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Fatores associados ao afastamento por invalidez de militares das forças armadas

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA E DE CIÊNCIAS ATUARIAIS CURSO DE CIÊNCIAS ATUARIAIS

Fatores associados ao afastamento por

invalidez de militares das Forças Armadas

Natal, RN UFRN/CCET

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PEDRO AUGUSTO LOPES E SILVA

Fatores associados ao afastamento por invalidez de

militares das Forças Armadas

Monografia apresentada ao curso de Ciências Atuariais do Centro de Ciências Exatas do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do Título de bacharel em Ciências Atuariais.

Orientador(a): Profª. Drª. Luciana Conceição de Lima

Natal, RN

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Departamento de Demografia e Ciências Atuariais - UFRN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda – CCET

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus por ter me guiado em toda a minha vida com saúde para eu ter força para superar todas as dificuldades encontradas nas minhas escolhas e em meu caminho.

Agradeço, aos meus pais, Carlos Augusto Cabral e Silva e Teresinha Lopes e Silva, por todos os valores de família, respeito e amor ensinados desde a infância desenvolvendo todo o meu caráter. Ao meu irmão, Paulo de Tarso Lopes e Silva, que veio morar comigo em Natal para cursar engenharia civil na UFRN, por todos os momentos fraternos e difíceis passados por estarmos longe de toda a nossa família.

Um agradecimento especial a minha noiva, Linda Inês de Oliveira Dantas, por todos os momentos de companheirismo, paciência, ajuda, orações, compreensão, amor e carinho. Por ter me ajudado a superar os momentos difíceis e cansativos, por causa do trabalho e universidade, me dando sempre incentivo e alegria em nossos momentos juntos.

Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Norte por ter me proporcionado a formação nessa área de ciências atuarias. Por todos os professores do departamento de demografia e ciências atuariais que passaram seus conhecimentos nesses quatro anos de graduação.

A professora, Luciana Lima, por ter acreditado em me orientar no meu trabalho de conclusão de curso. Por ter se dedicado nos encontros sobre a monografia, pela paciência nas minhas inúmeras dúvidas, por me guiar nas pesquisas e nas correções das versões desse trabalho. Agradeço ao professor José Vilton por ter aceito participar da minha banca examinadora.

Aos meus amigos de curso pelos momentos de encontros, convívios, estudos e ajuda. Também aos momentos de alegrias e descontrações vividas dentro e fora da universidade.

E a todos que tiveram seu percentual de ajuda nessa caminhada árdua, porém gratificante da minha formação profissional. Muito obrigado a todos.

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RESUMO

Este trabalho possui como objetivo verificar quais são os fatores associados ao afastamento de militares por invalidez para o Brasil no ano de 2013, utilizando a base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Esse estudo se justifica uma vez que o afastamento de militares de suas funções ocasiona gastos consideráveis no âmbito da saúde e, também, aumento nos custos provenientes de pagamentos de salários. Foi analisado uma amostra de 205.546 pessoas divididas em dois grupos: militares (N = 3.349) e civis (N = 202.197). Para o alcance dos objetivos propostos foram construídos modelos de regressão logística binária, sendo a variável dependente a ocorrência/não ocorrência do afastamento por invalidez e as variáveis independentes relacionadas a quatro grupos de fatores associados: sociodemográficas, de estilo de vida, percepção do estado de saúde e prevalência de doenças crônicas. Verificou-se que o sexo masculino associou-se positivamente no Modelo 1 (RC = 1,82; p = 0,050) e Modelo 2 (RC = 1,80; p = 0,060) com o afastamento em comparação as mulheres, porém perdeu significância com a adição do IMC e doenças crônicas. A autoavaliação positiva das condições de saúde do militar somente obteve significância estatística Modelo 4 (RC = 0,32; p = 0,058) quando adicionaram os fatores IMC e as doenças crônicas. A variável IMC apresentou-se como fator independentemente associado no Modelo 3 (RC = 3,37; p = 0,000) e no Modelo 4 (RC = 3,75; p = 0,000). E por fim, ter sido diagnosticado de DORT revelou-se um fator de exposição ao afastamento (RC = 1,06; p = 0,055). Concluiu-se que, apesar do grupo dos militares ser bastante seleto em termos de saúde comparando com o grupo de civis, os resultados encontrados apontam bastantes desigualdades em saúde entre os militares, e que pode estar relacionada à natureza das diferentes atividades laborais desempenhadas por militares de diferentes patentes.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 – Distribuição de militares (N = 3.349) e civis (N = 202.197) por fatores sociodemográficos e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013...22 Tabela 2 – Distribuição de militares (N = 3.349) e civis (N = 202.197) por percepção de saúde e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013...23 Tabela 3 – Distribuição de militares (N = 3.349) e civis (N = 202.197) por estilo de vida e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013...24 Tabela 4 – Distribuição de militares (N = 3.349) e civis (N = 202.197) por fatores sociodemográficos e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013...26 Tabela 5 – Razões de chances (RC) da análise univariada de fatores associados ao afastamento por invalidez dos militares, Brasil, 2013 (N = 3.349) ...28 Tabela 6 – Razões de chances (RC) da análise multivariada de fatores associados ao afastamento por invalidez dos militares, Brasil, 2013 (N = 3.349) ...29 Tabela 1A – Distribuição de militares (n = 3.349; N = 24.467) e civis (n =

202.197; N = 1.352.692) por fatores associados e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, Brasil, 2013...39 Tabela 2A – Valores de p das Razões de Chance (RC) análise multivariada de fatores associados ao afastamento por invalidez dos militares, Brasil, 2013 (N = 3.349) ...40

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC – Acidente Vascular Cerebral CF 88 – Constituição Federal de 1988

DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis DCV – Doenças Cardiovasculares

DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho GLO – Garantia da Lei e da Ordem

ICA – Instrução do Comando da Aeronáutica IMC – Índice de Massa Corporal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS – Organização Mundial da Saúde

OPS - Organização Pan-americana de Saúde PNS – Pesquisa Nacional da Saúde

RC – Razões de Chances

RGPS – Regime Geral de Previdência Social

SIPD – Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO...4

2.1 A profissão militar das Forças Armadas brasileiras ... 4

2.2 Proteção da saúde dos militares ... 6

2.3 O direito a reforma por invalidez dos militares ... 8

3. FATORES ASSOCIADOS AO AFASTAMENTO POR INVALIDEZ ... 11

3.1 Fatores sociodemográficos, percepção do estado de saúde, estilo de vida, doenças crônicas...11 4. DADOS E MÉTODOS ... 16 4.1 Dados ... 16 4.2 Variáveis...17 4.3 Métodos...19 5. RESULTADOS ...21 5.1 Análise descritiva...21 5.2 Análise univariada...27 5.3 Análise multivariada...28

5.3.1 Afastamento por invalidez dos militares...29

6. CONCLUSÃO. ... 31

7. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS ... 34

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1. INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 (CF 88) define que a defesa nacional compete exclusivamente à União, sendo essa defesa realizada pelas Forças Armadas, que por sua vez, é composta pela Marinha, Exército e Aeronáutica (Brasil, 1988). Essas instituições têm como principal função proteger à Pátria, que envolve todo o território nacional e a população brasileira.

A Emenda Constitucional nº 18, que dispõe sobre o regime constitucional dos militares, denominou o termo militar aos membros das Forças Armadas brasileira. Essa denominação não foi apenas uma mudança na semântica que alterou o termo “servidores militares” para apenas “militares”, mas introduziu, de forma constitucional, uma diferenciação entre essa categoria e os outros servidores públicos (Brasil, 1988). Os membros das Forças Armadas devem realizar um compromisso diante da Bandeira Nacional que é feita em solenidade militar aberta ao público, e a partir desse momento eles têm o dever de cumprir as ordens das autoridades, respeitar a hierarquia, tratar com bondade os subordinados e, principalmente, dedicar-se exclusivamente ao serviço da Pátria mesmo com o sacrifício da própria vida (Brasil, 1983).

Os militares, para cumprirem com eficiência sua função principal que é proteger a Pátria, devem possuir uma característica importante que é uma saúde em excelentes condições durante todo o seu serviço militar da ativa. O militar não se aposenta, na realidade ele segue para a inatividade permanecendo à disposição para ser convocado de volta ao serviço ativo em situações específicas, tais como, crises nacionais ou guerras (Brasil, 2016).

O militar tem o dever de zelar pela sua própria saúde, cabendo também ao governo brasileiro lhe oferecer suporte hospitalar, bem como também, para a sua família. Esse suporte é importante para que o estado de saúde física e mental do militar e de sua família não interfiram nas capacidades operacionais das Forças Armadas (Santos, 2016).

A lei nº 6.880/8, do estatuto dos militares, ampara o possível afastamento do militar por motivos de saúde e acidente de trabalho, e esse afastamento pode

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ocorrer de maneira temporária ou definitiva no caso daqueles que se reformarem por invalidez. O art. 108 dessa lei descreve que a incapacidade de trabalhar do militar pode ser em consequência de alguns fatores como por exemplo, ferimento recebido em campanha ou na manutenção de ordem pública, acidente de serviço, doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz (Brasil, 1980).

O objetivo geral desse estudo é verificar quais são os fatores associados ao afastamento de militares por invalidez para Brasil no ano de 2013 e verificar se os riscos pertinentes a profissão, mesmo com um apoio diferenciado para o bem-estar da saúde, fragiliza o estado de saúde dos militares. Os objetivos específicos desse estudo consistem em obter as principais características da saúde dos militares, realizando uma comparação com os civis, relacionadas aos fatores sociodemográficas, percepção do estado de saúde, estilo de vida e doenças crônicas, e encontrar associações entre essas características da saúde com os afastamentos por invalidez dos militares.

Os militares das Forças Armadas, por disporem de um suporte médico por meio de exames periódicos e testes físicos regulares em toda a sua carreira, podem ter um estado de saúde em melhores condições do que a média da população brasileira. Por outro lado, os riscos atrelados à profissão dos militares, podem contribuir para um maior desgaste a saúde desses indivíduos em comparação com a saúde de civis. Então, a hipótese principal desse trabalho é que as atividades operacionais de risco das instituições militares são distintas do padrão encontrado da população brasileira em geral e dessa maneira podem originar uma exposição maior a fatores associados à invalidez dos militares.

O afastamento de militares de suas funções por motivo de invalidez aumenta os custos, em saúde e pagamento de salários, do Tesouro Nacional que é responsável pelo pagamento de proventos e financiamento da saúde dos militares da ativa e da reserva (Brasil, 2016). Dessa forma, mais militares em idade ativa estarão na reserva (aposentados) ou em fase de tratamento de saúde aumentando a pressão sobre o dinheiro público vindo do Tesouro Nacional. Portanto, uma pesquisa nessa área, para a sociedade e gestores do governo, será importante para realizar um levantamento e estudo sobre as características

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da saúde dos militares das Forças Armadas para desenvolver políticas que diminuam o afastamento precoce dos militares de suas funções e os gastos públicos.

Para o alcance dos objetivos propostos, serão utilizadas informações da Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) de 2013. Essa pesquisa consiste em um levantamento realizado sobre a saúde no Brasil em que é possível obter dados sobre condições de saúde da população para verificarmos uma associação entre o afastamento do militar por invalidez e fatores associados a hábitos de estilo de vida, alimentação, prática de exercícios, entre outros. Com esses dados pode-se verificar como pode-se encontra a percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e fatores sociodemográficas da população brasileira e dos militares que é a população em estudo nesse trabalho. Os estudos dos dados foram realizados por meio de uma análise descritiva, univariada e multivariada com o uso do método de regressão logística binária.

Além da introdução, essa monografia está organizada em seis capítulos. O Capítulo 2 discorre sobre as características principais da profissão militar no Brasil e aspectos relacionados à saúde dessa classe. O Capítulo 3 discute brevemente os fatores que estão associados ao afastamento do trabalho por invalidez: percepção do estado de saúde, estilo de vida, doenças crônicas e variáveis sociodemográficas. O Capítulo 4 apresenta os dados que foram utilizados e o método utilizado para o alcance dos objetivos dessa monografia. O Capítulo 5 expõe os resultados encontrados e por fim o Capítulo 6 apresenta as principais conclusões desse trabalho.

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2. MILITAR NO BRASIL: PROFISSÃO, SAÚDE E DIREITOS

Este capítulo apresenta a profissão militar, mostrando a sua origem, suas características e obrigações atuais. Também, nesse capítulo discutirá a proteção da saúde dos militares, que é resguardada pelo decreto Lei nº 92.512 e o direito à reforma por invalidez dos militares conforme Lei 6880/80 que rege o estatuto dos militares.

2.1 A profissão militar das Forças Armadas brasileiras

O primeiro grupo com organização mínima para serem considerados como militares foi o exército nacional de Mauricio de Orange no século XVII (Vaz, 2001). A existência de instituição militar é de muita importância em todas as nações e essa importância também ocorre no Brasil desde a sua origem com a colonização portuguesa, quando foi necessária uma força militar para proteger a nova descoberta.

As invasões francesas e holandesas foram batalhas que iniciaram o espírito nacionalistas nas pessoas que participaram nesses conflitos e sentiram orgulho nacional com o surgimento de uma possível pátria. Esses combates fortaleceram a ideia de Nação que culminou na independência do Brasil da colonização portuguesa em 7 de setembro de 1822 e fortaleceu as Forças Armadas como responsáveis por interceder conflitos internos e externos (Brasil, 2016).

De uma perspectiva histórica, as Forças Armadas brasileiras representam todos os segmentos da sociedade. Elas iniciaram e consolidaram o ideal de patrimônio e identidade nacional, ajudaram na consolidação da independência do país e a demarcação do território nacional fazendo parte da formação da nação brasileira que possui episódios de muito sacrifícios, abnegação e dignidade (Brasil, 2016).

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A profissão militar tem como característica principal a defesa da pátria que engloba as seguintes ações: preservar a independência, a autodeterminação, a soberania, a manutenção da unidade nacional, das instituições e a integridade do patrimônio nacional (Brasil, 2016). Para cumprir suas funções o militar possui características únicas segundo Brasil (2017):

a) Risco de vida por causa dos treinamentos durante a carreira, dano físico que poderá levar à incapacidade ou à morte pelas funções exercidas na profissão, atividades de riscos em campanhas usando armas de fogo ou exercícios embarcados em navios ou em aeronaves de combate.

b) Os militares estão sujeitos a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia porque essas são bases da profissão. O não cumprimento desses regulamentos pode implicar severas advertências e punições.

c) Dedicação exclusiva: o militar não pode exercer outra profissão com carteira assinada, tendo que se voltar totalmente ao cumprimento de sua função dentro das instituições militares.

d) Disponibilidade permanente: o militar pode ser acionado em qualquer hora do dia e da noite para realizar serviços em suas funções ou cumprimento de missões sem ter o direito de uma remuneração a mais em seus rendimentos. e) Mobilidade geográfica: existem diversos quarteis, bases e destacamentos militares distribuídos nas cincos grandes regiões do Brasil. O militar, em qualquer época do ano, pode ser deslocado, mesmo sem o seu interesse, para qualquer uma dessas instituições militares quando as Forças Armadas necessitarem.

f) O vigor físico é necessário em toda carreira no militar para cumprir com suas inúmeras funções, sendo de sua obrigação ter uma saúde em excelentes condições para um possível conflito futuro.

g) O militar é expressamente proibido se filiar em qualquer tipo de partidos políticos e de possuir sindicatos que defendem os diretos da profissão.

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Na carreira existem essas peculiaridades que estão atreladas ao envolvimento com diversas atividades de riscos que a profissão oferece. Esses riscos podem ocorrer em várias áreas de atuação do militar que estão divididas no Exército, na Aeronáutica e Marinha. No Exército, por exemplo, existem atividades que envolvem resgate e assistências às vítimas em desastres naturais, além de recuperação e reconstrução das cidades afetadas. Na Aeronáutica, os pilotos utilizam aviões militares para a vigilância do espaço aéreo brasileiro. Na Marinha, existem homens e mulheres divididos em dois grupos que são o corpo de fuzileiros, que são responsáveis pela proteção via terrestre, e o corpo da armada, que são aqueles que ficam em embarcações militares (Brasil, 2017).

A Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que é outra atividade de risco, ocorre quando o estado não consegue manter a ordem pública com a polícia e acionam o governo federal, por meio das Forças Armadas, para atuarem na vigilância das ruas (Cortês, 2008). Esses exemplos de atividades descrevem as peculiaridades da profissão e podem estar associadas a alguns fatores que influenciam na saúde dos militares estudada nesse trabalho.

2.2 Proteção da saúde dos militares

A Organização Mundial da Saúde (OMS), criada em 1946, define saúde como estado completo de bem-estar físico, mental e social da pessoa e não somente à existência de uma ausência de enfermidade ou invalidez (OMS, 2016). No século XIX a saúde tinha uma visão puramente do médico cujo o combate as doenças eram o principal objetivo para se ter uma boa saúde, ou seja, a preocupação com a saúde aparecia somente quando se ficava doente e no início do século XX esse combate se intensificou com o desenvolvimento de medicamentos para as doenças (Heidmann, 2006).

O modelo de promoção à saúde tradicional surgiu na década de 1940 que mostrava como deveria ser o nível de atenção primária na medicina preventiva, porém só em 1974, no Canadá, que se utilizou a denominação promoção à saúde na divulgação de um documento chamado “Informe Lalonde” que

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introduziu o termo “determinantes da saúde”. Esse termo foi dividido em quatros grandes grupos: biologia humana (genética e função humana); o ambiente (natural e social); estilo de vida (comportamento individual que afeta a saúde) e as organizações de serviços de saúde como exemplo o Sistema Único de Saúde - SUS (Heidmann, 2006).

Nas sociedades capitalistas neoliberais surgiram discursos sobre a saúde mostrando que ela não seria uma garantia de inteira responsabilidade do Estado, mas sim cada população, grupo e pessoas deveriam ter uma autonomia da preservação da própria saúde (Czeresnia, 1999). Nas forças armadas existem uma conscientização que o militar dever ter uma excelente saúde e um condicionamento físico em nível alto por isso existe um horário dentro do expediente que é destinado apenas para práticas de atividades físicas.

As Forças Armadas oferecem uma promoção à saúde coletiva por meio de um plano de saúde e o militar contribui com uma porcentagem do salário dependendo do seu nível hierárquico. O decreto Lei nº 92.512, de dois de abril de 1986, estabelece normas, condições de atendimento e indenizações para a assistência médico-hospitalar ao militar e seus dependentes (Brasil, 1986).

A Lei nº 92.512, no artigo 1, diz que os militares e seus dependentes têm direito ao apoio médico-hospitalar sob a forma de ambulatórios e hospitais. Em lugares que não existem a oferta de assistência médica pela sua instituição, por exemplo um militar do Exército, ele ou seu dependente poderá ser atendido no hospital de outra Força, por exemplo Aeronáutica, conforme expresso no artigo 5º. O capitulo 2 (art. 20) informa que poderá ser atendido em entidades públicas ou privadas de saúde, por meio de convênios ou contratos, nos lugares onde não existam organizações de saúde das Forças Armadas (Brasil, 1986).

Em toda a sua carreira, o militar tem o direito de ser avaliado periodicamente por inspeções médicas e físicas, realizadas nas organizações de saúde das Forças Armadas, para avaliar o seu estado de saúde. Esse direito pode dar subsídio à hipótese de que o subgrupo dos militares tem maiores níveis de aptidão física e condições de saúde em comparação com a população de civis do Brasil. Porém os militares possuem um percentual maior de riscos à

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saúde, em função das peculiaridades do tipo de serviço desempenhado nas Forças Armadas, que podem trazer algumas complicações em sua saúde (Gonçalvez, 2014).

Nas Forças Armadas há instruções que falam exclusivamente sobre as inspeções médicas e físicas dos militares, como por exemplo na Aeronáutica existem as ICA (Instrução do Comando da Aeronáutica). A ICA – 160-6 discorre sobre exames de sangue, fezes, urina, exames de imagem, exame médico geral, exame odontológico, exame oftalmológico, exame neurológico, exame cardiológico, exame ginecológico (para mulheres), exame psicológico, entre outros. A ICA – 54-2 diz que um fator necessário para uma melhor condição de saúde dos militares é o procedimento de testes que verifica se a pessoa tem o mínimo de condicionamento físico para realizar as diversas atividades que o militar tem em toda sua carreira (Ministério da Defesa, 2012).

A promoção a saúde das Forças Armadas é muito importante para a avaliação, constatação e tratamento das doenças que o militar pode vir a adquirir durante o seu período de serviço. A oferta de uma assistência médico-hospitalar promove incentivos a melhor qualidade de vida e diminuição de fatores associados a doenças para que não ocorra algum tipo de afastamento do militar de suas funções.

2.3 O direito a reforma por invalidez dos militares

A CF 88 implementou as regras para uma seguridade social da população brasileira que é composta por seguro social, assistência social e saúde. A previdência social (seguro social) é elemento da seguridade que é responsável pelo pagamento de benefícios para aqueles que têm uma perda de sua capacidade laboral temporária ou definitiva (Oliveira, 2004).

A invalidez ocorre quando uma pessoa se torna incapaz de realizar algum trabalho de maneira insuscetível de reabilitação para exercer uma atividade laboral (Brasil, 1999). Uma pessoa realiza diversas ações rotineira durante um dia e quando ela não consegue fazer essas ações, devido à condição física ou

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mental, ela se torna incapaz de realizar tarefas sociais (Crimmins e Hayward 2004). Quando um indivíduo perde a capacidade de cumprir o exercício pessoal de direitos e obrigações, o conceito de incapacidade é definido (Neves, 1987). Outros fatores também incorporam da determinação da incapacidade como sexo, idade, escolaridade, e ambiente social (Diorio e Fallon, 1989).

A invalidez é constatada quando se realiza um exame médico-pericial realizado pela previdência social, com um médico escolhido pela própria previdência, podendo a pessoa levar um médico de sua confiança para acompanhar a perícia (Gomes, 2008). O segurado não poderá ter uma doença ou lesão pré-existente quando se cadastra no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e depois pedir um benefício por invalidez temporário ou permanente.

O militar das Forças Armadas, segundo Lei 6880/80 do artigo 94, pode sofrer uma ação chamada “exclusão do serviço ativos das Forças Armadas” de três maneira: a exclusão por meio da reserva remunerada (inciso I); exclusão por reforma (inciso II) e exclusão por licenciamento (inciso V). A invalidez temporária ou permanente estudada nesse trabalho está inclusa no inciso I (Kayat, 2010).

A reforma do militar pode ser de duas maneiras: reforma a pedido ou ex

officio (por imperativo legal em razão do cargo). A reforma a pedido é concedida

aos membros no magistério militar e que possuem, no mínimo, 30 anos de serviço pleno. A reforma por ex officio faz parte do artigo 106 do estatuto dos militares e é dividido em três partes: reforma de ofício do militar ter alcançado a idade de limite máximo; reforma por incapacidade; reforma que funciona como sanção (Brasil,1980).

A reforma por idade ocorre quando o militar chega em seu tempo máximo de serviço e é transferido para a reserva remunerada, podendo ocorrer uma convocação para o serviço ativo em caso de necessidade das forças armadas. Depois de um determinado tempo na reserva remunerada o militar passa para a situação de reforma e não há mais a possibilidade dele ser convocado para o serviço ativo (Brasil, 1980).

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A reforma por incapacidade é quando o militar sofre uma ação contra a sua saúde que o impossibilita de continuar no serviço ativo das forças armadas, tornando-se incapaz. Essa é o tipo de reforma considerado no presente trabalho, ou seja, quando o militar segue para o estado de reforma após sofrer uma doença ou acidente de trabalho (Brasil, 1980).

O Estatuto dos militares, Lei 6880/80, relata sobre a reforma que deve seguir as seguintes regras: o militar será incapaz para as atividades e serviços das forças armadas (art. 106, inciso II); os danos à saúde que acarretaram a incapacidade em campanha ou serviço (art.108, inciso I); o militar poderá ser reformado em qualquer que seja o seu tempo de serviço (art. 109) e ganhará proventos do seu posto atual ou, em alguns casos, um posto superior (art. 110).

A reforma como sanção do militar é dividida em três categorias: condenação à pena de reforma do código penal militar, por sentença em julgado (art.16, inciso IV); reforma de oficial militar, determinada em jugado do Superior Tribunal Militar (STM), decorrente do conselho de justificação a que este foi submetido (art. 106, inciso V); reforma de praça com estabilidade assegurada, indicado para tal reforma em julgamento do conselho de disciplina (art. 106, inciso VI).

Dessa forma, o militar das Forças Armadas que dedica a sua vida pela defesa da pátria possui uma proteção pela Lei nº 6880/80 de ser reformado por invalidez e receber tratamento médico especializado quando sofrem acidentes de trabalhou ou por uma doença adquirida de difícil controle.

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3. FATORES ASSOCIADOS AO AFASTAMENTO POR INVALIDEZ

A importância do estudo dos fatores associados a saúde está relacionada à verificação das características da boa disposição física e mental de uma população para criação, vigilância e análise da administração das políticas públicas de saúde. Esses fatores são essenciais para a determinação da morbidade, que pode levar à invalidez e mortalidade de uma população, e neste capitulo realizou-se o estudo desses fatores divididos em quatro grupos.

3.1 Fatores sociodemográficos, percepção do estado de saúde, estilo de vida, doenças crônicas.

Em relação as características sociodemográficas foram analisadas sobre as variáveis sexo, grupos etários e nível de escolaridade. A verificação desses fatores se torna importante para descobrir o número de pessoas do sexo feminino e masculino realizando uma comparação dos resultados entre eles. Os grupos etários são necessários para saber em qual faixas de idades as pessoas são mais afetadas pelo afastamento por invalidez. A variável nível de escolaridade é usada para determinar se a quantidade de conhecimento que uma pessoa possui interfere na possibilidade de um afastamento por invalidez (IBGE, 2014).

A percepção de saúde é referente à avaliação qualitativa que os indivíduos fazem da própria saúde, como por exemplo os aspectos do seu bem-estar. Essa percepção não diz respeito somente às sensações de desconforto ou dores, mas também aos problemas emocionais, sociais e psicológicas que estão presentes nas doenças (IBGE, 2014). A auto percepção da saúde, apesar da subjetividade das perguntas e respostas, é bastante utilizado para verificar a situação do estado de saúde das pessoas (Sousa, 2010).

O indicador da autoavaliação do próprio estado de saúde que uma pessoa pode responder, por exemplo a um questionário de uma pesquisa, está sendo utilizado em alguns estudos epidemiológicos e isso ocorre porque esse indicador

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tem as seguintes características: fácil captação em uma pesquisa, possui uma boa validade das respostas, é importante na predição de futuros problemas de saúde e importante para prever a mortalidade e morbidade de subgrupos populacionais. Algumas características como nível de instrução, idade, sexo, bem-estar material, situação do trabalho e saúde financeira, podem influenciar na concepção das pessoas da sua própria saúde. Apesar da importância da autoavaliação da saúde existem poucas pesquisas no Brasil que utilizam essa variável, sendo a PNS 2013 a principal pesquisa que utilizou esse recurso em seu estudo (Pavão, 2013).

Por sua vez, a dimensão estilo de vida envolve alguns fatores, tais como, o uso de álcool, atividade física, tabagismo e o índice de massa corporal (IMC). O consumo de bebidas alcoólicas de forma abusiva e prolongada pode desenvolver doenças crônicas como câncer, hipertensão arterial, convulsões, diabetes, entre outros que estão associadas a uma possível invalidez da pessoa (Strauch, 2009). A Organização Pan-americana de Saúde (OPS) informa em seu relatório de situação regional sobre o álcool e saúde nas américas que o consumo em excesso de bebidas alcoólicas é responsável por doenças e lesões como por exemplo transtornos mentais e câncer. O álcool além de ocasionar sérios problemas de saúde no usuário também motiva danos à saúde em outras pessoas que estão ao seu redor principalmente em acidentes de trânsito, lesões corporais em brigas, problemas no desenvolvimento do feto em grávidas, problemas financeiros na família e sofrimento emocional (OPS, 2015).

A prática de atividade física pode oferecer benefícios para a saúde dos indivíduos, tendo em vista que ela auxilia na melhora na eficiência no metabolismo, ganho de massa muscular, perda de gordura excessiva, suavização em tensões emocionais, ganhos em qualidade óssea, entre outros (Santarém, 2006). O desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis se dá, em 75% dos casos, por fatores associados a alimentação e falta de exercícios que podem conceber problemas do tipo cardiovasculares e hipertensão (Coelho, 2009).

A atividade física ajuda na capacidade funcional e na longevidade por meio de efeitos benéficos como: efeitos metabólicos (aumento do volume de

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sangue circulante e diminuição da pressão arterial), efeitos antropométricos (manutenção da massa muscular e densidade óssea), efeitos cognitivos e psicossociais (diminuição de contrair depressão e melhora da autoestima) e efeito terapêutico ajudando no tratamento de doenças como obesidade, colesterol alto, hipertensão, osteoartrite e diabetes (Matsudo, 2009).

O condicionamento físico é muito importante para a diminuição de gastos em tratamentos, como por exemplo nas doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), nos sistemas de saúde dos países e estudos mostram a eficiência de práticas físicas na prevenção dessas enfermidades. No Brasil o SUS é sobrecarregado com um número elevado de internações de pessoas que possuem DCNT e poderia diminuir os gatos financeiros com um incentivo a atividades como a prática de esportes (Bielemann, 2010).

O uso de tabaco, que é a planta de onde é extraída uma sustância viciante chamada nicotina, é um dos fatores que se associam ao desenvolvimento de doenças crônicas dos tipos pulmonares, cardiovasculares, câncer, entre outros (IBGE, 2014). O tabagismo é o principal fator associado as causas de morbidade e mortalidade evitáveis no século XXI e a OMS informa que até 2030 o uso dessa substância será responsável pela morte de 10 milhões de pessoas principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil (Malcon, 2003).

A fumaça do tabaco possui vários elementos tóxicos que prejudicam a saúde, tais como: amônia, nicotina, chumbo, benzeno, entre outros e as principais doenças que lesam a saúde estão relacionadas ao câncer e as doenças cardiovasculares. O tabaco está relacionado diretamente ao câncer de pulmão, porém outras áreas do corpo podem desenvolver câncer como a bexiga, pâncreas, boca, intestinos e cabeça (Gomes, 2003).

A medida antropométrica está baseada na relação entre peso e altura das pessoas e dessa forma encontramos o IMC. O cálculo do IMC é fácil de ser realizado em uma pessoa, porque é necessário apenas de uma balança para encontrar o peso e uma fita métrica para encontrar a altura, e por essa facilidade que entidades profissionais e pesquisadores usam esse índice para relacionar o sobrepeso com os riscos de contrair doenças crônicas. Os resultados do IMC

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são mais aplicados na população adulta para relacionar com possíveis riscos à saúde isso porque nas crianças durante a adolescência o IMC não retrata as mudanças na formação corporal (Anjos, 1992) e nos idosos a utilização do IMC é prejudicada por causa da diminuição da altura e redução da massa corporal (Santos e Sichieri, 2005).

As DCNT são uma preocupação para as organizações de saúde dos países porque elas são as principais causas de mortes em pessoas com menos de 70 anos e estão associadas ao afastamento das atividades laborais por causa da invalidez. As principais DCNT no Brasil são aquelas associadas à hipertensão, diabetes, colesterol, asma, depressão, doenças cardiovasculares, neuropsiquiátricas, câncer, entre outros. Essas doenças são responsáveis por um elevado número de mortes no Brasil e estão fortemente associadas a alguns fatores de riscos como sedentarismo, tabagismo, obesidade e alcoolismo que diminuem a qualidade de vida das pessoas em suas atividades de lazer e trabalho (IBGE, 2014). No Brasil o SUS estima gastos bastantes elevados para os tratamentos das DNCT e isso ocorre porque esse tipo de doença geralmente possui um tratamento de longa duração e necessita uma grande demanda em mecanismos, ações e serviços de saúde (Malta, 2006; Malta, 2015).

O aumento da renda da população somado à industrialização da produção fez crescer o acesso a alimentos e produtos processados ocasionando um aumento nos hábitos de consumo de alimentos não saudáveis e o uso de produtos como álcool e tabaco, favorecendo a exposição da população a maiores riscos as DCNT (Schmidt, 2011). A doenças escolhidas para serem analisadas nessa monografia foram hipertensão arterial, colesterol, depressão e distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT).

A hipertensão arterial pode causar problemas cardíacos, renal, cerebral e vascular mostrando que essa multiplicidade de áreas afetadas coloca essa doença como uma das causas de maior restrição à obtenção de qualidade e esperança de vida. (Passos, 2006). A mudança do perfil dos hábitos alimentares, principalmente ao consumo de altas quantidades de sal e sódio, em uma sociedade capitalista como o Brasil aumenta a exposição de DCNT. A alteração da composição da dieta alimentar somado a diminuição da frequência das

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práticas de atividades físicas contribuem para a potencialização desse quadro (Jardim, 2006.)

Na sociedade a palavra depressão já faz parte do ciclo da vida onde é comum encontrar uma pessoa que já foi diagnosticada com esta doença. As características dessa doença estão associadas ao desânimo, pessimismo, medo, isolamento, ansiedade, baixa autoestima e, em casos graves, vontade de cometer suicídio, além de comprometer as atividades do trabalho ocasionando em muitas das vezes um afastamento por adoecimento (Cavalheiro, 2011).

O colesterol alto pode ocasionar doenças no coração e está bastante associado ao estilo de vida das pessoas em países industrializados. O consumo de alimentos hipercalóricos e gordurosos somados ao sedentarismo aumentam os lipídios corporais ocasionando o excesso de peso e obesidade causando perigos a saúde de uma pessoa (Martinez, 2003). Já as DORT são transtornos ocasionados no ambiente de trabalho relacionados aos tendões, músculos, ossos e bolsa de articulações que podem levar a uma síndrome de dores crônicas limitando os movimentos e a sensibilidade do indivíduo (Santos, 2007).

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4. DADOS E MÉTODOS

Neste capítulo é apresentado a base de dados provenientes da PNS 2013 utilizada nesse trabalho para analisar o efeito dos fatores associados selecionados sobre o afastamento por invalidez dos militares e realizar uma comparação com a população civil. São especificadas como foram encontradas a variável dependente e os fatores associados escolhidos para as análises empíricas, univariadas e multivaridas. Além disso, é explicado o método de regressão logística utilizado para verificar a associação desses fatores com a ocorrência/não ocorrência de afastamento por invalidez.

4.1 Dados

Os dados necessários para a pesquisa dessa monografia foram retirados da PNS 2013 que é um tipo de pesquisa realizada em todo o território brasileiro e de base domiciliar. A PNS teve sua primeira pesquisa realizada em 2013 e faz parte do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e deverá ser repetida a cada cinco anos (IBGE, 2007).

O objetivo da PNS é levantar dados por meio de uma pesquisa em âmbito nacional e verificar como se encontra o estado de saúde e os estilos de vida da população brasileira. A pesquisa também busca descobrir como está a atenção à saúde em relação ao acesso a serviços, ações preventivas, continuidade dos cuidados e o financiamento da assistência à saúde. A população base para as entrevistas são moradores em domicílios particulares das cinco grandes regiões brasileiras (IBGE, 2007). As entrevistas são realizadas com base em um questionário que está subdividido em três partes: informações do domicilio, informações referentes a todos os moradores e informações individuais (Damacena, 2015).

Os dados utilizados são dos microdados de pessoas e domicílios da PNS 2013, realizando a junção desses arquivos obtivendo os dados totais do estudo. Foi utilizado o plano amostral complexo da PNS para o estudo da análise

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univariada e multivariada, com base nas notas metodológicas da pesquisa, selecionando a variável v0024 como estrato, a variável UPA_PNS como clusters e a variável v00291 como ponderação da amostra (peso do morador selecionado com correção de não entrevista com calibração pela projeção de população para morador selecionado). O tamanho da amostra utilizada sem a ponderação foi de 205.546 pessoas em que foi dividido em dois grupos: 3.349 militares e 202.197 civis. Todas essas etapas mencionadas foram realizadas com o software IBM SPSS Statistics, versão 20.0.

4.2 Variáveis

As variáveis utilizadas estão relacionadas a fatores sociodemográficas, estilo de vida, percepção do estado de saúde, prevalência de doenças crônicas. Todas as variáveis da PNS 2013 estão descritas no dicionário de variáveis e elas estão divididas em vários módulos. Nesse trabalho os módulos que serão mais utilizados são: Módulo P, sobre o estio de vida; Módulo N, sobre a percepção do estado de saúde e Módulo Q, sobre a prevalência de doenças crônicas.

A variável dependente construída é de resposta binária, que assume o valor um (1) no caso de ocorrência de afastamento por invalidez, na semana de referência de 21 a 27 de julho de 2013, e zero (0), no caso contrário. A identificação da população dos militares e da população dos civis na base de dados foi por meio da variável posição na ocupação. A importância da construção dessa variável é para separarmos dos dados somente a população de militares do Brasil para poder comparar com o restante da população (civis). As variáveis independentes foram escolhidas sobre aquelas que estavam no dicionário de variáveis e outras foram construídas para serem melhor analisadas. Dessa maneira, as variáveis selecionadas, que serão associadas ao afastamento por invalidez da pessoa, foram agrupadas nos seguintes fatores:

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a) Sociodemográficos:

Utilizou-se a variável sexo do respondente, e com relação a idade trabalhou-se com as seguintes faixas etárias: 18 a 24 anos, 25 a 34 anos, 35 a 44 anos e 45 anos e mais. A variável nível de escolaridade incluiu-se as categorias: Ensino fundamental, Ensino médio completo / incompleto e Ensino superior completo / incompleto.

b) Estilo de vida:

A variável que indica o consumo de bebidas alcoólicas possui duas opções: “não bebo ou bebo menos de uma vez por mês” e “bebo uma vez ou mais por mês”. Com relação à prática de atividades físicas, essa variável apresenta duas categorias “sim” ou “não”. No que se refere ao uso de algum produto do tabaco, utilizou-se as categorias “sim” e “não” fumo.

O IMC, que é a classificação do índice de massa corporal, foi construído a partir das variáveis peso e altura que foram utilizadas para encontrar a medida antropométrica que podem avaliar como se encontra o estado nutricional de uma população. O cálculo desse índice é encontrado por meio da divisão do valor em quilograma do peso pelo valor da altura em metros elevado ao quadrado de uma pessoa. O resultado do cálculo do IMC pode classificar os indivíduos adultos nas seguintes categorias: IMC < 18,5 kg/m2 informa que o indivíduo possui deficit

de peso, 18,5 kg/m2 > IMC < 25 kg/m2 possui um peso normal, 25 kg/m2 > IMC <

30 kg/m2 existe um excesso de peso e IMC > 30 kg/m2 a pessoa possui

obesidade (IBGE, 2016). Então, para uma melhor análise do IMC nesse trabalho, a partir dos dados do peso e altura, as respostas foram reunidas em dois grupos: o valor do IMC até 25 km/m2 são as pessoas que tem deficit ou peso normal; o

valor do IMC acima de 25 km/m2 são as pessoas que tem excesso de peso ou

obesidade.

c) Percepção do estado de saúde:

A análise da percepção do estado de saúde dá pela escolha das seguintes opções: “muito boa”, “boa”, “regular”, “ruim” e “muito ruim”. Nesse trabalho realizou-se a seguinte agregação: avaliação positiva (“muito boa” e “boa”) e avaliação negativa (“regular”, “ruim” e “muito ruim”).

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d) Doenças Crônicas:

No questionário da PNS 2013 há requisitos que investigam a forte associação das principais doenças crônicas não transmissíveis a fatores de riscos altamente prevalentes, destacando-se nesse trabalho hipertensão arterial, colesterol alto, depressão e DORT, em que todas essas variáveis possuíam duas categorias “sim” ou “não”.

4.3 Método estatístico

O objetivo desse trabalho é encontrar a existência de um relacionamento entre a ocorrência de afastamento por invalidez em função dos fatores associados escolhidos na base da PNS 2013. Como a variável dependente escolhida tem uma característica dicotômica, ou seja, variável resposta binária, o método estatístico apropriado é o modelo de regressão logística que procura encontrar uma relação entre a variável dependente binária (se a pessoa está afastada por invalidez ou não) com os fatores associados que são as variáveis independentes (DIAS, 2009). A fórmula da análise de regressão logística é expressada pela EQ.1:

EQ.1

Onde temos:

▪ (p) é a probabilidade de ocorrência do evento.

▪ (1 – p) é a probabilidade de não ocorrência do evento. ▪ b0, b1, b2 e bk são os parâmetros estimados.

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Os valores das análises encontradas no modelo de regressão logístico foram sobre o Exp (bk), que é antilogaritmo dos parâmetros estimados,

necessários para encontrar as Razões de Chances (RC) que representam o nível de interação entre a variável dependente com as variáveis independentes. A análise da significância global dos parâmetros (bk) foi realizada por meio do teste

de Wald (valor de F) colocando todos os parâmetros iguais a zero e a resposta alternativa que pelo menos um seja diferente de zero. As interpretações das Razões de Chances são da seguinte maneira:

▪ (RC > 1) Informa que a variável independente aumenta as chances de ocorrências da variável dependente.

▪ (RC = 1) Informa que a variável independente não interfere nas chances de ocorrências da variável dependente.

▪ (RC < 1) Informa que a variável independente diminui as chances de ocorrências da variável dependente.

Nessa monografia, foi realizada uma comparação da amostra dos militares e dos civis por meio da análise descritiva dos fatores associados. A análise univariada e multivariada realizou-se somente na amostra dos militares. A verificação dos fatores associados que estariam elegíveis para a regressão multivariada foi por meio do valor de p e os resultados devem apresentar valores menores que 0,25 na análise univariada. Esse valor de p elevado é necessário para não haver exclusão de variáveis importantes e inclusão de variáveis confusas tornando o modelo mais completo. (Hosmer & Lemeshow, 2000).

Na análise univariada verificou-se o grau de associação da variável dependente binária (ocorrência/ não ocorrência do afastamento por invalidez) com cada variável independente isoladamente. Os fatores associados que foram elegíveis na análise univariada são incorporados na regressão multivariada sobre quatro modelos construídos em referência as variáveis sociodemográficas, estilo de vida, percepção do estado de saúde e doenças crônicas. O Modelo 1 agrupa os fatores associados sociodemográficos, o Modelo 2 reuni o modelo anterior mais a percepção do estado de saúde, o Modelo 3 é a junção do modelo dois antecedentes com as variáveis sobre o estilo de vida e o Modelo 4 agrupa todos os anteriores somado com as doenças crônicas.

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5. RESULTADOS

Neste capítulo são demostrados os resultados da análise descritiva dos dados escolhidos da PNS 2013, referentes aos militares e civis, para compreender melhor as principais características da amostra obtida para esse estudo. As análises descritivas dos dados da PNS 2013 foram realizadas por meio de tabelas e gráficos comparando a amostra dos militares com a amostra brasileira em geral.

5.1 Análise descritiva

O tamanho da amostra estudada nessa monografia separa por sexo no ano de 2013 é constituída por 33% de homens e 67% de mulheres. O tamanho da amostra dos militares e civis, percebeu-se que a maioria das pessoas entrevistadas entre os militares eram do sexo masculino (70%), porém a amostra dos civis encontrou-se resultados opostos com a predominância das mulheres que eram 67% contra 33% dos homens.

Analisaremos nas próximas tabelas as variáveis que estavam associadas ao afastamento por invalidez e não afastamento de militares e civis. A tabela com a quantidade de casos, sem ponderação e com ponderação, dos fatores associados estudados encontra-se no anexo. De acordo com a Tabela 1, com relação à distribuição por sexo de militares que estavam afastados por invalidez, a maioria eram de homens com 89,6% e entre aqueles que não estavam afastados 65,5% eram homens. Na amostra de civis as pessoas que estavam afastadas os resultados são parecidos com 49,7% de homens e 50,3% de mulheres, porém aqueles que não estavam afastados a maioria eram mulheres com 70,3% dos casos.

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Tabela 1 – Distribuição de militares (n = 3.349) e civis (n = 202.197) por fatores sociodemográficos e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013.

Fonte de Dados: PNS 2013.

Os valores encontrados entre os militares mostraram que mais da metade daqueles que estavam afastados encontravam-se na faixa etária de 25 a 34 anos com um percentual de 53,8%. Na amostra de militares utilizada não havia pessoas no grupo etário 18 a 24 anos. A amostra civil obteve resultados em todas as faixas etárias e mais da metade (50,9%) das pessoas que responderam que estavam afastados por motivo de invalidez tinham 45 anos e mais, ou seja, a amostra dos civis afastados resultou ser mais velha em comparação aos militares de mesma condição. (TAB.1).

O nível de escolaridade apresentou os seguintes resultados: entre os militares a maioria possuía curso superior completo / incompleto tanto entre aqueles que estavam afastados (85,6%) como aqueles que não estavam afastados (90,8%). Entre os civis afastados por invalidez, a maior parte tinha até o ensino fundamental (50,9%), e entre os que não estavam afastados cerca de 47,3% tinham superior completo / incompleto. Esses resultados indicam que os militares afastados possuíam maiores níveis de estudo em relação aos civis afastados (TAB.1).

A Tabela 2 apresenta a distribuição de militares e civis por percepção de estado de saúde e de acordo com a condição de afastamento por invalidez. Entre os militares que se encontravam afastados por invalidez, 90,1% declararam ter uma saúde com avaliação positiva (boa ou muito boa). Entre aqueles militares que não estavam afastados, o percentual de indivíduos que avaliaram sua

n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%)

Sexo Feminino 8 10,4% 7,70 - 14,3 1127 34,5% 28,2 - 42,3 975 50,3% 43,6 - 57,1 140.844 70,3% 65,4 - 74,8 Masculino 73 89,6% 85,8 - 95,6 2141 65,5% 62,3 - 71,2 961 49,7% 42,9 - 56,4 59.417 29,7% 25,2 - 34,6 Grupos etários 18 a 24 anos - - - - - 124 6,40% 5,10 - 7,90 22.207 11,1% 89,0 - 13,7 25 a 34 anos 44 53,8% 49,0 - 57,9 1512 46,3% 41,9 - 51,3 281 14,5% 11,3 - 18,5 53.903 26,9% 23,4 - 30,8 35 a 44 anos 37 46,2% 42,1 - 51,0 629 19,2% 15,1 - 24,5 545 28,1% 21,0 - 36,6 59.381 29,7% 24,5 - 35,3 45 anos e mais - - - 1127 34,5% 27,7 - 42,8 986 50,9% 43,8 - 58,0 64.770 32,3% 26,1 - 39,2 Nível de escolaridade

Até o ensino fundamental - - - 986 50,9% 44,4 - 57,4 38.722 19,3% 16,2 - 22,9 Médio completo/incompleto 12 14,4% 9,10 - 20,7 288 8,8% 6,55 - 11,2 671 34,7% 27,3 - 42,9 66.811 33,4% 28,3 - 38,9 Superior completo/incompleto 69 85,6% 79,1 - 90,8 2980 91,2% 85,7 - 95,5 279 14,4% 10,2 - 19,9 94.728 47,3% 41,3 - 53,4

Sociodemográficas

MILITAR CIVIL

(31)

própria saúde como boa ou muito boa foi um pouco menor (88,3%). Diferentemente do verificado entre os militares, no caso dos civis, verificou-se pequena vantagem daqueles que avaliaram seu próprio estado de saúde de maneira positiva (56,3%) com relação àqueles que fizeram um autoavaliação de saúde negativa. Com relação aos civis que estavam afastados, a tendência foi a mesma da verificada para os militares afastados, sendo a maioria deles declarantes de uma autopercepção positiva das condições de saúde (76,7%). Para a análise univariada e multivariada da amostra dos militares a variável grupo etário foi retirado as faixas de idades de 18 a 24 anos e 45 anos e mais por falta de respostas, e o mesmo acontece com a variável nível de escolaridade que se eliminou a opção de resposta até o ensino fundamental.

Tabela 2 - Distribuição de militares (n = 3.349) e civis (n = 202.197) por percepção de saúde e de acordo com a condição de afastamento por invalidez, com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013.

Fonte de Dados: PNS 2013.

As variáveis associadas ao estilo de vida utilizadas nesse trabalho foram: consumo de bebidas alcoólicas, pratica de exercícios físicos, fuma algum produto do tabaco e o IMC, e as respectivas frequências para a amostra de civis e militares afastados ou não por invalidez, de acordo com a Tabela 3.

A primeira variável analisada foi sobre o consumo de bebidas alcoólicas e entre os militares 58,3%, daqueles que estavam afastados por invalidez, declararam consumir algum tipo de bebida alcóolica “uma vez ou mais por mês”, já entre os militares não afastados cerca de 54,3%, disseram que “uma vez ou mais por mês” consumia bebidas alcoólicas. Entre os civis afastados por invalidez, 82,2% disseram que ou não consumiam bebidas alcóolicas ou se consumiam o faziam com uma frequência menor do que uma vez por mês. Entre os civis não afastados, a maioria indicou também essa categoria como resposta

n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%)

Autoavaliação Negativa 8 9,9% 7,15 - 14,3 382 11,7% 8,60 - 15,6 845 43,7% 36,4 - 51,2 46.680 23,3% 17,5 - 30,4 Positiva 73 90,1% 86,0 - 94,4 2.886 88,3% 83,2 - 94,8 1.091 56,3% 48,8 - 63,6 153.581 76,7% 69,6 - 82,5 Percepção de Saúde MILITAR CIVIL

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(72,9%). Esses resultados mostraram que mais da metade da amostra dos militares tinha o costume de consumir bebidas alcóolicas em comparação aos civis (TAB.3).

Tabela 3 – Distribuição de militares (n = 3.349) e civis (n = 202.197) por estilo de vida e de acordo com a condição de afastamento por invalidez,

com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013.

Fonte de Dados: PNS 2013.

A realização de esportes e exercícios físicos no cotidiano são apontados como motivos para ajudar na proteção à saúde e dessa maneira é importante saber se as pessoas estão realizando algum tipo desses exercícios. Na amostra dos militares, entre aqueles que estavam afastados, obteve-se um percentual de 79,8% respondendo que realizavam esses exercícios, e entre os que não estavam afastados, esse percentual também foi maior para a categoria “sim” (59,4%). Entre os civis encontrou-se resultados opostos: 78,8% daqueles que estavam afastados por invalidez e 60,2% dos que não estavam afastados responderam que não realizavam atividades físicas. O fato da maioria dos militares responderem que praticavam atividades físicas no cotidiano pode ser uma decorrência da exigência da profissão e pelos diversos testes físicos realizados em toda a carreira no militar incentivando essa atividade entre eles (TAB.3).

O tabagismo é uma das razões no desenvolvimento de DCNT e os resultados se um indivíduo fuma ou não algum produto proveniente do tabaco é importante para o estudo desse trabalho. Na amostra dos militares todos

n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%)

Consumo de bebida alcoólica

Não / Menos de uma vez por mês 35 41,7% 33,1 - 48,4 1.563 47,8% 41,3 - 53,1 1.591 82,2% 78,2 - 85,5 146.070 72,9% 67,9 - 77,4

Uma vez ou mais por mês 47 58,3% 54,3 - 64,2 1.705 52,2% 44,7 - 59,8 345 17,8% 14,5 - 21,8 54.191 27,1% 22,6 - 32,1

Pratica algum tipo de exercício físico

Não 16 20,2% 15,6 - 25,3 1.327 40,6% 32,5 - 48,0 1.526 78,8% 74,4 - 82,7 120.471 60,2% 54,1 - 65,7

Sim 65 79,8% 72,4 - 84,2 1.941 59,4% 51,8 - 67,5 410 21,2% 17,3 - 25,6 79.790 39,8% 34,2 - 45,8

Fuma algum produto do tabaco

Não 81 100% - 3.268 100% - 1.377 71,2% 68,2 - 73,9 184.103 91,9% 89,6 - 93,7

Sim - - - 559 28,8% 26,1 - 31,8 16.158 8,1% 6,30 - 10,4

IMC

Défict / Peso normal 16 19,5% 16,1 - 24,7 3.038 93,0% 86,5 - 97,3 636 32,9% 27,2 - 39,0 75.375 37,6% 31,7 - 44,0 Excesso / Obesidade 65 80,5% 71,6 - 84,2 229 7,0% 4,6 - 11,5 1.300 67,1% 61,0 - 72,8 124.886 62,4% 56,0 - 68,3

Estilo de Vida

MILITAR CIVIL

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responderam que não fumavam tanto aqueles que estavam afastados por invalidez ou não. Como ocorreu apenas respostas “não” esse fator não foi incluído nas análises. Na amostra dos civis os resultados mostraram que 71,2% dos afastados por invalidez disseram que não fumavam na semana de referência e um percentual maior (91,9%) daqueles que não estavam afastados também tiveram a mesma resposta. Dessa maneira, percebeu-se com esses resultados que pode existir uma conscientização das pessoas que o fumo de tabaco é prejudicial à saúde procurando não utilizar desse tipo de produto tanto entre os militares como os civis (TAB.3).

No grupo dos militares 85,5% dos afastados por invalidez encontravam-se na faixa do IMC de excesso / obesidade de peso e os não afastados apenas 7% estavam com excesso de peso. Entre os civis que estavam afastados por invalidez obteve-se um percentual de 67,1% com excesso de peso ou obesidade e 32,9% com déficit ou peso normal. Entre aqueles que não estavam afastados os índices permanecem parecidos resultando em 62,4% com excesso de peso ou obesidade e 37,6% com déficit ou peso normal (TAB.3).

Com relação aos militares que estavam afastados por invalidez todos informaram que não possuíam diagnóstico de hipertensão arterial e entre os não afastados (65%) boa parte disseram que também não possuíam esse problema de saúde. A amostra dos civis esse fator associado comportou-se de maneira contrária em que a maioria, entre afastados com 82,6% e não afastados com 76,7%, disseram que já foram diagnosticados com hipertensão arterial em algum momento da vida (TAB.4).

(34)

Tabela 4 – Distribuição de militares (n = 3.349) e civis (n = 202.197) por doenças crônicas e de acordo com a condição de afastamento por invalidez,

com indicação do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013.

Fonte de Dados: PNS 2013.

Entre os militares afastados nenhum deles declararam que foram diagnosticados com colesterol alto, e entre os não afastados, menos de 2% disseram ter tido esse diagnóstico. Com relação aos civis percebeu-se que a maior parte, tanto entre os afastados por invalidez (78,9%) e os não afastados (84,8%), disseram não possuir colesterol alto. As variáveis hipertensão arterial e colesterol alto não foram incluídas na análise univariada porque não houve nenhuma resposta “sim” para esses fatores associados para os militares afastados (TAB.4).

No que se refere à variável depressão percebeu-se entre os militares o percentual daqueles que disseram que alguma vez tiveram o diagnóstico dessa doença foi maior entre os afastados (10,4%) em relação aos não afastados (7,6%). A mesma tendência ocorreu na amostra dos civis, sendo o percentual daqueles que estavam afastados e que informaram ter tido um diagnóstico de depressão foi triplo do encontrado entre os militares afastados (29,2%) (TAB.4).

No grupo dos militares 14,4% dos afastados por invalidez declararam que possuíram um diagnóstico positivo da doença DORT e os não estavam afastados o percentual aumentou para 21,1% dos casos. Entre os civis afastados que 21,8% disseram que possuíram a doença, porém entre aqueles não afastados

n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%) n % IC(95%)

Diagnóstico de hipertensão arterial Não 81 100% - 2.141 65,5% 61,2 - 69,2 337 17,4% 12,3 - 22,9 46.673 23,3% 17,0 - 24,8 Sim - - - 1.127 34,5% 28,2 - 42,3 1.599 82,6% 76,7 - 87,3 153.588 76,7% 72,6 - 80,4 Diagnóstico de colesterol alto Não 81 100% - 3.217 98,4% 87,7 - 99,8 1.527 78,9% 74,6 - 82,7 169.889 84,8% 80,3 - 88,5 Sim - - - 51 1,58% 0,20 - 12,3 409 21,1% 17,3 - 25,4 30.372 15,2% 11,5 - 19,7 Diagnóstico de depressão Não 73 89,6% 85,7 - 95,2 3.020 92,4% 86,8 - 97,6 1.371 70,8% 66,2 - 75,0 180.525 90,1% 85,3 - 93,5 Sim 8 10,4% 7,55 - 12,3 248 7,60% 5,42 - 11,7 565 29,2% 25,0 - 33,8 19.736 9,86% 6,50 - 14,7 Diagnóstico de DORT Não 69 85,6% 79,3 - 91,1 2.578 78,9% 74,6 - 83,9 1.515 78,2% 73,4 - 82,4 186.135 92,9% 90,7 - 94,7 Sim 12 14,4% 10,3 - 19,1 690 21,1% 19,1 - 27,5 421 21,8% 17,6 - 26,6 14.126 7,1% 5,34 - 9,31 Doenças Crônicas MILITAR CIVIL

(35)

tiveram um resultado três vezes menor (7,1%) em comparação aos militares não afastados (TAB.4).

No capítulo seguinte são apresentados os resultados para a identificação dos fatores associados ao afastamento de militares por invalidez.

5.2 Análise univariada

De acordo com a Tabela 5, que mostra as razões de chances (RC) da análise univariada de fatores associados ao afastamento por invalidez dos militares, foram verificadas quais as variáveis escolhidas para entrar nos modelos multivariados.

Os fatores associados que atenderam ao critério de p valor inferior a 0,25 foram: sexo (masculino; p = 0,189); grupos etários (35 a 44 anos; p = 0,001); nível de escolaridade (superior completo / incompleto; p = 0,183); percepção do estado de saúde (autoavaliação positiva; p = 0,032); IMC (excesso de peso / obesidade; p = 0,000); diagnóstico de depressão (sim; p = 0,046) e diagnóstico de DORT (sim; 0,143).

(36)

Tabela 5 – Razões de chances (RC) da análise univariada de fatores associados ao afastamento por invalidez dos militares, com indicação do

intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013 (n = 3.349).

Fonte de Dados: PNS 2013.

As variáveis que não alcançaram o critério estabelecido para os modelos multivariados foram; consumo de bebida alcoólica (RC = 1,27; p = 0,604) e prática de exercícios físicos (RC = 0,94; p = 0,878). Dessa forma, os fatores associados escolhidos para a inclusão dos modelos multivariados foram: sexo, grupo etário, nível de escolaridade, autoavaliação, IMC, depressão e DORT.

5.3 Análise multivariada

Nessa seção são apresentados os resultados na regressão logística multivariada dos fatores associados selecionados sobre o afastamento por invalidez na amostra dos militares.

RC IC (95%) Valor de P Sexo Feminino 1,00 - Masculino 1,46 0,82 - 2,59 0,189 Grupos etários 25 a 34 anos 1,00 - 35 a 44 anos 0,28 0,14 - 0,59 0,001 Nível de escolaridade Médio completo/incompleto 1,00 - Superior completo/incompleto 0,63 0,32 - 1,24 0,183 Autoavaliação: Negativa 1,00 - Positiva 0,37 0,21 - 0,91 0,032

Consumo de bebida alcoólica

Não / Menos de uma vez por mês 1,00 -

Uma vez ou mais por mês 1,27 0,51 - 2,55 0,604

Pratica algum tipo de exercício físico

Não 1,00 -

Sim 0,94 0,43 - 2,03 0,878

IMC

Deficit / Peso normal 1,00 -

Excesso de peso / Obesidade 4,30 2,23 - 6,03 0,000

Diagnóstico de depressão Não 1,00 - Sim 2,66 1,01 - 4,95 0,046 DIagnóstico de DORT Não 1,00 - Sim 1,31 0,79 - 1,98 0,143

(37)

5.3.1 Afastamento por invalidez dos militares

A Tabela 6 mostra os resultados da regressão logística multivariada, por meio das razões de chances (RP), sobre quatro modelos construídos para esse trabalho em relação a amostra dos militares.

Tabela 6 – Razões de chances (RC) da análise multivariada de fatores associados ao afastamento por invalidez dos militares, com indicação

do intervalo de confiança (IC) de 95%, Brasil, 2013 (n = 3.349).

Fonte de Dados: PNS 2013.

Em relação ao sexo encontrou-se uma associação positiva com o afastamento por invalidez no Modelo 1 (RC = 1,82; p = 0,05) e Modelo 2 (RC = 1,80; p = 0,06), sendo o sexo feminino um fator protetor ao afastamento por invalidez entre os militares. A variável grupo etário se manteve como fator associado ao afastamento por invalidez nos quatro modelos multivariados, e com efeitos que se potencializaram com a entrada de novas variáveis. Com relação à escolaridade, um militar com curso superior completo / incompleto possuía uma chance menor de afastamento com relação a um militar com ensino médio

RC IC (95%) RC IC (95%) RC IC (95%) RC IC (95%) Sexo Feminino 1,00 - 1,00 - 1,00 - 1,00 Masculino 1,82** 0,61 - 2,78 1,80* 0,59 - 2,88 1,51 0,82 - 2,29 1,33 0,81 - 2,07 Grupos etários 25 a 34 anos 1,00 - 1,00 - 1,00 - 1,00 35 a 44 anos 0,25** 0,12 - 0,56 0,28** 0,13 - 0,59 0,31** 0,15 - 0,78 0,32** 0,14 - 0,73 Nível de escolaridade Médio completo/incompleto 1,00 - 1,00 - 1,00 - 1,00 Superior completo/incompleto 0,35** 0,11 - 0,87 0,43* 0,13 - 0,83 0,42* 0,13 - 0,89 0,34* 0,16 - 0,79 Autoavaliação: Negativa 1,00 - 1,00 - 1,00 Positiva 0,50 0,28 - 0,88 0,42 0,16 - 0,95 0,32* 0,13 - 0,81 IMC

Deficit / Peso normal 1,00 - 1,00

Excesso de peso / Obesidade 3,37** 1,25 - 5,31 3,75** 1,77 - 6,23

Diagnóstico de depressão Não 1,00 Sim 1,08 0,77 - 3,01 Diagnóstico de DORT Não 1,00 Sim 1,06* 0,69 - 2,86 Valor de F 2,23 4,76 5,65 11,73 Valor de p 0,019 0,125 0,001 0,065

* valor de p menor ou igual que 0,10 ** valor de p menor ou igual que 0,05

Fatore Associados Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

(38)

completo / incompleto em todos os modelos multivariados, embora no Modelo 4, com a estrada das variáveis sobre doenças crônicas esse efeito tenha diminuído (TAB.6.)

No tocante à autoavaliação da saúde do entrevistado a variável que expressa essa dimensão apenas alcançou significância estatística no Modelo 4, na presença da variável IMC (RC = 0,32; p = 0,054). O IMC apresentou uma associação positiva, tanto no Modelo 3 (RC = 3,37; p = 0,000) quanto no modelo 4 (RC = 3,75; p = 0,000), ou seja, indicando que um militar com excesso de peso / obesidade possuía maiores chances de afastamento em comparação com um militar com peso considerado normal. A variável sobre diagnóstico de depressão não se associou ao afastamento por invalidez entre os militares, porém a variável sobre o diagnóstico de DORT alcançou significância estatística do Modelo 4 com (RC = 1,06; p = 0,06) (TAB.6).

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