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Considerações sobre a expansão da soja e a dinâmica sociodemográfica nas microrregiões do Mato Grosso

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Considerações sobre a expansão da soja e a

dinâmica sociodemográfica nas microrregiões do

Mato Grosso

Kelly C. M. Camargo1

Palavras-chave: Soja. Urbanização. Mato Grosso.

1 Cientista Social pela Universidade Estadual de Campinas, mestranda em Demografia pela mesma

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1.1. Introdução

Nos últimos 30 anos, o estado do Mato Grosso vivenciou um intenso processo de urbanização (CUNHA, 2006). A Marcha para o Oeste implantada na década de 1940, durante o governo de Getúlio Vargas, deu o primeiro impulso efetivo rumo à ocupação do Centro-Oeste, através de políticas nacionais (GUIMARÃES; LEME, 2002). Durante o regime militar oriundo do Golpe de 1964 foi intensificada a criação de políticas estatais que visavam à transformação da estrutura produtiva do Centro-Oeste, através dos programas de incentivo à modernização agropecuária e a integração da região aos outros mercados (GUIMARÃES; LEME, 2002). Esse processo repercutiu em mudanças não só econômicas, mas também demográficas oriundas do processo de redistribuição espacial da população, e ambientais relacionadas à transformação no uso e ocupação territorial (CARMO; LOMBARDI, 2012).

Nesse sentido, a modernização da produção e a urbanização mato-grossense estão no bojo das políticas governamentais ufanistas de ocupação da fronteira que aconteceram entre 1970 e 1980, e previam projetos de colonização pública e privada (MONTAGNI; LIMA, 2002). Esse cenário se baseia na estruturação fronteira agrícola que deu origem a uma economia alicerçada na produção agrícola altamente mecanizada, que desarticula formas anteriores de assentamento (incentivadas por tais políticas públicas) fundamentadas em pequenas propriedades, e resulta em menores necessidades de trabalho no campo, provocando o movimento da população para as cidades (HOGAN et al, 2002). O processo de modernização agrícola levou à urbanização crescente no estado, de forma que o Grau de Urbanização que era de 39,4% em 1970, passou a ser 81,8% em 2010.

Nesse artigo, objetiva-se demonstrar como vem se desenvolvendo o processo de urbanização mato-grossense, tendo como unidade de análise a microrregião, entre 1991 e 2010. O estudo se desenvolve a luz das concepções sobre a introdução do agronegócio da soja como dinamizador da economia (ELIAS; PEQUENO, 2007). A metodologia utilizada alia a combinação de uma bibliografia interdisciplinar que contempla fundamentos da literatura em População e Ambiente, Urbanização, e de Caracterização Histórica e Demográfica do estado do Mato Grosso, junto da análise descritiva de dados secundários obtidos através da captação e disponibilização de informações sociodemográficas e econômicas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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1.2. Da fronteira agrícola á integração do Mato Grosso na economia nacional Em 2010 o estado do Mato Grosso comporta uma população de 3.035.122 habitantes, sendo responsável por 23,4% do total do valor da produção de soja no país, e com participação de 16,8% no PIB agropecuário brasileiro (dados do Censo Demográfico de 2010 e da Pesquisa Agrícola Municipal de 2010, IBGE). Pode-se apontar, então, que o estado passou por um rápido desenvolvimento econômico, pois a região Centro-Oeste na qual o estado se insere é uma área de ocupação recente, que mesmo fazendo parte do território brasileiro e tendo participado de ciclos econômicos que são desenvolvidos historicamente no Brasil, a região não tinha volume ou densidade populacional elevados, sendo mais intensamente ocupada através dos projetos federais de colonização, que ocorreram, especialmente a partir da década de 1970 (CARMO et

al, 2012).

Ou seja, o ciclo inicial do qual a região participou, a mineração do ouro e de diamantes, trouxe as primeiras populações não indígenas para o Centro-Oeste no século 18 (HOGAN et al, 2002). Mas com o fim desse ciclo a região ficou deslocada economicamente do resto do país, de forma que a agricultura de subsistência e extensas pastagens eram predominantes na paisagem (HOGAN et al, 2002). Por isso, o Centro-Oeste, era considerado como um “vazio demográfico e econômico”2

, mesmo não sendo inabitada, a localidade era ocupada de forma esparsa demográfica e economicamente3.

A situação de inexpressividade demográfica era caracterizada pela existência de tribos indígenas, e a emergência de pequenos aglomerados urbanos e concentrações rurais em meio a grandes espaços rarefeitos (GUIMARÃES; LEME, 2002). Os vazios econômicos configuravam uma economia centrada na agricultura de subsistência e na pecuária extensiva - até mesmo em razão dos resquícios do passado colonial que persistiam no século 20.

Guimarães e Leme (2002) expõem que através da lógica capitalista o status de vazio envolve a não participação do estado na acumulação de capital dentro do modelo instaurado nas regiões brasileiras mais desenvolvidas economicamente. O Mato Grosso, na lógica do capital, necessitava de uma remodelação econômica que levasse ao

2 Na realidade, estava povoado por tribos indígenas, com a emergência de pequenos aglomerados urbanos

e concentrações rurais.

3 Não podemos esquecer que existiram conflitos pela terra, com total desrespeito com as terras indígenas.

Além de intenso desmatamento das áreas naturais para que o capital pudesse efetivamente adentrar o espaço.

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aumento da acumulação capitalista e, consequentemente, demográfica (GUIMARAES; LEME, 2002).

Conforme aponta Cunha (2006), para modificação de sua estrutura produtiva através de incentivo à modernização agropecuária e integração da região aos outros mercados, foram colocados em prática órgãos oficiais de apoio e programas federais. Dentre os programas cabe destacar: a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), o Conselho de Desenvolvimento da Pecuária de Corte (CONDEPE), o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados, o Programa de Pólos Agropecuários e Minerais da Amazônia (POLOAMAZÔNIA).

É essencial também evidenciar a importância da integração do Centro-Oeste com a Amazônia para a incorporação de processos produtivos. O que ocorreu por ações como a abertura dos grandes eixos rodoviários, especialmente a BR-163 que liga Cuiabá à Santarém (1971-1976). As Rodovias, em especial a BR-163, foram marco representativo da efetiva implantação de projetos de colonização (CUNHA, 2006). Uma vez que à distância entre as áreas de ocupação de Mato Grosso e os mercados do litoral era um obstáculo à mercantilização de sua economia (GUIMARÃES; LEME, 2002).

A condução de tais projetos se deu através de diferentes atores, mas mesmo quando a ação era de agentes privados, aconteceu com a anuência e incentivo estatal (CARMO et al, 2012). Dessa forma, estabelece-se que o processo de ocupação dessas áreas consideradas de ocupação recente está intimamente relacionado à discussão da fronteira agrícola e das frentes de expansão agropecuária e seus desdobramentos.

No Mato Grosso a mola efetiva da expansão da fronteira agrícola pelo estado foi à soja. Segundo Fernández (2007), a introdução de soja no Brasil ocorreu no final do século 19 e início do século 20, através do material genético adquirido internacionalmente, em especial dos Estados Unidos. Foram várias e dispersas as iniciativas de plantar soja no Brasil. Mas apenas com o fim da Segunda Guerra e o início da industrialização mais intensiva do Brasil, cresceu o consumo de óleos vegetais, incentivando a demanda pela soja, a qual teve rápido crescimento da área cultivada no estado do Rio Grande do Sul (FERNÁNDEZ, 2007). Na década de 1970, avançou sobre o território brasileiro, através da fronteira agrícola, passando por Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso, principalmente através da trajetória dos migrantes gaúchos (FERNÁNDEZ, 2007).

No Mato Grosso a soja foi introduzida durante na década de 1970 de forma experimental. E do ponto de vista técnico, a soja só foi uma possibilidade nos solos do

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Cerrado, bioma que compõe grande parte do estado, através do investimento em pesquisa, como as realizadas pela EMBRAPA(CAVALCANTI et al, 2014, p. 251).

Os primeiros plantios da cultura no Mato Grosso ocorreram no início dos anos de 1970, na porção sul do Estado. Começaram de forma experimental por agricultores que procuravam variar suas colheitas, mas conforme os conhecimentos sobre o manejo de solos do cerrado foram desenvolvidos pela EMBRAPA e pela EMATER e disponibilizados para os produtores e os mercados se tornaram consolidados, novas cidades foram formadas em razão da expansão da soja e dos incentivos públicos concedidos, ampliando a área plantada com a soja rapidamente (FERNÁNDEZ, 2007, p. 19).

Cabe destacar que, principalmente, o milho, o algodão e o sorgo são utilizados no processo de rotação de culturas, na proteção e recuperação dos processos erosivos e nutricionais do solo e na diminuição da incidência de pragas (SCHWENK, 2013). Junto da soja esses produtos relacionam a agricultura, com a pecuária (gado de corte, suinocultura e avicultura), sendo parte integrante da cadeia de grãos e carnes do complexo da soja no estado (SCHWENK, 2013).

A partir das informações disponíveis pela Pesquisa Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nota-se na Figura 1 que a expansão da área plantada de soja tem sido intensa não só no estado e na região Centro-Oeste, como no Brasil. Primeiro, podemos notar o crescimento da proporção de soja no total da área plantada de lavoura temporária para as três dimensões territoriais: o país, e exponencialmente para a região Centro-Oeste e o estado do Mato Grosso. Neste último a soja participa de 66,4% da lavoura temporária.

Figura 1: Percentual de soja no total da área plantada de lavoura temporária, por localidade, entre 1991 e 2010.

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O crescimento agrícola recente no Brasil se relaciona, então, a importante expansão da área total plantada, o que rompe com um padrão de crescimento agrícola de pouco crescimento durante a década dos 1990 (BRANDÃO, REZENDE, MARQUES, 2006). Nos anos 1990 apenas nas Regiões Centro-Oeste e Norte/Nordeste houve expansão da área plantada de soja. Dessa forma, através das Figuras 1 e 2, nota-se que na década de 1990 no Centro-Oeste o crescimento da plantação de soja foi acompanhado pela ampliação da área total com lavouras. Ou seja, novas áreas de lavoura temporárias foram formadas na região com o intuito prévio de produzir soja. O que normalmente está relacionada à transformação de áreas de pastagem em cultivo agrícola (BRANDÃO, REZENDE, MARQUES, 2006).

Ainda é possível notar a importância do estado do Mato Grosso nesse cenário, uma vez que esse se tornou o maior estado produtor de soja do país. Inclusive, chama atenção para o crescimento anual da área plantada de soja a partir de 2002, e que essa produção só tem se intensificado desde então, chegando a mais de 6 milhões de hectares4 em 2010 -, como é possível observar através do Figura 2.

Figura 2 –Área plantada de soja no Brasil, com destaque para a parcela correspondente à Região Centro-Oeste e ao estado do Mato Grosso – 1990 a 2010.

Fonte: IBGE, Pesquisa Agrícola Municipal 1990, 2000 e 2010.

Embora a soja não seja exatamente um chamariz populacional devido a sua forma se organização da produção - pois ao se tratar de uma produção moderna e

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No que se referem aos dados de área plantada da lavoura temporária há a possibilidade de se considerar cultivos sucessivos ou simultâneos no mesmo ano local. De forma que em alguns casos a área informada de plantio pode até mesmo exceder a área geográfica do município.

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mecanizada, ela é realizada em grandes propriedades não necessitando de mão-de-obra no campo, aqueles poucos que lá trabalham moram no urbano -, ainda sim a expansão econômica decorrente da soja foi acompanhada por grandes fluxos migratórios, como apontam estudos demográficos (MARTINE, 1994; CUNHA, 2006), gerando taxas de crescimento populacional superiores às médias nacionais.

Na Tabela 1 é possível visualizar entre 1970 e 1980 o crescimento anual da população é bem intenso, de 6,6%, apenas menor do que o do Distrito Federal (lembrando que Brasília foi construída na década de 1960). Entre 1970-1980 e 1980-1991 já há uma queda da intensidade desse crescimento, que se torna maior entre 1980- 1991-2000, mas ainda sim é maior do que as taxas do Centro-Oeste e do Brasil. Cabe destacar também que durante a década de 1990 há uma tendência no Brasil de queda do ímpeto das migrações interestaduais, inclusive com aumento da migração de retorno. A diminuição do ritmo de crescimento populacional mato-grossense é mais leve entre 2000-2010, sendo que a taxa de crescimento anual da população do Mato Grosso é maior do que todas as outras localidades, com exceção do Distrito Federal.

Tabela 1 – População e taxa de crescimento anual da população (%), por localidade, entre 1970 e 2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1970 a 2010.

Segundo Guimarães e Leme (2002), no final da década de 1980 foram instaladas agroindústrias regionais no Mato Grosso - a partir de articulações políticas a nível federal e incentivo estadual. As grandes empresas, inclusive as multinacionais, vieram em seguida, e implantaram uma rede de silos e armazéns para controlar a oferta de grãos produzidos no estado e na região Centro-Oeste, mas mantendo no Sul e Sudeste seu centro decisório. Uma vez que em grande parte do Mato Grosso ainda não se tinha uma vida urbana bem organizada.

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Ao longo das décadas de 1990 e 2000 a infraestrutura urbana e as relações trabalhistas se desenvolveram de forma aceitável nos moldes capitalistas, e a produção agropecuária exerceu papel de frente de expansão dos capitais e do agronegócio globalizado no Mato Grosso (BRANDÃO, 2012): “Com a disseminação das empresas nacionais no Centro-Oeste, a disputa pelo mercado vem acirrando a concorrência e estimulando as multinacionais a ocuparem estrategicamente também esse espaço territorial, por meio de plantas agroindustriais e centros decisórios” (GUIMARÃES; LEME, 2002).

1.3. A expansão da soja e do urbano no Mato Grosso

Transformações econômicas e sociodemográficas acompanharam o avanço da fronteira da soja. Pois essa demanda a substituição das atividades agrárias realizadas por pequenas propriedades familiares pela produção em enormes áreas, levando a uma concentração das atividades em poucas propriedades. Ao ser altamente mecanizada desarticula formas anteriores de assentamento (incentivadas por tais políticas públicas) fundamentadas em pequenas propriedades, e resulta em menores necessidades de trabalho no campo, provocando o movimento da população para as cidades (HOGAN et

al, 2002). Cunha (2006) ainda chama atenção para a contradição que é esse contexto

com a política de colonização dos vazios demográficos implantadas pelos Governos oriundos do Golpe Militar de 1964.

No entanto, não há como negar que a forma como se dá a apropriação da riqueza gerada por esta nova atividade não tem garantido uma distribuição da renda adequada e nem, por consequência, implicado uma melhoria das condições de vida da população, em particular daquelas pessoas ou famílias que desejariam garantir sua reprodução social fora dos centros urbanos (CUNHA, 2006, p. 105).

A articulação com a agroindústria, a utilização da biotecnologia, o uso intensivo de máquinas agrícolas, entre outras posturas, muda a composição técnica e orgânica da terra (Santos, 1993), e difunde no espaço agrário o meio

técnico-científico-informacional (SANTOS, 1993), o que explica também em parte, a interiorização da

urbanização. Processa-se, assim, um crescimento de áreas urbanizadas no que era considerado campo, notadamente nas áreas que se modernizam. Uma vez que, entre outras coisas, a gestão do agronegócio globalizado necessita da sociabilidade com os espaços urbanos. Ou seja, o agronegócio globalizado precisa de locais que atendam as

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suas demandas de mão-de-obra e de serviços, e um local que possa suprir essas necessidades são notadamente urbanos (ELIAS, 2007).

Mas já existia grau de urbanização no estado, antes mesmo da fronteira agrícola. Como pode ser observado na Figura 3, na década de 1970 o estado era 39,4% urbanizado. De acordo com Santos (2012), as áreas urbanas no Mato Grosso tiveram sua origem relacionada à atividade garimpeira e agropecuária. Dessa forma, entende-se que o processo de urbanização nestas áreas se estabeleceu sem um planejamento urbanístico local e nem mesmo do poder público. Contudo, a partir do processo de colonização dos anos 1970 e 1980 se estabeleceu áreas com infraestrutura urbana melhor organizada para apoio para a produção de commodities e implantação de agroindústrias. Mesmo que grande parte desses empreendimentos não tenha obtido o sucesso esperado, ou que essa infraestrutura ainda não tenha sido completamente desenvolvida em todos os municípios (CUNHA, 2006).

Figura 3 – Grau de Urbanização, por localidade, entre 1970 e 2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

Mas aponta-se que a expansão do urbano e da soja, a partir de então, ocorre nos municípios mato-grossenses participantes do agronegócio principalmente devido às articulações em que agentes públicos e privados buscam a mesma coisa: a maximização produtiva. A chegada da infraestrutura e da logística nessas cidades favoreceu as atividades agrícolas, porque dentre as características do agronegócio está o desenvolvimento de uma extensa gama de novas relações campo-cidade/rural-urbano,

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com a diminuição da dicotomia entre estes dois subespaços (ELIAS; PEQUENO, 2007, p. 04).

Na Figura 4 é possível notar tanto a intensificação e a expansão da área plantada de soja nos municípios do agronegócio quanto o aumento da população urbana. Um importante adendo é o crescimento do numero de municípios através da emancipação política/administrativa, o que deve ser levado em consideração na análise dos resultados.

Figura 4 – Mapa da População urbana e da expansão da soja nos municípios do Mato Grosso em 1991, 2000 e 2010.

Com a Figura 4 é possível visualizar que a partir de 1991 a produção de soja é implementada cada vez em mais municípios a cada década. Em duas décadas o número de municípios mato-grossenses produtores de soja se expandiu em 95%, passando de 50 para 113 em 2010. O maior avanço se deu entre o início da década de 1990 a 2004, quando o total de municípios produtores passou de 50 para 105. E ainda há possibilidade de expansão, pois a Figura 4 nota-se que o nordeste do estado tem se configurado como uma nova área de fronteira agrícola, em vista do aumento ou da

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implementação da produção de soja em pastagens degradadas. A soja seria uma forma de recuperação econômica do solo, como já apontava Becker (2000)5.

Contudo, a questão é complexa e, portanto, não se pode estabelecer um padrão único para o fenômeno. Já que na Figura 4 é perceptível que não necessariamente os municípios com maior densidade populacional urbana são os maiores produtores de soja. Ainda se destaca que em alguns municípios a população urbana já era significativa antes da implementação da soja.

O ponto de discussão é que no Mato Grosso os municípios que tem sua economia diretamente relacionada à implantação e expansão da soja têm por função principal suprir às demandas produtivas dos setores associados à modernização da agricultura. Para que isso se configurasse foi necessária à organização do espaço urbano, o que causou mudanças na organização espacial e nas funcionalidades desse urbano (ELIAS; PEQUENO, 2007). Quanto mais se potencializa o envolvimento das cidades com o agronegócio globalizado, mais intenso e complexo é o processo de transformação do local (ELIAS; PEQUENO, 2007).

Mas um ponto impacta os dados e merece destaque. Essa questão fica evidente na Figura 4, que consiste na emancipação dos municípios. De acordo com Silva (2013), a especialização produtiva do campo em commodities exige em contrapartida uma especialização das cidades, que é o locus de regulação das atividades. O motor da municipalização é a urbanização, e a urbanização exige a institucionalização de municípios para se completar (SILVA, 2013). Segundo Silva (2013), a urbanização do território brasileiro foi realizada, dessa forma, em razão da institucionalização das fronteiras municipais porque o município é um ente da federação com poder de produzir leis, sendo essa também uma dimensão que deve ser considerada quando se trata da urbanização.

A constituição de 1988 apresenta as atribuições dos municípios e estão entre elas: legislar sobre interesses locais, arrecadar tributos de sua competência, prestar serviços públicos e ordenamento territorial, através de controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (SILVA, 2013). Por esse motivo também é complicado trabalhar com a expansão agrícola no Mato Grosso, pois as fronteiras administrativas sofrem intensa mutação ao longo das ultimas décadas, em especial entre 1980 e 2000.

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Contudo, esse processo pode favorecer também o avanço do desmatamento, pois desaloja a pecuária a forçando a migrar para a Amazônia, em busca de terras mais baratas (BRANDÃO, REZENDE; MARQUES, 2007).

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Depois dos anos 2000, apesar de existiram ainda pedidos de emancipações municipais, essa questão perdeu seu ímpeto. Até porque nesse momento já está organizada no estado com a divisão social do trabalho, estabelecendo o local e suas funções econômicas. Nesse sentido, é inegável que as empresas colonizadoras privadas criaram muitas das cidades mato-grossenses e transferiram o ônus dos investimentos em equipamentos urbanos ao poder público por meio das emancipações municipais (ABREU, 2001 apud SILVA, 2013). Assim, a emancipação se tornou uma estratégia, e foi muito usada no momento de expansão da fronteira, como forma de consolidá-la. Para Silva (2013), as grandes empresas como Cargill, ADM, Bunge, e o Grupo Maggi, presentes no estado do Mato Grosso, influenciam nos orçamentos públicos de várias instâncias, a fim de direcionar o dinheiro público a projetos destinados à aceleração dos fluxos de interesse hegemônico, inferindo um uso corporativo do território.

De fato, os núcleos urbanos expandiram as novas relações de trabalho agrícola promovendo êxodo rural (migração ascendente), e observaram a imigração de profissionais especializados no agronegócio (ELIAS; PEQUENO, 2007). Também difundiram o consumo produtivo agrícola, e dinamizaram o terciário, a economia urbana e o setor de construção civil (SANTOS, 1993; ELIAS, PEQUENO, 2007). São inúmeras as profissões urbanas que se relacionam com o rural: são corretores de grãos, gerentes e auxiliares de produção nas agroindústrias, motoristas de caminhão, professores de engenharia agrícola, veterinários, vendedores de maquinários agrícolas, profissionais da limpeza de empresas de consultoria, entre muitas outras.

Em razão das transformações geopolíticas a metodologia se baseará a partir de agora na análise de considerações sobre as microrregiões mato-grossenses entre 1991 e 2010. Assim, o efeito das emancipações é atenuado. Como é possível notar na Figura 5 as microrregiões que mais produzem soja em 2010 é Parecis e Alto Teles Pires. Também se observa que junto dessas duas, Sinop, Arapuanã, Norte Araguaia e Primavera do Leste são as microrregiões que mais apresentaram crescimento populacional urbano entre 1991 e 2010.

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Figura 5 – Área plantada de soja (ha) em 2010 e taxa anual de crescimento da população urbana entre 1991 e 2010.

O ponto inicial do avanço da lavoura da soja no estado se localiza na microrregião de Rondonópolis (SCHWENK, 2013). Atualmente a microrregião é constituída por um complexo agroindustrial de indústrias esmagadoras e processadoras de grãos, sendo composta por municípios altamente dinâmicos e consolidados (SCHWENK, 2013). De Rondonópolis a soja foi difundida para a microrregião de Parecis. No ano de 2000 o estado se tornou o maior produtor de soja do país, produzindo no ano 2000, cerca de 2.968.000 ha de área plantada.

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Como é possível observar nas Figuras 4 e 5, não necessariamente os maiores graus de urbanização estão atrelados apenas aos municípios que produzem maior quantidade de soja, mas esses municípios sojeiros são claramente muito urbanizados. As microrregiões que se destacam das demais altíssimas taxas de crescimento é Cuiabá, Rondonópolis e Alto Teles Pires. Ainda assim, no geral, se pode afirmar que as microrregiões são mais ou menos homogêneas por terem significativas taxas de crescimento, mesmo que essas não sejam tão altas quanto para as citadas acima.

Segundo Cunha (2002) até a década de 1990, as microrregiões de Cuiabá, Rondonópolis, Alto Pantanal, eram mais urbanizadas e dinâmicas, onde as atividades industriais e o setor de serviços eram mais desenvolvidos. A região central do estado - Parecis, Primavera do Leste, Alto Teles Pires, Canarana - apresentavam um processo de ocupação um tanto diferente, com a presença muito forte da soja. Enquanto mais ao norte, as microrregiões de Alto Floresta e Colíder reduziram drasticamente seu crescimento. Na Tabela 2 se expressa à população por microrregiões mato-grossenses e seu crescimento segundo a situação do domicílio.

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Tabela 2 – População das microrregiões do Mato Grosso, por situação total, rural e urbana e crescimento no período de 1991 a 2010.

Fonte: FIBGE, Censo Demográfico do IBGE 1991, 2000 e 2010.

Nota-se o crescimento anual da população total no estado durante todo o período analisado, como também da área urbana das microrregiões; com maior proporção em Parecis, Alto teles Pires, Sinop e Norte Araguaia, localidades com mais extensas áreas de plantação soja (Figura 5). O decréscimo na área urbana só aconteceu em Rosário Oeste - localidade com economia baseada na produção pecuária - e em Tesouro - este caso é mais interessante porque a sua microrregião ultimamente investe em soja, e também na pecuária e no extrativismo mineral. No rural, por outro lado, o crescimento negativo da população é quase tão geral quanto o aumento o é nas áreas urbanas dessas microrregiões.

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Observando a população total na Tabela 2 averígua-se que mesmo com diminuição do crescimento populacional no rural, as microrregiões apresentam aumento populacional em sua maioria, ou seja, esse aumento é urbano. Pode-se focar em Alto Teles Pires, que é uma importante localidade produtora de mercadorias das agroindústrias do complexo grãos-carne; e Sinop, referencia na área de serviços, e no setor agroindustrial com empresas processadoras/esmagadoras de arroz e de soja. Lembrando que ainda que a microrregião de Sinop tem seu crescimento atrelado à decadência da atividade garimpeira no estado (CUNHA, 2002).

A seguir a Tabela 3 com a imigração interestadual de data-fixa, por condição total e urbana, com destino às microrregiões do Mato Grosso.

Tabela 3 – Destino segundo condição do domicílio da migração (data-fixa) interestadual.

Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010.

Duas questões chamam atenção na Tabela 3: a primeira questão corresponde à intensa diminuição do volume de imigrantes nas microrregiões nas três últimas décadas (seguindo a tendência brasileira de menores fluxos entre estados), com exceção de Alto

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Teles Pires, o qual aumenta. Os municípios integrantes de Alto Teles Pires têm apresentado uma expressiva dinâmica econômica em razão da integração da cadeia dos grãos a partir de 2008, através da instalação da empresa Brasil Foods S. A. no município de Lucas do Rio Verde, influenciando toda a região.

A segunda questão interessante concerne ao fato da imigração (data-fixa) interestadual com destino às microrregiões do Mato Grosso corroborar com a hipótese ao também estar cada vez mais atrelada ao urbano. Afinal, a proporção do volume de imigração com destino ao urbano em relação ao total aumenta na grande maioria das localidades. Contudo, existem microrregiões nas quais essa realidade é distinta quando comparados os períodos 1986-1991, 1995-2000 e 2005-2010. Essas microrregiões correspondem Arinos, Sinop, Canarana e Médio Araguaia. Nesses locais há diminuições, mesmo que pequenas, das proporções de migrantes com destino ao urbano em relação à migração total para a microrregião. O entendimento dessa questão fica mais apreensível à luz da Tabela 4, ilustrando o Produto Interno Bruto em 2010 das microrregiões.

Tabela 4 – Produto Interno Bruto por setor econômico das microrregiões mato-grossenses em 2010.

Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios 2010. Obs.: PIB de 2010 com relação ao PIB de 2002.

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A Tabela 4 demonstra que a participação de cada setor na economia pouco se transformou nas microrregiões quando se compara 2000 e 2010 (IBGE, Produto Interno Bruto), considerando que se trata de um tempo curto para empregar grandes mudanças. Nesse sentido, sobre Arinos, Sinop, Canarana e Médio Araguaia, nota-se que a microrregião de Arinos tem seu PIB com maior participação da agropecuária do que dos serviços e da indústria; cerca de 40% dos imigrantes se destinavam as áreas rurais nos anos 1980, e isso não mudou nas últimas décadas (CUNHA, 2006). A microrregião de Sinop passou por certa perda da importância econômica do seu setor industrial, que dinamiza a imigração com destino ao urbano, devido, principalmente, ao esgotamento das reservas florestais mais próximas a partir da década 1990.

Na microrregião de Canarana a agricultura familiar possui 68,73% do total de estabelecimentos agropecuários, mesmo ocupando apenas 7,37% da área total; e a agricultura familiar também retém 54% das ocupações no campo, auxiliando na diminuição do êxodo rural (MORAES et al, 2012). O Médio Araguaia é uma surpresa, pois tem base produtiva rural baseada em commodities, como a soja, aliada à agroindustrialização. Talvez o seu diferencial possa estar no fato de que em todos os seus municípios há presença significativa de agricultores familiares, estabelecendo a permanência das pessoas no campo.

Em suma, o artigo buscou mostrar a importância de ressaltar que os diferenciais apresentados entre as microrregiões demonstram a complexidade do estudo da urbanização no Mato Grosso. O potencial econômico foi especialmente despertado pela produção agrícola e não dá sinais de arrefecimento, pelo menos no que se refere aos aumentos das demandas internas e externas criados pela produção de soja. Contudo, apesar dessa cultura se mostrar como protagonista no Mato Grosso, a economia estadual não se limita a ela.

O objeto de pesquisa não se mostrou homogêneo, apesar de serem várias as características que se aproximam e se interconectam. Foi possível mostrar a relação entre urbanização, expansão da produção de soja e a modernização produtiva do rural analisadas a partir da perspectiva da microrregional. Também evidencia-se que o urbano e o rural não são conceitos dicotômicos, e os dois estão cada vez mais relacionados no Mato Grosso em razão da introdução do “agronegócio globalizado” (ELIAS; PEQUENO, 2007). Pois o estabelecimento e o desenvolvimento do agronegócio dependem de núcleos urbanos preparados para atender as demandas da produção no

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campo, como também para abarcar o crescimento populacional que ocorre pela dinamização da própria economia urbana.

1.4. Considerações Finais

A partir dos anos 1990 no Mato Grosso as lavouras intensivas, como a soja, são beneficiadas por políticas governamentais e por empresas com tecnologia sofisticada, levando a informatização e planificação de processos agropecuários. Investindo em

commodities se tem um território mais concentrado que leva ao êxodo rural, com pouco

espaço para os pequenos produtores.

Nesse sentido, também o poder público municipal torna mais exequível o circuito espacial produtivo da soja tanto através dos investimentos em infraestruturas, quanto através da garantia da reprodução da força de trabalho. Nesse sentido, a criação de novas municipalidades pode ser considerada como uma face da difusão da modernização, pois um novo município implica na instalação de edificações, estradas, e serviços.

Investindo na força do “agronegócio globalizando”, a diferença entre urbano e rural se torna mais difusa, uma vez que os núcleos urbanos se diversificam e crescem em razão do atendimento as demandas da produção de grãos. Os grãos podem ser beneficiados pela agroindústria da soja e integrados à produção do complexo da carne, aumentando a participação da indústria no PIB municipal.

O urbano é também no Mato Grosso o principal destino dos migrantes interestaduais. De forma que as microrregiões experimentam crescimento populacional, principalmente, na sua área urbana. E, por mais que os Graus de Urbanização possam ser intensos também nas microrregiões que não são as maiores produtoras de soja, nas microrregiões líderes dessa produção a urbanização é intensa, pois é necessária. Uma vez que os núcleos urbanos são os locais que possuem mão-de-obra barata e especializada, bancos, serviços públicos, corretores de grãos, transportadoras, entre outros. A soja dinamiza o urbano que se complexifica e expande para atender às demandas dos produtores e o crescimento populacional consequente.

Portanto, ao tratarmos dos processos relacionados ao “agronegócio globalizado” é preciso compreendê-los como algo que extrapola o aumento da produtividade; envolvendo circunstancias sociais, políticas, econômicas e demográficas.

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Referências Citadas

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