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Operação urbana consorciada Tietê II: do plano urbano ao projeto urbano

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(1)

FERNANDA QUEIROZ DA SILVA OLIVEIRA

OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II

DO PLANO URBANO AO PROJETO URBANO

(2)

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

FERNANDA QUEIROZ DA SILVA OLIVEIRA

OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II

DO PLANO URBANO AO PROJETO URBANO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como

requisito parcial à obtenção do título

de Mestre em Arquitetura e

Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Righi

(3)

O48o Oliveira, Fernanda Queiroz da Silva

Operação urbana consorciada Tietê II: do plano urbano ao projeto urbano / Fernanda Queiroz da Silva Oliveira – 2014. 280 f. : il. ; 30cm.

(4)

FERNANDA QUEIROZ DA SILVA OLIVEIRA

OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II

DO PLANO URBANO AO PROJETO URBANO

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Presbiteriana

Mackenzie, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em 20/02/2014

BANCA EXAMINADORA

Prof.º Dr.º Roberto Righi - Orientador Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof.ª Dr.ª Gilda Collet Bruna Universidade Presbiteriana Mackenzie

(5)

Ao meu marido, Fernando, pelo constante incentivo e

exemplo de dedicação; ao meu querido filho, Miguel

Fernando, pela compreensão ao tempo dedicado a este

trabalho; aos meus queridos pais, Geraldo e Terezinha,

(6)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, ao Prof.º Dr.º Roberto Righi, que pacientemente me orientou no desenvolvimento desta dissertação, compartilhando seus conhecimentos comigo e me guiando brilhantemente para a superação dos entraves inevitáveis que foram surgindo durante o percurso.

Ao Prof.º Dr.º Bruno Roberto Padovano, pelo muito que me ensinou com a visão otimista e realista de meu trabalho e pelas sugestões apresentadas no momento do exame da qualificação, criando novos horizontes e perspectivas a esta dissertação. À Prof.ª Dr.ª Gilda Collet Bruna, pelos comentários e sugestões apontadas no decorrer do exame da qualificação, que em muito acresceram ao trabalho, bem como pelo incentivo e apoio na fase inicial deste trabalho, fazendo despertar o interesse pelo tema da gestão dos territórios.

Ao Prof.º Luiz Guilherme Rivera de Castro que me incentivou a entrar no mundo acadêmico ainda na época da graduação, por suas pesquisas na área de urbanismo relativas á Operações Urbanas.

Aos professores Dr.ª Nadia Somekh e Dr.º Abilio da Silva Guerra Neto, pelos ensinamentos e pelas colaborações e sugestões brilhantes na fase inicial deste trabalho, colaborando para a definição do tema. Ao Prof.º Dr.º José Geraldo Simões Junior pelo apoio e sugestões na fase inicial deste trabalho. Aos demais professores e funcionários da Pós Graduação Mackenzie, pelo incentivo á realização deste trabalho.

Ao meu marido, Fernando Baleira Leão de Oliveira Queiroz, que sempre acreditou no meu potencial e me incentivou a iniciar esta jornada, principalmente pela confiança e apoio nas revisões dos textos, a quem dedico este trabalho.

(7)

Ao meu querido Miguel Fernando Baleira Leão de Oliveira Queiroz, que sempre me motivou a nunca desistir dos meus sonhos, razão de todas as minhas ações, a quem dedico especialmente este trabalho.

(8)

“As sociedades humanas e grupos menores podem

tomar decisões desastrosas por uma série de motivos: incapacidade de prever um problema, incapacidade de percebê-lo assim que um problema se manifesta, incapacidade de tentar resolvê-lo após ter sido identificado e incapacidade de ser bem-sucedido nas tentativas de solucioná-lo.”

(9)

RESUMO

Esta dissertação enfoca projetos urbanos e políticas públicas aplicadas à gestão urbana frente ao projeto da Operação Urbana Consorciada Tietê II, elaborada pelo escritório de Hector Vigliecca. Ele parte do conceito da integração do plano ao projeto urbano, desde sua formulação em 2008. Vigliecca parte do projeto urbano para conceber o plano urbano, diferente da lógica usual do desenvolvimento de projetos urbanos. Eles são normalmente pautados em índices urbanísticos e lógicas do mercado de consumo, como o zoneamento. Na OUCT II se desenvolve um projeto urbano com arquitetura para a região central do município. Esta região é em sua grande parte subutilizada devido à desindustrialização, a partir do projeto, cria-se o plano urbano, expresso no projeto de lei da OUCT II. A gênese da Operação Urbana parte da “hipótese do real” que não se enquadra nem nos princípios modernistas e nem nos defendidos por Ascher (2010). As características modernistas podem ser observadas com mais clareza no seu desenho urbano. O diagnóstico feito por este trabalho é realizado também à luz de experiências consideradas paradigmáticas a nível internacional, como o Plano Urbano da Expo’98, em Lisboa; o Parque Linear Rio Manzanares, em Madri e; Porto Madero, em Buenos Aires; em um método comparativo que busca a instrumentação, as dificuldades e os procedimentos adotados por estas experiências.

(10)

ABSTRACT

This dissertation focuses on urban projects and public policies applied to the urban management front of the Urban Operation Tietê II project, prepared by the office of Hector Vigliecca. He begins with the concept of the integration of the urban design plan, since its formulation 2008. Vigliecca part of urban design to urban design plan, different from the usual logic of urban development projects. They are usually lined in urban and logical indices of the consumer market, such as zoning. In OUCT II develops an urban design with architecture for the central city. This region is in a large part underutilized due to deindustrialization, from the project, it creates the urban plan expressed in the bill of OUCT II. The genesis of Urban Operation part of a "real possibility" that does not fit or the modernist principles nor defended us by Ascher (2010). Modernist characteristics can be seen more clearly in its urban design. The diagnosis made by this work is also done in the light of experiences considered paradigmatic internationally as the Urban Plan of Expo 98, Lisbon, the Linear Park Manzanares River in Madrid and, Puerto Madero in Buenos Aires , in a comparative method that seeks instrumentation, difficulties and procedures adopted by these experiences.

(11)

Sumário

LISTA DE TABELAS ... 17

INTRODUÇÃO ... 18

1. PROJETO URBANO E GESTÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS URBANAS ... 24

1.1. O PROJETO URBANO NA CIDADE ORIENTADO PELO CONSUMO ... 24

A DESINDUSTRIALIZAÇÃO E AS MUDANÇAS DE PARADIGMA NO URBANISMO ... 31

O INÍCIO DOS PROJETOS URBANOS NA EUROPA ... 38

1.2. CONSTRUÍNDO CIDADES POR MEIO DE ÍNDICES ... 43

1.3. FRENTES AQUÁTICAS E OS PROJETOS URBANOS... 46

1.4. MULTIFUNCIONALIDADE E UNIFUNCIONALIDADE NOS PROJETOS URBANOS ... 63

1.5. A PÓS-MODERNIDADE, OS PROJETOS URBANOS E AS ORIGENS DA CIDADE ORIENTADA PELO CONSUMO ... 71

.6. EXPO’ , LI“BOA ... 75

AS EXPOSIÇÕES INTERNACIONAI“ QUE PRECEDEM A EXPO’ ... 77

A“ DIVERGÊNCIA“ NA“ PRIMEIRA“ FORMULAÇÕE“ DO PROJETO URBANO DA EXPO’ ... 79

POLÍTICAS PÚBLICA“ E GE“TÃO DA EXPO’ – A GRANDE EXPERIÊNCIA PÚBLICO PRIVADA ... 83

O LEGADO PÓS-EXPO’ ... 88

1.7. PORTO MADERO, BUENOS AIRES ... 93

O PAPEL E HISTÓRIA DO PORTO EM BUENOS AIRES ... 94

O CONCURSO NACIONAL DE IDÉIAS E AS PRIMEIRAS FORMULAÇÕES ... 99

POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO – A GRANDE EXPERIÊNCIA PRIVADA ... 101

ANÁLISE DO PLANO DE PORTO MADERO ... 102

O LEGADO DE PORTO MADERO E A CONVIVÊNCIA ENTRE O PASSADO E O PRESENTE ... 104

1.8. PARQUE RIO MANZANARES, MADRI... 108

MADRI E SUA HISTÓRIA COM O RIO MANZANARES ... 109

CONCURSO INTERNACIONAL DE IDÉIAS E SUAS PRIMEIRAS FORMULAÇÕES ... 112

(12)

O PLANO DO PARQUE LINEAR DO RIO MANZANARES ... 115

O LEGADO DO PARQUE LINEAR DO RIO MANZANARES E A RECUPERAÇÃO DE UM RIO URBANO ... 117

2. INSTRUMENTO URBANÍSTICO: OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 118

2.1. A LEI DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NO DESENVOLVIMENTO URBANO ... 118

2.2. O CASO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 121

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE OSASCO ... 123

TERRITÓRIO E LIMITES MUNICIPAIS ... 128

A POLÍTICA PÚBLICA METROPOLITANA E O MUNICÍPIO DE OSASCO ... 132

REFLEXÕES SOBRE O PLANO DIRETOR MUNICIPAL E O ZONEAMENTO DE OSASCO ... 136

POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO 2005-2013 ... 147

OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ I... 155

OPERAÇÕES URBANAS COMO INSTRUMENTO NO MUNICÍPIO DE OSASCO ... 160

ANÁLISE ATUAL DA ÁREA DE INTERVENÇÃO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II .. 161

O ARQUITETO E AS PRIMEIRAS FORMULAÇÕES ... 169

3. DO PLANO URBANO AO PROJETO URBANO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 183

3.1. DO PROJETO URBANO AO PLANO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ OSASCO II . 183 CONCEITOS E OBJETIVOS DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 183

ANÁLISE FOTOGRÁFICA DA ÁREA DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 186

PROPOSTAS E DIRETRIZES DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 205

DIRETRIZES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ... 217

ESTRATÉGIAS DA OPERAÇÃO URBANA ... 224

INTERVENÇÃO URBANA ... 228

PARTICIPAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA (PPP) ... 230

GESTÃO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ... 232

GÊNESE DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II... 233

ANÁLISE DO PROJETO URBANO DA OPERAÇÃO CONSORCIADA TIETÊ II ... 234

(13)
(14)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 RECONFIGURAÇÃO DE BILBAO, MUSEU GUGGENHEIM, ÂNCORA DO PROJETO URBANO. ...27

FIGURA 2 PANORAMA DA EVOLUÇÃO URBANA NO ESTADO DE SÃO PAULO DE 1940 Á 2000. ...33

FIGURA 3 ESQUEMA REFERENTE AO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO. ...37

FIGURA 4 PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA NO PIB NACIONAL. ...38

FIGURA 5 IMAGEM DO CENTRO CULTURAL DE BELÉM...39

FIGURA 6 PROPOSTA DO HIDROANEL EM SÃO PAULO, DE DELIJAICOV. ...51

FIGURA 7 IMAGEM DO PARQUE ANDRÉ-CITROEN, EM PARIS, Á DIREITA; Á ESQUERDA, LINHA VERMELHA DEMARCA O EIXO DA RUA BALARD. ...53

FIGURA 8 1) IMAGEM DO TRAÇADO DO PARQUE LA VILLETE COM OS PONTOS VERMELHOS REPRESENTANDO A“ FOLIE“ OU O“ ACONTECIMENTOS; 2) UMA VISTA DO PARQUE. ...54

FIGURA 9 IMAGENS REFERENTES À RECUPERAÇÃO DO CÓRREGO CHEONGGYECHEON: 1. FOTO ATUAL; 2. ESQUEMA QUE MOSTRA A ESTRUTURA ANTES DA REVITALIZAÇÃO; 3. ESQUEMA QUE REVELA AS MODIFICAÇÕES APÓS A REVITALIZAÇÃO; 4. USO DA ÁREA. ...57

FIGURA 10 RECUPERAÇÃO DO RIO PIRACICABA. ...59

FIGURA 11 IMAGENS DO ANTES E DEPOIS DA RECUPERAÇÃO DO CÓRREGO PIRARUNGÁUA, NO JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO: A) ANTIGA ALAMEDA FERNANDO COSTA; B) CÓRREGO JÁ RECUPERADO. ...60

FIGURA 12 IMAGENS DO RIO SOROCABA: A) ANTES; B) DEPOIS DA REVITALIZAÇÃO. ...60

FIGURA 13 A) VISTA DO TÉRMINO DO CALÇADÃO DA RUA ANTONIO AGÚ COM A ESTAÇÃO OSASCO; B) VISTA DO CALÇADÃO DA RUA ANTONIO AGÚ JÁ REVITALIZADO PELA OPERAÇÃO RENOVA CENTRO. ...67

FIGURA 14 VISTA DO ESPAÇO DA EXPO A PARTIR DO SHOPPING VASCO DA GAMA, ONDE SE PODE OBSERVAR Á ESQUERDA A VIA DE AUTOMÓVEIS QUE POSSUIU UMA SINGELA RELAÇÃO COM OS PEDESTRES...67

FIGURA 155 ÁREA DA EXPO’ , IMAGEM RETIRADA A PARTIR DO SHOPPING VASCO DA GAMA. ...76

FIGURA 167 IMAGENS QUE DEMONSTRAM O USO OBSOLETO DA ÁREA DE ANTES DA REQUALIFICAÇÃO. ...79

FIGURA 173 IMAGENS DAS NOVAS EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS CRIADAS PARA ABRIGAR AS EQUIPES E A IMPRENSA NA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL QUE FORAM VENDIDAS, AINDA NA ÉPOCA DA IMPLANTAÇÃO, PARA USO POSTERIOR PARA HABITAÇÃO DE CLASSE ALTA. ...89

FIGURA 184 IMAGENS DA ARQUITETURA DO ESPETÁCULO UTILIZADA PELAS GRANDES EMPRESAS QUE SE INSTALARAM NA REGIÃO. ...90

FIGURA 196 DETALHES DO MOBILIÁRIO URBANO E PAVIMENTAÇÃO NAS MAIS DIVERSAS ÁREAS DA EXPO’ : A) SETOR 3, ESPAÇOS DE PERMANÊNCIA EM ÁREA HABITACIONAL; B) SETOR 2, ESPAÇO DE TRANSIÇÃO COM ELEMENTOS EM MADEIRA COM QUEBRA-SOL; C) SETOR 2, MOBILIÁRIO URBANO EM MADEIRA, COM BRISE; D E E) SETOR 2, MOBILIÁRIO URBANO EM CONCRETO E SOMBRA DAS ÁRVORES NA FRENTE AQUÁTICA; F) SETOR 2, ESPAÇO DE EVENTOS; G) SETOR 2, PAISAGEM URBANA QUE VIRA MOBILIÁRIO URBANO...91

FIGURA 2920 IMAGENS DOS ESPAÇOS PÚBLICOS E ESPAÇOS RESIDUAIS. ...92

FIGURA 210 IMAGEM QUE EVIDENCIA O ESPAÇO CRIADO DA EXPO’ DO ESPAÇO EXISTENTE, O BAIRRO DE MOSCAVIDE À DIREITA, LOCAL PARA ONDE SE ALOJARAM A MAIORIA DA POPULAÇÃO QUE VIVIA NO PERÍMETRO DA EXPO’ , CORTADOS PELA LINHA FÉRREA, AO FUNDO A GARE DO ORIENTE. ...93

FIGURA 222 PORTO MADERO E SUAS ANTIGAS ESTRUTURAS DO PORTO CONVIVENDO COM A REVITALIZAÇÃO. ...94

FIGURA 3423 OBRAS NO DIQUE 2 EM 1890. ...95

FIGURA 3724 IMAGEM DA ÁREA DE PORTO MADERO ABANDONADA. ...97

FIGURA 3925 FOTO AÉREA DA ÁREA DE PORTO MADERO. ...99

(15)

FIGURA 4627 IMAGENS DO ESPAÇO PÚBLICO GERADO NA MARGEM SUL DOS DIQUES, EVIDENCIANDO AS SUTILEZAS NOS ESPAÇOS DE PEDESTRES, COMO A SEPARAÇÃO DO CAMINHO DE PEDESTRES COM O DOS

AUTOMÓVEIS. ... 106

FIGURA 4828 SEQUENCIA DE IMAGENS QUE DEMONSTRAM A RECONVERSÃO DOS EDIFÍCIOS HISTÓRICOS NA MARGEM SUL DOS DIQUES PARA USOS COMERCIAIS COM RESTAURANTES E GRANDES MARCAS. ... 106

FIGURA 291 IMAGEM PANORÂMICA A PARTIR DA PONTE DA MULHER, DE CALATRAVA, PARA AS DUAS MARGENS DOS DIQUES. ... 107

FIGURA 30 NO DIQUE 4: A) À ESQUERDA IMAGEM DA ENTRADA DO RIO DA PRATA NOS DIQUES ARTIFICIAIS; B) À DIREITA IMAGEM DA MARINA CRIADA. ... 108

FIGURA 313 PARQUE LINEAR DO RIO MANZANARES: A) ANTES DA REVITALIZAÇÃO E; B) DEPOIS DA REVITALIZAÇÃO. ... 108

FIGURA 325 GRÁFICO COM A EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA DA CIDADE DE MADRI DESDE 1842 Á 2011. ... 110

FIGURA 5633 MAPA DA CIDADE DE MADRI, EM 1857, EM AZUL O PERCURSO DO RIO MANZANARES. ... 111

FIGURA 5834 IMAGEM DA ÉPOCA DA CONSTRUÇÃO EM 2007. ... 113

FIGURA 350 VISTAS DO PARQUE LINEAR DO RIO MANZANARES NO TRECHO 1, JÁ EXECUTADO, COMO UM PARQUE URBANO, UTILIZAÇÃO DA ESTRUTURA DA PONTE COMO PARQUE. ... 113

FIGURA 362 IMAGEM DO SISTEMA UTILIZADO PARA ENTERRAR A M-30, COM O PARQUE EM CIMA. ... 116

FIGURA 373 LINHA CRONOLÓGICA DE INSERÇÃO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS. ... 121

FIGURA 6438 ÁREA DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA TIETÊ II ANTES DO INÍCIO DAS INTERVENÇÕES. .. 122

FIGURA 391 ESTAÇÃO DE OSASCO: A) NO INÍCIO DE SUAS OPERAÇÕES EM 1934 E; B) EM 1966, RESPECTIVAMENTE. ... 127

FIGURAS 402 A) ESTAÇÃO OSASCO, ANTES DA REQUALIFICAÇÃO PROMOVIDA PELA OPERAÇÃO URBANA EM INTEGRAÇÃO COM PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DO CENTRO E; B) LARGO DE OSASCO, ANTES DA REQUALIFICAÇÃO PROMOVIDA PELA OPERAÇÃO URBANA EM INTEGRAÇÃO COM PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DO CENTRO, RESPECTIVAMENTE. ... 128

FIGURA 413 MAPA INSERÇÃO DO MUNICÍPIO NA RMSP. ... 129

FIGURA 421 PROJETO DE INTERVENÇÃO DA ÁREA DO BRAÇO MORTO DO RIO TIETÊ, NO JARDIM ROCHDALLE, ZONA NORTE. ... 149

FIGURA 433 TRECHO DO MAPA COM IDENTIFICAÇÃO DAS OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS MUNICIPAIS EM AMARELO: A) PROJETO PAIVA RAMOS; B) PROJETO TIETÊ; C) PROJETO BONFIM. EM VERMELHO, AS ÁREAS SUJEITAS À REQUALIFICAÇÃO NO MUNICÍPIO, EM ÁREA DO ENTORNO DO RIO TIETÊ. ... 151

FIGURA 443 MAPA DO USO DE SOLO DO PERÍMETRO DA OUCT II. ... 165

FIGURA 9745 MAPA DEFICIÊNCIAS DA ÁREA DA OUCT II... 168

FIGURA 9846 Á ESQUERDA E FIGURA 99 Á DIREITA. Á ESQUERDA, BANCO CENTRAL DO COMÉRCIO EM JAÚ; Á DIREITA, PROJETO VENCEDOR DO CONCURSO EM SALVADOR. ... 171

FIGURA 471 IMAGENS DO SESC NOVA IGUAÇU, NO RIO DE JANEIRO, PROJETO DE HECTOR VIGLIECCA COM BRUNO PADOVANO. ... 172

FIGURA 482 IMAGEM PROJETO COLINA“ D’OE“TE, HABITAÇÃO SOCIAL EM OSASCO, DE VIGLIECCA. ... 173

FIGURA 493 O ARQUITETO EM SEU ESCRITÓRIO EM SÃO PAULO. ... 180

FIGURA 5006 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 05 DA OUCT II. ... 187

FIGURA 5107 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 06 DA OUCT II. ... 188

FIGURA 5209 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 06 DA OUCT II. ... 190

FIGURA 5318 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 04 DA OUCT II. ... 198

FIGURA 5419 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 04 DA OUCT II. ... 199

FIGURA 550 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 01 DA OUCT II. ... 199

FIGURA 5621 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO SETOR 01 DA OUCT II. ... 200

(16)

FIGURA 5832 SETOR 4 – VILA HERVY: ÁREA ONDE SERÁ PRIORIZADA A OCUPAÇÃO ORDENADA DO TERRITÓRIO E A MANUTENÇÃO DA VOLUMETRIA ATUAL. ... 210 FIGURA 5933 SETOR 5 – ZEIS: ÁREAS DESTINADAS À IMPLANTAÇÃO DE HIS. ... 211 FIGURA 6036 MAPA REALIZADO POR VIGLIECCA & ASSOCIADOS REFERENTE À OPERAÇÃO URBANA

CONSORCIADA TIETÊ II, EM OSASCO: PERÍMETRO E SETORES DE INTERVENÇÃO. ... 216 FIGURA 6140 MAPA QUE APONTA AS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES EM NEGOCIAÇÃO OU ANDAMENTO NA ÁREA

DA OUCT II. ... 227 FIGURA 621 ESQUEMA DE SITUAÇÃO ATUAL E PROJETO URBANO ESPERADO PARA O GERAL DO SETOR 1. .... 235 FIGURA 6346 PROPOSTA DA OUCT II QUE SEPARA A ÁREA POR SETORES UNIFUNCIONAIS. ... 243 FIGURA 14864 CORTES ESQUEMÁTICOS COM A DISPOSIÇÃO DOS USOS SEGREGADOS E A CRIAÇÃO DE NOVOS

PERCURSOS. ... 246 FIGURA 651 MAPA DA DENSIDADE DEMOGRÁFICA DA ÁREA DA OPERAÇÃO URBANA EM COMPARAÇÃO COM

BAIRROS VIZINHOS EM OSASCO. ... 251 FIGURA 6652 MAPA QUE EVIDENCIA OS INVESTIMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS NA ÁREA DE BORDA DA OUCT

(17)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 TAXAS DE APROVEITAMENTO, OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA O SETOR 1 DA OUCT II 206 TABELA 2 TAXAS DE APROVEITAMENTO, OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA O SETOR 2 DA OUCT II 208 TABELA 3 TAXAS DE APROVEITAMENTO, OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA O SETOR 3 DA OUCT II 209 TABELA 4 TAXAS DE APROVEITAMENTO, OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA O SETOR 4 DA OUCT II 210 TABELA 5 TAXAS DE APROVEITAMENTO, OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA O SETOR 5 DA OUCT II 212 TABELA 6 TAXAS DE APROVEITAMENTO, OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA O SETOR 5 DA OUCT II 214 TABELA 7 COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO MÁXIMO DOS SETORES INTEGRANTES DA OUCT II 220 TABELA 8 TOTAL DE ESTOQUE REGULADOR DE POTENCIAL ADICIONAL DE CONSTRUÇÃO POR SETOR

INTEGRANTE DA OUCTO II 221

TABELA 9 QUADRO ANALÍTICO DA OUCT II BASEADO NO LEED-ND: 249 TABELA 10 QUADRO COMPARATIVO REFERENTE A DADOS GERAIS E CONCEITUAIS 257

TABELA 11 QUADRO COMPARATIVO TEMÁTICO: FRENTES AQUÁTICAS 259

TABELA 12 QUADRO COMPARATIVO TEMÁTICO: PÓS-MODERNIDADE, PROJETOS URBANOS E ORIGEM DA

(18)

INTRODUÇÃO

O objeto de pesquisa desta dissertação é a Operação Urbana Consorciada Tietê II, em Osasco, situada em uma região de várzea do rio Tietê, tendo-o como elemento integrador do projeto urbano. A área sofreu com o processo de desindustrialização e se encontra anexa ao centro da cidade, cercada de infraestrutura, bem localizada entre os principais acessos viários intermunicipais e rodoviários, como as marginais do rio Tietê e do rio Pinheiros, a Rodovia Castelo Branco e o Rodoanel Mário Covas. É segregado do restante do município pelas barreiras da linha férrea, na margem sul e pela rodovia Castelo Branco, na margem norte. Seu legado é um território fragmentado, subutilizado, com o meio ambiente degradado, podendo ser caracterizado como um ambiente de desertificação urbana.

O objeto de pesquisa é fruto de uma Carta Convite realizado pela Prefeitura do Município de Osasco a alguns escritórios de arquitetura e urbanismo, onde venceu a concorrência o escritório do arquiteto uruguaio Hector Vigliecca. Investiga-se neste trabalho o processo de gênese desta Operação Urbana Consorciada, suas principais características, suas implicações e impactos no município.

A Operação Urbana Consorciada Tietê II é um exemplo próximo de utilização do instrumento da Operação Urbana Consorciada na realidade brasileira de modo que o acompanhamento do seu desenvolvimento e aplicação é muito relevante. Tem-se observado nos últimos tempos a proliferação da utilização deste instrumento nos municípios que possuem Plano Diretor, entretanto se observa que o mesmo é utilizado para requalificar áreas degradadas, principalmente centrais, mas não se utiliza de instrumentos apropriados de análise do mercado imobiliário, colocando expectativa sobre áreas que não conseguem obter recursos para se desenvolver.

(19)

no principal ponto de ligação da área com o centro do município, pelo edifício ponte da Estação Osasco, já remodelado em parceria com a CPTM.

O principal objetivo desta Operação Urbana é recuperar a imensa área degradada e integrar as margens norte e sul do Rio Tietê, melhorar as conexões viárias e se utilizar do rio como um elemento integrador da paisagem urbana, prevendo a recuperação de suas águas, uma grande faixa de preservação na margem norte utilizada como parque linear e tornando-o navegável.

O processo de gênese desta dissertação possui características diferentes da lógica usual de desenvolvimento do planejamento urbano que são normalmente pautados por índices urbanísticos e separação por funções, como o zoneamento. O processo tradicional de levantamento, diagnóstico, programa, diretrizes e projeto são invertidos e modificados. De acordo com Vigliecca não se segue um raciocínio linear, parte-se primeiramente de uma hipótese ou de uma realidade observada e uma realidade a qual se deseja chegar, traça-se as diretrizes para alcançar os objetivos elencados, trabalha-se o projeto urbano e em seguida se valida esta hipótese. Não se leva em conta o diagnóstico e o levantamento prévio, desta forma também se esquece do potencial de vocação do solo.

Não se discute neste momento a eficácia do projeto urbano e da minuta de lei resultante. O projeto possui características positivas e pontos conflitantes que serão tratados no decorrer deste trabalho. O que se observa é a tentativa ousada do arquiteto de fugir dos princípios do urbanismo moderno que é utilizado até hoje no processo de planejamento urbano brasileiro. Entretanto devem-se analisar suas possibilidades de trabalho que são amarradas pelo cenário político e social, podendo caracterizar como uma adaptação do profissional a uma realidade complexa onde não há políticas urbanas em longo prazo, mudando de acordo com as necessidades, o contexto e as conjunturas.

(20)

1988, com a Operação Urbana Anhangabaú, de autoria de Clementina D’Ambrosis, Roberto Righi e Domingos.

O objetivo geral desta dissertação é compreender o processo de implantação de uma Operação Urbana Consorciada em uma realidade periférica na RMSP, compreendendo o seu processo de gênese, implantação e gestão. Busca-se responder a principal questão levantada por esta dissertação: como partir de um plano urbano para um projeto urbano? Ou seja, como partir de um plano pautado em índices e zoneamentos completamente abstratos para um projeto urbano detalhado, em três dimensões.

O objetivo específico desta dissertação é analisar a Operação Urbana Consorciada Tietê II, sua gênese, implantação e gestão a partir do processo de planejamento urbano tradicional, pelo instrumento do LEED-ND e por quadros comparativos tecidos à luz de referências internacionais paradigmáticas elencadas.

A metodologia aplicada se baseia na utilização de dados primários documentais e estatísticos, referências bibliográficas acerca dos projetos urbanos e políticas públicas, bem como estudos de caso de referencias de projetos urbanos que requalificaram frentes aquáticas de diferentes contextos culturais, econômicos e sociais. Passa pelo levantamento in loco fotográfico e produção de mapas para estudo dos sistemas urbanos atuais do município, bem como a análise de mapas, do projeto urbano e da minuta de lei da OUCT II. Entrevistas com o autor do projeto urbano e com os responsáveis pela aprovação, desenvolvimento e gestão do mesmo no poder público.

(21)

formulações do arquiteto até chegar ao próximo capítulo onde se aborda e analisa o objeto de estudo.

Buscando a melhoria no processo de reflexão e comparação entre os princípios teóricos e as três experiências urbanas escolhidas optou-se por agregar os dois assuntos em um único capítulo, logo no início, apesar dos mesmos terem permanecidos separados até a versão final desta dissertação.

No primeiro capítulo Projeto Urbano e Gestão das Políticas Urbanas o leitor encontra o referencial teórico que baseia as análises do objeto de estudo. Primeiramente enfoca-se o papel dos grandes projetos urbanos a nível internacional e no Brasil, buscando responder questões relativas à manutenção dos planos diante de diferentes gestões municipais e ao longo processo de maturação e implantação dos mesmos, bem como o modelo de cidade gerado pelas cidades orientadas pelo consumo, um dos problemas da contemporaneidade da globalização e do capital, assim como a desindustrialização. Trazidos para o contexto da globalização periférica a qual o Brasil se encontra este processo de espetacularização das cidades é abordado. Segue-se com uma abordagem relativa às políticas públicas e o processo de planejamento urbano baseado em índices e parâmetros.

Aborda ainda os projetos urbanos voltados para as frentes aquáticas, das quais podem se enquadrar a OUCT II e os três estudos de caso, a Expo’98, o Parque Linear do Rio Manzanares e Porto Madero, que são abordados neste capítulo como exemplos de sucesso já implantados por completo, trazendo suas características dentro de seu contexto, as dificuldades encontradas no desenvolvimento e implantação, suas relações público-privadas e o seu legado, utilizado para tecer um quadro comparativo no capítulo 3. Enfoca ainda as características relativas à unifuncionalidade e à multifuncionalidade dos centros urbanos e as suas implicações nos projetos de requalificação ou renovação urbana. Por fim aborda as características da pós-modernidade, principalmente defendidas por Harvey (2011) no desenvolvimento das cidades que representam a cidade produzida por imagens, mas que tenta resgatar o desenho urbano, suas características históricas e a vida da cidade.

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Urbana Consorciada no país, as aplicações do Estatuto da Cidade, o instrumento de Contrapartida, a Outorga Onerosa pelos CEPACs, bem como os problemas decorrentes de sua implantação. Em seguida focam-se a OUCT II com suas principais características, os antecedentes históricos do município de Osasco, as principais políticas metropolitanas que possam influenciar o objeto de estudo. Reflete-se sobre o Plano Diretor Municipal vigente de 2004 e relatam-se as propostas do Plano Diretor Estratégico, ainda não aprovado, observando as condições que propiciaram a implantação da Operação Urbana, já definindo a área para uma requalificação urbana. Aborda-se as políticas públicas da gestão entre 2005 e 2013, período compreendido entre a elaboração do plano, sua aprovação e início da implantação, gestão que se manteve sobre a mesma legenda política, o que assegurou a sua continuidade até o momento.

Aborda ainda a Operação Urbana Consorciada Tietê I de 2008, também prevista nas diretrizes do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano vigente, revisada em 2013, que estabelece diretrizes semelhantes à OUCT II, situando-se oeste desta. Descreve-se sobre os efeitos da implantação de uma Operação Urbana no município e se analisa graficamente por meio de mapas que são produzidos a partir de visitas in loco e revelam as principais características de uso de solo, malha viária, infraestrutura e conexões, número de pavimentos, estado de conservação e zoneamento da área de intervenção, assim como as potencialidades e deficiências do território observadas e esquematizadas. Finalizando com as primeiras formulações do arquiteto Vigliecca e os seus ideais e processo de planejamento.

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lei, bem como as diretrizes de uso e ocupação do solo, as estratégias de intervenção e a participação pública e privada.

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1. PROJETO URBANO E GESTÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

URBANAS

1.1. O PROJETO URBANO NA CIDADE ORIENTADO PELO CONSUMO

Aqui se discute os princípios do urbanismo e suas transformações no decorrer do tempo desde os primeiros grandes projetos urbanos, da década de 70, que nortearam os processos de urbanização e formaram as grandes cidades. Levantam-se questões que tentarão Levantam-ser respondidas no deLevantam-senvolvimento da disLevantam-sertação: Como os índices urbanísticos e os planos urbanos foram gerados pela cidade orientada pelo consumo? Como o desenvolvimento urbano é instituído em função da sociedade de classes?

O tema principal a ser discutido aqui são os projetos urbanos e as intervenções urbanas, com base nos principais conceitos analisados, como a inclusão social, territorial e urbana, operações urbanas. É necessário aqui definir tais conceitos, buscando responder as questões colocadas, citando vários autores que vem abordando esses conceitos, formando o quadro teórico para a análise do caso da Operação Urbana Consorciada Tietê II, no município de Osasco. Na sequência define-se uma metodologia de análise e diagnóstico deste caso urbanístico.

As intervenções urbanas são meios de aumentar o grau de competitividade a nível global das cidades, com os processos de renovação comandados pelo capital. Vaz (1999) define que na Europa os projetos de revitalização ou requalificação dos centros são os que criam novos polos de centralidade em terrenos vazios e espaços intersticiais, principalmente antigas zonas industriais, portuárias e ferroviárias. A nível internacional o núcleo central das cidades passa por diferentes intervenções, baseadas em três diferentes modelos básicos: a) o modelo baseado nos princípios de Haussman, em Paris; b) renovação urbana, se apoiando nos princípios modernos e; c) revitalização urbana, mais respeitosa com o meio existente, que recupera os elementos existentes.

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destes projetos, como o caso das Docklands, em Londres, as margens do Rio Tamisa, criado e financiado pelo governo local com parcerias privadas para criar zonas empresariais, devido à privatização excessiva que ocorreu pelo fato de no local ter se instalado um centro financeiro mundial (DEL RIO, 2001 e BREEN; RIGBY, 1996), podendo ser definido como “sucesso comercial e um fracasso social e urbanístico” por Compans (2004); ou a Expo de Sevilha, em 1992 que não obteve sucesso devido à falta de multifuncionalidade do uso do solo e a falta de integração com o tecido existente (SCHERER, 1998). Geralmente, os projetos urbanos recentes visam recuperar antigas áreas industriais obsoletas, velhos portos desativados e estações ferroviárias, principalmente grandes áreas de sua orla que necessitam de uma reestruturação de sua função.

Para compreender os processos de intervenções urbanas propostos atualmente tem-se que enquadrar a cidade não mais como um aglomerado disperso, mas como uma rede de sistemas complexos e difusos. Os novos projetos urbanos buscam ocupar estes espaços residuais recuperando o tecido urbano e se aproveitando das infraestruturas existentes.

Monte-Mór (2006) aborda os discursos contemporâneos a partir da década de 90 acerca da globalização das cidades, passando por autores como Sassen que definiu nos anos 90 Nova York, Londres e Tókio como cidades globais que estavam no centro de comando desta economia, definindo-as também como principais centros de produção e de consumo.

As intervenções urbanas, decorrentes dos processos de requalificação urbana, entre outros, resultam da lógica capitalista, da sociedade de consumo que promove o comércio, a industrialização e a consequente migração do homem do campo para a cidade, alterando o meio urbano, valorizando certas áreas, territórios da elite burguesa, menosprezando ou segregando outras. Estas intervenções revelam-se já importantes no século XVII, em Roma1, com modificações na área central prevendo eixos monumentais e também na revitalização de Paris feita por

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Haussman em meados do século XIX que se mostraram marcos nas transformações urbanas (GONSALES, 2005).

Nas intervenções urbanas de requalificação, muitas vezes, ocorre um processo de gentrificação, como um processo de caráter excludente2, que busca privatizar e aumentar o preço da terra, guiado pelo mercado imobiliário, expulsando os moradores tradicionais, normalmente de classe social mais baixa. Apesar do processo de gentrificação ser inerente a qualquer requalificação urbana e essencial para a manutenção da vida das cidades, ao requalificar uma área, é importante prever, quando possível, instrumentos de garantia de manutenção da população no local, com a previsão de cotas de habitação, assegurando a remoção da população necessária para áreas mais próximas, mitigando os efeitos deste processo.

Neil Smith (2007) define o processo de gentrificação como parte integrante do processo de reestruturação do espaço urbano, de modo a identificar a essência da exclusão social, definindo a fronteira urbana como algo a ser conquistado pelo capital e remodelado. Revela que as áreas centrais, principalmente nas sociedades norte americanas, entre os anos 50 e 60, eram decadentes, pois estavam deterioradas, de modo que a população detentora do capital foi se transferindo para a periferia com o passar do tempo. A produção do espaço foi se tornando desigual, tornando a gentrificação e a reestruturação do espaço partes da diferenciação do espaço urbano, em um processo liderado por "pioneiros e proprietários individuais". Entretanto, o processo de gentrificação é identificado como essencial para as mudanças necessárias ao meio urbano e a sociedade, ideia que se vincula pelos veículos de comunicação, como testemunho do resultado do trabalho de uma família ou indivíduo.

Identifica-se que, a reestruturação urbana, é produto do desenvolvimento desigual do capitalismo, ou do que Smith (2007) chama de "rent gap", ou do máximo aproveitamento das rendas, ou a diferença entre a renda do solo atual e a renda do solo prevista pelos incorporadores, resultado na desvalorização do capital no ambiente construído. Esta constante reestruturação ou requalificação das cidades pode representar a necessária constante adequação do meio em que vivemos as nossas necessidades, porém, a velocidade e intensidade com que este processo

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vem se instaurando não é natural, mas podem ser explicados por diversos fatores, entre eles a suburbanização em conjunto com o diferencial de renda, a desindustrialização crescente, a centralização espacial e descentralização do capital e as mudanças demográficas. A expansão periférica é entendida por Smith como um produto da centralização do capital, necessária para a manutenção do capitalismo, impulsionando uma alta taxa de lucro, de modo que, ao termos um movimento de capital que leva o lucro para as periferias, tendo os dois movimentos contraditórios simultâneos, diminuindo o preço de terra nas áreas centrais.

Verificam-se a nível internacional alguns pontos importantes nestas experiências, como em Porto Madero, em Buenos Aires, que é estudado com mais afinco no Capítulo 4, promovendo a ativação da memória e a recuperação do patrimônio histórico, a convivência com o novo, e as questões ambientais. No caso de Bilbao, a implantação do museu Guggenheim funciona como arquitetura do espetáculo (Figura 1), uma âncora para atrair novos investimentos e turismo para a região fazendo parte de um projeto mais amplo que retirou o antigo porto e promoveu a recuperação da frente aquática configurando-se como um novo percurso de pedestres com áreas verdes e outros equipamentos implantados (MINGUET, 2010). Outros exemplos acompanham este modelo como a recuperação do Parque Rio Manzanares em Madri e a revitalização promovida pelo Plano de Urbanização da Expo 98, em Lisboa a serem abordadas posteriormente.

Figura 1 Reconfiguração de Bilbao, museu Guggenheim, âncora do projeto urbano. FONTE: WWW.WIKIPEDIA.ORG (2013).

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urbanas, como as operações urbanas, promovendo um impacto no desenvolvimento urbano (SOMEKH, 2008).

No contexto brasileiro, os grandes projetos urbanos tomaram maior dimensão na década de 90, como observa Ultramari (2013) ao identificar um grande número de projetos referentes à requalificação de áreas centrais degradadas com potencial histórico e cultural pelo país neste período, valorizando o preço da terra, atraindo o interesse do mercado imobiliário e excluindo a população local para áreas mais periféricas.

O conceito de intervenção ou requalificação urbana pode ser entendido também como uma acupuntura urbana (LERNER, 2010), que se baseia no conceito da “metástasis benignas” 3 urbana de Oriol Bohigas, empregado no Plano de Cerdá para Barcelona (ALMEIDA, 2006) que funciona como uma intervenção pontual que onde a revitalização urbana potencializando a revitalização de seu entorno de forma radial e envolve recuperação de uma área doente, degradada ou subutilizada, criando reações em cadeia, como uma mancha de óleo que vai contaminando tudo a seu redor. Segundo Lerner as intervenções vistas desse modo visam “recuperar as feridas que o próprio homem produziu na natureza”, de modo que uma boa acupuntura urbana visa recuperar uma área dos problemas trazidos pela ocupação desordenada. A Operação Urbana Consorciada Tietê I e II, em Osasco é uma paisagem passível de transformação, potencial de mudanças, polo centralizador, buscando amenizar os problemas locais e a exclusão social, física e territorial. Segundo o autor, uma boa acupuntura deve resgatar ou criar uma identidade de uma região ou população, algo com que a sociedade se identifique, de modo que ela mesma possa preservar e cultivar o local projetado, mantendo um sentimento de pertencer ao local, que deve ter a escala do usuário e fazer parte do ambiente natural.

O projeto urbano é definido por uma proposta projetual arquitetônica de transformação no espaço da cidade por uma ação intencional. É uma intervenção urbanística que visa reduzir os problemas de um planejamento urbano composto por planos diretores e zoneamentos, leva em conta a identidade e os problemas locais, corrigindo suas falhas criando oportunidades. Diferentemente das políticas

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anteriores definidas pelo Plano Diretor, o Projeto Urbano exige que se projete pensando no capital financeiro e nas reais condições de construção, sendo necessário definir uma estratégia para a construção de um espaço público que se encaixe á necessidade dos problemas (VASCONCELOS, 2006).

É importante salientar que o termo requalificação urbana é distinto dos outros: renovação e reabilitação; de modo que se faz necessária a distinção dos mesmos. A renovação urbana se relaciona às ações humanas que não levam em consideração à manutenção do existente, à conservação do patrimônio. Já a revitalização e a requalificação são tidas como intervenções mais respeitosas com relação á cidade, buscando uma compreensão mais ampla do ambiente de intervenção, preservando as características culturais locais, as relações sociais e sua relação com o entorno. A reabilitação se refere ao resgate das características ambientais e econômicas do sítio, normalmente decorrentes do processo de industrialização, devolvendo estas áreas degradadas e obsoletas ao contexto econômico e social da cidade (FIGUEROLA, 2006).

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Discutir o termo exclusão social, que é de origem francesa, onde os excluídos são os indivíduos concebidos como resíduos, assumindo feições de pobreza, cabendo ao Estado à obrigação de ajudar na inclusão dos mesmos. A exclusão se apresenta em aspectos relacionados ao acesso ao emprego, bens e serviços e a falta de segurança, justiça e cidadania (FISCHER, 2001).

A cidade tida como “virtual” oculta à “cidade real”, a cidade da maioria, onde a segregação urbana é claramente visualizada com a concentração espacial da pobreza nas periferias (MARICATO, 1996).

A cidade pode ser entendida como uma aglomeração de grande população em um espaço limitado criando o mercado e gerando a imagem da cidade como centro de produção e consumo, levando-a uma cidade cenária, propagada pela mídia, que abastece a sociedade de consumo. A transformação da vila medieval em cidade capital reorganiza radicalmente a organização das cidades, tratando a terra como mercadoria e divide a sociedade em classes gerando a segregação urbana que gera diferentes tipologias de lugares, tornando a cidade fragmentada, composta de muitos territórios (ROLNIK, 2004).

A periferização das metrópoles, tanto para as classes de renda mais baixas que são marginalizadas, tanto para as classes mais altas que se isolam em condomínios fechados ou simulacros, acabam por revelar a sociedade onde a exclusão social aumenta cada vez mais, bem como as lutas de classes se aprofundam, revelando à cidade do espetáculo, a cidade do consumo, a cidade virtual, onde é seguro apenas o convívio entre iguais (MONTE-MÓR, 2006).

A segregação pode ser identificada pela separação de funções na cidade, tornando-se evidente a utilização das ruas e do transporte público, como espaços de fluxo, revelando algumas cidades dormitórios e áreas exclusivamente de comércio e serviços, redefinindo a noção de espaço público e privado, onde para a burguesia, o espaço público deixa de ser a rua passando a ser locais controlados e vigiados, como os centros comerciais ou suas próprias casas, definindo as ruas e os espaços realmente públicos como perigosos, com riscos de contaminação e de desordem.

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mercado imobiliário, que supervaloriza os resultados espaciais em áreas de seu interesse, consistindo em uma ferramenta de ação no desenvolvimento urbano homogêneo, dotando porções grandes do território que possuem o mesmo zoneamento ou índices urbanísticos.

As cidades orientadas pelo consumo vivem em intensa competição e tem sido objetos de constantes requalificações e remodelações para se adaptarem as novas demandas e modos de vida que inserem as cidades na disputa internacional, de modo que a sua estrutura física se torna obsoleta. Exemplos deste processo podem ser vistos nas antigas zonas portuárias ou industriais que envolvem discussões com relação a sua estrutura fundiária (RUBANO, 2013).

A DESINDUSTRIALIZAÇÃO E AS MUDANÇAS DE PARADIGMA NO URBANISMO

No final do século XIX, na Europa, os problemas territoriais e sociais oriundos do capitalismo originaram preocupações higienistas que foram à base do urbanismo funcional utilizado até hoje em algumas cidades. Trazidos para o contexto brasileiro, as heranças da colonização portuguesa, assim como o processo histórico de urbanização sempre estiveram ligadas ao Estado como produtor do espaço. Com o advento do capitalismo no país, a área urbana começa a inchar devido à produção industrial concentrada nas capitais. Reschilian (2010) argumenta que o avanço do crescimento industrial ocorrido no país em um curto intervalo de tempo, se comparado ao contexto europeu, não permitiu o desenvolvimento urbano planejado, de modo que todas as ações que se seguiram neste período foram corretivas. Nas raízes coloniais se verifica as raízes da desigualdade no Brasil, principalmente devido à estrutura produtiva, mudando da economia agrária para industrial, com o trabalho assalariado. Esse processo manteve a concentração da riqueza nas mãos da elite, minoria, promovendo uma inclusão social insuficiente, gerando segregação espacial. A partir de 1970 o processo de urbanização se acelera no país, indo de 18,8 milhões de habitantes em 1950 ultrapassando os 190 milhões de habitantes em 2010 e estimado em mais de 200 milhões de habitantes em 2013 (IBGE).

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âmago do problema de causa e efeito gerado pela urbanização, a consequente industrialização e o desenvolvimento social. A autora identifica o meio urbano como agente de transformação dos grupos sociais, alterando o espaço coletivo. Defende que o ponto de superação da fase colonial é identificado pela transformação da economia com a potencialização da urbanização e, consequentemente, o processo de industrialização, que possibilitou a instituição de um mercado nacional, interligando os aglomerados urbanos. No início da década de 60 o processo de urbanização se intensificou, gerando problemas urbanos e sociais, de modo que, surgiram linhas de pensamentos relativos á sociologia urbana. O novo meio urbano torna inapropriado estudos exaustivos de determinada cidade, de modo que os pesquisadores passaram a se ater a estudos de parcelas menores do território. Neste contexto os conflitos na metrópole passaram a se tornar o objeto de estudo, como os problemas decorrentes do inchaço populacional, a migração e as formas de ocupação do território.

Ao analisar a expansão da população urbana no Brasil, conforme quadro panorâmico a seguir, Blay (1974) verificou que entre 1940 e 2010 a população urbana passou de 31,24% do total á 84,36% da população total do país. O que ocorreu neste período foi a transição entre o período de 1940 á 1960, passando pelo crescimento demográfico urbano até seu ápice no país, resultante da industrialização, até chegar a desindustrialização dos grandes centros que teve seu início em 1970. De 1940 para 1970 a população urbana cresceu 12%, porém o desenvolvimento urbano com suas infraestruturas e ordenação do território se desenvolveram lentamente. O processo de urbanização que ocorreu no Brasil no período de 1940 á 2010 revela que a população urbana passou respectivamente de 31,24% para 84,36% no período.

Pode-se analisar a expansão urbana no Estado de São Paulo de forma gráfica a partir dos mapas do IBGE que mostram a evolução urbana de 1940 á 2000

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Figura 2 Panorama da evolução urbana no Estado de São Paulo de 1940 á 2000. MONTADA PELA AUTORA A PARTIR DE DADOS COLETADOS EM IBGE(2010).

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produtos e serviços, de modo a constituir um grande mercado, iniciando o mercado capitalista. Com a expansão do mercado de consumo começam a surgir os problemas sociais: a falta de emprego formal e o crescimento do informal, principalmente devido à divisão do trabalho gerando a divisão de classes e a afirmação de uma classe em ascensão (BLAY, 1974).

Os projetos urbanos na Europa influenciaram os projetos urbanos no país, como o plano para Belo Horizonte de Aarão Reis baseado nos princípios de Haussmann de Paris, que foram seguidas por outras capitais como Manaus, Belém, Rio de Janeiro e São Paulo. A partir do século XX surgem várias influencias no Brasil, passando por aspectos racionais á aspectos sociais revelando que a principal herança do período entre guerras para a urbanização é a instituição do zoneamento que foi inspirado na Carta de Atenas, que rege a maioria das intervenções urbanas no Brasil até os dias de hoje. Em decorrência da lógica higienista de Haussmann, visando o controle dos conflitos sociais promovidos pela justaposição das diferentes classes no mesmo espaço em expansão devido à industrialização e a urbanização crescente, a lógica do zoneamento e da cidade racional foi colocada em exercício em prol da divisão hierárquica da cidade ligada à lógica produtiva industrial segundo seu papel neste processo (MONTE-MÓR, 2006).

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Os anos 60 foram marcados pela crise do capitalismo no mundo, evidenciando a crise do Estado do Bem Estar Social, restrito aos núcleos urbanos industriais, que se revelaram inviáveis. Nos Estados Unidos a crise do capital foi identificada em 1970 e serviram de base para redefinir o papel do Estado. Os problemas da cidade do capital podem ser identificados como: o inchaço sem planejamento da área urbana, a exclusão social estratégica das classes de trabalhadores, a repressão social com o consumo dirigido gerando uma sociedade virtual que produzia espaços virtuais. O Brasil por sua vez sofreu um processo de urbanização intenso em pouco tempo reestruturando seu espaço urbano e a sociedade em geral, tendo o direito á cidade como questão apreendida nos anos 60 (MONTE-MÓR, 2006).

Neil Smith (2007) relata que o enfraquecimento de alguns setores econômicos se associa á desvalorização do capital investido nas áreas centrais, fator que se liga muitas vezes ao processo de desindustrialização em estágio inicial em algumas economias capitalistas avançadas e parcial em algumas economias de países emergentes a partir da década de 60, como o Brasil. A maioria das economias industriais tiveram redução na sua força de trabalho desde este período, bem como modificaram sua base fabril para áreas periféricas ou para regiões metropolitanas ou polos industriais, onde incide um menor imposto. Dessa forma as áreas urbanas passaram por transformações, pois perderam grande parte de seu investimento e ganharam áreas ociosas, bem como outros setores econômicos, como o setor de serviços passou a ter maior importância na economia e na característica das áreas urbanas.

A acumulação do capital torna-se uma necessidade social de modo que a expansão do capital revela o processo de descentralização e o desenvolvimento da metrópole se torna produto da centralização espacial. Desta maneira a suburbanização da indústria representa o enfraquecimento da lógica de aglomeração de capital, entretanto o setor de serviços, que vem se acumulando em pontos estratégicos ou polos regionais revelam que a aglomeração e suburbanização podem coexistir (SMITH, 2007).

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um novo interesse imobiliário para as áreas centrais de Lisboa, na mesma medida em que ocorre uma expansão periférica onde todas as transformações na cidade fazem parte do fenômeno da reestruturação urbana. O processo de desindustrialização fez com que os centros abrigassem o setor terciário e de serviços que tomaram força, mas também entrassem na lógica da descentralização, não de capital, mas de desenho da cidade. Desta forma a reestruturação urbana determinou as alterações no mercado e as localizações dos diversos segmentos de acordo com suas necessidades específicas, modificando a sociedade industrial e levando a uma sociedade do consumo, promovendo uma alteração no capitalismo e uma competição entre cidades, que se torna clara na Expo’98, de Lisboa.

Essa descentralização das funções, contradizendo o urbanismo moderno de instituição de zonas e usos de solo criou uma nova paisagem urbana e gerou novos polos centralizadores, que não mais, no centro geográfico das cidades, período em que começam a surgir os grandes projetos urbanos (SALGUEIRO, 1994). É comum em muitos países da Europa, como Portugal, verem a revalorização por parte do mercado imobiliário das áreas centrais, promovendo nestas áreas habitação para a classe média alta, garantindo um novo conceito de morar: se aproveitando da infraestrutura existente, conceitos estes que não se observam em São Paulo, onde a região central esta desvalorizada.

O processo de urbanização tem apresentado um impacto ambiental, social e territorial extremamente negativo, gerando poluição do ar, dos recursos hídricos, impermeabilização dos solos que deveriam ser preservados, entre outros fatores, acarretando conflitos envolvendo a população de baixa renda. Esse quadro acaba afetando toda a população que, sem alternativas, ocupa áreas inadequadas e de risco (MARTINS, 2006).

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Figura 3 Esquema referente ao processo de ocupação da cidade de São Paulo.

MONTADA PELA AUTORA A PARTIR DE DADOS COLETADOS NO LIVRO MORADIA E MANANCIAIS TENSÃO E DIÁLOGO NA METRÓPOLE.

EDITORA FAPESP,FAUUSP,SÃO PAULO,2006.M.L.R.MARTINS.

A segregação urbana é uma das faces mais importantes da exclusão social, trabalhando como um motor indutor da desigualdade, sendo que a dificuldade de acesso aos serviços e infraestruturas urbanas se somam às menores oportunidades de emprego e profissionalização, maior exposição à violência, discriminação racial, discriminação de gênero e idade e difícil acesso à justiça oficial e ao lazer. É nas áreas desprezadas pelo mercado imobiliário privado e em áreas públicas situadas em regiões desvalorizadas que a população de baixa renda vai se instalar Uma construção ideológica define a imagem da “cidade virtual” que encobre a “cidade real”, cidade da maioria, onde os poderes executivos concentram seus investimentos na cidade legal. As grandes cidades brasileiras apresentam uma conjunção de esforços para a produção de novas centralidades urbanísticas relacionadas a um cenário de distinção alimentando a valorização imobiliária, basta observar o entorno do Rio Pinheiros em São Paulo, que concentrava a maior parte das infraestruturas do município. A desigualdade urbanística é evidenciada pela segregação territorial, de modo que os problemas urbanísticos são ocultados pela “cidade virtual” (MARICATO, 2001).

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Figura 4 Participação da indústria no PIB nacional.

FONTE:IBGE. EM WWW. PORTAL.MTE.GOV.BR, ACESSADO EM 05/05/2013 ÁS 20HS.

A produção dos vazios urbanos foi consequência do modo de expansão da cidade com os loteamentos descontínuos, entretanto a sua manutenção se deve a falta de instrumentos legais que penalizem a retenção ociosa dos terrenos (CASTRO, 2006). Os problemas referentes aos vazios urbanos encontrados nas grandes cidades de acordo com Silva (1999), de modo que a ação do poder público de levar a população de baixa renda para áreas mais periféricas se explica simplesmente pela força do mercado imobiliário, que entende os conjuntos de HIS como agentes que desvalorizam o entorno. Esse quadro acaba contribuindo com a exclusão social e territorial, fazendo com que essa população de baixa renda seja deslocada para áreas de pouca infraestrutura, ao invés de serem remanejadas para os vazios urbanos da cidade ou para áreas subutilizadas, principalmente as regiões centrais, que já são providas de infraestruturas.

O INÍCIO DOS PROJETOS URBANOS NA EUROPA

Os grandes projetos urbanos ou os megaprojetos tomaram força na Europa a partir de 1970 em um cenário de mudanças políticas, entre eles o declínio da União Soviética, a vitória do capitalismo, o incremento das migrações que resultaram no inchaço urbano e a consequente especulação imobiliária que tomou força. Neste período é fácil se encontrar na Europa projetos como o Centro Cultural de Belém,

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em Lisboa, de Manuel Salgado (Figura 5), desproporcional á necessidade local como uma arquitetura de grandes dimensões imposta à cidade (GHIRARDO, 2002).

Figura 5 Imagem do Centro Cultural de Belém. AUTORIA PRÓPRIA,2010.

Monte-Mór (2006) revela que as grandes intervenções urbanas se iniciaram na Europa no final do século XIX com a crise da metrópole industrial que representava a transformação da sociedade burguesa capitalista trazendo o centro do poder para a classe trabalhadora. Essas intervenções incorporaram as preocupações higienistas da cidade moderna com a requalificação de áreas degradadas. Com a industrialização o problema da habitação na Europa tornou-se objeto central das preocupações das políticas públicas, pois era uma demanda exigida pelos trabalhadores da crescente industrialização, o que gerou as vilas operárias, construídas pelo Estado e pelos empresários. Essa imensa expansão demográfica gerou também sérios problemas sociais, como sanitários e de locomoção, de modo que, os grandes projetos urbanos, para sanar esse déficit habitacional com a habitação popular e seus problemas, tomaram lugar nas políticas públicas urbanas, de modo que se priorizou o transporte público em muitas cidades como Londres e até mesmo na América Latina, como a Argentina, que passa a determinar o fator indutor da expansão urbana.

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tabula rasa executado pelo Estado, considerado o primeiro plano regulador para uma metrópole industrial em expansão, com os princípios da racionalidade urbanística, destruindo áreas tradicionais da cidade (GONSALES, 2005).

Os megaprojetos, como o parque temático da Disney expressa o projeto da cidade do consumo gerado pelo capitalismo. O primeiro aborda uma cidade cenário, um local tido contemporaneamente como espaço público, porém destinado à classe média e alta, de maneira que exclui a maior parcela da população, a de baixa renda, designando para ela os territórios marginalizados e segregados da cidade formal (GHIRARDO, 2002).

Ao definir a cidade do consumo tem-se que compreender primeiramente o conceito de espaço público. Este conceito está ligado à simbologia do cenário da vida social, é denominado como um espaço que sobra entre os edifícios, um local onde as pessoas se encontram, conversam e expressam suas alegrias e dores coletivas (MACHADO, 1998). É um lugar pertencente ao indivíduo, representação da esfera pública, local de exercício da democracia. Historicamente, estes espaços eram ambientes onde os cidadãos livres podiam exercer sua cidadania, porém eram espaços burgueses, excluindo os indivíduos por classe, sexo e raça, de modo que havia uma seleção dos cidadãos. Desse modo o conceito de espaço público divulgado hoje em dia mascara práticas excludentes, delimitando a noção de espaço público a centros comerciais, shoppings e parques temáticos. Estes espaços públicos foram divididos em duas categorias no final do século XX: espaços de consumo e de segregação, baseados no mundo da Disney, controlados, monitorados e espetaculares, considerados como única atividade pública da cidade contemporânea (RESCHILIAN, 2010).

A relação entre os espaços públicos e privados ocorre por uma área de transição, com espaços de convivência, de percurso entre dois pontos, que é instituída pelos transportes coletivos e individuais. Os espaços públicos, com suas estruturas de malhas e tecidos urbanos, são elementos estruturadores do território, organizando o mesmo, estabelecendo hierarquias e ligações.

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Paris, sem mendigos, mais segura, de modo que a posição social ou a simples aparência passa a ser um meio de exclusão (BAPTISTA 2007).

Tem-se observado a construção das cidades com o fechamento com grades do espaço público, estipulação de horário para funcionamento, retirando o conceito de público. Esses espaços tidos como públicos revelam a exclusão social, se tornando na realidade espaços elitizados e não civilizados, cenário que revela o espaço subutilizado, que acaba por gerar criminalidade (BAPTISTA 2007). Os espaços públicos devem ser muito bem projetados, garantindo sua multifuncionalidade e uso em todos os períodos, denotando uma função e papel na sociedade. Devem ter as infraestruturas necessárias para dar suporte a grandes áreas verdes, por exemplo, gerando apropriação mais adequada e transmitindo segurança aos usuários. Entretanto o que se vê é o surgimento de espaços de controle social, bem como a funcionalização dos espaços públicos existentes e a proliferação de lugares não socializados.

Segundo Baptista (2007) os espaços realmente públicos tem se tornado cada vez mais escassos nas cidades, tomados pela nova realidade corporativa, pela sociedade de consumo e pelos meios de comunicação, fragmentando-se em um novo mundo virtual. A promoção do espaço público é dever do poder público, garantindo e zelando pelo interesse público e pelo bem estar da população. Infelizmente esses espaços não são mais do que a representação dos órgãos públicos, transmitindo a simbologia do poder dos mesmos com relação à população. Também é sintomático que os espaços da cidade sejam produzidos pelo mercado imobiliário e não pelo poder público.

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O conceito de Solà-Morales (2002) sobre o vazio e suas relações com os espaços públicos e privados revela-os como territórios esquecidos pelo mercado imobiliário, repletos de memória, reduto de resistência à privatização da globalização. Explica o fato de que, na maioria das vezes, um espaço vazio, ocioso, esquecido pelo poder público e pelos incorporadores pode ser visto mais como um local que pertence a uma identidade de determinada população, sendo preservado de maneira melhor do que um espaço criado pelo poder público para essa mesma população que é descaracterizada, pois não preserva a identidade coletiva.

O espaço público pode ser entendido como um espaço de manifestação da esfera pública, da vida pública e da realização da cidadania, de modo que um espaço democrático pode requalificar o espaço público. A rua é sua principal protagonista podendo ser de uso exclusivo dos pedestres, utilizada para recreação, resgatando seus valores tradicionais, trazendo de volta a escala humana ás cidades (ABRAHÃO, 2008).

Jaime Lerner (2010) explicita a essência do espaço público, na cidade de Curitiba, em sua proposta para a região central, buscando criar sociabilidade, civilidade e comunidade, com a “rua tradicional, linearmente definida, garantidora da continuidade nas cidades, lugar do encontro e da descoberta”, se contrapondo a Carta de Atenas, agrupando todas as funções da cidade gerando uma única função: o encontro entre as pessoas.

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com os espaços produzidos pelo governo local, onde o indivíduo se sente reprimido e condicionado a viver de determinada maneira, gerando alienação. É necessário tomar cuidado com a proposição de escalas grandes demais, que possam ser imponentes, pois os espaços devem configurar aos usuários o sentimento de pertencimento, para evitar um deserto urbano (HERTZBERGER, 1999).

Já a sociedade brasileira desenvolveu seu processo de urbanização com forte presença do automóvel, exemplificada em São Paulo por Prestes Maia com o Plano de Avenidas, e o desenvolvimento imobiliário, gerando uma urbanização dispersa. Nessa cidade do consumo, o espaço tido como público acaba por se tornar o espaço da minoria, o espaço da cidade virtual, formal, a sociedade da mídia. Dessa forma os planos urbanísticos acabaram sendo comandados e gerados pela sociedade do consumo, que controla o desenvolvimento urbano (ASCHER, 2010).

1.2. CONSTRUÍNDO CIDADES POR MEIO DE ÍNDICES

Os princípios urbanísticos necessitam de uma revisão de sua lógica que se estabelece na cidade contemporânea, de modo a fornecer respostas mais adequadas aos problemas urbanos contemporâneos. A cidade hoje implica em formulações complexas, que devem incluir vários fatores, dentre eles políticos econômicos e sociais.

Pode-se compreender o conceito de políticas públicas urbanas como diretrizes que norteiam a ação do poder público, tecendo regras para a relação entre poder público e privado, estabelecendo mediações entre os atores. São políticas explicitadas em documentos de leis que orientam as ações públicas e a destinação de seus recursos. De modo que, as políticas públicas, traduzem as formas de exercício do poder político, envolvendo as tomadas de decisões que devem levar em conta os interesses coletivos, visando responder as demandas da sociedade (TEIXEIRA, 2002).

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controlar um futuro incerto, baseado em índices urbanísticos, como o zoneamento. Já o neourbanismo, termo elaborado pelo autor para definir as novas formas de intervenção nas cidades que vem sendo adotadas objetivando não o plano urbano em si, mas o seu processo de desenvolvimento que deve contar com todos os agentes envolvidos, inclusive a sociedade civil. Devem-se elaborar vários projetos construindo uma gestão estratégica urbana que visa os objetivos definidos previamente, articulando as mudanças de paradigmas a curto e longo prazo, em todas as escalas, resolvendo os conflitos de interesses, tornando-se estratégico.

Para os urbanistas do período moderno o projeto era considerado apenas um desígnio, um desejo representado por um desenho, já para o neourbanismo é, além disso, uma ferramenta de análise e negociação. Desta forma derruba a antiga linearidade cronológica composta por diagnóstico, identificação do problema, definição do programa, projeto, realização e gestão; partindo para uma gestão heurística, com uma aproximação progressiva do problema, operando em avaliações sucessivas e hipóteses provisórias. Não se baseia em ideologias simplificadas, ou em índices urbanísticos, com visões globais, zoneamentos e funções. A visão de repartição dominante no urbanismo moderno se torna confusa com o neourbanismo, definido como o novo urbanismo, pois não se identificam mais os espaços públicos e privados, bem como de quem é a responsabilidade pela produção das cidades, havendo uma nova realidade: as parcerias e concessões, tendo o Estado mais como um agente regulador, fiscalizador e intermediador, do que como agente elaborador de projetos urbanos (ASCHER, 2010).

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reestruturação dos princípios do urbanismo, inserindo os edifícios multifuncionais com o intuito de garantir a vitalidade das cidades.

Koolhaas (1972) defende em seu projeto teórico “Exodus – os prisioneiros voluntários da arquitetura” uma critica a cidade racional e funcional, ao zoneamento, evidenciando o papel do arquiteto nas intervenções urbanas. O projeto urbano deve conectar a cidade com a arquitetura e depende somente da capacidade do arquiteto em imaginar seu projeto perante a cidade, não se tratando de um plano urbanístico ou de um regulamento, mas pensar em novos instrumentos urbanísticos.

Monte-Mòr (2006) revela que, no Brasil, o controle e uso do solo resultantes do zoneamento visam resolver o conflito entre a propriedade privada do solo e as demandas coletivas do espaço urbano, de modo que, são criados órgãos técnicos de planejamento local que, no final, acabam por seguir os interesses e a lógica capitalista burguesa.

Nos projetos urbanos é necessária a gestão da identidade que seja responsável pelo projeto de modo a ultrapassar o tempo do governo, garantindo a continuidade da execução (SILVA, 2012).

No Brasil, a avaliação de políticas públicas assume contornos conceituais pouco precisos. As políticas públicas urbanas possuem um novo marco estabelecido pelo Estatuto da Cidade, definido pela Lei Federal n.10.257/2001, que definiu novos instrumentos modificando as formas de atuação do poder municipal e dos demais agentes envolvidos (ALVIM, 2010).

No Brasil, a discussão em torno das políticas públicas iniciou-se em 1963 com o Fórum de Reforma Urbana que foi promovido pelo IAB, no Rio de Janeiro, paralisado pelo regime militar durante o período de 1964 á 1985. Com a retomada do processo democrático foi estabelecida a Constituição de 1988, só efetivada em 2001 com a Lei Federal 10257/2001, o Estatuto da Cidade. Ele é definindo a função social da cidade, possibilitando a regularização das áreas irregulares e a participação da população no desenvolvimento urbano.

Referências

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