CURSO
DE
MESTRADO
EM
ENFERMAGEM
RESGATANDO
FLORENCE
NIGHTINGALE:
A
TRAJETÓRIA
DA
ENFERMAGEM
JUNTQ
Ao
sER
HUMANO
E
sUA
FAMÍLIA
NA PREVENÇÃQ
DE
INFECÇÕES
TELMA
ELISA
CARRARO
.FLoR1ANÓPoLIs
CURSO DE
MESTRADO
EM
ENFERMAGEM
.à
~
D1ssERTAçAo
RESGATANDO
FLORENCE
NIGHTINGALE:
ATRAJETÓRIA
DA
ENFERMAGEM
JUNTo
Ao
SER
nUMANo
E sUA
FAMÍLIA
NA PREVENÇÃO DE
INEECÇÕES
Submetida
àBanca Examinadora
para obtençãodo
grau deMESTRE
EM
ASSISTÊNCIA
DE
ENFERMAGEM
por
.
Telma
Elisa CarraroAprovada
em
06/
03
/ Dr”. Ingrid Elsen 'e adora)Dr”.
Maria
de des de a (examinadora) _____L.D. Lidvina
Horr
(examinadora)~_;__
... -_Obrigada Senhor, por teres estado
sempre
comigo dando-me
sabedoria, paz e tranqüilidade
em
todos osmomentos
desta caminhada.Tu
bem
sabes todas as dificuldades pelas quaiseu
passei para chegaraté aqui, conheces
também
os desafiosque
enfrentei, contudo estavassempre
comigo dando-me
discernimento e ousadia. E, hoje eu posso dizerque
os vencie
que
tu fostes,meu
Deus,o
meu
companheiro
de todas as horas.Agradeço-Te
também
por todas as pessoasque
colocasteem
meu
caminho.Quando
relembro vejo que,em
cadanova
situação, tu colocavas a pessoa certa, a qual abria-me as portasdo caminho
a percorrer.q
Senhor, minhas palavras
não bastam
paraTe
agradecermas
seique
Tu
entendes o dito eo
não dito e, principalmente, sabeso
que
meu
coraçãosente neste instante. “
Que
este trabalho, Senhor, seja paraTua Honra
eTua
Glória eque
Neste trajetar, senti
o
apoio incondicional demeus
familiares. Seja daquelesque
comparticipavam de cada passo, seja daquelesque
à distânciaacompanhavam
e torciam pelomeu
sucesso; muitas vezes, privando-se deminha
companhia
mas
sempre
acreditando nesta conquista!Í
Há
trabalhosem
que,quando chegamos
em
cem
ponto, voltamos os olhos para trás, lembrando daquelesque
estiveramcaminhando
conosco...É
neste voltar-seque
me
encontro, equero, aqui, compartilha-lo.
-
Sou
um
serhumano
que ri,que
chora,que
reage eque
se entrega.Agora
me
entregoaos
meus
sentimentos de reconhecimento por aquelesque caminharam comigo
por este Jardim...Minha
mãe:
Senti seu carinho e
confiança
todoo
tempo,e
também
sua torcidal..._
Meu
pai:Sua
cumplicidade e apoio durantetodo
o
transcorrer deste processome
impulsionaram.Eliza:
Como me
sinto gratificada ao perceberque
você
trajetou comigo,não
apenascomo
filha,mas
como
companheira e integrante deste processo. g4
p
Saulo:
Foi importante teu
companheirismo
nesta experiência,sempre
procurandouma
ou
outra coisa que pudesse fazer para contribuir comigo.Meu
filho, sintoque
crescemos jrmtos!Marcos
Vinicius: _Mesmo
na
distância eu sentia teu estímuloe
que você
torcia pormim
acima
de tudo,meu
filho.À
J
osenice:Pelos bate-papos quentes e gostosos,
_
'
regados a cafés...
Quentes e gostosos!
Maria
Eugênia:
Você
se deleitoucomigo no
início desta caminhada, .propôs-se a ler e revisar toda a resenha
Nunca
me
esquecerei disso!À 0
_ enfim, contribuiu para
o
florescer deste “Jardim”!Maria de
Lourdes:
Foi muito
bom
compartilharcom
você
os estudos epidemiológicos_mas,
acima de
tudo, osestudos
da
vida!Lidvina:
-
Como
foi importante ouvirde você
aquelevenha!
E
também
sentirque
estava por pertoao longo desta caminhada.
Ymiracy:
Fiquei feliz
em
poder contarcom
suas contribuições neste trabalho.Marta
Lenise:Foi fundamental contar
com
tuadisponibilidade
em
trajetar comigo.Vera:
'Foi gratificante encontrar, tão longe
do
meu
“ninho”, Valguém que
me
acolheu e confiouna
“desconhecida”recém
chegada, e investiunuma
amizade.Grace, Liliam e
Marisa:
_ p Foi
incrivel ter vocês por perto ao esboçar
os primeiros contornos desta trajetória.
Maria
Helena,Marta
Lenise ,Marlene
e Angela:O
tempo
em
que
compartilhamos os estudos epidemiológicos `foi muito precioso para
mim!
Marisa:
Quantas vezes busquei seu
ombro
amigo
evocê
compartilhou
comigo não
sóo ombro,
mas também
seu coraçãol...Colegas
de Mestrado:
Nunca
me
esquecerei destes anosem
quecompartilhamos saberes e experiências.
Não
sóda
academia,mas também
da socialidade,traduzido
em
socorros (mecânicos, hospitais, caronas, “consolos”...)e
em
churrascos, cafés coloniais, galetos...Albertina:
. Foi muito importante contar
com
sua disponibilidadeem
sentar-secomigo
'
e ajudar-me a encontrar altemativas.
Denise Hense:
Qué
bom
ter convividocom
vocêno
início destaTrajetória, apesar
da
distância sua 'presença
permaneceu
atéo
fmal.Ilse:
Havia
um
quê
todo especialquando você
me
ouvia eme
falava...quando
me
lembroda
forçaque
vocêsme
deram...E
das aulasque assumiram
pormim
paraque eu
me
preparasse...Centa-
Percebi
que você
acreditavaque eu
chegaria lá!Lothar: ‹
Senti seu apoio logístico!
Ajudou-me
a percorrer este trajeto.Isto foi muito fortalecedor.
Christian,
Josué
eVander:
Ab,
senão fossem
vocêsme
familiarizandocom
o
computadorl...Vera
eÁurea:
Valeu o
auxílioque
vocêsme
prestaramquando
discutimos a apresentação deste trabalho. iiRosa:
Como
você
me
tranqüilizouquando
liguei,lá
de
Cascavel evocê
me
disse:“Inglês?
Ah,
podes consultaro
dicionário,não
é dificill”Depto
de
Enfermagem
da
FECIVEL:
No
início deste trabalho nossos caminhos estavam interligados,em
seu transcorrer eles se separaram.Contudo,
não
me
esqueço quemeus
primeiros passosna
Trajetóriada
Enfermagem
foram dados aí, entre vocês.Depto de
Enfermagem
da
UFPR/
REPENSUL-PR:
'
Senti-me valorizada e incentivada por vocês
no
final destacaminhada
»CAPES:
O
apoio recebido foi fundamental parao
cultivo deste “Jardim”.`
Hospital
do
Estudo
esua
Equipe
de Saúde:
Foi fundamental poder desenvolver este trabalho entre vocês,
. pois a semente precisa cair
em
terraboa
para germinar,Orquídea,
Dália, Camélia,Cravo,
Violeta,
Margarida
e suas famílias:Encontrar Flores nesta Trajetória foi fundamental para
o
sucesso deste estudo. 'Compartilhar
com
vocês os aromas exalados neste Jardim foi muito gratificante...Enfim,
destemeu
Jardim
vocês são asmais
belas Flores!O
Trata¬se
de
um
esmdo
voltado para a assistênciade
Enfermagem
ao serhumano
e suafamília durante a vivência
da
situação cirúrgica,com
o
olhar voltado para a prevenção deinfecções.
Seu embasamento
científico deu-se atravésda
elaboração, aplicação e avaliação deum
marco
conceitual e deuma
proposta metodológica para a assistência deEnfermagem.
Como
fundamentação para estemarco
conceitual a autora resgatou os escritosde
Florence Nightingale e seus estudiosos,o
que, por sua vez, conduziu-a ao aprofundamento da Epidemiologia a fimde
contextualizar a vivência de Florence Nightingale e propiciar suportepara a prática assistencial. Apresenta
uma
abordagem
de prevenção de infecções hospitalares, atuando diretamentecom
o
serhumano/família,buscando
a potencializaçãodo
poder vital eativação
do
seu sistema imunológico.A
aplicação desta proposta metodológica ocorreuno
periodo
compreendido
entre agostode
1993 a janeiro de 1994,num
Hospital Escolaem
Florianópolis-SC, e nas residências dos participantes
do
estudo.A
reflexão sobreA
Trajetóriada
Enfermagem
juntoao
SerHumano
eSua
Familiana
Prevenção de
Infecçõescom
o
embasamento
teórico-cientifico-humanístico proposto por Florence Nightingale mostra aimportância
da
Enfermagem como
Ciência eArte
ao longo da história dahumanidade
e aresponsabilidade social
que
possui.r O
This is a study turned to nursing assistance to the
human
beingand
his familywhen
living through a surgical situation, focused
on
the prevention of infection. Its scientificfoundation
happened
as a function of design, application and evaluation of a conceptualframework
and a methodological proposal in nursing assistance.To
ground thisframework
theauthor retiieved the writings
of
Florence Nightingaleand of
thosewho
have been
studyingNightinga1e's writings. In doing this, the author
was
taken to a deepeningof
epidemiology tobring into context Florence Nightingale's life experiences, and to oñ`er support to assistance
practices.
'A
hospital infection prevention approach is presented, dealing directly with thehuman
being/family and seeking to potentialize vitalpowers
and to activate the individualimmunologic
system.Such
a metodologic propositionwas
appliedfrom August
1993 toJanuary 1994 at a School-Hospital in Florianópolis-SC, and also at the
homes
of
studyparticipants.
The
pathof
nursing next to theHuman
Being
and hisFamily
in the infectionprevention, reflected
upon
with a theoretical-scientific-humanistic foundation such as proposedby
Florence Nightingale, points out to the importanceof
Nursing as a Science andan
Art throughout the historyof
mankind, and also the responsibility it is vested with.1-
INICIANDO
UM
PROCESSO
... ..1.1-
APRESENTANDO
FLASHES
DE
MEU
CAMINHAR
.... .. 1.2-COIVIPREENDENDO
A
SITUAÇÃO CIRÚRGICA
... _. 1.3-RUMANDO
PARA O
MARCO
CONCEITUAL
E
'
DEF
ININDO OBJETIVOS
... ..2-
”RE-CONHECENDO”
FLORENCE
NIGHTINGALE
... ..2.1-
SUA
FORMAÇÃO
... ..2.2-
SUA ÉPOCA
... ._U 2.3-
SUA
ATUAÇÃO
PROFISSIONAL
... ._ 15
2.4-
SEUS ESCRITOS
-UMA
OU
VÁRIAS
TEORIAS?
... ..2.5-
sEUs
ÚLTIMOS
ANOS
... ._3»
DEFININDO
A
TRAJETÓRIA.
... ..3.1-
APRESENTANDO
UM
MARCO
CONCEITUAL
... _.3.2-
PROPONDO
UMA
METODOLOGIA DE
Ass1sTÊNc1A
4-VIVENOIANDO
A
TRAJETÓRIA
6-
DISCUTINDO
A
VINCULAÇÃO
TEORIA-PRÁTICA
... ..7-VISLUMBRANDO
O
“JARDl1\'I”DA
ENFERMAGEM
oo
COM
FLORENCE
NIGHTINGALE
... ..REFERENCIANDO
A
BIBLIOGRAFIA
... ..'
As
mudanças
eo
crescimentoocorrem
quando
uma
pessoa
se expõee toma-se envolvida
com a
idéiade
experimentara
própria vida. Herbert Otto,apud
Buscaglia, 1972.Ao
iniciar este processo, penso ser fundamental registrarcomo
ocorreumeu
envolvimentocom
o tema
aqui apresentado.Visando
mostrar ao leitorum
recorte deminha
vida, apresento flashes demeu
caminhar profissional atéo
início deste estudo.Buscando
compreender
a situação cirúrgica reportei-me à literatura, contextualizando a prevenção deinfecções hospitalares. Descrevo
como
cheguei aoembasamento do
Marco
Conceitual destetrabalho e apresento os objetivos a serem alcançados.
1.1-
APRESENTANDO
FLASHES
DE
MEU
CAMINHAR
Na
minha
vivência profissionalsempre
me
identifiqueicom
o
hospital. Posso afirmar,sem
constrangimento,que
atuarem
hospitalme
proporciona prazer. Istopode
soarde forma
estranha,
porém
eu vejoo
atuar neste tipo de instituição de saúdecomo
uma
forma
de estarcom
0
serhumano
e sua famíliano
processo saúde-doença. Sinto,no
entanto, necessidade de explicaro que
me
é tão gratificante neste trabalho.Ao
iniciarminha
carreira fui cativada por dois desafios profissionais.O
primeiro foio
convite para integrar
uma
Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar(CCIH)
em
um
hospitalem
Cascavel,no
Paraná.Devo
confessar que,na
ocasião,o
-conhecimentoque eu
tinha eralimitado,
o que
me
constrangia ao aceitaro
convite.Eu
não
sabiao
sigiificadoda
sigla CCII-I,nem
os processosde
prevenção ede
controlede
infecções. Tive então a oportunidadede
freqüentar
o
'curso Introdução ao Controle de Infecção Hospitalar,promovido
porum
dosCentros de Treinamento
do
Ministérioda
Saúde, parao
Controle de Infecção Hospitalar,em
maio de
1986,em
Curitiba. Foiuma
experiência queme
deixouem
contatocom
o
tema, visto soba
óticade
-profissionais experientes e respaldados cientificamente.Até
certo pontome
assustei ao descobriro
nívelde
informações já atingido sobre infecção hospitalar eo que
é a relação processual de prevenção e controle.Não
imaginavana
ocasião que, apóso
curso,o
hospitalem
que
eu trabalhava seriacredenciado
como
Centrode
Treinamentodo
Ministérioda
Saúde, eque
eu seria monitorado
mesmo.
Realmente
isto foiuma
suipresa paramim,
ecom
esta experiência fui aprendendo,interessando-me, e quanto mais aprendia mais queria saber. Foi
um
envolvimento pessoal eprofissional.
O
segundo desafio aconteceu quase aomesmo
tempo.Assumir
a Chefiade
Enfermagem
do
Centro Cirúrgicodo
mesmo
hospital. Isto foium
pouco
diferente pois euconhecia
o
funcionamento deum
Centro Cirúrgico e confessoque
já sentia certa atração por estaunidade. Foi
uma
experiência muito gratificante e,na
época, contavacom
uma
equipe deenfermagem
(auxiliares e atendentes) eficaz, e trabalhávamosem
harmonia, Posso afirmarque
isto foium
reforço positivona minha
vida profissional.Por
questões alheias àminha
vontade, deixeio
hospital e fui para a áreade
ensinoformal, até por
uma
razãode mercado
de trabalho. "Ensinar"também
éuma
deminhas
paixões.Segundo
comentários deminha
mãe,
desdemenina
eu já manifestava estaminha
tendência. Elasempre
conta que:quando
aTelma
eramenina,
num
instante ela reuniaa
criançada etransformava
meu
quarto de
costurasem uma
salade
aulas. Ela erasempre
a professora.Acredito
que
isto tenha influenciadominha
decisão de prestar concurso para docente na Universidade local.Desde
então, estou vinculada ao ensino formal deEnfermagem,
unindo as duas áreas demeu
interesse: a docência e a assistência.
Minha
atuação docente vinha se desenvolvendo, principalmente, nas disciplinas deEnfermagem
em
Doenças
Transmissíveis,Enfermagem
Médico=Cirúrgica eEnfermagem
em
Centro Cirúrgico. Inicialmente,
meus
estudos nestas áreasme
pareciam desvinculados, porém, àmedida
em
que
eu os aprofundava, tomava-semais
fácil encontraro
elo entre elas, sobretudonos aspectos relacionados à prevenção e controle de infecções.
A
partirde
minha
compreensãodo
processode
prevenção e controle, eda
Epidemiologia aplicada, eu passei a interligar aEnfermagem
em
Doenças
Transmissíveis àEnfermagem
Médico-Cirúrgica e àEnfermagem
em
Centro Cirúrgico.
Todavia,
o
saber técnico e teóriconão
respondiam completamente àsminhas
inquietações sobre a vivência
do
serhumano
e de sua famílianuma
situação cirúrgica.Devido
ao constante contato
com
estas pessoas,minha
maior angústia consistiana
busca deum
maiorentendimento de
como
se processava este evento, ecom
o que
eu poderia contribuir parao
sofrimento decorrente dele.Com
esta história e estas inquietações, ingresseino
Curso de Mestrado, buscando respostas para estas questões etambém
descobrir maneiras de se chegar auma
prática maiseficaz
e gratificante.1.2-CQMPREENDENDO
A
srrUAÇÃo CIRÚRGICA
Percebo a situação cirúrgica
como
um
momento
dificil e delicado. Muitas vezes "opaciente sabe
pouco
sobre a sua situação e sobreo que
ocorrerácom
ele.Alguns
chegam
aohospital
sem
aomenos
saberdo
que serão operados" (Hense, 1987, p. 103). Acontecimentoscomo
estepodem
contribuir para a baixa de resistênciada
pessoaque
será submetida à cirurgia,pois a capacidade de defesa antiinfecciosa sofre influência
de
vários fatores dependentesdo
meio
ambiente(Zanon
e Neves, 1987).Segundo
Solomon
(1987, p.3)"uma
variedade deestudos indicam
que
eventos estressantes e/ou a quebrade
defesas psicológicasou
adaptaçõessão relacionadas
com
o
início de alergias, doenças auto-imunes, infecciosas e neoplásicas". Estesestudos
demonstram que
a baixa da resistência éum
fator importante a ser consideradona
assistência ao ser
humano
durante a situação cirúrgica,com
a fmalidade de prevenção de infecções.~
Todavia,
o
serhumano
raramente vivenciao
evento cirúrgico isolado de sua familia.Concordo
com
Hense quando
salienta quepara a família, é
também
um
momento
dificil,que
se caracteriza pelonervosismo e pela preocupação.
Além
da
família sentir seu próprio "drama", deter
um
parente submetido ao risco cirúrgico, ela sentetambém
o drama do
paciente
que
será operado. Ela procura lhe dar força ajudando-o nospreparativos para a intemação e cirurgia.
Às
vezesno
entanto, elanão
sabeo
que
fazer.,.(l987, p.l04).Como
exemplo,Hense
citao
testemunho deuma
paciente: "eu chorava por qualquer coisinha.Quando
eu choravana
sala,minha
família saíada
sala" (198 7', p. 104).Uma
situação cirúrgica envolve não apenaso
ato cirúrgicoem
si,mas
também
osI
periodos pré e pós-cirúrgicos.
E
mais ainda, envolve amudança
da
rotina diáriado
serhumano,
carregada
de
características e singularidades. Dentre estas características se destaca a solidão,o
medo,
a ansiedade, a espera, amudança
de hábitos e a necessidade imposta de se relacionarcom
uma
diversidadede
pessoas, entregando-se ao cuidado destesque
são, a princípio,desconhecidos. Nesta situação
o
indivíduo seexpõe
a riscos e complicações pertinentes ao atooperatório e
que
podem
se refletirtambém
em
sua família. Para Ferraz (1987), a infecçãoda
ferida cirúrgica é
um
risco inerenteà
cirurgia e sua complicaçãomais
comum.
Salienta aindaque
nem
são evitáveis,porém
alerta para a necessidade demedidas
preventivas e de controle. Ferraz (1987, p.37l), parafraseando J.C.Golicher, escreve:“Uma
infecçãopode
representar apenas
uma
taxade
1%
parao
cirurgião,mas
100%
de
sofrimento paraquem
acontraiu." Ferraz destaca ainda
que
a prevenção eo
controlede
infecções é justificável seconsiderarmos argumentos éticos, técnicos e econômicos.
p
Éticos, pois o paciente
pode
contrairum
mal
que,em
muitos casos, poderia ser evitadoe
que
lhe acarreta sofrimento atroz, custos elevados pelo tratamentoque
recebe e,o
que maisimporta, coloca
em
risco a sua vida.Técnicos,
uma
vezque há
evidência indiscutívelde que
aconfiança
exageradana
terapêutica antibiótica relegou a
um
plano secundárioos
cuidados básicos de profilaxia, preconizados porSemmelweis,
Nightingale, Lister, \./'onBergman
e Halstedno
século passado,embora nenhuma
droga tenha sido capaz de substitui-los.É
inegávelque o
uso de medidasadequadas reduz consideravelmente
o
risco de infecções. Finalmente, econômicos, pelamarcante elevação dos custos diretos e indiretos acarretados pela infecção.
Um
pacienteque
contrai infecçãonuma
situação cirúrgica prorroga seutempo
de intemação,aumenta o
número
ea complexidade
da
terapêutica,demora
maistempo
para se reintegrar à família e ao trabalho,Minha
preocupaçãocom
o
serhumano
e sua famíliaao
vivenciaremuma
situação cirúrgica,no que
se refere à prevenção de infecção, continuava Ela encontrava econa
abordagem de
Gomes
et al. (1988) deque o
ser, ao contrairuma
infecção hospitalar teráaumentado
seutempo
de
incapacitação parao desempenho
de seus papéis e estarápagando o
custo intangível gerado pela dor,
mal
estar, isolamento, enfim, pelo sofrimento.Por
tudo isto,pensar sobre. prevenção de infecção hospitalar continua sendo
uma
questão atual ede
relevância inquestionável, apesarde
todoo
avanço técnico-científico. Principalmentequando
se propõe aum
novo
olhar, resgatando os conhecimentos anteriores à luz deuma
nova
realidade.Por
outro lado, durante estes anosem
que venho
aprofundandomeus
estudos eampliando a
minha
prática, constatei queo
enfoque maior está direcionado para as técnicas, osprocedimentos e a conscientização e treinamento
da
equipede
saúde.Zanon,
eNeves
(1987),em
seu livro Infecções Hospitalares: prevenção, diagnóstico e tratamento, reforçam esta
minha
constatação ao registrarem a Bibliografia Brasileira sobre Infecções Hospitalares. Eles a
subdividem
em
cinco áreas: Pesquisa Bacteriológica; Trabalhos de Urientação Básica eDivulgação; Investigação Epidemiológica; Esterilização, Desinfecção e Anti-sepsia; e Auditoria
em
Antibióticos.8 A
Nocontexto
brasileirovemos
que a atuação dos enfermeirosna
prevenção e controlede infecções
vem
se desenvolvendo vinculada àCCIH
e, muitas vezes, desvinculada daassistência direta ao ser
humano
e sua família.Os
programasde
Prevenção e Controle deInfecções Hospitalares,
em
sua maioria, são direcionados a duas áreas de atuação: Educativa eVigilância Epidemiológica.
De
acordocom
Peraccini eGoveia
(1988),na
sua função educativa,o
enferrneiro desenvolve trabalhosem
conjuntocom
o setorde
Educação
em
Serviço, Iorganizando e
mantendo
treinamento aos funcionários,com
vistas a orientar e supervisionartécnicas básicas importantes para a prevenção e
o
controle de infecções hospitalares. Participa2 0
também
da
elaboração denormas
e rotinas de procedimentos técnicos,bem
como
da
escolhaadequada de métodos
e produtos para assepsia Ainda, segundo asmesmas
autoras,o
enfenneirooperacionaliza
o
Sistema de Vigilância Epidemiológica, atravésda
coletade
dados e participada
análise e divulgação dos
mesmos.
Considerando
o
exposto, percebiuma
lacunano que
se referia à assistência direta aoser
humano
e sua família,com
vistas à prevenção de infecções, durante a hospitalização, maisespecificamente cirúrgica.
Nao
nego
com
istoo
valor e a necessidadede
estudos nas áreas supracitadas. Acredito, porém,
na
premência de se voltaro
focoda
assistência parao
serhumano
esua família,
com
base nos estudos realizados nestas áreas, ena
importância de se aliar os conhecimentos técnico-científicos àhumanização da
assistência, contribuindo, desta maneira,para
que
a situação cirúrgica transcorrade forma mais
harmônica,menos
estressante e, conseqüentemente, apresentemenos
riscos e complicações.1.3-
RUMANDO
PARA
O
MARCO
CONCEITUAL E DEFININDO
OBJETIVOS
Vivenciar
um
período de ampliação de horizontes e desenvolver a Disciplina de PráticaAssistencial de
Enfermagem, no
Curso de Mestrado, propiciou-me articularo
fazer reflexivo, àluz
da
teoria. Neste processo fui levada auma
personagem
centralda
Históriada
Enfermagem
-Florence Nightingale.
Por que
Florence?Na
minha
imaginação elame
remete à questãodo
fazer, fazendo e aprendendo, twrizando à luz
da
prática. Busquei ampliarmeus
conhecimentos sobre os escritosde
Florence,o que
me
levou a compreender,na
historicidade, algumas questõesvitais
da Enfermagem.
Em
especial, daEnfennagem
Cirúrgica,no
que se refere à prevenção deÉ |
infecções. Questões
que
poderiam ser tão básicas e tão óbvias e que,na
prática são muitas vezestão contraditórias, tão confusas e tão
pouco
observadas.Ao
ler os escritos de Florence e de seus estudiosos!pude
perceberque
ela usava“suporte epidemiológico” para sua atuação,
o que
veio ao encontroda
minha
compreensão
deque
a Epidemiologia, implícitaou
explicitamente, permeiao
dia-a-diada
assistência à saúde.Passei então a refletir
que
justamente naquela época estavam ocorrendo conflitos eenfrentamentos de concepções epidemiológicas
onde
seformavam
duas correntes distintas: oscontagionistas e os anticontagionistas (Breilh, 1991).
E
Florence encontrava-se neste meio!O
surgimentoda
Teoria Microbiana vinha confundir,num
primeiromomento,
aatuação
na
áreade
saúde.Alguns
autoresdizem que
Florencenegava
amicrobiclogia, por outrolado sua atuação consistia, fundamentalmente,
em
medidas
de prevenção da proliferação etransmissão de microorganismos.
Além
disto, ela se preocupavaem
conhecer as doenças emedidas de prevenção.
Na
obra Princípios eMétodos
de Epidemiologiaz (1975),MacMahon
ePugh
registramque
a Epidemiologia se dedica ao estudo da ocorrência e distribuiçãode
um
fenômeno,
em
um
conjunto de pessoas,e
procura os determinantesda
distribuição encontrada,com
0
intuito de preveni-loou
controlá-lo. Esta era,no
meu
entendimento,uma
das grandes preocupações de Florence.A
partir destas reflexões reportei-me à Epidemiologiacomo
um
suporte para a Práticada Enfermagem.
Busquei então, subsídiosna
Disciplina de Tópicos Especiaisem
Epidemiologia, a qual
embasou
o
esclarecimento deminhas
inquietações.. “Conhecer” contemporâneos de Florence,
que eram
estudiososda
Epidemiologia, taiscomo Snow
e Shadwich, levou-me a identificar pressupostos de equivalência entre eles.Além
'
Entendldo como seus estudiosos aqueles autores que escreveram à respeito de Florence Nightíngale e de seus escritos, desde a sua época ale a atualidade. ~
:Trata-se de um dos Clássicos da Epidemiologia. '
disto, estes estudos
me
facilitaram fazeruma
relação entre Florence e a Epidemiologia, nasquestões relativas à prevenção de infecções.
'
Ao
fazer este resgate dos escritos de Florence Nightingale e seus estudiosos, e ainda a sua interrelaçãocom
a Epidemiologia eu encontreiuma
das respostas paraminhas
inquietações.Restava-me
então,o desafio
de “reconstruir”minha
prática,embasada
nesta resposta.Neste
momento
eu tinha claro quemeu
objetivo erao de
assistiro
serhumano
e suafamília
na
vivência da Situação Cirúrgica,com
o
olhar voltado para a prevenção de infecçõeshospitalares,
embasada
nos escritos de Florence Nightingale. Para tanto precisava construirum
Marco
Conceitual para nortearminha
prática assistencial e, a partir deste, elaborar eimplementar
uma
Metodologia de Assistência deEnfermagem
ao paciente cirúrgico e sua familia.Minha
proposta neste trabalho foi a de- registrar a elaboração ep aplicação
do
Marco/Metodologia, relatando os passos de sua concepção, sua estruturação teórico-
metodológica, sua aplicação, e ainda
uma
discussão da relação Teoria-Prática atravésda
análisePara
vocêsque
perguntam quem
foi FlorenceNightingale,
o
que ela fez?Terão
que compreender
o
mundo
em
que
ela nasceu,
a
Inglaterra,a
Inglaterrade
Dickens,onde
aspessoas
estavam divididasem
duas
classes: os muito ricos e os muito pobres.A/las rico
ou
pobre, erauma
época de
ignorânciamédica
Onde
fiaturar
um
braçoou
uma
pema
significava perdê-Ia. Moflatt, in:A
História de Florence.Considerando
que
elegi os escritos deFlorence
Nightingalecomo
principalembasamento
deste estudo, penso ser defimdamental
importância explicitar aqui algunsconhecimentos sobre
a mesma.
De
alguma forma
nós, enfermeiros,“conhecemos”
Florence,porém
faz-se necessário “re-conhecê-la” parapodermos compreender melhor
sua atuação e osensinamentos
que
ela nos deixou,bem
como
o
quanto diariamente exercitamos grandenúmero
de
princípios e indicaçõesda
mesma,
muitas vezes atésem
nosdarmos
conta deste fato.2.1-
SUA
FORMAÇÃO
Florence Nightingale, considerada a precursora da
Enfennagem
modema,
era filha deWilliam
Edward
e Francis Nightingale, emembro
de rica e educada família vitoriana.Recebeu
este
nome
por haver nascidoem
Florença,em
12de
maio de
1820, duranteuma
viagem que
sais pais faziam pela Itália
Sua
educação foi meticulosa, obtida atravésde
seu pai,um
senhor inglês, muito cultoque
seformou
em
Cambridge
e Edimburg.Os
conhecimentosque
ela adquiriu através deleeram
incomuns
parauma
mulher do
séculoXIX
Estudou latim, grego, línguas modernas, artes, matemática e estatistica; filosofia, história e religião (Cook, 1913apud
Palmer, 1977; Graaf,Mossman
e Slebodnik, 1989; Madureira e Radünz, 1992). Possuía inteligência perspicaz,o
que,r _
juntamente
com
esta educação estimulou-lheo pensamento
crítico. Posteriormente se interessoutambém
pela política, economia,govemo,
liberdade, condições sociais e instituições (Cook,1913,
apud
Palmer, 1977). Florence e sua irmã mais velha, Parthenope, receberam educaçãosemelhante, porém, sua irmã seguiu
o caminho da
literatura eda
arte(W
iderquist, 1992).Desde
menina, Florence gostava de escrever e registrar os acontecimentosque
acircundavam.
Era
uma
pessoa muito tímida, complicada e de dificil relacionamento. Fugia dos acontecimentos sociais e vivia buscando a salvação atravésdo
perfeccionismo.Sua
saúde era frágil e às vezes sentia depressão, muitas vezes "sonhava acordada" e 9 era tidacomo
muito"espiritualista", mais
do
que seus familiares. Suas tias JulieSmith
eHannah
Nicholsoninfluenciaram
a
formação de Florence. Julie (afetuosamentechamada
"tia Iu") era a pessoaque
"tratava" os doentes das duas familias (Smith e Nightingale),
sempre
ajudada pela idealistaFlorence. Ela mostrou a Florence
um
modelo de
serviço feminino.Hannah,
por seu lado era a tiaamável, profundamente religiosa e foi para ela
como
uma
fontede
solidariedade e empatia(Widerquist, 1992; Madureira e Radünz, 1992).
`
'
.
Os
pais de Florence descendiam de famílias unitarianas(um
ramo
do
protestantismo)o
que, juntamente
com
a sensibilidade religiosaque
prevaleciana
Inglaterra Vitoriana, exerceumarcante
na
religião vitoriana éo
sensode
vocação, e este senso carrega consigoum
poderosoconceito
de que
o
tempo
é sagrado eque
é pecado desperdiça-lo"(apud, Widerquist, 1992, p.49).Percebe-se
que
a espiritualidade de Florence influenciou todoo
desenvolvimento de sua vida,inclusive at sua atuação
na
enfermagem.Em
07
de fevereiro de 1837, aos 16 anos, ela registrouem
seu diário"Deus
faloucomigo
eme
chainou para servi.-lo" (apudBrown,
1993, p.9). Existem registrosque
ela teve outros três "chamados"em
sua vida.“Sua
crença filosóficade
servir aDeus
atravésdo
servir aohomem,
seu criticismo construtivo, e sua reação à esfera social compeliram Nightingale a fazer seu própriocaminho no mundo,
a ser independente, a conseguiruma
profissãoou
ocupação para utilizar todas as suas capacidades” (Palmer, 1977, p.85).Viajar era
uma
das atividadesque
Florence apreciava e, graças à riquezade
sua família,isto lhe era possível. Viajava
sempre
em
companhia do
casal Bracebridge.Em
1847
esteveem
Roma
e,em
1849,no
Egito.Seu
intuito era observarcomo
aenfermagem
era desenvolvidaem
diferentes lugares.Na
voltado
Egito, aos 31 anos, esteveem
Kaiserswerth (Alemanha),num
hospital de 100 leitos,ñmdado
pelo Pastor Fliedner e sua esposa. Neste hospital,atuavam 49
diaconisas luteranas. Atendiarn aos doentes e proporcionavamcampo
de
aprendizagem às noviças. Florence passou trêsmeses
neste local e relatou que foium
período realmente felizem
sua vida. Ficou profundamente impressionadacom
o comprometimento
destes luteranos.Após
esta experiência ela passou algumassemanas conhecendo o
trabalho das Irmãs Vicentinasdo
.I-Iotel Dieu,
em
Paris (Paixão, 1979; Silva, 1989; Palmer, 1977; Madureira e Radünz, 1992).Quando
retomou
destas viagens, Florence anunciou a sua famíliaque
queria estudarenfermagem. Isto resultou
em uma
situação de tensão familiar, especialmente porque suamãe
desaprovou tal idéia, por excluir a perspectiva de casamento. Contudo,com
sua personalidademarcante, ela conseguiu
o
apoio familiar para continuar nesta sua "vocação". Ela acreditava estarvivendo
em
hannonia
com
o
propósito deDeus
para sua vida. Acreditava,também, que
havial.
encontrado
na enfermagem
uma
maneira para preencher a vida das mulheres, Principalmente dassolteiras e viúvas.
Aos
33 anos (1853) ela se sentia preparada para dedicar- se à profissão.2.2-sUA~ÉPocA
Contextualizar a época
em
que Florence iniciou suas atividades,na
chamada
Enfermagem
Modema,
é necessário para a compreensão das atitudes por ela tomada.Transcorria a: _
segunda
metade do
séculoXIX, na
Inglaterra vitoriana, rainha dos mares, moralista eindustrial, imperiosa e progressista.
Sua
atuação se insereno
clima de otimismo, entãovigente entre os de sua categoria,
em
decorrência da evolução industrial.A
expectativaera a
do
advento deuma
riqueza generalizada e deque
atémesmo
os problemas sociaispoderiam
ser resolvidos, mediante a explicação demétodos
nela gerados.Até
porqueo
capitalismo industrial, ao
impor
uma
completamodificação na
estrutura das classessociais, nos
modos
de vida, nas concepções políticas e nas estruturas mentais, aomesmo
tempo
agravara drarnaticamente as condições de existênciada maior
partedo povo
(Castro, 1989, in: Nightingale 1859/1989, p.3).Na
saúde, a corrente dominante era a Hipocrâtica, a qual era enfocadacomo
requerendo
um
estado de equilibrio entre influências ambientais,modos
de
vida e os várioscomponentes da
naturezahumana.
Hipócrates não se preocupava apenascom
o
fisicodo
paciente,mas
também com
as perturbações mentais que até hoje ainda ocorrem.No
que
se refere à cura, ele reconheceu as forças curativas inerentes ao serhumano,
as quaisdenominou
“poder curativo
da
natureza' (Capra, 1982).A
tradição Hipocrática,com
sua ênfasena
inter-relação' fundamental corpo,
mente
emeio
ambiente procurava vero
serhumano
em
suaNa
obra Aires,Águas y
Lugares, Hipócrates afirmavaque
quem
desejasse estudarcorretamente
a
ciênciada
medicina deveria considerar os efeitos das estaçõesdo
ano, dos ventos,da
água,do
solo, e da exposição ao sol, e aindado
modo
de
vida dos habitantes, seuscostumes alimentares e suas atividades (Hipócrates, 1948, Duchiade, 1992). Dentre os avanços
na
áreade
saúde destaca-se o advento da era microbiana eda
assepsiaEm
1848Semmelweiss
prova a existência de contágio, prevenível através
da lavagem
dasmãos;
em
1863 Pasteurdemonstra
o
crescimento de microorganismos;em
1866
Lister realiza a primeira cirurgia asséptica,em
1877
RobertKock
descobre as bactérias eem
1889 Halsted iniciaouso
de
luvascirúrgicas (Thorwald,l976). Pasteur, que foi contemporâneo a Florence, ao lançar a Teoria
Microbiana, mostrava
uma
consciência ecológica, salientandoque
uma
terapiabem
sucedida dependia freqüentemente da habilidadeem
restabelecer as condições fisiológicas favoráveis à resistência natural, e que este éum
dos alicercesda
arte de curar (Capra, 1982). Já naquelaépoca, Pasteur avançou, sugerindo que os estados mentais afetam a resistência à infecção:
"Muitas vezes ocorre que a condição
do
paciente - sua debilidade, sua atitude mental... -forma
uma
barreira insuficiente contra a invasão dos seres infinitamente pequenos" (apud, Capra, 1982,.
p.122).
Ainda
neste contextoemerge
a Epidemiologia,com
o objetivode
fomecer subsídios paraas ações
de
saúde pública.Com
a revolução industrial surgena
Europa, iniciandona
Inglaterra,uma
realidadesanitária diversa da existente até então.
Surgem
também
várias interpretaçõesdo
processo saúde-doença,
que
viam
nas contradiçõesdo
capitalismo seumaior
determinante. Engels eWirchow
apreenderam muito
bem
o inter-relacionamento saúde-sociedade.Wirchow
viu a doençacomo
resultante das inadequações da estrutura urbana
que poderiam
ser corrigidas por legislação sanitária adequada; e, Engels,como
resultadoda
contradiçãodo
capitalismo,que
só seriaHavia na
época, duas correntes depensamento
na
Epidemiologia: os “contagionistas” e os “anticontagionistas”.Os
anticontagionistas, entre elesWirchow
(naAlemanha)
eChadwick
eFarr (na Inglaterra),
afirmavam que
“A
doença
se desenvolve nas próprias condiçõeseconômicas e sociais locais; requer participação democrática” (in Breilh, 1991, p.8l). Por outro
lado os contagionistas diziam que:
“A
doençavem
de
fora; requer quarentena eo
exercicioadministrativo
da
burocracia”(in Breilh, 1991, p.85).É
nesta época, 1854, queemerge
o
paradigma dos estudos epidemiológicos:
o
trabalho deJohn
Snow
sobre as epidemias de cóleraem
Londres.Até
então, a Epidemiologianão
possuíauma
teoria sobre a causa das doenças, tantoque
o movimento
sanitário inglês era anti-infeccionista, afirmandoserem
as doenças- fruto deambientes insalubres (Silva, L., 1985).
Palmer
(1977) ressalta que Florence eSnow
atuaram juntosna
epidemiade
cóleraem
Londres. Imersa nesta realidade Florence lançava propostas práticas e objetivas para a atuaçãoda
Enfermagem
e aspunha
em
ação.Seu pensamento
era avançado para a época e sua atuaçãohumanística transparece
em
seus escritos, assimcomo
sua preocupaçãocom
o
serhumano
integrante de
uma
família ecom
o meio
ambiente.Era
neste contexto, entre os prós e contrasdo
contágio,que
Florence emergiacom
sua atuação, aindasem
se posicionarnuma
linhaou
noutra,porém
sempre
atuandode forma
a prevenir as doenças.2.3-
sUA
ATUAÇÃO
PROFISSIONAL
Aos
trinta e três anos, após percorrerRoma
eO
Egito,com
trêsmeses de
experiênciaem
Kaiserswerth,o
confrontocom
sua família eo
esforçoem
escrever "Sugestões", Florence seaperfeiçoar
a
sociedade (Palmer, 1977, Madureira e Radünz, 1992).Sua
primeira experiência foicomo
superintendentede
Enfermagem
na Casa
deGentlewomen, na
rua Haley,em
1853.Durante
a
epidemiade
cóleraem
agosto de 1854,em
Londres, trabalhoucomo
voluntária(Palmer, 1977; Paixão, 1979; Widerquist, 1992).
Em
outubrode 1854
teve início a Guerra daCriméia
As
notícias doscampos
debatalha
eram
desesperadoras.Os
ingleses nãopossuíam
qualquer organização deenfermagem
para atendimento aos feridos.
E
foiem
Scutari queo
grandedesafio
aos talentos profissionais de Florence ocorreu.Sob
a escoltado
casal Bracebridge, juntamentecom
38
voluntárias de diversasreligiões, Florence foi para Scutari,
na
Turquia. Ali atuouem
dois hospitais: "o Hospital Geraleo
Barrak Hospital"(um
antigo quartel). Parao
primeiro elaencaminhou
10 voluntárias eno
segundo instalou seu "quartel general". Organizouum
Departamento de
Enfermagem
e se dedicou a, eliminar os problemas de saneamento dos pavilhões dos hospitais. Nestes pavilhões ascondições
eram
deficientes.Além
dos ferimentos os soldados sofriamcom
infecções, frio, infestaçõesde
piolhos e outras doenças.Os
pacientesque
nãopodiam
alimentar-se sozinhos,morriam de
fome.Não
existiammesas
cirúrgicasnem
anestesia (Paixão, 1979; Graaf,Mossman
és1ei›0úniiz,19s9).t
g
Com
sua visão abrangente, preocupava-secom
a família dos soldados/pacientes, aodescobrir que os
homens
desperdiçavam o soldo nas tabemas pornão
acreditaremno
sistemaoficial de remeter dinheiro para a família, graças às boas relações
com
aRainha
Vitória, Florence conseguiu a instalação de várias agências destinadas à transmissão de ordens depagamento, elevando assim a remessa de dinheiro para familiares dos soldados
(Woodham-
Smith,195l). Outra atitude
que
nos mostra sua preocupaçãocom
a interação familiar nos ée conseguiu
que a
roupa fosse lavada por esposas de soldados”.Agindo
desta maneira ela envolveu a famíliano
cuidado aos soldados/pacientes.Florence
permaneceu
em
Scutari por 21 meses, organizou, limpou, humanizou.Reduziu
de42%
para2%
a mortalidade entre os feridosde
guerra Virou Lenda,como
Dama
da
Lamparina, mas
também
como
sanitarista e administradoraUm
cirurgião contemporâneo de Florence,H.
E. Hartmann, conta sua impressão ao chegarem
Scutari:“A
casema-lazareto convertia-se; de castelo encantado,em
edificiode
proporções enormes, escalvado e sujo,
donde o
vento nos traziaum
fétido horrível e penetrante"(in: Thorwald, 1976, p.l63).
Hartmann
foi a Scutarino
intuitode
levar éter e clorofórmio para anestesiar os feridosdurante os procedimentos cirúrgicos.
Ao
acompanhar o
cirurgiãoMcGrigor (um
dos cimrgiõesque
lá atuava)na
"ronda" pelo hospital, teveum
breve encontrocom
Florence e assimo
relata:No
centro da sala, brilhavano
chãoum
Iampião aceso; junto delehavia
uma
caldeira de chádonde
uma
senhora alta, muito esbelta ia .enchendo os copos que passava a duas mulheres metidasno
desgracioso uniforme-sacoque
eu vira nessa tarde, pela .primeira vez.E
essas mulheresiam
aos doentes,erguiam-lhes a cabeça, chegavam-lhes
o
chá aos lábios.Embora
nunca
tivesse visto Florence Nightingale, compreendi logoquem
era a mulher postada ao pédo
larnpião.Eu
não saberia defmir naqueleinstante
donde
vinha a fascinaçãoque
se irradiava dessa figura feminina.Florence Nightingale aparentava ter uns trinta e quatro anos; usava
um
vestidopreto
de
lã,com
uma
gola estreitade
lã branca.Sob
os cabelos curtos, escuros,alvejava o rosto fiágil, delicado, quase irreal nesse recinto
onde
amorte
ceifavasem
misericórdia . _-
Desde
ontem, os feridos não recebiamcomida
nem
bebida quente- disse Florence,com
uma
voz
suave, sob cuja brandura se adivinhavam inflexões mais enérgicas. -Trouxemos
chá e vinho tinto. Esperoque
esteja deacordo, doutor McGrigor.
Os
seus olhos, muito claros, fixav'am-secom
uma
frieza estranha,dominadora,
no
cirurgião McGrigor. Seria dificil determinar seo que
osiluminava era fanatismo;
mas
exprimiam
alguma
coisaque
se diria consciênciaduma
finalidade,duma
missão,ou
como
querque
se queira chamá-la.McGrigor
deixou escaparum
"sim", e, visivelmente incapaz desuportar aquele olhar, voltou-se para o enfermeiro.
-
Nove
mortos - referiu este. -Quanto
ao mais, tudoem
ordem.-
Meiga
como
uma
menina... - resmoneou,num
tom
pirracentoem
que
talvez já se insinuasseuma
pontinhade
admiração. -Mas,
por dentro, rijacomo
aço! Servir chá, preparar sopas, alisarQue
vale isso aqui?Morre-se
de
febre traumática,com
ou
sem
a Senhorita Nightingale.McGrigor
chispou para a saida; maisuma
vez
nos encontramosnum
vasto corredor e,
mais
uma
vez costeandouma
filade
sereshumanos
atendidos
no
chão,um
ao ladodo
outro,gemendo,
arquejando, mostrandono
rostoa
desfiguraçãoda
febre traumática,o vermelhão da
erisipela,o
tom
pardacento
da
gangrena.-
Tudo
em
ordem?
Mais
uma
vez, a frase horrível!-
Nove
baixas - engrolouo
enfermeiro,com
voz de
ébrio. -E
nada
de novo.Voltamos
pelomesmo
caminho:o
corredor,o
passadiço contíguo; as portasalém
das quais tantos operados seconsumiam
emorriam de
febre;o
outro corredor,
onde
- atordoados pelas lamentações e pelosgemidos
- cumpriater cuidado, para
não
pisar os pés dos quepenavam
no
laj edo;ou
ziguezaguearentre as caras agonizantes,
mal
clareadas pelos reflexosdo
lampião.Em
todoo
percurso, apenasuma
luz confortadora: afigura
de Florence Nightingale, frágile vibrante de força
de
vontade,na
atitudeem
que
a gratidão dos soldados aimortalizou
em
todoo
mundo: *A
Dama
do
Lampião”.E, pairando sobre todas as coisas, a febre, a febre, a febre... e a morte
(in: Thorwald, 1976, p. 171-172).
Segundo Hartmann
"a aversão deMcGrigor
a Florence Nightingale transformou-semais tarde
em
espírito sincero de cooperação..."(in: Thorwald, 1976, p. 173). `Florence, principalmente
na
Criméia, enfocouo
cuidado ao paciente cirúrgico e sepreocupou
com
a prevenção de infecções, legando inclusive responsabilidades de prevenção àEnfermagem.
.Florence adoeceu
na
Turquia, provavelmente tifo,porém
só deixou Scutariquando
a Guerra terminou,com
36
anos de idade.Sua
saúdeficou
abalada desde então.Houve
épocasem
que
pensava estar chegando ao final de sua vida e fez seu testamento, distribuindo seus bens (pormais de
uma
vez),porém
nãomorreu
antes de completar90
anos(W
iderquist, 1992; Madureira e Radünz, 1992).1
Mesmo
com
sua saúde debilitada Florence continuou produzindo, aproveitava este fatopara alcançar seus objetivos. Gostava
de
se recolher ao seu quarto, ter seusmomentos
desolitude.
Era quando
produzia seus escritos. Noteson
Nursing
-o
maisdifimdido de
seus livros-foi escrito nesta
época
(Widerquist, 1992). Durante sua atuação Florence se dedicou à reformado saneamento do
exército, aos hospitaisdo
exército, ao saneamento da Índia e entre as classesmais
pobresda
Inglaterra. Suas principais publicações,além de Notes
on Nursing
(1859) foram:Notes
on
Matters
Affecting the Health, Efñcience,and
Hospital Administration of theBritish
Army
(1858),Notes on
Hospitais (1858), Noteson
Sanitary State of theArmy
inIndia (1871), e Life
or
Death
in India (1874) (Graaf,Mossman,
Slebodnick, 1989).Uma
desuas preocupações, registrada
em
seus escritos, eracom
as mulheres e ela procurava orientá-laspara
o
cuidadocom
os flhos/familia.Em
1860, Florence recebeudo Governo
Inglêsuma
doaçãode
44.000 libras parao
Fundo
Nightingale. Esta importância foi aplicadana
fundaçãoda
Escolade
Enfermagem
Nightingale,
no
Hospital SaintThomas.
A
partir destemomento
o
statusda enfermagem
passoua ser
o
centrodo
seumundo.
O
desenvolvimentoda
Enfermagem
recebeu influênciaem
quatroaspectos: religião, guerra, ciência e feminismo, e Florence estava presente
dando
ímpeto àmesma
e envolvendo estes aspectos.A
profissão deEnfermagem
era, aomesmo
tempo, muitoantiga e muito
nova
(Canedy, 1979; Madureira e Radünz, 1992;Reed
e Zurakowiski, 1984).A
fundaçãoda
escola surgiuda
necessidade de treinamentode
pessoal hospitalar paraprestar assistência
de
enfermagem
etambém
para disciplinar a conduta das enfermeiras(Almeida
e Rocha, 1986),O
desenvolvimento das atividadesna
escola foiembasado na
experiência adquirida por Florence;
O
zelo feligiosodo
Instituto de Kaiserswerth, a disciplina militar nos hospitaisde Scutari,
o
estilo de vida aristocráticada
família Nightingale, tudo isso foiamalgamado
e imposto às primeiras alunasda
Escolado
HospitalSãoThomas.
As
alunas ficavam sob supervisão contínua durante 10 horasde
trabalho nasenfermarias e
eram
obrigadas a terum
diário e reportar tudo semanalmente.Qualquer lapso
na
sobriedadeou
honestidade significava-dispensa. [...]A
supervisão estendia-se
também
para os periodos de folga. [...]Morar
no
larNightingale fazia parte do treinamento.
Miss
Nightingale achava isso essencial\ 0
para
o
treinamento moral edo
caráter. [...]Um
mínimo
de
condiçõeseducacionais e
um
máximo
de elevação moraleram
requisitos essenciais paraentrar
na
escoIa(Abel Smith, 1960,apud
Almeida
e Rocha, I986,p.42).A
escola admitia dois tiposde
alunas: as “lady-nurses”,de
famílias mais abastadas,que
podiam
custear seus estudos eque eram
preparadas para supervisão, ensino e difusão dos princípios nightingaleanosde
enfermagem; e as “nurses”,com
poder aquisitivo inferior, recebiam ensino gratuito,mas
deviam
prestar serviçosno
hospital porum
ano
apóso
curso.As
“nurses” prestavam assistência direta ao paciente (Abel-Smith, 1960
apud
Almeida
e Rocha,1986).
Aqui
teve início a divisãodo
trabalho de enfennagem. Florencetambém
distinguiu dois\
tipos
de
Enfermagem, que
elamesma
nomeou
de "a arte de cuidardo
doente", e"enfermagem
de
saúdeou enfermagem
geral" (in: NursingDevelopment
Conference Group, 1979,apud
Almeida
e Rocha, 1986).Sua
iniciativade
fimdar
o
EnsinoFormal
deEnfermagem
teve sucesso, e a Escola foificando
cada vez mais famosa.As
“lady-nurses” egressasda
Escolaforam ocupando
postos na Inglaterra, Europa, Estados Unidos, Canadá, entre outros (Paixão, 1979).O
Sistema Nightingaleano foi sedifimdindo
pelomundo
afora. Existequem
o
defenda, existequem
o
condene,porém
não
é possível negar sua contribuição parao
desenvolvimento daEnfermagem.
2.4-
SEUS ESCRITOS
-UMA
OU
VÁRIAS
TEORIAS?
'
Florence registrou suas experiências e suas "sugestões"
em
vários livros, etambém
em
muitas cartas enviadas à mais variada
gama
de destinatários. Dentre seus livros destaca-se NotesI
on
Nursing (1859),no
qual ela expressa não ser sua pretensão apresentarum
conjunto de preceitos sobrecomo
praticar a enfermagem,nem
tampouco
queo
mesmo
constituísseum
manual. Salienta
que
pretendia simplesmente apresentar algumas sugestões às mulheresque
tinham
a
seu cargo a saúde de outras pessoas. Todaviatambém
aconselha e adverte aosmédicos
e
amigos
dos doentes. 'Este livro,
composto
por 13 'pontos', reflete 'algumasde
suas crenças sobreo
que
é a enfermagem, e ela a identificacomo
uma
arte, e salientaque
o
pacienteé
o
seu foco principal. 'O paciente éo
principal dos 13 pontos.' Dentro desteenfoque, os pontos se concentram
na
prevençãode
doenças adicionais epromoção da
saúde ebem
estar para aquelesque
estão doentes.Apesar de
passar 'por cima' de algumas áreas, as atividades
de
promoção
e prevenção sãomanifestadas
na
manipulação, pelas enfermeiras,do meio
ambiente fisico e suaatenção
no
centro interpessoal e psicológico (Dennis e Prescott, 1985, p.69).Conforme
refere Torres: .Nightingale
não
abordouem
seus escritos, especificamenteno
contextoda
terminologia atual, aquela dos conceitos e teorias.
Ainda
assim, esses trabalhossobre os cuidados de
enfermagem
podem
ser interpretadoscomo
um
reflexoda
ênfase atual sobre
uma
abordagem
teórica ao processo de enfermagem.Pode
haver a tentação de encarar suas idéias
como
“fora demoda' ou
'desatualizadas'. Tal postura precisa ser evitada,uma
vezque
inúmerasde
suasidéias importantes acerca de
enfermagem
aindanão
estão sendo universalmentecolocadas
em
execução,na
prática atrial (1993, p.3 8).Seus escritos
embasaram
grande parte das Teorias deEnfermagem
que
existematualmente.
Segundo
Parse(l987), existem teorias fundamentadas nos Paradigmasda
Totalidadee
da
Simultaneidade, os quais são embasados nos escritos de Florence. Dentrodo Paradigma
daTotalidade, Parse destaca as teorias de
Roy
(1984),Orem
(1985) eKing
(1981).No
Paradigma
da
Simultaneidade salienta as teorias de Rogers (1970) e a sua própria teoria(Homem
Vivendo
Saúde, 1981). Estas referências
mostram
a diversidadede embasamento que
a literatura deixadapor Florence proporciona ao desenvolvimento
da
Enfermagem
através das Teorias deEnfermagem.
.Teorias
podem
ser entendidascomo
visõesque
proporcionam "insight" intelectual aosfenômenos
e são fundamentadasem
conceitos inter-relacionados.As
teorias deenfemiagem
devem
ser encaradasno
contexto da maneiracomo
elas descrevemou
classificam sua4 0