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O enfoque comunitário: uma visão renovadora das abordagens tradicionais em psicologia e aconselhamento

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(1)

=

-- CENTRO DE. POS-1iAAf>J.ÍAÇ!O:ÊM.' PS~,COLOGIA

It*?T~TUTO

DE

~ELEçXnE-

'ORIEN,~Ç!~

PROFISSIONAL

FUNDAÇX.Ó:GETOLIO

'VÂR-GA_~-

-.

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' .•..• " '.~.

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FGV/ÍSOP/C1?GP .

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Praia de -Botafqgb',;cl90 sa19 1108 •. ' -" _." .. I. "~~ - . . _' .~".

"-Rio,de-Janeirç - ª~asil

f

- I

I

-I

-, !

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l

(2)

FUND,AÇ!O GETOL10,VARGAS

o

ENFOQUE COMUNI'l'ARIO: UMA· VISXQ RENOVADORA DAS ABOR

DAGENS TRADICIONAIS.

EM PSICO~I~E

ACONSELHAMENTO

Por

MARIA VEfATIMA

TRONCOSOBARROSO

Dissertação submetida

comorequi~ito

parcial

para obtenção dO.gra-u de

MESTRE

EM

i:PSICOLOGIA

Rio de Janeiro, agosto pe 1980

(3)

A

mtu

6ilho~e Rod~igo,.

um

(4)

Agradeço

à

Professora Ruth Scheeffer - figura

huma-na e profissiohuma-nal que merece toda a minha admiração - não

apenas pela riqueza da orientação que dela recebi mas ,principal

-mente,por todas as palavras amigas e incentivadoras, por todos

os gestos de carinho e confiança, sem os quais este trabalho

não

teria sido concretizado.

A meus

pai~

presença grata em minha vida, pelo auxí

lio que me deram quando deles precisei.

Ao André, meu marido e companheiro querido de todos

os meus momentos, pelo apoio constante.

A

Débora Pinto Otoni, pela boa vontade e

presteza

com

q~e real~zou

os serviços de datilografia.

Ao Instituto de Seleção e Orientação Profissional ,

da Fundação-Getúlio Vargas, pela bolsa de estudo concedida

du-

--rante o curso e, principalmente,

ã

pessoa de seu diretor,

Pro-fessor Franco Lo Presti Seminério, por sua espontânea e

perma-nente disposição em orientar e auxiliar aos que começam.

• ~ 4

Agradeço, finalmente, a todas as pessoas que me

in-centivaram, de várias formas,

a

realizar este trabalho. Embora

seus nomes aqui não

apare~am,

elas sabem que estão

presentes~

ta realização.

(5)

NoS últimos anos, vem sendo desenvolvido um número

significativo de abordagens dos problemas comportamentais

e

sociais. Todas elas Íazem parte de

um

movimento mais amplo âe

mudança de funções, papéis, metodologias e programas tradicio

nais das profissões de ajuda. As novas

direçõe~

vislumbradas

em psicologia, ultrapassam os limites de uma postura profis

-sional passiva e destacam que os modelos intràpessoais da psi

cologia nem sempre condizem com as realidades sociais.

o

objetivo deste estudo foi i6rnecer uma visão

ge-ral destas abordagens inovadoras, que refletem um

posiconame~

to novo, não tradicional, nas profissões de ajuda, integran

.-do-as em

um

conjunto coeso: a abordagem comunitária em

psico-logia e, mais especificamente, no aconselhamento psicológico.

A abordagem comunitária enfatiza a necessidade de

se desenvolver modelos preventivos e desenvoivimentistas

de

amplo alcance, em pSicologia, bem como a necessidade de se re

conhecer o contexto social no qual ela é praticada. Requer no

vas definições de

m~tas

e papéis para as atividades de ajuda.

Tratou-se, neste estudo, de apresentar'definições

e de estabelecer um fundamento histórico, ideológico e

teórico para esta posição, bem teóricomo de ilustrala através de pr·o

-gramas de nível comunitário, que extrapolam a orientação

tra-dicional de ajuda. Tratou-se tamhém, dos muitos problemas

en-frentados nestes programas e das perspectivas para o novo cam

po

d~sicologia

e do aconselhamento comunitário.

Concluiu-se que a descrição de tal posição

pOderá

for'necer importantes

sub~idios

para aqueles psicólogos inte

~.

ressados

éIn

desempenhar Um papel profissional mais completo ce

em atualizar-se acerca das modalidades preventivas e desenvol

..

vimentistas de prestação de serviços.

(6)

SUMMARY

A broad spectrum ofapproaches to behavioral and

social problems have beendeveloped in recent years. They are

part of the same vast movement toward changing traditional

functions, roles, methodologies and programs in

helping-professions. The new directions that can be seenin psychology

fields look beyond a passive professional stance and pointout

that intrapersonal models of psychology are not .: ·.a1ways

congruent with social realities.

The purpose of this pape r was to delineate anumber

of these innovati ve approaches which reflect a· neN,oontraditional

philosophical position in helping professions by integrating

them into a unified wh~le: the cbmmuni ty approach- in ps.y~l~_

and more specifically in psychological counseling.

The community approach puts emphasis on~the. need

-"for_.-developing outreach preventive and developmental models in

psychology as well as on the ne·ed for recognizing the social

context in which psychology is practiced. It calls for new

definitions of helping goals and roles.

This paper was concerned with definitions and

establishing a historical, ideological and theoricalf~tion

for t~is position, as well as illustrating i t with programs

·that go beyond the traditional helping ori~~tations into the

context of community-based settings. It was also concerned

with the rnany problerns faced in these ernerging prograrns and

with the future prospects of the new field ofccmnunity psychology

and counseling psychology.

Itwas concluded that the description of such

position should provide irnportant.hints for those psychol~ts.

who are interested in playing a fuller professional ro.le as

well as in knowing more about outreach preventive and

developrnental ways of service delivery. '

(7)

Agradecimentos

Sumário

Summary

i1i

iv

v

I

- INTRODUÇÃO --- 001

11

- O ENFOQUE COMUNITAAIO EM PSICOLOGIA --- 004

2~1

- Emergência da

Psicologi~

Comunitária --- 004

2.2 - A-Ideologia da Prevenção e as Diretrizes

Teóricas da Psicologia Comunitária --- 026

2.3 - O Papel dos "Não",:"Profissionais" e da Comuni

dade em Programas de Psicologia Comunitária 054

2.4 - Avaliação e Perspectivas --- 075

111 - O ENFOQUE COMUNITAAIO EM ACONSELHAMENTO --- 086

3.1 - Novas Tendências: Reação às Abordagens

Tradicionais --- 086

3.2 - Natureza e Programas de Aconselhamento

Comunitário --- 108

3.3 - Avaliação e Perspectivas --- 143

IV

- CONCLUSÃO --- 153

BIBLIOGRAFIA --- 155

(8)

Desde os meados da década de cinquenta, percebe-se

que um processo de mudança vem se intensificando noâmbito das

teorias e práticas de saúde mental. Tal como vem acontecenuo

com os debatidos e controvertidos conceitos e pressupostos de

"doença mental", "normalidade" e "anormalidade", outros

pres-supostos e conceitos subjacentes a diferentes quadros de

fun-damentação teórica, vêm sendo questionados. Modelos

tradicio-nais de serviços ·de saúde mental vêm sendo revistos

à

luz de

abordagens inovadoras, que colocam em discussão as noções de

"causa", "cura" e "relação terapêutica".

Pode-se dizer que estas abordagens inovadoras,quan

do desenvolvidas no campo específico da psicologia, vêm se

configurando, em última instância, numa crítica

à

observância

irrestri ta do modelo "remediativo" nos empreendimentos da área •.

Frequentemente chamadas de "revolucionárias", constata-se que,

de fato, o termo "revolução" caracteriza em muitos aspectos

estas, abordagens, uma vez que elas substituem a ênfase nos·

problemas individuais, pela ênfase nos problemas sociais; a

ênfase no diagnóstico e tratamento, pela ênfase na profilaxia

e desenvolvimento de recursos humanos; focalizando, ainda,' o

envolvimento social e comunitário, oua interação entre o

in-divíduo e seu ambiente, em busca de formulações compreensivas

acerca do comportamento humano.

Pode-se também, talvez for'çando-se uma

generaliza--

-çao que nao parece descabida, agrupar estas abordagens e, con

i

I

I,

I'

li

(9)

sequentemente, traduzir o movimento de mudança que elas vêm

representando no campo da psicologia, numa abordagem ou

enfo-que integrado: o comunitário.

o

presente estudo tem por objetivo fornecer uma vi

são genérica e integrada de propostas atuais dereavaliação de

metas, papéis, funções e programas identificáveis na

pSicolo-gia, a partir do de~envolvimento do enfoque comunitário em

psicologia e, especificamente, no aconselhamento psicológico.

Para tal, procedeuse a uma revisão de publicações pertinen

-tes ao assunto, apresentadas nos últimos vinte anos.

Visando o progresso da psicologia, enquanto ciên

-cia, cabe que os teóricos da área estejam atentos para as pro

postas de reavaliação dos pressupostos subjacentes a seus

di-ferentes quadros de fundamentação teórica, propostas estas

que vêm traduzindo um acentuado movimento de mudança nas

teo-rias e práticas psicológicas.

Visando uma formação completa e integrada de seus

alunos, cabe .que os professores de psicologia lhes facilite o

acesso aos conhecimentos teóricos e práticos que vêm sendo

consubstanciados em psicologia, ainda que alertando-os,parauma

possível falta de validade científica dos mesmos.

Visando o progresso da psicologia, enquanto profis

são de ajuda, cabe que os psicólogos estejam atentos para a

importância de manterem a dimensão social de seus serviços

,

sob o risco de fugirem

ã

meta maior de suas profissão: a

(10)

tões inovadoras - tomando por base o enfoque comunitário

em

pSicologia, e mais especificamente, no setor do

aconselhamen-to - parece ao mesmo tempo oportuno e relevante, em que pese

a escassez de matéria pertinente publicada no Brasil.

o

presente estudo baseia-se predominantemente

na

experiência norteamericana, quer porque o enfoque comunitã

-rio em psicologia e, espeCificamente, no setor do aconselha

mento, é efetivamente um desenvolvimento americano, quer

por-que é notável a escassez de literatura brasileira sobre o

as-sunto. Além di'sto, não foi possIvel, por limitações de ordem

prática, colher subsIdios das experiências brasileiras que já

vêm sendo realizadas sob a perspectiva de uma psicologia

(11)

11 - O ENFOQUE cOMUNrrÂRIo EM PSICOLOGIA

2.1 - EMERG~NCIA DA PSICOLOGIA COMUNITÂRIA

Destaca-se como fator unificador das diversas

con-cepções de Psicologia Comunitária, a perspectiva de mudança ,

refletida não apenas no âmbito da teoria e prática

psicológi-cas, mas das ciências sociais como um todo e da sociedade' em

geral. Conforme aponta Reiff (1977), a Psicologia Comunitária

traduz os anseios de reforma social características do

perío-do perío-do qual emergiu, bem comb a insatisfação com as

ins~itui

-ções acadêmicas, tidas como irrelevantes e omissas quanto a

problemas sociais mais amplos.

Reunindo aspectos em comum de enfoques vigentes

,

Zax e Specter (1974) apresentam uma definição, no seu enten

-der suficientemente abrangente, de Psicologia Comunitária. Pa

ra estes autores, ela pode ser concebida tanto como colocação

teórica, como método de trabalho, desenvolvida

a

partir da

psicologia clínica e em compatibilidade com as modificações.

ocorridas progressivamente no conceito de doença mental. ~

por eles definida como uma abordagem relativamente recente dos

problemas de comportamento humano, cuja ênfase recai no papel

das forças ambientais como agentes causadores das dificulda

-des de ajustamento, bem como na sua contribuição virtual

à

re

solução destas dificuldades7 através de sua manipulação. Aban

ge:

(12)

0l:J al:Jpec.:tol:J POl:J.i..:t.i..vOl:J do c.ompoll.:tamen:to humano (Zax

e

Spec.:tell., 1974, p. 459).

Insinuase na definição acima apresentada, o con

-ceito de saúde mental que, segundo Carmen Lent e Paulo S. L.

Silva (1976), depende de um conjunto de valores sóciocultu

-rais, resultantes na visão dicotômica do homem como "sadio"

ou "doente". Tal visão implica no estabelecimento da relação

entre comportamento socialmente desejável e saúde,e entre com

portamento socialmente desviado e doença.

Rappaport (1977) apreserita a Psicologia

Comunitá-ria como uma tentativa de lidar com os desvios das normas

so-cialmente baseadas, fugindo ao padrão geral dos profissionais

de ajuda que, em última instância, buscam o ajustamento com

-portamental às normas sociais vigentes. Contrapõe-se à coloca

-çao de Zax e Specter, nao considerando como adeqaudas as

mui-tas definições formais de Psicologia Comunitária. Avalia a

definição dada por estes autores como muito geral e

expressi-va daquelas que, em consequência do questionamento do enfoque

excl.usi vamente intrapsíquico dos p:r:oblemas de saúde mental da'

..

sociedade, enfatizam basicamente a contribuição dos .fatores

ambientais às dificuldades de ajustamento.

Segundo Rappaport (1977), a. PSicologia Comunitária

traduz-se numa espécie de movimento reformista, inserido no

campo mais amplo da psicologia aplicada.. Seus representantes

reivindicam uma distribuição equitativa dos recursos materi

-ais, educacionais e psicológicos disponíveis na sociedade de ,

(13)

controla-dos pelos psicólogos e demais profissionais de ajuda. Neste ,:

último sentido, Binder (1972) acrescenta que a Psicologia

Comunitária referese amplamente ao conceito de tornar acessl

-veis aos membros da comunidade, as técnicas, serviços e

méto-dos psicológicos, bem como

à

tentativa de se achar um papel

mais amplo para a psicologia quanto aos problemas sociais

co-tidianos.

Como fato~ básico para qualquer definição de Psic~

logia Comunitária, destaca-se pois, para Rappaport (1977) a

ênfase no desenvolvimento de recursos humanos, bem como na fa

lácia dos métodos tradicionais de implementa-los por meio do

atendimento individual de."clientes", com problemáticas já

e-voluidas. A Psicologia Comunitária, a seu ver, caracteriza-se

pelo fornecimento de serviços ou recursos diretamente

à

comu-nidade local, e pela tentativa de prevenir as dificuldades

a-través da mudança nos vários sistemas sociais teoricamente im

plicados como causas das mesmas. Esta identificação com o

de-senvolvimento de recursos humanos, requer tanto um envolvime~

to político, quanto científico. Desta forma, para Rappapport,

-

..

sao três os quadros conceituais frequentemente conflitantes ,

nos quais fundamenta-se a Psicologia Comunitária:

desenvolvi-mento de recursos humanos, ativismo polltico e ciência.

Representativa do aspecto otimista do movimento

da Psicologia Comunitária, tal como apresentado por Rappaport,

encontra-se a noção de que a liberdade individual pode ser

conciliada com os conceitos da sociedad~mais ampla. Esta

(14)

di-ferenças individuais e, simultaneamente, prover todos os seus

membros, através de uma ação social sistêmica, com os recur

-sos para saÚde, educação e bem-estar geral.

Bender (1978), como Rappaport, considera duvidosa

a utilidade de uma definição geral de Psicologia Comunitária,

já que o termo engloba uma ampla variedade de abordagens.

A-crescenta que:

a

ph~eolog~a

da

eomun~dade

e

uma

~en~a~iva

de 6uhão

de duah

~~ad~ç~eh:

a

ph~eolõg~ea

e a

hoe~olõg~ea/po

IZ~~ea.

Como

~em d~6e~en~eh

baheh

6~lohõ6~eah

e

eo~

mo a

~endêne~a

dOh

ph~eõlogoh eomun~~ã~~oh

e

p~a

he

al~h~a~em

num eampo ou no

ou~~o,

a

~en~a~~va

de

6"()~

neee~

uma

de6~n~ção ab~angen~e

de

ph~eolog~a

da

eo~

mun~dade

não'

e

6ae~l

(p. 14).

Feita esta ressalva, Bender (1978) define

pessoal-mente a Psicologia Comunitária como:

~en~a~~va pa~a ~o~na~ e6e~~voh

Oh eampoh da

ph~eolo

g~a apl~eada

no

~o~nee~men~o

de heuh

he~v~çoh,

e

ma~h ~eeep~~voh

ah

neeehh~dadeh

e

ea~êne~ah

dah

eo-mun~dadeh po~

eleh

he~v~dah.

(p. -18)

A dificuldade de uma definição abrangente de Psico

logià Comunitária se estende

ã

própria definição de "comunida

..

de". Conforme destaca Sarason (1977), muitos daqueles que se

outorgam o título de "psicólogos comunitários", ou a

caracte-rística de uma "orientação comunitária", ignoram o que consti

tue uma comunidade, como ela se organiza, quais são seus

pro-cessos dinâmicos e suas interrelações. Confundem as partes cam

o todo, ao qual o termo "comunidade" dá prioridade. Para

Sara-son,

é

comum utilizar-se este termo, da mesma maneira que se

(15)

alguma c.o-i..lla -i..mpoJr..tante

e

c.ompl-i..c.ada, mai.

que nao

i

aboJr..dada na Ilua c.omplex-i..dade, l-i..da-Ile c.om

Iluall

paJr..tell

e

eJr..Jr..ôneamente allllume-Ile que

Ile entende

a

Jr..elação todo

e

paJr..te.{p. 36)

De fato, a palavra comunidade pode assumir uma

sé-rie de diferentes significados. Rappaport (1977) adota

Um

de-les, retirado do "Random House Dictionary of the English

Language" , que, a seu ver, melhor representa o objeto de estu

do da Psicologia Comunitária:

um gJr..upo Iloc.-i..al que paJr..t-i..lha

c.aJr..ac.teJr..Illt~c.all

ou -i..n

teJr..ellllell

c.omunll, peJr..c.eb-i..do ou

peJr..c.eben6o-lle

a

III

me~mo

c.omo d-i..llt-i..nto

em

algunll allpec.toll da

Iloc.-i..eda-de

ma-i..1l ampla dentJr..o da qual

ex1./:d.e...

{p.

1

J

Egg (1955) refere-se

ã

comunidade, como:

uma un-i..dade Iloc.-i..al tujoll membJr..oll paJr..t-i..c.-i..pam

de

al-guma ação ou

-i..nteJr..elllle

c.omum, c.om c.onllc.-i..ênc.-i..a

de

peJr..tenc.eJr..,

Il-i..tuadoll

em

uma deteJr..m-i..nada ãJr..ea geogJr..ã

6-i..c.a, na qual a pluJr..al-i..dade

de

pelllloall

Ile

Jr..elac.-i..o~

.na ma-i..1l -i..ntenllamente

entJr..e

III do que

em

outJr..o

c.on-texto (p.

19)'

Bender (1978) por sua vez, destaca que, de um modo

geral, .os estudos de comunidade tendem a tomar por base a

10-calidade da classe trabalhadora. Lewis e Lêwis (1977) definem

comunidade, no âmbito do Aconselhamento Comunitário, como:

um

~-i..lltema

de

pelllloall, gJr..upoll

e

oJr..gan-i..zaçõell -i..nteJr..

dependentell, que: atende ãll nec.ellll-i..dadell

-i..nd-i..v-i..du~

"a-i..1l pJr..-i..mãJr..-i..all, a6eta a v-i..da d-i..ãJr..-i..a do -i..nd-i..vIduo

,

atua c.omo -i..nteJr..med-i..ãJr..-i..o"

entJr..e o

-i..nd-i..vIduo

e

a

IlO

-. c-.-i-.-.edade

c.omo um todo. (p. 9)

,

De acordo com a ?efinição acima, fica patente que

atuar sobre os individuos, a despeito de gualquer estratégia

(16)

Concordantes com o problema levantado por Sarason,

Zax e Specter (1974) consideram difícil identificar ou defi

-nir comunidade, dada a variedade de modos pelos quais os

grupos humanos se autoorganizam na complexidade da moderna so

-..

.

ciedade urbana. Alem do habitante urbano depender de var10S

grupos sociais diferentes para a satisfação de suas necessida

des, tem ampliadas as fronteiras geográficas dentro das quais

elas são atendidas, o que faz com que definições como a de

Egg, pareçam de pouca utilidade. Como alternativa, alguns

au-tores adotam definiçõe3 mais gerais como a de Klein (1968)

,

que considera comunidade como:

in~e~açõeh pad~onizadah den~~o

de um domlnio de

in-divlduoh

que bUhcam

alcança~

apoio

e

hegu~ança

61hi

ca

pa~a hupe~a~ ~enhõe~

e

ob~e~ au~o-hu6iciência

e

higni6icância

a~~aveh

do ciclo

vi~al.

(p.

11)

Tal definição permite agrupar indivíduos que nao

partilham um local geográfico comum e, ao mesmo tempo, não en

quadrar necessáriamente aqueles que vivem num local particu

-lar, na mesma comunidade.

Reconhecendo a impossibilidade de atingir a comuni

..

dade em sua complexidade e o recurso de focalizar suas partes,

mantendo entretanto uma adequada noção do todo,Sarason (1977)

introduz o conceito de rede*, crucial para a Psicologia

Comu-nitária. A Comunidade e vista como sendo

compoh~a

de

~ede~

de

~elacionamen~o,

ligadah

ou nãõ"

cada uma dah quaih podendo

he~ o~denada

numa

he~ie

de dimenhõeh, pOA exemplo, vocacional, Aeligioha, po

lZ~ica, ~ec~ea~iva,

de vizinhança,

ca~i~a~iva,

edu--cacio nal. ( p.

32)

(17)

o

termo rede refere-se a conexões atuais entre

duas ou mais pessoas e, além disto, enfatiza que as mesmas

representam apenas uma amostra reduzida de conexões potencial

mente avaliáveis, extremamente variáveis em número e grau de

conjugação.

-Para uma melhor compreensao do contexto conceitual

da Psicologia Comunitária, impõe-se a ahálise dos seus

ante-cedentes históricos e dos atributos e atitudes que parecem ca

racterizar seus vários empreendimentos. Toma-se por base o ce

nário norte-americano, uma vez que "ap~~eolo9~a, e~pee~almen

.

-te quando

apl~e~da

a

eomun~dade, ~ e6et~vament~

um

de~envolv~

mento

ameJL~eano"

(BendelL, 1978, p. 14)

o

recente desenvolvimento da Psicolbgia Comunitá

-ria, nao pode ser desavisadamente atribuido a um único fator,

ou a um conjunto de fatores ordenadamente ajustados a uma

F€E

feita sequência lógico-temporal. Ao invés disto, as forças

,

eventos e circunstâncias marcantes para este desenvolvimento,

atuaram como

"uma

~~IL~e

de

6lux.o~ de~eonex.o~, eonvelL9~ndo

pa-lLa uma tOlLlLente" (Zax. e SpeetelL, 1974, p. 2&)

As origens da Psicologia Comunitária provêm

da-Psicologia Clínica e esta, que por sua vez tem raizes tanto no

estudo acadêmico do comportamento humano e das diferenças

in-dividuais, como na psiquiatria, vem se detendo mais

enfatica-mente- no comportamento classificado de "anormal", "patológico",

,ou "desviado" (Rappaport, 1977). A evolução da Psicologia

(18)

à

mudança ocorrida através dos tempos no pensamento sobre saú

de e doença mental, refletida nas redefinições de "comporta

-mento anormal" e nas diversas concepções de sua etiologia

e

tratamento.

Faz-se necessário, para melhor compreensão das for

ças que culminaram no movimento da Psicologia Comunitária,uma

breve revisão desta mudança de pensamento.

A teoria mais primitiva acerca da causa das

desor-dens mentais, baseava-se na atuação de forças sobrenaturais.

De Hipócrates a Galeno, o comportamento bizarro ou

anormal

passou a ser objeto de estudo do campo médico-científico.

Hi-pócrates rejeitou por completo a noçao popular de que a desor

\

-dem comportamental devia-se a fatores sobrenaturais,

atribui~

do-lhe bases inteiramente naturais, propiciando assim, o

de-senvolvimento de várias abordagens relativas à sua ocorrência

e terapêutica.

A riqueza do pensamento e estudo médico que carcte

rizou as culturas grega e romana,

sofreu~um

intenso declínio

na Idade Média, relacionado

à

ascensão do Cristianismo e

mar-cado pela crescente associação entre "desvios" e "demSnios "

Houve um retorno às forças sobrenaturais como responsáveis pe

la desordem comportamental e, em consequência, uma

prolifera-ção de crenças supersticiosas e de práticas mágicas.

Aqueles

cujo comportamento violava os padrões rigidos de sanidade men

tal da época, eram considerados como "pos!5uidos" ou crimino

(19)

dos de "bruxos", negavam qualificarse como tal, eram culpa

-dos de heresia, fato que sugeriu comparações com a prática

a-tual da psiquiatria, que rotula de insanos aqueles que negam

sua doença mental (Szasz, 1970).

o

período obscuro da medicina se estendeu até o Re

nascimento, quando teve início uma jornada tortuosa e paulati

na rumo ao abandono das práticas religiosas ortodoxas e enqua

dramento da doença mental no campo científico. O despertar in

telectual iniciado no período do Renascimento, só veio a ser

implementado no século XVII, quando ocorreu uma retomada da

teorização racional acerca da etiologia das desordens mentais,

com ênfase nas causas naturais e consideração das várias

for-ças psicológicas (Zax e Specter, 1974).

No século XVIII e início do século XIX, o avanço

da psicologia médica foi representado na França pelo esforço

de homens como Pinel, que desacorrentou os indivíduos

emocio-nalmente perturbados, possibilitando-lhes o acesso a cuidados

médicos e hospitalares (Rappaport, 1977). Ainda nos primórdios

do século XIX, sob a influência de Pinel, ~desenvolveu-se por

um breve período nos Estados Unidos, a abordagem do "tratamen

to moral" (Bockhoven, 1956; 1957; Zax e Specter, 1974;

Rappa-port, 1977), que incluía o acompanhamento integral a pequenos

grupos de pacientes de populações de baixa densidade, para as

quais a doença mental ainda não representava um problema de

ordem social. Conforme relatam Zax e Specter,

o te~mo "t~atamento mo~al" t~an~mitiu

tanto a

id~ia

de

que

o

in~ano

devia

~e~ t~atado de'aco~do

com

~eu~

(20)

tamento

~evelava

ao paeiente a

mo~al

de

hua

hihtõ-~ia

de

vida enquanto

~elaeionada

a dOh

out~Oh

indi

v1..duoh (Zax

e Speete~, 1974,

p.

81-82)

Deutsch (1949), traça com propriedade' a história a

mericana da interpretação e tratamento da doença mental, que

pode ser generalizada para outros países. De pactuantes com

o demônio, a criminosos e figuras perniciosas ao bem-estar so

cial, os doentes mentais foram transferidos das grades das

prisões, para as de instituições similares nos efeitos sobre

sua personalidade e comportamento. Tais instituições,

passa-ram de "manicômios" a "hospitais para insanos" e finalmente a

"hospitais psiquiAtricos", guardando quase que as mesmas

ca-racterísticas originais.

Após o deslocamento definitivo das idéias relati

-vas aos distúrbios mentais, do domínio das concepções

místico-religiosas para o científico, os profissionais voltados para

a área da saúde mental, limitaram por longo período seu

estu-do e atuação às disfunções cerebrais provocadas por lesões

doença, às anomalias cerebrais herdadas e às psicoses. Só

final do século XIX, através das contribuiç?es de Freud,

que o campo da saúde mental foi ampliado.

e

no

..

e

A qualidade do trabalho e pensamento de Freud, sua

teoria acerca do desenvolvimento das neuroses e o sucesso em

trata-las por meios psicológicos, geraram grande intreresse en

tre'os profissionais envolvidos com os problemas da desordem

mental. Através de sua teoria do desenvolvimento da personali

dade, as possibilidades de se redefinir o~"comportamento anor

(21)

Embora fundamentado nas forças biológicas - nos i~

pulsos básicos determinados constitucionalmente - o sistema de

Freud supos o desenvolvimento da personalidade como função da

interação entre tais impulsos e o tipo de experiência vivida

pelo individuo, na tentativa de satisfazê-los no mundo real.

Durante a primeira metade do século XX, a teoria

psicanalítica de Freud, estimulou considerável teorização

a-cerca do funcionamento mental. Desenvolveram-se escolas dissi

dentes, cuja principal crítica

à

teoria freudiana, era

volta-da para sua ênfase nos impulsos instintivos como determinan -

.

tes do comportamento com exclusão dos fatores ·sócio-ambienblls.

Adler, Fromm, Horney, Kardiner e Sullivan, entre outros,

sa-lientaram os determinantes sociais do comportamento, fugindo

à

abordagem biológica de Freud. Por outro lado, osteóricos da

chamada"psicologia analítica do Ego' principalmente

represen-tada por Hartmann, Erikson e _Rapaport, trouxeram

à

posição de

Freud, sem alterá-la profundamente, considerações sobre o

de-senvolvimento sócio-cultural e seu papel na formação da perso

nalidade.

As sucessivas redefinições de comportamento

anor-mal, ocorridas de forma indireta e inconstante desde o século

XIX, contribuiram para a eclosão do movimento da Psicologia~

munitária. Envolveram o reconhecimento da influência de

cau-sas psicológicas sobre o comportamento, sendo que as mais

re-centes, levaram

à

consideração das forças sociais sobre o

de-senvolvimento psicológico do ser humano. Outros fatores

(22)

associados

ã

insatisfação com o sistema dos hospitais psiqui~

tricos como meio para lidar com a doença mental, e com as

mo-dalidades psicoterapicas vigentes.

As instituições psiquiátricas, no enfoque dos

psic5logos comunitários e de outros te5ricos das ci&ncias soci

-ais, conforme assinalado por Rappaport (1977), atendem mais

ã

função social de alocar os indivíduos que não podem levar

uma vida efetiva concordante com os padrões da sociedade. Ao

faz&-lo, afastam tais indivíduos da vista e consci&ncia públi

ca. Cabe aqui o destaque dado por Bender (1978)

à

contri?ui

-ção dos estudos socio15gicos

à

Psicologia Comunitária,

reali-zados nas áreas da organização dos hospitais psiquiátricos e

da epidemiologia dos serviços psiquiátricos. Para este autor,

tais estudos, como os de Stanton e Schwartz (1954), Goffman

(1974), Cumming e Cumming (1962), demonstram precisamente a

incapacidade destas instituições em atender às necessidades do

indivíduo mentalmente enfermo, ou em manter funções terap&uti

cas.

A eficácia da psicoterapia vem s~ndo, por outro la

do, questionada por muitos profissionais de saúde mental. Na

busca de alternativas para a solução dos problemas da area,

...

voltam-se para esforços comunitários preventivos e para

moda-lidades de atendimento psicológico, mais compatíveis

à

reali-dade sócio-econômica da grande massa de indivíduos carentes

de seus serviços.

(23)

psi-canâlise e psicoterapias de base analltica, tiveram ampla

a-ceitação entre os profissionais de saúde mental,

desenvolven-do-se, ainda, variantes da psicanálise e uma longa lista de

psicoterapias fundamentadas em diferentes abordagens

teóricas-comportamental, culturalista, existencial e humanística,

en-tre outras - que passaram a compor um instrumental diverso pa

ra estes profissionais.

Observa-se como aspecto comum às diversas linhas

psicoterápicas, forçando-se uma generalização, o trabalho em

direção ao "insight" e/ou ao entendimento de si mesmo; a,

uti-lização do modelo de relação direta paciente-terapeuta~, mais

importante para as críticas levantadas, a suposição implícita

de um ambiente "normal" ao qual o indivíduo "anormal" deve

ajustar-se (Kuriloff, 1977).

Em meados de 1952, acentuou-se o debate acerca da

eficácia das psicoterapias. O artigo publicado por Eysenck

(1952), no qual questionava a utilidade das mesmas na

recupe-ração de indivíduos neuróticos, tomando por base uma série de

estudos então desenvolvidos, provocou considerável reaçao

por parte dos profissionais de saúde mental. Muitas de suas

assertivas foram criticadas, mas não houve argumentos que

re-almente pesassem contra a conclusão de que ainda não havia

provas suficientes da eficácia de tais métodos. Para Bender,

os estudos de Eysenk

"tive.Jtam

o

impoJttante. e.6e.ito

de.

de..óac.Jte.-ditaJt a p.óic.anãli.óe., que. e.Jta a pJtinc.ipal 60Jtma

de.

te.Jtapia

e.n-tao di.óponlve.l" (Be.nde.Jt, 1978, p. 27).

Para este autor, tal

(24)

dos Unidos, onde foi ressaltada sobremaneira a omissão da

psicanálise quanto aos determinantes sociais da doença mental.

Outro estudo mais amplo, efetuado por Hollingshead

e Redlich (1958), enfatizou a necessidade de revisão das moda

lidades de tratamento empregadas na área da saúde mental.

A-través de um levantamento cujos sujeitos foram todos os

indivíduos de uma dada localidade, que receberam tratamento psi

-quiátrico durante um período determinado, os autores pretend~

ram verificar duas questões básicas: (1) se havia relação

en-tre a incidência de desordem mental e a classe social dos

su-jeitos, (2) se seu "status" no sistema social em que viviam,

afetava o modo pelo qual era tratada sua doença.

Os resultados de tal estudo demonstraram uma sur

-preendente associação entre a desordem mental, seu tratamento

e o nível sócio-econômico dos pacientes. Quanto mais baixa a

classe sócio-econômica, maior a proporção de pacientes com de

sordens mentais atendidos em instituições públicas e maior a

frequênciade casos de psicoses e de outros distúrbios

seve-ros de caráter. Verificou-se também uma relação entre a

natu-reza do tratamento recebido e a classe sócio-econômica. En

quanto que as diversas modalidades de psicoterapia eram mais

frequentemente aplicadas aos indivíduos de classe mais

elevada, aqueles de classe mais baixa eram submetidos a tratamen

-tos

ã

base de drogas e eletrochoques, ou relegados

ã

custódia

de hospitais públicos. Além disto, constatou-se que o tipo

, de tratamento administrado não tinha qualquer relação com

.

o

(25)

Susser (1968), foi muitas vezes reproduzido tanto nos Estados

Unidos, quanto na Grã-Bretanha.

Evidenciou-se mais uma vez, através destes achados,

que pouco estava sendo feito com relação

à

maior parte dos

problemas da área de saúde mental. As taxas de incidência dos

distúrbios mentais elevavam-se assustadoramente, as cronifica

ções se mantinham e os hospitais psiquiátricos ressentiam- se

da falta de pessoal habilitado. Ficou patente que as aborda

-gens psicoterápicas limitavam-se, em sua aplicação e

utilidade, a um pequeno segmento de urna população cada vez mais,ca

-rente.

Disseminou-se entre os profissionais de saúde

men-tal, a preocupação com este quadro crítico e com o papel das

forças ambientais no desenvolvimento de problemas comportame~

tais. Impunha-se uma mudança não apenas de métodos, mas de es

tratégias e de espaços para novas intervenções (Zax e Specter,

1974; Birman e Costa, 1976; Rappaport, 1977). Os primeiros pas

sos rumo a tal mudança foram delineados no movimento da saúde

mental comunitária que, por ser consideradO -o precursor da

Psicologia Comunitária, deve ter expostas as proposições e

concepçoes que lhe serviram de base.

Atribui-se o nascimento formal do moderno

movimen-to de saúde mental comunitária

à

publicação, nos Estados

Unidos, em 1961, de um relatório elaborado por uma comissão in

-terdisciplinar, encarregada de conduzir um estudo objetivo das

(26)

ra supri-las CCaplan, 1966; Smith e Hobbs, 1966; Zax eSpecter,

1974; Birman e Costa, 1976; Rappaport, 1977).

A consequência social mais direta do relatório aci

ma citado, foi a visão critica do sistema punitivo de custó

-dia dos hospitais psiquiátricos, cuja natureza e existência fo

ram atribuidos

ã

tendência da sociedade de rejeitar os doentes

mentais. Discorrendo a este respeito, Goffman (1974), entre o~

tros teóricos, acrescenta que muitas das práticas hospitala

-res básicas chegam a ser anti-terapêuticas, sendo empregadas

primeiramente para a conveniência da instituição, ao invés

de visarem o beneficio terapêutico do paciente. O relatório

apresentou um conjunto de recomendações relativas

ã

reforma

dos sistemas hospitalares e

à

implementação de um projeto

na-cional de saúde mental.

Constava entre as recomendações, um incentivo ~

a

pesquisa de base e ao estabelecimento de centros de pesquisas,

especialmente em áreas rurais, onde as instituições eram es

-cassas. Propunha-se uma redefinição dos papéis profissionais

para atuação na área de saúde mental, apregoando-se a

forma-ção de grupos interdisciplinares de trabalho, dos quais f a

-riam parte voluntários e leigos. A capacidade terapêutica foi

enfocada como função do conhecimento e treinamento, e não

ne-cessáriamente da graduação formal. Enfatizou-se o

recrutamen-to e treinamenrecrutamen-to de futuros profissionais de saúde mental, co

mo medida para suprir a falta de pessoal especializado na

~

(27)

Um outro grupo de recomendações incluía o atendi

-mento aos indivíduos mentalmente perturbados em sua própria

comunidade local, tão logo se insinuasse sua problemática. A

intervenção nos estágios iniciais da doença mental e o atendi

mento de crise, foram abordados como alternativa para preve

-nir a exacerbação do problema e a maior dificuldade de ajusta

mento. Indicou-se a formação de centros comunitários de saúde

mental, a adição de unidades psiquiátricas aos hospitais

ge-rais e a redução da capacidade de leitos dos hospitais psiqu!

átricos. Quanto ao atendimento de pacientes crônicos, foi

en-fatizado o serviço de reabilitação e acompanhamento_

Ainda a respeito da atuação institucional, o

rela-tório promoveu a tentativa de rompimento das barreiras

insti-tuição/comunidade, sugerindo programas tais como o internato

de pacientes por turnos, diurno e noturno, que lhes possibili

taria viver em casa parte de seu tempo ou trabalhar, se

apresentassem condições para tal. Finalmente, o relatório defen

-dia a intervenção preventiva e a necessidade de um serviço

de informação pública acerca da doença mental, mostrando-a co

mo produto do ostracismo social, rejeição e

~isolamento.

Em 1963, tais recomendações culminaram na

formula-ção de uma nova política para lidar com os problemas da desor

dem mental nos Estados Unidos, que se tornaria referência

pa-ra todo o mundo. A importância do relatório papa-ra o desenvolvi

mento da abordagem comunitária, deve-se mais a seu impacto

'político social do que a seu conteúdo científico. Serviu , de

(28)

par-tilhavam das idéias apresentadas, a exemplo de Caplan, e que

vislumbraram, talvez ingenuamente, uma perspectiva concreta

de mudança.

o

primeiro a colocar-se publicamente com relação ao

movimento de saúde mental comunitária, foi Hobbs (1964).

Se-guindo a qualificação que Zilboorg (1941) deu ao trabalho de

Pinel e de Freud, como a primeira e segunda revoluções na

área de saúde mental, respectivamente, Hobbs descreveu o novo

movimento como a "~e~eei~a ~evoluç~o

da

~a~de men~al" (Hobb~,

1964, p.

822). Considerou que, a partir da eclosão deste movi

mento, as profissões desta área poderiam voltar-se não apenas

para a doença, por ele abordada como um problema de ordem

social, ética e moral, mas, mais genéricamente, para o bemes

-tar humano. Enfatizou a atuação preventiva, a necessidade da

detecção primária dos distúrbios emocionais, bem como de uma

revisão das estruturas organizacionais.

Em 1965, um grupo de psicólogos ativamente

engaja-dos no desenvolvimento de programas de saúde mental

comunitá-ria, reuniu-se em Boston para discutir o pa~el e o

treinamen-to profissional na área. Mostravam-se descontentes com os

li-mites impostos pela centralização exclusiva nos problemas de

saúde mental, reivindicando uma participação ativa nos proble

mas mais gerais da sociedade.

Atribui-se a este encontro, o nascimento formal da

Psicologia Comunitária (Hersch, 1969; Zax e Specter, 1974

.

,

(29)

de eventos e discussões anteriores acerca do papel do psicólo

go no campo da saúde mental (ver, por exemplo, Iscoe e

Spiel-berger, 1977).

A identificação significativa com o movimento

pro-fissional da saúde mental comunitária e com as metas dos

con-ferencistas de Boston, serviu de estímulo direto ao

estabele-cimento de urna divisão de Psicologia Comunitária pela

"Arneri-can Psychological Association", oficializada em setembro de

1967 (Iscoe e Spielberger, 1977).

.

Em 1965, fora publicado o primeiro periódico volta

do para a saúde mental comunitária - "The Cornrnunity Mental

Health Journal". Pouco tempo depois, por sugestão de Cowen

(1973), passou a constar do "Annual Review of Psychology", a

seção "Social and Cornrnunity Intervention", lançando-se também

na mesma época, o "Arnerican Journal of Cornrnunity PsychologY."

A Psicologia Comunitária passou então a constituir

urna abordagem independente dentro da psicologia, matéria de

várias·publicações e trabalhos que se seguiram (ver, por exem

pIo, Cowen, Gardner e Zax, 1967; Bindman e Spiegel, 196~ Cook,

1970; Denner e Price, 1973; Zax e Specter, 1974; Golann e

Eisdorfer, 1972; Rappaport, 1977; Iscoe e Spielberger 1977~ A

penas muito recentemente é que esta nova abordagem mostrou

se apta a explorar e desenvolver suas próprias diretrizes,con

ceitos e práticas, desvinculando-se, em termos de metas, da

abordagem da saúde mental comunitária e colhendo subsídios de

(30)

dis-ciplina formal, do "curriculum" de v~rias universidades

norte-americanas, a despeito de alguma confusão acerca de sua concei

tuação e natureza (Rappaport, 1977)~

o

movimento da Psicologia Comunit~ria tem pouca ou

quase nenhuma divulgação no Brasil, o que se reflete na

ausên-cia de literatura espeausên-cializada sobre o assunto. Quer pela

estrutura político-social do país, quer pela resistência dos

profissionais da área

à

mudança de posicionamento por ele

re-presentada e

à

aceitação das dificuldades e riscos advindos de

um engajamento ativista no processo social mais amplo, tal

mo-vimento não teve a repercussão notada nos países como os Esta

dos Unidos e Grã-Bretanha.

Rappaport (1977) aponta que o desenvolvimento da

Psicologia COmunitária nos Estados Unidos, desde o relatório de

1961, foi impulsionado pelo processo político-social de

mudan-ça, ocorrido no país nos anos sessenta.

Um sentimento público de ira e ressentimento

provo-cado pela constatação da falácia de programas de reforma

so-cial e pela adoção de estratégias políticas contrárias aos

an-seios populares, moldava, naquele país, nos meados de 1960, to

dos os elementos para uma "crise urbana" (Rappaport, 1977, p.

14) que, percebida como uma ameaça

à

segurança nacional, deteE

minou toda uma nova busca de soluções efetivas para os

proble-mas sociais.

(31)

to decisivo sobre as atividades e pensamentos de um grupo

ex-pressivo de psicólogos e demais profissionais de saúde mental,

levando-os, na conferência de Boston em 1965, a defender a

ação política relativa aos problemas sociais vigentes. Confor

me Rappaport (1977),

a

p~eocupação

inicialmente

ve~balizada

como uma

ne-ce~~idade

de atendimento local

comunitã~io,

60i

~e6o~mulada

como a

nece~~idade

de

~

e

p~even,f~ ~,6 p~E.

blema~

de

vive~, at~avê~

da modi6icação

da~

condi

-çõe~ ~ociaih po~

eleh

~ehpon~ãveih

(p

16)

Por outro lado, o incentivo do governo norte-amer!

cano

à

participação dos membros das comunidades na busca' de

soluções para os seus próprios problemas, exerceu uma

profun-da influência sobre o desenvolvimento profun-da Psicologia

Comunitá-ria, que estava então emergindo.

Bender (1978) relata que a Psicologia Comunitária

na Grã-Bretanha, quando comparada ao processo evolutivo que

teve nos Estados Unidos, está apenas começando, já que pela

estrutura mais restrita de sua psicologia clínica e pelos

me-nores problemas existentes no imbito dos hospitais psiquiátr!

..

cos, os psicólogos britinicos tiveram menos motivos "pa~a p~E.

cu~a~

modoh

alte~nativoh

de

t~abalho" (Bende~, 1978,

p. 37).

No Brasil, estes motivos são muitos, podendo-se supor que uma

Psicologia Comunitária, a despeito de todos os fatores a ela

adversos, esteja prestes a emergir. A insatisfação com a alie

nação social das práticas psicológicas vigentes, com a falá

-cia de um sistema de saúde m~nta1 que não atende às necessida

des do grande número de indivíduos carentes e, sobretudo, com

(32)

determinando empreendimentos caracterizados por um enfoque

comu-nitário em diversos setores, embora de forma não sistematizada e/

ou divulgada. Ou, pelo menos, vem sensibilizando um grande

núme-ro de estudantes de psicologia e de pnúme-rofissionais da área, para

a necessidade de se buscar novos caminhos, mais compatíveis

à

(33)

2.2 - A IDEOLOGIA DA PREVENÇÃO E AS DIRETRIZES TEORICAS

DA PSICOLOGIA COMUNITÂRIA

Pouco tempo após o estabelecimento do novo sistema

de saúde mental comunitária, definia-se os serviços que suas

organizações deveriam prestar às comunidades locais. Cinco

mo-dalidades de serviços foram consideradas como esseciais:

aten-dimento de pacientes internos, atenaten-dimento de pacientes de

am-bulatório, atendimento de emergência ou.de crise,

hospitaliza-ção parcial e serviços de consultoria e educativos (Reiff,1966;

Hobbs e Smith, 1966; Zax e Specter, 1974; Rappaport, 1977-) •

Yolles (1970) considera que a regulamentação do caráter

essen-cial dos serviços educativos e de consultoria, tornou pública

a necessidade de uma orientação preventiva dos programas de

saúde mental:

um

p~og~ama

de

~aúde

mental não

pode~ia atende~ a~

nece~~idade~ da~ pe~~oa~,

a

meno~

que

t~abalha~~epa

~a p~ev.é.ni~

a doença mental e

cont~ibui~ pa~a

a

~aü

de

mental

de

populaçõe~,

bem

como

de

indivlduo~

( Caplan

I 1.97

O;

p. ..Lx).

Grande parte da fundamentação da saúde mental comuni

tária e da Psicologia Comunitária refere-se, de fato, à noçao

de prevenção, como oposta à abordagem remediativa da doença

mental. Para Zax e Specter (1974), a ideologia da prevenção,tal

como transparece no campo da Psicologia Comunitária, deve sua

origem ao psiquiatra Adolfh Meyer, cujas idéias, formuladas no

início deste século, foram por muito tempo ignoradas.

(34)

uma atuação preventiva na área da saúde mental. Ressaltou a im

portância do serviço de informação pública acerca da natureza

da doença mental, da ruptura das barreiras entre as institui

-ções psiquiátricas e a comunidade, e do serviço de acompanhmnen

to de ex-pacientes, visando sua integração

à

vida comunitária.

Embora não rejeitada, a colocação de Meyer gerou pouco intere~

se entre os profissionais da área que, segundo Zax e Specter ,

voltavam-se com grande entusiasmo para a psicanálise e

aborda-gens psicodinâmicas.

Eric Lindemann, nos meados de 1940, incentivou algu-

.

ma tentativa de adoção da abordagem preventiva em saúde mental,

desenvolvendo métodos que visavam evitar a exacerbação da

pro-blemática de individuos em situações de crise. Tais métodos fo

ram por ele aprimorados em função de seu estudo pioneiro sobre

as reações das pessoas

à

morte de parentescpróximos. (Caplan ,

McGee, 1974; Zax e S~ecter, 1974; Rappaport, 1977).

Lindemann (1944) concluiu que o desajuste

psicológi-co desencadeado pela morte trágica de familiares, só poderia

ser controlado se as pessoas vivenciassem plenamente o

doloro-so procesdoloro-so de perda. Observou que membros da comunidade, que

normalmente prestavam serviços humanos de alguma espécie, pod~

riam desempenhar um papel ativo na prevenção da desordem men

-tal. Passou a trabalhar principalmente com sacerdotes, no

sen-tido de auxiliá-los a intervir· preventivamente sobre os indivi

duos que viviam a perda, visando a superação' sadia desta etapa

(35)

Conforme relato de Zax e Specter (1974), o programa

de saúde mental desenvolvido por Lindemann, veio a tornar- se

um laboratório para testar técnicas preventivas mais amplas.

Seus serviços eram dirigidos a todos os indivíduos que passa

-vam por períodos críticos de vida, incluindo as diversas

tran-siç~es de "status" social. Segundo Caplan (1970), a ~nfase de

Lindemann nas etapas críticas de vida como decisivas para o

desenvolvimento psicológico, e na intervenção dos profissio

nais de serviços humanos, em muito contribuiu para o

desenvol-vimento da abordagens comunitárias em saúde mental.

A divulgação das idéias de prevençao entre os profi~

sionais de saúde mental só se deu, no entanto, através do

tra-balho de Caplan (1966). Extrapolando conceitos tradicionais da

saúde pública para o campo da saúde mental, Caplan colocou em

destaque a aplicação de intervenç~es preventivas, em muito con

tribuindo para a ideologia da saúde mental comunitária e da

Psicologia Comunitária (Brosko~ski e Baker, 1974; Zax e Specter,

1974; McGee, 1974; Rappaport, 1977).

Ao descrever tr~s modalidades bási~as de prevençao

-primária, secundária e terciária-Caplan abrangeu vários tipos

de atividades, alguma das quais já desenvolvidas pelos

profis-sionais de saúde mental, atribuindo-lhes a natureza preventiva.

Enquanto que a prevençao secundária e terciária já faziam

par-te de um sispar-tema de saúrle mental basicamenpar-te "remediativo"-dia~

nosticar, tratar e readaptar - a prevençao primária represen

-·tou um elemento inteiramente novo, desviando-se intensamente

(36)

Rappap:>l;t que " •..

devido a.

e.6~e

de.6vio da.

~na.diç.ã.o,

a. pnevenç.a.o

pnimãnia.

.6enviu eomo

pon~e en~ne

a..6

a.~ivida.de.6

de ha.úde

men~a.l

eomuni~ãnia.

e

a. p.6ieologia.

eomuni~ãnia."

(p.

65).

Em uma revisão do movimento da Psicologia Comunitá

ria,

é,

pois,

à

prevençao primária, que cabe a maior ênfase

Cap1an (1966) a define da seguinte forma:

A pnevenç.ão pnimãnia.

e

um

eoneei~o eomuni~ãnio;

impli

ea. na. neduç.ão da. pnoponç.ão -de nOVOh ea.hO.6 de dehondenh

men~a.i.6

em uma. popula.ç.ã.o, pon um eento penIodo,

debe-la.ndo-he a..6 eineun.6tâneia..6 pnejudieia.i.6 a.nte.6

que

te-nha.m oea..6ião

de

~noduziJz.

a. doenç.a.. Não tna.ta.

de evi

-ta.n

que um indivIduo ehpeeI6ieo

~doe~a.,

ma.h

de

nedu-zin

o ni.6eo de toda. uma. popula.ç.ão, de 6onma. que,

a.in--da.

que a.lgun.6 pOh.6a.m

a.doeeen, ha.ja. neduç.ão do númeno

de doente.6. Contna..6ta.-he; POih, eom a. phiquia.tnia. oni

enta.da. no

pa.eien~e

individua.l,

que .6e eentna.liza. numa.

úniea. pe.6.6oa.

e que he oeupa. da.h in61uêneia..6 gena.ih, a.

pena.h na. medida.

em que a.6eta.m a. ehte hujeito.

Qua.ndo

um pnogna.ma. de pnevenç.ão pnimãnia. he oeupa. de um indi

viduo,

o eoneebe eomo nepne.6enta.nte de um gnupo,

e

.6eu tna.ta.mento

e

detenmina.do não a.pena.h pon .6ua..6

neee.6

.6ida.de.6 pa.ntieula.neh

ma..6, pnineipa.lmente, pon .6ua.

ne-la.ç.ao eom o pnoblema. eomunitãnio

que nepnehenta. e

pe~

lo.6

neeun.6O.6 a.eeh.6Ivei.6 pa.na. en6nentã-loh (p. 43).

~, portanto, a ênfase na intervenção anterior ao

fa-to e na promoção da saúde mental, que caracteriza o

afastamen-to das atividades de prevenção primária, daquelas

tradicional-mente desenvolvidas na área de saúde mental. Conforme Broskow~

e Baker (1974), esta noção foi rejeitada por muito tempo por

ser considerada uma perspectiva visionária, mantendo-se a ênfa

se exclusiva no tratamento de problemas já instaurados.

Cap1an (1966) equipara em importância, o estudo da

saúde mental ao da doença ment'a1, concebida em termos mais

(37)

programas cujo objetivo

ê

identificar não apenas as forÇas

am-bientais que predispõem aos tipos especificos de desordens, mas

também aquelas que favorecem o ajustamento da comunidade.

Mesmo reconhecendo a importância de um conhecimento

etiológico completo acerca das enfermidades mentais, Caplan ad

mite a viabilidade dos programas de prevenção primária face a

um conhecimento parcial:

Sem

dúv~da,

nada

que~t~ona

a

eonven~êne~a

de

~e

ten-ta~ p~even~n e~te tnan~tonno

mental

ante~

de

tenmo~

e~tabelee~do

a

~dent~dade do~ 6atone~. E~tamo~

total

mente

d~~po~to~

a atuan eom

ba~e

em

no~~o eonhee~men

to

pane~al

(Caplan,

1966;

p.

45)

-Justifica sua colocação apontando exemplos da saúde pública, on

~

de doenças como a variola, foram prevenidas quando suas causas

não eram ainda bem conhecidas.

Desta forma, Caplan propoe um modelo conceitual de

prevençao primária, através do qual estabelece as diretrizes

gerais para seus programas. Destaca-se como primeiro elemento

deste modelo, a suposição de que todos os membros da

comunida-de necessitam comunida-de 'apoios" acomunida-dequados a seu estágio específico comunida-de

desenvolvimento, classificados em três tipos~ físicos, psicoso

ciais e socioculturais. Desde que a carência dos mesmos pode le

var

à

desordem mental, uma forma de garantir a saúde é prover

os indivíduos de acordo com suas necessidades.

o

segundo elemento do modelo é a ênfase na resolução

construtiva das crises ou etapas críticas de vida, tidas como

situações de mudança que podem gerar a desordem mental ou

(38)

Conforme Caplan,

a~ mudança~

podem

leva~

a uma

~aúde

e

matu~idade mai~

~e~,

em

tal

ea~o

a

e~i~e ~ep~e~enta

uma

opo~tunidade

po~itiva; ~e

pelo

eont~ã~io

eonduzem a uma

~edução

na

eapaeidade

pa~a enn~enta~

enetivamente

o~ p~oblema~

da vida, a

e~i~e ~ep~e~enta

um

epi~õdio p~ejudieial

(Caplan,

7966,

p. 53).

Com as condições físicas necessárias ao desenvolvi

-mento, tais como alimentação adequada, abrigo eestimulação sen

sorial, entre outras, Caplan define os apoios físicos.

Os apoios psicosociais incluem a estimulação cogniti

va e emocional recebida através da interação interpessoal.Caplan

destaca o papel da família, colegas e demais líderes formais ou

informais da comunidade, na provisão dos mesmos. A resistência

à

desordem mental é vista como função de relações interpesso

-ais saudáveis, que preenchem necessidade t-ais como de amor e

afeição, controle social de autoridades apropriadas, bem como

de autonomia e de participação social.

Os apoios socioculturais sao definidos pelas

influ-ências exercidas pelos valores culturais e estrutura social so

bre o desenvolvimento e funcionamento do indivíduo, prescreveg

do o seu padrão de vida.

Caplan classifica as crises em evolutivas e aciden

-tais. As primeiras acompanham o curso normal do

desenvolvimen-to físico, emocional ou social, surgindo na transição de um es

tágio de desenvolvimento para o outro. As acidentais surgem em

decorrência da tensão provocada por eventos casuais, normalmen

te associados

à

perda súbita, ou ameaça de perda, de qualquer

(39)

,

De acordo com as observações de Caplan, os fracassos

sucessivos na manipulação das crises, aceleram um processo de

desajustamento, podendo implicar na doença mental. Por outro

lado, a superação construtiva leva à maior força e ajustamento.

Desta forma, as intervenções sobre os membros das populações

no sentido de auxiliálos na superação das crises, atuam pre

-ventivamente quanto à desordem mental.

Com base neste modelo conceitual, Caplan estabelece

os programas de prevénção primária. Propõe duas abordagens

ba-sicas - ação social, voltada para a mudança da política organi

zacional da comunidade como um todo, e ação interpessoal,

vol-tada para a mudança de membros destacados da comunidade, que

exercem sobre ela uma influência significativa.

Os programas de açao social sao por sua vez,

dividi-dos em duas categorias: aqueles que visam prover a comunidade

com os apoios físicos, psicosociais e socioculturais dos quais

necessita, e aqueles que visam assistí-Ia com relação às

cri-ses, no sentido de atualizar sua capacidade de ajustamento.

A conceituação de prevençao primária representa, pois,

o elemento mais original do sistema de Caplan, aquele que

in-fluiu mais intensamente no estabelecimento das diretrizes da

Psicologia Comunitária.

Os conceitos de prevençao secundária e terciária

mais familiares às práticas oonvencionais de saúde mental,pr~

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