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Os determinantes das características dos sistemas fiscais

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(1)

ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ECONOMIA - EPGE

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

TíTULO:

Os Determinantes das Características

dos Sistemas Fiscais

(Uma análise cross-section)

POR:

Carlos Roberto Lavalle da Silva

ORIENTADOR:

Pedro Cavalcanti Ferreira

(2)

À

minha esposa Cristiana,

e a

meus

filhos, Luciana, Luiza

e

Rodrigo, pelo

apoio, carinho

e

compreensão.

Aos meus pais, Roberto

e

Lourdes,

e a

meus sogros, Antonio Carlos

e

Maria do

Rosário, com amor

e

gratidão.

A Bel

e

Angélica, pela amizade, apoio

e

(3)

Agradeço

a

todos que

me

apoiaram

com

sugestões, palavras de estímulo

e

ensinamentos, especialmente

a

Inez

Costa Chaves, mestra

e

amiga,

a

Samuel Pessoa,

pelo

incentivo

e

(4)

íNDICE

APRESENTAÇÃO 06

I. INTRODUÇÃO 08

11. AS CARACTERíSTICAS DOS SISTEMAS FISCAIS

11.1. INTRODUÇÃO 11

11.2. O NíVEL DE INTERVENÇÃO 12

11.3. AS DIFERENÇAS NAS ESTRUTURAS DE RECEITA E DESPESA 21

11.4. O NíVEL E AS FORMAS DE INTERVENÇÃO 34

11.5. DESCENTRALIZAÇÃO, GERENCIAMENTO MACROECONÔMICO E 40

ENDIVIDAMENTO

11.6. O SETOR PÚBLICO NO BRASIL: O RECENTE CRESCIMENTO DO 41

GASTO PÚBLICO E AS REAÇÕES DO SETOR PRIVADO

11.7. FATOS ESTILIZADOS

111. VARIÁVEIS EXPLICATIVAS DAS CARACTERíSTICAS DOS SISTEMAS

FISCAIS

111.1. INTRODUÇÃO

44

47

47

111.2. FATORES DETERMINANTES DAS VARIÁVEIS FISCAIS SUGERIDAS NA 48 LITERATURA

111.2.1. Indicadores Econômicos e Outros 48

111.2.2. Indicadores de Desigualdade, Pobreza e Dívida Social 53

111.2.3. Indicadores Culturais, Históricos e Institucionais 56

111.2.4. Indicadores do Sistema Político 57

111.3. NOTAS METODOlÓGICAS 58

IV. RESULTADOS OBTIDOS 60

IV.1. VARIÁVEIS EXPLICATIVAS UTILIZADAS 60

IV.2. MODELOS QUE PROCURAM EXPLICAR A CARGA TRIBUTÁRIA 64

IV.3. MODELOS QUE PROCURAM EXPLICAR O CONSUMO 69

(5)

IV.4. MODELOS QUE PROCURAM EXPLICAR O CONSUMO 76

GOVERNAMENTAL RESTRITO

IV.5. COMENTÁRIOS FINAIS 82

ANEXOS

ANEXO I FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA TRIBUTAÇÃO 97

ANEXO 11 DESCENTRALIZAÇÃO, GERENCIAMENTO MACROECONÔMICO E 103 ENDIVIDAMENTO

ANEXO 111 RAZÕES PARA O ELEVADO GRAU DE INDETERMINAÇÃO DO 123 TAMANHO DO GOVERNO

(6)

OS DETERMINANTES DAS CARACTERíSTICAS DOS

SISTEMAS FISCAIS

Uma Análise

Cross-Section

APRESENTAÇÃO

As diferenças nos sistemas fiscais nacionais têm despertado a atenção dos

estudiosos pelos significativos contrastes observados. Nas últimas décadas, muitos

foram os estudos dedicados ao tema.

Algumas questões abordadas nessa dissertação têm desafiado o tempo.

Desde meados do século XVII, por exemplo, registram-se trabalhos relacionados ao

nível de intervenção do estado na economia.

Outras questões relativas às diferenças entre sistemas fiscais só se

evidenciaram nas últimas décadas. Os debates sobre descentralização e

governança, por exemplo, datam, quase todos, das três últimas décadas. Os

trabalhos empíricos a respeito de diversas questões de grande relevância ainda são

raros.

A introdução, desenvolvida na parte I pretende dar uma visão geral do

trabalho. Na parte 11, expõe-se, de forma sintética, a literatura mais pertinente às

diferenças nos sistemas fiscais nacionais, particularmente a relacionada a (i) nível de

intervenção governamental, Oi) nível de consumo do governo; (iii) diferenças no uso

dos instrumentos fiscais (estrutura da receita tributária e dos gastos), (iv) propensão

ao déficit e ao endividamento.

Na parte 111, são selecionadas e definidas algumas das variáveis econômicas,

sociais, políticas e institucionais que a literatura aponta como capaz~s de prover

explicação a variáveis fiscais. Nesta parte, são fornecidas as informações

(7)

A parte IV mostra a análise dos resultados obtidos a partir de alguns modelos,

inspirados em teorias conhecidas, em que se tenta dar explicação a três variáveis

fiscais: carga tributária, razão consumo (conceito de Contas Nacionais) I PIS e razão

consumo estrito (excluídos gastos em educação e defesa nacional) I PIS.

Ainda na parte IV, são apresentadas, de forma sucinta, as conclusões mais

importantes extraídas a partir da bibliografia selecionada e dos resultados obtidos

através de modelos que procuram explicar algumas das diferenças observadas nos

(8)

I.

INTRODUÇÃO

A análise das características dos sistemas fiscais nacionais revela diferenças

marcantes. Mesmo em países que se assemelham sob diversos aspectos

econômicos, os atributos dos sistemas fiscais nacionais são extremamente

diferenciados. Em decorrência desses profundos contrastes, a constatação de fatos

estilizados nesse campo não é tarefa fácil.

Trataremos de alguns aspectos dos sistemas fiscais, tais como: (i) o nível de

intervenção governamental, (ii) o nível de consumo do governo; (iii) as diferenças no

uso dos instrumentos fiscais (estrutura da receita tributária e dos gastos), (iv) a

propensão ao déficit e ao endividamento. Procuraremos identificar e explicar

algumas das diferenças observadas nos sistemas fiscais nacionais. Será examinada

com maior cuidado a questão do nível de intervenção governamental (tamanho do

governo), representado pela carga tributária. Como variáveis explicativas do

tamanho do governo (ou do nível de intervenção governamental), procuraremos

utilizar indicadores econômicos, políticos e institucionais.

Procura-se a identificação de razões pelas quais a intervenção

governamental, particularmente no tocante à sua intensidade, varia tanto de país

para país. Não se pretende dar atenção especial às diferenças nas formas (ou

instrumentos) de intervenção - estruturas de receitas e de despesas, por exemplo.

Entretanto, alguns estudos nestas áreas serão mencionados. Concentraremos

esforços, portanto, na determinação dos motivos pelos quais os países possuem

governos de tamanhos consideravelmente diferentes. Interessa-nos, portanto, de

forma especial, nesse texto, a identificação de variáveis que expliquem o tamanho

do Estado. Adicionalmente, procuraremos entender as diferenças nos níveis de um

importante componente do gasto público, o consumo do governo, segundo o

conceito da Contabilidade Social, expresso como fração do produto interno bruto

(PIB). Finalmente, procuraremos entender as diferenças entre as diferenças entre

países na relação consumo governamental stricto sensu -isto é, exclui~do-se gastos

em educação e defesa nacional) - e PIB A comparação dos resultados obtidos na

explicação dos três agregados citados (carga tributária e razão consumo

governamental/PIB) deverá nos dar idéia das diferenças na utilização dos diversos

(9)

É muito disseminada a idéia de que países mais desenvolvidos possuem

Estados maiores do que os menos desenvolvidos. Predomina a noção de que as

ações governamentais são muito mais intensas em países com elevado nível de

desenvolvimento econômico. Nestes países, o elevado nível de industrialização e

urbanização geram demandas sociais que dificilmente são atendidas

satisfatoriamente sem intervenção governamental. Em economias desenvolvidas

observam-se demandas por intervenção governamental que são inexistentes ou

pouco relevantes em países que se encontram em estágios inferiores de

desenvolvimento. Entretanto, há os que acreditam que não é por falta de demanda

que os governos em países menos desenvolvidos são relativamente pequenos, mas

pelas dificuldades que surgem na arrecadação de tributos e na gestão das

atividades governamentais. As perdas sociais decorrentes da utilização de tributos

que distorcem a alocação de recursos e da gestão ineficiente dos programas

governamentais podem concorrer para que os governos de países economicamente

menos desenvolvidos sejam relativamente pequenos, especialmente quando os

serviços prestados pelo governo são, em elevado grau, concorrentes de serviços

prestados pelo setor privado.

Observa-se, entre países de semelhante padrão de desenvolvimento, a

ocorrência de governos de tamanho razoavelmente distintos. Isto nos sugere que

haja importantes variáveis determinantes do tamanho do Estado, além dos

indicadores de desenvolvimento econômico (PIS per capita e indicadores

assemelhados). Procuraremos contribuir para o esclarecimento dessa questão.

Há mais de um século questões relacionadas ao nível de intervenção

governamental têm sido discutidas. Peacock (1992), um dos maiores estudiosos

nesse campo, classifica como quimera a procura de um modelo estável para explicar

o tamanho do Estado. É possível que, em determinado período, o crescimento do

governo se imponha por algumas razões e, no período seguinte, por outras razões.

Em outras palavras, variáveis explicativas relevantes em determinados períodos

podem ser pouco importantes em outros. Pode-se esperar que, em prazo

relativamente curto, os modelos se modifiquem. Ao longo do tempo, poderão ocorrer

alterações significativas nos parâmetros das regressões obtidas, decorrentes, em

(10)

Nesse sentido, é interessante observar como funções importantes do Estado

em épocas passadas passaram a ser pouco relevantes, principalmente em

decorrência da evolução da tecnologia. No passado, cabia aos governos das

cidades a construção de muralhas, necessárias para a defesa da comunidade:

Também a construção e manutenção de torres com relógios foram funções

governamentais importantes em épocas anteriores. Com a criação e a redução dos

custos de produção dos relógios de pulso, essas funções deixaram de ser

relevantes. Hoje não se observam muralhas em torno das cidades, nem torres com

relógios erigidas e mantidas pelos cofres públicos, pelo menos na maioria das

cidades.

Há razões para que o nível de intervenção do Estado varie de acordo com o

estágio de desenvolvimento econômico. A partir de dados cross-section, procuramos

estabelecer a relação entre indicadores de tamanho do governo e indicadores de

desenvolvimento econômico - dentre os quais, o produto per capita. Por entender

que as funções do Estado - em grande parte em decorrência das diferenças nas

demandas sociais - possam ser extremamente distintas em países que se

encontram em estágios de desenvolvimento muito díspares e por suspeitar da

existência de relações não lineares de difícil adequação a modelos lineares,

pareceu-nos interessante trabalhar não apenas com uma amostra representativa de

todos os países, mas com uma outra amostra menos heterogênea, composta

apenas por países em desenvolvimento. Concedemos, portanto, especial atenção a

(11)

11.

AS CARACTERíSTICAS DOS SISTEMAS FISCAIS

11.1. INTRODUÇÃO

Há diversos motivos para a intervenção governamental. Costuma-se

classificar os motivos para a existência do Estado em três grupos:

os que se relacionam com eficiência e crescimento;

os relativos à eqüidade;

os relacionados com estabilidade econômica.

A procura da eficiência econômica e do crescimento econômico são origem

de boa parte das atividades governamentais. O governo procura melhorar a

alocação de recursos, produzindo bens e serviços demandados pela sociedade, mas

que não são adequadamente oferecidos pelo mercado livre.

Outra razão para a intervenção do Estado é promoção da justiça social, que

se traduz, na prática, pelo desempenho de atividades que reduzem as

desigualdades entre indivíduos e entre regiões. Os gastos sociais, particularmente

nas áreas de educação, saúde, assistência e previdência social são motivados

fundamentalmente pela promoção de eqüidade.

A promoção da estabilidade econômica também orienta as iniciativas

governamentais. O combate à inflação e ao desemprego e a procura da estabilidade

das transações internacionais têm assumido crescente importância.

Quando se tenta explicar o nível de intervenção e a escolha dos instrumentos

de intervenção, os analistas se deparam, primeiramente, com as motivações para as

ações do Estado. Não há intervenção imotivada. Entretanto, para que haja a ação do

Estado, os indivíduos precisam estar dispostos a contribuir para a efetivação da

ação governamental. O sistema político, pelo qual a sociedade se expressa, se

encarrega de definir que intervenções serão efetivadas e como se ~evantarão os

(12)

11.2. O NíVEL DE INTERVENÇÃO

Os trabalhos nesta área, razoavelmente numerosos, vêm de longa data.

Muitos dos autores que se referem ao tema estabelecem como marco inicial da

discussão um trabalho de Adolph Wagner1, em que foi formulada a célebre Lei de

Wagner. Entretanto, alguns outros textos, anteriores ao de Wagner e relacionados

ao nível de intervenção governamental, também merecem atenção.

Alexis de Tocqueville (apud Peacock, 92, páginas 44-48) apresentou uma

interessante análise na obra intitulada De la Democratie en Amerique, apresentada

em duas partes, a primeira em 1835 e a segunda em 1840, em que mostra um

modelo em que o nível de intervenção governamental motivado por redistribuição de

renda se relaciona com o teor democrático do sistema político e com a ineqüidade.

Tocqueville coloca seus argumentos da seguinte forma:

"Let us ... suppose that the /egis/ative authority is vested in /owest orders:

there are two striking reasons which show that the tendency of the expenditure

be to increase rather than to diminish. As the great majority of those who create

the /aws are possessed of no property upon which taxes can be imposed, ali the

money which is spent for the community appears to be spent to their advantage,

at no cost of their own; and those who are possesed of some litt/e property read/y

find means of regu/ating the taxes so that they are burdensome to the wea/thy

and profitab/e to the poor, a/though the rich are unab/e to take the same

advantage when they are in possession of Govemmenf' (Tocqueville apud

Peacock, p.45,1992).

Mais adiante, acrescenta Tocqueville:

" ... the govemment of the democracy is the on/y one under which the power which /ays on taxes escapes the payment of them" (Tocqueville apud Peacock).

Supondo-se que prevaleça a regra de decisão por maioria simp~s, torna-se

preponderante nas escolhas sociais o poder do eleitor mediano, capaz de decidir as

(13)

eleições de acordo com a sua adesão aos situados acima ou abaixo de seu

posicionamento na sociedade. Nesse modelo supõe-se que o seu posicionamento

social, para efeito de seu voto no pleito em questão, dependa unicamente de sua

riqueza. A franquia (da extensão de eleitorado) determinará se o eleitor mediano

será mais pobre ou mais rico. Quanto mais ampla a franquia, mais desprovido de

riqueza será o eleitor mediano.

Supondo-se voto universal e tributo proporcional, como o eleitor mediano em

geral têm renda menor que a renda média da população, o eleitor mediano, movido

por seus próprios interesses, tenderá a votar em propostas que produzam

redistribuição de riqueza em favor dos menos dotados. A demanda por redistribuição

deverá ser diretamente proporcional à diferença entre renda média e renda do eleitor

mediano. Quanto mais democrático o sistema político, será maior a franquia para o

pleito, menor a renda do eleitor mediano e, portanto, maior a demanda por

redistribuição.

o

eleitor mediano só deixará de votar por medidas favoráveis à melhor distribuição quando sua riqueza (ou renda) atingir o nível da riqueza (ou renda) da

média da população (caso do imposto proporcional). Quanto mais progressiva a

tributação maior será o interesse do eleitor mediano por intervenções em favor da

eqüidade. Sabendo que a maior parte do ônus tributário recairá sobre os mais ricos,

o eleitor mediano se interessará pela aprovação de medidas redistributivas, que lhe

proporcionarão benefícios. Nesse caso, os governos tenderão a ser maiores, uma

vez que o eleitor mediano - enquanto estiver usufruindo de benefícios marginais

superiores aos custos marginais - decidirá, de forma interesseira, por forte

intervenção do governo votando por medidas redistributivistas cujo ônus será

arcado, em grande parte, pelas classes mais favorecidas.

A argumentação de Tocqueville, apoiada em arcabouço analítico apresentado

por Peacock em linguagem matemática, pode ser resumido a partir dos seguintes

pontos:

• O nível de democracia se representa pela extensão da franquia política

(14)

Quanto mais extenso o colégio eleitoral (maior a franquia) mais os pobres

participam do universo de eleitores. Supõe-se, portanto, que, quando a

franquia é limitada, os mais pobres ou mais desprovidos de propriedades

não participam do eleitorado.

Quanto mais abrangente o colégio eleitoral, maior deve ser a proporção

dos votantes com renda inferior à média da população.

Um processo político democrático deve implicar baixa renda para o eleitor

mediano. Deve-se lembrar que, em processo político baseado no voto por

maioria simples (hipótese do modelo), o eleitor mediano detém, caso a

eleição seja direta, o poder decisório ou, se a escolha ocorrer por

intermédio de políticos ou partidos que o representam (eleição indireta),

forte capacidade de influenciar o resultado eleitoral em ocasiões em que

esteja em jogo a implementação de medidas redistributivas.

O eleitor mediano tenderá a apoiar medidas redistributivas sempre que

sua renda se situar abaixo da renda média da sociedade. Quanto menor a

sua renda relativa (diferença entre sua renda e a renda média da

sociedade) mais medidas redistributivas devem ser aprovadas. O tamanho

do governo dependerá, portanto, da demanda por redistribuição.

Conclui-se, portanto, que a demanda por redistribuição tenderá a produzir

governos de grande dimensão quando o processo político for democrático e quando

houver forte concentração de renda. Deve-se esperar, portanto, a partir do modelo

de Tocqueville, que a desigualdade interpessoal e o sistema político desempenhem

papel relevante na determinação do nível de intervenção governamental.

No final do século XIX, Graziani e SiUa (apud Peacock 1992, páginas 31 e 32)

ressaltaram a importância das demandas da sociedade na determinação do

crescimento do setor público. Observaram que, com o crescimento da economia

industrial, ampliou-se consideravelmente a demanda por serviços de transporte e

comunicações, por energia e saneamento. O crescimento do governo teria

correspondido, particularmente no final do século XVIII e no século XIX, a atribuições

cada vez mais amplas, decorrentes da industrialização e da urbanização.

Em 1883, Pantaleoni (apud Musgrave e Peacock 1967, páginas xii, xiii e xiv),

(15)

tentativas de tratar a determinação do tamanho do orçamento como uma questão de

valor econômico:

"The public budget, so holds Pantaleoni, must be made part of Walrasian

system. This interdependence between the revenue and expenditure problem is

the crux of the matter and explains the inherent superiority of the benefit over the

ability-to pay approach" (apud Musgrave e Peacock 1967, página xiii).

Ainda no final do século XIX, mais ou menos na mesma época em que

Pantaleone escreveu o ensaio citado, Mazzola e Sax, trabalhando separadamente,

procuraram associar o nível ideal de bens de uso coletivo ao princípio do benefício.

Segundo Sax, a conta tributária total deve ser rateada de tal forma que cada

indivíduo pague o correspondente ao valor dos serviços que o beneficiam. Como o

contribuinte estaria disposto a pagar tributos de acordo com o benefício auferido, as

intervenções do governo seriam determinadas de acordo com o benefício e o custo

do contribuinte. Em seu trabalho, Mazzola concluiu que a satisfação total do

consumidor - contribuinte é maximizada quando sua utilidade marginal derivada do

dispêndio privado se iguala à utilidade marginal decorrente do dispêndio público.

As doutrinas de Sax e Mazzola (apud Musgrave e Peacock 1967, página xiii)

continham os ingredientes essenciais para teorias posteriores. Tanto Sax quanto

Mazzola sugerem que as necessidades privadas e coletivas são traçadas pelas

preferências dos indivíduos (Musgrave e Peacock, 1967). Mesmo que essas

doutrinas, fundamentadas nas demandas sociais, possam não ser suficientes para

determinar o efetivo tamanho do governo, pelo menos dão idéia de como se

determina o nível ideal da oferta de bens de uso coletivo.

Wicksell (apud Musgrave e Peacock, 1967, páginas xiv e xv) responde aos

trabalhos de Sax e Mazzola rejeitando esta regra de equilíbrio entre necessidades

privadas e coletivas. Entende que a tarefa de determinar o nível dos serviços

governamentais passa, em uma sociedade moderna, pela consulta aos eleitores.

Reconhece a necessidade de um sistema político. A questão cruciaL passa a ser:

como a consulta pode ser feita, de forma a produzir utilidade máxima para a

sociedade? Wicksell postula que a maioria dos assuntos não deve ter solução por

(16)

No final do século passado (1890), Adolph Wagner (apud Silva, F. R., 1981,

páginas 29 e 30), em um dos trabalhos mais citados na literatura econômica,

intitulado Finanzwissenchaft, lançou a hipótese de que o tamanho do governo cresce

com o nível de desenvolvimento (conhecida como Lei de Wagner). Segundo

Wagner, à medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor

público cresce sempre a taxas mais elevadas. Conseqüentemente, a participação do

setor público na economia tende a crescer com o crescimento econômico do país.

Wagner estabelece princípios para a decisão sobre a implementação de cada

atividade governamental:

• deve haver rejeição (absoluta) quando se impuser à comunidade um

sacrifício maior que a utilidade ou o valor do serviço governamental

correspondente.

• deve haver rejeição (relativa) quando o setor privado puder desempenhar

igualmente, mas com menor custo.

Analogamente, em alguns casos, governos locais seriam encarregados de

algumas ações, em substituição ao governo central.

Wagner suspeita que, em Estados menos democráticos (absolutistas), haja

grande risco de incorreta delimitação das atividades estatais. Nesses casos, para

que a dimensão do governo não se torne extravagante, Wagner recomenda a

criação de uma instituição (uma espécie de Conselho de Estado) que tenha como

atribuições a verificação e o controle sobre as atividades governamentais.

Fernando Rezende da Silva alerta que a "Lei de Wagner" "se refere ao

crescimento dinâmico da participação do Governo em um mesmo país ... ".

Acrescenta ainda que "não pode evidentemente ser comprovada a partir de

comparações internacionais que utilizem a relação despesas Governo I PIB em um

ponto do tempo para diferentes países" (Silva, p. 30, 1981).

Richard Bird (1970), seguindo o caminho apontado por Wagner, assinala três

razões para o crescimento do setor público: (i) o crescimento das funções

(17)

crescimento da demanda por serviços de educação e saúde (promoção de

bem-estar social), crescente com o desenvolvimento; (iii) necessidade crescente de

intervenção governamental direta (através da produção por estatais) ou indireta

(através de ações em defesa da concorrência), em virtude do surgimento, com as

inovações tecnológicas, de condições propícias para a criação de monopólios.

Uma outra corrente, liderada por Peacock e Wiseman, propõe outro tipo de

explicação para que os governos ampliam seu tamanho ao longo do tempo. Peacock

e Wiseman (1970) sustentam que o crescimento dos gastos governamentais está,

em diversos períodos, mais intimamente associado às possibilidades de obtenção de

recursos do que à expansão da demanda de serviços públicos em decorrência do

desenvolvimento econômico. Ao contrário de Wagner, apontam razões que não se

relacionam exclusivamente com a demanda por intervenções governamentais.

Segundo Peacock e Wiseman, os indivíduos se diferenciam não apenas por

suas demandas por bens ou serviços produzidos pelo governo, mas também (e

principalmente) pela disposição de contribuir com recursos para a produção dos

mesmos. Em períodos de pouca turbulência social e política, mesmo que haja

pressões crescentes em decorrência de demandas sociais, a expansão do tamanho

do governo pode não ser significativa. Observam Peacock e Wiseman que, em

diversos períodos, as guerras e os distúrbios sociais, bem mais do que as demandas

sociais, podem exercer grande influência sobre o crescimento do governo. Durante

as guerras, os golpes de Estado e as crises políticas profundas, a sociedade

torna-se mais propensa a contribuir para gastos adicionais. Entretanto, passado o período

crítico e cessadas as razões pelas quais os contribuintes reduziram sua resistência

ao aumento da tributação, o governo não costuma retornar aos seus contornos

iniciais.

Peacock (1992) realça a importância de acontecimentos históricos e das

condições de oferta de recursos prevalecentes nessas circunstâncias:

"/t must be true that a necessary condition for expansion G/GDP in a modem

Westem-type democracy is voter support, just as a necessary condition for a firm

(18)

Segundo Peacock, o crescimento do governo pode ser fortemente associado

a condições de oferta.

"In the shorf run, a monopoly supplier can exercise control over market

conditions through its control of price, which implies the absence of altemative

sources of supply, but in the longer run firms may be taken over and the new

shareholders can vote the management out of office. New entrants using process

and product !nnovations mayerode their market share. Centralised govemments

at least have more extensive powers, even though such govemments may be

voted out of office and replaced, just as with a take-over in business. But

whichever govemment is in power, it can normal/y prevent competition in the

Ugovemment business", and it can use its powers of compulsion. It can incur debt

to finance furfher expansion, giving the assurance that it is permitted to tax future

generations. ... The imporfance of the monopoly power of govemment fies less in

the control given over the pattem of expenditure and more in its efficiency"

(Peacock, p18, 1992 ).

Baumol (apud Peacock, 1992, pp. 39-40, 54, 148), combinando condições de

oferta e de demanda, apresenta outro tipo de explicação para a expansão do gasto

público ao longo do processo de desenvolvimento econômico. Por serem os serviços

governamentais intensivos em trabalho, com o desenvolvimento econômico, a

acumulação de capital e o decorrente aumento da produtividade do trabalho, o custo

desses serviços tende a se elevar em relação ao custo dos demais bens e serviços,

particularmente se a demanda por serviços governamentais, em termos reais, for

elástica em relação à renda.

Um numeroso grupo de estudiosos, adotando uma nova abordagem, também

procura estabelecer relação entre nível de desenvolvimento e tamanho de governo,

distinguindo-se das correntes apresentadas anteriormente por supor causalidade

inversa. Segundo esse grupo, o crescimento econômico é fortemente influenciado

pela ação governamental. O nível de desenvolvimento de um país estaria associado

à intensidade ou ao acerto das ações governamentais ao longo do t~mpo. Neste

sentido, P. C. Afxentiou (1982) e R. Ram (1986) procuram estabelecer relação entre

indicadores do nível de desenvolvimento e tamanho de governo. Também Baumol

(1990) reconhece a ação social, predominantemente desenvolvida por instituições

(19)

Segundo Ram (1986), o impacto do tamanho do governo sobre o

desempenho econômico deve ser estudado. Aponta várias razões teóricas para que

esta relação se verifique. Há algumas razões para que se espere um impacto

negativo e outras que sugerem impacto positivo do tamanho do governo sobre o

desempenho econômico. As razões apontadas por Ram para um efeito negativo se

baseiam em: (i) as operações do governo são freqüentemente conduzidas de forma

ineficiente; (ii) as atividades regulatórias impõem excessivo ônus e custos elevados

ao sistema econômico; (iii) muitas das políticas fiscais e monetárias tendem a

produzir distorções nos incentivos econômicos e a afetar a produtividade do sistema.

As razões para que ocorra um efeito positivo do tamanho do governo sobre o

desempenho econômico, segundo Ram, seriam as seguintes: (i) o papel do governo

na harmonização de conflitos entre interesses privados e sociais; (ii) a necessidade

de evitar exploração do país por estrangeiros; (iii) a obtenção de aumento na

produtividade do investimento produtivo e o estabelecimento de uma direção

socialmente ótima para o crescimento e o desenvolvimento.

Na linha do estudo de Ram (1986) situam-se outros trabalhos, como o de

Richard Rubinson (1987) e o de Daniel Landau (1983 e1985), com resultados muito

distintos. Rubinson concluiu que um governo maior (representado pela razão entre a

receita governamental e o PNB) promove o crescimento econômico por reduzir a

"dependência", particularmente nos países menos desenvolvidos. Landau concluiu

que um governo maior (representado pela razão entre o consumo governamental e o

PIB) causa efeito negativo sobre o crescimento da renda per capita.

Rodrik (1994, 1996 e 1997) também procura na intervenção governamental a

explicação para o desempenho econômico. Rodrik (1997) argumenta que é

impossível entender o milagre do crescimento econômico do Leste Asiático sem

levar em consideração o importante papel da política do governo no estímulo ao

investimento privado. A efetividade das ações do governo foram fundamentais na

Coréia do Sul, em Taiwan e no Japão segundo Rodrik. Dentre os fatores

determinantes do crescimento econômico destes países, Rodrik cita o gasto social, o

seguro social e redes de segurança social, contrapesos necessários para mercados

(20)

Easterly e Rebelo (1993) apontam estudos em que se aplicam versões do

modelo de Solow (1956) para estudar o impacto dinâmico da tributação. Referem-se,

principalmente, aos estudos Sato (1967), Krzyzaniak (1976) e Feldstein (1974).

Constatam ainda uma série de fatos estilizados em que variáveis de natureza fiscal

são associadas a variáveis relacionadas a desempenho econômico. Detectam que

países de alta renda apresentam, em geral, elevados gastos em saúde e previdência

social. Constatam também que superávits orçamentários são consistentemente

correlacionados com crescimento econômico. Utilizando dados cross-section e

controlando uma série de variáveis, comuns em estudos do gênero, Easterly e

Rebelo procuram associar crescimento econômico a variáveis fiscais. Em particular,

obtêm forte relação entre crescimento econômico e investimentos governamentais

em transporte e comunicação.

Seguindo um caminho próprio, mas sem contrariar os pensadores do século

XIX, Stigler procura explicar as razões da expansão do setor público de forma

simples e engenhosa. Argumenta que a propensão ao uso do Estado é semelhante

ao uso do carvão no aquecimento de moradias ou na operação de fábricas. Da

mesma forma que o uso do carvão é determinado nos casos em que é a forma mais

eficiente de se atingirem algumas metas, a ação do Estado seria a maneira mais

adequada para a provisão de alguns serviços, tendo em vista o seu desempenho,

superior, nestas áreas, ao do setor privado. O Estado, ao se transformar, estaria

procurando se adequar às mudanças do ambiente econômico.

" ... the hypothesis is that the propensity to use the state is like the propensity to

use coai: we use coai when it is the most efficient resource with which to heat our

houses and power our factories. Similarfy we use the state to build our roads or

tax our consumers when the state is the most efficient way to reach these goals ...

When the conditions of society dictate little use of the state, the economy will be

characterized as laissez-faire. When the conditions of society dictate much use of

the state, the economy will be called collectivistic ... To explain how society moves

from one of these regimes to the other, one does not look (primarfy) to intellectual

currents: rather, the explanation will lie chief/y in the changing scope for

govemment action as the strocture of the economy changes" (Stigler apud

(21)

Stigler enfatiza a eficiência relativa do governo como fator determinante para

que a sociedade opte por sua ação, adotando uma abordagem que leva em

consideração não apenas os fatores relacionados à demanda por serviços que não

são prestados de forma espontânea e satisfatória pelos agentes privados, mas os

custos da provisão desses serviços via setor público.

Em resumo, pode-se constatar a existência de três grandes correntes. A

primeira (representada por Wagner, Graziani e Sitta) se orienta pela concepção de

que a demanda por intervenções governamentais depende do nível de

desenvolvimento. Uma segunda corrente explica o nível de intervenção

governamental pelo lado da oferta de recursos necessários para a ação

governamental. Uma terceira corrente (representada por Rubinson, Landau,

Afxenntiou e Ram) sustenta que o desenvolvimento depende do nível e/ou da

qualidade das intervenções governamentais.

A suplementação do mercado e a correção de imperfeições diversas parecem

justificar, em países menos desenvolvidos, forte intervenção governamental, como

sugere o texto seguinte de Tanzi:

"A priori, it would appear the less developed

a

country, the more it could benefit from

a

larger govemment role to suplement the market and correct its many imperfections, the consequence of inforrnational deficiencies, limited

mobility of resources and excessive individual economic power in local markets."

(Tanzi, in Fukasaku, K. E L. R. Mello Jr. (ed.), 1999, p. 19).

11.3. AS DIFERENÇAS NAS ESTRUTURAS DE RECEITA E DESPESA

Nesse sentido, as deficiências de informações, maiores em países em

desenvolvimento do que em países desenvolvidos, tenderiam a gerar falhas de

mercado mais graves e maior demanda por ações governamentais em países em

desenvolvimento do que em países desenvolvidos. A restrita mobilidade de recursos

(22)

de redução das desiguadades regionais e interpessoais nestes países. Tais fatores,

portanto, sugerem, segundo Tanzi, a ocorrência de forte pressão das demandas

sociais no sentido de ações governamentais.

Pode-se concluir que, se dependesse apenas das demandas sociais,

poder-se-ia esperar que os países em desenvolvimento tivessem governos relativamente

grande. Entretanto, o tamanho do governo não depende apenas das demandas

, ,

sociais, mas também de outros fatores, como, por exemplo, os relacionados à

disponibilidade de recursos tributáveis (peacock e Wiseman, 1970).

Tanzi alerta que os governos de países menos desenvolvidos encontram

problemas diversos para o satisfatório desempenho de seu papel. As dificuldades

dos países em desenvolvimento começam na arrecadação de tributos. Algumas

bases tributárias muito exploradas em países desenvolvidos mostram-se pouco

produtivas (como a renda e, até mesmo, o consumo) em países em

desenvolvimento. A falta de capacitação técnica, a adoção de métodos

administrativos defasados, a baixa qualidade da burocracia, a corrupção endêmica e

diversos outros obstáculos impedem que se atinjam elevados níveis de arrecadação

de tributos. Na gestão de programas públicos, as falhas da burocracia e a

precariedade dos sistemas de informações também reduzem a eficácia das ações

governamentais e, conseqüentemente, a obtenção de benefícios sociais,

aumentando a aversão do contribuinte à tributação. Em suma, o setor público em

países em desenvolvimento se mostra menos preparado para o desempenho de

suas funções.

"It is also true, however, that generally, although not a/ways, the less

developed a country, the less able is its public administration. One of the

unpleasant realities of economic development is that the very countries that have

the greatest need for na expanded public sector role may be the same ones

where the public sector is least prepared efficiently to play such a parto In this

circunstances, when policy makers attempt to pursue na ambitious public sector

role, as they often do, the results tend to be disappointing" (Tanzi, in Fukasaku,

(23)

Os citados problemas, que, em análise preliminar, parecem estar fortemente

associados ao grau de desenvolvimento econômico, podem se refletir não apenas

sobre os tamanhos de governo, mas também sobre as estruturas das receitas

tributárias e dos gastos governamentais, como se pode notar pela observação das

tabelas apresentadas por Prest. A diversidade dos sistemas fiscais tem sido

associada a diversas variáveis. Giambiagi e Além (1999, pp. 243) não se limitam a

variáveis econômicas quando se referem às razões da descentralização. Entretanto,

grande parte dos autores procuram colocar em destaque a associação entre

variáveis fiscais (particularmente a carga tributária) e variáveis econômicas

(particularmente a renda per capita). Não se pode desprezar, entretanto a influência

de fatores culturais, políticos, institucionais geográficos, dentre outros.

Muitos dos atributos de países capazes de explicar as variáveis fiscais podem

ser representados, de forma mais ou menos adequada, por indicadores, alguns dos

quais pouco utilizados ou escassamente conhecidos até recentemente. Algumas

dessas variáveis que possibilitam a explicação das características dos sistemas

fiscais estão intimamente relacionadas a valores, concepções, preconceitos, signos

e cultura dos povos em questão.

Tabela 11.1

Percentagens do Gasto Governamental Total do Governo Central (média 1978-80):

Classificação Funcional

Países em

Desenvolvimento Países Tipo de Dispêndio (exceto grandes produtores de Industriais

petróleo)

(média) (média)

Defesa 14.0 13.9

Previdência e Bem-Estar

Social 18.0 37.6

Educação 10.9 5.4

Saúde 4.8 11".7

Habitação 2.3 2.5

Serviços Econômicos 24.9 11.3

.

..

(24)

Notas: 92 países em desenvolvimento exceto grandes produtores de petróleo (Africa 37, Ásia 14, Europa 7, Oriente Médio 6, Hemisfério Ocidental 28) e 21 países industriais cobertos; médias para países ponderada pelo PIS de 1975. Dados algumas vezes relativos a 1977-9 (média) e não a

1978-80 (média), e sempre a exercícios fiscais. Em alguns casos, alguns dados são estimados pelos autores de Yearbook.

Tabela 11.2

Percentagens do Dispêndio Governamental Total (média 1978-80) (inclusive Inversões

Líquidas):

Classificação Econômica

Países em

Desenvolvimento Países

Tipo de Dispêndio (exceto grandes produtores de Industriais

petróleo)

(média) (média)

Bens e Serviços Correntes 36.0 27.2

Subsídios e Outras

Transferências Correntes 29.9 55.9

Pagamentos de Juros 8.1 7.0

Despesa de Capital 16.6 6.2

Inversões Líquidas (Net

Lending) 9.8 3.6

Serviços Econômicos 24.9 11.3

Fonte e Notas: As mesmas da Tabela 1.

As tabelas 1 e 2 mostram diferentes padrões de gasto público. Enquanto

países em desenvolvimento gastam mais em compras de bens e serviços correntes,

países industrializados utilizam-se mais de transferências de assistência e

previdência social e subsídios.

Diferenças significativas também podem ser observadas na estrutura da

receita tributária, como se pode observar na tabela 3. Países industrializados obtêm

a maior parte de suas receitas por intermédio de tributação direta - impostos sobre

renda e patrimônio e contribuições para a previdência social. A tabela mostra que a

(25)

receita dos países industrializados. No mesmo período, nos países em

desenvolvimento, os tributos diretos representavam pouco mais de 40% das receitas

dos países em desenvolvimento, sendo superados pela tributação indireta. Nestes

países os impostos sobre bens e serviços destinados à demanda interna superaram

amplamente os impostos sobre renda e patrimônio. Também são importantes fontes

de recursos governamentais em países em desenvolvimento os tributos sobre o

comércio e outras transações internacionais. Na maior parte dos países

industrializados, este tipo de tributação produz receita tributária inexpressiva.

Observa-se, portanto, que alguns tributos, particularmente os que atingem a

renda e a propriedade, são mais utilizados em países que atingiram um certo nível

de desenvolvimento econômico. Países de economia rudimentar têm dificuldades na

implantação destes tributos. Sobre isto, Tanzi (1991) faz o seguinte comentário:

'~s the ability of countries to raise particular taxes depends on their leveI of

economic development, on their degree of administrative sophistication, and on

their internaI poJitical structure, may often be unable to raise "good" taxes and

may thus be compelled to raise very inefficient ones in order to increase their tax

burden" (Tanzi, "Public finance in developing countries': p. 23, 1991).

As razões pelas quais alguns impostos - sobretudo os que incidem sobre a

renda - são pouco explorados em países desenvolvidos são de natureza econômica,

política e institucional. A forma como as transações econômicas se processam, as

dificuldades na administração tributária e as peculiaridades do sistema político

podem limitar o uso desses impostos.

Embora recomendável em países onde a distribuição de renda e patrimônio é

muito desigual, o imposto de renda pode ser de difícil aplicação em países em que a

economia apresenta alto grau de informalidade. Ademais, a mobilidade de alguns

fatores de produção limita a possibilidade de tributação de seus rendimentos.

Alíquotas elevadas podem gerar distorções alocativas de porte. Quando se tributa

muito os rendimentos de capital, por exemplo, as reações dos contribuintes tendem

a gerar sérias distorções, afetando a taxa de acumulação e, portanto, na relação

(26)

Tabela 11.3

Percentagens da Receita do Governo Central (exceto transferências) (média 1978-80):

Países em

Desenvolvimento Países

Tipo de Receita (exceto grandes produtores de Industriais

petróleo)

(média) (média)

Impostos sobre Renda e

Lucros 24.2 41.5

Contribuições de Previdência

Social 16.3 32.2

Impostos Internos sobre Bens

e Serviços 31.6 15.8

Impostos sobre Comércio e

Transações Internacionais 17.5 1.8

Fontes e Notas: As mesmas da Tabela 1.

É muito comum se atribuir às preferências, à cultura ou às instituições uma

série de características do sistema fiscal. Fernando Holanda Barbosa (in

FENAFISCO, 1998), por exemplo, se refere à questão da escolha entre imposto

sobre a renda e imposto sobre o consumo da seguinte forma:

"Em todo sistema tributário ... temos imposto de consumo e imposto de renda,

em proporções diferentes. A nossa sociedade, no caso a brasileira, tem uma preferência muito grande pelo imposto de consumo. Grande parte do imposto

brasileiro é imposto indireto. Isso é ruim? Não necessariamente .... É uma questão de gosto ou de opinião." (SINAFITE e FENAFISCO, p. 79, 1998)

A escolha dos instrumentos pode ser, de fato, uma questão de gosto. Um

instrumento pode ser mais aceitável do que outro simplesmente porque já existe, é

mais conhecido, os agentes econômicos já se acostumaram com ele, ou,

simplesmente, porque "está na moda"? Ademais, a escolha dos objetivos está

2Segundo Tanzi (1991, pág. 187), há um fenômeno interessante entre economistas e especialistas em finanças públicas, uma espécie de "modaw

(27)

claramente associada a preferências, assim como escolha dos instrumentos, pois

estes dependem dos objetivos definidos (metas). É sabido, por exemplo, que

imposto sobre a renda embute um viés contra a acumulação e, portanto, contra o

crescimento. Entretanto, em determinados contextos, outros aspectos podem ser

mais importantes do que o crescimento. Pelo fato de poder se converter em efetivo

instrumento promotor de redistribuição de renda, o imposto de renda deveria ser

utilizado mais intensamente em países em que se prioriza a melhoria na distribuição

de renda. Entretanto, nem sempre isto ocorre, em parte por razões de natureza

política e por dificuldades inerentes à administração deste tributo.

Nas escolhas públicas, deve-se ainda considerar os fatores políticos e

institucionais. Muitos procuram associar fatores relativos à ordem

jurídico-institucional às variáveis fiscais. As normas e instituições relacionadas ao orçamento

público, em particular, afetam as decisões sobre quanto arrecadar, quanto gastar,

como gastar, que instrumentos utilizar etc. Ademais, instituições adequadamente

desenhadas podem não apenas favorecer as escolhas públicas, mas também

propiciar o funcionamento do governo, reduzindo suas falhas e tornando-o mais

eficaz (vis a vis setor privado) na produção de diversos serviços onde setor público e

setor privado são, em grande medida, concorrentes (saúde e educação, por

exemplo).

Em particular, a escolha dos instrumentos fiscais - tanto as diversas

modalidades de receitas como os diversos tipos de gastos - deve ser função dos

objetivos a serem alcançados, objetivos estes que dependem das necessidades e,

portanto, do nível de desenvolvimento, das preferências, da formação cultural, da

religião, dos valores éticos etc. A escolha dos instrumentos também deverá

depender da sua capacidade de obter resultados (e, para isso, o seu desenho será

fundamental).

Portanto, a escolha dos instrumentos dependerá, por um lado, das demandas

sociais, que será afetada, sobretudo, por fatores de natureza econômica e social.

Por outro lado, a escolha dos instrumentos dependerá de sua eficácia, muito

(28)

desenvolvimento institucional do país, variáveis culturais e o nível de

desenvolvimento econômico, devem influenciar a escolha dos instrumentos fiscais

tanto pelos seus efeitos sobre as demandas sociais quanto pelos seus reflexos

sobre a eficiência do governo.3

Os modernos modelos de crescimento econômico são capazes de evidenciar

algumas distorções associadas às diversas modalidades de tributos. Podem mostrar

vantagens e desvantagens de um sistema tributário sobre os sistemas alternativos

em determinado país. Entretanto, nem sempre um imposto pode ser bem

representado em um determinado modelo. O alto nível de generalidade e

simplicidade dos modelos dinâmicos pode sugerir o uso de sistemas tributários

pouco recomendáveis - particularmente por razões relacionadas à administração

tributária. Em particular, quando se percebe a necessidade de aumento do nível de

tributação, a escolha dos impostos que devem ser mais explorados não deve ser

tomada simplesmente em função dos efeitos previstos pela teoria da tributação

-sobre a alocação de recursos, distribuição de renda e estabilidade. Aspectos

relacionados à administração tributária, e todas as suas implicações econômicas,

também devem ser considerados.

Nas últimas décadas, tem se observado alguma convergência nos sistemas

tributários, em parte pela necessidade de se promover harmonização tributária em

países onde se desenvolvem processos de integração econômica regional ou global.

Persistem, entretanto, grandes diferenças entre os sistemas tributários nacionais,

3 Para que se entenda o conceito de instituição. julgamos conveniente que se recorra a uma

enciclopédia:

MAs instituiçDes sao regras de conduta que, ao conter o impulso natural à busca da vantagem individual, permitem que os indivlduos vivam em sociedade. As instituiçDes constituem um meio de pensar ou agir que prevalece e permanece, que está impregnado nos hábitos de um grupo ou nos costumes de um povo. Qualquer costume social constitui uma instituiçao uma vez que cria sançDes, gera tabus e se impDe sobre o comportamento de seus indivlduos. As /eis sao instituiçDes que discriminam explicitamente regras de comportamento que nao constam dos códigos morais e de convivência. As organizaçDes formais - órgaos públicos, igrejas, universidades, sindicatos - também sao instituições, uma vez que têm autoridade sobre seus membros.

(29)

particularmente quando se comparam países desenvolvidos com países em

desenvolvimento, os contrastes são evidentes.

o

imposto de renda é uma das modalidades de tributação mais utilizadas em países desenvolvidos. Por muito tempo, sistemas tributários calcados em tributos

sobre rendimentos eram considerados, por muitos especialistas, como modernos. A

evidência deste fato contribuiu para a disseminação de um preconceito que se

desenvolveu contra os tributos indiretos. Baseados em instrumental analítico pouco

sofisticado, diversos livros-textos antigos sugeriam a superioridade da tributação

direta sobre os impostos indiretos.

Por ser um instrumento capaz de dotar o sistema tributário de

progressividade, a tributação sobre a renda tem sido amplamente defendida por

acadêmicos e políticos, particularmente em sociedades que apresentam

desigualdades extremas. Como já foi observado, são, em geral, os países mais

desenvolvidos os que mais exploram a base renda. Em grande parte, a elevada

tributação sobre a renda nos países desenvolvidas pode ser explicada pela

prioridade concedida à promoção da eqüidade. Entretanto, têm-se consciência das

distorções que podem advir da adoção dessa modalidade de tributo, tanto no

tocante à escolha entre trabalho e lazer quanto no tocante à escolha entre consumo

e acumulação, especialmente quando se procura praticar elevada dose de

progressividade.

Principalmente a partir da segunda metade da década de 70, com o

desenvolvimento de modelos dinâmicos modernos e a sua utilização na área das

finanças públicas, iniciou-se a reabilitação do imposto sobre o consumo.

Especialmente em configurações não cumulativas, o imposto sobre o consumo tem

sido objeto de atenção, ocupando espaço crescente nos sistemas tributários

nacionais, principalmente na Europa e na América Latina.

Tanto o imposto de renda quanto as modernas modalidades de tributos sobre

o consumo necessitam de uma competente administração tributária e ambiente

cultural e institucional propício. Países em estágio inicial de desenvolvimento

(30)

causam sérias distorções econômicas, como os impostos cumulativos sobre bens e

os impostos sobre o comércio internacional.

A ação governamental nos países menos desenvolvidos pode ser prejudicada

pelas distorções causadas pela vigência de sistemas tributários geradores de

distorções significativas. Para que se entenda essas distorções, é interessante que

se examinem alguns fundamentos da teoria da tributação, descritos no Anexo 1.

A tributação sobre os rendimentos representa parte considerável da

arrecadação dos governos de países industrializados. Nos Estados Unidos e no

Japão, a tributação sobre rendimentos constituía, no final da década de 80, cerca de

46% da receita tributária. Em média, os países industrializados arrecadavam mais de

40% de seus tributos a partir dos rendimentos de fatores de produção, quase o

dobro do que os países em desenvolvimento.

Nesta mesma época, no tocante à tributação sobre o consumo, o contraste

entre países desenvolvidos e em desenvolvimento também se apresenta

claramente. Cerca de 44% da arrecadação tributária dos países em desenvolvimento

provêm de impostos sobre bens e serviços. Para países industrializados, a

importância dos impostos sobre bens e serviços é muito inferior, pois representam

cerca de 21 % da receita tributária.

Para efeito da avaliação de um sistema tributário, entre os diversos tributos

sobre bens e serviços destinados ao consumo, devem-se distinguir os cumulativos

dos não cumulativos, assim como se deve considerar a utilização de excise taxes e

dos impostos gerais. Deve-se verificar se alcançam apenas bens e serviços

destinados ao consumo ou se oneram também bens de capital. Os potenciais efeitos

distorcivos dos tributos indiretos dependem muito de suas características (e do

próprio ambiente econômico).

A economia brasileira tem peculiaridades que podem afetar a arrecadação de

tributos sobre rendimentos:

é caracterizada por desigualdades marcantes na distribuição da renda entre

(31)

o mercado de trabalho apresenta alto grau de precariedade nas relações de

emprego;

a participação dos rendimentos de capital na renda é elevada;

a receita do imposto de renda é fiscalizada pelo governo federal, mas boa

parte dela se destina a outros níveis de governo, diferentemente do que

acontece com outros tributos federais.

Em princípio, as fortes desigualdades econômicas e sociais são argumentos

fortes para os que pretendem reforçar o papel do imposto de renda no sistema

tributário brasileiro. Entretanto, há razões para que não se espere imediata e radical

ampliação de sua importância na geração de recursos tributários.

Não se discute que a função redistributiva dos governos é mais importante em

países onde os contrastes são maiores. Em países caracterizados por

desigualdades extremas, como o Brasil, o imposto de renda deveria assumir um

importante papel na procura de maior eqüidade. Entretanto, a elevada concentração

da renda dificulta a administração tributária. Os mais ricos, em geral não muito

numerosos mas muito bem representados politicamente, procuram explorar ao

máximo os loopholes que a legislação tributária apresenta. Particularmente em

contextos caracterizados por elevada mobilidade do capital, os ricos conseguem

contribuir pouco para a arrecadação do IR, deixando para os assalariados

-especialmente os que se situam acima da linha de pobreza, mas que não se situam

entre os mais ricos - a maior parte do ônus tributário.

Pode-se enumerar outras razões pelas quais o papel do imposto de renda é

tão modesto no Brasil. Por se tratar de um imposto declaratório e por haver escassa

visibilidade de boa parte das rendas do trabalho, a administração do imposto de

renda torna-se difícil. As rendas geradas a partir de relações informais no mercado

de trabalho são pouco visíveis para a fiscalização, assim como grande parte das

rendas dos profissionais autônomos (por conta própria).

O elevado grau de precariedade das relações de trabalho dificulta

(32)

inspirou-se na ordem jurídica estabelecida por Mussolini para a Itália, país que se

encontrava - e se encontra - em nível de desenvolvimento claramente superior ao

brasileiro. Tal legislação cria um incentivo muito forte para o seu descumprimento,

uma vez que impõe custos consideráveis ao empregador em ocasiões de demissões

sem justa causa.

Em um país que procura se integrar crescentemente com a economia

mundial, a elevada participação das rendas do capital na renda da economia

também pode ser vista como um fator limitativo da importância do IR no sistema

tributário. Não há como tributar demasiadamente o capital sem causar estímulos a

saídas de capitais. No caso brasileiro, as estatísticas das Contas Nacionais relativas

à distribuição funcional da renda chegam a causar estranheza, pois sugere uma

participação extremamente baixa dos rendimentos fator trabalho na renda nacional.

Ainda que possa haver um razoável erro de medida, é muito provável que, de fato, o

Brasil tenha uma distribuição funcional da renda incomum.

Um motivo que é sempre lembrado quando se procura entender porque a

arrecadação do IR não ultrapassa o patamar de 5% do PIB no Brasil é o fato de

haver na União a capacidade de criar tributos disfarçados sob a forma de

contribuições sociais. Como a receita do IR é partilhada com os níveis subnacionais

de governo, o governo federal lança mão de contribuições parafiscais que lhe

permitem ampliar ou recuperar sua participação no controle dos recursos tributários.

Sob o ponto de vista redistributivo, não é difícil a defesa do IR, ante os

tributos sobre bens e serviços, pelo menos em tese. Entretanto os custos

administrativos decorrentes de uma fiscalização eficaz de um IR podem indicar a

utilização mais intensa de outras bases. Os tributos sobre bens e serviços, nesse

contexto, tornam-se atraentes.

Ainda que não favoreçam a responsabilidade política e não sejam

instrumentos dos mais eficazes para a obtenção de eqüidade, os tributos sobre bens

e serviços, particularmente quando bem desenhados, tornam-se uma opção atraente

(33)

Segundo Easterly e Rebelo (1993, p. 419), a escolha de instrumentos fiscais

parece estar relacionada com a escala da economia. Utilizando dados cross-section

e dados de painel para 28 países entre 1970 e 1988, concluíram que, quando a

população cresce, cai a importância dos impostos sobre comércio internacional e

aumenta a tributação sobre a renda. Esta relação persiste quando se controla a

renda e a razão entre transações de comércio internacional e produto.

Easterly e Rebelo encontraram correlações significativas (positivas) entre

componentes da receita governamental e o logaritmo da renda per capita (de 1970).

Para algumas variáveis (tomadas como fração da receita total) foram encontradas

correlações, dentre as quais:

impostos sobre renda, lucros e ganhos de capital (=0,35);

contribuição de previdência e assistência social (=0,58);

impostos sobre comércio e transações internacionais (=0,75);

impostos sobre folha de pagamentos (=0,31).

Estes resultados podem ser interpretados de diversas formas.

Institucionalistas podem argumentar que a organização social cumpre o papel

fundamental no desempenho econômico. Países se desenvolveriam, em grande

parte, de acordo com o marco institucional. Neste sentido, pode-se sustentar que a

renda per capita não seria necessariamente uma das variáveis determinantes do

tamanho o governo. Estas, na verdade, seriam fortemente correlacionadas com a

renda per capita. Variáveis que representam a organização política e social podem

se revelar determinantes tanto do tamanho do governo quanto da renda per capita.

Pode-se procurar outras variáveis explicativas, como, por exemplo,

indicadores relativos à situação social - tais como indicadores de dívida social ou de

distribuição de renda - ou ao sistema político - tais como índices que procuram

refletir o respeito a direitos políticos ou a liberdade civil. Pode-se argumentar ainda

que as instituições, assim como as leis, podem ser, no longo prazo, tomadas como

endógenas. Nesse sentido, indicadores que refletem o desenvolvimento institucional,

também podem não ser as variáveis explicativas primárias. Em última análise, as

variáveis fiscais, assim como o nível de desenvolvimento econômico, podem ser

(34)

Desta forma, é possível que as relações encontradas entre variáveis fiscais

(em particular, as relativas à receita governamental) e a renda per capita sejam

espúrias. Podem ser as instituições e leis ou, em uma análise ainda mais profunda,

diversas variáveis (de natureza cultural, histórica, religiosa etc.) que produzem e

modificam leis e instituições e moldam o sistema político, que imprimiriam as

características do governo (tamanho e instrumentos utilizados, entre outras coisas).

Como já foi visto, pode-se esperar que o nível - e também as formas - de

intervenção do Estado variem em função de fatores de naturezas diversas

-econômica, cultural, histórica etc .. As sociedades se caracterizam por uma série de

atributos, para os quais a representação através de indicadores quantitativos nem

sempre se viabiliza de forma satisfatória. Acontecimentos históricos, condições

geográficas, ambientais, climáticas, aspectos religiosos e étnicos, embora devam

ser considerados quando se procura entender as razões para a intervenção

governamental e o tamanho e a composição do organismo estatal, nem sempre são

facilmente representados por indicadores numéricos.

11.4. O NíVEL E AS FORMAS DE INTERVENÇÃO

Foram discutidas duas questões que se apresentam com grande relevância

na Economia do Setor Público: o nível e as formas de intervenção. Teoricamente,

até onde deve ir o Estado? Que meios (instrumentos) são as mais adequados em

uma determinada sociedade?

A primeira questão aparece com grande destaque desde os primeiros

esforços no campo da Economia Positiva. As razões para a intervenção do Estado

são diversas. Stiglitz (1986) classifica em 3 categorias as intervenções do Estado:

as voltadas para uma alocação eficiente no sentido de Pareto;

as relacionadas à oferta de bens meritórios

as motivadas por eqüidade.

As intervenções motivadas pela procura de eficiência são muito freqüentes.

Imagem

TABELA IV.4 (continuação)
TABELA IV.5  Consumo Amplo
TABELA IV.5  Consumo Amplo (continuação)
TABELA IV.6  Consumo Restrito
+2

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