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Uma montagem experimental para a medida de fluorescência.

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Academic year: 2017

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Desenvolvimento em Ensino de F´ısica

Uma montagem experimental para a medida de fluorescˆencia

(An experimental setup for fluorescence measurement)

J.F. Pavoni

1

, W.F.P. Neves-Junior

2

, M.A. Spiropulos

1

, D.B. de Ara´

ujo

1,3

1

Departamento de F´ısica, Faculdade de Filosofia Ciˆencias e Letras de Ribeir˜ao Preto, Universidade de S˜ao Paulo, Ribeir˜ao Preto, SP, Brasil

2

Departamento de Radioterapia, Hospital S´ırio Libanˆes, S˜ao Paulo, SP, Brasil

3

Instituto do C´erebro, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

Recebido em 14/4/2014; Aceito em 10/6/2014; Publicado em 3/10/2014

Neste trabalho apresentamos um arranjo simples e bastante ilustrativo que utiliza materiais dispon´ıveis em laborat´orios de pesquisa e ensino de f´ısica para a medida da fluorescˆencia. O fluor´ımetro proposto ´e composto basicamente por um sistema de ilumina¸c˜ao duplo de leds, que excitam a amostra e produzem sua emiss˜ao. Em seguida, uma lente convergente focaliza a luz emitida na entrada de um monocromador e umchopper ´e utilizado para modular este sinal com uma frequˆencia conhecida atrav´es de um acoplador ´otico. Ap´os isso, a luz entra em um monocromador que ´e respons´avel pela decomposi¸c˜ao espectral, cujos componentes s˜ao detectados com um fotodiodo amplificado. Como a intensidade da luz emitida ´e muito baixa, utiliza-se um amplificador lock-in para filtrar esse sinal atrav´es do sinal de referˆencia fornecido pelo acoplador ´otico. Este fluor´ımetro foi testado em uma amostra fluorescente de laranja de acridina e os resultados obtidos foram bastante semelhantes aos resultados esperados por um fluor´ımetro comercial.

Palavras-chave: fluor´ımetro, fluorescˆencia, medida da fluorescˆencia, espectroscopia de fluorescˆencia.

In this work we present a simple and illustrative arrangement using materials available in research and te-aching laboratories to measure fluorescence. The developed fluorimeter is basically composed of a dual LED lighting to excite the samples and produce their emission. Then, a converging lens focuses the emitted light in the entrance of a monochromator and a chopper is used to modulate this signal with a known frequency mea-sured by an optical coupler. After that, the light enters the monochromator that is responsible for its spectral decomposition into components that are finally detected by an amplified photodiode. Since the intensity of the emitted light is very low, a lock-in amplifier is used for filtering this signal by the reference signal provided by the optical coupler. This fluorimeter was tested using an acridine orange fluorescence sample and the results were very similar to those expected by a commercial fluorimeter.

Keywords: fluorimeter, fluorescence, fluorescence measurement, fluorescence spectroscopy.

1. Introdu¸

ao

A ciˆencia tem desvendado a estrutura da mat´eria atrav´es do uso da radia¸c˜ao eletromagn´etica em t´ecnicas espectrosc´opicas [1]. Essas t´ecnicas analisam a radia¸c˜ao que ´e absorvida, emitida ou espalhada pela amostra de interesse. Os dados espectrosc´opicos s˜ao geralmente representados por um espectro, que ´e a representa¸c˜ao gr´afica da resposta de interesse em fun¸c˜ao do compri-mento de onda e que s˜ao fornecidos por aparelhos cha-mados espectrˆometros.

Os espectrˆometros s˜ao amplamente utilizados em pesquisas f´ısicas e diversos equipamentos comerciais est˜ao dispon´ıveis nos laborat´orios de pesquisa e ensino. Eles podem apresentar diversos arranjos experimentais, mas em geral possuem trˆes elementos b´asicos: uma

fonte de radia¸c˜ao, um monocromador e um detector. A maior parte destes equipamentos comerciais s˜ao fe-chados e, a partir da coloca¸c˜ao da amostra, fornecem diretamente o espectro desejado.

Neste trabalho prop˜oem-se a constru¸c˜ao de um espectrˆometro de fluorescˆencia ou simplesmente um fluor´ımetro [2], utilizando solu¸c˜oes baratas e/ou pre-viamente dispon´ıveis em laborat´orios de ensino, para que seja usado em atividades experimentais de f´ısica moderna para ilustra¸c˜ao de todos os passos envolvidos na aquisi¸c˜ao do espectro de fluorescˆencia.

A fluorescˆencia ´e um fenˆomeno muito estudado, pois diversos processos e sistemas de interesse biol´ogico en-volvem mol´eculas que absorvem e emitem radia¸c˜ao na faixa do ultravioleta e vis´ıvel do espectro. As

medi-1E-mail: jfpavoni@ffclrp.usp.br.

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das de fluorescˆencia de macromol´eculas fornecem forma¸c˜oes sobre: conforma¸c˜ao, s´ıtios de liga¸c˜ao, in-tera¸c˜oes com solventes, grau de flexibilidade, distˆancias intermoleculares e coeficiente de difus˜ao rotacional de macromol´eculas.

Como o tempo caracter´ıstico envolvido no processo de fluorescˆencia (da ordem de 10−9 s) ´e compar´avel

com eventos relacionados `a intera¸c˜ao com o meio cir-cundante, esta t´ecnica ´e particularmente atraente para o estudo de diversos fenˆomenos relacionados `as propri-edades biof´ısicas de mol´eculas biol´ogicas. Al´em disso, por ser um m´etodo extremamente sens´ıvel, mesmo bai-xas concentra¸c˜oes de amostra podem ser estudadas, o que a torna uma t´ecnica de grande interesse para estu-dos qu´ımicos e farmacˆeuticos.

2.

Base te´

orica

Em temperatura ambiente, a maioria das mol´eculas est´a em seu n´ıvel vibracional e rotacional fundamen-tal. Quando estas mol´eculas s˜ao irradiadas com f´otons de frequˆencias apropriadas, podem absorver energia e passar do estado fundamental para v´arios estados vi-bracionais do estado eletrˆonico excitado. Colis˜oes com outras mol´eculas fazem com que a mol´ecula excitada perca energia vibracional at´e alcan¸car o estado vibra-cional de menor energia dentro do estado excitado. Como esse estado ´e inst´avel, as mol´eculas voltam ime-diatamente para qualquer n´ıvel vibracional do estado eletrˆonico fundamental emitindo um f´oton neste pro-cesso, que carrega a energia fluorescente. Por existi-rem diversos n´ıveis vibracionais no estado fundamental, os f´otons emitidos possuem diferentes energias e conse-quentemente diferentes frequˆencias. Analisando as in-tensidades emitidas nas diferentes frequˆencias ´e poss´ıvel se obter o espectro de emiss˜ao de fluorescˆencia na es-pectroscopia de fluorescˆencia [3,4].

Em geral, o f´oton de emiss˜ao fluorescente carrega menos energia que o f´oton de excita¸c˜ao, devido `as poss´ıveis perdas de energia nas transi¸c˜oes dos estados vibracionais do estado eletrˆonico excitado, o que per-mite que os espectros de absor¸c˜ao e emiss˜ao sejam dis-tinguidos. Cada mol´ecula fluorescente possui um com-primento de onda de excita¸c˜ao e um comcom-primento de onda de emiss˜ao caracter´ıstico, sendo a distˆancia en-tre eles chamada de deslocamento de Stokes (Fig. 1). O deslocamento de Stokes ´e fundamental para a de-tec¸c˜ao da fluorescˆencia, especialmente em aplica¸c˜oes biol´ogicas, uma vez que mol´eculas com grandes des-locamentos de Stokes tem fluorescˆencia facilmente de-tect´avel, enquanto que a fluorescˆencia de mol´eculas com pequenos deslocamentos de Stokes ´e de dif´ıcil detec¸c˜ao.

3.

Montagem experimental

O esquema experimental idealizado para o fluor´ımetro a ser constru´ıdo est´a ilustrado na Fig. 2. Toda a

mon-tagem ´e realizada sobre um trilho para alinhamento dos equipamentos. O fluor´ımetro ´e composto basicamente por um sistema de ilumina¸c˜ao duplo de leds, que exci-tam a amostra e produzem sua emiss˜ao. Em seguida, uma lente convergente focaliza a luz emitida na entrada do monocromador e um chopper ´e utilizado para mo-dular este sinal com uma frequˆencia conhecida atrav´es de um acoplador ´otico. Ap´os isso, a luz entra em um monocromador, respons´avel pela decomposi¸c˜ao espec-tral, cujos componentes s˜ao detectados com um fotodi-odo amplificado. Como a intensidade da luz emitida ´e muito baixa, o sinal detectado ao final do experimento ´e ruidoso. Assim, para melhoria dos resultados obtidos com a obten¸c˜ao apenas da componente de luz emitida pela amostra, utilizamos um amplificador lock-in para filtrar esse sinal atrav´es do sinal de referˆencia fornecido pelo acoplador ´otico.

Figura 1 - O deslocamento de Stokes do espectro de excita¸c˜ao e emiss˜ao em amostras fluorescentes. Na esquerda, uma mol´ecula com um grande deslocamento de Stokes e na direita um pequeno deslocamento.

3.1. Fonte de excita¸c˜ao da amostra e o sistema de ilumina¸c˜ao

(3)

Figura 2 - Esquema experimental idealizado.

Figura 3 - Espectro de emiss˜ao dos dois Leds azuis utilizados no experimento.

O sistema de ilumina¸c˜ao foi constru´ıdo sobre uma base de acr´ılico em um suporte para posicionamento sobre o trilho ´otico (Fig. 4). No centro desta base foi frezado um local para o encaixe de uma cubeta. Em distˆancias iguais e em ambos os lados da cubeta, foram feitos dois suportes em nylon para a fixa¸c˜ao dos leds azuis, estes suportes possuem altura regul´avel atrav´es de parafusos laterais na base de acr´ılico.

Os leds, j´a ligados aos fios para sua conex˜ao com a fonte, foram colocados dentro de tubos pintados de preto, para condu¸c˜ao da luz at´e a amostra, evitando que ela sa´ısse lateralmente pelo tubo e atrapalhasse a detec¸c˜ao da fluorescˆencia. A distˆancia entre os leds e a cubeta tamb´em era ajust´avel por parafusos, que po-dem ser visualizados na Fig. 4, na parte superior dos suportes de nylon.

Figura 4 - Sistema de ilumina¸c˜ao.

Esta geometria para ilumina¸c˜ao da amostra foi ide-alizada, de maneira a maximizar e homogeneizar a ex-cita¸c˜ao da amostra. Al´em disso, o arranjo perpendicu-lar de excita¸c˜ao em rela¸c˜ao `a detec¸c˜ao da fluorescˆencia deveria evitar a detec¸c˜ao direta de luz proveniente dos leds.

3.2. Convergˆencia do feixe de emiss˜ao da amos-tra

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uma lente convergente com uma distˆancia focal pequena (5 cm), de modo a diminuir distˆancia necess´aria entre o ponto de emiss˜ao da amostra e a entrada do monocro-mador, minimizando a perda de luz no caminho ´otico.

Figura 5 - Lente convergente utilizada, fixa em um suporte.

3.3. Modula¸c˜ao do sinal para detec¸c˜ao

Um importante artif´ıcio usado neste experimento, foi a modula¸c˜ao do feixe de luz emitida pela amostra com uma frequˆencia conhecida. O sinal modulado foi am-plificado e filtrado por um lock-in (Stanford Research Systems modelo SR530) com base no sinal de referˆencia fornecido pelo acoplador ´otico, o que permitiu a dimi-nui¸c˜ao da interferˆencia de fontes de luz externas no sinal captado pelo detector.

Para a modula¸c˜ao foi constru´ıdo umchopper, com-posto por um disco de alum´ınio fixo em um motor que produziria a sua rota¸c˜ao (Fig. 6a). Na parte inferior do

chopper, atrav´es de uma haste, foi fixado um acoplador ´otico. O esquema desse sinal pode ser visualizado na Fig. 6b. Para ochopper foi feita a conex˜ao do motor com a fonte geradora e para o acoplador ´otico, al´em da conex˜ao com a fonte, foi feita uma sa´ıda direta com cabo coaxial para olock-in.

A frequˆencia utilizada no chopper foi regulada em 30Hz por limita¸c˜oes mecˆanicas do motor utilizado, esta foi a maior freq¨uˆencia que era poss´ıvel ser mantida est´avel por um bom intervalo de tempo, sem risco de da-nificar o motor. No entanto, idealmente, quanto maior a freq¨uˆencia, menor a influˆencia do ru´ıdo rosa (ou de 1/f), e uma freq¨uˆencia da ordem de 1 kHz seria sufi-ciente para minimizar tal influˆencia, desde que o am-plificadorlock-in utilizado consiga operar faixa. ´E im-portante tamb´em ressaltar que a freq¨uˆencia de 60 Hz (e seus harmˆonicos, e.g.: 120 Hz) de oscila¸c˜ao da rede el´etrica AC deve ser evitada para livrar o sinal de fontes de luz ambiente indesejadas.

(5)

3.4. Monocromador e a sele¸c˜ao dos compri-mentos de onda de detec¸c˜ao

Na montagem experimental foi utilizado um monocro-mador comercial (Oriel, modelo 7240) para coletar a luz emitida pela amostra e fornecer como sa´ıda uma ´unica linha espectral para constru¸c˜ao do espectro de emiss˜ao da amostra (Fig. 7). As fendas utilizadas no monocro-mador foram constru´ıdas utilizando lˆaminas de barbear contrapostas, com uma abertura de aproximadamente 1 mm.

Figura 7 - Monocromador utilizado.

3.5. Sistema de detec¸c˜ao

O detector utilizado nesta montagem foi o OPT301 [5], um circuito integrado opto-eletrˆonico contendo um fo-todiodo e um amplificador de transimpedˆancia em um ´

unico chip isolado dieletricamente (Fig. 8a). Ele inclui um conversor corrente-tens˜ao que proporciona na sa´ıda uma tens˜ao proporcional `a luz recebida. Al´em disso, o conversor ´e implementado com um amplificador opera-cional e, portanto, tamb´em amplifica o sinal, de modo a conseguir boa sensibilidade. Sendo assim, basta ali-mentar o dispositivo com duas tens˜oes de polaridades oposta referentes `a massa, para ter um completo sensor anal´ogico de luminosidade (Fig. 8b). A combina¸c˜ao in-tegrada de fotodiodo e amplificador de transimpedˆancia em um ´unico chip elimina os problemas frequentemente encontrados em circuitos discretos, tal como erros por corrente de fuga, ru´ıdo e picos de ganho devido `a perda de capacitˆancia.

Figura 8 - a. O detector OPT301. b. circuito do detector. c. resposta em fun¸c˜ao do comprimento de onda.

A corrente do fotodiodo ´e proporcional `a potˆencia radiante ou fluxo (em watts) incidindo no fotodiodo. Para um comprimento de onda de 650 nm (luz verme-lha) a capacidade de resposta do fotodiodo ´e aproxi-madamente 0,47 A/W. A capacidade de resposta para outros comprimentos de onda ´e mostrada em uma curva de performance t´ıpica (Fig. 8c).

O sistema de detec¸c˜ao utilizado no experimento foi montado colocando o detector OPT301 em uma caixa (Fig. 9). Sua alimenta¸c˜ao foi feita com duas baterias de 9 V. Com isso foram evitadas flutua¸c˜oes da rede el´etrica e consequentemente algum dano no detector. Tamb´em foi feita a liga¸c˜ao direta do detector com olock-in uti-lizando novamente um cabo coaxial.

3.6. Filtragem e amplifica¸c˜ao do sinal detec-tado

(6)

Figura 9 - Sistema de detec¸c˜ao usando o detector OPT301. a. vis˜ao frontal. b. vis˜ao lateral.

3.7. Montagem do fluor´ımetro

A montagem total do experimento foi feita sobre uma bancada e em um laborat´orio que pudesse ser mantido escuro durante toda a realiza¸c˜ao da medida. Esta etapa inclui o alinhamento do sistema ´otico e para isso alguns procedimentos foram realizados:

1◦) Posicionamento dos componentes do sistema na

mesma altura e em linha reta:

Para alinhar a posi¸c˜ao vertical e lateral de cada uma das pe¸cas do sistema ´optico foi ligado um laser e di-recionamos seu feixe paralelamente ao eixo ´optico do sistema, passando pela altura da excita¸c˜ao da amos-tra pelos leds. Feito isso, foram posicionados cada um dos componentes de maneira que o feixe de laser pas-sasse por todos eles sem sofrer desvios. Ou seja, foram alinhados o chopper de maneira que o laser passasse exatamente pelo meio de uma das aberturas, a lente de maneira que o laser passasse pelo seu centro e o mono-cromador de maneira que o laser incidisse no meio da fenda de entrada.

2◦) Focaliza¸c˜ao com a lente:

A lente foi posicionada de maneira que ficasse com seu foco na fenda de entrada do monocromador. Para isso, o laser foi desligado, o sistema de excita¸c˜ao da amostra foi ligado e, com o olho na fenda de sa´ıda do monocromador foi visualizada em que posi¸c˜ao da lente podia-se enxergar uma maior intensidade de sinal. Note

que para isso o monocromador dever estar regulado no comprimento de onda de mais alta intensidade de fluo-rescˆencia da amostra. E tamb´em ´e necess´ario muito cui-dado para n˜ao desalinhar a altura da lente, bem como sua posi¸c˜ao lateral, ou seja, deve-se movˆe-la lentamente apenas no sentido longitudinal do sistema, at´e encon-trar a posi¸c˜ao ideal.

3◦) Posicionamento do detector:

O posicionamento do detector ´e feito ao final do pro-cesso, para isso ´e ligado novamente o laser e o detector ´e posicionado encostado na fenda de sa´ıda do monocro-mador. Para encontrar a posi¸c˜ao correta do detector, seu posicionamento ´e feito com ele ligado e conectado a um oscilosc´opio, at´e que encontre-se a indica¸c˜ao do sinal devido `a intensidade do laser. Em seguida, o de-tector ´e conectado aolock-in.

Na Fig. 10 temos uma vis˜ao geral de todo o experi-mento e a Fig. 11 apresenta em detalhes o sistema de ilumina¸c˜ao, a lente, ochopper e a entrada do monocro-mador.

Figura 10 - Vis˜ao geral do experimento.

Figura 11 - Detalhes do sistema de ilumina¸c˜ao, da lente, do chop-per e do monocromador.

4.

Sele¸

ao da amostra fluorescente

(7)

de absor¸c˜ao em uma regi˜ao pr´oxima a ao espectro de emiss˜ao dos leds.

A substˆancia escolhida foi a laranja de acridina,cuja f´ormula estrutural est´a indicada na Fig. 12. A presen¸ca de an´eis benzˆenicos na sua estrutura comprova que a substˆancia ´e fluorescente. O espectro de absor¸c˜ao e de fluorescˆencia desta amostra foram medidos em um espectrˆometro de fluorescˆencia comercial (Hitachi, mo-delo F-7000) e os resultados obtidos est˜ao indicados na Fig. 13, esta curva de fluorescˆencia ser´a utilizada como referˆencia para a avalia¸c˜ao dos resultados obtidos com o fluor´ımetro montado.

Figura 12 - F´ormula estrutural da laranja de acridina.

Figura 13 - Espectros de absor¸c˜ao e de fluorescˆencia da laranja de acridina.

Comparando os espectros de absor¸c˜ao da amos-tra e de emiss˜ao dos leds (Fig. 14) foi comprovado que essa substˆancia pode ser utilizada para medida no fluor´ımetro proposto.

A prepara¸c˜ao da solu¸c˜ao de laranja de acridina ´e feita apenas pela sua dilui¸c˜ao em ´agua, a quantidade necess´aria da substˆancia ´e muito pequena, basta encos-tar o bico de um pasteur no p´o e depois coloc´a-lo na cubeta com ´agua. A solu¸c˜ao resultante fica pratica-mente incolor. ´E necess´aria aten¸c˜ao para n˜ao deixar a solu¸c˜ao muito concentrada, pois isso causaria um efeito de filtro interno e toda luz fluorescente seria reabsor-vida pela pr´opria solu¸c˜ao, deixando que a intensidade de fluorescˆencia medida neste caso seja muito baixa.

Figura 14 - Espectros de absor¸c˜ao e de fluorescˆencia da laranja de acridina, juntamente com os espectros de emiss˜ao dos leds.

5.

Aquisi¸

ao do espectro de

fluores-cˆ

encia

Com o fluor´ımetro montado e alinhado, liga-se todos os componentes: leds,chopper, detector elock-ine inicia-se o processo de medida que consiste em variar o com-primento de onda de sa´ıda no monocromador e medir a intensidade de voltagem indicada pelo lock-in, com seu respectivo erro, que corresponde `a oscila¸c˜ao no va-lor indicado. A curva de fluorescˆencia da amostra foi levantada duas vezes para comprimentos de onda vari-ando de 350 a 700 nm.

6.

Resultados e discuss˜

ao dos dados

A Fig. 15 apresenta as duas curvas de fluorescˆencia le-vantadas utilizando o sistema desenvolvido e tamb´em a curva esperada obtida com o fluor´ımetro comercial. Em detalhe, visualiza-se uma foto da amostra sendo excitada com a luz azul e fluorescendo com a luz verde.

(8)

Pode-se notar pela Fig. 15 que os resultados obti-dos concordam bastante com o resultado esperado. No entanto, comparando as curvas obtidas com a curva es-perada notamos a presen¸ca de dois picos extras, um em torno de 450 nm e outro a 600 nm, que n˜ao fazem parte do espectro esperado da amostra.

O primeiro pico pode ser facilmente justificado, pois ocorre aproximadamente no pico da emiss˜ao dos leds utilizados para excita¸c˜ao e, sendo assim, corresponde `a detec¸c˜ao de luz espalhada proveniente dos leds de ex-cita¸c˜ao. J´a o segundo pico, na faixa de 600 nm, pode ser explicado pelo fato do detector OPT301 ter uma sensi-bilidade vari´avel com o comprimento de onda (ver Fig. 8c). Em virtude disso, pode-se aperfei¸coar a an´alise dos

resultados aplicando uma corre¸c˜ao de forma a eliminar a contribui¸c˜ao intr´ınseca da diferen¸ca de sensibilidade do detector para os diferentes comprimentos de onda do espectro.

Para fazer esta corre¸c˜ao, foi extra´ıda parte da curva de sensibilidade do detector (Fig. 8c) correspondente `a faixa de comprimentos de onda de interesse. A curva obtida foi normalizada pelo seu valor m´aximo e inver-tida para a cria¸c˜ao da curva de corre¸c˜ao a ser aplicada aos resultados (Fig. 16). Com isso, multiplicando-se a curva de corre¸c˜ao ponto a ponto `a curva experimen-tal obtida com nosso sistema, anula-se a influˆencia da varia¸c˜ao da sensibilidade do detector para os diferentes comprimentos de onda estudados.

Figura 16 - Esquema de constru¸c˜ao da curva de corre¸c˜ao aplicada aos resultados.

O resultado corrigido para a medida 2, que foi a que apresentou um pico maior pr´oximo ao comprimento de onda de 600 nm, s˜ao apresentados na Fig. 17. Pode-se notar, que ap´os a corre¸c˜ao, o resultado Pode-se aproxima ainda mais da curva esperada. No entanto, foi encon-trada uma contribui¸c˜ao ainda maior devido ao pico pro-veniente da luz espalhada dos leds na amostra e cubeta. Essa contribui¸c˜ao poderia ser minimizada por meio de uso de filtros ap´os a lente convergente, mas isso poderia tamb´em causar redu¸c˜ao no sinal de fluorescˆencia detec-tado. Outra alternativa seria o uso de um anteparo entre o sistema de ilumina¸c˜ao e os demais componentes do fluor´ımetro, neste anteparo deveria existir uma aber-tura no eixo ´otico do sistema para passagem apenas da luz resultante da fluorescˆencia.

O segundo pico, devido `a influˆencia do detector na medida, foi corrigido. A curva ficou tamb´em mais es-treita, sendo que a regi˜ao posterior ao pico se aproximou da curva “real”, o que era de se esperar, j´a que o detec-tor ´e mais sens´ıvel na faixa do vermelho e infravermelho pr´oximo que na faixa do azul, onde a curva se afastou

da curva real.

Figura 17 - esultado corrigido.

(9)

com dispositivo comercial. Seria poss´ıvel melhorar a resolu¸c˜ao utilizando um monocromador de maior re-solu¸c˜ao e tamb´em uma fenda mais estreita, de modo a selecionar melhor o comprimento de onda a ser medido (estreitar a faixa de freq¨uˆencia de sa´ıda).

Por tudo o que foi apresentado pode-se verificar que a medida da fluorescˆencia da amostra foi feita de forma simples, obtendo resultados semelhantes ao de um fluor´ımetro comercial.

Uma caracter´ıstica importante do arranjo apresen-tado ´e que ele n˜ao se limita aos leds azuis de excita¸c˜ao, nem `a laranja de acridina como substˆancia fluorescente, o que amplia sua aplica¸c˜ao pr´atica. Outros comprimen-tos de onda de excita¸c˜ao e outras substˆancias tamb´em poderiam ser avaliados, como por exemplo, a excita¸c˜ao com leds vermelhos para medida da fluorescˆencia de um extrato alco´olico de folhas verdes que cont´em clorofila. O fluor´ımetro proposto tamb´em n˜ao se restringe apenas `a medida do espectro de fluorescˆencia, ele pode ser aplicado para estudo de outras caracter´ısticas relaci-onadas ao processo de fluorescˆencia. Dentre elas pode-mos destacar a supress˜ao de fluorescˆencia, bastando-se apenas adicionar compostos supressores da fluo-rescˆencia `a solu¸c˜ao estudada que alterem, por exemplo, a sua temperatura ou o seu pH. Al´em disso, pode-se avaliar tamb´em o efeito da concentra¸c˜ao da substˆancia fluorescente na solu¸c˜ao analisada e seu papel de filtro interno da fluorescˆencia.

7.

Conclus˜

oes

Foi apresentado um arranjo simples para a medida do espectro de fluorescˆencia de amostras utilizando ma-teriais simples e/ou previamente dispon´ıveis em labo-rat´orios de f´ısica. Acredita-se que o entendimento do processo de medida ´e bem did´atico e ilustrativo

bene-ficiando alunos de disciplinas experimentais de f´ısica moderna no entendimento do processo de espectrosco-pia.

Acredita-se que, al´em da visualiza¸c˜ao passo a passo da medida da fluorescˆencia, esta montagem e an´alise dos dados tamb´em proporciona aos alunos experiˆencias importantes como a corre¸c˜ao dos resultados pela sen-sibilidade do detector, um conhecimento que pode ser aplicado em qualquer medida realizada experimental-mente e contribui bastante para a melhoria dos resulta-dos obtiresulta-dos, sendo assim uma vivˆencia importante para os alunos.

Agradecimentos

Aos t´ecnicos Eldereis de Paula, Jos´e Luiz Aziani, Nel-son Nascimento Junior, ´Elcio Aparecido Navas Lou-ren¸co Rocha. Em especial ao professor Iouri Borisse-vitch pelo suporte na escolha das amostras e nas medi-das de referˆencia feitas em equipamentos comerciais.

Referˆ

encias

[1] C. Raymond, Princ´ıpios B´asicos de Espectroscopia

(Editorial AC, Libros Cient´ıficos y T´ecnicos, Madrid, 1983), 1a

ed.

[2] J.R. Lakowicz,Principles of Fluorescence Spectroscopy

(Springer, Nova Iorque, 2006), 2a

ed.

[3] H.H. Jaffe and A.L. Miller, J. Chem. Educ. 43, 469 (1966).

[4] P. Elumalai., P. Atkins and J. de Paula,Atkins’ Physi-cal Chemistry(Oxford University Press, Oxford, 2010), 9a

ed.

Imagem

Figura 1 - O deslocamento de Stokes do espectro de excita¸ c˜ ao e emiss˜ ao em amostras fluorescentes
Figura 3 - Espectro de emiss˜ ao dos dois Leds azuis utilizados no experimento.
Figura 6 - a. Chopper constru´ıdo juntamente com o acoplador ´ otico utilizado. b. Sinal esperado para a referˆ encia ao longo do tempo.
Figura 7 - Monocromador utilizado.
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