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CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS E O CUIDADO DA SAÚDE PRIMÁRIA: UM ESTUDO DE CASO DA COMUNIDADE RURAL DE MENDES, SÃO JOSÉ DE MIPIBU/RN.

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS E O CUIDADO DA SAÚDE PRIMÁRIA: UM ESTUDO DE CASO DA COMUNIDADE RURAL DE

MENDES, SÃO JOSÉ DE MIPIBU/RN

Jayra Juliana Paiva Alves* Camila Cortez de Lima** Daniele Bezerra Santos*** Priscila Daniele Fernandes Bezerra**** RESUMO: Esse trabalho foi realizado no povoado de Mendes, zona rural do município de São José de Mipibu/RN, tendo como principal objetivo realizar um levantamento qualitativo e quantitativo em relação ao conhecimento popular de plantas medicinais. Especificamente objetivou-se descrever as plantas utilizadas com maior frequência pela população, assim como a forma de preparo e a sua indicação para determinada finalidade comparando-as com a indicação da literatura. Foram entrevistadas 100 pessoas, no período de junho a outubro de 2012, sendo realizadas visitas semanais nas casas e estabelecimentos comerciais dos moradores do próprio povoado. Do total de entrevistados, 82% confirmaram utilizar as plantas medicinais, sendo mais de 60 espécies citadas pela população na cura e prevenção de diversas patologias. A pesquisa mostrou que as plantas medicinais são bastante utilizadas e valorizadas pela população do povoado, sendo assim uma herança cultural a sua utilização visto que se tratar de uma alternativa barata e eficaz. Esses conhecimentos podem tornar-se relevantes para o desenvolvimento de futuros estudos etnobotânicos, para o desenvolvimento da comunidade local, e posteriormente para se chegar à comprovação científica de determinadas ações terapêuticas das plantas medicinais.

Palavras-Chave: Plantas medicinais. Conhecimento popular. Etnobotânica. Fitoterapia. ABSTRACT: This work was carried out in the town of Mendes, a rural area of São José de Mipibu / RN, with the main purpose to study the quality and quantity in relation to popular knowledge of medicinal plants, specifically aimed to describe the plants used more frequency by the population, as well as how to prepare and indications for a particular purpose by comparing them with literature references. We interviewed 100 people between June and October 2012, and made weekly visits to houses and establishments of residents of the town. Of the surveyed, 82% confirmed to have used medicinal plants, with over 60 species listed by the population in the healing and prevention of various diseases. Research has shown that medicinal plants are widely used and valued by the population of the village, because it is a cheap and effective, and this knowledge is passed on from generation to generation, thereby contributing to ethnobotanical studies and the development of the local community and then to get the scientific proof of certain therapeutic actions of medicinal plants.

Keywords: Medicinal plants. Popular knowledge. Ethnobotany. Phytotherapy.

*

Farmacêutica (UFRN), Bióloga (FACEX), Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

** Bióloga - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). *** Docente do UNIFACEX, Doutora em Psicobiologia (DFS/UFRN). ****

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história o ser humano vem utilizando as plantas para diferentes finalidades, dentre elas a fitoterapia. Os usos e importância desses vegetais estreitam a relação homem-natureza a partir da dispersão do conhecimento sobre esse recurso, fazendo com que a sabedoria popular seja disseminada. Para muitas comunidades a utilização das plantas medicinais é percebida como alternativa para o tratamento de doenças e até mesmo para manutenção da saúde (PINTO et al., 2006).

A prática da fitoterapia como alternativa na medicina popular foi bastante utilizada e valorizada principalmente nas comunidades rurais e populações carentes, resultado da experiência acumulada durante séculos do uso e do próprio cultivo dessas plantas medicinais (SANTOS et al., 2000; MENGUE et al., 2001; ALBUQUERQUE et al., 2002; REZENDE et al., 2002; FUNARI et al., 2005).

De acordo com Pinto et al., (2006), apesar da importância, essa prática vem sendo ameaçada por diversos fatores como a facilidade de acesso à medicina moderna e a saída das pessoas de seus ambientes naturais para regiões urbanas, levando assim a perda do conhecimento popular herdado e transferido há várias gerações.

Nesse sentido, a valorização dessa ciência é de grande relevância não só para a comunidade científica que necessita cada vez mais da confirmação dos valores terapêuticos das ervas medicinais, mas também para o enriquecimento cultural de um povo, além de contribuir para conservação desse recurso vegetal baseado em sua importância. Para tanto, Moreira et al., (2002) afirmam que a transmissão desse conhecimento e a realização de pesquisas sobre usos terapêuticos de plantas, apresentam-se como uma contribuição contra a ameaça de extinção de inúmeras espécies, muitas destas ainda desconhecidas pela ciência.

Assim, o presente trabalho teve como objetivo fazer um levantamento qualitativo e quantitativo em relação ao uso e conhecimento popular de plantas medicinais em uma comunidade rural. Especificamente objetivou-se descrever as plantas utilizadas com maior frequência pela população, assim como a forma de preparo e a sua indicação para determinada finalidade comparando-as com indicações da literatura.

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

2 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada no povoado de Mendes, comunidade rural do município de São José do Mipibu/RN. O município apresenta 36.990 habitantes, tendo uma área territorial de 294 Km², estando localizado a leste potiguar (6° 04’ 30 S 35° 14’ 16” O), distando 31 Km da capital do estado. O clima é tropical chuvoso com verão seco (IBGE, 2007). A principal atividade econômica do povoado é a agricultura e é deste setor que os habitantes retiram o seu sustento e lucram com a comercialização dos produtos.

O período de realização da pesquisa foi de junho a outubro de 2012 sendo efetuadas visitas semanais nas casas e estabelecimentos comerciais dos moradores do próprio povoado. Num primeiro momento da pesquisa, foram obtidas informações socioeconômicas do povoado, com intuito de traçar o perfil da população. Conhecendo a localização geográfica da comunidade, o tamanho, desenvolvimento e principais fontes de renda dos membros da população. A seleção dos participantes foi realizada por amostragem população de forma probabilística aleatória simples e foi composta por 100 (cem) pessoas, sendo 38% dos entrevistados do sexo masculino e 62% do sexo feminino. Após os esclarecimentos prévios, todos os pais abordados concordaram em participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido atendendo às exigências da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde no que se refere à pesquisa com seres humanos.

O levantamento dos dados foi possível por meio de questionários (com questões abertas e fechadas) e entrevistas estruturados e semiestruturados (BERNARD, 1988; MARTIN, 1995) com a população nativa do povoado a respeito do conhecimento popular sobre plantas medicinais.

Os questionários aplicados foram formulados contendo 11 perguntas que enfocavam o uso das plantas medicinais, aspectos etnobotânicos (nome popular, partes usadas, formas de preparo, dosagens, fins terapêuticos), onde eram obtidas, de onde provinha o conhecimento popular, interação com medicamentos alopáticos, a automedicação, eficácia, reações adversas, preferência em relação à medicina convencional e a importância da transmissão de conhecimentos. Para as entrevistas, o público alvo foi escolhido de forma aleatória, independente de sexo e idade, com objetivo de analisar a transmissão e o uso do conhecimento sobre a fitoterapia.

Após a finalização das entrevistas com a população do povoado, os dados foram tabulados e analisados de acordo com a proporção das respostas no software Microsoft Excel

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

2010 e, em seguida, listados os nomes populares para classificação científica em nível de família (devido não ter realizado as coletas para a identificação em nível de espécie) e feito comparações dos resultados obtidos aos descritos pela literatura.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Foram citadas mais de 60 plantas medicinais conhecidas pela população entrevistada, sendo as mais citadas: capim santo, hortelã, erva cidreira, boldo, erva doce, mastruz, louro, romã, agrião, laranja, babosa, alecrim, camomila, arruda, corama, ameixa, eucalipto, limão, pitanga, cravo como mostra a (Figura 1):

Figura 1 - Relação das plantas medicinais mais utilizadas pela população de Mendes/RN.

Fonte: primária.

No trabalho de Arnous et al., (2005), avaliando a utilização de plantas medicinais em Datas/MG, foram citadas as plantas Hortelã, Boldo e Erva Cidreira entre as plantas mais conhecidas. Rezende et al., (2002) ao pesquisar o município de Santa Rita de Caldas/MG, encontrou as seguintes plantas mais citadas: Hortelã, Erva Doce, Erva Cidreira, Boldo, laranja e Capim Santo, e na pesquisa de Pinto et al., (2006) as mais citadas na avaliação do conhecimento popular da comunidade rural de Itacaré/ BA, foram Mastruz e Erva Cidreira.

Em relação à utilização das plantas medicinais foi verificado nos referidos trabalhos, várias descrições em diferentes estudos, das mesmas plantas sendo mais citadas pelos membros das comunidades. Essas plantas foram citadas também para inúmeras finalidades, desde sintomas mais simples (resfriados) como outros mais complexos (problemas renais). Outro fator importante observado foi que a população apresenta um vasto conhecimento a respeito das espécies vegetais com fins medicinais, já que foram citadas mais de 60 plantas diferentes, contribuindo dessa forma para o enriquecimento e estudos etnobotânicos.

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

Observamos que 82% dos entrevistados utilizavam ervas medicinais, dos quais confirmaram utilizar as plantas medicinais saúde (prevenção e cura de diversas enfermidades) (figura 2). Este resultado possibilita perceber que a população local acredita na possibilidade real de cura dos males através da utilização dessas plantas, como se percebe na figura 2:

Figura 2 - Percentual de pessoas que utilizam as plantas medicinais Comunidade Rural de Mendes, São José de Mipibu/RN.

Fonte: primária.

Registramos ainda que, nos momentos das entrevistas, observamos que a maioria dos homens quando perguntados quanto à forma de preparo das plantas, recorriam ao auxilio das mulheres, afirmando serem elas quem preparam os extratos. Veiga et al., (2008) em estudos na região Centro Oeste do Rio de Janeiro, apresentaram resultados semelhantes, mostrando que quando perguntados aos homens sobre a preparação das plantas medicinais da família, 44,5% dos entrevistados responderam que são as mulheres, cabendo apenas 5,7% dos homens a mesma tarefa. Sacramento (2001) acredita que a utilização dos fitoterápicos só tem sobrevivido no Brasil pela permanência da consciência popular que admite a eficiência dessas plantas.

Quando perguntado aos entrevistados sobre o local de obtenção das plantas medicinais, 27% disseram retirar as plantas apenas da horta da própria casa; 24% têm acesso às ervas através da horta e também da comunidade; 22% retiram apenas da comunidade; 10% compram no mercado e colhem na comunidade; 8,5% além de obter da horta, compram no mercado e 8,5% adquirem apenas no mercado como mostra a Figura 3:

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

Figura 3 - Local de obtenção das plantas medicinais, de acordo com a informação da população da Comunidade Rural de Mendes, São José de Mipibu/RN.

Fonte: primária.

A pesquisa mostrou que a população tem fácil acesso as plantas medicinais, sendo encontradas em maior parte na própria casa e na comunidade, caracterizando dessa forma uma população tipicamente rural. Devido à facilidade com que as plantas são encontradas no povoado, a população relata que estas plantas são os primeiros recursos utilizados para a cura das suas enfermidades, grande parte dessa prática, se deve ao não acesso a medicamentos convencionais, tanto oferecidos pelos postos de saúde, como unidades farmacêuticas, viabilizando, portanto a utilização de plantas medicinais, já que esta é considerada um recurso barato e eficaz.

Veiga et al., (2008) encontrou no Rio de Janeiro que dos 76,1% dos entrevistados que utilizam plantas medicinais, 39,9% obtêm na própria casa, da família, de conhecidos ou na comunidade. Para Arnous et al., (2005), a pesquisa na comunidade de Datas/MG, mostrou que 78,5% dos entrevistados tem o hábito de cultivar as plantas no seu próprio jardim e 38,2% também adquirem nos quintais dos vizinhos e amigos. Os dados encontrados por esses autores mostram semelhança nos resultados obtidos na pesquisa do povoado de Mendes, reforçando assim, a importância do conhecimento sobre o uso das plantas, também a forma de cultivo, a fim de valorizar o conhecimento popular e a transmissão deste para as demais gerações.

O único fator preocupante nesse contexto pode ser a identificação errada do vegetal, acarretando também as preparações, posologias e indicações incorretas das plantas medicinais. Portanto, faz-se necessário a orientação de profissionais qualificadas como: botânicos, enfermeiros, médicos entre outros, para a classificação dos vegetais e o ensinamento da forma mais correta da utilização das ervas (MATOS, 1998; PILLA et al., 2006).

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

As informações sobre as plantas mencionadas pelos entrevistados, tais como o nome popular, parte do vegetal utilizada, modo de uso e posologia (dose e frequência com que as plantas devem ser utilizadas) estão listadas abaixo (Tabela 1), sendo acrescido pela classificação científica em nível de família.

As formas de preparações das plantas medicinais citadas pela comunidade de Mendes-RN foram bastante diversificadas. Nessas incluem os chás, lambedores (garrafadas ou xaropes), inalações, compressa, extrato hidroálcool, banhos entre outros.

A forma mencionada pela população como mais utilizada foi o chá (Tabela 1), podendo ser obtidas através de diversas partes do vegetal (como a folha, a semente, a raiz etc), sendo a mais comum à folha. Essa preparação pode ser feita de duas formas: Por decotação (cozimento) ou infusão.

A decotação consiste na ação de ferver a parte do vegetal junto com a água e logo após o liquido é coado. A decotação é utilizada no preparo de chás com partes mais duras das plantas, como: a semente, o caule ou a raiz, para a extração do princípio ativo mais concentrado (REZENDE et al., 2002).

A infusão consiste em obter um extrato mais leve do que a decotação. Nesse procedimento o vegetal é cortado, sendo vertida sobre ele água fervida e em seguida a mistura é tampada. As partes utilizadas são as folhas e flores (REZENDE et al., 2002).

Tabela 1 - Relação de plantas medicinais mais utilizadas pela população de Mendes, Comunidade rural do município de São José do Mipibu/RN.

Família Nome Popular Parte Utilizada Modo de Uso Posologia

Apiaceae

Erva-Doce Semente Chá 1 à 3 vezes ao dia

Asteraceae

Camomila Folha e Semente Chá 1 à 3 vezes ao dia

Brassicaceae

Agrião Folha Chá e lambedor

Até passar os sintomas

Chenopodiaceae

Mastruz Folha Batido com leite, chá e

lambedor Toma um copo durante 15 dias seguidos (batido com leite), o chá e o lambedor de 1 a 3 vezes ao dia. Crassulaceae

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Família Nome Popular Parte Utilizada Modo de Uso Posologia

Corama Folha Chá 1 à 3 vezes ao dia

Lauraceae

Louro Folha Chá 1 à 3 vezes ao dia

Liliaceae

Babosa Folha

Lambedor, uso tópico, extrato hidroalcoól (com uísque)

1 à 3 vezes ao dia (lambedor), um copo por dia durante 15 dias (extrato). Uso tópico: até passar os sintomas.

Monimiaceae

Boldo Folha Chá ou macerado 1 à 2 vezes ao dia

Myrtaceae

Eucalipto Folha Chá,banho, lambedor e

inalação

Até passar os sintomas

Pitanga Folha Chá Até passar os

sintomas

Cravo Pedúnculo Chá Até passar os

sintomas

Punicaceae

Romã Casca e semente Lambedor, chá e

gargarejo

Até passar os sintomas

Rosaceae

Ameixa Casca Banho Até passar os

sintomas

Rutaceae

Laranja Folha Chá 1 à 3 vezes ao dia

Arruda Folha Chá e compressa 1 à 3 vezes ao dia

Limão Casca e fruta Chá e suco 1 à 3 vezes ao dia

Fonte: primária.

Em relação a esses dois procedimentos, observamos que alguns dos entrevistados preparavam esses extratos de forma incorreta, pois muitas vezes utilizavam uma preparação não indicada para a parte escolhida do vegetal, como chás (utilizando as folhas pelo processo de decotação e não por infusão), nesse sentido, acarretando tanto na extração incorreta dos princípios ativos das plantas, como numa menor eficácia ou até mesmo a intensificação da ação terapêutica das mesmas.

A posologia, ou seja, a dose e a frequência com que irão ser utilizadas as preparações dependem da forma de preparo, da indicação terapêutica e dos sintomas no qual estão sendo tratadas as patologias. Nas citações, esse tratamento poderia se prolongar até passar os

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sintomas. Na literatura não são encontradas comprovações científicas relacionadas às indicações posológicas citadas através do conhecimento popular.

As plantas medicinais mais utilizadas e mencionadas pela população estão listadas na tabela 2, levando em consideração a indicação popular citada e a indicação científica, considerando aspectos encontrados e comparados de acordo com a literatura de referências bibliográficas.

As inúmeras citações das preparações dos extratos com as plantas medicinais nos permitem reconhecer no saber popular, inúmeras opções de tratamento a partir da fitoterapia. Esses tratamentos, na maioria dos casos, têm sua ação comprovada na literatura das referencias bibliográficas (como visto na tabela, as semelhanças das indicações populares com as indicações científicas). Dessa forma, faz-se importante cada vez mais estudos que comprovem as indicações populares das plantas e apliquem esses conhecimentos para o tratamento de patologias que circundam as diversas populações, principalmente aquelas consideradas “carentes” em relação ao acesso à saúde básica, pois pelo fato das plantas serem mais acessíveis e com sua eficácia comprovada, permite que para tais populações a cura seja oferecida de forma mais viável.

Tabela 2 - Relação entre as indicações populares e científicas do povoado de Mendes/RN.

Nome Popular Indicações populares Recomendações Científicas Referências

Agrião

Febre, tosse Estimulante ANNICHINO et al.,

1986; RECEITAS MÉDICAS

NATURAIS, SP 2008.

Alecrim

Cansaço, gripe, e uso como condimentos antiséptica, adstringente e cicatrizante MATTOS, 1989; ANNICHINO et al., 1986. BALBACH, A.1986.

Ameixa Feridas, inflamação Propriedades fungicidas Omer; Elnima, 2003

Arruda

Dor de ouvido, dor de cabeça, cólica e mal olhado

propriedades abortivas, podendo ter ações vermífugos e amenorréia SCHENKEL et al.,2000; CAMARGO, 1985; LEUNG, 1980; ANNICHINO et al., 1986. Babosa Cicatrizante, antiinflamatório, gripe Apresentam as mesmas indicações populares para ações cicatrizantes e antiinflamatórias, e ainda antifúngica e antivirótica

CORRÊA, 1984; KUZUYA et al.,2001; STERNERT et al., 1996.

Boldo Dor de estômago, enxaqueca,

azia e má digestão

possuem aplicações semelhantes LAINETTI R et al., 1980

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Nome Popular Indicações populares Recomendações Científicas Referências

Capim Santo Calmante, hipertensão e

desconforto abdominal calmante, espasmolítica, analgésica, antiparasitária externa MATTOS, 2000; LOURENZENTTI et al., 1991; MATTOS, 1989. Camomila

Calmante além das ações calmantes, a

camomila apresenta ações antiséptica, adstringente e antiinflamatória, diarréia, infecções urinárias, náuseas e perturbações estomacais e reumatismo MATTOS, 1989; ANNICHINO et al., 1986; BALBACH, A.1986. Corama

Tosse, gripe Emoliente para furúnculos, Cicatrizante em queimaduras, Antiinflamatório local, Refrescante intestinal, Infecções de vias respiratórias, inclusive coqueluche, Úlceras e gastrite.

AMORIM, 2000.

Cravo

Pressão alta, febre, enxaqueca

ação antifúngica, contra vertigens, cefaléia, sudorífico

MATTOS, 1989; ANNICHINO et al., 1986.

Eucalipto

Expectorante, gripe, resfriado, sinusite, febre, diarréia

resultados semelhantes da indicação popular

BALBACH, A.1986; BRUNING J, 1990.

Erva- Cidreira Dor de estômago, diarréia, calmante, pressão alta, inflamação

insônia, dor de estômago e efeito

calmante BALBACH, A.1986

Erva-doce

Dor de estômago, calmante, febre e tosse

Expectorante, combate as contrações musculares bruscas (antiespasmódicas), auxilia na expulsão de gases intestinais

SCHULZ et al.,2002; NEWALL et al.,2002.

Hortelã

Gripe e resfriado, dor de cabeça, ameba e inflamações uterinas

Propriedades antiespasmódica, sendo empregadas nos casos de flatulência, icterícia, vômitos, cólicas uterinas, vermífugo, combate as secreções nasais e a expectoração

BALBACH, A.1986.

Laranja

Resfriado, calmante, cólica e dor de barriga

Possui a mesma indicação popular, além de indicações sudoríficas, estimulantes, tônicas e contrações musculares

BRUNING J, 1990.

Limão

Expectorante no combate de gripe e resfriados

combate à acne, afta, apendicite, asma, alcoolismo, amenorréia, amigdalite, anemia, angina do peito, bócio, broncopneumonia, faringite, conjuntivite e gripe

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Nome Popular Indicações populares Recomendações Científicas Referências

Louro

Enxaqueca, má digestão, dor de barriga, gases analgésico, antineuvrálgico,anti-séptico, antiespasmódico, aperiente,adstringente, carminativo,colagogo, diurético,emenagogo, febrífugo,hepatoestimulante, inseticida, estimulante geral.

SILVA et al., 2008.

Mastruz Gripe, gastrite, fraturas vermífugo natural MATTOS, 1989.

Pitanga

Diarréia calmante e febre ANNICHINO et al.,

1986.

Romã Dor de garganta, gripe e mal

olhado

ação antibacteriana e antiinflamatória

MATTOS, 1994.

Fonte: primária.

Sobre o uso de uma mesma planta medicinal durante um período maior ou igual a 30 dias consecutivos e os dados obtidos mostraram que 92,7% das pessoas não fazem uso por mais de 30 dias consecutivos; 4,9% disseram utilizar por esse período e 2,4% afirmaram utilizar às vezes. Para Oliveira et al., (2007) o mesmo preparado não deve ser utilizado continuamente por mais de 30 dias consecutivos, já que o organismo humano tende a responder ao tratamento cada vez menos, ou então com doses cada vez mais elevadas, o que pode trazer um risco de toxicidade ao organismo em relação a determinadas plantas.

Figura 4 - Percentual de pessoas que utilizam uma planta medicinal por mais de 30 dias consecutivos no povoado da Comunidade Rural de Mendes, São José de Mipibu/RN.

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O resultado obtido então possibilita dizer que a comunidade local, além de possuir o conhecimento sobre a utilização e preparo, também têm ciência de que a frequência do uso pode trazer malefícios quando feito em demasia.

Em muitos casos as pessoas subestimam as propriedades medicinais das plantas e fazem uso delas de forma aleatória. Entretanto, “cada vegetal, em sua essência, pode ser alimento, veneno ou medicamento” (FRANÇA et al., 2008). O autor ao fazer essa afirmação, referia-se as formas de como esses vegetais são utilizados (quantidade ingerida, via de administração e para qual finalidade de uso). Portanto há a necessidade de conhecimentos específicos (profissionais da saúde qualificados) para fornecer esclarecimentos à população sobre as preparações dos vegetais, levando em consideração seus riscos e benefícios (ação tóxica das plantas e a possibilidade de interação com medicamentos alopáticos) (BAUER, 2000). Entretanto, o que se vivencia é que não há o processo de qualificação dos profissionais da saúde a respeito do conhecimento e uso de fitoterápicos e os benefícios que estes podem trazer para a população (BITTENCOUT et al., 2002).

Sobre os conhecimentos relacionados à prática da fitoterapia, a pesquisa demonstrou que 83% dos entrevistados aprenderam a utilizar as ervas com parentes mais velhos, 12,1% aprenderam com parentes mais velhos e outros conhecimentos (vendedores de fitoterápicos, conhecidos, livros e trabalhando em comunidades carentes), 2,5% aprenderam assistindo TV e com outros conhecidos, 1,2% tiveram origem apenas acadêmica e 1,2% aprenderam com parentes mais velhos, ver Figura 5:

Figura 5 - Relação da origem do conhecimento sobre fitoterapia, de acordo com a Comunidade Rural de Mendes, São José de Mipibu/RN.

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Como mostra a pesquisa, o grande percentual de indicações e aprendizagem da medicina popular se deve aos parentes mais velhos, que repassam esse conhecimento adquirido durante muito tempo de testes e utilização das plantas medicinais para os tratamentos das suas enfermidades. Dessa forma, o estudo com tais populações confirmam a identificação de plantas com propriedade ativas e dá importância a investigação e pesquisas com essas comunidades, principalmente rurais, pois estas apresentam uma maior proximidade com a forma de cultivo e identificação do vegetal.

Verificamos também o uso de ervas medicinais junto com medicamentos alopáticos, e constatamos que 82% dos entrevistados afirmaram nunca utilizarem essa mistura, 5% disseram usar apenas de vez em quando, enquanto que 13% relataram fazer uso dessa combinação. Desse total (pessoas que misturam as ervas com alopáticos), apenas três pessoas disseram possuir indicação médica, conferir (Figura 6). Percebeu-se que na maioria das vezes esse hábito se dá através do uso de chás junto com comprimido como: de pressão ou gripe. Alguns autores desaconselham o uso de plantas medicinais ou partes destas, concomitantes com o uso de medicamentos alopáticos. Devido às interações das propriedades presentes nos dois tipos de medicamentos (SHENKEL, 1996; EISENBERG et al., 1998).

Dessa forma os tratamentos a partir da medicina tradicional (com alopáticos) e a medicina popular (com fitoterápicos) podem representar uma conjugação e potencializar alguns efeitos indesejados. Entretanto, mediante o acompanhamento e orientação de profissionais da saúde qualificados, pode ser considerada uma prática eficaz (ARNOUS et al., 2005). Conferir figura 6:

Figura 6 - Uso de plantas medicinais com medicamentos alopáticos pela população da Comunidade Rural de Mendes, São José de Mipibu/RN.

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

Quando perguntado sobre a utilização sob prescrição médica, 100% dos entrevistados afirmaram não precisarem de prescrição médica para utilizar as plantas medicinais. No entanto, alguns dos entrevistados comentaram que em algum momento da vida, o médico já prescreveu algum medicamento natural, como chás, lambedores e banhos de acento (para inflamação uterina). O resultado obtido já era esperado, pois a prática da fitoterapia não é muito difundida na área da saúde, contrapondo com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada pelo Decreto nº. 5.813 em 22 de junho de 2006.Neste decreto ficou estipulada a inserção de terapias alternativas e práticas populares (entre elas a fitoterapia) ao Sistema único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006).

Bittencout et al. (2002) verificaram em seu trabalho sobre o uso das plantas medicinais sob prescrição médica pontos de diálogo e controvérsias com o uso popular, que segundo alguns relatos dos médicos, ficou demonstrada a dificuldade da aceitação das plantas como recurso terapêutico, mesmo atualmente com a existência de conhecimento cientificamente validado sobre algumas espécies.

Das pessoas que utilizam as plantas medicinais, mais de 90% da amostra informou que o tratamento com ervas é bastante eficiente, alcançando sempre o resultado esperado. Essas pessoas relataram que já vivenciarem diversas ocasiões em que as plantas medicinais tiveram suas ações comprovadas. Uma das questões que podem contribuir com essa segurança é o interesse e a evolução dos estudos científicos das ações terapêuticas das plantas medicinais, comprovando, cada vez mais, sua eficácia e aceitação pelas populações (CECHINEL et al., 1998). Conferir figura 7:

Figura 7 - Percentual de pessoas que consideram eficaz o tratamento com as plantas medicinais, Comunidade Rural de Mendes, São José de Mipibu/RN.

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

Quando perguntado se o uso de plantas poderia causar alguma reação adversa, 50% afirmaram não fazer mal algum. O argumento utilizado pela maioria foi que as plantas medicinais por serem “naturais” não poderiam apresentar nenhuma reação indesejada ao organismo, pois “se bem não fizer, mal não vai fazer”. 37,8% disse que poderia acontecer alguma reação não esperada, caso misturado com outros medicamentos ou em excesso: “Tudo em excesso faz mal”, “não sei dizer o que pode acontecer, só sei que pode fazer mal”. 8,5% relatou que às vezes pode ocorrer alguma reação inesperada, como: intoxicação, urticárias, entre outras. Apenas 3,7% não sabia dizer se a planta poderia ou não causar reação adversa.

A literatura científica vem provando há alguns anos que as plantas medicinais podem causar reações indesejadas ao organismo, desmistificando relatos que afirmam que o que é natural não faz mal (NICOLETTI et al., 2007; LANINI et al., 2009; MENGUE et al., 2001; De SMET et al., 2004). Embora não se encontre dados específicos ao uso exclusivos a utilização de plantas medicinais, registros estatísticos comprovam que os medicamentos no Brasil são os principais causadores de intoxicações e mortes em seres humanos (FIOCRUZ et al., 2006). Nesse sentido, pelo fato de, tanto as plantas quanto os produtos de sua biotransformação serem considerados agentes xenobióticos, ou seja, substâncias consideradas estranhas ao organismo e potencialmente tóxicas, podem apresentar, portanto, da mesma forma que os medicamentos alopáticos, reações não indesejadas e efeitos não imediatos, que podem se instalar em longo prazo de forma assintomática no organismo (DE SMET et al., 2004). Conferir figura 8:

Figura 8 - Percentual de pessoas que afirmaram que as plantas medicinais podem causar reações adversas.

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Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. v. 13, n. 1, 2015. ISSN: 2237 – 8685. Paper avaliado pelo sistema blind review, recebido em 16 de Abril de 2015; aprovado em 25 de Setembro de 2015.

Quando analisado a preferência por utilização de plantas ou medicamentos convencionais, 75,6% das pessoas afirmaram que preferiam utilizar medicamentos a base de plantas medicinais do que remédios convencionais. No entanto, 24,4% confessaram preferir os medicamentos alopáticos.

Observou-se que, a maior parte dos entrevistados prefere a utilização dos medicamentos naturais, porém o ponto negativo citado foi à demora no resultado, muitas vezes tendo que submeter a medicamentos alopáticos. Dessa forma as ervas medicinais são utilizadas para tratamentos mais simples como, por exemplo, gripes e resfriados. Foi constatado também que, na falta de medicamentos tradicionais (alopáticos), as pessoas recorrem ao uso das plantas medicinais, devido muitas vezes ser o único recurso disponível já que, o povoado não dispõe de estabelecimentos para a compra de medicamentos tradicionais, e a única unidade de saúde que o povoado possui muitas vezes não os tem para oferecê-los.

Cortez et al. (1999) fazendo um levantamento das plantas medicinais mais utilizadas pela população de Umarama, região nordeste do Paraná, constatou que grande parte da população utiliza as plantas medicinais no combate e prevenção das doenças como uma alternativa eficaz e barata.

Rezende et al. (2002) avaliando a comunidade de Santa Rita de Caldas/MG, também observou que a maioria dos entrevistados utiliza da fitoterapia para casos de saúde mais simples e que podem ser resolvidos no próprio município e busca auxílio em casos mais graves.

Quando perguntamos se pretendiam transmitir seus conhecimentos sobre plantas medicinais e a sua forma de cultivo para as futuras gerações, a grande maioria afirmou que sim 95,1%, apenas 4,9% disseram que não pretendem transmitir esses conhecimentos. O etnoconhecimento de populações humanas distribuídas mundialmente fornecem indícios da transmissão desse conhecimento através das gerações. O resgate desse conhecimento propicia elementos fundamentais para a conservação da biodiversidade, para as alternativas de subsistência e mesmo para a manutenção da diversidade cultural (GUARIM et al., 2000).

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4 CONCLUSÃO

A pesquisa mostrou que as plantas medicinais são bastante utilizadas e valorizadas pela população do povoado, por se tratar de uma alternativa barata e eficaz, passada de geração em geração ao longo dos anos.

Comprovou-se que o conhecimento popular e a transmissão dele são de fundamental importância para o aprendizado das gerações futuras, o que implica não só nos conhecimentos acumulados por uma “população restrita”, como também no resgate desse conhecimento para se chegar à comprovação científica de uma determinada ação terapêutica de uma planta medicinal.

A transmissão desse conhecimento contribui para uma maior disposição de recursos mais viáveis e acessíveis para populações carentes, facilitando o tratamento de diferentes enfermidades. Para tanto, é necessário subsidiar estudos futuros que comprovem a eficiência e formas de utilização desses fitoterápicos.

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