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Gestão de valores locais e desenvolvimento: o caso do concelho do Peso da Régua

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Academic year: 2021

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Gestão de Valores Locais e Desenvolvimento: O caso do Concelho do Peso da Régua

Dissertação de Mestrado em Gestão

Daniela Sofia Cardoso Osório

Orientador: Professor Doutor Artur Cristóvão

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Daniela Sofia Cardoso Osório

Gestão de Valores Locais e Desenvolvimento: O caso do Concelho do Peso da Régua

Dissertação de Mestrado em Gestão

Orientação:

Professor Doutor Artur Cristóvão

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2014

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Dissertação apresentada à

Universidade de Trás-os-Montes e

Alto Douro, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Mestre

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Agradecimentos

A realização deste estudo não seria possível sem o apoio de inúmeras pessoas que, directa ou indirectamente, contribuíram para que este trabalho fosse possível.

Em primeiro lugar quero agradecer ao meu orientador, Prof. Doutor Artur Cristóvão, pela disponibilidade que sempre demonstrou, pelas críticas e conselhos que manifestou ao longo do trabalho. Pelo carinho e pelo à vontade que sempre revelou em qualquer circunstância.

Agradeço, a todos inquiridos, pelas entrevistas concedidas, pela disponibilidade, e sobretudo pelas opiniões pessoais que me transmitiram e me ajudaram a perceber melhor qual o papel das entidades locais na valorização e dinamização dos recursos do concelho.

O sorriso e a paixão enorme que alguns deles demonstram ao falar no concelho do Peso da Régua, fizeram-me sentir que este trabalho era ainda mais gratificante do que eu imaginei. Sem eles este estudo não seria possível.

Por último, quero agradecer à minha família, Filipe, Pedro e Clara, e aos meus amigos, pelas palavras de apoio e incentivo e pelo carinho que sempre manifestaram.

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Resumo

O património natural, cultural, edificado e as fortes potencialidades turísticas são as principais amenidades que caracterizam uma região e que promovem o seu desenvolvimento. O concelho do Peso da Régua possui uma vasta riqueza local, apresentando uma diversidade única de recursos, onde se destacam as paisagens, o Rio Douro, a vinha e o vinho.

O presente trabalho teve como objectivo a recolha e análise de informação relativa à gestão dos recursos e desenvolvimento no concelho por parte dos actores locais, perceber até que ponto são geradas sinergias na promoção turística, na preservação e dinamização de recursos, na fixação da população e consequentemente no desenvolvimento local.

Esta dissertação está estruturada em duas partes distintas, numa primeira parte foi elaborada uma pesquisa bibliográfica que aborda as amenidades rurais e o desenvolvimento local, interligando-os futuramente ao Município do Peso da Régua. Posteriormente foram realizadas entrevistas de carácter qualitativo a responsáveis/colaboradores de organizações locais, que foram analisadas e comparadas entre si.

Os resultados obtidos demostram que muito se tem feito para dinamizar os recursos do concelho, porém há ainda um longo caminho a percorrer nesta área.

Palavras-chave: Amenidades locais; turismo; gestão de recursos; desenvolvimento local.

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Abstract

The natural, cultural and built heritage, and strong potential for tourism are the main amenities that characterize a region. The municipality of Peso da Régua has extensive local wealth, presenting a unique range of resources which are mainly highlight the landscapes, the Douro River, the vineyard and the wine.

The present study was aimed at collecting and analyzing information on the management of resources and development in the county by local actors, and know the extent to which synergies are generated in tourism promotion, preservation and promotion of resources, in determining the population and consequently in local development.

This thesis is structured in two parts, a first part we present a literature that addresses rural amenities and local development, linking them to the future of Peso da Régua. Later, interviews of qualitative nature to responsible / employees of local organizations, which were analyzed and compared.

The results show that much has been done to streamline resources, but there is still a long way to go in this area.

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Índice

1. Introdução………..1

2. Abordagem conceptual: Amenidades Rurais e Desenvolvimento no Município de Peso da Régua………3

2.1 Amenidades Rurais………..………...…3

2.1.1 Amenidades Rurais – definição e tipologia………...………3

2.1.2 Características das Amenidades Rurais……...………..5

2.1.3 Categorias das Amenidades Rurais………...…..………...8

2.2 Amenidades, Valores e Desenvolvimento……….…………10

2.2.1 Factores que bloqueiam e factores que favorecem o desenvolvimento local.. ………..16

2.2.2 O Despovoamento e a Valorização dos Recursos………22

3. Metodologia…….………....25

3.1 Tipo de Estudo….….………..………25

3.2 Inquérito por Entrevista…...………25

3.3 População em estudo...………26

4. Resultado e Discussão……….28

4.1 Breve Caracterização do Concelho………..28

4.2 Características das Organizações……….30

4.3 O Município do Peso da Régua e os Valores Locais...………33

4.3.1 Valores Naturais………..………36

4.3.2 Valores Patrimoniais Edificados………….………41

4.3.3 Valores culturais………..46

4.4 Visão dos Inquiridos………50

5. Conclusões………...………73

Bibliografia………..………76

Anexos………...………..83

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Lista de Figuras

Figura 1 – Localização do concelho de Peso da Régua Figura 2 – Freguesias do concelho de Peso da Régua

Lista de Quadros

Quadro 1 – Características das Amenidades Rurais

Quadro 2 – Características existentes sobre o comportamento da procura de Amenidades Quadro 3 – Categorias de Amenidades Rurais

Quadro 4 – Estrutura das características essenciais dos actores locais Quadro 5 – Elementos caracterizadores do mundo rural

Quadro 6 – Factores que bloqueiam e favorecem o Desenvolvimento Rural Quadro 7 – Organizações inquiridas

Quadro 8 – Actividades desenvolvidas pelas organizações

Quadro 9 – Recursos que deveriam ser mais valorizados e aproveitados Quadro 10 – Medidas e acções realizadas na gestão dos recursos

Quadro 11 – Factores facilitadores e obstáculos à valorização dos recursos locais Quadro 12 – Potencialidades, pontos fracos e ameaças na valorização dos recursos do concelho

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Lista de Siglas

ACIR – Associação Comercial e Industrial dos Concelhos do Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião e Mesão Frio

ADR – Associação para o Desenvolvimento da Régua ADV – Alto Douro Vinhateiro

ADVID – Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

CGEA Baixo Corgo – Centro de Gestão – Empresa Agrícola do Baixo Corgo CMPR – Câmara Municipal do Peso da Régua

CP – Comboios de Portugal

EPDR – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural do Rodo IMP – Instituto Marítimo-Portuário

IND – Instituto da Navegabilidade do Douro IPC – Instituto Portuário do Centro

IPS – Instituto Portuário do Sul

IPTM, IP – Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico RDD – Região Demarcada do Douro

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1. Introdução

Os meios rurais contêm uma diversidade enorme de amenidades que os caracterizam e os tornam únicos, incluindo paisagens, monumentos históricos, tradições culturais, artesanato e a sua própria gastronomia.

São recursos inigualáveis e que devem por isso ser alvo de uma contínua preservação e dinamização. Esta valorização dos recursos tem sido apontada como um dos principais factores de desenvolvimento económico destes meios.

“A presença de amenidades rurais é uma fonte geradora de especificidades que, no quadro da concorrência com outros territórios, permitirá afirmar a diferenciação, conduzindo à atracção efectiva de residentes, trabalhadores, turistas e investidores” (Ruivo, 2006).

Quando falamos da economia duriense não falamos apenas da sua caracterização demográfica, climática e geológica, nem dos níveis de produtividade ou tipos de vinho aí produzidos. Um elemento fundamental são as relações que se estabelecem entre os principais actores nela envolvidos (Brito, 1997).

O sector do turismo tem sofrido um aumento extraordinário, não só pela necessidade que as regiões sentem em se valorizarem e desenvolverem, mas pelo facto de que muitas das aldeias rurais estão a sofrer um abandono constante e consequentemente um envelhecimento populacional.

Apesar das potencialidades únicas que caracterizam e distinguem estes meios, sobretudo no sector do turismo e da agricultura, existe uma falta de investimentos e escassez de oportunidades de emprego fora do sector agrícola e do comércio. É esta inexistência de oportunidades que faz com que a maioria dos jovens se sintam “obrigados” a sair dos seus meios em busca de uma melhor qualidade de vida.

Contudo, “resumir o potencial turístico da área de estudo ao património ambiental, revela-se excessivamente redutor. Também a existência de património antigo (monumentos, casas senhoriais, palácios, pelourinhos, igrejas, ruínas históricas) e de aldeias com evidentes traços de culturas passadas, especificidades gastronómicas e artesanais, e modos de vida próprios, poderá ter um valo turístico importante” (Cristóvão, Gerry e Boas, 2001).

O concelho do Peso da Régua apresenta inúmeros recursos que o tornam único, não podemos apenas ligar as suas potencialidades à história da vinha e do vinho. As paisagens vinhateiras que o caracterizam, o rio Douro, o património edificado que o constitui e a

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hospitalidade da população, fazem com que este apresente todas as características necessárias para se desenvolver e se destacar no país e no Mundo. Porém, este desenvolvimento e divulgação do concelho não tem apresentado as proporções que se esperava, não por falta de recursos, mas porque talvez estes não estejam a ter o melhor aproveitamento possível por parte dos actores locais.

Foram estas razões que me levaram a estudar o tema “Gestão de Valores Locais e Desenvolvimento: O Caso do Concelho do Peso da Régua”, e perceber de que forma os actores locais valorizam os valores culturais próprios, no sentido de preservar e propagar os recursos (elementos naturais, culturais, histórico-patrimoniais, económicos, educativos e institucionais) e valores do concelho, cooperando para a sua qualificação.

Sendo as organizações locais as principais responsáveis pelo desenvolvimento do concelho, pretende-se demonstrar a importância destas na valorização e dinamização dos valores territoriais, de que forma estão envolvidas na gestão dos recursos e quais os seus papéis nessa gestão.

O estudo reflecte sobre as intervenções e dinâmicas realizadas e a realizar por parte dos vários agentes locais, e o impacto destas na qualidade de vida da população e na promoção turística e, consequentemente no desenvolvimento do concelho.

Através deste estudo pretendemos mostrar a necessidade de estratégias inovadoras e empreendedoras entre os vários agentes locais e a população, que tenham como principal finalidade a valorização, promoção e a preservação dos recursos, a aposta na qualificação e fixação dos jovens, a diversificação e melhoria da oferta turística e inevitavelmente o desenvolvimento económico do concelho e o seu reconhecimento.

Apresenta-se de seguida uma síntese da estrutura do trabalho, sendo este composto por cinco capítulos.

O primeiro capítulo aborda a problemática a ser estudada, os principais objectivos do estudo e a estrutura do trabalho.

O segundo capítulo trata do enquadramento teórico, da caracterização da problemática em estudo. Apresentam-se conceitos e definições acerca das amenidades e do desenvolvimento local.

No terceiro capítulo apresentam-se os procedimentos metodológicos utilizados no estudo, os métodos e técnicas usados para a obtenção de dados.

No quarto capítulo estão expostos os resultados do estudo, as opiniões e sugestões dos inquiridos. No quinto capítulo apresentam-se as reflexões finais.

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2. Abordagem conceptual: Amenidades rurais e desenvolvimento local no Concelho do Peso da Régua

2.1. Amenidades Rurais

2.1.1. Amenidades Rurais – definição e tipologia

A crise vivida no sector agrícola e o “declínio dos espaços rurais têm conduzido a uma crescente preocupação com a diversificação das economias rurais e, logicamente, a novas perspectivas quanto ao valor dos recursos locais, naturais e outros. A ideia de diversificação de economia rural está hoje muito associada com o reconhecimento de que o espaço rural é bem mais do que um simples fornecedor de alimentos, é, no fundo, um espaço multifuncional” (Cristóvão, 1999).

Este espaço com características diversas requer uma gestão e protecção dos valores do património rural. Os recursos naturais, culturais e patrimoniais devem ser valorizados e dinamizados, necessitam de ser enaltecidos através de dinâmicas constantes de valorização ou de instituições que ambicionem desenvolver a região, realizando por vezes uma combinação com os recursos externos, desde que contribuam para uma melhoria destes valores. Estas dinâmicas requerem um exercício contínuo de imaginação, criatividade e empenho, que engloba todos os actores da região.

Quando hoje falamos de recursos imaginamos “um amplo espectro de elementos, que inclui antigos, actuais e novos produtos agrícolas e agro-industriais, paisagem, fauna e flora, rios e albufeiras, montanhas e vales, caça e pesca, rochas e minerais, águas mineromedicinais, património arqueológico e histórico, arquitectura popular, tradições, artesanato, gastronomia, linhas férreas antigas, solares e casas rurais, miradouros, parques e reservas naturais, feiras, festas e romarias, música, teatro e poesia popular” (Cristóvão, 1999).

Os valores patrimoniais, naturais, culturais e paisagísticos do mundo rural são um bem público inestimável cuja fragilidade importa contrariar a todo o custo (Covas, 2006). Nesta linha, são já muitos os territórios que estão a protagonizar processos de revitalização sociocultural e económica, que passam também pela gestão e a salvaguarda dos recursos, através da criação de um processo de acompanhamento e gestão local do ordenamento e uso do território e a sua progressiva regulamentação (Bianchi, 2002).

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“A valorização do património é um sinal dos tempos. As amenidades rurais, um símbolo de cultura e civilização” (Covas, 1999). Segundo este autor (1999), uma amenidade rural, como a própria expressão indica, é um benefício ou uma dádiva da natureza, um activo patrimonial, natural e cultural, com um valor potencial muito superior ao seu valor «observável». Se quisermos, um valor superior ao presumível valor de mercado. A amenidade rural é uma realidade dinâmica e as suas fronteiras reportam-se a uma tripla conotação: territorial, biológica, cultural.

São muitas as amenidades rurais produzidas ao longo do tempo, uma paisagem, um rio ou um monumento, são alguns dos exemplos, porém, estas devem ter classificações diferentes mediante a forma como são produzidas. Traduzem muitos modos de povoamento, e a sua conservação e desenvolvimento são indispensáveis para o seu valor futuro.

A OCDE1 (1999 cit. por Ruivo, 2006) definiu amenidades rurais como “uma larga gama de características das áreas rurais, naturais ou produzidas pelo Homem, incluindo terrenos incultos e cultivados, monumentos históricos e mesmo tradições culturais.” No mesmo documento acrescenta-se que ”as amenidades distinguem-se das características mais vulgares do campo, porque se lhes reconhece valor específico hedónico, social e económico.” Na mesma linha mas anos mais tarde, Cairol e Terrasson (2002, cit. por Ruivo, 2006) notam que amenidade é uma expressão que tem vindo a (res) surgir, com frequência nos debates internacionais, sob a influência dos economistas.

Beuret e Kovacshazy (2002, cit. por Ruivo, 2006) avançam o crescente interesse que as amenidades hoje gozam na economia, como resposta a um aumento da procura do quadro de vida rural, proporcionado por uma larga gama de amenidades, assegurando quer as expectativas dos urbanos, quer a eventual complementaridade de rendimentos aos agricultores e outros produtores, quer ainda contribuindo para o desenvolvimento do território.

As amenidades são “um elogio à diferença, à diversidade e à diversificação: elas constituem um desafio à nossa capacidade de imaginação e inovação institucional, política, jurídica e tecnológica, um factor poderoso de modernização e mudança de estruturas e comportamentos” (Covas, 1999).

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2.1.2. Características das amenidades rurais

As características das amenidades distribuem-se mediante a forma como são produzidas, como já foi referido anteriormente.

Para melhor compreender estas características, “é necessário, antes, apreciar os valores que lhes atribuímos. Estes valores, diferentes segundo a percepção dos indivíduos e dos grupos, estendem-se num intervalo que considera o valor de uso, utilitário, de um lado, o valor de opção ou patrimonial, de outro. No primeiro caso, o valor de uso significa que há objectivamente uma utilidade que é retirada pelo utilizador do consumo da amenidade. No segundo caso, é um valor subjectivo, diferido, que predomina. Não se trata de utilidade imediata, trata-se de salvaguardar uma oportunidade mediata” (Covas, 1999).

Na medida em que ambas transformam uma aspiração ou desejo numa procura, faltará, então, determinar as condições que proporcionam a oferta correspondente. A oferta depende da escala, estrutura e organização do território da amenidade, mas também da intencionalidade ou da estratégia que ela propõe (Covas, 1999).

Nos quadros seguintes podemos verificar algumas das características das amenidades, quer as características que não se apresentam em estado puro - Quadro 1, quer as características existentes sobres o comportamento da procura de amenidade, indissociáveis das características da oferta - Quadro 2.

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Quadro 1 – Características das amenidades rurais Características

Raridade

As dádivas da natureza não se banalizam; a amenidade é única, um acaso feliz de ocorrência e combinação de recursos. Mesmo que a retoquemos, para exibir melhor a sua fulgurância, a amenidade permanece uma raridade.

Irreversibilidade dos atributos

É um corolário lógico da característica anterior. Uma vez destruído algum desses atributos, será praticamente impossível reconstitui-lo. É a raridade dos atributos que faz a raridade das amenidades.

Não produtibilidade

A amenidade não pode ser produzida industrialmente em qualquer lugar. O consumo faz-se no local e, em princípio, não destrói os seus atributos básicos. É certo que as amenidades podem e devem ser aperfeiçoadas para explicitar melhor o «produto que oferecem ou vendem».

Não transacção

É um corolário da característica anterior. Não há um mercado de amenidades no sentido mais convencional. Não se deslocando a mercadoria, deve deslocar-se o utilizador.

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Quadro 2 – Características existentes sobre o comportamento da procura de amenidades Características

Não exclusão dos utilizadores

A indivisibilidade de uma amenidade conduz-nos ao campo dos bens públicos. Os consumos individuais não existem, em princípio ninguém pode ser excluído mesmo que não pretenda consumir.

Não concorrência ou não rivalidade

Enquanto a indivisibilidade se mantiver, os utilizadores são indiferentes à oferta e procura da amenidade. Este facto pode determinar uma quebra na «produção-conservação» da amenidade, donde ser necessário resolver um problema de eficiência no funcionamento dos recursos.

Elasticidade rendimento

A elasticidade pressiona constantemente a procura de amenidades. Existe um risco real de deterioração da amenidade. se não for possível aumentar a divisibilidade da oferta ou, em alternativa, condicionar-lhe o acesso, a pressão da procura pode conduzir a uma saturação do uso da amenidade. o utilizador transforma-se num predador.

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2.1.3. Categorias de amenidades rurais

De entre as quatro principais categorias das amenidades, como apresentado no Quadro 3 enunciadas por Covas (1999), este autor reuniu as características anteriormente referidas em duas tipologias muito genéricas. Em resumo, pode dizer-se que existem dois grandes conjuntos de amenidades rurais:

 As amenidades naturais, com valor de não uso, territorialmente difusas, pertencentes ao domínio público e revestindo a forma de bem colectivo ou público, por exemplo uma paisagem serrana ou rural e,

 As amenidades humanizadas, com valor de uso, reportadas a um território bem delimitado, pertencendo ao domínio privado e revestindo a forma de um bem quase comercial, por exemplo uma zona de caça.

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Quadro 3 – Categorias de amenidades rurais

Amenidades naturais e amenidades humanizadas

Dos territórios sagrados ou virgens, aos territórios agrestes ou inóspitos, escassamente povoados e repulsivos. Por outro lado, as imponentes construções do Homem, uma produção histórica, a cena de vida de inúmeras gerações (os socalcos do Douro).

Amenidades com valor de não uso e com valor de uso

Os territórios sagrados, virgens ou longínquos são ou podem representar amenidades com valor de não uso elevado, quer dizer, o seu valor decorre do facto de não serem utilizadas ou de serem num momento ulterior. Os, socalcos do Douro são amenidades com um elevado valor de uso, um valor de uso comercial.

Amenidades difusas e amenidades concretas

A montanha, o vale, a floresta, a bacia hidrográfica, são amenidades difusas porque são ofertas quase absolutamente indivisíveis e não exclusivas; o sítio histórico, o sítio ecológico, a aldeia, o parque natural, têm um tempo e um espaço melhor delimitados.

Amenidades do domínio público e amenidades do domínio privado

Esta distinção determina, em primeira instância, os direitos de propriedade sobre as amenidades; em segundo lugar, o sentido da reafectação dos direitos de propriedade quando se tratar de remunerar adequadamente os prestadores de amenidades.

Amenidades bens colectivos e amenidades bens privados

Amenidades bens colectivos ou públicos são amenidades sem preço ou qualquer outro pagamento; amenidades bens privados são amenidades que o mercado já regula. A maioria das amenidades, no entanto, cai no subconjunto dos bens semipúblicos. Uma parcela á paga através de uma taxa, direito ou licença cobrada ao utilizador, outra é processada por via do orçamento geral do Estado. Outra parcela pode, ainda, ser obtida através dos bens privados associados à amenidade.

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As amenidades “naturais” ou ”ambientais”, como os espaços abertos ou as paisagens, podem ser afectadas por várias actividades do Homem, daí que existam diversas políticas de conservação e regulação destes espaços, que procuram preservar o solo. Os factores a considerar neste tipo de políticas devem ter em consideração, não só os impactos nos resultados socioeconómicos da região, mas sobretudo os impactos nas amenidades naturais, com vista a manter as suas características naturais.

De entre os obstáculos à valorização do ambiente e da paisagem rural, aquele que tem maior impacto é a “cultura de desordenamento do território e de degradação ambiental: falta de tratamento de efluentes; lixeiras a céu aberto; deterioração rápida de muito património histórico-cultural; núcleos urbanos descaracterizados pela construção desordenada e desregulada; edifícios agrícolas dispersos; destruição de muros de suporte e de construções antigas bem integradas no ambiente” (Cristóvão, 1999).

2.2 – Amenidades, Valores e Desenvolvimento

“Num quadro de vertigem em que vivemos, não houve tempo para conceber e praticar uma verdadeira cultura do território. De um lado, congestionámos território, de outro, desqualificámos território. Entendemos o território como um enorme recipiente, qual terra de ninguém. O produtivismo dominante privatizou os benefícios e socializou os prejuízos. As feridas, profundas e superficiais, estão à vista de todos. O território, sistema vivo e quadro de vida, foi perdendo variedade e diversidade e, sobretudo, oportunidade. Tornou-se um espaço-problema em vez de um espaço-oportunidade. Verificou-se uma descida substancial dos padrões de qualidade de vida dos cidadãos, reduziu-se a diversidade e aumentou a disparidade. Reverter, hoje, esta situação parece uma tarefa quase impossível” (Covas, 1999).

O mesmo autor (1999) afirma que “o egoísmo da geração actual reduz a margem de liberdade das gerações futuras. Os factos duradouros e multiformes de estabilidade e vitalidade de qualquer sistema complexo têm dificuldades em encontrar espaço nas políticas públicas para o pretenso desenvolvimento. O País, enquanto organização do espaço territorial, revela-se incapaz de superar o profundo manto conservador que o abafa. E, no entanto, o território, os territórios, enquanto espaços de oportunidade, permanecem na expectativa, aguardando que o seu enorme potencial seja tido em devida conta. É assim, também, com os territórios rurais. Os mercados, as políticas, as disciplinas científicas, os

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grupos de interesse, tardam em fornecer sinais de esperança aos territórios rurais, que se desqualificam e despovoam. É certo que existem alguns sinais.

Começa agora, cada vez mais, a falar-se de amenidades rurais enquanto instrumento fundamental para o desenvolvimento dos territórios enquanto espaços de oportunidade. Cada região deve definir qual a estratégia a adoptar, tendo em conta a oferta dos seus valores locais. Esta oferta é influenciada por um vasto número de factores, como o clima, os recursos naturais e a localização, que diferem de região para região, tornando cada uma delas única.”

Porém, não existe uma relação clara entre amenidades rurais e desenvolvimento rural. Há, pelo menos, quatro tipos de relações: o desenvolvimento destrói as amenidades (sobrecarga turística), o não desenvolvimento destrói as amenidades (despovoamento), a preservação das amenidades não cria desenvolvimento (fundamentalismo ambiental), e, a preservação das amenidades cria desenvolvimento. A opção certa relaciona intimamente preservação – conservação - desenvolvimento (Covas, 1999).

“Tirar partido das potencialidades do espaço rural significa, entre outros aspectos, a gestão, a conservação e a valorização dos recursos naturais e culturais existentes, assegurando o equilíbrio de usos e a qualificação das paisagens, evitando situações de sobreocupação, sem contudo esquecer que a ausência de actividades económicas conduz a situações de degradação, acentua o despovoamento e as assimetrias regionais e pode contribuir para a continuidade de fluxos migratórios que pressionam as cidades por falta de oportunidades de fixação das populações no interior rural do País.

Por outro lado, a estratégia nacional de desenvolvimento sustentável assenta no reconhecimento do valor do espaço rural e conduz à descoberta das chamadas amenidades rurais, um domínio de intervenção muito importante uma vez que as mesmas podem complementar políticas rurais tradicionais centradas na agricultura.” (Diário da República - Ministérios da Agricultura, Pesca e Florestas e do Ambiente e do Ordenamento do Território, Portaria nº 389/2005, de 5 de Abril).

Cabe aos actores locais definirem um processo de ordenamento do espaço rural, gestão do território e aproveitamento dos recursos locais, através de projectos e parcerias de requalificação das regiões, de valorização da identidade e história local, de recuperação de tradições e preservação da paisagem. É necessário delinear quais os recursos existentes e as suas potencialidades, e identificar os efeitos das actividades humanas e naturais que podem dar origem a conflitos na gestão dos mesmos. Estes conflitos tendem a ser mais

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elevados em regiões onde existe um uso frequente da terra por parte da população e que, muitas vezes, colocam em causa a preservação dos recursos.

O facto de se apostar no alargamento dos territórios rurais vai proporcionar um aumento da economia, competitividade e posição de mercado, vai atrair novos turistas e habitantes e, consequentemente, novas oportunidades de emprego, que vão além dos habituais trabalhos na agricultura.

“É hoje pacífico afirmar que o rural não é só a agricultura, assim como não é só a economia. Falar da questão rural e do desenvolvimento rural é falar de todo um conjunto de actividades económicas, que frequentemente se relacionam e interpenetram, e de uma teia de preocupações de índole social, cultural, ambiental, politica e institucional” (Miranda & Cristóvão, 2005).

Segundo Coriolano (2003, citado por Michele, 2009), entende-se por desenvolvimento um processo de produção de riqueza com partilha e distribuição de equidade, conforme as necessidades das pessoas, ou seja, com justiça. O desenvolvimento não se refere apenas à economia, ao contrário, a economia deve ser tomada em função do desenvolvimento. O mesmo autor (2003) diz que, para que o desenvolvimento tenha um carácter mais abrangente, e de sentido social, é preciso que se mensurem questões como: índice de realização dos desejos, educação, solidariedade, realização humana, muito embora essa seja uma tarefa difícil, pelo fato do método científico clássico não considerar a subjectividade.

Afirma, ainda, que o desenvolvimento, para ser definido como social, precisa estar voltado para as necessidades humanas, tornar as pessoas auto-independentes e habilitadas para o trabalho e para a vida comunitária. Implica o desenvolvimento dos indivíduos como pessoa e como grupo, organizados como sociedade civil para se tornarem protagonista de seu desenvolvimento e do desenvolvimento de seu lugar.

Adas (1998, citado por Michele 2009), afirma que: “crescer é uma coisa; desenvolver, outra. Crescer é, em linhas gerais, fácil. Desenvolver equilibradamente, difícil”. Diante desta perspectiva, pode-se afirmar que poucos são os países que conseguem essa confluência, e que a maior parte do mundo de alguma maneira se encontra em processo de desenvolvimento, por não ter alcançado esse nível de equilíbrio, pois na maioria das vezes existe um grande descompasso entre ser rico economicamente e socialmente desenvolvido.

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O desenvolvimento local pressupõe uma transformação consciente da realidade local (Milani, 2005, citado por Petitinga, n.d.). Isto implica uma preocupação não apenas com a geração presente, mas também com as gerações futuras e é neste aspecto que o factor ambiental assume fundamental importância. O desgaste ambiental pode não interferir directamente a geração actual, mas pode comprometer sobremaneira as próximas gerações (Sachs, 2001, citado por Petitinga, n.d.). Tal afirmação vai no sentido da definição de Desenvolvimento Sustentável apresentada no Relatório Brundtland2, que nos diz que “o desenvolvimento sustentável é aquele que vai ao encontro das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.”

A sustentabilidade consiste então em manter todos os recursos para as gerações futuras, “para lhes garantir sempre toda a liberdade de opção e decisão, quer dos modelos de desenvolvimento e das formas como utilizarão os recursos naturais, quer da escolha daqueles com quem partilharão os recursos disponíveis” (Monteiro, 2009).

Cada vez mais é necessário desenvolver as regiões de uma forma sustentável, não só pelo enorme decréscimo populacional que territórios rurais têm vindo a sofrer, mas também pelo aumento da destruição ambiental.

O Relatório Brundtland expõe os cinco pilares que conduzem a um desenvolvimento sustentável: planeamento estratégico holístico, importância de preservar os processos ecológicos essenciais, necessidade de proteger simultaneamente a herança humana e a biodiversidade, necessidade de desenvolvimento de tal modo que a produção possa ser mantida através dos tempos pelas futuras gerações, evidenciando equidade inter-regional e o objectivo de alcançar um melhor equilíbrio de justiça e oportunidades entre nações.

2Relatório Brundtland é um documento publicado em 1987. Neste documento o desenvolvimento sustentável é concebido

como: o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland

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Outro aspecto relacionado ao desenvolvimento local é que ele implica uma articulação entre diversos atores e esferas de poder, seja a sociedade civil, as organizações não-governamentais, as instituições privadas e políticas e o próprio governo. Cada um dos atores tem seu papel para contribuir com o desenvolvimento local (Buarque, 1999, citado por Petitinga, n.d.). Portela (1999) é da mesma opinião e afirma que só faz sentido falar-se em desenvolvimento se as pessoas forem vistas como actores e beneficiários de tal processo. A população é fundamental, visto que o envelhecimento e a desertificação dos territórios influenciam o desenvolvimento local. Este desenvolvimento exige entender o património cultural em toda a sua espessura, que contempla as vertentes humana, ambiental, agrícola e histórico-social (Cristóvão, 1999).

Baptista (2006, citado por Ruivo, 2006) critica a lentidão com que frequentemente estes agentes tomam iniciativas e, em resultado da investigação sobre a diversidade rural, comenta que “nem a agricultura nem a floresta, nem outras utilizações do espaço, são hoje a chave para ler ou intervir no rural”.

O desenvolvimento rural surge então como “um processo de mudança, centrado numa comunidade territorial que parte da contestação de necessidades não satisfeitas, às quais se procura responder prioritariamente a partir de capacidades locais, o que pressupõe uma lógica e uma pedagogia de participação, mas em articulação necessárias e fertilizadora com recursos exógenos, numa perspectiva integrada e integradora, o que implica uma dinâmica de trabalho em parceria, com uma grande diversidade de caminhos, protagonistas e soluções” (Henriques, 1988, cit. por Ventura, 2010).

As relações entre desenvolvimento e ambiente são normalmente analisadas de pontos de vista opostos. Os pessimistas, segundo Meadows (1992, citado por Dentinho e Rodrigues, 2007), assumem que o produto económico e a população crescem exponencialmente, exercendo uma pressão crescente sobre o ambiente e sobre os recursos naturais, o que irá provocar o colapso do próprio sistema económico criando situações graves de desemprego, decréscimo abrupto da produção alimentar e redução acentuada da população. Os optimistas, segundo Simon (1981, citado por Dentinho e Rodrigues, 2007), argumentam que, historicamente, os seres humanos sempre foram capazes de ultrapassar os problemas de escassez dos recursos naturais e das externalidades negativas provocadas pela criação de resíduos.

Quando se analisa a relação anterior, as principais questões são saber se existe capacidade humana e institucional para reaproveitar os territórios e se as entidades têm

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possibilidade de definir objectivos e políticas comuns para se auto-regularem e inverterem a tendência de desertificação.

Guerreiro (2006) descreve as principais características que devem estar presentes numa rede de actores locais e regionais com objectivos de desenvolvimento, descritas no Quadro 4.

Quadro 4 - Estrutura das características essenciais dos atores locais

Características Descrição

Natureza

(adequação da oferta e da procura, articulação entre conhecimento tácito e

conhecimento formal).

Leva a que muitos dos complexos territoriais de produção sejam especializados, desenvolvendo as suas actividades em redor de um mesmo produto, serviço, território ou conglomerado, integrando elementos com forte afinidade.

Forma

(forma organizativa e constitucional, formal e informal).

Através da qual se encontram modelos organizativos inovadores, fomentadores de aproximações e de racionalidade na gestão de recursos, na promoção conjunta, na adopção de objectivos comuns e na convergência de actividades.

Intensidade

(densidade de fluxos, multiplicidade de parceiros).

Equilíbrio entre o número de parceiros e a densidade de relações, às rotinas geradas pelo crescimento das relações entre os diversos parceiros e à capacidade de gerar dinâmicas mobilizadoras capazes de arrastar as respectivas capacidades e competências.

Liderança

(estratégia, linha de rumo, etc).

Característica muitas vezes desprezada, reconhecendo-se que a sua ausência impede a adopção de uma linha estratégica mobilizadora e gera mecanismos corrosivos nos laços de proximidade funcional existentes entre os parceiros.

Eficiência

(confiança, compromisso).

Baseia-se sobretudo nas capacidades pessoais e institucionais dos parceiros, facilitando a adopção de posturas de compromisso, estimulando a convergência de percursos e fomentando a articulação entre agentes e instituições.

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Em suma, o desenvolvimento deve ser um processo integrado, envolvendo as dimensões económica, social, cultural, ambiental e política, privilegiando para essa integração o trabalho a nível local, em meios desfavorecidos, actuação que não se esgota na componente económica do desenvolvimento, incluindo também com destaque a educação para a auto-estima, a cidadania activa e a valorização da cultura local (ANIMAR, 1999). “O desenvolvimento rural é mais um objectivo a conquistar do que um processo espontâneo” (Ferrão, 1999).

Devem ser constituídas parcerias locais, públicas e/ou privadas, que resultam da interacção dos actores e de instituições locais, que têm como objectivo principal actuar eficazmente no desenvolvimento dos territórios. Os recursos variam de região para região, e os actores locais têm por obrigação conhecer quais os aspectos específicos do seu território, a sua cultura e o seu património identitário, para posteriormente colocarem em prática projectos para a sua valorização.

O êxito ou fracasso destas parcerias dependem, sobretudo, das estratégias elaboradas, e da percepção por parte de todos os actores locais do facto de que devem possuir pontos de vista comuns.

Em conjunto com estas parcerias, deve existir a participação e consciencialização dos elementos da comunidade, pois é fundamental reconhecer e beneficiar do potencial humano existente.

2.2.1 Factores que bloqueiam e factores que favorecem o Desenvolvimento Rural

O desenvolvimento rural tem sido um conceito muito abordado nas últimas décadas, por ser um tema cada vez mais importante para o país e cujo desinteresse por parte de muitos agentes locais e dos poderes políticos centrais é notável.

Martinho (2000) descreve o desenvolvimento rural como sendo a melhoria das condições de vida das pessoas residentes nas áreas e regiões rurais, através de processos sociais que respeitem e articulem os seguintes princípios: eficiência económica, equidade social e territorial, qualidade patrimonial e ambiental, sustentabilidade, participação democrática e responsabilidade cívica.

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São usualmente territórios com muitas dificuldades, mas com uma elevada biodiversidade e recursos, que necessitam de ser valorizados, preservados e respeitados. São muitas as potencialidades que podem ser aproveitadas para a criação de emprego e valor e para a melhoria das condições de vida dos que lá residem, contribuindo assim para a fixação da população, sobretudo dos mais jovens.

A “crise dos sectores tradicionais em que assentava a economia dos espaços rurais deu origem a um fenómeno de revalorização dos elementos patrimoniais (culturais, naturais e paisagísticos), numa lógica de multifuncionalidade do mundo rural. Esta perspectiva é simultaneamente dual, pois tanto resulta da percepção dos residentes rurais que procuram rentabilizar os recursos existentes, como da população urbana, que concebe cada vez menos os espaços rurais como locais produtores de bens, mas como reservas culturais e ambientais” (Fonseca e Ramo, 2007).

Hoje, mais do que uma região de suporte a actividades geradoras de bens e serviços, existe a necessidade de se diversificar as actividades em meios rurais, onde a actividade predominante é a agricultura e o comércio. Existem muitos mais recursos do que aqueles que vemos, o problema reside em saber valorizá-los e dinamizá-los, tirando o máximo partido dos seus melhores atributos.

A agricultura é uma actividade a preservar. Através da conciliação das actividades agrárias com outras que podem ser desenvolvidas em meio rural (artesanato, turismo rural, turismo de habitação e actividades ambientais), poderá garantir-se rendimentos e fixar as populações nos meios rurais, encarando o desenvolvimento destes meios em termos globais, diversificando desta forma as actividades económicas e preservando valores culturais, sociais e ambientais (Martinho, 2000).

O mundo rural debate-se com diversos problemas de natureza variada e complexa e de solução, como ilustra o Quadro 5, por vezes, difícil. São meios cada vez mais abandonados, devido sobretudo a processos generalizados de industrialização e urbanização, com uma constante degradação da paisagem, do património e da cultura. Cada região é diferente entre si, daí que cada uma necessite de soluções que se adaptem à sua situação. Contudo, a diversidade é também um traço importante, e cada território rural é diferente dos outros, exigindo soluções de desenvolvimento à sua medida.

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Quadro 5 - Elementos caracterizadores do mundo rural

Características do Mundo Rural

1. Predomínio da agricultura tradicional, com baixas produtividades, em que se verifica uma estagnação ou um crescimento mínimo das principais produções.

2. Economia muito pouco diversificada, sendo apenas de assinalar algumas pequenas empresas em sectores tradicionais de economia e um sector terciário tradicional, centrado nas sedes dos municípios e orientado para as necessidades sociais da comunidade. Neste quadro há a referir o peso que assumem as organizações pertencentes ao sector público e a debilidade dos serviços de apoio à actividade económica.

3. Uma população desequilibrada, onde os jovens ainda detêm um peso significativo devido às taxas de natalidade superiores, mas uma vez chegados à idade activa procuram alternativas de emprego noutros locais (nas grandes cidades do País e no estrangeiro). O envelhecimento da população verifica-se a um ritmo acelerado, sendo as estruturas sociais de apoio reduzidas.

4. Um baixo nível de escolarização e de formação profissional das populações, que constitui uma forte limitação ao lançamento de projectos económicos, sobretudo em domínios que exigem maior qualificação profissional, e que normalmente, se revestem de maior interesse, no contexto do seu próprio desenvolvimento.

5. Reduzida capacidade de iniciativa e de empreendimento por parte dos elementos das Comunidades Locais, onde as resistências à mudança se verificam de forma particularmente forte.

6. Dificuldades de acesso à informação motivada pelo seu baixo nível de escolarização, bem como pela inexistência de estruturas facilitadoras da difusão de informação e conhecimentos.

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7. Aumento da capacidade de iniciativa das Comunidades Locais, particularmente da população mais jovem, que contribua para a sua fixação e organização autónoma, para que do seu interior possam surgir impulsos para o processo de desenvolvimento.

8. Qualificação profissional dos recursos humanos para o exercício de actividades profissionais, de acordo com as oportunidades que se colocam, fazendo-os participar activamente no processo de revitalização da economia local. Este factor, pelo seu carácter reprodutivo e motor, é estratégico no quadro de qualquer processo de desenvolvimento do mundo rural.

9. Acolhimento e integração de emigrantes regressados, constituindo um potencial enriquecedor das comunidades. O contacto dos emigrantes com meios sociais diversos, a maior globalidade da sua percepção do mundo e da vida e o seu contacto com sociedades mais facilitadoras da iniciativa individual e colectiva, podem facilitar atitudes positivas no seio das suas colectividades locais.

10. Valorização dos recursos naturais e do património cultural de uma maneira integrada e respeitadora da natureza e dos equilíbrios ecológicos e de defesa e promoção dos valores e tradições culturais.

11. Valorização e diversificação da produção existente e organização da sua oferta, designadamente no sector do Turismo que se revela prioritária no desenvolvimento das zonas rurais.

12. Construção de quadros de cooperação interinstitucional que permitam aos principais actores, públicos e privados, que intervêm numa região, identificar problemas em comum e definir respostas conjuntas a esses mesmos problemas, segundo actuações coordenadas e de acordo com práticas de responsabilização mútua.

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O despovoamento não é o único factor que impede o desenvolvimento rural, existem inúmeros factores que dificultam este desenvolvimento, começando pela mentalidade da sociedade em relação ao meio rural, pela inexistência de apoios a estas regiões e parcerias entre diversos agentes.

Os próprios habitantes das zonas rurais são incapazes de compreender as potencialidades e o valor da região, sobretudo os mais jovens, que, muitas vezes, são os primeiros a afirmar que a região é monótona e não possui as infra-estruturas necessárias para se viver e construir uma vida estável.

O rural é sempre visto de duas formas diferenciadas, na perspectiva de quem vive nesses meios e na perspectiva de quem os visita, sendo “alvo de percepções distintas, no que respeita à sua função e utilização”. O que encanta os turistas é sobretudo o subdesenvolvimento destas regiões, o sossego, a falta de tecnologias e as paisagens naturais que são encaradas como uma “visão estética”. Ao contrário dos habitantes, que trocariam as paisagens, tidas como uma “visão utilitária” por novas infra-estruturas, implementariam mais tecnologia na produção, abdicariam da calma da região, deixariam de ser zonas rurais (Figueiredo 1999, citado por Figueiredo, 2003).

Sem instituições, sem gente qualificada e com capacidade de empreender, sem imaginação e iniciativa, e sem a ajuda de fundos comunitários, este desenvolvimento nunca será possível, e os meios rurais acabarão por se extinguir.

Não obstante estas dificuldades, há, também, muitos factores que favorecem o desenvolvimento rural, como podemos confirmar no Quadro 6.

Há que compreender a importância de valorizar e dinamizar os recursos locais, o peso que a actividade agrícola continua a ter, não só no meio rural, mas em todo o país. As exportações que resultam das produções das zonas rurais, o vinho, as frutas, os legumes, entre muitos outros produtos. A produção local contribui para a economia local e do país.

Um dos principais factores chave para o desenvolvimento rural consiste na conservação do ambiente natural. A riqueza dos recursos naturais e patrimoniais, as tradições, histórias, valores e os saberes da população são factores capazes de atrair turistas. O turismo é, sem dúvida, uma das actividades que melhor pode aproveitar e dinamizar os recursos de um território, diversificar as actividades rurais e revigorar produções agrícolas e artesanais, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da região.

Actualmente, estes espaços têm sofrido diversas transformações e novas funcionalidades. O mundo rural, antes conotado como espaços pobres e esquecidos e

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ser protegida. As zonas rurais são conotadas como reservas naturais de grande valor patrimonial e paisagístico (Ventura, 2010).

Quadro 6 – Factores que bloqueiam e favorecem o desenvolvimento rural

Factores que bloqueiam o Desenvolvimento Factores que favorecem o Desenvolvimento

O desenvolvimento rural não é uma ideia dominante ou uma prioridade política elevada, isto é, a baixa densidade não rende politicamente;

A melhoria das acessibilidades e comunicações aumenta a mobilidade das pessoas e, portanto, as suas opções de vida;

Não temos, de longa data, um mercado fundiário a funcionar que remova as barreiras à entrada de novos agricultores e empresários rurais;

A elevação do nível de vida e do padrão sócio-cultural da população aumenta o número e a qualidade dos empreendedores e o leque de iniciativas inovadoras;

Não temos uma lei e uma política eficazes em matéria de arrendamento rural que visem, igualmente, o rejuvenescimento da actividade;

A descentralização e a desconcentração aumentam o número e a qualidade dos equipamentos nas pequenas e médias cidades do interior;

Não existe um banco de solos, nem a administração manifesta qualquer interesse em exercer um direito de preferência em matéria fundiária;

A procura de liberdade e segurança tem, cada vez mais, uma expressão territorial concreta e um quadro de vida mais discreto e pacato;

Não existe uma fiscalidade agro-rural que reduza as barreiras à entrada e condicione os usos improdutivos, os não usos ou os usos especulativos da terra;

A disponibilidade de tempos livres conjuga-se bem com recursos territoriais devolutos em busca de ocupação mais imaginativa;

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Não temos capital-semente apropriado para o empreendedorismo agro-rural;

Os espaços rurais mais remotos e desfavorecidos são objecto de uma atenção e curiosidade cientificas crescentes;

Não existe um regime integrado de incentivos ao investimento agro-rural;

A longevidade da terceira idade pode dar azo a estratégias consociativas familiares e novos percursos profissionais;

Não temos formação especializada e acreditada para o empreendedorismo agro-rural;

A variabilidade e flexibilidade das relações de trabalho e salariais abre espaço para muitas estratégias pluriactivas;

Não temos um associativismo representativo, tecnicamente apetrechado, para ser interlocutor fiável da administração;

A qualidade dos produtos e dos lugares é um conceito com um valor e aceitação sócio-políticas crescentes e novos bens públicos aparecerão em consequência;

Não temos, ainda, doutrina suficiente sobre empreendimentos, produtos e boas práticas identificadas com desenvolvimento rural.

A base produtiva do desenvolvimento rural crescerá significativamente em resposta à procura de espaço e território, conduzindo, assim, à auto-alimentação de todo o sub-sistema agro-rural.

Fonte: Covas, 2006.

2.2.2 O Despovoamento e a Valorização dos recursos

O território rural continua a perder gente, como vem acontecendo desde há meio século. A parte da população envelhecida, que vive de pensões e reformas, sem actividade económica, é bem superior à média do país. O trabalho da terra já não tem uma posição preponderante: a agricultura e a floresta ocupam menos de um quinto dos que têm actividade (Baptista, 2006).

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inimigo da valorização dos recursos naturais, pois atinge todas as dimensões da vida de um território (social, económica, politica, cultural e ambiental) (Cristóvão, 1999). Como este autor também sublinha, menos gente significa, cada vez mais, dada a idade avançada dos que ficam e a juventude dos que saem, a dificuldade ou impossibilidade da transferência intergeracional de saberes populares, muitas vezes instrumentais para a valorização dos recursos locais, naturais e outros.

Contrariar o despovoamento “não passaria, para nenhum dos que o exorcizam, pelo regresso de toda esta população, mas pela fixação de residentes que contribuam para dinamizar as economias rurais. Sucede que para alcançar este objectivo não é necessário refazer as antigas densidades populacionais, que poderiam ser mesmo um obstáculo. A experiência de outros países tem evidenciado que nas zonas onde o rural se tem dinamizado como um local de consumo, de novos residentes ou através da instalação de pequenas unidades industriais ou de prestação de serviços, o declínio populacional tende a estancar, e por vezes, há mesmo algum revigoramento. De qualquer modo, sempre ocorre a níveis relativamente baixos, por referências ao passado agrícola, associado à história e características de cada local: capacidade de iniciativa local, localização, patrimónios, quadro natural, tradição de algumas actividades, etc” (Baptista, 2006)

Para Covas (2006), é necessário, simultaneamente, conservar recursos escassos, acrescentar valor a actividades tradicionais, criar produtos novos e recrear amenidades. Isto é, encontrar o ponto de equilíbrio entre produção, conservação e recreação, os três pólos da nova economia do desenvolvimento rural.

“Ao nível mais global, começa a ser preocupante, sobretudo nas zonas mais periféricas, a falta de capacidade empreendedora e de tomadores de iniciativas, assim como é notória a dificuldade em articular projectos a empresas, dando corpo a estratégias integradas de valorização de diversos recursos, por exemplo, paisagem, vinhos e produtos agrícolas locais, artesanato e turismo” (Cristóvão, 1999).

Porém, “no Douro, o que parece ser paradoxal é a incapacidade para tirar partido da riqueza, fixando as gentes ao território e aumentando o seu bem-estar. Quem percorre o Douro encontra múltiplos vestígios daquilo a que podemos, talvez, chamar uma cultura de desordenamento do território e de degradação ambiental: falta de tratamento de afluentes; lixeiras a céu aberto; deterioração rápida de muito património histórico-cultural, nomeadamente zonas históricas, igrejas, casas senhoriais, pelourinhos, fontes, cruzeiros, alminhas, etc; núcleos urbanos descaracterizados pela construção desordenada e desregulada; edifícios agrícolas dispersos, como novos armazéns e adegas, que agridem a

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paisagem pela cor e materiais usados; destruição de muros de suporte e de construções antigas bem integradas no ambiente” (Cristóvão, 1999).

Os diversos atentados que as amenidades do Douro têm sofrido, que as modificam e, por vezes as destroem, resultam, particularmente, da acção do Homem. Contra a força de uma cheia, uma tempestade e ventos fortes, ninguém pode lutar, mas o Homem é responsável pela construção de novas atitudes e comportamentos que não coloquem em risco a paisagem cultural duriense, característica identitária da região.

Cristóvão (1999) destaca que “a valorização dos recursos do Douro, na sua totalidade, exige uma visão global, sistémica e integrada do território. A vinha e o vinho não podem ser pensados isoladamente, o mesmo acontece com as intervenções nas outras vertentes da agricultura, na floresta ou nos recursos hídricos, a preservação e valorização do património histórico-cultural, bem como as intervenções urbanísticas, não podem ignorar a vinha e o vinho, que constituem a matriz da identidade da região”.

O grande desafio que se coloca nos processos de desenvolvimento em zonas rurais é tentar inverter o despovoamento. É necessário investir na criação de infra-estruturas locais, desenvolverem-se projectos e parcerias de cooperação com o objectivo de se acabar com a separação acentuada entre o rural e o urbano. Criar estruturas com equipamentos de lazer, definir uma estratégia e política de desenvolvimento da região, para atrair novas populações à região, por um período de tempo mais alargado que o verão.

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3. Metodologia

3.1 Tipo de estudo

O estudo foi efectuado através da pesquisa bibliográfica, baseada na leitura, análise e interpretação de livros e documentos e pesquisa social, uma vez que as entrevistas tiveram como principal objectivo a obtenção de respostas das organizações locais da cidade.

A natureza do estudo é qualitativa, uma vez que o principal objectivo é considerar os diferentes pontos de vista dos actores locais acerca da gestão e desenvolvimento dos recursos locais no município do Peso da Régua, com o intuito de perceber até que ponto estas organizações geram sinergias promissoras para a concretização de projectos, iniciativas e/ou actividades de valorização de recursos.

A interpretação dos dados recolhidos foi feita tendo por base as opiniões dos inquiridos e a comparação entre elas.

3.2 Inquérito por entrevista

Neste estudo recorreu-se a um inquérito por entrevista para recolha dos dados. Este foi elaborado com o principal objectivo de avaliar a importância das organizações locais na gestão da dinamização e valorização de valores territoriais e no desenvolvimento do concelho do Peso da Régua.

Está dividido em cinco grupos, cada um deles composto por questões de resposta aberta, com a finalidade de obter uma opinião mais abrangente e clara por parte dos inquiridos.

O primeiro grupo diz respeito aos recursos locais existentes no concelho. É composto por três questões e tem como finalidade perceber quais os recursos mais importantes; quais os que deveriam ser mais valorizados por parte dos actores locais, e qual a actividade mais importante para o desenvolvimento local.

O segundo grupo igualmente constituído por três questões aborda a forma como os recursos são ou não valorizados por parte dos actores locais. Pretende-se com este grupo compreender como poderão os recursos ser aproveitados de forma a manter vivo o

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concelho da Régua e, quais as medidas e acções já realizadas e a realizar para uma melhor gestão dos recursos.

O terceiro grupo composto por oito questões analisa sobretudo o papel das organizações inquiridas na gestão do recursos locais e quais os seus papéis nesse âmbito. Aborda as preocupações actuais da organização com a valorização dos recursos e do saber-fazer local e quais os projectos e parcerias que essa valorização e dinamização tem implicado. Neste grupo procura-se identificar a forma como as organizações divulgam as suas actividades; a receptividade e participação dos actores locais nas mesmas; qual o aproveitamento feito pelas entidades a programas comunitários e instrumentos financeiro público e qual o balanço feito por estas do seu contributo para o desenvolvimento do concelho.

Posteriormente, no quarto grupo são identificados os principais factores facilitadores e obstáculos à valorização dos recursos locais e os processos e práticas geradoras de sinergias e de desenvolvimento local.

Por fim, no quinto e último grupo o principal objectivo das questões era determinar quais as principais potencialidades; pontos fracos/debilidades e ameaças na valorização dos recursos da cidade.

Resumidamente, os inquéritos abordaram os seguintes aspectos: recursos locais; como são ou não valorizados; qual o papel das organizações inquiridas na gestão dos recursos locais; e os principais factores facilitadores e obstáculos à valorização dos mesmos.

3.3 População em Estudo

Os inquéritos foram realizados a técnicos e/ou responsáveis de 21 organizações governamentais e não-governamentais (Quadro 7), situadas no concelho do Peso da Régua, especificamente em três freguesias, Godim, Loureiro e Peso da Régua. Optei por escolher organizações situadas nestas freguesias, pois são as mais próximas do centro da cidade e aquelas onde se concentram o maior número de entidades.

O principal objectivo é de perceber até que ponto estas geram sinergias promissoras para a concretização de projectos, iniciativas e/ou actividades de valorização dos recursos da região e compreender através das visões e percepções dos inquiridos qual a consciência

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A escolha das organizações atendeu ao critério da diversidade. Foram inquiridos diversos actores locais, de diversos sectores, sobretudo relacionados com os principais recursos existentes na cidade, naturais, culturais e patrimoniais. A informação pessoal relativa a cada inquirido não foi tida em conta, visto não ser relevante para o estudo (faixa etária, formação e cargo profissional).

De uma maneira geral, as organizações mostraram-se disponíveis para responder ao inquérito, e ajudar no que fosse possível.

Quadro 7 - Organizações inquiridas

Organizações Ligadas à Educação e Formação

Organizações Ligadas ao Lazer, Cultura e Desporto

Organizações Ligadas ao Sector Agrícola, Marítimo

e Ferroviário

1.Centro Gestão – Empresa Agrícola do Baixo Corgo

1.Clube de Caça e Pesca do Alto Douro

1.Associação dos Jovens Agricultores de Portugal 2.Escola Profissional de

Desenvolvimento Rural do Rodo

2.Biblioteca Municipal 2.Casa do Douro

3.Associação para o Desenvolvimento da Régua

3.Piscinas Municipais 3.Associação para o

Desenvolvimento da Viticultura Duriense

4.AlltourDouro, Agência de Viagens e Turismo, Unipessoal, Lda

4.Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, IP

5.Casa do Povo de Godim 5. Instituto dos Vinhos do Douro

e Porto

6.Rancho Folclórico de Loureiro 6. Comboios de Portugal 7.Rancho Folclórico e Recreativo de

Godim /Peso da Régua 8.Douro Wonderful Events 9. Museu do Douro

10.Associação Amigos Abeira Douro 11. Câmara Municipal de Peso d Régua

12.Associação Comercial e Industrial dos Concelhos do Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião e Mesão Frio

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4. Resultados e discussão

4.1 Breve Caracterização do Concelho

O concelho do Peso da Régua fica situado no Distrito de Vila Real, Região Norte e sub-região do Douro. Localizada na margem direita do Rio Douro, dista 25 Km de Vila Real e está a cerca de 100 Km da cidade do Porto.

A sul está delimitada pelo Rio Douro e pelos concelhos de Lamego e Armamar, pertencentes ao distrito de Viseu, a este pelo concelho de Sabrosa, a oeste pelo concelho de Baião, a norte pelos concelhos de Santa Marta de Penaguião e Vila Real e a sudoeste pelo concelho de Mesão Frio, que pertence ao distrito do Porto, como ilustra a figura 1.

O concelho foi criado em 1836 por desmembramento de Santa Marta de Penaguião, e nasceu da fusão, no século XVIII, das aldeias de Peso e Régua. Em meados do século XVIII, o Marquês do Pombal criou a Companhia das Vinhas do Alto Douro e a partir dessa altura a Régua começou a crescer e a desenvolver-se. Considerada como uma das mais importantes cidades ribeirinhas, é também conhecida como a capital internacional do vinho e da vinha. É o centro da região demarcada do Douro. Fica na parte central da Linha do Douro, entre Porto e Pocinho. É sede de um município subdividido em 12 freguesias, como podemos ver na figura 2.

Contudo, e apesar de nenhuma das freguesias ter menos de 150 habitantes, ao abrigo do disposto no art. 11 da lei nº22/2012, a Assembleia Municipal de Peso da Régua deliberou sobre a reorganização administrativa do território das suas freguesias, respeitando os parâmetros de agregação e considerando os princípios e as orientações estratégicas definidas na presente lei.

A UTRAT – Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território, propôs assim a agregação das freguesias:

- de Peso da Régua e de Godim, numa freguesia designada por “União de freguesias de Peso da Régua e Godim”;

- de Covelinhas com 222 habitantes e Galafura com 664 habitantes, numa freguesia designada por “União de freguesias de Galafura e Covelinhas”;

- de Vinhós com 499 habitantes e Sedielos com 911 habitantes, numa freguesia designada por “União de freguesias de Sedielos e Vinhós”;

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- de Poiares com 802 habitantes e Canelas com 664 habitantes, numa freguesia designada por “União de freguesias de Poiares e Canelas”.

Figura 1 – Localização do concelho de Peso da Régua

Fonte: http://www.dourohistorico.pt/_imagens/tmpl_fe_adh_mapa_zona_abordagem_leader.gif

Figura 2 – Freguesias do concelho de Peso da Régua

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A agricultura continua a ser a actividade principal do concelho, sendo, para muitas famílias, a sua única fonte de sustento e sobrevivência. Verifica-se um aumento cada vez maior de subsídios e apoios neste sector, sobretudo para os jovens agricultores. Porém, esta actividade por parte dos jovens ainda não tem a dimensão pretendida.

4.2 Caracterização das Organizações

Antes de avançarmos para a apresentação dos resultados, vejamos quais as actividades desenvolvidas pelas organizações inquiridas (Quadro 8).

As organizações foram divididas em três sectores: a educação e a formação; o lazer, a cultura e o desporto; e o sector agrícola, marítimo e ferroviário.

No sector da educação e formação, verifica-se que o principal objectivo das entidades baseia-se na valorização dos recursos humanos. Sem recursos qualificados, o desenvolvimento do concelho torna-se mais difícil e lento.

As organizações ligadas a este sector apostam em parcerias com actores locais que facilitem a entrada dos jovens no mundo do trabalho, incutindo desde cedo o gosto pela região duriense. Estes projectos tendem a fixar os jovens aos meios rurais em que estão inseridos, apostando na divulgação da identidade e mais-valias, e os benefícios que daí possam advir, quer para o desenvolvimento do concelho, quer para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes

Relativamente ao lazer, cultura e desporto, sem dúvida que o objectivo fundamental que move estas entidades é a divulgação da história e potencialidades do concelho, através de actividades culturais e de lazer para os seus habitantes e turistas. Dinamizam os recursos locais através de eventos turísticos, desportivos e/ou culturais, que sofreram um aumento nos últimos anos.

Por fim, e talvez o mais importante, o sector agrícola, marítimo e ferroviário, que abrange as organizações mais relevantes da cidade, relacionadas com a vinha, o vinho, a paisagem e o Rio Douro. São responsáveis pela gestão dos recursos naturais do concelho, pela sua preservação e promoção.

Todas são entidades que divulgam e promovem o que de melhor a Régua tem para oferecer. Todas são imprescindíveis ao concelho, pelas suas características singulares, finalidades e missões.

Imagem

Figura 1 – Localização do concelho de Peso da Régua

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