n o n ú m e r o d e v e z e s e m q u e o p a c i e n t e t o c a a p o n t a d o d e d o i n d i c a d o r e m d o i s p o n t o s s e p a r a d o s 2 0 c e n t í m e t r o s u m d o o u t r o , e m 6 0 s e g u n d o s2 5
; n e s t e e s t u d o , e s c o l h e m o s o i n d i c a d o r d a m ã o m a i s a c o m e t i d a e c o m p a r a m o s a n t e s e d e p o i s d a a p o m o r f i n a ; e
- T e m p o r e q u e r i d o p a r a o p a c i e n t e l e v a n t a r d e u m c a d e i r a s e m a p o i o p a r a o s b r a ç o s , a n d a r 6 m e t r o s , v o l t a r e s e n t a r n o v a m e n t e2 5
.
U t i l i z a m o s a f o r m a i n j e t á v e l d e a p o m o r f i n a ( A p o m o r p h i n e W o e l m ® , M u n i q u e , A l e m a n h a ) e m a m p o l a s d e 1 m l ( 1 0 m g / m l ) . D o m p e r i d o n e 2 0 m g t r ê s v e z e s a o d i a , foi i n i c i a d o 4 8 h o r a s a n t e s d a a p l i c a ç ã o d a a p o m o r f i n a , e x c e t o n o P a c i e n t e 4 , q u e r e c e b e u s i m u l t a n e a m e n t e à a p o m o r f i n a .
C o m o a a p o m o r f i n a n ã o é m e d i c a m e n t o d i s p o n í v e l p a r a u s o c l í n i c o n o B r a s i l , s u b m e t e m o s o p r o t o c o l o d e s t e e s t u d o à a p r o v a ç ã o d a C o m i s s ã o d e É t i c a d o H o s p i t a l S ã o P a u l o / E P M . O s p a c i e n t e s s e l e c i o n a d o s p a r a r e c e b e r e m a a p o m o r f i n a f o r a m i n f o r m a d o s p r e v i a m e n t e d o s p o s s í v e i s e f e i t o s d e s e j a d o s e a d v e r s o s d a d r o g a e o s q u e c o n c o r d a r a m e m r e c e b ê - l a f o r a m o r i e n t a d o s a p e r m a n e c e r u m a n o i t e ( m í n i m o d e 8 h o r a s ) s e m r e c e b e r l e v o d o p a . N a m a n h ã s e g u i n t e , f o r a m s u b m e t i d o s a a v a l i a ç ã o m o t o r a c o n f o r m e o s 3 i t e n s p r e v i a m e n t e c i t a d o s . E m s e g u i d a , r e c e b e r a m u m a d o s e d e 1 o u 2 m g d e a p o m o r f i n a p o r i n j e ç ã o s u b c u t â n e a e, c a s o e s t a d o s e f o s s e i n s u f i c i e n t e p a r a p r o d u z i r u m e s t a d o " o n " , d o s e s s u c e s s i v a s d e 1 m g , a c a d a 1 5 m i n u t o s , f o r a m a p l i c a d a s a t é q u e o c o r r e s s e u m a i n e q u í v o c a r e s p o s t a m o t o r a . D u r a n t e o e f e i t o d a a p o m o r f i n a , o s e s c o r e s e t e m p o s d o s t e s t e s m o t o r e s f o r a m a n o t a d o s a c a d a 15 m i n u t o s . A p ó s o t é r m i n o d a a ç ã o d a a p o m o r f i n a o s p a c i e n t e s p o d i a m r e c e b e r a l e v o d o p a n a m e s m a d o s e q u e j á u s a v a m a n t e r i o r m e n t e . F o r a m a n o t a d o s o s t e m p o s d e l a t ê n c i a a t é o i n í c i o d o e f e i t o e a s u a d u r a ç ã o . U m a d a s v e z e s , a p ó s o t é r m i n o d o e f e i t o , u m a s e g u n d a a p l i c a ç ã o e m d o s e m e n o r foi r e a l i z a d a p a r a c o n f i r m a r a s u a e f i c á c i a .
S e g u e r e s u m o d a h i s t ó r i a c l í n i c a d o s 4 p a c i e n t e s s u b m e t i d o s a a p o m o r f i n a :
P a c i e n t e 2 - J R S , 5 5 a n o s , s e x o m a s c u l i n o , i n i c i o u o s s i n t o m a s a o s 4 3 a n o s , t e n d o r e c e b i d o l e v o d o p a 11 m e s e s a p ó s . D e s e n v o l v e u d i s c i n e s i a s d e p i c o d e d o s e e flutuações m o t o r a s ( w e a r i n g - o f f ) 2 a n o s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d a l e v o d o p a . A s flutuações r a n d ô m i c a s ( o n - o f f ) i n i c i a r a m - s e c o m 4 a n o s d e l e v o d o p a t e r a p i a . A t u a l m e n t e e m u s o d e l e v o d o p a + c a r b i d o p a 2 5 0 / 2 5 Vi c o m p r 4 x / d i a , b r o m o c r i p t i n a 1 0 m g / d i a , s e l e g e l i n a 1 0 m g / d i a , b i p e r i d e n o 4 m g / d i a e c l o n a z e p a n 1 m g / d i a .
P a c i e n t e 3 - A A D , 5 4 a n o s , s e x o m a s c u l i n o . P r i m e i r o s s i n t o m a s d a d o e n ç a o c o r r e r a m a o s 4 7 a n o s e c o m e ç o u a r e c e b e r l e v o d o p a a p ó s 3 a n o s . D e s e n v o l v e u d i s c i n e s i a d e p i c o d e d o s e 7 m e s e s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d a l e v o d o p a e h á 1 a n o t e m d i s c i n e s i a d u r a n t e o p e r í o d o " o n " e m m u i t a s t o m a d a s . D e s d e o i n í c i o n o t o u p e r í o d o s " o f f ' d u r a n t e o e f e i t o d a d r o g a . F l u t u a ç õ e s r a n d ô m i c a s t ê m o c o r r i d o c o m f r e q ü ê n c i a a p ó s 3 a n o s d a d o p a . N u n c a t e v e u m e f e i t o ó t i m o d a l e v o d o p a . E m u s o d e : l e v o d o p a + b e n s e r a z i d a 2 0 0 / 5 0 Vi c o m p r 6 x / d i a , a m a n t a d i n a 1 0 0 m g 3 x / d i a e a m i t r i p t i l i n a 2 5 m g 3 x / d i a .
P a c i e n t e 4 - V L L D , 4 9 a n o s , s e x o f e m i n i n o , i n i c i o u a d o e n ç a a o s 3 8 a n o s . A l e v o d o p a foi i n t r o d u z i d a 6 m e s e s d e p o i s d o s p r i m e i r o s s i n t o m a s . F l u t u a ç õ e s e m w e a r i n g - o f f c o m e ç a r a m c o m c e r c a d e 1 a n o d e t r a t a m e n t o c o m l e v o d o p a . D i s c i n e s i a c o m e ç o u a p ó s 2 a n o s e m e i o d a l e v o d o p a e f l u t u a ç õ e s m o t o r a s e m o n - o f f c o m 4 a n o s d e l e v o d o p a t e r a p i a . E m u s o d e l e v o d o p a + b e n s e r a z i d a 2 0 0 / 5 0 1/8 c o m p r 1 2 x / d i a , t r í e x i f e n i d i l 4 m g / d i a , b r o m o c r i p t i n a 2 5 m g / d i a , s e l e g e l i n a 1 0 m g / d i a .
RESULTADOS
O efeito terapêutico obtido com a aplicação de apomorfina produziu uma fase "on" com o
mesmo padrão obtido com uma dose de levodopa. Todos os pacientes apresentavam discinesia
medicamentosa na fase "on" e a manifestaram durante o efeito da apomorfina. Os quatro pacientes
se encontravam no estágio 4 de Hoehn-Yahr na fase "off' e no estágio 3 na fase "on".
No Paciente 1 foi aplicada nova dose de 1,5 mg de apomorfina após o final do efeito da
primeira aplicação. Nesta segunda aplicação a resposta clínica foi semelhante à obtida antes com 2
mg. A latência foi de 12 minutos e a duração do efeito, 80 minutos.
Na Tabela são mostrados os resultados obtidos com a ministração de apomorfina aos pacientes.
COMENTÁRIOS
A administração de apomorfina a quatro pacientes mostrou-nos que este é um procedimento
simples, sem efeitos adversos significativos, que surtiu efeito em todos. O estado "on" foi obtido
com doses entre 1,5 e 3 mg por aplicação subcutânea.
A apomorfina tem sido utilizada em países europeus e mostrou que pode reduzir, nos
parkinsonianos com flutuação do rendimento da levodopa, os períodos " o f f em mais de 5 0 %
1 2 , 2 6 2 7.
A magnitude e o padrão da resposta clínica da apomorfina administrada por via subcutânea são
virtualmente idênticos aos da levodopa. A única diferença entre as duas drogas é que o tempo de
ação da apomorfina é mais curto. Segundo Kempster e col., a resposta motora à apomorfina tem
duração média de 56 min, comparada à duração média de 211 min para a levodopa
2 0. A duração do
efeito em nossos pacientes foi semelhante à já observada anteriormente
1 2-
2 0 , 2 6-
2 7.
A resposta motora à apomorfina usualmente está presente mesmo nos pacientes com períodos
" o f f resistentes à levodopa. A previsibilidade de resposta da apomorfina na DP é tal, que tem sido
proposto seu uso para se testar a responsividade dopaminérgica. Nesse teste, os pacientes que não
respondessem à apomorfina na realidade não teriam a DP idiopática
1.
A aplicação sucessiva da apomorfina em um mesmo paciente em intervalos de tempo curtos
(por volta de 1 hora) não parece induzir a diminuição da magnitude da resposta subsequente à droga,
ou seja, não leva ao fenômeno de tolerância
1 5 1 8. Entretanto, Grandas e col. mostraram que a duração
da resposta motora é menor nos pacientes que recebem a segunda dose depois de 2 horas da primeira,
quando comparada à dos pacientes que receberem a segunda dose depois de 4 h o r a s
1 6. 0 uso a longo
prazo da apomorfina também não parece induzir tolerância
1 7.
A apomorfina é habitualmente administrada por via subcutânea (SC), seja em aplicações
intermitentes ou em infusão contínua por meio de bomba. As duas formas apresentam resultados
semelhantes, mas a infusão contínua parece ser um pouco mais cômoda para o paciente, embora as
doses tenham que ser maiores
1 2 , 2 1-
2 6. A administração de apomorfina por via sublingual (SL) tem
sido utilizada mais recentemente
1 9. Esta forma de administração produz resposta motora comparável
à da via SC, embora a latência de início da ação seja maior - entre 20 e 40 min, contra média de 14
min para a via SC, e a duração da resposta motora seja maior - até 118 min para a SL, contra média
de 60 min para a SC
8-
1 4 , 1 9. Outra possibilidade é a ministração da apomorfina por via intranasal, mas
ainda é pequena a experiência com esta via de administração
2 2.
As doses de apomorfina de 1 ou 2 mg utilizadas neste estudo basearam-se nas doses
minimamente efetivas observadas em outros ensaios clínicos
1 2-
2 7. Estas doses variam de acordo com
a via de administração. Na injeção SC intermitente, as doses variam de 1 a 5 mg (em média 3 mg) de
2 a 5 vezes ao dia (em média 10 mg ao dia)
1 2-
2 7. Na via SC por infusão contínua, a dose oscila de 2
a 7 mg por hora, podendo chegar até 160 mg ao dia
1 2 , 2 6. Na via SL, as doses variam em torno de 40
a 60 mg, sendo administradas de 3 a 6 vezes ao d i a
8 1 9. Por via nasal, as doses variam entre 4 e 6 mg
em cada aplicação
2 2Os principais efeitos adversos da apomorfina são náuseas, vômitos e hipotensão postural,
desde que o domperidone não seja administrado associadamente
4. Uma parcela razoável de pacientes
pode apresentar sonolência e bocejos nas primeiras tomadas, mas estes efeitos vão desaparecendo
com o tempo
1 2. O aparecimento de alucinações visuais pode acompanhar algumas tomadas em
aproximadamente 10% dos pacientes
1 2 , 2 7. Nódulos subcutâneos, às vezes associados a prurido, podem
aparecer nos locais de aplicação da droga na via SC contínua, mas não apresentam gravidade que
justifique a suspensão da droga
1 2. Eosinofilia tem sido descrita em alguns casos (pode chegar a 10%
dos pacientes no início do tratamento), mas esta é reversível após um ano, mesmo sem a suspensão
da droga
1 2 , 2 7. Na administração SL, tem sido descrito gosto desagradável
1 9e estomatite em alguns
pacientes
8.
Nossa experiência inicial com a aplicação de apomorfina é altamente satisfatória, pois um
bom efeito foi conseguido com doses relativamente baixas e com poucos efeitos colaterais. Além
disso, o custo relativamente baixo da droga coloca a apomorfina como uma alternativa viável para
algumas fases da DP. É certo, porém, que a apomorfina não representa uma solução definitiva para
as complicações do tratamento da DP, mas seu uso criterioso pode transformar a qualidade de vida
de muitos pacientes, hoje sem muitas perspectivas.
REFERÊNCIAS
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2 . B r a v i D , M o u r a d i a n M M , R o b e r t s J W , D a v i s T L , S o h n Y H , C h a s e T N . W e a r i n g - o f f f l u c t u a t i o n s i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : c o n t r i b u t i o n o f p o s t s y n a p t i c m e c h a n i s m s . A n n N e u r o l 1 9 9 4 , 3 6 : 2 7 - 3 1 .
3 . C l o u g h C G . P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : m a n a g e m e n t . L a n c e t 1 9 9 1 , 3 3 7 : 1 3 2 4 - 1 3 2 7 .
4 . C o r s i n i G U , D e l Z o m p o M , G e s s a G L , M a n g o n i A . T h e r a p e u t i c e f f i c a c y o f a p o m o r p h i n e c o m b i n e d w i t h a n e x t r a c e r e b r a l i n h i b i t o r o f d o p a m i n e r e c e p t o r s i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . L a n c e t 1 9 7 9 , 1 : 9 5 4 - 9 5 6 .
5 . C o t z i a s G C , P a p a v a s i l i o u P S , F e h l i n g C , K a u f m a n B , M e n a I. S i m i l a r i t i e s b e t w e e n n e u r o l o g i c e f f e c t s o f L -d o p a a n -d o f a p o m o r p h i n e . N E n g l J M e -d 1 9 7 0 , 2 8 2 : 3 1 - 3 3 .
6 . C o t z i a s G C , P a p a v a s i l i o u P S , T o l o s a E S , M e n d e z J S , B e l - M i d u r a M . T r e a t m e n t o f P a r k i n s o n ' s d i s e a s e w i t h a p o r p h i n e : p o s s i b l e r o l e o f g r o w t h h o r m o n e . N E n g l J M e d 1 9 7 6 , 2 9 4 : 5 6 7 - 5 7 2 .
7 . C o t z i a s G C , V a n W o e r t M H , S c h i f f e r L M . A r o m a t i c a m i n o a c i d s a n d m o d i f i c a t i o n o f p a r k i n s o n i s m . N E n g l J M e d 1 9 6 7 , 2 7 6 : 3 7 4 - 3 7 8 .
8 . D e f f o n d D , D u r i f F , T o u r n i l h a c M . A p o m o r p h i n e i n t r e a t m e n t o f P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : c o m p a r i s o n b e t w e e n s u b c u t a n e o u s a n d s u b l i n g u a l r o u t e s . J N e u r o l N e u r o s u r g P s y c h i a t r y 1 9 9 3 , 5 6 : 1 0 1 - 1 0 3 .
9 . F a b b r i n i G , M o u r a d i a n M M , J u n c o s J L , S c h l e g e l J, M o h r E , C h a s e T N . M o t o r f l u c t u a t i o n i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : c e n t r a l p a t h o p h y s i o l o g i c a l m e c h a n i s m s , P a r t I. A n n N e u r o l 1 9 8 8 , 2 4 : 3 6 6 - 3 7 1 .
10. F a h n S . " O n - o f f " p h e n o m e n o n w i t h l e v o d o p a t h e r a p y i n p a r k i n s o n i s m . N e u r o l o g y 1 9 7 4 , 2 4 : 4 3 1 - 4 4 1 . 1 1 . F a h n S , E l t o n R L , a n d m e m b e r s o f t h e U P D R S D e v e l o p m e n t C o m m i t t e e . U n i f i e d P a r k i n s o n ' s d i s e a s e
r a t i n g s c a l e . I n : F a h n S , M a r s d e n C D , C a l n e D B , G o l d s t e i n M ( e d s ) . R e c e n t d e v e l o p m e n t s i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e , v o l 2 . F l o r a h m P a r k - N J : M a c M i l l a n H e a l t h C a r e I n f o r m a t i o n 1 9 8 7 : 1 5 3 - 1 6 4 .
12. F r a n k e l J P , L e e s A J , K e m p s t e r P A , S t e r n G M . S u b c u t a n e o u s a p m o r p h i n e in t h e t r e a t m e n t o f P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . J N e u r o l N e u r o s u r g P s y c h i a t r y 1 9 9 0 , 5 3 : 9 6 - 1 0 1 .
1 3 . G a n c h e r S T , N u t t J G . D i u r n a l r e s p o n s i v e n e s s t o a p o m o r p h i n e . N e u r o l o g y 1 9 8 7 , 3 7 : 1 2 5 0 - 1 2 5 3 .
14. G a n c h e r S T , N u t t J G , W o o d w a r d W R . A b s o r p t i o n o f a p o m o r p h i n e b y v a r i o u s r o u t e s i n p a r k i n s o n i s m . M o v D i s o r d 1 9 9 1 , 6 : 2 1 2 - 2 1 6 .
15. G e r v a s o n C L , P o l l a k P R , L i m o u s i n P, P e r r e t J E . R e p r o d u c i b i l i t y o f m o t o r e f f e c t s i n d u c e d b y s u c c e s s i v e s u b c u t a n e o u s a p o m o r p h i n e i n j e c t i o n s i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . C l i n N e u r o p h a r m a c o l 1 9 9 3 , 1 6 : 1 1 3 - 1 1 9 . 1 6 . G r a n d a s F, G a n c h e r S , L e r a G , R o d r i g u e z M , W o o d w a r d W R , N u t t J, O b e s o J A . T i m e i n t e r v a l b e t w e e n
r e p e a t e d i n j e c t i o n s c o n d i t i o n s t h e d u r a t i o n o f m o t o r i m p r o v e m e n t t o a p o m o r p h i n e i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . N e u r o l o g y 1 9 9 2 , 4 2 : 1 2 8 7 - 1 2 9 0 .
17. H u g h e s A J , B i s h o p S , K l e e d o r f e r B , T u r j a n s k i N , F e r n a n d e z W , L e e s A J , S t e r n G M . S u b c u t a n e o u s a p o m o r p h i n e i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : r e s p o n s e t o c h r o n i c a d m i n i s t r a t i o n f o r u p t o f i v e y e a r s . M o v D i s o r d 1 9 9 3 , 8 : 1 6 5 - 1 7 0 .
1 9 . H u g h e s A J , W e b s t e r R , B o v i n g d o n M , L e e s A J , S t e r n G M . S u b l i n g u a l a p o m o r p h i n e in t h e t r e a t m e n t o f P a r k i n s o n ' s d i s e a s e c o m p l i c a t e d b y m o t o r f l u c t u a t i o n s . C l i n N e u r o p h a r m a c o l 1 9 9 1 , 6 : 5 5 6 - 5 6 1 .
2 0 . K e m p s t e r P A , F r a n k e l J P , S t e r n G M , L e e s A J . C o m p a r i s o n o f m o t o r r e s p o n s e t o a p o m o r p h i n e a n d l e v o d o p a i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . J N e u r o l N e u r o s u r g P s y c h i a t r y 1 9 9 0 , 5 3 : 1 0 0 4 - 1 0 0 7 .
2 1 . K e m p s t e r P A , I a n s e k R , L a r m o u r I. I n t e r m i t e n t s u b c u t a n e o u s a p o m o r p h i n e i n j e c t i o n t r e a t m e n t f o r p a r k i n s o n i a n m o t o r o s c i l l a t i o n s . A u s t N Z J M e d 1 9 9 1 , 2 1 : 3 1 4 - 3 1 8 .
2 2 . K l e e d o r f e r B , T u r j a n s k i N , R y a n R, L e e s A J , M i l r o y C , S t e r n G M . I n t r a n a s a l a p o m o r p h i n e i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . N e u r o l o g y 1 9 9 1 , 4 1 : 7 6 1 - 7 6 2 .
2 3 . M a r s d e n C D , P a r k e s J D . S u c c e s s a n d p r o b l e m s o f l o n g - t e r m l e v o d o p a t h e r a p y i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . L a n c e t 1 9 7 7 , 1 : 3 4 5 - 3 4 9 .
2 4 . M o u r a d i a n M M , J u n c o s J L , F a b b r i n i G , S c h l e g e l J, B a r t k o J J , C h a s e T N . M o t o r f l u c t u a t i o n i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : c e n t r a l p a t h o p h y s i o l o g i c a l m e c h a n i s m s , P a r t I I . A n n N e u r o l 1 9 8 8 , 2 4 : 3 7 2 - 3 7 8 .
2 5 . N u t t J G , W o o d w a r d W R , H a m m e r s t a d J P , C a r t e r J H , A n d e r s o n J L . T h e " o n - o f f ' p h e n o m e n o n i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e : r e l a t i o n t o l e v o d o p a a b s o r t i o n a n d t r a n s p o r t . N E n g l J M e d 1 9 8 4 , 3 1 0 : 4 8 3 - 4 8 8 .
2 6 . P o e w e W , K l e e d o r f e r B , W a g n e r M , B o s c h S , S c h e l o s k y L . C o n t i n u o u s s u b c u t a n e o u s a p o m o r p h i n e i n f u s i o n s f o r f l u c t u a t i n g P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . A d v N e u r o l 1 9 9 3 , 6 0 : 6 5 6 - 6 5 9 .
2 7 . S t e i g e r M J , Q u i n n N P , M a r s d e n C D . T h e c l i n i c a l u s e o f a p o m o r p h i n e i n P a r k i n s o n ' s d i s e a s e . J N e u r o l 1 9 9 2 , 2 3 9 : 3 8 9 - 3 9 3 .
2 8 . S t i b e C M H , L e e s A J , K e m p s t e r P A , S t e r n G M . S u b c u t a n e o u s a p o m o r p h i n e i n p a r k i n s o n i a n o n - o f f o s c i l l a t i o n s . L a n c e t 1 9 8 8 , 1 : 4 0 3 - 4 0 6 .